SERVIÇO SOCIAL NO PROCESSO DE REPRODUÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIAIS NA PERSPECTIVA DE KARL MARX E MARILDA VILELLA IAMAMOTO Luciana Belinski,Cristina Dolizete Amaral Zavelinski, Adelayne Ferreira do Nascimento, Sandra de Lurdes Ribeiro, Sandra Maria Zanello de Aguiar (Orientadora – Dep. de Serviço Social), email: [email protected] Palavras-chave: trabalho, processo de trabalho, questão social. Resumo: Este trabalho apresenta considerações teórico-metolológicas com base nos estudos de Karl Marx e Marilda Vilella Iamamoto sobre o trabalho, processo de trabalho e questão social. No que se refere aos posicionamentos de Iamamoto, este direcionará o entendimento da autora sobre a atuação dos assistentes sociais, frente as contradições a que estão inseridos no processo de reprodução das relações sociais e bem como quais as propostas de renovação para a profissão. Introdução: Esta reflexão oferece algumas indicações e suscita debates ao analisar as principais forças determinantes na origem e evolução do Serviço Social. Partindo da visão de karl Marx e Marilda Villela Iamamoto. Percebemos que ambos possuem a mesma concepção em relação ao trabalho, ou seja, que se concretiza através da realização de atividades produtivas,dispendidas pela força humana ou força vital na obtenção de um produto final. Estas atividades geram capital, por meio do trabalho útil, e assim valores de uso, e isto em si, é processo de trabalho. Para Iamamoto, o Serviço Social se desenvolve como profissão reconhecida na divisão social do trabalho e as contradições deste processo geram a questão social, que nada mais é que as expressões da vida social cotidiana dos indivíduos também na consideração do processo de trabalho. E nas entrelinhas podemos dizer que Karl Marx apesar de não utilizar o termo questão social, a apresenta como a contradição fundamental da organização da sociedade: a desigualdade do trabalho e a apropriação dos meios de produção, e a aquisição dos frutos do trabalho, onde ocorre a valorização crescente do capital para o capitalista, e o aumento da miséria para o trabalhador. Materiais e Métodos: Este trabalho foi desenvolvido através da leitura de textos diversificados, livros e artigos, que relatam as relações sociais no cotidiano e nas práticas do assistente social, utilizando a metodologia de análise historiográfica para os textos de Karl Marx e Marilda Villela Iamamoto. Resultado e Discussão: Qualquer processo de trabalho requer matéria-prima ou objeto, sobre o qual ocorre a ação, ou seja, o próprio trabalho, para o qual necessitamos de meios e instrumentos para ser efetivado. Esses elementos elencados permitem uma reflexão do desenvolvimento histórico do Serviço Social e das contradições das relações entre classes sociais. O processo de produção capitalista não se limita a produção de objetos materiais, mas abrange também as relações sociais entre pessoas, entre as classes sociais. Assim esta relação social supõe a análise da prática do assistente social neste conjunto da sociedade em seus movimentos e contradições. Onde capital e trabalho assalariado se auto geram, se modificam no mesmo processo. A classe capitalista procura defender seus interesses, para a manutenção do capital. Já a classe trabalhadora busca reduzir o processo de exploração. Assim a condição para que exista o capital é a existência de classes sociais, onde uma possua apenas a sua força de trabalho para comercializar ou realizar a troca. Para entendermos melhor este valor de troca, devemos compreender o conceito de classe social: são grupos sociais distintos e se diferenciam entre si pelo lugar que ocupam na produção de bens materiais. Neste conflito criam-se formas sociais que encobrem a exploração. Observamos que até mesmo o Serviço Social em seu processo de institucionalização foi um meio de amenizar estas desigualdades, parece estando mais a serviço das classes dominantes. O processo de evolução do Serviço Social, enquanto profissão, anterior aos anos de 1980, não será objeto de estudo neste trabalho. Partiremos dos anos 80, onde os assistentes sociais começam a refletir a dinâmica das instituições, assim como as políticas sociais, os movimentos e lutas sociais. Acentuando o esforço de buscar a real significação da produção na sociedade capitalista e até mesmo sendo percebida como elemento que participa da reprodução das relações de classes e do relacionamento contraditório entre elas. O Serviço Social não pode negar que é componente desta organização, e que suas ações profissionais são determinadas pela conjuntura histórica. As contradições existentes no contexto da prática profissional, não podem ser reduzidas e sim possibilitar o estabelecimento de estratégias profissionais e políticas, que fortaleçam as metas do capital ou do trabalho. É inviável não relacionar estas duas categorias e é esta situação antagônica que possibilita ao profissional lutar pelos interesses das classes trabalhadoras. Para a autora, Iamamoto, a compreensão, ao se pensar a prática profissional, já está relacionada à prática social, ou seja, existe a tendência de conectá-la diretamente à prática da sociedade. Outros qualificam a prática do Serviço Social de “práxis social”, ao considerar o conjunto da sociedade em movimento e em contradição. Para a autora, o processo de trabalho gera um valor de uso a partir do modo de produção capitalista. O processo de produção do capital considerado como um processo que, por meio do trabalho útil, cria novos valores de uso, é um processo de trabalho. No processo de trabalho a atividade do homem consegue, valendo-se do instrumento correspondente, transformar o objeto sobre o qual versa o trabalho, de acordo com o fim desejado. Este processo desemboca num produto. Seu produto é um valor de uso, uma matéria oferecida pela natureza e adaptada às necessidades humanas mediante uma mudança de forma. O trabalho se compenetra e confunde com objetos. Materializa-se no objeto, à medida que este é elaborado. E o assistente social inserido nesta relação de compra e venda de mercadorias, em que sua força de trabalho também é mercantilizada, possui um amplo e vasto campo de atuação. O fazer profissional do Assistente Social foi, historicamente, permeado por dicotomias entre o saber e o fazer. Na definição de suas prioridades ou na sua operacionalização, coexistem posturas diferentes, levando os profissionais às práticas diferenciadas. O saber transmitido na formação profissional integra um conjunto de conhecimentos, valores, modelos e símbolos que se acumulam no próprio fazer e que se traduzem naquilo que se conhece como prática. Conclusões: Nesta análise, o Assistente Social é um profissional que articula o exercício do Serviço Social ao contexto social, econômico, político do país. No discurso contemporâneo, as competências exigidas na atualidade são: a criatividade, inovação, lidar com situações de natureza contraditórias,e possuir um compromisso ético-político com as classes sociais menos favorecidas, ou subalternizadas. A afirmação de um perfil profissional propositivo requer um profissional de novo tipo, comprometido com sua atualização permanente. Capaz de sintonizar-se com o ritmo das mudanças que presidem o cenário social contemporâneo. Profissional que, também seja um pesquisador, que invista em sua formação intelectual e cultural, e no acompanhamento histórico dos processos sociais, possa dele extrair potenciais, propostas de trabalhos, transformando-as em atividades profissionais. Referências: 1.IAMAMOTTO, Marilda Villela, Renovação e Conservadorismo no Serviço Social – 7.ed. – São Paulo: Cortez, 2004 2. MARX, K. O Capital. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975 3. IAMAMOTTO, Marilda Villela. Relações sociais e serviço social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica/Marilda Villela Iamamotto, Raul de Carvalho. – 18.ed – São Paulo, Cortez; (Lima, Peru) CELATS, 2005. 4. _______ e CARVALHO, R. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. São Paulo, CELATS/Cortez, 1982. 5.IAMAMOTTO, Marilda Villela. O Serviço Social na Contemporaneidade, SP, Cortez, 1999.