filosofia da arte - Carlos João Correia

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filosofia da arte
carlos joão correia
2011-2012 1ºSemestre
jakusho kwong
form is emptiness and emptiness is form
things become one
no form and no emptiness
nothing can be said at this point, no words
can be said, no words can describe it, just quiet
form is form and emptiness is emptiness
sky is blue and grass is green
zêuxis[zeuxis] e parrásio [parrhasius]
plínio, o velho, história natural, livro 35:36/35:29
george dickie
1. estética do século XVIII
2. exclusão de formas de arte
3. co-extensivos
4. certo tipo de mimesis
paul ricœur
1913-2005
L’unique et le singulier.
bruxelles: alice éditions. 1999
rembrandt “aristóteles contemplando o busto de homero” 1653
“Que representa este quadro para si?
“Para mim simboliza o empreendimento filosófico, tal como eu o
compreendo. Aristóteles é o filósofo, como lhe chamaram na Idade
Média, mas o filósofo não começa do nada. Nem mesmo começa a
partir da filosofia, começa a partir da poesia. Aliás, é sintomático que a
poesia seja representada pelo poeta, como a filosofia é representada
pelo filósofo; mas é o poeta que está presente em
estátua, enquanto o filósofo está vivo,o que quer
dizer que continua sempre a interpretar. O poeta está,
de algum modo, recolhido na sua obra escrita, que
está representada por um busto.
Gostaria de sublinhar dois ou três pormenores que
não aparecem à primeira vista.
Em primeiro lugar, contrariamente ao título, Aristóteles não contempla o
busto de Homero; toca-o. Isto é, ele está em contacto com a poesia. A
prosa conceptual do filósofo está em contacto com a língua ritmada do
poema. Aristóteles olha para outra coisa. O quê? Não o sabemos. Mas
ele olha para outra coisa que não é a filosofia. Ele toca a poesia mas
para reorientar o seu olhar para outra coisa. Para o ser? Para a
verdade? Para tudo o que se possa imaginar.
Queria assinalar um outro pormenor que só é perceptível quando se é
conduzido por um bom guia. Trata-se do facto de haver três
personagens no quadro (de Rembrandt, naturalmente). Aristóteles
está vestido com roupas contemporâneas - a filosofia é sempre
contemporânea - enquanto o busto de Homero é uma estátua. E a
terceira personagem deste quadro encontra-se na medalha suspensa
do ombro de Aristóteles.
À primeira vista, poder-se-ia pensar que esta
medalha faz parte do elemento decorativo. Mas eu já
assinalei que o vestuário de Aristóteles tem uma
significação. É moderno, da época do pintor,
enquanto o busto permanece na sua configuração
arcaica. Ora, nesta medalha, o que está representado
é a cabeça de Alexandre, o político. [...]
Deste modo, se recolocarmos esta medalha no seu verdadeiro lugar
intermediário, compreendemos que o político está sempre
silenciosamente presente, discretamente presente, na retaguarda da
relação entre poética e filosofia. Porque se trata de uma relação de
palavras - o poeta fala, o filósofo fala - ; mas o político, na sua melhor
destinação e na sua melhor eficácia, representa a paz pública” [55-58]
“Tomo como fio condutor desta investigação - em torno da
mediação entre tempo e narrativa - a articulação [...] parcialmente
ilustrada pela interpretação da Poética de Aristóteles entre os três
momentos da mimesis que, por ironia séria [jeu sérieux],
denominei mimesis I, mimesis II, mimesis III. Tenho por adquirido
que mimesis II constitui o cerne [pivot] da análise; pela sua função
de cisão [coupure], ela abre o mundo da composição poética e
institui [...] a literalidade da obra literária. Mas a minha tese é que o
próprio sentido da operação de configuração constitutiva da
criação da intriga [mise en intrigue] resulta da sua posição
intermédia entre as duas operações que designo como mimesis I
e mimesis III e que constituem o montante e o jusante da mimesis
II. Deste modo, proponho-me mostrar que a mimesis II adquire a
sua inteligibilidade da sua faculdade de mediação que se encontra
em conduzir o montante em jusante pelo seu poder de
configuração. [...] O decisivo é, assim, o processo concreto através
do qual a configuração textual realiza a mediação entre a
prefiguração do campo prático e a sua refiguração pela recepção
da obra.”
Ricœur. Temps et récit I. Paris: Seuil. 1983, 86.
Edwin Henry Landseer (1851)
john everett millais “christ in the house of his parents”
john everett millais, ophelia
Martin Kippenberger. “Quando começa a pingar do tecto”
"Wenn's anfängt durch die Decke zu tropfen”
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