A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO COMUNIDADES TRADICIONAIS DA AMAZÔNIA: O RIO ENCHE A VIDA DO HOMEM DE MOTIVAÇÕES, TECENDO O MODO DE VIDA REGIONAL. ANDREIA DOS SANTOS1 ALDO LUIZ FERNANDES SOUZA2 SHIRLEY CAPELA TOZI3 Resumo: A discussão sobre a utilização da água pela população, indústrias e/ou comunidades tradicionais, exigem critérios que visam o seu uso, seja no meio produtivo ou no modo doméstico. As políticas que envolvem esta temática necessitam de iniciativas que contemplem as práticas educacionais de modo que considere ações acerca da utilização da água. Desta forma as comunidades tradicionais da Amazônia desenvolvem praticas que visa os mais diversos os usos do rio descrevendo o seu modo de vida em um contexto regional. Palavras-chave: comunidades tradicionais;uso do rio; distrito de Juaba Abstract:The discussão on the use of water by the population, industries and / or traditional communities, require criteria aimed at its use in the production means or domestic use. Policies involving this issue require initiatives that address the educational practices that consider actions regarding the use of water. Thus the traditional Amazonian communities develops practices aimed at the most varied uses the river describing their way of life in a regional context. Key-words: traditional communities; river use, Juaba district Introdução O presente trabalho visa estudar as práticas desenvolvidas pelo uso do rio, visando o meio natural e as dinâmicas que envolvem as atividades relacionadas às ações e práticas do uso da água pelas comunidades tradicionais amazônicas do Baixo Tocantins direcionando ao modo de vida das sociedades ribeirinhas quilombolas do Distrito do Juaba CAMETÁ-PA. Através de pesquisas bibliográficas e de registros por meio de pesquisa de campo, foi possível compreender o processo 1 - Acadêmico do Programa de Pós-Graduação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará/Campus Belém. E-mail: [email protected] 2 Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará/Campus Belém. E-mail: [email protected] 3 Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará/Campus Belém. E-mail: [email protected] 6281 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO de utilização da água do rio como recurso material para a produção da farinha realizada na comunidade. Da relação da comunidade com o rio se desenvolvem ações que beneficiam o seu meio de subsistência. Usos do rio: o modo de vida amazônico Personagens viventes na Amazônia, o ribeirinho é o principal representante, levando em consideração, os aspectos de ocupação e exploração da Amazônia. Ou seja, até a primeira metade do século XX, sua formação sociocultural decorre pelo processo de colonização existente até os dias atuais. A formação identitária do ribeirinho, ao longo dos anos e praticadas atualmente, se deu através da sua forma de utilização e relação com o rio, que acaba por determinar “o ritmo e seu modo de vida, entretanto a sua forma de identidade não se dá de forma atemporal, ou seja, sua formação cultura e como ir e vir da maré, pois é sempre influenciada, por diversos fatores políticos, econômicos e sociais”. (TOZI, 2012. p. 32) Para Gonçalves (2012, p. 154), o ribeirinho é caracterizado como o caboclo ribeirinho e ressalta que “é sem duvida, o mais característico personagem amazônico”. Devido suas práticas culturais serem muito diversas acarretando características de povos indígenas, dos imigrantes portugueses, nordestinos e de população negras, este caboclo amazônico ao habitar as várzeas ao longo dos anos, “desenvolveu todo um saber na convivência com os rios e com a floresta”. Esta identidade territorial, é também definida pela organização “entre as curvas dos rios, excluídos dos centros urbanos e vistos como “culturas atrasadas” o ribeirinho foi construindo a sua identidade entre o conturbado e caótico cenário colonial e o esplendoroso e rico período da borracha” (TOZI, 2012, p. 32). Dessa forma, foi sem dúvida, contextualizada a materialização de sua identidade e do seu modo de vida amazônico. Ao falarmos de rios na Amazônia, vem logo à mente a construção do personagem mais marcante da relação com o rio e a representação cultural dessa relação histórico-geográfica, de modificações do espaço e da sociedade. Um personagem dotado de simbolismos culturais e sociais chamado de ribeirinho. De 6282 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO acordo com Tozi (2012), o ribeirinho é o símbolo máximo do processo de ocupação da Amazônia e consecutivamente da dilatação de várias urbes. Os rios na Amazônia consistem em uma realidade labiríntica e assumem uma importância fisiográfica e humana excepcional. O rio é o fator dominante nessa estrutura fisiográfica e humana, conferindo um ethos e um ritmo à vida regional. Dele dependem a vida e a morte, a fertilidade e a carência, a formação e a destruição de terras, a inundação e a seca, a circulação humana e de bens simbólicos, a política e a economia, o comércio e a sociabilidade. O rio está em tudo (LOUREIRO, 1995 p.121 apud CRUZ, 2011. p. 02) Desta forma, de acordo com Cruz (2011), a representações e a importância dos rios na vida social dos ribeirinhos na região amazônica, consistem no ritmo de vida regional, onde está caracterizada a vida e a morte, a fertilidade e a carência, a formação e a destruição de terras, a inundação e a seca, a circulação humana e de bens simbólicos, a política e a economia, o comércio e a sociabilidade. Este ritmo encontrado na Amazônia, perpassa as relações diretamente com o rio, definindo o que Cruz (2011) diz ao destacar que o rio está em tudo, ou seja, a presença do rio na dinâmica desta região é estreita as relações sócio espaciais do ribeirinho. Neste contexto, o Ribeirinho na primeira metade do século XX, era a principal personalidade de transformação e ocupação da região amazônica, que através da dinâmica dos seus rios dendríticos, alterava a cenário da paisagem, ocupava o território e desenvolvia a mão-de-obra durante o período do boom da extração do látex e da produção da borracha. Já na conceituação de Gonçalves (2001), apud Tozi (2012, p. 32) “no ciclo das drogas-do-sertão a mão-de-obra predominante era o indígena catequizado e escravizado, já começando a tecer os primeiros ribeirinhos oriundos de casamentos de brancos com indígenas, bem como de índios “civilizados” que já viviam do comércio com as vilas” arredores das fortificações. Portanto, foi no ciclo da borracha que o modo de vida na região desenvolveu o processo do capitalismo como forma de exploração do látex. Com o processo de crise da borracha, o modo de organização espaçotemporal vem ser configurado como rio-várzea-floresta que, nos anos de 1960, é 6283 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO substituído pelo modelo de organização fundamentado na relação estrada-terrafirme-subsolo. Estas formas de organizações e ocupações, alteraram o modo de vida da população de várzea, como também, o modo de vida e cultura do ribeirinho. Assim, analisou-se o atrasado, já que as relações desenvolvidas no rio eram atrasadas se comparado ao surgimento das rodovias que proporcionaram a ligação da região norte espacialmente menos desenvolvida ao resto do país, os quais eram mais desenvolvidos. Desta forma, esta interação permitiu o processo de modernização para a região amazônica. Modificou-se então o processo de estrutura espaço-temporal, mas, porém, a afinidade do homem com o rio não foi alterada, pois o modo de vida e as relações com o rio prosseguiram, mas de forma lenta como já é caracterizado, ditando esse ritmo vagaroso. Para Cruz (2008), apud Tozi (2012, p. 33) “o ritmo de vida lento e ditado pelo ritmo dos rios da Amazônia e seus fluxos de rio no período de seca e cheia, com a mudança na forma de se ocupar a região o olhar sobre o modo de vida de ribeirinho”. Essas visões acerca do ribeirinho, tecem uma análise, o qual retrata a identidade, o significado dos lugares e as populações, as quais são identificadas como se estivessem numa linhagem histórica das concepções do mais “selvagem” até os mais “civilizados” dos mais “atrasados” ao mais “avançado”, dos mais “subdesenvolvidos” ao mais “desenvolvidos”. Nas diversas formas de considerar as experiências sociais e os lugares e, conseqüentemente, as identidades, as populações denominadas ribeirinhas, são classificadas como “atrasadas” e “improdutivas” em detrimento dos tempos e espaços “modernos”, “avançados” e “produtivos” (CRUZ, 2011, p.6). De acordo com Tozi (2012), essas visões são “impostas sobre a cultura ribeirinha, seu modo de vida, suas temporalidades, sua racionalidade é vistas como resíduos de culturas ultrapassadas dentro do modo urbano-industrial (o capitalismo)”, isso significa que, as formas preconceituosas sobre essa dinâmica do modo de vida ribeirinho, é caracterizado como “preguiçoso”, “lento”, “improdutivo”, 6284 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO “acomodado” dentre outras analogias referentes a sua contextualização cultural, social e sobre sua organização espacial. As marcas sobre as identidades territoriais, as quais os ribeirinhos convivem e tecem relações com a natureza é; [...] sem dúvida, um elemento a ser considerado no entendimento da diversidade da Amazônia, sobretudo no que se refere à compreensão das territorialidades e dos modos de vida e, conseqüentemente, das identidades das populações ribeirinhas. Essas populações têm uma intensa relação com os ecossistemas que se relacionam, mostrando uma relação de simbiose com a natureza, os seus ciclos e sua dinâmica. É na relação com os ecossistemas da várzea, o rio e a floresta (habitat) que as populações ribeirinhas constroem todo o seu modo de vida (habitus) ou, numa linguagem geográfica, seu gênero de vida. Essa intensa relação com a natureza pressupõe um conhecimento aprofundado da sua dinâmica, de seus ciclos, que se reflete na elaboração de estratégias de uso e de manejo dos recursos naturais. Esse imenso acervo de conhecimento é transferido por oralidade de geração em geração, através do senso prático que compõe um ethos ribeirinho que, junto com um conjunto de simbologias, mitos e rituais associados à caça, pesca e atividades extrativistas, compõe uma matriz de racionalidade ambiental muito particular de uso-significado da natureza. (CRUZ, 2011, p. 7) Essa relação do homem e natureza na perspectiva ribeirinha, expressa as representações territoriais com os ecossistemas identificados nos ciclos e na sua dinâmica com os rios, várzea e floresta. Contudo, a execução das práticas territoriais identificadas é relevante à analise sobre o conhecimento e as relações com a natureza, que através destes, é apresentado um acervo de ideias expressados na oralidade, nas sismologias, mitos e rituais, diretamente ligadas a construção da identidade associadas a caça, pesca e as atividades extrativistas. As territorialidades e representações sobre as populações ribeirinhas, as quais são definidas por comunidades que vivem e se instalam nas margens dos rios e se tornam dependentes, mantendo estreitas relações de subsistência, uma vez que, o rio é fonte de riqueza para as comunidades tradicionais. A identidade territorial das comunidades quilombolas é marcada por intermédio de sua territorialidade com a terra, com o modo de ser viver em comunidade e desempenhando funções comunitárias exercidas na força da organização deste povoado. 6285 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO As terras das comunidades quilombolas cumprem sua função social precípua, quando o grupo étnico, manifesto pelo poder da organização comunitária, gerencia os recursos para sua produção física e cultural, recusando-se a dispô-los ás transações comerciais. Representada como forma ideológica de imobilização que favorece a família, a comunidade ou uma etnia determinada [...] (ALMEIDA, 2010, p. 130). Dentro das terras quilombolas, as características determinantes exercem importantes funções étnicas, as quais são denominadas e definidas por suas organizações sociais em comunidade, os quais administram os recursos em diversas formas para a produção física, social e cultural. As bases econômicas das comunidades quilombolas, estão fundamentadas na prática do roçado de mandioca, herança de práticas desenvolvidas pelos Índios, conhecedores desta raiz comestível. A mandioca, é cultivada nos roçados e posteriormente passa por diversos processos de preparação da farinha. Esta matéria-prima apresenta duas espécies conhecidas: a mansa que se refere regionalmente de macaxeira, pode-se comer cozida e a brava, a qual é raspada e/ou amolecida, sendo extraído o veneno para que seja feita a farinha para comer. Destas, também é feito o beiju. Outras fontes alimentícias, estão presentes nessas localidades, como: batata-doce, acará, milhos, arroz entre outros. Tais relações, não se restringem a locomoção, perpassa também pelo cultivo, a fauna, a flora, o solo, a pesca e os banhos de rios, fazendo parte da rotina destas comunidades amazônicas. Segundo Tozi (2012), estas são caracterizadas por homens, mulheres, jovens e crianças que nascem, vivem, existem e resistem às margens dos rios. Ao longo dessas relações, das várzeas surgem um sistema que conserta o extrativismo da floresta, a pesca, e a agricultura, desenvolvidos por meio de regatões com as vilas e a cidade. Assim, pode-se verificar que a estrutura de organização e a dinâmica econômica estão concentradas nas práticas do extrativismo nas várzeas e nos rios. O ribeirinho quilombola, povo da floresta da Amazônia também domina saberes com o rio. [...] as marés do rio que enche e vaza, do tempo da piracema, sabem que grande área de floresta no chão torna o solo da Amazônia infértil, do período da coleta dos frutos na floresta, entendem a geografia do rio, da 6286 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO mata; trazem consigo a cultura de seus antepassados impregnada em suas cantigas, danças e lendas em seu jeito de ser homem, mulher, caboclo, sujeito de saberes amazônicos. (PINHEIRO apud GOMES, 2011, p. 10) Os povos da floresta, dominam relações com representações simbólicas e caracterizadas nas várzeas da região. É apresentado o modo de vida dessas populações regionais amazônicas, contextualizados e vivenciados pelos ribeirinhos, que possui uma relação com o rio e com a floresta, representações que visam o solo da floresta amazônica improdutivo, na periodização das coletas de frutos. Assim entende-se a dinâmica com o rio e com a mata, identificando nestas localidades, a cultura de seus antepassados, suas práticas e saberes, como: danças, lendas e cantigas, impregnadas nos grupos e sujeitos, sobre os saberes amazônicos. Para Cañete (2010, p. 12), as “populações tradicionais vivem em harmonia com a natureza, articulando seu modo de vida com os recursos naturais, desenvolvendo uma cultura de vasto conhecimento dos mesmos”. Adaptando as condições ecológicas existentes ao seu redor, pode-se analisar essa estreita relação da comunidade do Mola com o igarapé Itapocu4, pelos laços afetivos com a natureza e com o rio. O rio e a floresta, fazem parte do imaginário dos ribeirinhos quilombolas da região do Baixo Tocantins e constituem elementos de práticas, saberes locais e vivem numa estreita relação com os recursos hídricos, caracterizados por um igarapé que traz para este ribeirinho negro, fontes que viabilizam as atividades da pesca e da produção da farinha. A pesca na comunidade do Mola-Itapocu, é uma das atividades realizadas por alguns moradores da localidade, outros moradores compram este pescado nos finais de semana, na feira da Vila Distrital do Juaba, quando estes têm o acesso e/ou possui algum tipo de produção e deslocam-se para promover a relação de troca. No aspecto da produção de farinha nesta comunidade de ribeirinhos negros, o 4 O igarapé ou o rio Itapocu nasce como um pequeno filete de água nos campos localizados nas margens esquerda do rio Tocantins; após o seu encontro com outros igarapés ou ainda igapós, toma o formato de um pequeno rio que deságua no Tocantins, nas proximidades da Vila de Juaba ( PINTO, 2004, p. 21). 6287 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO igarapé é extremamente importante, pois os produtores não possuem técnicas avançadas e é comum a prática do amolecimento da mandioca no igarapé. Neste contexto, as comunidades tradicionais do baixo Tocantins vivem as margens de rios Amazônicos, onde são observáveis, os estilos das casas em pequenas construções de madeira, localizadas nas várzeas, constituídas também em localidades que adentram as matas. Dentro dessa área de várzea, é comum o processo de adaptação de arvores de açaí Euterpe oleracea Mart, sendo um tipo de fruto encontrado nessas regiões, pois é possível identificar esse tipo de plantação aos redores das construções destas comunidades. É importante ressaltar que, próximo a casa do ribeirinho, localizada as margens do rio, é notável a presença de pequenas embarcações, um dos principais ícones simbólicos para estas populações Amazônicas, isto é, no âmbito da comunidade quilombola, essas definições sociais, culturais expressam os mesmos aspectos simbólicos. Na comunidade do Mola-Itapocú, a inserção das habitações localizadas nas margens dos rios, denotam-se como unidades de modelo padrão. Apresentam consequentemente, o sentido coletivo de ocupação, produção, mobilidade e uso dos recursos hídricos e da flora abundante, da qual é comum nas sociedades regionais, a coleta de frutos, principalmente o açaí Euterpe oleracea Mart, uma das fontes complementares da alimentação junto com a farinha produzida as margens rios. O caráter de atuação em termos gerais, os modos de ocupação, estão relacionados com as atividades produtivas em determinadas regiões amazônicas, presentes em diversas atividades, as quais se pode destacar o extrativismo, o qual faz parte de uma das bases da subsistência dos moradores. A relação da comunidade com o rio é fundamental para o escoamento da produção, realização de atividades domésticas e como via de transporte para os moradores. 6288 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Resultados A agua é ultilizada para os mais diversas atividades no uso do cotidiano, é retirada diretamente do igarapé Itapocu onde ocorre as relações da sociedade amazonica desta forma sendo expressada atraves da relação do ribeirinho negro com o rio. Analisando ainda nesta perspectiva o processo da produção da mandioca e seus derivados são feitas da ultilização das aguas do igarapé da região, são usadados principalmente para o processo de amolecimento deste produto para que posteriormente façam o descascamento e em seguinda seja feita a produção. Retrando ainda a questão da principal fonte de atividade produtiva da comunidade nesta perpectiva, as formas e usos territoriais pela comunidade vem marcada principalmente na ultilização de materiais construidos tradiconalmente justamente no processo da produção da farinha concentradas proximas as suas residencias, a qual a produção passa por alguns etapas como o amolecimento do produto no igarapé Itapocú no qual suas aguas passam por tras das casas facilitando pela aproximidade. E proximo do rio existe três casas de farinha onde estes fazem usos coletivos de toda a fabricação da farinha base economica e de subsistencia. Figura 01: Amolecimento da Mandioca Foto: SANTOS, 2011. A figura 01 mostra o modo e os usos da técnica utilizada pelos trabalhadores rurais, os quais colocam a mandioca para o processo do amolecimento, onde cavam um buraco na beira do igarapé de aproximadamente dois metros de profundidade. Em outro momento é colocado às sacas com mandioca para amolecer, sendo coberta com folhas de palmeiras e desse procedimento sai uma espuma sobre as 6289 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO águas que de acordo com o trabalhador é o veneno da mandioca. Posteriormente depois de quatro dias retiram as sacas com as mandiocas já amolecidas e descascam a matéria prima que é levada para os outros processos a ser passada. O desenvolvimento da produção de farinha e de outros derivados oriundos do plantio da mandioca é realizado pelos próprios grupos quilombolas, que agenciam o beneficiamento comercial da farinha para a cidade de Cametá. Essa produção desenvolvida nos povoados é comercializada também na própria Vila Distrital do Juaba, apresentando a dinâmica em uma feira realizada aos domingos, havendo assim a venda e troca da sua produção. Conclusões Portanto, os povoados do Mola-Itapocú, são denominados como comunidades tradicionais, os quais vivem em condições diferenciadas das populações que se localizam no ambiente urbano. São populações tradicionais que vivem as margens dos rios e na mata, tiram parcela de suas subsistências para sobreviver. Também são determinadas pela sua adaptação e sua relação com a natureza. Assim, a Amazônia e suas múltiplas identidades territoriais são constituídas a partir das multiplicidades de temporalidades históricas desiguais e diferentes. Havendo os encontros e desencontros na contemporaneidade, ou seja, as identidades territoriais são resultantes de conflitos sociais e culturais, como também da relação sócio espacial, expressando as distintas formas e os diferentes “modos de viver” para os distintos atores sociais. Referencias Bibliográficas ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de [ et al] Capitalismo globalizado e recursos territoriais: fronteiras da acumulação no Brasil contemporâneo. Ed. 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