PARANINFO DIGITAL MONOGRÁFICOS DE INVESTIGACIÓN EN SALUD ISSN: 1988-3439 - AÑO IX – N. 22 – 2015 Disponible en: http://www.index-f.com/para/n22/352.php PARANINFO DIGITAL es una publicación periódica que difunde materiales que han sido presentados con anterioridad en reuniones y congresos con el objeto de contribuir a su rápida difusión entre la comunidad científica, mientras adoptan una forma de publicación permanente. Este trabajo es reproducido tal y como lo aportaron los autores al tiempo de presentarlo como COMUNICACIÓN DIGITAL en FORO I+E “Impacto social del conocimiento” - II Reunión Internacional de Investigación y Educación Superior en Enfermería – II Encuentro de Investigación de Estudiantes de Enfermería y Ciencias de la Salud, reunión celebrada del 12 al 13 de noviembre de 2015 en Granada, España. En su versión definitiva, es posible que este trabajo pueda aparecer publicado en ésta u otra revista científica. Prescrição de antimicrobianos em uma unidade básica de saúde de Imperatriz-MA Autores Jair da Silva Maracaipe, Floriacy Stabnow Santos, Janaina Miranda Bezerra, Ismália Cassandra Costa Maia Dias, Livia Maia Paschoal, Marcelino Santos Neto Título Centro/institución Ciudad/país Dirección e-mail Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Imperatriz, Brasil [email protected] RESUMO Objetivou-se descrever a prescrição de antimicrobianos, suas indicações clínicas e interações medicamentosas em Unidade Básica de Saúde de Imperatriz – MA. Estudo descritivo, transversal no qual foram analisadas todas as prescrições medicamentosas no período entre março e abril de 2015. Das 121 prescrições com pelo menos um antimicrobiano, 59,50% foram para o sexo feminino e 40,50% para o masculino e em 33,05% não constava a indicação clínica. A faixa etária entre 2 e 10 anos foi a que mais fez uso de antimicrobianos, sendo a amoxicilina o mais prescrito. Amigdalite, infecção das vias aéreas não especificadas e infecções no trato urinário foram as indicações clínicas evidenciadas. Identificaram-se interações medicamentosas de gravidade menor a moderada. Torna-se indispensável que os profissionais prescritores atentem para o registro de anotações indispensáveis no prontuário dos pacientes, bem como façam cumprir protocolos terapêuticos com vistas a não ocorrência de interações medicamentosas, garantindo o uso racional dos antimicrobianos. Palavras chaves: Prescrição/ Antimicrobianos/ Atenção Primária. RESUMEN LA PRESCRIPCIÓN ANTIMICROBIANA EN UNA UNIDAD BÁSICA DE SALUD DE IMPERATRIZ-MA Este estudio tuvo como objetivo describir el uso de agentes antimicrobianos, sus indicaciones clínicas y las interacciones medicamentosas en la Unidad de Salud Imperatriz - MA. Estudio descriptivo, transversal, en el que se analizaron todas las recetas de drogas entre marzo y abril de 2015. De las 121 recetas con al menos un antimicrobiano, 59,50% eran para las mujeres y 40,50% para los varones y 33 , 05% no estaba en la indicación clínica. El rango de edad entre los 2 y 10 años fue el que hizo un mayor uso de los antimicrobianos, y amoxicilina según lo prescrito. Amigdalitis, infecciones de las vías respiratorias y las infecciones del tracto urinario no especificados fueron las indicaciones clínicas evidenciadas. Interacción con otros medicamentos se identificaron menor a moderada. Es esencial que los prescriptores profesionales necesitan para registrar notas indispensables en los registros médicos de los pacientes, así como cumplir los protocolos de tratamiento con el fin de no interacciones fármaco-fármaco, garantizando el uso racional de los antimicrobianos. Palabras clave: Receta/ Antimicrobianos/ Atención primaria. ABSTRACT ANTIMICROBIAL PRESCRIPTION IN A BASIC HEALTH UNIT OF IMPERATRIZ-MA This study aimed to describe the use of antimicrobial agents, their clinical indications and drug interactions in Imperatriz Health Unit - MA. Descriptive, cross-sectional study in which they analyzed all drug prescriptions between March and April 2015. Of the 121 prescriptions with at least one antimicrobial, 59.50% were for females and 40.50% for male and 33 , 05% was not on the clinical indication. The age range between 2 and 10 years was the one that made more use of antimicrobials, and amoxicillin as prescribed. Tonsillitis, infection of the airways and unspecified urinary tract infections were the clinical indications evidenced. Drug interactions were identified minor to moderate. It is essential that prescribers professionals need to register indispensable notes in the medical records of patients, as well as enforce treatment protocols in order not to drug-drug interactions, ensuring the rational use of antimicrobials. Key-words: Prescription/ Antimicrobials/ Primary attention. TEXTO DE LA COMUNICACIÓN Introdução Os antimicrobianos vêm sendo prescritos de forma excessiva em muitos contextos ambulatoriais no cenário mundial, e a aquisição desses medicamentos sem prescrição podem gerar um grande problema que é a facilitação do desenvolvimento de resistência de patógenos. Por esse motivo, os profissionais que prescrevem tais medicamentos precisam estabelecer critérios para determinar a terapia antimicrobiana em um determinado paciente (1). As prescrições inadequadas de antimicrobianos podem estar relacionadas a fatores como a falta de conhecimento e expectativas, tanto dos prescritores como dos pacientes, fatores econômicos e culturais e também às características dos sistemas de saúde dos países, sendo que o uso abusivo e indiscriminado desses medicamentos pode levar à emergência e aumento da resistência microbiana (2). Vale destacar ainda que Leão et al .(3) evidenciaram que o aumento da complexidade da prescrição suscetibiliza o indivíduo a interações medicamentosas, possíveis reações adversas, surgimento de comorbidades e, consequentemente, diminuição da sua qualidade de vida. Ademais, um fator relevante na análise crítica das prescrições são as interações medicamentosas capazes de resultar em reações adversas constituem um importante indicador de qualidade de prescrição. Esse indicador é mensurado pelo grau de polifarmácia do indivíduo, ou seja, pela quantidade de medicamentos contidos na prescrição (4). Os países em desenvolvimento usam poucos recursos para a monitorização de ações sobre o uso racional de antibióticos e também são limitados os dados sobre uso desses agentes em hospitais. Outro grande desafio quando se fala em uso racional de antibióticos diz respeito à qualidade da informação que o paciente detém para o uso do medicamento e a falta de informações durante a consulta, seguida por pouca ou nenhuma orientação no ato da dispensação do medicamento, possibilitando que o usuário abandone o tratamento precocemente, perca administrações ou ainda os utilize desnecessariamente (5). Estudos de prescrições são uma das estratégias para monitorização do uso de medicamentos e dos hábitos de prescrição uma vez que têm sido descritos erros de prescrição de antimicrobianos que vão desde a indicação não apropriada para infecção a erros técnicos relacionados à duração do tratamento, dosagem, intervalo entre doses e via de administração incorretos (2). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) mais de 50% das prescrições de antimicrobianos no mundo são inadequadas e o comercio dessa classe de medicamentos, somente no Brasil movimentou cerca de R$ 1,6 bilhões de dólares. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no dia 24 de Maço de 2010, realizou uma audiência pública cujo o objetivo foi discutir a ampliação de controle sobre esses produtos e contribuir para redução da resistência bacteriana na comunidade. A partir de então, houve uma regulamentação específica para comercialização de antibióticos no país, regulamentando a aquisição mediante à prescrição por profissionais habilitados em suas áreas de atuações (6). Nessa linha de raciocínio, salienta-se que o uso desenfreado de antibiótico sem uma cuidadosa avaliação das suas indicações apropriadas, pode levar ao crescimento de cepas resistentes, ou seja, acarreta numa mutação seletiva (4). Pelo fato de existirem problemas relacionados à prescrição e ao uso abusivo de antibióticos que envolvem o desenvolvimento de microrganismos potencialmente resistentes a qualquer tratamento, acarretando graves consequências ao usuário podendo, inclusive, levar ao óbito (7). A importância desse estudo consiste em obter dados que sirvam de base para melhoria das prescrições de antimicrobianos na atenção primária, e que os profissionais de saúde sejam mais criteriosos quando forem prescrever esses fármacos devido seus efeitos indesejáveis quando prescrito de forma inadequada, atentando ainda para o não desenvolvimento de resistência bacteriana. Considerando todos fatores envolvidos na problemática do uso racional de antimicrobianos, este estudo possui como objetivos descrever a prescrição de antimicrobianos levando em consideração suas principais indicações clínicas na Unidade Básica de Saúde (UBS) Drª Maria Aragão do Munícipio de Imperatriz – MA, e as possíveis interações medicamentosas. Metodologia Trata-se de um estudo descritivo, transversal com abordagem quantitativa realizado na UBS Drª Maria Aragão. A pesquisa foi realizada envolvendo usuários do serviço público de saúde supracitado, envolvendo indivíduos de ambos os sexos que tenham realizado consultas no período de março a abril de 2015, cadastrados nas duas equipes de saúde da família da unidade de saúde. Foram incluídas todas as prescrições médicas registradas nos prontuários dos pacientes, as quais possuíam pelo menos um antimicrobiano prescrito de uso sistêmico, sendo desconsiderados os antimicrobianos de uso tópico prescritos e os prontuários que não tiveram prescrições de antimicrobianos no período da pesquisa. Um formulário previamente elaborado foi utilizado para levantamento de dados sociodemográficos e relacionados à prescrição de antimicrobianos. Variáveis como idade e sexo dos usuários, bem como antimicrobianos prescritos e indicação clínica foram coletadas junto aos prontuários presente na UBS. Foi utilizada uma planilha Excel® para tabulação dos dados, sendo os mesmos apresentados em tabelas e expressos em valores absolutos e relativos. Atendendo a Resolução Nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que trata das Diretrizes e Normas Regulamentadoras da Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão. Resultados Do total de 1909 prontuários observados, 121 prescrições continham pelo menos um antimicrobiano de uso sistêmico prescrito e 71 prescrições de outros medicamentos juntamente com os antimicrobianos. Dentre os usuários que utilizaram pelo menos um antimicrobiano, 72 (59,50%), eram do sexo feminino e 49 (40,50%), do sexo masculino. A idade dos sujeitos variou de 02 a 71 anos. Dentre os antimicrobianos prescritos, a amoxicilina foi o mais utilizado seguido pela azitromicina. Em 100% dos prontuários não constava a duração do tratamento, e tão pouco dados sociodemográficos relacionados à raça/cor, escolaridade, renda e profissão. Conforme a Tabela 1, a amoxicilina foi o antimicrobiano mais prescrito para a faixa etária de crianças de 2 a 10 anos de idade. Ademais, a faixa etária de 2 a 10 que obteve o maior número prescrições de antimicrobianos de uso sistêmico com 45 (37,81%) das prescrições. A faixa etária de 60 anos ou mais foi onde obtivemos o menor número de prescrições de antimicrobianos com 6 (5,04%) das prescrições. Vale destacar que dois prontuários com prescrições contendo antimicrobianos não tinham a idade do paciente. Tabela 1 - Antimicrobianos prescritos no período de março e abril de 2015 de acordo com à faixa etária na Unidade Básica Drª Maria Aragão, Imperatriz-Ma - 2015. Antimicrobianos Faixa etária 60 ou 2-10 11-20 21-59 Todos mais n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) 25 Amoxicilina 2 (6,89) 5 (12,82) 0 (0,00) 32 (26,89) (55,55) Azitromicina 7 (15,55) 9 (31,03) 6 (15,38) 0 (0,00) 22 (18,48) Sulfametoxazol/Trimetoprima 8 (17,77) 3 (10,34) 5 (12,82) 1 (16,66) 17 (14,28) 10 Ciprofloxacino 1 (2,22) 2 (6,89) 4 (66,66) 17 (14,28) (25,64) Eritromicina 0 (0,00) 9 (31,03) 4 (10,25) 0 (0,00) 13 (10,92) Cefalexina 4 (8,88) 2 (6,89) 5 (12,82) 0 (0,00) 11( 9,24) Metronidazol 0 (0,00) 2 (6,89) 4 (10,25) 1 (16,66) 7 (5,88) 45 29 39 119 Total 6 (100,0) (100,0) (100,0) (100,0) (100,0) De acordo com a Tabela 2, obteve-se um total de 121 prescrições de antimicrobianos para as principais indicações clínicas que foram: amigdalite 28 (23,24%), infecção das vias aéreas não especificadas 10 (8,26%), infecção do trato urinário 9 (7,43%), otite 6 (4,95%), sinusite 6 (4,95%), outras 22 (18,18%) e sem indicação clínica 40 (33,05%) prescrições. No tratamento de amigdalite a amoxicilina foi o antimicrobiano mais prescrito com 17 (60,71%) e em segundo ficou a eritromicina com (21,42%). Nas infecções das vias aéreas não especificadas o antimicrobiano mais prescrito foi a azitromicina com (50,00%) das prescrições e em segundo a eritromicina com (20,00%) das prescrições. Para as infecções de trato urinário foi a sulfametoxazol/trimetroprima com (44,44%) das prescrições, e em segundo ficou o ciprofloxacino com (33,33%) das prescrições. Em se tratando de otite, os antimicrobianos mais prescrito foram amoxicilina e cefalexina ambos com (33,33%) das prescrições. Para o tratamento de sinusite o antimicrobiano mais prescrito foi azitromicina com (50,00%) das prescrições e em segundo lugar ficou a amoxicilina com (33,33%) das prescrições. A Tabela 2 mostra ainda que os antimicrobianos mais prescrito foram: amoxicilina com (26,44%), azitromicina (19,00%), sulfametoxazol/trimetoprima (14,87%), ciprofloxacino (14,00%), eritromicina com (10,74%), cefalexina (9,09%) e metronidazol com (5,78%). Tabela 2 – Prescrição de antimicrobianos sistêmicos de acordo com as indicações clínicas no período de março e abril de 2015 na Unidade Básica Drª Maria Aragão, Imperatriz-Ma – 2015 Antimicrobian os Amoxicilina Azitromicina Amigdali Infecção te das vias aéreas não especifica das Infecçã Otite o no trato urinári o Sinusit e Outras Sem indicaçã o clinica Total n ( %) n ( %) n ( %) n ( %) n ( %) n ( %) n ( %) 17 (60,71) 3 (10,71) 1 (10,00) 0 (0,0) 2 (33,33) 1 0 (11,11) (0,00) 4 1 (44,44) (16,66) 2 (33,33) 3 (50,00) 0 (0,00) 6 (27,27) 4 (18,18) 6 (27,27) 4 (10,00) 7 (17,50) 4 (10,00) 32 (26,44) 23 (19,00) 18 (14,87) 3 (33,3) 0 (0,00) 0 2 (9,09) (0,00) 1 0 (0,00) (16,66) 12 (30,00) 3 (7,50) 17 (14,00) 13 (10,74) 5 (50,00) n ( %) Sulfametoxazol 2 (7,14) /Trimetoprima 1 (10,00) Ciprofloxacino 0 (0,00) 0 (0,00) Eritromicina 6 (21,42) 2 (20,00) Cefalexina 0 (0,00) 1 (10,00) 1 2 0 (11,11) (33,33) (0,00) 1 (4,54) 6 (15,00) 11 (9,09) Metronidazol 0 (0,00) 0 (0,00) 28 (100,0) 10 (100,0) 3 (13,63) 22 (100,0) 4 (10,00) 40 (100,0) 7 (5,78) Total 0 (0,00) 9 (100,0) 0 (0,00) 1 (16,66) 0 (0,00) 6 (100,0) 0 (0,00) 6 (100,0) 121 (100,0) A Tabela 3 apresenta a distribuição dos antimicrobianos e de outros fármacos prescritos concomitantes com os antimicrobianos, e que no geral a amoxicilina foi a mais prescrita com (16,66%), o ibuprofeno foi o segundo mais prescrito no quadro geral com (13,54%). Tabela 3 – Frequência de antimicrobianos e de outros fármacos na mesma prescrição nos meses de março e abril de 2015 em duas equipes da saúde família na unidade básica Drª Maria Aragão, Imperatriz-Ma – 2015. Fármaco N % Amoxicilina 32 16,66 Ibuprofeno 26 13,54 Azitromicina 23 11,97 Paracetamol 21 10,93 Sulfametoxazol/Trimetoprima 18 9,37 Ciprofloxacino 17 8,85 Eritromicina 13 6,77 Dipirona 12 6,25 Cefalexina 11 5,72 Amboxol 9 4,68 Metronidazol 7 3,64 Loratadina 3 1,56 Total 192 100 Na Tabela 4 observam-se as possíveis interações encontradas no presente estudo. Do total de prescrições associadas a outros fármacos 71 (100%), foram evidenciadas 37 (52,11%) com interações medicamentosas e destacados efeitos adversos potenciais e gravidade evidenciadas. Tabela 4 - Possíveis interações medicamentosas e suas consequências potenciais em prescrições em duas equipes da saúde da família na unidade básica Drª Maria Aragão – Imperatriz – MA. Interação medicamentosa n (%) Efeito adverso Gravidade potencial Sulfametoxazol e 18 (48,64) Arritmia cardíaca Moderada ou trimetoprima significante Amoxicilina + ibuprofeno 13 (35,13) Interferência nos Moderada ou níveis plasmáticos significante de ambos por competição em proteína de ligação e clarence renal. Cefalexina + ibuprofeno 6 (16,21) Aumento dos Menor ou não níveis ou efeito do significante ibuprofeno por interferência no clarence renal Total 37 (100) Interações identificadas de acordo com Leão et al. (2014). Discussão 1. No presente estudo podemos observar que a maior parte dos antimicrobianos foram prescritos para crianças de 2 a 10 anos de idade. A maior utilização de antimicrobianos nessa faixa etária deve se ao sistema imunológico imaturo das crianças, além da facilidade de transmissão de agentes infecciosos nessa faixa etária devido a aglomeração e contato muito próximo em creches e escolas (5). 2. Outro fator importante a ser considerado ao observar a prescrição de antimicrobianos para essa faixa etária é o emprego empírico pela classe médica, em especial nas infecções respiratórias agudas, os leva a ter uma certa dificuldade de diferenciar a etiologia viral ou bacteriana, assim leva à prescrição, inócua do antimicrobiano (5). 3. A amoxicilina foi o antimicrobiano mais prescrito aparecendo com 32 (26,44%) das prescrições. De acordo com Abrantes et al. (8) a possível causa desse antibiótico ser prescrito tantas vezes dever ser por ele ser de amplo espectro e baixa toxicidade, constituindo tratamento de primeira escolha para vários quadros infecciosos, na atenção primária. E outra causa por ele ser prescrito em maior escala que outros antimicrobianos, seja devido a maior segurança em prescrevê-lo, por ser de administração oral e boa tolerabilidade. 4. E em relação a classe os β-lactâmicos foram os mais prescritos, a amoxicilina e a cefalexina somadas correspondem a 43 (35,53%) das prescrições. É válido mencionar que para essa classe de antimicrobianos, o pico de concentração não tem tanta importância, mas, sim, a duração do tempo em que a concentração é mantida acima da concentração inibitória mínima, sendo essencial atentar para a posologia e duração do tratamento. Essa classe apresenta uma baixa toxicidade e um amplo espectro (8). 5. O consumo predominante de penicilinas, no caso desse estudo que tem como representante a amoxicilina, a prescrição de antibióticos dessa classe faz parte das atuais recomendações da política de uso de antimicrobianos em atenção primária, pois reduz significantemente os custos com a saúde. O uso adequado de penicilina é muito eficiente, mas o problema está no uso abusivo do mesmo, que contribui para resistência microbiana (4). 6. De acordo com a Tabela 2 a segunda classe mais prescrita foi a dos macrolídeos, a azitromicina e a eritromicina correspondendo a 36 (29,75%) das prescrições. Já em outros estudos esses dois fármacos quase não aparecem em prescrições da atenção primária. A eritromicina é um medicamento de uso restrito na atenção primária devido a outras opções disponíveis, o que pode explicar seu aparecimento em baixo percentual (8) . 7. Podemos destacar nesse estudo o grande número de prescrições de azitromicina no período da pesquisa, que em outro estudo o mesmo foi prescrito em grande quantidade segundo Oliveira (9). Em um estudo de revisão afirmam que a azitromicina é indicada para tratamento de renite e faringite, mas no presente estudo a azitromicina se destacou no tratamento de infecção das vias aéreas superiores não especificadas. E também afirmam que os macrolídeos devem ser prescritos como alternativa para pacientes com alergia a penicilinas e derivados que apresentem esse diagnóstico (9). 8. A Política Nacional de Medicamentos define o Uso Racional de Medicamentos (URM) como o processo que compreende a prescrição apropriada, a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis, bem como a dispensação em condições adequadas e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e no período de tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade (10). 9. Em relação à escolha de um antibiótico, Oliveira et al. (7) explicitam que em virtude do número de especialidades disponíveis, a seleção do fármaco mais apropriado exige conhecimentos do prescritor sobre microbiologia, farmacologia e medicina clínica. 10. A OMS preocupada com o aumento da resistência microbiana tem recomendado a elaboração de protocolos de uso de antimicrobianos em todos os níveis de cuidado. Em seu guidelines há recomendações de abordagem de diferentes doenças infecciosas muitas delas tratáveis na atenção básica (2). No presente estudo foi observado que os antimicrobianos não foram prescritos pelo nome genérico. De acordo com Oliveira et al (7), a prescrição pelo nome genérico é uma estratégia da OMS para aumentar o acesso da população aos medicamentos e promover o uso racional. Conforme está exposto na Tabela 2, das cincos indicações clínicas para prescrição de antimicrobianos quatro foram para tratamento de doenças do trato respiratória (amigdalite, infecção das vias aéreas superiores não especificadas, otite e sinusite). Amigdalite foi a que mais obteve prescrições de antimicrobianos um total de 28 (23,24%). 11. Nessa linha de raciocínio, em consonância com estudo realizado por Tavares et al. (2) ressalta-se que as doenças do trato respiratório são as que mais levam o paciente a buscar atendimento médico e estão associadas a 75% do total das prescrições de antimicrobianos e que a maioria são de etiologia viral e de acordo com recomendações internacionais, o uso de antimicrobiano de rotina são inadequado para o possível tratamento uma vez que os antimicrobianos de rotina são de uso restrito para pacientes com suspeita confirmada de infecção bacteriana e para profilaxia quando as consequências possam ser severas. 12. As infecções de vias aéreas não especificadas foram a segunda indicação clinica evidenciado em nosso estudo com 10 observações (8,26%). Abrantes et al (11) consideram que o mais prudente é não se estabelecer um tratamento antibiótico, já que a maioria das infecções de vias aéreas não especificadas são de etiologia viral. 13. Ainda, de acordo com Abrantes et al (11) a associação sulfametoxazol + trimetoprima, constitui terapêutica de escolha para tratar infecções no trato urinário. Em nossa casuística, boa parte dessa associação foi prescrita para infecções no trato urinário, seguindo protocolos terapêuticos preconizados. Apesar das dificuldades de se estabelecer a etiologia das infecções, é de grande importância que o diagnóstico seja baseado na história e no exame físico do paciente, e que se deve utilizar meios de diagnóstico laboratorial em casos que for necessário, para definição do diagnóstico, e que as ferramentas diagnósticas possam contribuir para a utilização racional de antimicrobianos (11). 14. Segundo Leão et al. (3) algumas interações medicamentosas foram encontradas como, sulfametoxazol + Trimetoprima, a qual corresponde a 18 (48,64%) das possíveis interações, amoxicilina + ibuprofeno, que corresponde 13 (35,13%) e a cefalexina + ibuprofeno 6 (16,21%). Essas interações medicamentosas podem diminuir a eficácia do tratamento além de provavelmente causar riscos a saúde. A interação entre sulfametoxazol+trimetoprima e amoxicilina + ibuprofeno, quanto a gravidade podem ser classificadas como moderada ou significante e cefalexina + ibuprofeno podem ser classificada em menor ou não significante. Ocorre com frequência a dificuldade de identificar interações medicamentosas, devido a variabilidade observada entre os pacientes. Não se sabe muito sobre os fatores de predisposição e de proteção que possa determinar se a interação irá acontecer ou não. E também não sabem identificar o que acontece quando um paciente faz uso de dois fármacos que potencialmente interagem entre si (12). Existem algumas interações medicamentosas que apresentam um potencial para causar danos irreversíveis, muitas são responsáveis por deterioração clínica do paciente hospitalizações, aumento no tempo de internação, enquanto que outras são leves e não exigem medidas especiais (13). Um fator importante como causa de interações medicamentosas, atualmente, é a automedicação. É inevitável para os pacientes que fazem uso de qualquer medicamento ficar atento a ingestão concomitante com outro fármaco, pois um medicamento que pode parecer inofensivo, quando associado pode causar grandes males à saúde (6). É importante destacar ainda que o presente estudo apresentou algumas dificuldades como fatores limitantes, dentre eles com destaque especial à falta de algumas informações nos prontuários, como duração do tratamento, falta da hipótese diagnóstica em uma grande parte dos prontuários, assim como ausência de dados sociodemográficos para caracterização dos usuários que fazem uso de tais medicamentos. De acordo com Vasconcellos et al (14), o prontuário é definido como documento único, formado por um conjunto de informações sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre o estado de saúde do paciente e a assistência prestada a ele, é de caráter legal, cientifico e sigiloso. Com todas essas informações contidas no prontuário é possível presta uma assistência de qualidade ao usuário do sistema de saúde e contribuir para a avaliação do serviço prestado aos pacientes e também para produção de trabalhos acadêmicos. Faz-se necessária uma avaliação periódica, bem como um acompanhamento/monitoramento por parte dos profissionais de saúde diretamente ligados ao manuseio desse importante e vital documento para que o mesmo possa de fato servir de para uma melhor assistência prestada ao paciente tendo em vista a necessidade de acompanhamento integral dos mesmos. Conclusão Foi possível evidenciar que a classe de antimicrobianos mais prescrito foi das penicilinas (amoxicilina e cefalexiana). Os mesmo faz parte das atuais recomendações da política de uso de antimicrobianos em atenção primária, devido seu baixo custo e também por ter baixa toxicidade. Houve um grande número de prescrição de antimicrobianos para faixa etária de 2 a 10 anos, esse grande número de prescrição pode ser por eles terem um sistema imunológico em fase de amadurecimento, porem esse fator não descarta que a prescrição inadequada de antimicrobianos esteja acontecendo. Desse modo, foi possível evidenciar que provavelmente parte dos profissionais de saúde responsáveis pela prescrição medicamentosa não estão cientes do problema que pode causar a prescrição inadequada de antimicrobianos dada a identificação de possíveis interações medicamentosas responsáveis por desencadear efeitos adversos de moderada gravidade. Ressalta-se ainda que a falta de informações no prontuário do paciente, como a duração do tratamento pode comprometer a continuidade da assistência prestada ao indivíduo. As interações medicamentos podem trazer prejuízo para o paciente como efeito indesejados e diminuir a eficácia do tratamento. Nesse sentido, é imprescindível que os profissionais da saúde fiquem atento ao exame clinico e físico do paciente, porque na maioria das vezes possivelmente estão prescrevendo antibióticos para tratamento de etiologia viral. Destaca-se também a necessidade de serem dispensadas orientações aos pacientes quanto ao uso correto dos mesmos, orientá-los quanto ao tempo de duração do tratamento, a indicação clínica, posologia, e que esses dados devem ser anotados nos prontuários do paciente para uma possível continuidade de assistência adequada ao paciente. Bibliografía 1. Katzung BG. Farmacologia básica e clínica. 9ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara 2006. 991p. 2. Tavares NUL et al. Prescrição de antimicrobianos em unidades de saúde da família no Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro. vol.24, n..8, p.1791-1800. Agosto 2008. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102311X2008000800008&script=sci_arttext>. Acessado em 03 de junho de 2015. 3. Leão DFL et al. Avaliações de interações medicamentosas potenciais em prescrições da atenção primária de Vitória da Conquista (BA), Brasil. Ciênc. saúde coletiva. Rio de Janeiro, vol.19, n.1, p. 311-318 Jan., 2014. 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