UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS-BACHARELADO ADRIANI PAGANINI DAMIANI METAIS PESADOS E DANOS NO DNA DE CÉLULAS SANGUÍNEAS DE MORCEGOS INSETÍVOROS EM ÁREAS DE MINERAÇÃO DE CARVÃO DA BACIA CARBONÍFERA CATARINENSE CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2010 ADRIANI PAGANINI DAMIANI METAIS PESADOS E DANOS NO DNA DE CÉLULAS SANGUÍNEAS DE MORCEGOS INSETÍVOROS EM ÁREAS DE MINERAÇÃO DE CARVÃO DA BACIA CARBONÍFERA CATARINENSE. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Bacharel no curso de Ciências Biológicas Bacharelado da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientadora: Profª Drª.Vanessa Moraes de Andrade Co-orientador: Prof. Dr. Jairo José Zocche CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2010 2 ADRIANI PAGANINI DAMIANI METAIS PESADOS E DANOS AO DNA DE CÉLULAS SANGUÍNEAS DE MORCEGOS INSETÍVOROS EM ÁREAS DE MINERAÇÃO DE CARVÃO DA BACIA CARBONÍFERA CATARINENSE. Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Bacharel, no Curso de Ciências BiológicasBacharelado da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Genética Toxicológica Ambiental. Criciúma, 24 de novembro de 2010 BANCA EXAMINADORA Prof ª Vanessa Moraes de Andrade – Doutorado em Genética e Biologia Molecular– (UNESC) Orientador Profª Maria Júlia F. Corrêa Angeloni –Mestre em Ciências da Saúde - (UNESC) Profª Paula Rohr – Mestre em Genética e Biologia Molecular - (UFRGS) 3 Dedico este trabalho com profunda admiração e respeito a meus pais, Irio Damiani e Ivoneide Paganini Damiani, meus irmãos Fernando e Sabrina, por todo amor, carinho e dedicação durante esta pequena jornada. 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus pela vida, e por mais esta conquista. Agradeço a meus pais e meus irmão, que compartilharam comigo meus ideias e os alimentaram, incentivando-me a prosseguir nesta jornada, fossem quais fossem os obstáculos; a vocês que mesmo distantes mantiveram-se sempre ao meu lado lutando comigo. A minha orientadora Profª. Drª. Vanessa Moraes de Andrade pelos ensinamentos na área da genética, por todo seu empenho, dedicação, confiança, amizade e apoio durante estes anos de Iniciação Científica e desenvolvimento do TCC. Ao meu co- orientador Prof. Dr. Jairo José Zocche, pelos conhecimentos e colaboração nas coletas e na realização deste trabalho. Ao meu namorado Sandro de Souza Pereira, por ter permanecido a meu lado nos momentos que mais precisei, me apoiando sempre e transmitindo compreensão, carinho e amor. Às minhas amiga do coração Giana, Gisele, Ionara, Mariana, Priscila e Amanda pelo valor da nossa amizade que não foi provado apenas nos momentos de alegria, mas principalmente nos momentos de dificuldades e tristezas, quando até as lágrimas por terem sido compartilhadas, foram bem menos dolorosas, obrigada mesmo por todos os ótimos momentos; Aos meus amigos e companheiros do Laboratório de Biologia Celular e Molecular, pelos momentos de descontração e alegria, em especial a Daniela Dimer Leffa por todo carinho, amizade, dedicação e ajuda na realização desse trabalho, a Bruna Pazzini e a Giana Hainzenreder pela amizade, companheirismo, fidelidade, carinho e pelas gargalhadas mesmo nos momentos mais difíceis. A todos meus colegas de classe que compartilharam os prazeres e dificuldades desta jornada com os quais convivemos durante tantas horas e carregamos a marca de experiências comuns que tivemos. Partamos confiantes em busca de nossos ideais, no exercício de nossa profissão. A todos os co-autores do artigo: Heavy metals and DNA damage in blood cells of insectivore bats in coal mining areas of Catarinense coal basin, Brazil, que se esforçaram o máximo pela realização deste trabalho. 5 “O que é o homem sem os animais, sem a natureza? Se os animais e a natureza desaparecerem o homem morrerá dentro de uma grande solidão. Ensinai a vossos filhos que a terra é a nossa mãe. Dizei a eles que a respeitem, pois tudo que acontecer à Terra, acontecerá aos filhos dela." Seattle-1853 6 RESUMO A mineração de carvão é um dos setores básicos da economia do país, contribuindo de forma decisiva para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras gerações, é por natureza, transformadora do meio ambiente, provocando degradação das áreas onde se encontra instalada. A mineração e a purificação de minérios são um dos grandes causadores da disseminação mundial dos metais pesados O objetivo do presente estudo foi examinar o teor dos metais pesados Cr, Mn, Fe, Ni, Cu, Zn, Cd e Pb e teor de Al e Si no fígado, assim como danos no DNA nas células sangüíneas de morcegos insetívoros da Bacia Carbonífera Catarinense. Foram coletadas três espécies de morcegos (Molossus molossus,Tadarida brasiliensis e Eptesicus diminutus) na área de mineração de carvão e duas na área controle, ou seja, área livre de mineração (Molossus molossus,Tadarida brasiliensis).O teor de metais pesados no fígado dos morcegos foi detectado de acordo com a técnica de PIXE e os danos no DNA foram avaliados pelo Ensaio Cometa. Os resultados mostram que os teores de Cr, Ni, Cu e Pb em M. molossus e de Cu e Fe em T.brasiliensis na área de mineração de carvão foi maior do que os encontrados nos animais da área controle. Em ambas as áreas foram observadas diferenças nos teores de metais no fígado entre as espécies de morcegos. O índice e a frequência de danos, parâmetros avaliados pelo Ensaio Cometa, mostraram diferenças significativas maiores em E. diminutus em relação a M. molossus e T.brasiliensis. Os valores de ambos os parâmetros ensaio cometa foram significativamente maiores na área de mineração em relação à área de controle apenas para T. brasiliensis. Concluímos que os morcegos insetívoros que vivem nas áreas de mineração da Bacia carbonífera Catarinense podem ser utilizados como bioindicadores para a detecção de biomagnificação de metais pesados em ecossistemas terrestres e aquáticos que têm contato direto ou indireto com a mineração de carvão. Palavras-chave: Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824),Molossus molossus (Pallas, 1766), Eptesicus diminutus (Osgood, 1915), metais pesados, ensaio cometa 7 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1:Localização dos municípios na Bacia Carbonífera Catarinense. .............12 FIGURA 2 Corpos Cônicos de rejeitos em Santa Catarina .......................................14 FIGURA 3: Esquema geral propondo possíveis vias de indução da carcinogênese por metais..................................................................................................................16 FIGURA 4: Representação esquemática da ordem sequencial de respostas ao estresse causado por poluentes em um sistema biológico .......................................19 FIGURA 5: Tadarida brasiliensis (I. GEOFFROY, 1824............................................23 FIGURA 6: Molossus molossus (Pallas, 1766)..........................................................24 FIGURA 7: Eptesicus diminutus (Osgood, 1915). .....................................................25 FIGURA 8:Visualização do Ensaio Cometa ..............................................................27 FIGURA 9: localização das áreas de estudo no sul do estado de Santa Catarina....29 FIGURA 10: Etapas experimentais do Teste Cometa desde a coleta das células até a leitura em microscópio óptico. ................................................................................31 FIGURA 11: Classes de Dano obtidas pelo Teste Cometa.......................................32 FIGURA 12: Almofariz com pistilo. ............................................................................32 FIGURA 13: Esquema mostrando a produção de raios-X induzida por um íon ........33 FIGURA 14:Índice de dano no DNA nas células sanguíneas das três espécies de morcegos insetívoros estudados na área minerada (Siderópolis).............................37 FiIGURA 15: Frequência de dano no DNA nas células sanguíneas das três espécies de morcegos insetívoros estudados na área minerada (Siderópolis)........................37 FIGURA16: Comparação entre o índice de dano (ID) e freqüência de danos no DNA (FD) detectada em Molossus molossus e Tadarida brasiliensis na área controle (Timbé do Sul, SC) e na área minerada (Siderópolis, SC) utilizando o ensaio Cometa......................................................................................................................38 FIGURA 17: Principais mecanismos de genotoxicidade e mutagenicidade induzida por metais..................................................................................................................44 8 LISTA DE TABELAS TABELA 1:conteúdo de metais pesados (µg g -1 peso seco) em morcegos que Vivem na área minerada e na área controle, no estado de Santa Catarina, Brasil ...36 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10 1.1 CARVÃO.............................................................................................................11 1.2 AGENTES GENOTÓXICOS ...............................................................................15 1.2.1 Metais pesados...............................................................................................15 1.3 BIOMARCADORES E BIOMONITORES............................................................18 1.3.1 Morcegos como bioindicadores ...................................................................21 1.4 CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES UTILIZADAS NO TRABALHO ..................22 1.4.1 Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824).......................................................23 1.4.3 Molossus molossus (Pallas, 1766) ...............................................................24 1.4.4 Eptesicus diminutus (Osgood, 1915)............................................................25 1.5 GENÉTICA TOXICOLÓGICA AMBIENTAL .......................................................26 1.5.1 Ensaio Cometa (EC) .......................................................................................26 2 OBJETIVOS...........................................................................................................28 2.1 Objetivo Geral....................................................................................................28 2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................28 3 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................29 3.1 Descrição da Área de Estudo...........................................................................29 3.2 Coleta dos animais............................................................................................29 3.1.3 Ensaio Cometa (EC) .......................................................................................30 3.1.4 Análise química ..............................................................................................32 3.1.4 Análise estatística ..........................................................................................34 4 RESULTADOS.......................................................................................................35 4.1. Teor de metais pesados no fígado das diferentes espécies de morcegos nas áreas estudadas:..............................................................................................35 4.2 Danos no DNA em sangue periférico das diferentes espécies de morcegos nas áreas estudadas:..............................................................................................37 5 DISCUSSÃO ..........................................................................................................39 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................46 REFERÊNCIAS.........................................................................................................47 ANEXO 1- Heavy metals and DNA damage in blood cells of insectivore bats in coal mining areas of Catarinense coal basin, Brazil. ...........................................60 10 1 INTRODUÇÃO A poluição é um sério problema ambiental que vem sendo enfrentado em todo o mundo. Em um sentido amplo pode ser entendida, como a introdução de qualquer matéria ou energia no meio ambiente, modificando suas características, tornando-o impróprio aos organismos que normalmente abrigam, caracterizando-se pela perda das condições propícias à vida em um determinado biótopo (LEMOS; TERRA, 2003). As fontes de poluição podem ser classificadas de várias formas, dependendo do critério considerado: origem (doméstica, agricultura, indústria, mineração); principais componentes (orgânica, metálica, salina); propriedades e seus efeitos (tóxicas, putrefativa, inerte, coloidal). Como se pode ver, as fontes de poluição não estão somente limitadas a descargas de substâncias químicas, outras intervenções humanas também contribuem para as alterações, em alguns casos inclusive, levando a profundas rupturas na estrutura e funcionamento do ecossistema (SILVA; ERDTMANN; HENRIQUES, 2003). Várias atividades antrópicas como a mineração, vêm criando problemas ambientais no uso do solo e subsolo, além desta, destacam-se também a urbanização desordenada, agricultura, pecuária, construção de barragens visando a geração de hidroeletricidade, e o uso não controlado de água subterrânea, entre outras (BARBOZA, 1995). A mineração é considerada uma forma de poluição e quando comparada a outras fontes de degradação do ambiente, como a agricultura e a pecuária, notase que ela afeta diretamente pequenas áreas. Contudo, os elementos solubilizados dos rejeitos, se atingirem os cursos d’água, podem impactar negativamente áreas localizadas a centenas de quilômetros da mineração (SALOMONS, 1995). A mineração é, por natureza, transformadora do meio ambiente, e sendo uma atividade de transformação, provoca a degradação das áreas onde se encontra instalada, principalmente quando executada de maneira irresponsável (FERNANDES, 2005). A mineração é um dos setores básicos da economia do país, contribuindo de forma decisiva para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras gerações, sendo fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade 11 equânime, desde que seja operada com responsabilidade social, estando sempre presente os preceitos do desenvolvimento sustentável (FARIAS, 2002). 1.1 CARVÃO O carvão mineral é um combustível fóssil sólido que ocupa a primeira colocação em abundância e perspectiva de vida útil, entre os recursos energéticos não renováveis, sendo em longo prazo a mais importante reserva energética mundial (BORBA, 2001). Apesar dos vários impactos ambientais, o carvão é mundialmente utilizado como fonte de energia elétrica por conter como características: abundância das reservas; distribuição geográfica das reservas; baixos custos e estabilidade nos preços em relação a outros combustíveis (ANEEL, 2008). O carvão mineral é formado a partir da matéria orgânica de vegetais depositados em bacias sedimentares, onde ocorre a ação da pressão e temperatura em ambiente sem contato com o ar em decorrência de soterramento e atividade orogênica. Os restos vegetais ao longo do tempo geológico se solidificam, enriquecendo-se em carbono e perdendo oxigênio e hidrogênio, sendo esse processo denominado carbonificação (BORBA, 2001). Sabe-se que 90% das reservas mundiais de carvão mineral, estão localizadas no hemisfério norte (BRACK, 2003). O Brasil dispõe de uma das maiores reservas de carvão da América Latina, e os depósitos de maior importância econômica que apresentam o carvão sub-betuminoso e betuminoso estão na bacia do Paraná (Formação Rio Bonito, do Permiano Médio) localizada no sul do País, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná (BORBA, 2001; SOARES et al., 2006). Em Santa Catarina a descoberta de reservas de carvão provocou profundas modificações no ambiente (MARTINS, 2005). Santa Catarina e Rio Grande do Sul detêm conjuntamente 99,8% das reservas carboníferas do país (DNPM, 2004). As jazidas catarinenses ocorrem nos seguintes municípios: Orleans, Lauro Muller, Urussanga, Siderópolis, Criciúma, Içara, Nova Veneza, Maracajá, 12 Araranguá, Forquilhinha e Treviso, municípios estes, inseridos na bacia carbonífera catarinense (MILIOLLI, 2009), (Figura 1). 50º0’W 50º0’W 49º 45’W 49º 45’W 49º 30’W 49º 30’W 49º 15’W 49º 15W 49º0’W 49º0’W 48º 45’W 48º 45’W Figura 1: Localização dos municípios na Bacia Carbonífera Catarinense. Fonte: CETEM, 2001). Os primeiros trabalhos de exploração de carvão no estado Catarinense ocorreram na região de Lauro Muller, no ano de 1861, quando o Visconde de Barbacena recebeu do Imperador D. Pedro II a concessão para explorar o carvão mineral. Até 1884 predominavam as pequenas produções, com extração totalmente manual (CETEM, 2001). O início das atividades de produção de carvão mineral intensificou-se, sobretudo, a partir da década de 40, após instalação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no ano de 1945 (SOARES; TRINDADE, 2002). Este mineral constitui dois terços dos recursos energéticos não renováveis nacionais, sendo suas reservas vinte vezes maiores do que as do petróleo e setenta e cinco vezes superiores às do gás natural. Santa Catarina dispõe de reserva de 4,3 bilhões de toneladas, o que corresponde a 13 % do total do País (SANCHEZ; FORMOSO, 1990). O carvão encontra-se depositado em jazimentos superficiais (aflorante – 40 metros) e profundos (além de 50 metros). Esta classificação é dada em função do custo-benefício econômico de sua exploração que determina a forma de mineração 13 a céu aberto ou subterrânea. Embora distintas no modo de extração do minério, cada forma emprega uma série de técnicas que têm gerado vários impactos ambientais (DNPM, 2004). A exploração do carvão em Santa Catarina é feita em minas subterrâneas e a céu aberto, na qual a profundidade da camada carbonífera é critério para seleção entre um ou outro método de lavra. Sendo que a lavra subterrânea é utilizada quando a jazida de carvão se encontra em camadas mais profundas (cerca de 30m até aproximadamente 120 m) e lavra a céu aberto é utilizada, quando a jazida de carvão se encontra próxima à superfície do solo até, aproximadamente, 30m de profundidade (KLEIN, 2006). No sul do estado de Santa Catarina, a lavra mecanizada teve início por volta de 1940 (CETEM, 2001) e desde então, assim como a mineração de subsolo, tem provocado alterações físicas, químicas e biológicas nos ecossistemas associados às áreas de mineração, comprometendo os recursos hídricos, o solo e à biota de forma direta numa extensão que varia de 2000 a 6000 ha (COSTA, 2004; 2005; 2007; COSTA; ZOCCHE; ZOCCHE-DE-SOUZA, 2007; ZOCCHE-DE-SOUZA, 2007; FREITAS, 2007). A extração do carvão teve impacto positivo no desenvolvimento econômico da região sul de Santa Catarina, mas por outro lado, os danos ambientais assumiram proporções gigantescas (CAROLA, 2002; KOPEZINSKI, 2000). Municípios que obtinham rendas agrícolas anteriormente à mineração viram que após a abertura das minas a qualidade dos recursos naturais (ar, água, solo, flora, fauna) mudaram radicalmente. A mineração a céu aberto, sem cuidados ambientais, executada na Bacia Carbonífera Catarinense até meados da década de 80, consistia na retirada da cobertura vegetal, do solo e dos estéreis da mineração, até encontrar as camadas de carvão. A vegetação e o solo eram depositados na base e as camadas superiores de folhelhos e estéreis da mineração no topo de pilhas, geralmente cônicas (figura 2), gerando a inversão de camadas litológicas e criando uma paisagem estéril, denominada de paisagem lunar (ALEXANDRE, 1999). 14 Figura 2 Corpos Cônicos de rejeitos em Santa Catarina Fonte: BELOLLI, 2002. Nos dias atuais, muitos campos de mineração já não se encontram mais ativos, mas infelizmente, o término da lavra não significa o fim do processo poluidor, nem o esgotamento da fonte geradora de poluição, pois, os rejeitos carboníferos oriundos do processo, os quais compõem o passivo ambiental gerado, continuam reativos por muito tempo, disponibilizando íons metálicos (As, Cd, Cu, Ni, Pb, Zn, Al, Cr, Mn, Co, entre outros) comprometendo assim, o restabelecimento das comunidades vegetais terrestres e aquáticas (ZOCCHE, 2005). O carvão tem sido descrito como o mais significante poluente de todas as energias fósseis, contendo uma mistura heterogênea de mais de 50 elementos, incluindo os óxidos e outros elementos como sílica, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP), metais pesados e cinzas (LÉON et al., 2007). Esses elementos podem ser incorporados ao carvão através da absorção pelas plantas que o originaram, estando portanto, associados à fração orgânica do mesmo (SILVEIRA, et al 2009), ou ainda, associados à fração inorgânica do mineral, por adsorção às argilas por meio da água que circulava no ambiente de deposição ou, incorporados junto ao material sedimentar, que se depositou sobre o banco de carvão em sucessivas camadas ao longo do tempo (ZOOCHE, 1989). Desse modo as áreas de mineração de carvão e depósitos de rejeitos apresentam alterações físicas: por modificar as condições de habitat do ambiente físico como suporte de vida; químicas, pois expõem materiais tóxicos, os quais em 15 contato com outros elementos ocasionam mudanças no ambiente e conseqüentemente nas espécies que neles se instalam e biológicas, pois eliminam espécies, limitam o estabelecimento de novas e restabelecimento de antigas, interferindo na composição das cadeias alimentares e nas relações de interdependência (LAWREY, 1976). Apesar das condições extremas geradas nestes locais, observa-se que uma série de espécies vegetais se desenvolvem espontaneamente, absorvendo os elementos disponíveis, inclusive os metais pesados (ZOCCHE; PORTO, 1993; COSTA, 2005; 2007; ZOCCHE-DE-SOUZA, 2007; FREITAS, 2007). 1.2 AGENTES GENOTÓXICOS 1.2.1 Metais pesados Embora não exista uma definição clara de o que é um metal pesado, o mesmo é freqüentemente definido com um peso atômico de 50 (BISHIT et al.,1976) e densidade acima de 4,5 g/cm3 (KUNTZE, 1986) ou mais, 5.0 g/cm3 (JÄRUP, 2003). Sendo assim, na maioria dos casos, peso atômico e densidade são tomadas como definições de metais pesados (BISHIT et al.,1976). O grupo dos metais pesados também chamados de metais-traço é constituído por alguns metais que são considerados essenciais do ponto de vista biológico em percentagem muito pequena (PRONCHOW; PORTO, 2000). Quando presentes em grandes concentrações podem apresentar alta toxicidade aos organismos vegetais e animais produzindo efeitos danosos, (BAUMGARTEN; POZZA, 2001) ocasionando também, impactos negativos a ecossistemas terrestres e aquáticos, constituindo-se assim, em contaminantes ou poluentes de solo e água (GUILHERME et al., 2005). Os metais pesados podem ser encontrados em todos os compartimentos do ecossistema, sempre existiram no planeta e nunca se esgotam. São oriundos de fontes naturais e/ou antrópicas como intemperismo de rochas, deposição atmosférica, lançamentos de efluentes urbanos, industriais e agrícolas, além da 16 lixiviação de resíduos contaminados, sendo a mineração e a purificação de minérios um dos grandes causadores da sua disseminação mundial (PASCALICCHIO, 2002). Alguns ambientes aquáticos podem produzir formas orgânicas de metais pesados, permitindo assim a sua provável incorporação na cadeia alimentar, como uma forma mais tóxica (O' SHEA, 2001). Minas a céu aberto podem acumular água, formando lagos, com níveis potencialmente tóxicos de metais pesados que são colocados à disposição dos animais através de bebida ou alimento, podendo dar início a contaminação das cadeias alimentares (O' SHEA, 2001). Os metais pesados podem causar efeitos adversos em sistemas biológicos, entre eles, genotoxicidade e carcinogenicidade (PARAÍBA, 2006). Além disso, podem produzir quebras na fita-dupla de DNA (DSBs) indiretamente, através do estresse oxidativo, como descrito por Gastaldo et al. (2009). O estresse oxidativo ocorre quando há um desequilíbrio, criado pela excessiva geração de oxidantes ou uma diminuição de antioxidantes (GUO; YANG; WU, 2008). Segundo Benassi (2004), metais como ferro, cobre, cádmio, cromo, níquel, entre outros, possuem a capacidade de produzir espécies reativas de oxigênio (EROs), e quando essas espécies são formadas intracelularmente, elas podem induzir peroxidação lipídica, dano ao DNA, depleção de grupamentos tióis, alterar vias de transdução de sinais e a homeostase do cálcio (figura 3). Figura 3: Esquema geral propondo possíveis vias de indução da carcinogênese por metais. Adaptada de Galaris e Evangelou (2002). 17 De acordo com o esquema acima, os metais podem provocar dano ao DNA de forma direta ou indireta pela formação das EROs. A geração das EROs pode ser afetada pelos metais por muitas vias. Por exemplo, através da reação de Fenton (Fe2+ + H2O2 Fe3+ + HO• + HO-), da indução do processo inflamatório, ou através da formação intermediária de tioradicais (RSH + Cu2+ RS• + Cu++ H+). A maior parte do dano ao DNA é reparada pelo eficiente mecanismo celular de reparo, enquanto que uma pequena parte do dano resulta em mutação. Mudanças nos níveis das EROs também influenciam no equilíbrio redox intracelular, afetando fortemente as vias de transdução de sinais, as quais ativam ou inativam vários fatores de transcrição. Tanto a mutação quanto os fatores de transcrição podem modular a expressão de uma variedade relevante de genes para a transformação celular, conduzindo finalmente ao desenvolvimento do câncer (BENASSI, 2004). Várias reações celulares são influenciadas e/ou afetadas pela presença de metais. Lesões oxidativas do DNA desempenham um papel importante em várias doenças, incluindo câncer e envelhecimento precoce (GRISHAM, 1994; BECKMAN; AMES, 1998; COLLINS,1999; DURACKOVA, 2008 ). Os metais pesados oriundos das atividades de lavra e beneficiamento do carvão na Região Carbonífera Catarinense são principalmente: arsênio (As), bário (Ba), cádmio (Cd), chumbo (Pb), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), mercúrio (Hg), níquel (Ni), prata (Ag), selênio (Se) e zinco (Zn). Sendo que para muitas destas substâncias químicas há evidências de mutagenicidade e carcinogenicidade em humanos e/ou animais de laboratório (AGOSTINI; WAJNTAL, 1993). Ao serem absorvidos e metabolizados pelas plantas, esses elementos químicos tornam-se disponíveis aos animais que os ingerem ao se alimentarem das raízes, cascas, caules, folhas, néctar, pólen, resina, frutos ou sementes (animais herbívoros) e de outros animais (carnívoros de primeira e de segunda ordem) que têm contato com as áreas mineradas (HENDRIKS et al., 1995). O homem assim como outros animais, pelo fato de ocupar os níveis mais elevados da cadeia alimentar, ao ingerir, produtos oriundos de áreas contaminadas com elementos nocivos, como os metais está passivo de sofrer riscos á saúde (WALKER et al., 2002). As populações humanas que vivem no entorno e a jusante das áreas mineradas de carvão no sul de Santa Catarina, utilizam ervas para a medicina caseira, exploram pastagens que se desenvolvem sobre áreas mineradas não 18 restauradas, para o alimento do gado, utilizam os recursos hídricos para a produção de arroz irrigado , assim como, a vegetação que se desenvolve sobre áreas mineradas como pasto apícola (COSTA, 2004; 2005; 2007; ZOCCHE, 2005; ZOCCHE-DE-SOUZA, 2007; FREITAS, 2007). Na Bacia Carbonífera Catarinense ainda não foram desenvolvidos estudos que tratem da biomagnificação de metais pesados nos ecossistemas de áreas de mineração do carvão. Monitorar o impacto ecológico e os danos à saúde humana, como por exemplo, o câncer e mutações herdáveis, é problemático devido principalmente a complexidade e ao custo decorrente da identificação das substâncias químicas envolvidas, também, pelo fato de que os organismos na natureza não estão expostos a um único composto, e sim, a uma complexa mistura destes, gerando um problema na qual, estudos epidemiológicos falham no que se refere à estipulação do tempo pois algumas anomalias necessitam de um longo período de exposição e condições de exposição para se expressarem (TICE, 1995). A investigação dos riscos deletérios a que a população humana está exposta pode ser desenvolvida de forma indireta, ou seja, por meio de estudos com outros organismos de topo de cadeia, por meio da avaliação de danos citotóxicos e genotóxicos fornecendo assim, indicação da contaminação da cadeia alimentar (ZOCCHE, 2005). 1.3 BIOMARCADORES E BIOMONITORES Avaliar a quantidade de poluentes presentes no ambiente e nos animais por si só não é suficiente, havendo a necessidade de se detectar e avaliar o impacto destes poluentes nos organismos expostos, devido ao fato de existirem diferenças na forma de metabolizar os xenobióticos. Para se poder detectar e avaliar os efeitos biológicos utilizam-se biomarcadores. A utilização de biomarcadores para detecção de contaminação ambiental iniciou-se no Brasil no final dos anos 90 (BAINY; WOODIN; STEGEMAN, 1999). Vários são os parâmetros biológicos que podem estar alterados como conseqüência da interação entre o agente químico e o organismo (AMORIN, 2003), entretanto, biomarcadores podem ser definidos como sistemas indicadores que 19 geralmente incluem subsistemas de um organismo completo, usados para indicar um alvo específico.( SILVA, ERDTMANN,HENRIQUES,2003) De acordo com Amorin (2003), o biomarcador compreende toda substância ou seu produto de biotransformação, assim como qualquer alteração bioquímica precoce, cuja determinação nos fluidos biológicos, tecidos ou ar exalado, avalie a intensidade da exposição e o risco à saúde. Existem biomarcadores moleculares, celulares e ao nível de indivíduo. As duas características mais importantes dos biomarcadores são: a) permitem identificar as interações que ocorrem entre os contaminantes e os organismos vivos; b) possibilitam a mensuração de efeitos sub-letais. Esta última característica permite pôr em prática ações remediadoras ou, melhor ainda, ações preventivas. Daí a importância e o interesse atual de incorporação da análise de biomarcadores em programas de avaliação da contaminação ambiental (JESUS, 2008). Uma questão que pode ser respondida por biomarcadores é se há contaminação ambiental em grau suficiente para causar efeitos fisiológicos. Se a resposta for positiva, investigações adicionais podem ser justificadas para determinar a natureza e o grau de contaminação (WALKER et al., 1996). A ordem seqüencial de resposta ao estresse causado por um poluente em um sistema biológico é visualizado na figura 4. (JESUS, 2008) Figura 4: Representação esquemática da ordem seqüencial de respostas ao estresse causado por poluentes em um sistema biológico (adaptado de VAN DER OOST et al., 2003). 20 O efeito em nível hierárquico superior é sempre precedido por mudanças no processo biológico. Desta forma, o biomarcador é utilizado como um sinal prévio refletindo a resposta biológica causada por uma toxina (JESUS, 2008). Biomonitores, também conhecidos por organismos sentinela, vêm sendo utilizados há muito tempo para alertar as pessoas sobre ambientes perigosos. Na seleção de um biomonitor os principais aspectos a serem observados são: (a) os animais devem dividir o mesmo ambiente com o homem; (b) responder de forma semelhante a químicos tóxicos; e (c) desenvolver patologias similares como resposta a estes efeitos (SILVA; ERDTMANN; HENRIQUES, 2003). A principal vantagem de se utilizar organismos sentinela para monitoramento ambiental, comparado ao método tradicional físico-químico, é a informação que ele pode dar em relação à exposição acumulativa em organismos e populações sobre a resposta de letalidade e sub-letalidade, além de detectar efeitos indiretos (BROMENSHENK; SMITH; WATSON, 1995). Os organismos mais susceptíveis aos agentes impactantes possuem algumas características que os distinguem dos demais, tornando-se um bioindicador de ambientes e da qualidade do ar, quando indicam a umidade do ar, acidez do solo e pH, além de demonstrarem alta sensibilidade a poluentes, apresentam capacidade de reter contaminantes atmosféricos em suas células, funcionando também como biomonitores (OLIVEIRA et al., 2007). Biomarcadores quando combinados com biomonitores podem criar um sofisticado sistema alvo múltiplo para detectar uma variedade de perigos ambientais de forma rápida e economicamente viável, em um único organismo teste (SILVA; ERDTMANN; HENRIQUES, 2003). Diversos organismos que podem ser utilizados como biomonitores e/ou bioindicadores: bivalves Dreissena polymorpha (KLOBUCAR et al, 2003), animais marinhos e de água doce (LEE; STEINERT, 2003), animais vertebrados aquáticos como peixes (ANDRADE et al., 2004), Artemia salina (SVENSSON et al, 2005 ), microcrustáceos como Daphnia magna (ALVES; SILVANO, 2006), moluscos (SILVA, 2007; LEFFA et al,2010), bactérias Salmonella typhimurium e Escherichia coli, anelídeos, artrópodes,vegetais, plantas como Allium cepa, Tradescantia, Vicia faba (KOVALCHUK; KOVALCHUK, 2008), Baccharis trimera (SOUZA; COSTA; ZOCCHE, 2007), anfíbios e répteis (BRANDÃO, 2002), aves como os pombos 21 (SCHILDERMAN et al., 1997), e mamíferos como Ctenomys torquatus (SILVA et al., 2000), Rattus rattus e Mus musculus (LÉON et al., 2007). Todos estes organismos respondem de maneira muito particular, a uma variedade de alterações no ambiente em que vivem, fornecendo dados fisiológicos, bioquímicos, genéticos e comportamentais (SHUGART, 1994). 1.3.1 Morcegos como bioindicadores Em áreas de mineração de carvão, morcegos insetívoros podem ser usados como bioindicadores de riscos à saúde humana, pois estes animais estão no mesmo nível trófico da cadeia alimentar, como os seres humanos (JONES et al., 2009). Além disso, os morcegos utilizam o espaço acima de córregos, lagoas ou matas ciliares como locais de alimentação (O' SHEA et al. 2001; FUKUI et a. 2006; SWIFT, 2009). Os efeitos dos elementos tóxicos sobre os morcegos, podem se dar de forma direta por meio da exposição direta, ou de forma indireta onde, manifestam-se através da reestruturação ecológica das biocenoses, que podem alterar o suprimento alimentar, o hábitat físico, a disponibilidade e qualidade da água entre outros fatores. Águas correntes e lagos podem sofrer alterações na turbidez, nos processos de sedimentação e de transferência de elementos de um compartimento para outro, os quais causam impactos à vida aquática reduzindo assim as fontes de alimentos dos morcegos e/ou provocando o fenômeno de biomagnificação de elementos tóxicos na cadeia alimentar (SMOLDERS et al., 2003). A contaminação de insetos terrestres por metais pesados, ingeridos no forrageamento de plantas de áreas mineradas é elevada, resultando em uma possível exposição dos morcegos que os ingerem. Esses podem ainda estar expostos a metais que entram nos sistemas aquáticos por meio da lixiviação e drenagem superficial, os quais são absorvidos pelos insetos aquáticos emergentes, podendo a contaminação ocorrer em distâncias consideráveis a jusantes das áreas mineradas (WICKHAM et al., 1987; AXTMAN et al., 1997). Alguns metais, como por exemplo, o Cd, pode ser progressivamente acumulado com a idade em morcegos, sem, contudo, haver manifestações visíveis 22 da toxicidade. Estes animais podem viver entre 20 anos ou mais, podendo tornar-se particularmente suscetíveis aos efeitos deletérios (WALKER et al., 2002). É provável que alguns morcegos possam acumular metais pesados e outros elementos tóxicos provenientes de fontes de mineração pela exposição ao longo da cadeia alimentar. Poucos estudos têm considerado a exposição e impactos potenciais de metais pesados tóxicos, tais como Hg, Pb e Cd sobre os morcegos (MA; TALMAGE, 2001). Pesquisas em áreas de mineração de carvão onde haja exposição de morcegos devem ser desenvolvidas no sentido de avaliar a concentração de metais pesados nestes animais. Estes estudos devem envolver pesquisas que tratem da interpretação dos efeitos deletérios associados à concentração de metais em tecidos animais. Estudos relacionados à concentração e genotoxicidade de metais pesados em células do tecido sangüíneo e hepático devem ser realizados no sentido de investigar o grau de exposição direta dos morcegos a concentrações crescentes de metais pesados na cadeia alimentar (CLARK, et al., 1982). Morcegos insetívoros que vivem em áreas de mineração de carvão podem, portanto, ser um ótimo indicador ecológico do risco potencial que as populações humanas que vivem em tais áreas estão submetidas, sobretudo, pela acumulação de determinados elementos não essenciais e potencialmente tóxicos em seus tecidos (CLARK et al., 1982). 1.4 CLASSIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES UTILIZADAS NO TRABALHO Os morcegos pertencem ao Reino Animalia, Filo Chordata, Classe Mammalia, Ordem Chiroptera. Esta ordem inclui os únicos mamíferos verdadeiramente voadores. No Brasil ocorrem cerca de 150 espécies distribuídas em nove famílias. Os quirópteros, de um modo geral, apresentam um período de desenvolvimento embrionário relativamente longo, quando considerado o tamanho dos indivíduos, e a maioria das espécies produz apenas um filhote por gestação. Sua importância ecológica está na sua alta diversidade e abundância nas regiões tropicais (PASSOS, 2003). 23 1.4.1 Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824) Os morcegos da espécie Tadarida brasiliensis (I. GEOFFROY, 1824) (figura 5), pertencem a família Molossidae. Esta espécie tem uma ampla distribuição sendo encontrada no sul do Brasil, Bolívia, Argentina, Chile, Texas, Porto Rico e Cuba (BARQUEZ, 2010). Figura 5: Tadarida brasiliensis (I. GEOFFROY, 1824). Fonte:Marta Fabian. Em relação ao habitat, ocorre em grande variedade de habitats, são espécies insetívoras apresentando uma alimentação diversificada, nas diferentes regiões onde é encontrada (BARQUEZ, 2008) no Texas tem uma alimentação baseada em mariposas, besouros, moscas,percevejos e formigas (ROSS 1961; WHITAKER, 1996). Em Cuba, Silva-Taboada (1979) indicou que a dieta consistia em Dipteros (70,7%), Hymenopteros (formigas) (29,6%), Lepidopteros (25,9%), Homopteros (18,5%), Coleopteros (7,4%) e Odonatos (7,4%). Rodríguez Durán et al. (1993) sugeriram que T.brasiliensis em Porto Rico poderia ter hábitos alimentares semelhantes aos encontrada em Cuba. São animais migratórios e que formam grandes colônias, mas podem formar pequenas (BARQUEZ, 2010.) O nascimento dos filhotes ocorre entre o final da primavera e o início do verão (CAGLE, 1959; TWENTE, 1956; MARQUES; FABIAN, 1994). 24 1.4.3 Molossus molossus (Pallas, 1766) Molossus molossus (Pallas, 1766), pertencem a família Molossidae, ocorre do México ao Paraguai, Uruguai e norte da Argentina, com registros para o Suriname, Peru, Guianas, Venezuela e Trinidad e Tobago (KOOPMAN 1993, NOWAK 1994). Segundo Marinho-Filho;Sazima (1998) esta espécie é amplamente difundida no Brasil e ocorre em cinco grandes biomas (Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Pantanal). Conhecido popularmente como morcego-de-cauda-livre (figura 6), pode ser encontrado na cidade, em parques, praças e regiões urbanas, de modo geral onde a iluminação artificial e grande número de edificações facilitam o encontro de alimento e abrigo. Trata-se de uma das espécies de morcegos mais comuns em áreas urbanas (BREDT, 1996). Figura 6: Molossus molossus (Pallas, 1766). Fonte: Merlin D. Tuttle Seu habitat é geralmente em buracos de árvore, bainha de folhagens, forro de casas, caixas de persianas e vãos de edificações. Possuem hábitos gregários, formando colônias com dezenas e centenas de indivíduos. Sua atividade noturna inicia-se ao entardecer, podendo-se observar revoadas saindo dos telhados de casas ou prédios (BREDT, 1996). Alimenta-se de insetos; reproduz-se de outubro a dezembro e a gestação tem duração de 2 a 3 meses, nascendo um filhote ao ano. São pequenos com cerca de 8 cm de comprimento. Possuem coloração marrom-escura, quase negra e cauda livre. Caminham apoiados nos polegares das asas e nos pés (BREDT, 1996). 25 1.4.4 Eptesicus diminutus (Osgood, 1915) Eptesicus diminutus (Osgood, 1915), pertencem a família Vespertilioninae, (Figura 7), ocorre na Venezuela, Uruguai, Paraguai, norte da Argentina e Brasil (SIMMONS, 2005). Segundo Reis et al. (2007), no Brasil esta espécie ocorre nos seguintes estados: Distrito Federal, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Figura 7: Eptesicus diminutus (Osgood, 1915). Fonte: Fernando Carvalho As espécies brasileiras deste gênero são de tamanho pequeno médio (antebraço geralmente variando de 30 a 36,5 mm), de coloração bastante variada (castanha em diferentes tons, enegrecida ou acinzentada) e podem apresentar ventre acinzentado (BARQUEZ et al 1999). Alimentam-se de insetos em geral capturando-os no vôo, (REIS, et al 2007; BARCLAY; BRIGHAN, 1991). Estudos realizados na Argentina, com o conteúdo estomacal deste mamífero indicaram o consumo preferencial de coleópteros (BARQUEZ, et al 1999) e no Brasil Reis et al (1999) registraram a preferência por lepidópteros e dípteros. Ocupam abrigos como buracos ocos e cascas de árvores, bem como construções humanas (BARQUEZ, et al 1999; EISENBERG; REDFORD, 1999). 26 1.5 GENÉTICA TOXICOLÓGICA AMBIENTAL A genotoxicidade é o setor da genética que estuda os fatores que alteram a base genética da vida, em sua estrutura físico-química, o DNA (ácido desoxirribonucléico), sendo este processo chamado de mutagênese. A genotoxicidade estuda como o organismo se encontra exposto a algum agente de toxicidade, analisando o que perturba a vida ou induz a morte, tanto em nível de célula como de organismo. É uma especialidade recente que se situa entre toxicologia e genética, por isso é também denominada genética toxicológica (SILVA; ERDTMANN; HENRIQUES, 2003). A genética toxicológica engloba o estudo dos possíveis agentes causadores de genotoxicidade e seus mecanismos de ação. Quando estes agentes estão inseridos ou têm repercussão no meio ambiente ou na biota podemos especializar o conceito de genética toxicológica para genética toxicológica ambiental (BORTOLOTTO, 2007). Dentro dessa área da ciência existem os bioensaios que são utilizados para o monitoramento da genotoxicidade ambiental, dentre eles o Teste Cometa (SILVA, ERDTMANN, HENRIQUES, 2003) 1.5.1 Ensaio Cometa (EC) O teste cometa está sendo utilizado para estudos de toxicogenética devido a suas peculiaridades e vantagens quando comparado a outros testes para detecção de substâncias genotóxicas, entretanto, esse teste não detecta mutações, mas sim lesões genômicas que, após serem processadas, podem resultar em mutação. Diferente das mutações essas lesões são passíveis de correção, e dessa maneira esse teste também pode ser utilizado para estudos de reparo no DNA (GONTIJO; TICE, 2003). O Ensaio Cometa ou gel de eletroforese em célula única (SCGE) foi introduzido pela primeira vez por Östling e Johanson (1984) através da técnica microeletroforética para visualização direta dos danos no DNA em células 27 individuais. Nessa técnica observou-se que nas células irradiadas, após a corrente elétrica com pH neutro, partes do DNA foram arrastadas do seu núcleo e fragmentos produzidos por crosslinks (ligações cruzadas) e quebras duplas na fita de DNA (DSB) migraram mais, resultando na imagem de um “cometa” (Figura 8) (FAIRBAIRN; OLIVE; O’NEIL, 1994). Figura 8:Visualização do Ensaio Cometa. Fonte: autor Os cometas são classificados geralmente em categorias que variam de quatro a cinco e a identificação de dano no DNA se dá através do comprimento de migração e/ou a proporção relativa de DNA na cauda em relação ao centro (TICE et al., 2000). Este teste de genotoxicidade apresenta vantagens sobre outros testes, pois ele inclui: sensibilidade para detecção de níveis de dano no DNA; exige um número reduzido de células por amostras; flexibilidade; baixo custo; facilidade de aplicação; habilidade para conduzir estudos usando pequenas amostras da substância teste; e possui um período de tempo relativamente curto para obtenção de resultados. Devido a essas características esse teste é amplamente utilizado para pesquisar áreas que variam das humanas até biomonitoramento ambiental, aos processos de reparo do DNA na genética toxicológica (TICE et al., 2000). 28 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Examinar o teor dos metais pesados Cr, Mn, Fe, Ni, Cu, Zn, Cd e Pb e teor de Al e Si no fígado, assim como danos no DNA nas células sangüíneas de morcegos insetívoros da Bacia Carbonífera Catarinense. 2.2 Objetivos Específicos • Determinar o conteúdo de metais pesados em morcegos insetívoros; • Comparar o teor de metais pesados nos tecidos dos morcegos existentes na área de mineração de carvão com a área controle e com dados contidos na literatura; • Comparar os danos do DNA registrados nas áreas de mineração de carvão com a área controle; 29 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Descrição da Área de Estudo O estudo foi realizado em duas cidade do sul de Santa Catarina (figura 9), uma sob a influência direta da mineração do carvão: Siderópolis (28º35’ S e 49º 25’ W) que está localizada na bacia carbonífera catarinense e a segunda, Timbé do Sul (28º 49'S e 49º 50'W), localizada a 50 Km ao sul de Siderópolis, definida como área controle para efeitos comparativos, pois está localizada em uma região livre da influência da mineração (SANTA CATARINA, 2004). Figura 9: localização das áreas de estudo no sul do estado de Santa Catarina Área controle ( ) está localizada em Timbé do Sul (28º 49'S e 49º 50'W). Área minerada ( ) está localizada em Siderópolis (28º35’ S e 49º 25’ W) Fonte: Autor 3.2 Coleta dos animais Foram coletados 8 morcegos adultos da espécies M. molossus (Pallas, 1766), na área minerada e 17 na área controle. Já a espécie T.brasiliensis (I. 30 Geoffroy, 1824), foram coletados em número de 25 na área minerada e 15 na área controle, enquanto que a espécie E. diminutus (Osgood, 1915) teve 32 animais capturados na área minerada e nenhum na área controle. Todos os exemplares serviram de amostras para análises de metais e avaliação de danos ao DNA. A seleção das espécies para análise foi baseada no tipo de dieta (exclusivamente insetívoros), abundância na área, tamanhos semelhantes e colônias formadas com grande número de indivíduos. A captura dos animais foi por meio de coletas manuais (através de pessoas especializadas, que conheciam as espécies identificando-as), ocorreram em abrigos (telhados de residências) com redes de neblina e puçá instalados nos locais de saída dos animais. Foram realizadas no período noturno das 20:00 às 21:00, em fevereiro e março de 2008 na estação do verão no hemisfério sul. Após a captura, os indivíduos foram acondicionados individualmente em sacos de algodão devidamente identificados, sendo posteriormente levados para o Laboratório de Biologia Celular e Molecular da Universidade do Extremo Sul Catarinense para a coleta de sangue periférico e fígado. Para a coleta sangüínea os animais foram “anestesiados” em câmara de gás contendo éter, após foi retirado o sangue por meio de punção cardíaca. As amostras foram acondicionadas individualmente em microtubos contendo solução de heparina (apenas para o sangue) e mantidos sob refrigeração até o momento da preparação para submissão ao teste de genotoxicidade. Ao término desse processo os indivíduos sofreram eutanásia (conforme recomendado pelo Conselho Brasileiro de Medicina Veterinária e Colégio Brasileiro de Experimentação Animal) para a remoção do fígado, na qual foi utilizado para a dosagem de metais pesados. 3.1.3 Ensaio Cometa (EC) Segundo Fairbairn et al. (1994), o Ensaio Cometa é um teste de genotoxicidade capaz de detectar danos no DNA induzidos por agentes alquilantes, intercalantes e oxidantes. O protocolo utilizado na execução do teste foi baseado na versão alcalina desenvolvido por Singh et al., (1988) e Meehan et al.(2003). Foi coletado 31 aproximadamente 10 L de sangue periférico de cada animal, sendo que 5 L de cada amostra foram embebidos em 95 L de agarose Low Melting Point (0,75%), essa mistura foi colocada em lâmina de microscópico (duas lâminas por animal ou seja, duplicata), pré-revestida com cobertura de 300 L de agarose normal (1,5 %) e após foi coberta com uma lamínula. Depois da solidificação em geladeira por aproximadamente 5 minutos, as lamínulas foram cuidadosamente retiradas e depois as lâminas foram imersas em tampão de lise (2,5 M NaCl, 100 mM EDTA e 10 mM Tris, pH 10,0-10,5, com adição na hora do uso de 1% de Triton X – 100 e 10% de DMSO) com alta concentração de sais e detergentes a fim de lisar as células, removendo o seu conteúdo citoplasmático e membrana nuclear, por no mínimo uma hora ou até duas semanas. Posteriormente, as lâminas são imersas em um tampão de pH 13 de acordo com Tice (1995) (300 mM NaOH e 1 mM EDTA, pH 13), por 20 minutos. Tal processo visa o desenovelamento das cadeias de DNA, pelo rompimento das estruturas secundárias e terciárias presentes no núcleo celular. Imediatamente ao desenovelamento, as lâminas são submetidas a uma corrente elétrica por mais 20 minutos, 25v e 300 mA,de modo a induzir a migração para fora do núcleo dos segmentos de DNA livres, resultantes de quebras Finalmente as lâminas são coradas com nitrato de prata (VILLELA,et al, 2006). (Figura 10). Figura 10: Etapas experimentais do Teste Cometa desde a coleta das células até a leitura em microscópio óptico. Fonte: Autor. 32 Quanto à observação ao microscópio, foram analisadas 100 células por indivíduo (50 de cada lâmina duplicada). As células também foram classificadas, visualmente, em cinco classes, de acordo com o tamanho da cauda: sem danos – classe 0; até danos máximos – classe 4. Assim, o Índice de Danos de cada grupo estudado variou de zero (100X0; 100 células observadas completamente sem danos) a 400 (100X4; 100 células observadas com dano máximo) (COLLINS, 2004). A freqüência de danos (FD em %) foi calculada em cada amostra com base no número de células com cauda versus o número de células sem cauda (Figura11). . Figura 11: Classes de Dano obtidas pelo Teste Cometa. Fonte: VILLELA et al., 2006 3.1.4 Análise química Os fígados foram secos em estufa a 60 ºC por 48 h, misturados para formar amostras compostas (pool) por espécie nas área amostradas, macerados utilizando um almofariz com pistilo (figura 12) e finalmente prensado em pastilhas. Figura 12: Almofariz com pistilo. Fonte: Autor 33 As amostras foram então analisadas quanto o teor total de metais pesados (espressos como µg g-1) induzida pela técnica de emissão de raio X (PIXE) (HE et al., 1993; JOHANSSON et al., 1995). Durante as últimas décadas, foram realizadas diversas descobertas na determinação de elementos traço em amostras ambientais e outros materiais biológicos usando técnicas nucleares. A técnica de PIXE (Produção de raios-X induzida por um íon) (Figura 13) é usada para análise do conteúdo de metais em amostras, apresentando alta sensibilidade e simplicidade, caracterizando vários elementos ao mesmo tempo. Segundo Johansson (1995) essa técnica possibilita identificação e quantificação simultânea de boa parte dos elementos da tabela periódica com relativa rapidez. Permite medir quantitativamente concentrações de elementos até o limite de uma parte por bilhão (HE, 1993). Figura 13: Esquema mostrando a produção de raios-X induzida por um íon Esta técnica se destaca por exigir uma pequena quantidade de material para análise e oferecer resultados muito rápidos e precisos (HE, 1993). A amostra a ser analisada é irradiada por partículas carregadas produzidas por um acelerador. Os raios-X emitidos pela desexcitação dos átomos na amostra são analisados e sua composição é determinada. Usam-se feixes de prótons de 1 a 3 MeV para ejetar elétrons de camadas internas de átomos da amostra. Quando as resultantes vacâncias são preenchidas espontaneamente por elétrons de camadas mais externas são emitidos os raios-X característicos (HE, 1993). Os raios-X característicos induzidos pelas reações são detectados por dois detectores, um de germânio hiperpuro (resolução de energia de 175 eV a 5,9 keV) e outro de silício-lítio (160 eV a 5,9 keV) (FRANKE, 2006). 34 A padronização do protocolo adotado neste trabalho seguiu os procedimentos descritos por Johansson et al (1995). Os espectros de raios-X são analisados utilizando o código GUPIX, desenvolvido na Universidade de Guelph (Maxwell et al., 1989; Maxwell et al., 1995; Campbell et al., 2000). Através da técnica de padronização, responsável pela análise quantitativa dos elementos, as áreas dos picos dos raios-x são convertidas em concentrações elementares utilizando-se o programa GUPIX e o resultado final é expresso em partes por bilhão (µg g-1). Uma amostra padrão de fígado bovino da NIST (material de referência 1577b) é utilizada para o procedimento de padronização da análise das amostras de fígado (FRANKE, 2006). As análises de metais utilizando a técnica de PIXE foram realizadas no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 3.1.4 Análise estatística Todos os dados para o índice e frequência de danos no DNA são apresentados como média e desvio padrão. A normalidade das variáveis foi avaliada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. As análises estatísticas para Índice e Freqüência de Dano entre as três espécies e diferença entre morcegos expostos na área controle e na área minerada foi avaliado utilizando Teste U de Wilcoxon-Mann-Whitney. O nível crítico para rejeição da hipótese nula foi considerando um P valor de 5%, duas vias, e o pacote estatístico utilizado foi o Bioestat 5.0. 35 4 RESULTADOS Este trabalho resultou em um artigo científico intitulado: Heavy metals and DNA damage in blood cells of insectivore bats in coal mining areas of Catarinense coal basin, Brazil, publicado na revista Environmental Research, em 4 de junho de 2010 (Anexo 1). 4.1. Teor de metais pesados no fígado das diferentes espécies de morcegos nas áreas estudadas: A tabela 1 mostra os resultados das análises do fígado em peso seco (µg.g-1) com base em cada espécie de morcego em ambas as áreas estudadas. Os teores de Cr (5,7 ± 3,2 µg.g-1), Ni (4,3 ± 3,0 µg.g-1), Cu (27,3 ± 6,5 µg.g-1) e, Pb (5,8 ± 2,8 µg.g-1) em fígados de M. molossus e de Fe (1,032 ± 33 µg.g-1) e Cu (232 ± 7,3 µg.g-1) em fígados de T. brasiliensis na área de mineração de carvão foram superiores aos das espécimes coletadas na área de controle. Os teores de metais pesados no fígado das espécies de morcegos variou entre ambas as áreas estudadas (Tabela 1). Na área controle, foram encontradas somente duas das três espécies de morcegos analisadas no presente estudo. M. molossus tiveram os maiores teores de Fe (1,673 ± 31 g.g-1) e Cd (4,8 ± 2,7 g.g-1), enquanto T. brasiliensis apresentaram os maiores teores de Al (27,8 ± 11,1 g.g-1), Ni (4,2 ± 2,7 g.g-1) e Zn (132,3 ± 11,5 g.g-1). Em contraste, o conteúdo de Si, Mn e Cu no fígado foram similares em ambas as espécies. As duas espécies continham Cr e Pb. Al e Ni em M. molossus e os níveis de Cd em T. brasiliensis foram iguais ou inferiores ao limite de detecção (LoD). 36 Tabela 1:Conteúdo de metais pesados (µg g -1 peso seco) em morcegos que vivem na área minerada e na área controle, no estado de Santa Catarina, Brasil Metais Pesados Área controle (Timbé do Sul) Espécie/conteúdo(µg.g-1) Área minerada (Siderópolis) Espécie/conteúdo (µg.g-1) ± incerteza ± incerteza Al * M. molossus (n = 08) 15,6 T. brasiliensis (n = 25) 27,8 ± 11,11 SI * 4,8 ± 4,4 7,6 ± 4,2 Cr 9,53 5,3 M. molossus T. brasiliensis E. diminutus (n = 17) (n = 15) (n = 32) 15,9 19,0 ± 13,6 35,1 ± 11,3 5,6 ± 4,6 5,7 ± 3,2 7,8 ± 5,7 10,9 26,6 ± 4,7 6,2 Mn 34,8 ± 10,1 26,3 ± 8,1 13,6 ± 8,2 30,4 ± 11,1 59,5± 10,7 Fe 1,673 ± 31 918 ± 19 1,059 ± 24 1,032 ± 33 2,340 ± 32 4,2 ± 2,7 4,3 ± 3,0 Ni 9,05 5,6 8,6 ± 3,7 Cu 20,3 ± 6,7 15,5 ± 4,9 27,3 ± 6,5 23,2 ± 7,3 28,8 ± 6 Zn 116,2 ± 13,9 132,3 ± 11,5 79,6 ± 11,8 141,4 ± 19,7 113,8 ± 11,8 Cd 4,8 ± 2,7 Pb 6,36 3,0 4,0 ± 2,2 4,05 3,92 5,8 ± 2,8 7,32 3,6 ± 2,2 5,41 N.D. = amostras com respectivo conteúdo igual ou abaixo do limite de detecção (LOD). * não é considerado metal pesado. ( ) O erro mostrado se reflete as incertezas nas medidas PIXE. Na área de mineração de carvão, os maiores teores de Al (35,1 ± 11,3 -1 µg.g ), Si (26,6 ± 4,7 µg.g-1), Mn (59,5 ± 10,7 g µg.g-1), Fe (2,340 ± 32 µg.g-1) e Ni (8,6 ± 3,7 µg.g-1) foram registrados em E. diminutus, enquanto os maiores teores de Cr (5,7 ± 3,2 µg.g-1) e Pb (5,8 ± 2,8 µg.g-1) foram registradas em M. molossus, além disso, T. brasiliensis, obteve o maior teor de Zn (141,4 ± 19,7 µg.g-1). Os teores de Cu foram similares nas três espécies, enquanto que o teor de Cd embora tenha sido igual ou inferior ao limite de detecção (LoD) em T. brasiliensis, não variou entre as outras duas espécies. 37 4.2 Danos no DNA em sangue periférico das diferentes espécies de morcegos nas áreas estudadas: Os resultados dos danos no DNA das três espécies estudadas na área de mineração para índice de danos (ID) e freqüência de danos (FD), são demonstrados nas figuras 14 e 15 respectivamente. 160 * 140 Índice de danos (0-400) 120 100 80 60 40 20 0 E. dimunutus M. molossus T. brasiliensis Figura 14:Índice de dano no DNA nas células sanguíneas das três espécies de morcegos insetívoros estudados na área minerada (Siderópolis). Diferença significativa em relação a M. molossus *P = 0,01 e T. brasiliensis P<0.0001. (Teste U de Wilcoxon-Mann-Whitney, bicaudal.) Frequência de danos (%) 60 * 50 40 30 20 10 0 E. dimunutus M. molossus T. brasiliensis Figura 15: Frequência de dano no DNA nas células sanguíneas das três espécies de morcegos insetívoros estudados na área minerada (Siderópolis). Diferença significativa em relação a M. molossus *P = 0,01 e T. brasiliensis P<0.0001. (Teste U de Wilcoxon-Mann-Whitney, bicaudal.) Os resultados mostram que M.molossus e T. brasiliensis tiveram valores 38 semelhantes, enquanto E. diminutus teve valores significativamente maiores que as duas primeiras espécies (Kruskal-Wallis, P < 0.001) em ambos os parâmetros do Ensaio Cometa (ID e FD). A figura16 mostra a comparação entre os resultados obtidos para as espécies M. molossus e T.brasiliensis, na área de mineração de carvão e área controle. * * Figura 16: Comparação entre o índice de dano (ID) e freqüência de danos no DNA (FD) detectada em M. molossus e T. brasiliensis na área controle (Timbé do Sul, SC) e na área minerada (Siderópolis, SC) utilizando o ensaio Cometa.* Diferença significativa em relação ao grupo controle com P 0,05 (Mann-Whitney U, bicaudal). Somente T. brasiliensis teve resultados significativamente maiores nos danos ao DNA na área minerada em comparação com a área controle (Teste-U, Mann-Whitney, P < 0,05) em ambos os parâmetros do ensaio cometa (ID e FD). M. molossus não mostrou diferenças estatisticamente significativas entre a área minerada e a área controle. 39 5 DISCUSSÃO A mineração de carvão é uma atividade com um alto potencial de poluição ambiental. Toda a mineração modifica o terreno no processo de extração mineral e deposição de rejeitos. O bem mineral extraído não retorna mais ao local de onde foi retirado, ficando em circulação causando diversos males para o meio ambiente e os seres que o habitam (KOPEZINSKI, 2000). Os rejeitos de carvão apresentam principalmente metais pesados e os óxidos, que através dos seus potenciais tóxico e genotóxico acabam acarretando mudanças profundas nas células, tecidos, populações e ecossistemas (SÁNCHEZCHARDI et al., 2006; SÁNCHEZ-CHARDI et al.,2008). Este é o primeiro estudo que relata o teor de metais pesados em fígados de morcegos insetívoros em uma bacia de carvão do Brasil. Infelizmente as informações sobre as concentrações de metais pesados em morcegos em todo o mundo não são suficientes para permitir comparações adequadas entre as espécies (HICKEY; FENTON, 2001). Embora os elementos químicos, Al e Si não sejam considerados metais pesados, decidimos incluí-los no presente estudo devido à reconhecida toxicidade do alumínio em todas as formas vivas, conforme relatado por vários autores (EXLEY et al, 1991;. KANDIAH; KIES, 1994 ; JULKA et al, 1996;. BISHOP et al, 1997) e o papel de ambos na absorção pelas plantas (CHARLES et al, 1991; COCKER et al, 1997; COCKER et al, 1998). Nossos resultados demonstraram variações nos níveis de metais pesados no fígado entre M. molossus e T. brasiliensis em ambas as áreas estudadas (Tabela 1). Infelizmente, E.diminutus não foi registrada na área de controle, e por isso não puderam ser feitas comparações mais apropriadas. Na área controle, os maiores teores de Fe e Cd e de Al, Ni e Zn foram encontrados em M. molossus e T. brasiliensis, respectivamente. Por outro lado, na área minerada, os maiores teores de Al, Si, Mn, Fe e Ni foram registrados em E. Diminutus, enquanto os níveis mais altos de Cr e Pb foram observados em M. Molossus, e T. brasiliensis obteve o maior teor de Zn. Quando são comparados apenas M. molossus e T. brasiliensis, é possível observar que os níveis de Cr, Ni, 40 Cd e Pb foram maiores em M. molossus do que em T. brasiliensis, enquanto os níveis de Al e Zn foram maiores em T . brasiliensis do que em M. molossus. O conteúdo hepático de Cr, Ni, Cu e Pb em M. molossus e de Fe e Cu em T. brasiliensis de ambas as áreas (minerada e controle) não são compatíveis uns com os outros, isto é, além de ser maior na área minerada, os valores não se sobrepõem, quando as incertezas são levadas em conta. Esta é uma clara indicação de que os valores comparados são intrinsecamente diferentes, e que as atividades de mineração de carvão estão liberando estes metais pesados no meio ambiente. O mesmo fato ocorreu com Al, Si, Mn, Fe e Ni encontrados em E. diminutus, quando comparados com os valores das outras duas espécies estudadas. O conteúdo desses elementos em E. diminutus excedeu os níveis detectados nas outras duas espécies da área de mineração (Tabela 1). As diferentes atividades de mineração e o processamento de minério subseqüentes, produzem um conjunto de potenciais contaminantes. Além dos efeitos da mineração e deposição de rejeitos, os processos de extração e refino representam ameaças devido à liberação de contaminantes (O' SHEA, 2001;. LEFFA et al, 2010). Os efeitos de contaminantes ambientais sobre os morcegos podem ser efetuados através da exposição direta ou indireta, devido à reestruturação ecológica que pode alterar o suprimento de comida, o ambiente físico, a disponibilidade e qualidade da água, entre outros fatores (O' SHEA, 2001). Outras possíveis explicações para nossos resultados, podem ser o tipo de dieta com insetos longe da área de mineração. Enquanto E. Diminutus se alimenta nas áreas ao redor de seu abrigo (ZORTÉA; ALHO, 2008), M. molossus e T. brasiliensis podem voar longas distâncias, alimentando-se até mesmo sobre a superfície dos corpos d’água (ESBÉRARD, 2003; DAVIS; GARDNER , 2007). Todas as espécies amostradas no estudo são exclusivamente insetívoras (OJEDA; MARES, 1989; EGER, 2007; DAVIS; GARDNER, 2007;. RAMÍREZCHAVES et al, 2008), no entanto, informações disponíveis sobre os hábitos alimentares destas três espécies são escassos. M. molossus alimenta-se de insetos aéreos que pertencem principalmente às ordens Coleoptera, Lepidoptera, Zygoptera, Orthoptera, Hemiptera, Homoptera, Diptera e Hymenoptera (EGER, 2007;. RAMIREZ-CHAVEZ et al, 2008), embora possa completar a sua dieta com escorpiões, aranhas e outros artrópodes terrestres (DECHMANN et al., 2010). T. brasiliensis é um generalista, alimentando-se com as mesmas ordens usadas por M. 41 molossus exceto Zygoptera e incluindo em sua dieta Ephemeroptera, Odonata, Thysanoptera, Neuroptera e Pscoptera (FABIÁN et al., 1990), principalmente nas cidades. Com exceção da dieta insetívora (DAVIS & GARDNER, 2007), quase nada se sabe sobre a biologia de E. diminutus que se alimenta principalmente de insetos, moscas e lepdopteras (BIANCONI; PEDRO, 2007). Um dado importante, é que os morcegos insetívoros realmente precisam beber água e, portanto, as espécies estudadas podem vir a ingerir água contaminada com metais pesados das áreas de mineração de carvão. Os morcegos acumulam elementos químicos quando se alimentam de insetos que habitam as águas contaminadas (O' SHEA et al., 2001). Insetos que vivem em áreas de mineração podem acumular vários elementos não essenciais e podem assim tornarse um importante transmissor de metais pesados para os morcegos (O' SHEA, 2001; WALKER et al, 2007). Além disso, os morcegos geralmente consomem entre 40% e 100% da sua massa corporal caçando suas presas a noite (HICKEY; FENTON, 1996) e algumas espécies se alimentam preferencialmente de insetos emergentes, como Trichoptera, que passam sua fase larval nos sedimentos, (BRIGHAM; FENTON, 1991) onde os metais pesados podem estar acumulados. Fatores como estação do ano, fase reprodutiva, sexo e idade das presas utilizadas como alimento e habitat podem estar envolvidos na bioacumulação de metais pesados nos morcegos (PAEZ-OSUNA; RUIZ-FERNÁNDEZ 1995). No presente estudo, comparamos danos no DNA entre os sexos em uma mesma espécie, mas não obtivemos resultados significativos e, portanto, esta variável foi negligenciada. Considerando a idade dos exemplares capturados no presente estudo, os morcegos amostrados foram apenas adultos, mas a idade exata dos indivíduos não foi avaliada. Todos os machos capturados estavam reprodutivamente ativos, e as fêmeas grávidas foram excluídas do estudo. Supomos que o acúmulo de metais pesados nos morcegos estudados, quando comparado com outras espécies, seja devido ao fato de que é mais provável considerar diferenças na exposição alimentar e degradação dos habitats presentes nas áreas de mineração de carvão,embora esse acúmulo possa resultar da variação e asimilação inter-espécie (WALKER et al. 2007). A variação do teor de metais pesados entre as espécies, na mesma área, pode refletir-se no comportamento de forrageamento, os padrões de uso do habitat ou a diferenças fisiológicas entre as 42 espécies. A variação nas áreas estudadas reflete-se na qualidade ambiental e na biomagnificação de metais pesados em toda a cadeia alimentar. É possível supor que a concentração de alguns metais pesados no fígado das três espécies de morcegos insetívoros, reflete-se na biodisponibilidade destes metais nas áreas de mineração de carvão. Assim é possível também, considerar que os níveis desses elementos nos alimentos que são ingeridos pelos morcegos são igualmente elevados. Níveis de alumínio variando entre 15,9 a 35,1 g.g-1 foram registrados nos fígados das três espécies de morcegos encontradas na área de mineração de carvão. Os resultados do Al de ambas as áreas são compatíveis, porque sobrepõem-se quando as incertezas são levadas em conta. Estes níveis foram inferiores aos encontrados por Hickey et al. (2001) na pele de morcegos insetívoros de Ontário e Quebec, no Canadá, onde o nível variou de 4,8-70 g.g-1. Méndez e Alvarez-Castañeda (2000), relataram níveis de Mn entre 0,58 e 7,15 g.g-1, Fe entre 1,026 e 2,045 g.g-1, e teores de Zn entre 44 e 211 g.g-1 em morcegos ictiófagos. Estes valores de Mn e Fe são mais baixos que os encontrados no presente estudo e o nível de Zn encntrado por eles é mais alto (Tabela 1). Por outro lado, Hickey et al. (2001) registraram teores elevados de Zn 101,3-314,6 g.g-1 e de Fe 72-220 g.g-1, na pele de morcegos insetívoros de Ontário e Quebec, no Canadá. As concentrações de chumbo e cobre encontradas no fígado dos morcegos estudados variou entre 5,8-7,32 g.g-1 e 23,2-28,8 g.g-1 respectivamente. Estes valores ficaram dentro dos intervalos citados por Streit e Nagel (1993) no fígado de morcegos insetívoros adultos (Pb 2,95-38,5 g.g-1, e Cu 15,7-32,0 g.g-1), mas o conteúdo de Cu registrado por Hoenerhoff e Williams (2004) no fígado de 16 de morcegos frugívoros e hematófagos foi maior do que o registrado neste estudo. Por outro lado, encontramos concentrações de Cd (3,6-4,0 g.g-1) (tabela 1) inferiores as registradas por Méndez e Castañeda-Alvarez (2000) nos fígados de morcegos ictiófagos adultos, ficando entre 1,5-14,4 g.g-1, e superiores aos relatados por Streit e Nagel (1993), que variou entre 0,044-1,53 g.g-1. Não foram encontrados dados na literatura sobre o Si, Cr e Ni em morcegos para que pudessemos comparar com nossos resultados. Praticamente todos os metais podem causar toxicidade quando ingerido em altas quantidades, mas diversos elementos, como Pb, Fe, Mn, Cu, Cd, Ni e Al 43 são muito abrangentes, podendo produzir toxicidade até mesmo em concentrações muito baixas (BROOKS , 1983; BEYERSMANN; HARTWIG, 2008). A contaminação de insetos terrestres por metais ingeridos quando se alimentam de plantas em áreas de mineração é de fato, a eventualidade que resulta em uma possível exposição dos morcegos que se alimentam destes insetos. Além da possibilidade de contaminação por esses insetos que ocorrem especificamente aos arredores das operações de mineração, os morcegos podem ser expostos a metais que entram em sistemas aquáticos de escoamentos e drenagem e são captados por insetos que emergem da água (O' SHEA, 2001). A contaminação de grupos emergentes de insetos aquáticos por metais, tem sido demonstrada em diferentes regiões geográficas que estão sob a influência das atividades de mineração de diferentes categorias (WICKHAM et al, 1987;. CAIN et al, 1992;. SAIKI et al. 1995; AXTMANN et al, 1997;. CAIN et al, 2000). Os morcegos freqüentemente coexistem com os seres humanos em ambientes urbanos e agrícolas (BRIGHAM; FENTON, 1991), expondo-se aos contaminantes que eles carregam (CLARK, 1979), os morcegos e os insetos aquáticos presentes nos ambientes de mineração, tornam-se possíveis vias para a transferência de contaminantes de sedimentos aquáticos para o ecossistema terrestre (CURRIE et al., 1997).Os morcegos insetívoros estão em níveis tróficos superiores e podem ser vistos como excelentes indicadores, devido sua relação entre o contaminante e / ou perturbações ambientais e os níveis tróficos (ALLEVA et al., 2006). O acúmulo de comida e a capacidade metabólica, aumentam posições na cadeia alimentar, e morcegos insetívoros são suscetíveis para mostrar as conseqüências de poluentes antes dos organismos de níveis tróficos inferiores, como insetos herbívoros ou aves (JONES et al., 2009). Nossos resultados revelaram diferenças entre as espécies, nas concentrações de metais pesados (tabela 1), no índice e freqüência de danos no DNA (figura 14 e 15). Os maiores níveis de concentração de Al, Si, Mn, Fe, Ni e Cu foram encontrados em E. diminutus na área de mineração de carvão. No ensaio cometa diferenças significativas no índice e freqüência de danos nesta espécie também foram detectados em comparação com as outras duas espécies. Altos níveis de metais pesados em plantas e animais podem causar uma variedade de efeitos agudos e crônicos em seres humanos e outros vertebrados (ILO, 1983), especialmente em áreas mineradas e industrializadas. Portanto, é necessário se 44 obter informações que até então não são disponíveis, sobre os níveis de metais em diferentes estágios nos alimentos terrestes (HSU et al., 2006). Exposições crônicas e / ou agudas aos metais pesados podem dar origem a uma variedade de doenças patológicas em animais. Embora os estudos experimentais ou epidemiológicos dos efeitos deletérios desses elementos em morcegos insetívoros não tenham sido realizados, os efeitos são, até certo ponto compatíveis entre os mamíferos na literatura sobre toxicologia (O' SHEA, 2001). O acúmulo de metais pesados e outros poluentes por organismos pode ter efeito bastante abrangente, já que possibilita o transporte dos contaminantes nos diversos níveis tróficos da cadeia alimentar de tal forma que os predadores apresentam as maiores concentrações, ou seja, este efeito culmina com a ocorrência das maiores taxas de contaminação nos níveis mais altos da cadeia alimentar (consumidores secundários e terciários) (BROWN, 1975). Nestes organismos, os principais mecanismos relacionados com a genotoxicidade provocada por metais pesados são: o estresse oxidativo, a inibição do sistema de reparo, a ativação da sinalização mitótica e mudanças na modulação dos genes (BEYERSMANN; HARTWIG, 2008) (Figura 17). Figura 17: Principais mecanismos de genotoxicidade e mutagenicidade induzida por metais. (Adaptado de BEYERSMANN; HARTWIG, 2008). Alguns metais podem acumular-se gradualmente nos órgãos-alvo em morcegos, contudo sem manifestações visíveis de toxicidade. Várias espécies de morcegos vivem 20 anos ou mais (ARLETTAZ et al. 2002), e como resultado, essa 45 longevidade pode torná-los suscetíveis aos efeitos deletérios dos metais pesados (WALKER et al., 2007). Pesquisas devem ser realizadas em áreas onde os morcegos são intensamente expostos a metais pesados com o intuito de avaliar a concentração desses elementos em determinados órgãos específicos. Esses estudos envolvem a investigação interdisciplinar sobre a histopatologia, biomarcadores fisiológicos de exposição e também incluem outras abordagens que lidam com a interpretação dos efeitos deletérios associados à concentração de metais nos tecidos dos animais. O exame de guano poderia ser visto como um passo inicial para avaliar o grau de contaminação dos morcegos e suas fontes de alimento com metais (CLARK et al, 1982), e deve ser complementado com estudos relacionados à concentração e genotoxicidade de metais pesados em células de sangue, fígado, e / ou estudos de níveis hormonais basais. Em nosso estudo, quando comparamos os resultados obtidos para as três espécies estudadas na área de mineração de carvão, observamos que E.diminutus foi a espécie com o maior dano de DNA. Ainda não temos amostras destas espécies provenientes da área controle, no entanto estes resultados fornecem dados basais de metais pesados em três espécies de morcegos. Em relação à avaliação de genotoxicidade das duas espécies estudadas, em ambas as áreas (figura16), apenas T. brasiliensis apresentou resultados significativamente maior na área de mineração de carvão em relação ao seu controle. Este efeito nocivo provavelmente é devido à presença de níveis mais elevados de Fe e Cu na área de mineração de carvão, em comparação com a área de controle. Os morcegos insetívoros que vivem em áreas de mineração de carvão, portanto, podem ser bons indicadores do potencial ecológico que as populações humanas que vivem nessas áreas estão expostas, principalmente pelo acúmulo de certos elementos não essenciais e potencialmente tóxicos em seus tecidos. No entanto, a ligação entre a saúde humana e a presença de metais pesados no ambiente é ainda mais complexa porque os seres humanos, ao contrário dos animais selvagens, são muito móveis e suas dietas (ou até mesmo água potável) não são necessariamente derivadas desses locais (BROOKS, 1983). Estudos que podem detectar precocemente anormalidades genéticas em células de morcegos expostos a níveis anormais de poluentes ambientais são de grande importância, podendo servir como um mecanismo sentinela na tomada de decisões da reabilitação dos impactos ambientais das atividades humanas. 46 6 CONCLUSÃO Este estudo é a primeira avaliação dos teores tóxicos de metais pesados em morcegos no Brasil. Nossos resultados sugerem que os níveis de Al, Si, Mn, Fe e Ni em E. diminutus, oferecem contribuição para o índice e freqüência de danos no DNA desta espécie. Os resultados encontrados neste estudo, mais uma vez, apontam para a sensibilidade do Ensaio Cometa e da técnica de PIXE, advertindo contra uma possível contaminação das espécies de morcegos que habitam áreas de mineração. Embora estes resultados sejam preliminares, eles sugerem que os morcegos insetívoros que vivem na bacia carbonífera de Santa Catarina podem ser utilizados como bioindicadores para a detecção de biomagnificação de metais pesados em ecossistemas terrestres e aquáticos que têm contato direto ou indireto com a mineração de carvão. Estudos adicionais com uma amostra maior e mesmo com outras espécies de morcegos devem ser realizados a fim de verificar os resultados obtidos neste trabalho preliminar, e para testar novas hipóteses que têm sido formuladas. 47 REFERÊNCIAS AGOSTINI, J. M. S.; WAJNTAL, A. Analise citogenetica em trabalhadores de minas de carvão mineral de Criciuma-SC. 1993. 158f. Tese (Doutorado em Citogenética). Área de concentração: Biologia - Universidade de São Paulo, São Paulo, [1993]. ALEXANDRE, N. Z. Diagnóstico ambiental da região carbonífera de Santa Catarina: degradação dos recursos naturais. Revista Tecnologia e Ambiente, v. 5, n. 2, p. 35-53, 1999. ALLEVA, E.; FRANCIA, N.; PANDOLFI, M.; DE MARINIS, A.M.; CHIAROTTI, F.; SANTUCCI, D. Organochlorine and heavy-metal contaminants in wild mammals and birds of Urbino-Pesaro Province, Italy: An analytic overview for potential bioindicators Archives of Environmental Contamination and Toxicology, v.51, p.123-134, 2006. ALVES, A. C. B.; SILVANO, S. Avaliação da sensibilidade de Daphnia magna Straus, 1820 (Cladócera, Crustácea) ao dicromato de potássio. Revista Instituto Adolfo Lutz, v.65, n.1, p. 59-61, 2006. AMORIM, L. C. A. Os biomarcadores e sua aplicação na avaliação da exposição aos agentes químicos ambientais. Revista Brasileira de Epidemiologia, v.6, n.2, p. 158170, 2003. ANDRADE, V. M. de; SILVA, J. da; SILVA, F. R. da; HEUSER, V. D.; DIAS, J. F.;YONEAMA, M. L.; FREITAS, T. R. O. de. Fish as bioindicators to assess the effects of pollution in two southern Brazilian rivers using the Comet assay and micronucleus test. Environmental and Molecular Mutagenesis, v. 44, n. 5, p. 459468, 2004. ANEEL. Carvão Mineral, 2008. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br.html.> Acesso em: 10 jun. 2009. ARLETTAZ, R. ; CHRISTE, P. ; DESFAYES, M. 33 years, a new longevity record for a European bat. Mammals, , v.66, p.44-442, 2002. AXTMANN, E.V.; CAIN, D. J.; LUOMA, S.N. Effect of tributary inflows on the distribution of trace metals in finegrained bed sediments and benthic insects of the Clark Fork River, Montana. Environmental Science and Technology, São Paulo, n. 31, p. 750-758,1997. BAINY, A.C.D.; WOODIN, B.R.; STEGEMAN, J.J. Elevated levels of multiple cytochrome P450 forms in tilapia from Billings Reservoir São Paulo, Brazil.Aquatic Toxicology, São Paulo, v. 44, p. 289-305, 1999. BARBOZA, F. L. M.; GURMENDI, A.C. Economia mineral no Brasil. Brasília: DNPM. 1995. 48 BARCLAY,R.M.R; BRIGHAN,R.M. Prey detection dietary niche breadth, and body size in bats so small? The American naturalist, Chicago, v.137, p. 693-703. 1991. BARQUEZ, R.; DIAZ, M.; GONZALEZ, E.; RODRIGUEZ, A.; INCHÁUSTEGUI, S.; ARROYO-CABRALES, J. 2008. Tadarida brasiliensis. In: IUCN 2010. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2010.3. <www.iucnredlist.org>. Acessado em 06 Out. 2010. BARQUEZ,R,M; MARES, M. A; BRAUN,J,K.The bats of Argentina. Special Publications Museus of Texas tech University. Lubbock,v. 42, p.1-275,1999. BAUMGARTEN, M. G. Z.; POZZA, A. S.. Qualidade de Águas: descrição de parâmetros químicos referidos na legislação ambiental. Rio Grande: FURG, 166p. 2001. BECKMAN, K. B.; AMES, B.N. The free radical theory of aging matures. PHYSIOLOGICAL REVIEWS, v.78, n. 2, p. 547-581, 1998. BELOLLI, M. História do carvão de Santa Catarina. Santa Catarina: Imprensa Oficial, 2002. BENASSI, J. C. O uso de bioindicadores e biomarcadores na avaliação do processo de remediação de efluente de lixiviação de carvão mineral utilizando microesferas de quitosana. 2004. 106 f. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, [2004]. BEYERSMANN, D.; HARTWIG, A. Carcinogenic metal compounds: recent insight into molecular and cellular mechanisms. Archives of Toxicology, v.82, p. 493-512, 2008. BIANCONI, G.V.; PEDRO, W.A.. Família Vespertilionidae. In: Reis, N.R., Peracchi, A.L., Pedro, W.A., Lima, I.P. Morcegos do Brasil. Londrina, 253p, 2007. BISHIT, S. S., SHARMA, C. P.; KUMAR, A. Plant responses excess concentration of heavy metal. Geophytol. V. 6, p. 296-307, 1976. BISHOP, N.J., MORLEY, R., DAY, J.P.; LUCAS A. Aluminum neurotoxicity in preterm infants receiving intravenous-feeding solutions.New England Journal of Medicine.v.336,p.1557-1561, 1997. BORBA, R. F. Carvão Mineral. Balanço Mineral Brasileiro, Porto Alegre, out, 2001. Disponível em: <http://www.dnpm.gov.br,htm>. Acesso em: 28 set. 2009. BORTOLOTTO, T. Avaliação da atividade tóxica e genotóxica de percolados do aterro sanitário municipal de sombrio, Santa Catarina, utilizando Artemia sp. E Allium cepa L. 2007. 79 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas - Bacharelado) - Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma [2007]. 49 BRACK, W. Effect-directed analysis: a promising tool for the identification of organic toxicants in complex mixtures? Analytical and Bioanalytical Chemistry, 2003. BRANDÃO, R. A. Avaliação Ecológica Rápida da Herpetofauna nas Reservas Extrativistas de Pedras Negras e Curralinho, Costa Marques, RO. Brasil Florestal, n. 74, p. 61-73, 2002. BREDT, A.; MOREIRA D. S. da.; Morcegos em áreas urbanas e rurais: Manual de manejo e controle - Brasília, Fundação nacional de Saúde,1996. BRIGHAM, R.M.; FENTON, M.B. Convergence in foraging strategies by two morphologycally and phylogenetically distinct nocturnal aerial insectivores. Journal of Zoology. London, v. 223, p.475–489, 1991. BROMENSHENK, J.J.; SMITH, G. C.; WATSON, V.J. Assessing ecological risks in terrestrial systems with honey bees. In: Butterworth, B.E.; Corkum, L. D.; GuzmánRincón, J. Biomonitors and Biomarkers as Indicators of Environmental Change, New New York: Plenum Press, p. 9-30, 1995. BROOKS, R.R. (Ed.), Biological methods of prospecting for minerals, 1rd. ed. Willey, Califórnia, 322p. 1983. BROWN, R. E. Significance of trace metals and nitrates in sludge soils. Journal WPCF, v. 47, n.12, p. 2863-2875, 1975. CAGLE, F.R.A. Texas colony of beats. Tadarida mexicana. Journal of mammalogy.Lawrence, v.31, n.4, p.400-402, 1950. CAIN, D.J.; LUOMA, S.N.; CARTER, J.L.; FEND, S.V.. Aquatic insects as bioindicators of trace element contamination in cobble-bottom rivers and streams. Can. Journal of Fisheries and Aquatic Science, v.49, p. 2141-2154, 1992. CAIN, D.J.; CARTER, J.L.; FEND, S.V.; LUOMA, S.N.; ALPERS, C.N.; TAYLOR, H.E., Metal exposure in a benthic macroinvertebrate, Hydropsyche californica related to mine drainage in the Sacramento River. Can. Journal of Fisheries and Aquatic Science, v.57,p. 380-390, 2000. CAMPBELL, J.L.; HOPMAN, T.L.; MAXWELL, J.A.;NEJEDLY, Z. The Guelph PIXE software package III: alternative proton database Nuclear Instruments and Methods in Physics Research,v. 170, p.193-204. 2000. CAROLA, C. R. Dos subterrâneos da história: as trabalhadoras das minas de carvão de Santa Catarina (1937-1964). Florianópolis. Editora da UFSC, 2002. CETEM. Centro de Tecnologia Mineral. Projeto conceitual para recuperação ambiental da Bacia Carbonífera Sul Catarinense. Relatório Técnico elaborado para o SIECESC. v.1 e 2, 2001. 50 CHARLES, A.L.; CRAIG, D.K.; VALERIO, M.G.; MCCANDLESS, J.B.; BOGOROCH, R. A Subchronic inhalation toxicity study in rats exposed to silicon carbide whiskers. Society of Toxicology, v.16, p.128-146, 1991. CLARK, D.R. JR. Lead concentrations: bats vs. terrestrial small mammals collected near a major highway. Environmental Science & Technology, v.13, p. 338-341, 1979. CLARK, D. R., Jr.; LAVAL, R. K.; TUTTLE, M. D. Estimating pesticide burdens of bats fromguano analyses. Bulletin of Environmental Contamination and Toxicology, Costa Rica, n.29, p. 214-220,1982. COCKER, K.M., HODSON, M.J., EVANS, D.E., SANGSTER, A.G. Interaction between silicon and aluminum in Triticum aestivum L. (cv. Celtic). Journal of Plant Physiology, v.45, p. 285-292, 1997. COCKER, K.M.; EVANS, D.E.; HODSON, M.J. The amelioration of aluminium toxicity by silicon in higher plants: solution chemistry or an in plant mechanism? Journal of Plant Physiology, v. 104,p. 608-614, 1998. COLLINS, A.R.,. The comet assay for DNA damage and repair: principles, applications, and limitations. Molecular Biotechnology, v,26, p. 249-261,2004. COLLINS, A.R.. Oxidative DNA damage, antioxidants, and cancer. BioEssays, v.21,p. 238-246, 1999. COSTA, S. Estrutura da vegetação herbáceo-arbustiva dos solos construídos em áreas mineradas de carvão a céu aberto e a relação de Axonopus obtusifolius (Raddi) Chase com Mn e Pb. 2007. 157 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais)- Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, [2007]. COSTA, S. Estudo da concentração de metais pesados no solo e nas plantas de áreas de mineração de carvão. 2004. 39f. Relatório Final (Programa de Iniciação Científica), Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma,[ 2004]. COSTA, S. Metais pesados (Pb, Mn e Zn) em áreas de mineração de carvão a céu aberto reabilitadas: concentração em plantas utilizadas como forrageiras pelo gado bovino. 2005. 38f. Relatório Final (Programa de Iniciação Científica), Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, [2005]. COSTA, S.; ZOCCHE, J. J.; ZOCCHE-DE-SOUZA, P. Absorção de metais pesados (Zn e Pb) por Axonopus obtusifolius (Radi) em áreas degradadas pela mineração de carvão, SC, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, n.5, p.765-767, 2007. CURRIE, R.S.; FAIRCHILD, W.L.; MUIR, D.C.G. Remobilization and export of cadmium from lake sediments by emerging insects. Environmental Toxicology & Chemistry, v.16,p. 2333–2338, 1997. 51 DAVIS, W.E.; GARDNER, A.L.; Genus Eptesicus Rafinesque, 1820., In: Gardner, A.L. Mammals of South America. The University of Chicago Press, p. 440-450. 2007. DECHMANN, D.K.N.; KRANSTAUBER, B.; GIBBS, D.; WIKELSKI, M. Group Hunting - A reason for Sociality in Molossid Bats? PLoS ONE.v.5,p.1-7, 2010. DNPM. Departamento Nacional de Produção Mineral. Informe Mineral: Desenvolvimento & Economia mineral.Brasília, Ed.Abril -2004.. Disponível em. <www.dnpm.gov.br/informe mineral> acesso em 25 set. 2009. URA KOVÁ Z. Oxidants, antioxidants and oxidative stress. In: A GVOZDJÁKOVÁ (Ed.). Mitochondrial medicine. Mitochondrial metabolism, diseases, diagnosis and therapy. Springer, Amsterdam, p 19-49, 2008. EGER, J.L. Family Molossidae P. Gervais, 1856. In: Gardner, A.L. Mammals of South América. The University of Chicago Press, p. 399-436, 2007. EISENBERG,J.F; REDFORD,K.H. Mammals of the Neotropics. The Central Neotropics: Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil. University of Chicago, Press. Chicago. 609 p. 1999. ESBÉRARD, C.E.L. Diversidade de morcegos em área de Mata Atlântica regenerada no sudeste do Brasil. Revista Brasileira Zoociências, v.5,p.189-204, 2003. EXLEY, C.; CHAPPELL, J.S.; BIRCHALL, J.D.. A mechanism for acute aluminium toxicity in fish. Journal of Theoretical Biology, v.151,p. 417-428, 1991. FABIÁN, M.E.; HARTZ, S.M.; ARIGONY, T.H.A. Alimentação de Tadarida brasiliensis (Geoffroyi, 1824) na região urbana de Porto Alegre, RS, Brasil (Chiroptera, Molossidae). Revista Brasileira de Biologia, v.50, p.387-392, 1990. FAIRBAIRN, D. W; OLIVE, P.L; O’NEIL, K.L. The comet assay: a comprehensive review. Mutation Research. Canadá, n. 339, p. 37-59, 1994. FARIAS, C.; GOMES, E. Mineração e meio ambiente: relatório preparado para o CGEE. Porto Alegre, 2002. Disponível em: <http://www.cgee.org.br>. Acesso em: 03 de maio. 2010. FERNANDES, K. A; Estudo de caso: processos utilizados para Recuperação das áreas impactadas com rejeito de Carvão. 2005. 45f. Monografia (Especialização em Gestão de Recursos Naturais)- Curso de Pós-Graduação, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, [2005]. FRANKE, S. I. R. Suco de laranja e vitamina c: efeito sobre a estabilidade genômica. 2006. 226 f.Tese de doutorado(Doutorado em Biologia Celular e Molecular)- Centro de Biotecnologia do Estado do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, [2006]. 52 FREITAS, M. Alterações anatômicas em raízes e folhas de Typha domingensis pers. (TYPHACEAE) e a concentração de Zn e Mn nos efluentes da mineração e do beneficiamento de carvão. 2007. 85 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais)– Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, [2007]. FUKUI, D.; MURAKAMI, M.; NAKANO, S.; AOI, T. Effect of emergent aquatic insects on bat foraging in a riparian forest. Journal Animal Ecology, v. 75, p. 1252-1258, 2006. GALARIS, D.; EVANGELOU, A. The role of oxidative stress in mechanisms of metalinduced carcinogenesis. Critical Reviews in Oncology Hematology, v. 42, p. 93-103, 2002. GASTALDO, J.; VIAU, M.; BOUCHOT, M.; JOUBERT, A.; CHARVET, A.; FORAY, N. Induction and repair rate of DNA damage: A inified model for describing effects of external and internal irradiation and contamination with heavy metals. Journal of Theoretical Biology, v. 251. p. 68-81, 2009. GONTIJO, Á.M. de M.C.; TICE, R. Teste do micronúcleo em medula óssea de roedores in vivo. In: RIBEIRO, L. R.; SALVADORI, D. M.F.; MARQUES, E.K. (Ed.). Mutagênese Ambiental. Canoas: Editora da Ulbra,. p. 247-271, 2003. GRISHAM, M. B. Oxidants and free radicals in inflammatory bowel disease. Lancet, v. 24, p. 859-861, 1994. GUILHERME, L. R. G.; MARQUES, J. J.; PIERANGELI, M. A. P.; ZULIANI, D. Q.; CAMPOS, M. L.; MARCHI, G. Elementos traço em solos e sistemas aquáticos. In: VIDAL – TORRADO, P. et al., Tópicos em ciência do solo, Volume IV. Viçosa, Sociedade Brasileira de Ciência do solo, p. 345-390, 2005. GUO L.; YANG, J. Y.; WU, C. F. Oxidative DNA Damage Induced by Ethanol in Mouse Peripheral Leucocytes. Basic & Clinical Pharmacology & Toxicology, p. 1742- 7843, 2008. HE, F. Target preparation for trace element determination of biological materials using techniques. Nuclear Instruments and Methods in Physics Research, v. 334, p. 238-245, 1993. HE, F.; BUOSO, M. C.; BURATTINI, E.; FAZINIC, S.; GALASSINI, S.; HAQUE, A.M.I.; JAKSIC, M.; MOSCHINI, G. Target preparation for trace element determination of biological materials using techniques. Nuclear Instruments and Methods in Physics Research,v.334, p. 238-245, 1993. HENDRIKS, A. J.; MA, C. W.; BROUNS, J. J. de.; RUITER-DIJKMAN, E. M.; GAST, R. Modelling and monitoring organochlorine and heavy metal accumulation in soils, earthworms, and shrews in Rhine-delta floodplains. Archives of Environmental Contamination and Toxicology, New York, v. 29, n.1, p.115-127,1995. 53 HICKEY, M.B.C; FENTON, M.B. Behavioural and thermoregulatory responses of female hoary bats, Lasiurus cinereus (Chiroptera: vespertilionidae), to variations in prey availability. Ecoscience,v.3,p. 414–422, 1996. HICKEY, M.B.C.; FENTON, M.B. Behavioural and thermoregulatory responses of female hoary bats, Lasiurus cinereus (Chiroptera: vespertilionidae), to variations in prey availability. Ecoscience,v.3, p.414–422, 2001. HOENERHOFF, M.; WILLIAMS, K. Copper-associated hepatopathy in a Mexican fruit bat (Artibeus jamaicensis) and establishment of a reference range for hepatic copper in bats. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation,v.16, p.590–593, 2004. HSU, M.J.; SELVARAJ, K.; AGORAMOORTHY, G. Taiwan’s industrial heavy metal pollution threatens terrestrial biota. Environmental Pollution.,v.143, p.327-334, 2006. ILO (International Labour Office),. Biological monitoring. In: Parmeggiani, L.(Ed.), Encyclopedia of Occupational Health and Safety. ILO Publications, Geneva, 271p. 1983. JÄRUP, L. Hazards of heavy metal contamination. British Medical Bulletin.London, v. 68, p. 167-182, 2003. JESUS, T. B. de; CARVALHO, C. E. V. de. Utilização de Biomarcadores em Peixes como Ferramenta para Avaliação de Contaminação Ambiental por Mercúrio (Hg). Oecologia Brasiliensis, v.12, n.4, p. 680- 693, 2008. JOHANSSON, S.A.; CAMPBELL, J.L.; MALMQVIST, K.G. (Eds.), Particle-induced X-ray emission spectrometry (PIXE), 1rd ed. John Wiley and Sons, New York, p. 118. 1995. JONES, G.; JACOBS, D.S.; KUNZ, T.H.; WILLIG, M.R.; RACEY, P.A. Carpe noctem: the importance of bats as bioindicators. Endangered Species Resolution, v.8, p. 93115, 2009. JULKA, D.; VASISHTA, R.K.; GILL, K.D. Distribution of aluminum in different brain regions and body organs of rat. Biological Trace Element Research. v.52, p. 18192, 1996. KANDIAH, J.; KIES, C. Aluminum concentrations in tissues of rats: effect of soft drink packaging. BioMetals, v.7,p 57–60, 1994 KLEIN, A. S. Áreas Degradadas pela Mineração de Carvão no Sul de Santa Catarina: Vegetação Versus Substrato. 2006. 87 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais. Universidade do Extremo Sul Catarinense,Criciúma, [2006]. KLOBU AR, G.I.V.; PAVLICA, M.; ERBEN, R.; PAPEŠ, D. Application of the micronucleus and comet assays to mussel Dreissena polymorpha haemocytes for genotoxicity monitoring of freshwater environments. Aquatic Toxicology, v.64, p.1523, 2003. 54 KOOPMAN, K.F. Order Chiroptera. In Mammals species of the world: a taxonomic and geographic reference. 2nd ed. Edited by D.E. Wilson and D.M. Reeder. Smithsonian Institution Press, Washington, D.C. p. 137–241, 1993. KOPEZINSKI, I. Mineração X meio ambiente: considerações legais, principais impactos ambientais e seus processos modificadores. Porto Alegre: Editora da Universidade. 103p. 2000. KOVALCHUK, I.; KOVALCHUK, O. Transgenic Plants as Sensors of Environmental Pollution Genotoxicity, v. 8, p. 1539-1558, 2008. KUNTZE, H. Behavior of heavy metals in soils. In: Bender, F. (Ed.), Geo-resources and environment: proceedings of the fourth international symposium held in Hannover, Schweizerbart'sche Verlagsbuchhandlung, Califórnia, p. 25-40, 1986. LAWREY, J. D. The relative decomposition potential of habitats variously affected by surface coal mining. Canadian Journal Botanic,Canadá, v. 55, p. 1544-1552, 1976. LEE, R.F.; STEINERT, S. Use of the single cell gel electrophoresis/comet assay for detecting DNA damage in aquatic (marine and freshwater) animals. Mutation Research, v.544, p.43-64, 2003. LEFFA, D.D.; DAMIANI, A.P.; SILVA, J.da; ZOCCHE, J.J.; SANTOS, C.E.dos; BOUFLEUR, L.A.; DIAS, J.F; ANDRADE, V.M.de. Evaluation of the Genotoxic Potential of the Mineral Coal Tailings Through the Helix aspersa (Müller, 1774). Environmental Contamination and Toxicology, p.1-8, In press, 2010. LEMOS, C.T.; TERRA, N. R. Poluição – causas, Efeitos e Controle. In: Silva J, Erdtmann B, Henriques JAP, editors. Genética Toxicológica. Porto Alegre: Alcance. p 117-144, 2003. LEÓN, G.; PÉREZ, L. E.; LINARES, J. C.; HARTMANN, A.; QUINTANA, M. Genotoxic effects in wild rodents (Rattus rattus and Mus musculus) in an open coal mining area. Mutation Research, v. 630, p. 42-49, 2007. MA, W.C., TALMAGE, S. Insectivora. In: Shore, R.F., Rattner, B.A. (Eds.), Ecotoxicology of wild mammals, 1rd ed. John Wiley & Sons, Chichester, p.123158, 2001. MARINHO-FILHO, J. S. & SAZIMA, I. Brazilian bats and conservation biology: a first survey. In: Bat biology and conservation. Kunz, T. H., and P. A. Racey (eds). Smithsonian Institution Press, 1998. MARQUES, R.V. FABIAN,M.E. Ciclo reprodutivo de Tadarida brasiliensis (Chiroptera, Molossidae) em Porto Alegre, Brasil. Revista de zoologia, n.77, p.4556, 1994. MARTINS, A. A. Sócio-economia do carvão em Santa Catarina: uma contribuição ao estudo de sua trajetória. 2005.186 f.Dissertação (Mestrado em Economia), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, [2005]. 55 MAXWELL, J.A.; CAMPBELL, J.L.; TEESDALE, W.J.The Guelph PIXE software package. Nuclear Instruments and Methods in Physics Research, v.43, p.218-230, 1989. MAXWELL, J.A.; TEESDALE, W.J.; CAMPBELL, J.L. The Guelph PIXE software package II Nuclear Instruments and Methods in Physics Research,v.95, p. 407421, 1995. MEEHAN, K. A.; TRUTER, E. J.; SLABBERT, J. P.; PARKER ,M. I. Evaluation of DNA damage in a population of bats (Chiroptera) residing in an abandoned monazite mine. África do Sul, Mutation Research, v. 557, n. 2004, p. 183–190, 2003. MÉNDEZ, L.; ALVAREZ-CASTAÑEDA, S.T. Comparative analysis of heavy metals in two Species of Ichthyophagous bats Myotis vivesi and Noctilio leporinus. Bull. Environmental Contamination and Toxicology, v.65, p.51-54, 2000. MILIOLI, G; SANTOS,R.dos.; ZANETTE,V.C.Mineração de carvão, meio ambiente e desenvolvimento sustentável no sul de Santa Catarina.Curitiba: Juruá, p 315, 2009 NOWAK, R. M. Walker’s bats of the world. The Johns Hopkins University Press, London. p. 287, 1994. O’SHEA, T.J. Impacts of mine related contaminants on bats. In: Vories, K.C., Throgmorton, D.(Eds.), Proceedings of bat conservtion and mining: a technical interactive forum held. U.S. Dept. of Interior, Office of Surface Mining, St. Louis, p. 205-216, 2001. O' SHEA, T.J.; EVERETTE, A.L.; ELLISON, L.E. Cyclodiene insecticide, DDE, DDT, arsenic and mercury contamination of big brown bats (Eptesicus fuscus) foraging at a Colorado Superfund site. Archives of Environmental Contamination and Toxicology, v. 40, p. 112-120, 2001. OLIVEIRA, F. de.; PEREIRA, F; EUGÊNIA C.; LIMA, E. S. de; SILVA, N. H. da.; FIGUEIREDO, R. C. B. Influência de poluentes atmosféricos em Belo Jardim (PE) utilizando Cladonia verticillaris (líquen) como biomonitor. Química Nova, Recife, v. 30, n. 5, p. 1072-1076, 2007. OJEDA, R.A.; MARES, M.A. A Biogeographic Analysis of the Mammals of Salta Province, Argentina: Patterns of Species Assemblage in the Neotropics. Special Publications. The Museum Texas Tech University,v.27, p 1–66,1989. ÖSTLING, O.; JOHANSON K. J. Microelectrophoretic study of radiation-induced DNA damages in individual mammalian cells, Biochem. Biophys. Research Communications, v.123, p. 291-298, 1984. PÁEZ-OSUNA, F.; RUIZ-FERNÁNDEZ, C. Comparative bioaccumulation of trace metals in Penaeus stylirrostris in Estuarine and Coastal Environments. Estuar. Coastal and Shelf Science, v.40, p.35-44, 1995. 56 PARAÍBA, L. C.; BOEIRA, C. R.; JONSSON, C. M.; CARRASCO, J. M. Fator de bioconcentração de poluentes orgânicos de lodos em frutos de laranjeiras. Revista ecotoxicologia e meio ambiente, Curitiba, v. 16, p. 125-134, 2006. PASCALLICCHIO, A. E. Contaminação por Metais Pesados: Saúde Pública e Medicina Ortomolecular. São Paulo: Anna Blume, 2002. PASSOS, FC; et al. Frugivoria em morcegos (Mammalia, Chiroptera) no Parque Estadual Intervales, sudeste do Brasil.Revista Brasileira de Zoologia. São Paulo,v.3, n.20, p. 511–517, 2003. PRONCHOW, T. R.; PORTO, M.L. Avaliação de uma área de rejeitos da mineração de carvão com vistas a bioindicadores vegetais para metais pesados. In: CENTRO DE ECOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Carvão e meio ambiente.: Editora da Universidade. Porto Alegre, p. 673-694, 2000 REIS,N,R; PERACCHI,A,L; SEKIAMA, M.L. Morcegos da fazenda Monte Alegre. Revista Brasileira de zoologia. Paraná, v.16, n.2, p. 501-505, 1999. REIS,N.R; PERACCHI, A.L; PEDRO, A.W; LIMA, I.P. Morcegos do Brasil. Biblioteca nacional, Londrina Pr. 256p. 2007. RODRÍGUEZ-DURÁN, A.; LEWIS, A. R.; MONTES, Y. Skull morphology and diet of Antillean bat species. Carib. Journal Science,v. 29, p.255-261, 1993. ROSS, A. Notes on food habits of bats. Journal of Mammalogy, v. 42, p.6671, 1961. SAIKI, M.; CASTLEBERRY, D.T.; MAY, T.W.B.; MARTIN, A.; BULLARD, F.N. Copper, cadmium, and zinc concentrations in aquatic food chains from the upper Sacramento River (California) and selected tributaries. Archives of Environmental Contamination and Toxicology, v.29, p.484-491, 1995. SALOMONS, W. Environmental impact of metals derived from mining activities: Processes, predictions, prevention. Journal of Geochemical Exploration. 52, 5231995. SANCHEZ, J. C. D.; FORMOSO, M. L. L. Utilização do carvão e meio ambiente.Porto Alegre: CIENTEC, 1990. 34p. SÁNCHEZ-CHARDI, A.; MARQUES, C.C.; GABRIEL, S.L.; CAPELA-SILVA, F.;CABRITA, A. S.; LÓPES-FUSTER, M. J.; NADAL, J.; MATHIAS, M. L. Haematology, genotoxicity, enzymatic activity and histopathology as biomarkers of metal pollution in the shrew Crocidura russula. Environmental Pollution, 2006. Disponível em:<http://www.elsevier.com/locate/envpol.htm> Acesso em 10 out. 2010. SANCHEZ-CHARDI, A.; MARQUES, C. C.; NADAL, J.; MATHIAS, M. da L. Metal bioaccumulation in the greater white-toothed shrew, Crocidura russula, inhabiting na abandoned pyrite mine site. Chemosphere, v.67, p.121-130, 2008. 57 SANTA CATARINA. 2004. Disponível em: <http://www.sc.gov.br/municipioararangua.htm>. Acesso em: 15 set. 2009. SCHILDERMAN, P. A. E. L., HOOGEWERFF, J. A., SCHOOTEN, F., MAAS, L. M., MOONEN, E. J. C., OS, B. J. H., WIJNEN, J. H., KLEINJANS, J. C. S. Possible Relevance of Pigeons as an Indicator Species for Monitoring Air Pollution.Environmental Health Perspectives, v. 105, n. 3, p. 322-330, 1997. SHUGART, L.R. Biological monitoring. In: RENZONI, A., MATTEI, N., LARI, L. FOSSI, M.C.(eds.), Contaminants in the environment: a multidisciplinary assessment of risks to man and others organisms. CRC press, New York,p. 29-36, 1994. SILVA, F. R. da. Genotoxidade Ocasionada Pelas Folhas do Fumo (Nicotina Tabacum) – Expostas ou Não a Agrotóxicos – Em Cantareus aspersus.2007. 83 f. Dissertação (Mestrado em Genética e Biologia Molecular). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, [2007]. SILVA, J. da; FREITAS, T. R. O. de; HEUSER, V.; MARINHO, J. R..; ERDTMANN,B. Genotoxicity Biomonitoring in Coal Regions Using Wild Rodent Ctenomys torquatus by Comet Assay and Micronucleus Test. Environmental and Molecular Mutagenesis, v. 35, p. 270-278, 2000a. SILVA, J.; ERDTMANN, B.; HENRIQUES, J. A. P. Genética toxicológica. Porto Alegre: Alcance, 2003, p 424. SILVA-TABOADA, G. Los murciélagos de Cuba.Academia de las Ciencias de Cuba. La Habana,Cuba, 429p, 1979. SILVEIRA, F; DEFAVERI, T, M.; RICKEN, C; ZOCCHE, J.J; PICH,C.T. Toxicity and genotoxicity evaluation of acid mine drainage treatment using artemia sp. and geophagus brasiliensis as bioindicators. Revitalizing the Environment: Proven Solutions and Innovative Approaches. p. 1725-1742, 2009 SIMMONS,N.B. Order Chiroptera. In: WILSON, D.E; REEDER,D.M. (Eds). Mammal species of the world: a taxonomicand geographic referenc. 3 ed. Hopkins University Press, Baltimore, v.1 p.312-529, 2005. SINGH, N.P.; MCCOY, M.T.; TICE, R.R.; SCHNEIDER, E.L.. A simple technique for quantitation of low levels of DNA damage in individual cells. Experimental Cell Research,v.175, p.184-191, 1988. SMOLDERS, A. J. P.; LOCK, R. A. C.; VAN DER VELDE, G.; MEDINA HOYOS, R. I.; ROELOFS, J. G. M. Effects of mining activities on heavy metal concentrations in water, sediment, and macroinvertebrates in different reaches of the Pilcomayo River, South America. Archives of Environmental Contamination and Toxicology, v. 44, n. 3, p. 314-323, 2003. SOARES, E. R.; MELLO, J. V. de.; SCHAEFER, C. E. G. R.; COSTA, l. M. da. Cinza e carbonato de cálcio na mitigação de drenagem ácida em estéril de mineração de carvão. Revista Brasileira de Ciência e Solo, v. 30, p. 171-181, 2006. 58 SOARES, P. S. M.; TRINDADE, R. B. E. Recuperação ambiental de áreas mineradas: uma experiência de gestão. Anais eletrônicos do XIX ENTMH – Recife, 2002. disponível em: http://www.cetem.gov.br/publicacao/CTs/CT2002-05500.pdf>Acesso em: 20 set. 2010. SOUZA; COSTA; ZOCCHE. Baccharis trimera Less. DC. como Indicadora da Recuperação de Áreas Mineradas de Carvão. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, n. 1, p. 702-704, 2007. STREIT, B.; NAGEL, A. Element assessment in tissue samples from European bats (Microchiroptera). Fresenius Environmental Bulletin,v.2, p.162–167, 1993. SVENSSON, B.M., MATHIASSON, L., MARTENSSON, L., BERGSTRÖM, S. Artemia salina as test organism for assessment of acute toxicity of leachate water from landfills. Environmental Monitoring and Assessment, v.102, p.309-321, 2005. SWIFT, S.M. Roosting and foraging behaviour of Natterer’s bats (Myotis nattereri) close to the northern border of their distribution. Journal Zoology, v. 242, p. 375384, 2009. TICE, R. R.; AGURELL, E.; ANDERSON, D.; BURLINSON, B.; HARTMANN, A.; KOBAYASHI, H.; MIYAMAE, Y.; ROJAS, E.; RYU, J. C.; SASAKI, Y. F. Single Cell Gel/Comet Assay: Guidelines for In Vitro and In Vivo Genetic Toxicology Testing. Environmental and Molecular Mutagenesis, v. 35, p. 206-221, 2000. TICE, R.R. Applications of the single cell gel assay to environmental biomonitoring for genotoxic pollutants. In: BUTTERWORTH, B. E.; CORKUM, L. D.; GUZMÁNRINCÓN, J. (Ed.). Biomonitors and Biomarkers as Indicators of Environmental Change. New York: Plenum Press, p. 69-79, 1995. TWENTE,J.W.Ecological observations on a colony of Tadarida mexicana. Journal of mammalogy.Lawrence, v.37, n11, p.42-47, 1956. VAN DER OOST, R, BEYER, J, VERMEULEN, NPE. Fish bioaccumulation and biomarkers in environmental risk assessment: a review. Environmental Toxicology and Pharmacology, v.13,p. 57-149, 2003. VILLELA, I.V.; OLIVEIRA, I.M.DE.; SILVA, J.DA.; HENRIQUES, J. A.P. DNA damage and repair in haemolymph cells of golden mussel (Limnoperna fortunei) exposed to environmental contaminants. Mutation Research,v.605, p.78-86, 2006. WALKER, C.H.; HOPKIN, S.P.; SIBLY, R.M.; PEAKALL, D.B. Principles of Ecotoxicology. Taylor & Francis, Bristol, PA 1996. WALKER, L. A., BAILEY, L. J., SHORE, R. F. The importance of the gut and its contents in prey as a source of cadmium to predators. Environmental Toxicology and Chemistry, v. 21, p. 76-80, 2002 59 WALKER, L.A.; SIMPSON, V.R.; ROCKETT, L.; WIENBEURG, C.L.; SHORE, R.F. Heavy metal contamination in bats Britain. Environmental Pollution, v.48,p.483-490, 2007. WHITAKER, J. O, Jr. Food habits of bats from Indiana. Canadian Journal of Zoology, v. 50, p.877-883, 1996. WICKHAM, P.; VAN de WALLE, E.; PLANAS, D. Comparative effects of mine wastes on the benthos of an acid and an alkaline pond. Environmental Pollution, Canada, n.44, p. 83-99,1987. ZOCCHE, J. J. Comunidades vegetais de campo e sua relação com a concentração de metais pesados no solo em áreas de mineração de carvão a céu aberto, na Mina do Recreio - Butia - RS. 1989. 159 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia)- Curso de Pós-Graduação em Ecologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, [1989]. ZOCCHE, J. J. Metais pesados (Fe, Mn e Zn) no solo construído e na vegetação das antigas bacias de decantação do lavador de Capivari, Capivari de Baixo, SC. In: SIMPÓSIO NACIONAL E CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, 6., 2005. Curitiba. Anais.Curitiba: SOBRADE. p.117-124, 2005. ZOCCHE, J. J.; PORTO, M. L. Florística e fitossociologia de campo natural sobre banco de carvão e áreas mineradas, Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Botânica Brasílica, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 47-84, 1993. ZOCCHE-DE-SOUZA, P. Metais pesados em áreas de mineração de carvão: o uso potencial de banhados biológicos construídos no biopolimento da água de drenagem ácida de Mina, tratada por processos físicoquímicos. 2007. 17 f. Relatório de Iniciação Científica (Programa de Iniciação Científica), Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, [2007]. ZORTÉA, M.; ALHO, C.J.R. Bat diversity of a Cerrado habitat in central Brazil. Biodiversity conservation, v. 17,p. 791–805, 2008. 60 ANEXO 1 Heavy metals and DNA damage in blood cells of insectivore bats in coal mining areas of Catarinense coal basin, Brazil. O artigo pode ser encontrado on line no site: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20655518