CARACTERISTICAS DO CARBONO O átomo de carbono apresenta certas particularidades que o tornam diferente dos demais elementos químicos; esse fato foi percebido na metade do século XIX, inicialmente por Kekulé, e possibilitou uma melhor compreensão da estrutura das substâncias orgânicas. Dentre as principais características do átomo de carbono devemos citar: O CARBONO É TETRAVALENTENTE O número atômico do carbono é 6, e sua configuração eletrônica apresenta dois elétrons na camada K e quatro elétrons na camada L. Tendo quatro elétrons em sua última camada eletrônica, o carbono os compartilha com quatro elétrons de outros átomos, para que se complete o octeto, atingindo-se a configuração estável. Formam-se, desse modo, quatro ligações covalentes. A tetravalência do carbono foi reconhecida já em 1858 por Kekulé (é o denominado primeiro postulado de Kekulé). Por exemplo, a estrutura do metano (CH4) é: Além disso, é importante destacar que as quatro valências do carbono são iguais entre si. Assim, por exemplo, as quatro fórmulas exemplificadas a seguir representam, na realidade, um único composto, de fórmula molecular CH3Cl: A igualdade entre as quatro valências do carbono é conhecida como segundo postulado de Kekulé. O CARBONO PODE FORMAR LIGAÇÕES MULTIPLAS Nos exemplos anteriores (CH4 e CH3Cl), vimos o carbono formando uma única ligação — ligação simples — com cada átomo de hidrogênio ou de cloro. Entretanto, um átomo de carbono pode estabelecer duas ou três ligações com um segundo átomo, formando, respectivamente, uma ligação dupla ou uma ligação tripla. Por exemplo: O CARBONO LIGA-SE A VÁRIAS CLASSES DE ELEMENTOS QUÍMICOS O carbono está na coluna 4A, no “meio” do 2º período da Tabela Periódica: O carbono fica, portanto, a “meio caminho” entre os metais e os não - metais, isto é, entre os elementos eletropositivos e os eletronegativos. Não sendo nem eletropositivo nem eletronegativo, o carbono pode ligar-se ora a elementos eletropositivos (como o hidrogênio), ora a elementos eletronegativos (como o oxigênio). Na verdade, o hidrogênio sempre aparece nos compostos orgânicos típicos (são poucas as exceções, como, por exemplo, CCl4, C2Cl6, CCl2F2, etc.); depois do hidrogênio, os elementos mais frequentes, em compostos orgânicos, são o oxigênio e o nitrogênio. Por esse motivo, o carbono, o hidrogênio, o oxigênio e o nitrogênio costumam ser chamados de elementos organógenos, que significa “elementos formadores de compostos orgânicos”. É comum encontrarmos, ainda, outros elementos químicos, como enxofre, fósforo, halogênios (flúor, cloro, bromo, iodo) e até certos metais (como o ferro, o magnésio etc.) ligados a um átomo de carbono. Desse fato resulta o costume de se classificarem os compostos orgânicos em: • Compostos binários, quando encerram dois elementos químicos (por exemplo: C e H); • Compostos ternários, quando encerram três elementos químicos (por exemplo: C, H e O); • Compostos quaternários, quando encerram quatro elementos químicos (por exemplo: C, H, O e N); e assim por diante. O CARBONO PODE FORMAR CADEIAS O átomo de carbono tem uma capacidade extraordinária de se ligar a outros átomos — de hidrogênio, de carbono, de oxigênio, de nitrogênio etc.—formando encadeamentos ou cadeias curtas ou longas e com as mais variadas disposições (esse fato é conhecido como terceiro postulado de Kekulé). São exatamente essas cadeias que irão constituir o “esqueleto” das moléculas das substâncias orgânicas. Existem outros elementos químicos que conseguem formar encadeamentos, como, por exemplo, o enxofre, o fósforo etc. Entretanto, nenhum elemento químico apresenta a capacidade de formar cadeias tão longas, variadas e estáveis como o carbono. A capacidade de formar cadeias juntamente com as características anteriormente descritas (tetravalência, formação de ligações simples, duplas e triplas, e ligação com elementos eletropositivos ou eletronegativos) explicam a razão de o carbono ser capaz de formar um número enorme de compostos. CLASSIFICAÇÃO DOS ÁTOMOS DE CARBONO EM UMA CADEIA Conforme a posição em que se encontram na cadeia, os átomos de carbono classificam-se em: 1. Carbono primário: quando está ligado apenas a um outro átomo de carbono 2. Carbono secundário: quando está ligado a dois átomos de carbono 3. Carbono terciário: quando está ligado a três outros átomos de carbono 4. Carbono quaternário: quando está ligado a quatro outros átomos de carbono Por exemplo, na cadeia orgânica simplificada a baixo: • são carbonos primários: 1, 7, 8, 9, 10, 12 e 13; • são carbonos secundários: 5 e 6; • são carbonos terciários: 2, 4 e 11; • é carbono quaternário: 3. TIPOS DE CADEIA ORGÂNICA A existência de uma grande variedade de cadeias orgânicas nos obriga a classificá-las segundo vários critérios: 1. Quanto ao fechamento da cadeia; 2. Quanto à disposição dos átomos; 3. Quanto aos tipos de ligação; 4. Quanto à natureza dos átomos QUANTO AO FECHAMENTO DA CADEIA • Cadeia aberta ou acíclica: Quando o encadeamento dos átomos não sofre nenhum fechamento. Cadeia fechada ou cíclica: Quando há fechamento na cadeia, formando-se um ciclo, núcleo ou anel. QUANTO À DISPOSIÇÃO DOS ÁTOMOS • Cadeia normal: Quando o encadeamento segue uma sequencia única só aparecendo carbonos primários e secundários. Cadeia ramificada: Quando na cadeia surgem ramos ou ramificações. Além de carbonos primários e secundários devemos ter carbonos terciários e/ou quaternários. QUANTO AO TIPO DE LIGAÇÃO • Cadeia saturada: Quando só existem ligações simples entre os átomos de carbono. (Esta última é saturada porque a dupla ligação está fora da cadeia ocorrendo entre o carbono e o oxigênio.) • Cadeia insaturada: Quando, além das ligações simples, aparecem ligações duplas ou triplas. QUANTO À NATUREZA DOS ÁTOMOS Cadeia homogênea: Quando na cadeia só existem átomos de carbono. (Esta última é homogênea porque o oxigênio está fora da cadeia.) • Cadeia heterogênea: Quando na cadeia, além dos átomos de carbono, existem outros átomos (heteroátomos). É importante entender que as quatro classificações anteriores são independentes, isto é, uma não exclui as outras. Exemplificando: TIPOS DE CADEIA DOS AROMATICOS Dentre as numerosas cadeias cíclicas que aparecem na Química Orgânica, uma das mais importantes é a que se denomina núcleo (ou anel) benzênico, nome proveniente do composto mais simples que apresenta esse anel — o benzeno (C6H6): O anel benzênico forma os denominados compostos aromáticos, que se subdividem em: a) compostos aromáticos mononucleares ou mononucleados, quando contêm um único anel benzênico; por exemplo: b) compostos aromáticos polinucleares ou polinucleados, quando contêm vários anéis benzênicos, que se subdividem em: • polinucleares isolados, quando os anéis não possuem átomos de carbono em comum, como, por exemplo: • polinucleares condensados, quando os anéis possuem átomos de carbono em comum, como, por exemplo: O número de compostos aromáticos conhecido é tão grande que praticamente determinou, dentro da Química Orgânica, uma nova divisão, denominada Química dos Aromáticos. Disso resulta outra classificação muito comum, que divide os compostos orgânicos em: 1. compostos alifáticos (os que têm cadeias abertas); 2. compostos alicíclicos (os que têm cadeias cíclicas que não sejam anéis benzênicos); 3. compostos aromáticos (os que têm anéis benzênicos). REFERÊNCIAS 1. Feltre, Ricardo, 1928- .Química / Ricardo Feltre. — 6. ed. — São Paulo : Moderna, 2004.