o esqueleto lógico de um projeto

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Um pouco de metodologia ou “o esqueleto lógico de um projeto” 1
Jackson Ronie Sá-Silva2
Discursos sobre metodologia da pesquisa estão postos. Muito foi escrito e reproduzido
sobre esse tema. O que vou descrever aqui não é novidade. Também não é novidade a
angústia das pessoas ao se depararem com a escrita de um texto acadêmico. Discursos
variados: “não consigo escrever!”, “travei!”, “é difícil escrever!”, “escrever TCC não é
para qualquer pessoa”, etc. Não posso deixar de concordar que o texto acadêmico é
complexo. No entanto, escrever é um exercício. Escrever ajuda a escrever melhor!
Leituras ampliam o ato da escrita. O exercício da metodologia ou do “caminho a
seguir”, como dizem inúmeros/as acadêmicos/as, é uma arte a ser realizada
perenemente. Quem escreve (re) aprende a escrever. O exercício da escrita potencializa
o/a escritor/a. Escrever um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de graduação é uma
arte-aprendizagem. Escrever uma dissertação de mestrado pode ser entendido como um
aprofundamento da escrita da graduação. Escrever uma tese de doutorado é um
aprofundamento do aprofundamento da escrita. E assim por diante. Mas, estou tentando
simplificar e, em maior ou menor grau, acabo por cair na armadilha das lógicas
perigosas do essencialismo e da praticidade positivista. Não é tão fácil assim! Escrever é
misturar: gostos, sentidos, sentimentos, alegrias, tristezas, ansiedades, curiosidades,
descobertas, etc. Escrever é se dispor ao novo e rever o velho. Escrever é se embutir de
aptidões como responsabilidade, habilidade, paciência, cuidado, perseverança, etc.
Escrever um texto acadêmico é exercer a curiosidade, a dúvida, o questionamento, o
rigor, a leitura intencional e compromissada... É agir com perspicácia e, principalmente,
criatividade. A criatividade é uma qualidade essencial no ato de escrever. E escrever um
projeto? Não importa qual o tipo de projeto – projeto de pesquisa, projeto de extensão,
projeto de TCC da graduação, projeto de TCC da especialização, projeto de mestrado,
projeto de doutorado, projeto de pós-doutorado, etc. A definição de projeto tem lugar
comum entre aqueles e aquelas que vivem o labor acadêmico: “um texto que informa
sobre as intenções a respeito de algo”. Um projeto é um vir a ser. Ele constitui-se em
uma materialidade discursiva que anuncia um futuro a ser perseguido, trilhado,
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Citação/Referência: SÁ-SILVA, Jackson Ronie. Um pouco de metodologia ou “o esqueleto lógico de
um projeto”. São Luís: Universidade Estadual do Maranhão, p.1-2, 2014.
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Professor Adjunto do Departamento de Química e Biologia da Universidade Estadual do Maranhão –
UEMA. Doutor em Educação – UNISINOS/RS. Mestre em Saúde e Ambiente – Universidade Federal do
Maranhão/UFMA. Licenciado em Biologia – UEMA. Licenciado em Química – UEMA. FarmacêuticoBioquímico – UFMA. Contato: [email protected]
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superado. Um projeto é uma anunciação, uma intenção detalhada, uma lógica com
logística registrada, mas ainda não executada. Um projeto é o que eu venho chamando
de “o esqueleto lógico de intenções”. E o que seria “o esqueleto lógico de um projeto”?
Pensemos num esqueleto... Qual a função de um esqueleto? O esqueleto estrutura,
segura, fornece um suporte, por exemplo. Assim, um projeto precisa de uma lógica, de
uma linearidade mínima, de uma coerência essencial. Um projeto precisa ser
estruturado, ter suporte, transmitir segurança. Quem estrutura o esqueleto de um
projeto? Penso que seja os itens principais do projeto: título, introdução, justificativa,
objetivos, metodologia, cronograma e bibliografia. Alerto: não é somente apresentar
esses itens! O “esqueleto lógico de um projeto” precisa apresentar cadência e coerência
entre os itens referidos. Quem escreve (e quem avalia) projetos necessita compreender
(e perceber!) as ligações entre “título”, “introdução”, “justificativa”, “objetivos”,
“metodologia”, cronograma” e “bibliografia”. Ou seja, é importante reconhecer no texto
do projeto a integralidade produzida a partir dos itens citados. O “esqueleto lógico de
um projeto” é alicerçado na metódica do conhecimento científico. No entanto, vale a
pena alertar: a lógica do conhecimento científico universal não serve para todos os
objetos qualificados como científicos. Nas ciências enquadradas como “humanas” e/ou
“sociais” é importante exercer uma vigilância epistemológica e uma relativização
hipercrítica. Por quê? Nem sempre a lógica universal das ciências naturais consegue
abarcar a lógica complexa e multifacetada dos objetos culturais. A ciência
matematizada, e que usa a ferramenta estatística, não conseguirá universalizar a
subjetividade humana e seus produtos culturais como muitos/as pesquisadores e
pesquisadoras pensam. Mesmo chamando a atenção para esta particularidade teóricometodológica gostaria de finalizar informando que o rigor acadêmico é fundamental
para ambas as perspectivas. As ciências naturais e matemáticas precisam exercer o rigor
metodológico. A mesma coisa digo para os adeptos da pesquisa social: o rigor teóricometodológico deve estar presente em todas as pesquisas.
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