Infecções virais: Rubéola e Mononucleose Infecciosa RUBÉOLA • 1ª descrição: Bergen em 1752 e Orlow em 1758 • efeito teratogênico: catarata (1941) • só tem um sorotipo, homem é único hospedeiro ASPECTOS CLÍNICOS DA RUBÉOLA 1- RUBÉOLA PÓS-NATAL OU ADQUIRIDA • Transmissão: contato direto com pessoas infectadas por gotículas de secreções do trato respiratório • pico de incidência entre 5 e 9 anos de idade • febre e exantema maculopapular, início na face, prurido intenso RUBÉOLA PÓS-NATAL OU ADQUIRIDA • doença benigna, altamente contagiosa, subclínica em 2/3 dos casos • complicações: artralgia, artrite, trombocitopenia, meningoencefalite 2- RUBÉOLA PRÉ-NATAL (CONGÊNITA) • presença de viremia materna placenta feto • quanto mais precoce a infecção durante a gravidez, maior o efeito teratogênico do vírus sobre o feto • a infecção fetal pode ocorrer durante toda a gestação Manifestações clínicas da rubéola congênita Anomalias congênitas decorrentes da rubéola Síndrome da rubéola congênita (SRC) IgM residual • IgM residual: IgM presente vários meses (até 2 anos) após início da infecção, não indica infecção aguda Teste de avidez de IgG • Uso: determinação do tempo aproximado da infecção em gestantes: % de avidez: DO imunoensaio com uréia 6 M x 100 DO imunoensaio sem ureia • DO: densidade ótica ou absorbância Teste de avidez de IgG VACINA TRÍPLICE VIRAL ou MMR (sarampo, caxumba, rubéola) • vacina rubéola: vírus atenuado • soroconversão em níveis protetores em 95% dos vacinados • vírus capaz de atravessar a placenta • evitar gravidez por pelo menos 3 meses após a vacinação • • contraindicações: paciente febril, pacientes com doença maligna, deficiência imunológica Rubéola no Brasil em 2007 2007: surto de rubéola em 19 estados • Brasil recebe certificado de eliminação da rubéola em território nacional • O país não registra casos da transmissão endêmica doença há cinco anos consecutivos. Certificado será entregue ao ministro da Saúde, Marcelo Castro, em cerimônia na OPAS • O Brasil está oficialmente livre da rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Para receber o título, o país comprovou não registrar casos da transmissão endêmica das doenças desde 2008 e 2009, respectivamente. O anúncio foi marcado pela entrega do Certificado de Eliminação da Rubéola ao ministro da Saúde, Marcelo Castro, no início de dezembro, na Organização PanAmericana de Saúde (OPAS), em Brasília. Mononucleose Infecciosa Doença do beijo • vírus Epstein-Barr (herpesvírus): EBV • potencial oncogênico relevante • 1964: agente etiológico do Linfoma de Burkitt • um dos mais comuns entre os vírus humanos, não associado a malformação fetal • 90-95% da população mundial está infectada. • Transmissão: contato com secreções orais, contato sexual**, pode ocorrer por transfusão sanguínea e transplante • ** EBV encontrado no sêmen e epitélio cervical Epstein Barr vírus • Infecta linfócitos B e células epiteliais • Entrada pela ligação ao CD21 (receptor para C3d do complemento) • Pode permanecer no estado de latência em linfócitos B: expressão restrita do genes virais. Evasão (fuga, escape) do sistema imune pelo EBV • Sinais e sintomas da mononucleose infecciosa • febre, faringite, linfadenopatia, esplenomegalia, hepatomegalia • sintomas desaparecem com 1-2 meses, vírus fica latente no organismo • Sinais e sintomas presentes por mais de 6 meses infecção crônica ativa pelo EBV Mononucleose infecciosa Sinais e sintomas • bebês e crianças: assintomática • na maior parte dos casos infecção adolescentes e adultos jovens: mononucleose infecciosa em 35-50% dos casos • imunocomprometidos: pode causar hiperplasia benigna, linfoma de células B, doença linfoproliferativa pós-transplante (DLPT) e leucoplasia pilosa oral Linfoma de Burkitt → Câncer de linfócitos B maduros → principal neoplasia maligna que acomete crianças no Nordeste do Brasil Translocação cromossômica no Linfoma de Burkitt Outros tumores associados ao EBV • Carcinoma de nasofaringe (China) • Linfoma de Hodgkin • Linfoma não Hodgkin • Câncer de mama • Carcinoma gástrico COMPLICAÇÕES DECORRENTES DA INFECÇÃO PELO EBV • Hematológicas: anemia hemolítica, trombocitopenia e granulocitopenia severas • Neurológicas (menos de 1% dos casos): meningite, encefalite e síndrome de Guillain-Barré • Ruptura do baço: cerca de 0,2% dos casos Síndrome de Guillain-Barré: • Doença aguda, precedida por infecção viral em 60-80% dos casos (EBV, CMV), vacinação, infecção intestinal por Campylobacter jejuni • Quadro pode variar de fraqueza a quadriplegia • Pode necessitar de ventilação assistida • destruição da bainha de mielina e axônio dos nervos Síndrome de Guillain-Barré • Incidência anual de 1-2/100.00 habitantes • Pico entre 16-25 e entre 45 – 60 anos • Evolução: recuperação quase completa, déficit neurológico e mortalidade (3-8%) • Tratamento: plasmaférese ou imunoglobulina endovenosa (aplicar dentro de 2 semanas após sintomas) Infecção crônica ativa pelo EBV • Episódios de febre, linfadenopatia e hepatoesplenomegalia recorrentes ao longo de vários anos • Título altos de IgG anti-VCA, persistência de IgM anti-VCA (Ag do capsídeo viral); grande quantidade de genoma viral nas células do SP • Outras células podem ser infectadas: linfócitos T e NK • Redução da sobrevida Doenças auto imunes associadas ao EBV • Lúpus eritematoso sistêmico • Artrite reumatoide • Diabetes insulino dependente • Síndrome de Sjogren • Miastenia gravis • Doenças inflamatórias intestinais DIAGNÓSTICO DA MONONUCLEOSE INFECCIOSA • 1- Achados laboratoriais: leucocitose, linfocitose absoluta e relativa, presença de linfócitos atípicos (mais de 10%), neutropenia, trombocitopenia, elevação dos níveis de IgM, IgG e IgA, aumento das transaminases, presença de Ac heterófilos Linfócitos atípicos 2- Anticorpos heterófilos • presentes em 90% dos pacientes adultos em algum momento da doença • 10-30% das crianças até 2 anos com MI • ausentes na maior parte dos imunocomprometidos, raros em pacientes de origem japonesa Pesquisa de anticorpos heterófilos Monoteste (reação de Hoff Bauer) • Hemácias de carneiro formalizadas • Positivo na 1ª ou 2ª semana de doença até 8-12ª semana Suspeita de infecção primária pelo EBV pesquisa de Ac heterófilos - teste negativo: pesquisar Ac específicos contra o EBV Tratamento da mononucleose infecciosa • Sintomático: analgésicos e antipiréticos • Pacientes com esplenomegalia: evitar prática de esportes • Leucoplasia pilosa oral: aciclovir Tratamento da faringite com amoxicilina Onde estudar • Imunoensaios – Fundamentos e Aplicações. VAZ, TAKEI, BUENO, 1ª edição, 2007 OU • Diagnóstico Laboratorial das Principais Doenças Infecciosas e Auto-Imunes – FERREIRA & ÁVILA, 3a edição, 2013. • OU • • Introdução à Virologia Humana – SANTOS, ROMANOS & WIGGS, 2ª edição, 2009