REUNIONES CIENTIFICAS DE LA FUNDACION INDEX

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PARANINFO DIGITAL
MONOGRÁFICOS DE INVESTIGACIÓN EN SALUD
ISSN: 1988-3439 - AÑO IX – N. 22 – 2015
Disponible en: http://www.index-f.com/para/n22/352.php
PARANINFO DIGITAL es una publicación periódica que difunde materiales que han sido presentados con anterioridad
en reuniones y congresos con el objeto de contribuir a su rápida difusión entre la comunidad científica, mientras adoptan una
forma de publicación permanente.
Este trabajo es reproducido tal y como lo aportaron los autores al tiempo de presentarlo como COMUNICACIÓN DIGITAL en
FORO I+E “Impacto social del conocimiento” - II Reunión Internacional de Investigación y Educación Superior en
Enfermería – II Encuentro de Investigación de Estudiantes de Enfermería y Ciencias de la Salud, reunión celebrada del
12 al 13 de noviembre de 2015 en Granada, España. En su versión definitiva, es posible que este trabajo pueda aparecer
publicado en ésta u otra revista científica.
Prescrição de antimicrobianos em uma unidade básica de
saúde de Imperatriz-MA
Autores Jair da Silva Maracaipe, Floriacy Stabnow Santos, Janaina
Miranda Bezerra, Ismália Cassandra Costa Maia Dias, Livia
Maia Paschoal, Marcelino Santos Neto
Título
Centro/institución
Ciudad/país
Dirección e-mail
Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Imperatriz, Brasil
[email protected]
RESUMO
Objetivou-se descrever a prescrição de antimicrobianos, suas indicações clínicas e interações
medicamentosas em Unidade Básica de Saúde de Imperatriz – MA. Estudo descritivo,
transversal no qual foram analisadas todas as prescrições medicamentosas no período entre
março e abril de 2015. Das 121 prescrições com pelo menos um antimicrobiano, 59,50% foram
para o sexo feminino e 40,50% para o masculino e em 33,05% não constava a indicação clínica.
A faixa etária entre 2 e 10 anos foi a que mais fez uso de antimicrobianos, sendo a amoxicilina o
mais prescrito. Amigdalite, infecção das vias aéreas não especificadas e infecções no trato
urinário foram as indicações clínicas evidenciadas. Identificaram-se interações medicamentosas
de gravidade menor a moderada. Torna-se indispensável que os profissionais prescritores
atentem para o registro de anotações indispensáveis no prontuário dos pacientes, bem como
façam cumprir protocolos terapêuticos com vistas a não ocorrência de interações
medicamentosas, garantindo o uso racional dos antimicrobianos.
Palavras chaves: Prescrição/ Antimicrobianos/ Atenção Primária.
RESUMEN LA PRESCRIPCIÓN ANTIMICROBIANA EN UNA UNIDAD BÁSICA DE SALUD DE
IMPERATRIZ-MA
Este estudio tuvo como objetivo describir el uso de agentes antimicrobianos, sus indicaciones
clínicas y las interacciones medicamentosas en la Unidad de Salud Imperatriz - MA. Estudio
descriptivo, transversal, en el que se analizaron todas las recetas de drogas entre marzo y abril
de 2015. De las 121 recetas con al menos un antimicrobiano, 59,50% eran para las mujeres y
40,50% para los varones y 33 , 05% no estaba en la indicación clínica. El rango de edad entre
los 2 y 10 años fue el que hizo un mayor uso de los antimicrobianos, y amoxicilina según lo
prescrito. Amigdalitis, infecciones de las vías respiratorias y las infecciones del tracto urinario
no especificados fueron las indicaciones clínicas evidenciadas. Interacción con otros
medicamentos se identificaron menor a moderada. Es esencial que los prescriptores
profesionales necesitan para registrar notas indispensables en los registros médicos de los
pacientes, así como cumplir los protocolos de tratamiento con el fin de no interacciones
fármaco-fármaco, garantizando el uso racional de los antimicrobianos.
Palabras clave: Receta/ Antimicrobianos/ Atención primaria.
ABSTRACT ANTIMICROBIAL PRESCRIPTION IN A BASIC HEALTH UNIT OF IMPERATRIZ-MA
This study aimed to describe the use of antimicrobial agents, their clinical indications and drug
interactions in Imperatriz Health Unit - MA. Descriptive, cross-sectional study in which they
analyzed all drug prescriptions between March and April 2015. Of the 121 prescriptions with at
least one antimicrobial, 59.50% were for females and 40.50% for male and 33 , 05% was not on
the clinical indication. The age range between 2 and 10 years was the one that made more use of
antimicrobials, and amoxicillin as prescribed. Tonsillitis, infection of the airways and
unspecified urinary tract infections were the clinical indications evidenced. Drug interactions
were identified minor to moderate. It is essential that prescribers professionals need to register
indispensable notes in the medical records of patients, as well as enforce treatment protocols in
order not to drug-drug interactions, ensuring the rational use of antimicrobials.
Key-words: Prescription/ Antimicrobials/ Primary attention.
TEXTO DE LA COMUNICACIÓN
Introdução
Os antimicrobianos vêm sendo prescritos de forma excessiva em muitos
contextos ambulatoriais no cenário mundial, e a aquisição desses medicamentos sem
prescrição podem gerar um grande problema que é a facilitação do desenvolvimento de
resistência de patógenos. Por esse motivo, os profissionais que prescrevem tais
medicamentos precisam estabelecer critérios para determinar a terapia antimicrobiana
em um determinado paciente (1).
As prescrições inadequadas de antimicrobianos podem estar relacionadas a
fatores como a falta de conhecimento e expectativas, tanto dos prescritores como dos
pacientes, fatores econômicos e culturais e também às características dos sistemas de
saúde dos países, sendo que o uso abusivo e indiscriminado desses medicamentos pode
levar à emergência e aumento da resistência microbiana (2).
Vale destacar ainda que Leão et al .(3) evidenciaram que o aumento da
complexidade da prescrição suscetibiliza o indivíduo a interações medicamentosas,
possíveis reações adversas, surgimento de comorbidades e, consequentemente,
diminuição da sua qualidade de vida.
Ademais, um fator relevante na análise crítica das prescrições são as interações
medicamentosas capazes de resultar em reações adversas constituem um importante
indicador de qualidade de prescrição. Esse indicador é mensurado pelo grau de
polifarmácia do indivíduo, ou seja, pela quantidade de medicamentos contidos na
prescrição (4).
Os países em desenvolvimento usam poucos recursos para a monitorização de
ações sobre o uso racional de antibióticos e também são limitados os dados sobre uso
desses agentes em hospitais. Outro grande desafio quando se fala em uso racional de
antibióticos diz respeito à qualidade da informação que o paciente detém para o uso do
medicamento e a falta de informações durante a consulta, seguida por pouca ou
nenhuma orientação no ato da dispensação do medicamento, possibilitando que o
usuário abandone o tratamento precocemente, perca administrações ou ainda os utilize
desnecessariamente (5).
Estudos de prescrições são uma das estratégias para monitorização do uso de
medicamentos e dos hábitos de prescrição uma vez que têm sido descritos erros de
prescrição de antimicrobianos que vão desde a indicação não apropriada para infecção a
erros técnicos relacionados à duração do tratamento, dosagem, intervalo entre doses e
via de administração incorretos (2).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) mais de 50% das
prescrições de antimicrobianos no mundo são inadequadas e o comercio dessa classe de
medicamentos, somente no Brasil movimentou cerca de R$ 1,6 bilhões de dólares. A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no dia 24 de Maço de 2010,
realizou uma audiência pública cujo o objetivo foi discutir a ampliação de controle
sobre esses produtos e contribuir para redução da resistência bacteriana na comunidade.
A partir de então, houve uma regulamentação específica para comercialização de
antibióticos no país, regulamentando a aquisição mediante à prescrição por profissionais
habilitados em suas áreas de atuações (6).
Nessa linha de raciocínio, salienta-se que o uso desenfreado de antibiótico sem
uma cuidadosa avaliação das suas indicações apropriadas, pode levar ao crescimento de
cepas resistentes, ou seja, acarreta numa mutação seletiva (4). Pelo fato de existirem
problemas relacionados à prescrição e ao uso abusivo de antibióticos que envolvem o
desenvolvimento de microrganismos potencialmente resistentes a qualquer tratamento,
acarretando graves consequências ao usuário podendo, inclusive, levar ao óbito (7).
A importância desse estudo consiste em obter dados que sirvam de base para
melhoria das prescrições de antimicrobianos na atenção primária, e que os profissionais
de saúde sejam mais criteriosos quando forem prescrever esses fármacos devido seus
efeitos indesejáveis quando prescrito de forma inadequada, atentando ainda para o não
desenvolvimento de resistência bacteriana.
Considerando todos fatores envolvidos na problemática do uso racional de
antimicrobianos, este estudo possui como objetivos descrever a prescrição de
antimicrobianos levando em consideração suas principais indicações clínicas na
Unidade Básica de Saúde (UBS) Drª Maria Aragão do Munícipio de Imperatriz – MA, e
as possíveis interações medicamentosas.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo, transversal com abordagem quantitativa
realizado na UBS Drª Maria Aragão. A pesquisa foi realizada envolvendo usuários do
serviço público de saúde supracitado, envolvendo indivíduos de ambos os sexos que
tenham realizado consultas no período de março a abril de 2015, cadastrados nas duas
equipes de saúde da família da unidade de saúde. Foram incluídas todas as prescrições
médicas registradas nos prontuários dos pacientes, as quais possuíam pelo menos um
antimicrobiano prescrito de uso sistêmico, sendo desconsiderados os antimicrobianos de
uso tópico prescritos e os prontuários que não tiveram prescrições de antimicrobianos
no período da pesquisa.
Um formulário previamente elaborado foi utilizado para levantamento de dados
sociodemográficos e relacionados à prescrição de antimicrobianos. Variáveis como
idade e sexo dos usuários, bem como antimicrobianos prescritos e indicação clínica
foram coletadas junto aos prontuários presente na UBS. Foi utilizada uma planilha
Excel® para tabulação dos dados, sendo os mesmos apresentados em tabelas e
expressos em valores absolutos e relativos.
Atendendo a Resolução Nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que trata das
Diretrizes e Normas Regulamentadoras da Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, o
projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do
Maranhão.
Resultados
Do total de 1909 prontuários observados, 121 prescrições continham pelo menos
um antimicrobiano de uso sistêmico prescrito e 71 prescrições de outros medicamentos
juntamente com os antimicrobianos. Dentre os usuários que utilizaram pelo menos um
antimicrobiano, 72 (59,50%), eram do sexo feminino e 49 (40,50%), do sexo masculino.
A idade dos sujeitos variou de 02 a 71 anos.
Dentre os antimicrobianos prescritos, a amoxicilina foi o mais utilizado seguido
pela azitromicina. Em 100% dos prontuários não constava a duração do tratamento, e
tão pouco dados sociodemográficos relacionados à raça/cor, escolaridade, renda e
profissão. Conforme a Tabela 1, a amoxicilina foi o antimicrobiano mais prescrito para
a faixa etária de crianças de 2 a 10 anos de idade. Ademais, a faixa etária de 2 a 10 que
obteve o maior número prescrições de antimicrobianos de uso sistêmico com 45
(37,81%) das prescrições. A faixa etária de 60 anos ou mais foi onde obtivemos o
menor número de prescrições de antimicrobianos com 6 (5,04%) das prescrições. Vale
destacar que dois prontuários com prescrições contendo antimicrobianos não tinham a
idade do paciente.
Tabela 1 - Antimicrobianos prescritos no período de março e abril de 2015 de acordo com
à faixa etária na Unidade Básica Drª Maria Aragão, Imperatriz-Ma - 2015.
Antimicrobianos
Faixa etária
60
ou
2-10
11-20
21-59
Todos
mais
n (%)
n (%)
n (%)
n (%)
n (%)
25
Amoxicilina
2 (6,89)
5 (12,82) 0 (0,00)
32 (26,89)
(55,55)
Azitromicina
7 (15,55) 9 (31,03) 6 (15,38) 0 (0,00)
22 (18,48)
Sulfametoxazol/Trimetoprima 8 (17,77) 3 (10,34) 5 (12,82) 1 (16,66) 17 (14,28)
10
Ciprofloxacino
1 (2,22)
2 (6,89)
4 (66,66) 17 (14,28)
(25,64)
Eritromicina
0 (0,00)
9 (31,03) 4 (10,25) 0 (0,00)
13 (10,92)
Cefalexina
4 (8,88)
2 (6,89)
5 (12,82) 0 (0,00)
11( 9,24)
Metronidazol
0 (0,00)
2 (6,89)
4 (10,25) 1 (16,66) 7 (5,88)
45
29
39
119
Total
6 (100,0)
(100,0)
(100,0)
(100,0)
(100,0)
De acordo com a Tabela 2, obteve-se um total de 121 prescrições de
antimicrobianos para as principais indicações clínicas que foram: amigdalite 28
(23,24%), infecção das vias aéreas não especificadas 10 (8,26%), infecção do trato
urinário 9 (7,43%), otite 6 (4,95%), sinusite 6 (4,95%), outras 22 (18,18%) e sem
indicação clínica 40 (33,05%) prescrições.
No tratamento de amigdalite a amoxicilina foi o antimicrobiano mais prescrito
com 17 (60,71%) e em segundo ficou a eritromicina com (21,42%). Nas infecções das
vias aéreas não especificadas o antimicrobiano mais prescrito foi a azitromicina com
(50,00%) das prescrições e em segundo a eritromicina com (20,00%) das prescrições.
Para as infecções de trato urinário foi a sulfametoxazol/trimetroprima com
(44,44%) das prescrições, e em segundo ficou o ciprofloxacino com (33,33%) das
prescrições. Em se tratando de otite, os antimicrobianos mais prescrito foram
amoxicilina e cefalexina ambos com (33,33%) das prescrições. Para o tratamento de
sinusite o antimicrobiano mais prescrito foi azitromicina com (50,00%) das prescrições
e em segundo lugar ficou a amoxicilina com (33,33%) das prescrições.
A Tabela 2 mostra ainda que os antimicrobianos mais prescrito foram:
amoxicilina com (26,44%), azitromicina (19,00%), sulfametoxazol/trimetoprima
(14,87%), ciprofloxacino (14,00%), eritromicina com (10,74%), cefalexina (9,09%) e
metronidazol com (5,78%).
Tabela 2 – Prescrição de antimicrobianos sistêmicos de acordo com as indicações clínicas no período
de março e abril de 2015 na Unidade Básica Drª Maria Aragão, Imperatriz-Ma – 2015
Antimicrobian
os
Amoxicilina
Azitromicina
Amigdali Infecção
te
das
vias
aéreas não
especifica
das
Infecçã Otite
o no
trato
urinári
o
Sinusit
e
Outras
Sem
indicaçã
o clinica
Total
n ( %)
n ( %)
n ( %)
n ( %)
n ( %)
n ( %)
n ( %)
17
(60,71)
3 (10,71)
1 (10,00)
0 (0,0)
2
(33,33)
1
0
(11,11) (0,00)
4
1
(44,44) (16,66)
2
(33,33)
3
(50,00)
0
(0,00)
6
(27,27)
4
(18,18)
6
(27,27)
4
(10,00)
7
(17,50)
4
(10,00)
32
(26,44)
23
(19,00)
18
(14,87)
3
(33,3)
0
(0,00)
0
2 (9,09)
(0,00)
1
0 (0,00)
(16,66)
12
(30,00)
3 (7,50)
17
(14,00)
13
(10,74)
5 (50,00)
n ( %)
Sulfametoxazol 2 (7,14)
/Trimetoprima
1 (10,00)
Ciprofloxacino
0 (0,00)
0 (0,00)
Eritromicina
6 (21,42)
2 (20,00)
Cefalexina
0 (0,00)
1 (10,00)
1
2
0
(11,11) (33,33) (0,00)
1 (4,54)
6
(15,00)
11
(9,09)
Metronidazol
0 (0,00)
0 (0,00)
28
(100,0)
10 (100,0)
3
(13,63)
22
(100,0)
4
(10,00)
40
(100,0)
7 (5,78)
Total
0
(0,00)
9
(100,0)
0
(0,00)
1
(16,66)
0
(0,00)
6
(100,0)
0
(0,00)
6
(100,0)
121
(100,0)
A Tabela 3 apresenta a distribuição dos antimicrobianos e de outros fármacos
prescritos concomitantes com os antimicrobianos, e que no geral a amoxicilina foi a
mais prescrita com (16,66%), o ibuprofeno foi o segundo mais prescrito no quadro geral
com (13,54%).
Tabela 3 – Frequência de antimicrobianos e de outros fármacos na mesma
prescrição nos meses de março e abril de 2015 em duas equipes da saúde
família na unidade básica Drª Maria Aragão, Imperatriz-Ma – 2015.
Fármaco
N
%
Amoxicilina
32
16,66
Ibuprofeno
26
13,54
Azitromicina
23
11,97
Paracetamol
21
10,93
Sulfametoxazol/Trimetoprima 18
9,37
Ciprofloxacino
17
8,85
Eritromicina
13
6,77
Dipirona
12
6,25
Cefalexina
11
5,72
Amboxol
9
4,68
Metronidazol
7
3,64
Loratadina
3
1,56
Total
192
100
Na Tabela 4 observam-se as possíveis interações encontradas no presente estudo. Do
total de prescrições associadas a outros fármacos 71 (100%), foram evidenciadas 37
(52,11%) com interações medicamentosas e destacados efeitos adversos potenciais e
gravidade evidenciadas.
Tabela 4 - Possíveis interações medicamentosas e suas consequências potenciais em
prescrições em duas equipes da saúde da família na unidade básica Drª Maria Aragão
– Imperatriz – MA.
Interação medicamentosa
n (%)
Efeito
adverso Gravidade
potencial
Sulfametoxazol
e 18 (48,64)
Arritmia cardíaca Moderada
ou
trimetoprima
significante
Amoxicilina + ibuprofeno
13 (35,13)
Interferência nos Moderada
ou
níveis plasmáticos significante
de ambos por
competição
em
proteína
de
ligação e clarence
renal.
Cefalexina + ibuprofeno
6 (16,21)
Aumento
dos Menor ou não
níveis ou efeito do significante
ibuprofeno
por
interferência
no
clarence renal
Total
37 (100)
Interações identificadas de acordo com Leão et al. (2014).
Discussão
1.
No presente estudo podemos observar que a maior parte dos antimicrobianos
foram prescritos para crianças de 2 a 10 anos de idade. A maior utilização de
antimicrobianos nessa faixa etária deve se ao sistema imunológico imaturo das crianças,
além da facilidade de transmissão de agentes infecciosos nessa faixa etária devido a
aglomeração e contato muito próximo em creches e escolas (5).
2.
Outro fator importante a ser considerado ao observar a prescrição de
antimicrobianos para essa faixa etária é o emprego empírico pela classe médica, em
especial nas infecções respiratórias agudas, os leva a ter uma certa dificuldade de
diferenciar a etiologia viral ou bacteriana, assim leva à prescrição, inócua do
antimicrobiano (5).
3.
A amoxicilina foi o antimicrobiano mais prescrito aparecendo com 32 (26,44%)
das prescrições. De acordo com Abrantes et al. (8) a possível causa desse antibiótico ser
prescrito tantas vezes dever ser por ele ser de amplo espectro e baixa toxicidade,
constituindo tratamento de primeira escolha para vários quadros infecciosos, na atenção
primária. E outra causa por ele ser prescrito em maior escala que outros
antimicrobianos, seja devido a maior segurança em prescrevê-lo, por ser de
administração oral e boa tolerabilidade.
4.
E em relação a classe os β-lactâmicos foram os mais prescritos, a amoxicilina e a
cefalexina somadas correspondem a 43 (35,53%) das prescrições. É válido mencionar
que para essa classe de antimicrobianos, o pico de concentração não tem tanta
importância, mas, sim, a duração do tempo em que a concentração é mantida acima da
concentração inibitória mínima, sendo essencial atentar para a posologia e duração do
tratamento. Essa classe apresenta uma baixa toxicidade e um amplo espectro (8).
5.
O consumo predominante de penicilinas, no caso desse estudo que tem como
representante a amoxicilina, a prescrição de antibióticos dessa classe faz parte das atuais
recomendações da política de uso de antimicrobianos em atenção primária, pois reduz
significantemente os custos com a saúde. O uso adequado de penicilina é muito
eficiente, mas o problema está no uso abusivo do mesmo, que contribui para resistência
microbiana (4).
6.
De acordo com a Tabela 2 a segunda classe mais prescrita foi a dos macrolídeos,
a azitromicina e a eritromicina correspondendo a 36 (29,75%) das prescrições. Já em
outros estudos esses dois fármacos quase não aparecem em prescrições da atenção
primária. A eritromicina é um medicamento de uso restrito na atenção primária devido a
outras opções disponíveis, o que pode explicar seu aparecimento em baixo percentual
(8)
.
7.
Podemos destacar nesse estudo o grande número de prescrições de azitromicina
no período da pesquisa, que em outro estudo o mesmo foi prescrito em grande
quantidade segundo Oliveira (9). Em um estudo de revisão afirmam que a azitromicina é
indicada para tratamento de renite e faringite, mas no presente estudo a azitromicina se
destacou no tratamento de infecção das vias aéreas superiores não especificadas. E
também afirmam que os macrolídeos devem ser prescritos como alternativa para
pacientes com alergia a penicilinas e derivados que apresentem esse diagnóstico (9).
8.
A Política Nacional de Medicamentos define o Uso Racional de Medicamentos
(URM) como o processo que compreende a prescrição apropriada, a disponibilidade
oportuna e a preços acessíveis, bem como a dispensação em condições adequadas e o
consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e no período de tempo indicado
de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade (10).
9.
Em relação à escolha de um antibiótico, Oliveira et al. (7) explicitam que em
virtude do número de especialidades disponíveis, a seleção do fármaco mais apropriado
exige conhecimentos do prescritor sobre microbiologia, farmacologia e medicina
clínica.
10.
A OMS preocupada com o aumento da resistência microbiana tem recomendado
a elaboração de protocolos de uso de antimicrobianos em todos os níveis de cuidado.
Em seu guidelines há recomendações de abordagem de diferentes doenças infecciosas
muitas delas tratáveis na atenção básica (2).
No presente estudo foi observado que os antimicrobianos não foram prescritos pelo
nome genérico. De acordo com Oliveira et al (7), a prescrição pelo nome genérico é uma
estratégia da OMS para aumentar o acesso da população aos medicamentos e promover
o uso racional.
Conforme está exposto na Tabela 2, das cincos indicações clínicas para prescrição de
antimicrobianos quatro foram para tratamento de doenças do trato respiratória
(amigdalite, infecção das vias aéreas superiores não especificadas, otite e sinusite).
Amigdalite foi a que mais obteve prescrições de antimicrobianos um total de 28
(23,24%).
11.
Nessa linha de raciocínio, em consonância com estudo realizado por Tavares et
al. (2) ressalta-se que as doenças do trato respiratório são as que mais levam o paciente a
buscar atendimento médico e estão associadas a 75% do total das prescrições de
antimicrobianos e que a maioria são de etiologia viral e de acordo com recomendações
internacionais, o uso de antimicrobiano de rotina são inadequado para o possível
tratamento uma vez que os antimicrobianos de rotina são de uso restrito para pacientes
com suspeita confirmada de infecção bacteriana e para profilaxia quando as
consequências possam ser severas.
12.
As infecções de vias aéreas não especificadas foram a segunda indicação clinica
evidenciado em nosso estudo com 10 observações (8,26%). Abrantes et al (11)
consideram que o mais prudente é não se estabelecer um tratamento antibiótico, já que a
maioria das infecções de vias aéreas não especificadas são de etiologia viral.
13.
Ainda, de acordo com Abrantes et al (11) a associação sulfametoxazol +
trimetoprima, constitui terapêutica de escolha para tratar infecções no trato urinário. Em
nossa casuística, boa parte dessa associação foi prescrita para infecções no trato
urinário, seguindo protocolos terapêuticos preconizados.
Apesar das dificuldades de se estabelecer a etiologia das infecções, é de grande
importância que o diagnóstico seja baseado na história e no exame físico do paciente, e
que se deve utilizar meios de diagnóstico laboratorial em casos que for necessário, para
definição do diagnóstico, e que as ferramentas diagnósticas possam contribuir para a
utilização racional de antimicrobianos (11).
14.
Segundo Leão et al. (3) algumas interações medicamentosas foram encontradas
como, sulfametoxazol + Trimetoprima, a qual corresponde a 18 (48,64%) das possíveis
interações, amoxicilina + ibuprofeno, que corresponde 13 (35,13%) e a cefalexina +
ibuprofeno 6 (16,21%). Essas interações medicamentosas podem diminuir a eficácia do
tratamento além de provavelmente causar riscos a saúde. A interação entre
sulfametoxazol+trimetoprima e amoxicilina + ibuprofeno, quanto a gravidade podem
ser classificadas como moderada ou significante e cefalexina + ibuprofeno podem ser
classificada em menor ou não significante.
Ocorre com frequência a dificuldade de identificar interações medicamentosas,
devido a variabilidade observada entre os pacientes. Não se sabe muito sobre os fatores
de predisposição e de proteção que possa determinar se a interação irá acontecer ou não.
E também não sabem identificar o que acontece quando um paciente faz uso de dois
fármacos que potencialmente interagem entre si (12).
Existem algumas interações medicamentosas que apresentam um potencial para
causar danos irreversíveis, muitas são responsáveis por deterioração clínica do paciente
hospitalizações, aumento no tempo de internação, enquanto que outras são leves e não
exigem medidas especiais (13).
Um fator importante como causa de interações medicamentosas, atualmente, é a
automedicação. É inevitável para os pacientes que fazem uso de qualquer medicamento
ficar atento a ingestão concomitante com outro fármaco, pois um medicamento que
pode parecer inofensivo, quando associado pode causar grandes males à saúde (6).
É importante destacar ainda que o presente estudo apresentou algumas
dificuldades como fatores limitantes, dentre eles com destaque especial à falta de
algumas informações nos prontuários, como duração do tratamento, falta da hipótese
diagnóstica em uma grande parte dos prontuários, assim como ausência de dados
sociodemográficos para caracterização dos usuários que fazem uso de tais
medicamentos.
De acordo com Vasconcellos et al (14), o prontuário é definido como documento
único, formado por um conjunto de informações sinais e imagens registradas, geradas a
partir de fatos, acontecimentos e situações sobre o estado de saúde do paciente e a
assistência prestada a ele, é de caráter legal, cientifico e sigiloso. Com todas essas
informações contidas no prontuário é possível presta uma assistência de qualidade ao
usuário do sistema de saúde e contribuir para a avaliação do serviço prestado aos
pacientes e também para produção de trabalhos acadêmicos.
Faz-se
necessária
uma
avaliação
periódica,
bem
como
um
acompanhamento/monitoramento por parte dos profissionais de saúde diretamente
ligados ao manuseio desse importante e vital documento para que o mesmo possa de
fato servir de para uma melhor assistência prestada ao paciente tendo em vista a
necessidade de acompanhamento integral dos mesmos.
Conclusão
Foi possível evidenciar que a classe de antimicrobianos mais prescrito foi das
penicilinas (amoxicilina e cefalexiana). Os mesmo faz parte das atuais recomendações
da política de uso de antimicrobianos em atenção primária, devido seu baixo custo e
também por ter baixa toxicidade.
Houve um grande número de prescrição de antimicrobianos para faixa etária de
2 a 10 anos, esse grande número de prescrição pode ser por eles terem um sistema
imunológico em fase de amadurecimento, porem esse fator não descarta que a
prescrição inadequada de antimicrobianos esteja acontecendo. Desse modo, foi possível
evidenciar que provavelmente parte dos profissionais de saúde responsáveis pela
prescrição medicamentosa não estão cientes do problema que pode causar a prescrição
inadequada de antimicrobianos dada a identificação de possíveis interações
medicamentosas responsáveis por desencadear efeitos adversos de moderada gravidade.
Ressalta-se ainda que a falta de informações no prontuário do paciente, como a
duração do tratamento pode comprometer a continuidade da assistência prestada ao
indivíduo. As interações medicamentos podem trazer prejuízo para o paciente como
efeito indesejados e diminuir a eficácia do tratamento.
Nesse sentido, é imprescindível que os profissionais da saúde fiquem atento ao
exame clinico e físico do paciente, porque na maioria das vezes possivelmente estão
prescrevendo antibióticos para tratamento de etiologia viral. Destaca-se também a
necessidade de serem dispensadas orientações aos pacientes quanto ao uso correto dos
mesmos, orientá-los quanto ao tempo de duração do tratamento, a indicação clínica,
posologia, e que esses dados devem ser anotados nos prontuários do paciente para uma
possível continuidade de assistência adequada ao paciente.
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