SERVIÇO DE EPIDEMIOLOGIA E AVALIAÇÃO HUCFF H O S P I TA L UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO SEÇÃO DE EPIDEMIOLOGIA E ESTATÍSTICA N Ú M E R O 1 8 A G O S T O / 1 4 Informes Epidemiológicos ALERTA SOBRE EBOLAVÍRUS HISTÓRICO O Ebola é um vírus da família dos filovírus, um tipo de vírus que assola o planeta causando doenças graves. Surgiu na África, em 1976, e tem esse nome por ter surgido às margens do rio Ebola, no Zaire. O primeiro filovírus da história é o Marburg, cujo primeiro caso ocorreu na cidade de Marburg, Alemanha através de cientistas que se contaminaram e morreram enquanto trabalhavam com macacos importados da África. Há cinco espécies do vírus Ebola: Bundibugyo, Costa do Marfim, Reston, Sudão e Zaire, nomes dados a partir dos seus locais de origem. Quatro dessas cepas causaram a doença em humanos. Não há relatos da doenças em humanos causadas pelo Ebola-Reston.. Serviço de Epidemiologia e Avaliação (SEAV) Chefe de Serviço: Maria S. C. Lobo Seção de Epidemiologia e Estatística (SEE) Sala 5A28 Ramal 2734 Equipe: Alexandre Calheiros Elizabete Albuquerque Erika F. C. Marsico Lorena Ribeiro (res.) Rosane Loureiro Fontes: OMS, 2014. TRANSMISSÃO O Ebola é transmitido por meio de contato direto com o sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de animais infectados. Na África, a infecção foi documentada através da manipulação de chimpanzés, gorilas infectados, morcegos, macacos, antílopes e porcos-espinhos, encontrados doentes, mortos ou na floresta. Em seguida, se espalha na comunidade através da transmissão de humano para humano, no contato direto (através da pele lesionada ou mucosas) com o sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de pessoas infectadas e contato indireto com ambientes contaminados com tais fluidos. Homens que se recuperaram da doença ainda podem transmitir o vírus por meio de seu sêmen em até 7 semanas após a recuperação da doença. SINAIS E SINTOMAS Caracteriza-se pelo início súbito de febre, fraqueza intensa, dores musculares, dor de cabeça e dor de garganta. Isto é seguido por vômitos, diarréia disfunção hepática, erupção cutânea, disfunção renal, e, em alguns casos, sangramento, tanto interno, quanto externo. A avaliação bioquímica mostra leucopenia e plauquetopenia juntamente ao aumento de enzimas hepáticas. O período de incubação é de 2 a 21 dias. TRATAMENTO Pacientes gravemente doentes requerem tratamento de suporte intensivo. Os pacientes frequentemente sofrem com desidratação e necessitam de reidratação oral com soluções contendo eletrólitos ou fluidos intravenosos. Nenhum tratamento específico está disponível. Novas terapias medicamentosas estão sendo avaliadas. NOTÍCIAS RECENTES (27/07/2014) Novos casos e mortes atribuíveis ao Ebola continuam a ser relatados na África. Até 27 de Julho de 2014, o número acumulado de casos, é de 1 323 incluindo 729 mortes. A distribuição e classificação dos casos são os seguintes: Guiné, 460 casos (336 confirmados, 109 prováveis e 15 suspeitos), incluindo 339 mortes; Libéria, 329 casos (100 confirmados, 128 prováveis, e 101 suspeitos), incluindo 156 mortes; Nigéria, 1 caso (1 provável que morreu) e Serra Leoa, 533 casos (473 confirmados, 38 prováveis e 22 de suspeitos), incluindo 233 mortes. SERVIÇO DE EPIDEMIOLOGIA E AVALIAÇÃO HUCFF H O S P I TA L UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO SEÇÃO DE EPIDEMIOLOGIA E ESTATÍSTICA N Ú M E R O 1 8 A G O S T O / 1 4 Informes Epidemiológicos MENINGITE TRANSMITIDA POR CARAMUJOS AFRICANOS Uma nova forma de meningite está se espalhando pelo Brasil nos últimos anos. Transmitida principalmente por moluscos, incluindo o caramujo gigante africano, a infecção é causada pelo verme Angiostrongylus cantonensis (originário da Ásia). Chamada de meningite eosinofílica ou angiostrongilíase cerebral, ela já foi associada a um caso pela primeira vez no território brasileiro em 2006. Desde então, foram confirmados 34 casos da infecção em pacientes de Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, com um óbito. TRANSMISSÃO: No Brasil, a disseminação do parasito é favorecida principalmente pela espécie Achatina fulica – o caramujo gigante africano. Assim como os ratos, os moluscos fazem parte do ciclo de vida do verme. As formas adultas do A. cantonensis são encontradas nos roedores: é neles que os vermes se reproduzem, garantindo sua continuidade. Eliminadas nas fezes destes animais, as larvas do parasito são ingeridas pelos caramujos. Dentro dos moluscos as larvas vão crescer, atingindo a fase em que se tornam capazes de infectar animais vertebrados. O ciclo se fecha quando os ratos comem os moluscos infectados. Porém, as pessoas também podem ser infectadas se ingerirem os caramujos ou muco liberado por eles, contendo as larvas do parasito. Serviço de Epidemiologia e Avaliação (SEAV) Chefe de Serviço: Maria S. C. Lobo Seção de Epidemiologia e Estatística (SEE) Sala 5A28 Ramal 2734 Equipe: Alexandre Calheiros Elizabete Albuquerque Erika F. C. Marsico Lorena Ribeiro (res.) Rosane Loureiro SINTOMAS E TRATAMENTO: dor de cabeça intensa e em muitos casos, os pacientes apresentam também rigidez da nuca e febre (diferenciação de meningites bacterianas e virais feita por testes laboratoriais). Embora não exista uma medicação com eficácia comprovada para matar os parasitos, o tratamento é importante para amenizar os sintomas e reduzir as chances de agravamento da doença, que geralmente é autolimitada, pois os parasitos não conseguem se reproduzir no ser humano e morrem naturalmente. No entanto, alguns pacientes desenvolvem formas graves e o índice de mortes é de 3%. CASOS DE CHIKUNGUNYA NA AMÉRICA CENTRAL A transmissão autóctone de chikungunya nas Américas foi detectada pela primeira vez em Dezembro de 2013. A partir de então até semana epidemiológica no 20 de 2014, a transmissão autóctone do vírus foi detectado nos seis Estados-Membros e nove territórios do Caribe sub-região: Anguilla, Antígua e Barbuda, British Ilhas Virgens, Dominica, República Dominicana, Guadalupe, Guiana, Haiti, Martinica, São Barthelemy, São Cristóvão e Nevis, Saint Martin (região freancesa) São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia (caso importado) e Sint Maarten (região holandesa). Até 27/07/2014, a distribuição dos casos mais relevantes foi: República Dominicana com 135.835 casos suspeitos, 18 confirmados e 3 óbitos; Guadalupe com 40.400 casos suspeitos, 1.328 confirmados e 3 óbitos; Martinica com 35.000 casos suspeitos, 1,515 confirmados e 12 óbitos; San Martin com 3.430 casos suspeitos, 793 confirmados e 3 óbitos. Na América Central, ao todo, foram 4.721 confirmados e 21 óbitos. No Brasil, até agora, foram confirmados 4 casos da doença, os quais foram classificados como casos importados, não caracterizando a transmissão autóctone, até o momento. Nos EUA, já foram identificados 16 casos em 2014. Fontes: Revista Científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, junho de 2014; OPAS/OMS, 2014; Secretaria Estadual de Saúde,2014.