O IMPÉRIO CRISTÃO NOS SÉCULOS VIII E IX Apresentação cedida, organizada e editada pelos profs. Rodrigo Teixeira e Rafael Ávila A ascensão da dinastia carolíngia no decorrer do século VIII representa um marco á rearticulação das estruturas políticas herdadas da Antiguidade tardia. A partilha de Verdum em 843, que dividiu o império francês em ocidental e oriental, demarcou as características gerais da Europa atual. Fernandes mostrará nesse capítulo características gerais do mundo carolíngio e dará ênfase no período de reinado de Carlos Magno (771-814), momento de estabilidade política. A crise do império romano do Ocidente está conectada a processos que vinham se desenrolando desde a chamada crise do século III. 1. Concentrações demográficas; 2. Ruralização; 3. Regionalização política Esses fatores se intensificaram ao longo dos séculos IV, e a separação entre o Império do Oriente e Ocidente apenas corroborou a tendência ao distanciamento entre a face oriental. Apresentação cedida, organizada e editada pelos profs. Rodrigo Teixeira e Rafael Ávila A parte oriental possuía herança cultural helenística e vida urbana e comercial. Essas transformações demográficas, políticas e econômicas coincidiram com a chegada dos povos francos nos terrenos do império. A primeira época dos francos (século III até cerca de um terço do século V) estava marcada pelas guerras e romanidade. O termo “franco” foi denominado pelos romanos como tribos que se encontrava na região do Reno. Ser franco significava ser forte, ousado, corajoso. Nas grandes migrações (fins do século IV e do V) muitas tribos germânicas adentraram no território imperial e se acelerou o processo de etnogênese da identidade franca. No século V, os francos tiveram destaque na guerra contra os hunos, atuando ao lado de uma coligação que unia o exército imperial e outros povos germânicos. O exército romano, além de ter sido parcialmente germanizado no decorrer do século IV, não dava conta sozinho da segurança dos povos que habitavam a parte ocidental do império. No século V aprofundava-se o processo de militarização dos grupos dirigentes, para as quais a defesa, as guerras e os saques eram valores positivos e dignificadores da sua função. A segunda época da formação do povo franco (último quarto do século V até final do século VII) foi marcada pelo reinado de Clóvis (481-511). Nessa época, foram desenvolvidas não só a unificação das tribos francas, como também a convergência política entre: 1. 2. 3. 4. A realeza merovíngia A aristocracia de origem franca Os setores da aristocracia galo-romana E o bispado católico A articulação político-religioso entre a monarquia e poder religioso foi relevante para não agravar conflitos ligados a essa ordem. Marcando as construções políticas dos séculos posteriores. Essa aproximação político-religiosa tem como data simbólica o batismo de Clóvis, supostamente em 24 de dezembro de 508. Essa ligação entre rei, o populos francorum (homens livres), e a Igreja da Gália estabeleceu um caminho para a estruturação da monarquia merovíngia e dos diversos reinos francos surgidos no século VI. Essa ligação também contribuiu para: 1. O Movimento expansionista em direção ao sul, onde as permanências culturais e políticas do mundo tardo-romano eram mais significativas; Apresentação cedida, organizada e editada pelos profs. Rodrigo Teixeira e Rafael Ávila 2. Realçar o caráter sagrado da monarquia dos reis, cuja sacralidade pré-cristã era acrescida de novos significados cristãos. Fernandes diz haver dois princípios fundamentais para a compreensão dessa segunda época: 1. O primeiro diz respeito às leis e 2. O segundo reside no fato de não existir uma nítida separação entre o público e o privado. A lei permitia que cada povo fosse julgado de acordo com os seus antepassados, sendo concedida e reconhecida pelos imperadores até os séculos IV e V. Os germânicos que adentraram no império eram julgados pela sua própria lei, vigorando até o século VI, sendo esse o princípio de organização do futuro império. Outro princípio era o de que o reino era lago privado, que podia ser partilhado pelos descendentes, e não levava-se em conta nessa partilha os limites territoriais. Em decorrência desse fato, o reino franco sofreu guerras externas ou mesmo guerras civis. Devido a essas questões de partilhas territoriais, a família dos antepassados de Carlos Magno no século VII e VIII levaram vantagens. Fernandes diz que “umas das primeiras menções aos antepassados de Carlos Magno surge na crônica do pseudofredegário de 613, que menciona Pepino de Landen como ocupante da importante função de mordomo do palácio do rei Clotário II, rei da Nêustria de 584 a 629 e rei de todos os francos de 613 a 629” (p.59). Pepino Landen faleceu em 640, e a função de mordomo do Palácio da Nêustria e da Austrásia tende a ser controlada por uma família que se articula com setores importantes da aristocracia franca. Fernandes diz que “os antepassados de Carlos Magno foram construindo uma rede de poder calcada na liderança em vitórias militares importantes, distribuição de butins e concessão de terras e funções “públicas” inerentes à função de mordomo do palácio” (p.61). A morte prematura de muitos reis merovíngios no século VII contribuiu para que muitos mordomos do palácio alcançassem poder no mundo franco. A grande distribuição de terras para a bispados e abadias, feitas pelos reis merovíngios, terras essas livres de impostos, contribuiu para acabar com as terras conquistadas nos séculos V e VI. Os antepassados de Carlos Magno se consolidaram no poder no decorrer do século VII e mantiveram a dinastia merovíngia. A realeza era sagrada, e o rei governava compondo o poder religioso dos abades e bispos e como o poder militar da aristocracia. Na prática, eram os poderosos que governavam em nome do rei. “É importante informar que, em continuidade com os séculos imediatamente anteriores, se aprofunda o descenso demográfico e a ampliação das áreas ocupadas pelas florestas em todo o Ocidente” (p.60). Alguns acontecimentos contribuíram para a diminuição da população e a estagnação econômica: 1. As guerras; 2. A desorganização da produção; 3. Surto da peste negra que se estabeleceu em meados do século VI até décadas do século VIII. O que se observava eram subnutrição crônica, escassez de alimentos, mesmo entre os ricos. “Os homens mais prósperos viviam empanzinados, com uma fome crônica que não era saciada por mais que comessem em superabundância” (p.60). Apresentação cedida, organizada e editada pelos profs. Rodrigo Teixeira e Rafael Ávila Em decorrência a esses fatos, vários tipos de doenças surgiram, e registra-se naquela época uma alta taxa de mortalidade infantil e a morte prematura de mulheres durante o parto, colaborando para uma estagnação demográfica, tendo reflexo até o século VIII. Com extensos espaços florestais, animais selvagens também eram ameaça à vida humana, inclusive em perímetros urbanos. Em um mundo pouco povoado e com uma economia estagnada, ao invés de possuir terras, o mais importante era garantir mão-de-obra para a produção. Através dessa urgência de mão-de-obra, muitos homens livres, no século VII e VIII, recaíram em situação de colonos, trabalhando em terras de outros. Os colonos multiplicaram-se em proporção à generalização do regime dominial, e estava pautada em uma lógica de autossuficiência, ou seja, produzir mais do que era necessário para a manutenção de hábitos de consumo. Dentre esses hábitos, destacamse: 1. O consumo de especiarias (tanto para alimentação quanto para remédios); 2. As necessidades litúrgicas, que levavam, por exemplo, a compra de incensos; 3. A utilização de roupas de tecidos finos e coloridos, servindo de distinção social. Mas a grande força econômica baseava-se na exploração de grande domínios de terras espalhadas por diversas regiões, e a entrega de terras a colonos ou escravos eram tido como uma renda complementar. Foi nesse domínio de grandes espaços, com o estabelecimento de liames de dependência sobre homens de distintos estatutos jurídicos e o estabelecimento do poder sobre amplos territórios, que os antepassados de Carlos Magno acumularam grande capital político. A nova dinastia se acentuou com Pepino II. Esse era mordomo do palácio do reino da Austrásia. Foi também nesse período que se consolidou o princípio da hereditariedade da função de mordomo do palácio. Pepino II, em 687, derrota o rei mordomo da Nêustria, e indica o seu filho Grimoaldo para a função de mordomo do palácio do reino da Nêustria. Em 714, morre Pepino II, e o seu neto Teodoaldo, ainda criança, permanece como prefeito de Nêustria. O outro neto de Pepino II, Arnulfo, permanece governando, sob a tutela da avô Plectrude, a Austrásia. Mas além dos netos, Pepino II deixa um filho, Carlos, que mais tarde será conhecido como Carlos Martel. Carlos Martel instala-se no trono da Austrásia, Clotário IV (717-718). A força política de Carlos nesse período estava calcada em uma vasta rede de aristocracia leigos e eclesiásticos que se beneficiaram dos proventos oriundos das guerras travadas a leste contra os saxões, alamanos e bávaros, e ao norte contra os frisões. A expansão islâmica, em 721, sob o comando de emir de Córdoba, chama a atenção de Carlos Martel e da aristocracia austrasiana A vitória sob o Islã (724 a 732) foi fundamental para semear a ascensão da nova dinastia e para tornar Carlos Martel o homem mais poderoso do mundo franco e uma espécie de herói da cristandade. Em 739, o papa recorre aos francos, visto que o papado se encontrava a mercê dos lombardos. Carlos Martel não quis intervir nesse momento, uma vez que se encontrava distante geograficamente para demasiados assuntos internos da Cidade Eterna. Mas na segunda metade do século VIII, o papado e os reis dos francos se aproximam, e Carlos Martel é coroado imperador do Ocidente na cidade de Roma em 800. O papa nesse período detinha grande prestígio, e o título de summus pontifex, porém os assuntos internos da Igreja eram resolvidos em cada reino localmente através de concílios provinciais que contavam com a promoção ou a presença de reis germânicos. E também não garantiam a superioridade sobre os demais patriarcas do Oriente. As relações entre o papado e o governo do mundo franco abriam possibilidade de oficializar o fim da dinastia merovíngia através da sacralização da nova dinastia. Apresentação cedida, organizada e editada pelos profs. Rodrigo Teixeira e Rafael Ávila O reino franco foi divido, em 741, após a morte de Carlos Martel, e o poder ficou nas mãos de Pepino III (rei dos francos entre 751-768). Nesse período intensificaram-se as relações entre o papado e o poderoso duque dos francos. No mundo franco do século VIII, o parentesco e a fidelidade estavam presentes na constituição de todas as relações hierárquicas. O rei exercia múltiplas funções econômicas, militares e simbólicas, e representava o braço armado de Deus. Isso pode ser afirmado quando observamos vitórias sucessivas nas guerras, estabelecendo uma relação entre a aristocracia e a divindade Em 763 e 764 chegou a se imaginar que o rei dos francos era um novo Deus para o povo de Israel. O rei era considerado uma espécie de rector do povo cristão, ideia essa que foi apresentado pelo papa Gregório (590-604) no século VI. Enquanto ao governo, esse exercia uma missão a serviço daqueles que lhes eram submissos. Era uma espécie de ministério secular análogo ao governo eclesiástico. No final do século VIII, os francos busca o poder do imperium. Essa pretensão é fruto de algumas questões como: 1. 2. 3. 4. Amadurecimento da concepção ministerial de poder; Da aliança do poder real com setores do clero carolíngio; Do estreitamento das relações com o papado Do sucesso no processo de expansão territorial. Após a morte de Pepino III em 768, a família carolíngia estava consolidada no poder. O reino foi divido entre Carlomano e o futuro Carlos Magno. E com a morte precoce de Carlomano o império ficou nas mãos de um único dono: Carlos Magno. Carlos Magno começou com a intervenção na península itálica e as incursões expansionistas rumo ao leste, isso para controlar seu vasto território. E nesse momento a dilatatio regni torna-se peça central na política franca. •Até 800, a cada ano os exércitos partiam em expedições para conquistar novas regiões ou de pilhagens. Além dos povos francos, deveriam ser incluídos todos os homens livres dos povos conquistados. Gerando adversidades e, em alguns casos, as tropas se levantavam contra o seu comandante. • Fernandes nos revela as dificuldades de deslocar milhares de homens, abastecê-los durante longas viagens. A busca de homens para o exército franco valia-se de muitas práticas. Geralmente eram escolhidos os homens mais fortes e combativos, como também acontecia dos condes escolherem homens cujas terras cobiçavam. Aqueles que não atendessem ao chamado seriam “privados de sua ‘honra’ (terras entregues como remuneração à prestação de serviço público) ou seriam condenados à privação de carne e vinho segundo os dias de atraso a sua convocação” (p.64). No auge do poder franco, por volta de 800, o exército contava com cerca de 30 mil homens. “Cada tropa em campanha era composta de cerca de dez mil a 15 mil homens, contendo cerca de dois mil a três mil pertencentes à cavalaria leve, os demos simples infantes e pessoas que não se envolvia diretamente na campanha” (p.64). A cavalaria leve tinha função de queimar casas e plantações do território inimigo. É importante destacar que o exército franco evitava a batalha campal e os cercos de cidade, isso porque eles não possuíam a técnica e nem os instrumentos necessários para esse tipo de ataque. Apresentação cedida, organizada e editada pelos profs. Rodrigo Teixeira e Rafael Ávila O exército franco possuía como estratégia fundamental a destruição sistemática em massa de prisioneiros e da população em geral. A conversão forçada ao cristianismo era compreendida como um instrumento de inclusão das populações à ordem carolíngia. Ser cristão era se impor a essa força expansiva e conquistadora. Em relação à função da cavalaria pesada, essa cumpria tarefas diversas, inclusive o transporte de equipamento. O exército franco foi a base com a qual se prosseguiu na política das conquistas. Carlos Magno, a partir de 771, passa a intervir de forma ainda mais agressiva em múltiplas frentes. Frente a tantas obrigações, uma vez que Carlos Magno conquistava cada vez mais território, o rei reforçava ainda mais o caráter ideológico cristão desse império em formação. E tornava-se cada vez mais importante submeter os povos ao sistema político-religioso da cristandade carolíngia. Os saxões foram alvos dos francos, esses estabeleceram alguns mecanismos de controle para os saxões. Algumas medidas forma tomadas, como: 1. Cobrança regular de tributos e cobrança pela retenção de reféns; 2. Transferência forçada de populações inteiras, 3. A incorporação forçada de saxões ao exército franco, 4. A cristianização forçada, a destruição de templos e símbolos religiosos não-cristãos, 5. A organização de uma malha administrativa eclesiástica em território ocupado; 6. O estabelecimento de uma legislação severa que punia com morte aqueles que voltassem atrás na conversão ao cristianismo. Os saxões resistiram cerca de 30 anos. A manutenção da conquista em terras saxãs trouxe benefícios para os francos, como exemplos: 1. O próprio saxões foram utilizados em incursões fronteiriças com os povos eslavos, atraindo para o espaço econômico franco os produtos dos saques e o afluxo de escravos provindos do mundo eslavo. 2. A conversão forçada dos povos considerados pagãos reforçava o prestígio do rei dos francos e resultava na disseminação da idade de “ressurgimento” do império cristão ocidental em determinados meios eclesiásticos. A conversão pelo livro e pela espada tornou-se no período de Carlos Magno a ideologia oficial. Desde o período de conversão do império romano, colocaram-se dois deveres para os cristãos: 1. O de preservar a ordem e a justiça 2. E respeitar as leis humanas inerentes à cidade terrestre e os deveres religiosos para com a cidade de Deus. Existia um conflito entre os mandamentos de Deus e as ordens imperiais, uma vez que o mandamento de Deus dizia não matarás e as ordens imperiais cometiam assassínios. Santo Agostinho acreditava que a guerra justa era um mal necessário para evitar um mal ainda maior, e essa guerra estava ligada à necessidade de se manter a unidade da fé a todo custo. Mas essa guerra só seria aceitável sob algumas condições: 1. Ser obrigatoriamente liderado pela autoridade legítima; 2. Ser empreendida por causa justa, como por exemplo, defender a pátria e recuperar os bens espoliados; 3. Ser praticada sem interesse individual ou ódio. Apresentação cedida, organizada e editada pelos profs. Rodrigo Teixeira e Rafael Ávila 4. Existiam rituais de benção das armas e procissões que precediam o início de algumas operações militares, como no caso da expansão carolíngia na Saxônica. Fernandes diz que a noção de ordo e o princípio do consenso foram fundamentais para a estruturação política do império. Caberia ao rei buscar o bem comum, a paz e a concórdia no âmbito do reino, e prover a manutenção da hierarquia. A noção de hierarquia estava calcada no modelo da harmonia dos planetas largamente divulgado na tradição antiga. Santo Agostinho dividiu em duas ordens: a ordem da terra e a ordem celeste. E foi nessa divisão que o mundo carolíngio se espelhou com sua hierarquia. O regime dominial deixava nítida a diferença de hierarquias na própria paisagem: de um lado as aldeias camponesas e de outro os estabelecimentos aristocráticos. Desde os anos 780 que é nítida essa hierarquização de funções e serviços. “De um lado, a hierarquia eclesiástica, que se fortalecia no núcleo central do reino franco na Nêustria e Austrásia. De outro, nas terras conquistadas, a hierarquia civil franca substituía a ordem antiga (...)” (p.68). A noção de império da Carolíngia estava ligado a cristandade constantiniana e tendeu a se constituir como um sistema único de soberania. Dessa forma, o aspecto religioso ficou sendo um elemento central da identidade de pertencimento à ordem carolíngio cristão. Carlos Magno tendia a restringir a função eclesiástica á jurisdição eclesiástica, à oração e a distribuição de sacramentos. Um dos principais instrumentos de disseminação de ordens e de estabelecimento de diálogo no plano local era os missi dominici, instituições dos enviados do rei. A palavra de um missi tinha o valor de uma palavra real. O missi não recebia remuneração e nem sua hospedagem era ressarcida pelo rei, porém eles ganhavam status. Os condes deveriam oferecer pouso e comida para esses convidados. Em 802 houve uma reforma geral de governo na regulamentação dos missi. Eles se tornaram representantes permanentes do imperador junto aos arcebispos e condes. Na primeira metade do século IX, bispos e abades desempenharam um papel importante enquanto missi, desempenhava um papel de defensor local. As áreas de atuação dos missi eram denominadas de missiatica. Na segunda metade do século IX, os missus perderam sua função, uma vez que o poder real se tornava cada vez mais nominal. O poder local no império carolíngio foi dito como relevante. Isso pode ser expresso na preocupação de definir e redefinir a função dos missi. Outro ponto que mostra a força e a fragilidade do império carolíngio era a emissão de capitulares, textos que divulgavam em latim simples as decisões e leis emitidas pelo rei em conselho. “A capitular era simplesmente a recapitulação e a formação das disposições aprovadas na assembleia verbalmente por aclamações. (...) O rei frisava que a decisão deveria ser tomada após o anúncio. Mas existiam algumas dificuldades práticas” (p.69). Apresentação cedida, organizada e editada pelos profs. Rodrigo Teixeira e Rafael Ávila Essas dificuldades residiam: 1. No fato de que nem todos entediam o latim; logo, os textos lidos eram traduzidos oralmente na língua românica ou tedesca; 2. No âmbito “operacional”. Os missi e os bispos eram carregados de apresentar essas leis em algumas localidades, mas tinham necessariamente de resumir os textos conforme o entendimento do público. Os missi continuaram a ser uma instituição importante no contexto do império carolíngio, e a partir de 825 muitos outros missi foram nomeados, expandido uma rede significativa nos três reinos mais antigos sob o poder do rei dos francos: Nêustria, Austrásia e Borgonha. Fernandes diz que deve se ter cautela ao analisar a rede de missi durante o reinado de Luís, o Pio. Tudo indica que os missi atuavam com eficiência nesse reinado. A “fraqueza” do governo comumente atribuída a Luís, o Pio – imperador dos francos de 814-840 –, passa pela profunda incompreensão das contradições das estruturas políticas carolíngias” (p.70). Em 843 o reino foi dividido em Francia Ocidental e Francia Oriental. O processo de fortalecimento da aristocracia, que resultou na divisão do antigo império em cinco reinos em 888, são resultado de algumas questões de fundo que atravessam toda a Alta Idade Média, a saber: A força do poder local, das famílias de poderosos, das particularidades étnicas. O processo político que levou ao feudalismo foi uma lenta adaptação da ordem política carolíngia por cerca de dois séculos. Existem fases de afrouxamento e aceleração que variam de região para região. A formação do feudalismo na Francia Ocidental no século X é uma consequência do aprofundamento das estruturas concretas de poder operadas durante a formação e consolidação da ordem imperial. Apresentação cedida, organizada e editada pelos profs. Rodrigo Teixeira e Rafael Ávila Referência Bibliográfica: FERNANDES, Fabiano. O Império Cristão nos Séculos VIII e IX In: SILVA, Francisco Carlos Teixeira da; CABRAL, Ricardo Pereira; MUNHOZ, Sidnei J. (coordenadores). Impérios na História. Ed. Elsevier. Rio de Janeiro, 2009.