Reino Animal O Reino Animalia é definido segundo características comuns a todos os animais: organismos eucariontes, multicelulares, heterotróficos, que obtêm seu alimento por ingestão de nutrientes do meio. Mesmo dentro de critérios assim tão amplos, podemos encontrar exceções, em funções de fatores diversos, como a adaptação de organismos a meios de vida especiais. É o que ocorre, por exemplo, com alguns endoparasitas que perderam a capacidade de ingestão de nutrientes, obtendo-os por absorção direta dos líquidos do corpo dos organismos parasitados. Todos os animais começam seu desenvolvimento a partir de uma célula-ovo ou zigoto, que surge da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Assim, a reprodução sexuada sempre está presente nos ciclos de vida dos animais. Isso não significa que a reprodução assexuada não aconteça; ela ocorre e é muito importante em alguns grupos. A partir do zigoto, inicia-se o desenvolvimento embrionário, que passa pelas fases de mórula, blástula e gástrula. São vários os tipos de desenvolvimento embrionário, mas, apenas para exemplificação, vamos representar a seguir todas essas fases, desde o zigoto até a gástrula, considerando o padrão mais fácil para o entendimento básico de como elas ocorrem. Alguns animais desenvolvem-se até um conjunto de células que não chega a formar tecidos verdadeiros, enquanto a maioria atinge níveis de organização superiores a tecidos, tais como órgãos e sistemas. É possível, assim, distinguir dois grandes grupos: Parazoa (parazoário; pará = ao lado, zoa = animal): representado pelos Porifera (esponjas), no qual não há a formação de tecidos verdadeiros. Eumetazoa (eumetazoários; eu = verdadeiros, metazoário = animal): representados por todos os outros animais que possuem tecido diferenciado. Dentre os Eumetazoa distinguem-se dois outros grupos: o dos organismos que não passam do nível de organização superior a tecidos, do qual fazem parte os cnidários, e o dos organismos que já apresentam os órgãos em sistemas definidos, compreendendo a maioria dos Eumetazoa. Filos do Reino Animal O reino animal é dividido em diversos filos, sendo os principais: poríferos, cnidários, platelmintos, nematódeos ou nematelmintos, anelídeos, moluscos, artrópodes, equinodermos e cordados (vertebrados). Animais Invertebrados Os animais invertebrados são representados por inúmeros filos com características bem diferentes, mas todos são pluricelulares e não possuem parede celular, a saber: Poríferos: Animais primitivos de água doce ou salgada. São organismos que não possuem órgãos, nem capacidade de locomoção e a reprodução pode ser sexuada ou assexuada. Exemplos: esponjas. Cnidários: Vivem em água doce ou salgada e alguns deles possuem capacidade de locomoção enquanto outros são sésseis(fixos). Uma característica que os torna peculiares é que os cnidários possuem os “cnidócitos”, ou seja, células urticantes. Alguns exemplos são os corais, as anêmonas e águas vivas (medusas). Platelmintos: Possuem corpo achatado e podem ser de vida livre ou parasitas. Exemplo: tênias, solitárias, esquistossomos e planárias. Nematódeos ou nematelmintos: Possuem corpo cilíndrico e podem ser de vida livre ou parasitas (humanos e de plantas). Exemplo: lombrigas, oxíuros e outros vermes. Anelídeos: Possuem corpo segmentado, composto de anéis. Vivem em habitats úmidos na terra e nas águas doces ou salgadas. Exemplos: minhocas, poliquetas e sanguessugas. Moluscos: Animais de corpo mole com presença de concha, pode ser interna (lulas e polvos) ou externa (caramujos, mexilhões) que habitam água (doce ou salgada) e terras úmidas. Exemplo: mexilhões, polvos, lulas, lesmas, ostras, caramujos. Artrópodes: Os artrópodes compreendem um filo muito diversificado. São caracterizados pelo corpo segmentado e presença de exoesqueleto de quitina. Os principais são: o Insetos: borboletas, abelhas, baratas, moscas; o Aracnídeos: aranhas, ácaros, escorpiões, carrapato; o Crustáceos: lagostas, caranguejos, siris, camarões; o Quelópodes: lacraia; o Diplópodes: piolho-de-cobra. Equinodermos: Animais marinhos com presença de exoesqueleto calcário e sistema hidrovascular. O corpo deles possui simetria pentarradial (5 lados iguais). Exemplos: pepinos-do-mar, estrelas-do-mar, ouriços-do-mar. Animais Vertebrados Os animais vertebrados são pertencentes ao Filo dos Cordados (Chordata), marcados pela presença da medula espinhal e coluna vertebral. São divididos em 5 classes, a saber: Peixes: Corpo coberto por escamas e respiração branquial (retiram oxigênio da água). Não controlam a temperatura do corpo(pecilotérmicos). Exemplos: dourado, arraia, tubarão. Anfíbios: Animais que dependem da água na fase larval (respiração branquial) e passam por uma metamorfose corporal na vida adulta e adquirem a respiração pulmonar, é o caso dos sapos, rãs, pererecas e salamandras. São pecilotérmicos. Répteis: Possuem respiração pulmonar e corpo coberto de escamas ou carapaça. Podem viver na água ou na terra e são pecilotérmicos. Exemplos: tartarugas, jacarés e lagartos. Aves: Corpo coberto de penas e respiração pulmonar, controlam a temperatura do corpo (homeotérmicos). Exemplos: galinha, avestruz, ema, pinguim, papagaio, beija-flor. Mamíferos: Presença de pelos, homeotérmicos e respiração pulmonar, as fêmeas alimentam os filhotes por glândulas mamárias. Exemplos: seres humanos, gatos, cachorros, morcegos. Características e Classificação dos Cordados Todo cordado apresenta, pelo menos em alguma fase de sua existência: notocorda, situada ao longo do eixo mediano dorsal do animal; um tubo nervoso localizado dorsalmente, acima da notocorda; fendas situadas bilateralmente na faringe; cauda pós-anal, primariamente importante para a propulsão no meio aquático. Dela, apenas um vestígio - o cóccix, formado de um conjunto de vértebras pequenas no fim da coluna vertebral - restou nos seres humanos. Nos cordados, a caracterização deve ser procurada na fase embrionária. É nessa fase que todo o cordado apresenta as quatro características típicas do grupo: notocorda, tubo nervoso dorsal, fendas na faringe e cauda pós-anal. Na fase adulta dos vertebrados mais complexos, essas estruturas ou desaparecem, como é o caso da notocorda e das fendas na faringe, ou sofrem consideráveis modificação, como é o caso do tubo nervoso, que passa por uma grande expansão, levando à diferenciação do encéfalo e da medula espinhal. Uma classificação satisfatória dos cordados consiste em agrupá-los em três subfilos: Urochordata, Cephalochordata e Vertebrata (ou Craniata). Os urocordados e os cefalocordados também são conhecidos como protocordados. Os protocordados não possuem crânio, nem cartilagem, tampouco ossos. Urochordata ou Tunicata: Neste subfilo dos urochordatas, também reconhecidos como tunicados – devido ao envoltório de seu corpo que é composto por uma túnica espessa – temos como mais conhecidos as ascídias, que são cordados marinhos que vivem tanto isolados como em colônias. Assim como nos anfioxos – tópico a seguir – esses animais possuem as fendas branquiais bem desenvolvidas. As ascídias são livres e natantes durante a fase larval, mas quando adultos Ascídias são fixos. Sua alimentação é feita por meio da água que entra no animal pelo sifão inalante. Muitos dos tunicados são sésseis, assim como as ascídias, vivendo fixos e filtrando partículas devido à corrente de água que produzem. No entanto, existem outros como as salpas que são bem pequenos e agrupam-se em colônias gelatinosas, mas movem-se por meio das correntes. Cephalochordata – anfioxo: Os cefalocordados podem ser facilmente representados pelos animais que conhecemos pelo nome de anfioxos – nome derivado dos animais terem o corpo afilado em duas pontas, pois anfi = dois -. Com aproximadamente trinta espécies, os anfioxos vivem no mar. Com um tamanho pequeno – de até 8 cm de comprimento – esses animais possuem um corpo semelhante ao de um peixe, mas vivem semienterrados na areia mantendo somente a parte anterior para fora, normalmente em locais com águas limpas e calma. Nos cefalocordados, a fecundação é externa e Anfioxo o sistema circulatório é formado por vasos – sendo que os contráteis são responsáveis pela propulsão do sangue, pois não possuem coração. Vertebrata ou craniata: Entre os vertebrados, os mais primitivos são os que possuem boca circular, não-dotada de mandíbulas. Estes compõem os grupos dos vertebrados amandibulados ou ágnatos (do grego, a = ausência de + gnathos = maxila). Por possuírem boca circular, também são conhecidos por ciclostomados (do grego, kúklos = circulo + stoma = boca). Os exemplares mais conhecidos atualmente são as lampreias. Nos vertebrados mais complexos, a boca possui mandíbulas. São os gnatostomados, que incluem Lampreia dois grupos: o dos peixes - que, por sua vez, contém a classe dos peixes cartilaginosos e dos peixes ósseos - e o dos tetrápodos (do grego, tetra =quatro +podos = pés), assim chamados por possuírem apêndices locomotores pares (inclui os anfibios, répteis, aves e mamíferos). Filo dos Poríferos Também conhecidos como esponjas, os poríferos (do Latim porus "poro" e ferre "carregar") são animais que não possuem tecidos bem definidos e não apresentam órgãos e nem sistemas. São exclusivamente aquáticos, predominantemente marinhos, mas existem algumas espécies que vivem em água doce. Os poríferos vivem fixos a rochas ou a estruturas submersas, como conchas, onde podem formar colônias de coloração variadas. Podem ser encontrados desde as regiões mais rasas das praias até profundidades de aproximadamente 6 mil metros. Alimentam-se de restos orgânicos ou de microorganismos que capturam filtrando a água que penetra em seu corpo. Por sua vez, servem de alimento para algumas espécies de animais, como certos moluscos, ouriços-do-mar, estrelas-do-mar, peixes e tartarugas. A estrutura e a organização dos poríferos O corpo de um porífero possui células que apresentam uma certa divisão de trabalho. Algumas dessas células são organizadas de tal maneira que formam pequenos orifícios, denominados poros, em todo o corpo do animal. Observe no esquema abaixo que a água penetra no corpo do animal através dos vários poros existentes em seu corpo. Ela alcança então uma cavidade central denominada átrio. Observe também que a parede do corpo é revestida externamente por células achatadas que formam a epiderme. Já internamente, a parede do corpo é revestida por células denominadas coanócitos. Cada coanócito possui um longo flagelo. O batimento dos flagelos promove um contínuo fluxo de água do ambiente para o átrio do animal. A essa água estão misturados restos orgânicos e microorganismos, que são capturados e digeridos pelos coanócitos. O material digerido é então distribuído para as demais células do animal. Como a digestão ocorre no interior de células, diz-se que os poríferos apresentam digestão intracelular. Os poríferos são animais filtradores, já que filtram a água que penetra em seu corpo, retirando dela alimento e gás oxigênio. Depois disso, a água com resíduos do metabolismo desses animais é eliminada para o ambiente por meio de uma abertura denominada ósculo. O esqueleto das esponjas é formado por diversos tipos de substâncias. Entre elas destacam-se as espículas de calcário ou de sílica, com formas variadas, e uma rede de proteína chamada espongina. Em certas esponjas, o esqueleto não possui espículas, mas tem a rede de espongina bastante desenvolvida. As esponjas desse tipo é que foram muito utilizadas no passado para banho e limpeza doméstica. A reprodução dos Poríferos A reprodução dos poríferos pode ser assexuada ou sexuada. Assexuada - Ocorre, por exemplo, por brotamento. Neste caso, formam-se brotos, que podem se separar do corpo do animal e dar origem a novas esponjas. Conforme esquema abaixo. Sexuada. Neste caso, quando os espermatozóides (gametas masculinos) estão maduros, eles saem pelo ósculo, junto com a corrente de água, e penetram em outra esponja, onde um deles fecunda um óvulo (gameta feminino). Após a fecundação, que é interna, forma-se uma célula ovo ou zigoto, que se desenvolve e forma uma larva. A larva sai do corpo da esponja, nada com a ajuda de cílios e se fixa, por exemplo, numa rocha, onde se desenvolve até originar uma nova esponja. Tipos morfológicos Exercícios 1- Os poríferos, quanto ao seu modo de vida, são animais sésseis, por quê? 2- Os poríferos, assim como ocorre em outros animais, têm grande capacidade de regeneração. Essa regeneração ocorre pela presença de células totipotentes capazes de se multiplicar originando outras células. Qual o nome dessas células? a) porócito b) amebócito c) coanócito d) escleroblasto e) espongina 3- As esponjas são animais que vivem no ambiente marinho e na água doce, alimentando-se por filtração. A água, nesses seres, entra pelos poros presentes no seu corpo e saem pelo: a) ósculo. b) coanócito. c) porócito. d) pinacócito. 4- (Fuvest-SP) A característica abaixo que não condiz com os poríferos é: a) respiração e excreção por difusão direta. b) obtenção de alimentos a partir das partículas trazidas pela água que penetra através dos óstios. c) habitat aquático, vivendo presos ao fundo. d) células organizadas em tecidos bem definidos. e) alta capacidade de regeneração. 5- (UFPI) Assinale as características que tornam os organismos do filo Porifera bem diferentes daqueles de outros filos animais. a) Não podem se reproduzir. b) As formas adultas são sésseis. c) Não respondem a estímulos externos. d) Alimentam-se através de mecanismos de filtração. e) Suas células não são organizadas em tecidos. 6- (UNIRIO) Qual das alternativas abaixo justifica a classificação das esponjas no sub-reino Parazoa? a) Ausência de epiderme. b) Ocorrência de fase larval. c) Inexistência de órgãos ou de tecidos bem definidos. d) Hábitat exclusivamente aquático. e) Reprodução unicamente assexuada. 7- (FUND. CARLOS CHAGAS) Células que revestem externamente as esponjas e as que revestem a espongiocela são, respectivamente: a) amebócitos e espículas; b) pinacócitos e coanócitos; c) coanócitos e pinacócitos; d) arqueócitos e espículas; e) pinacócitos e amebócitos. 8- Como ocorre o movimento da água no interior das esponjas? Qual a função dos poros desses animais? 9- Como ocorre a digestão nos poríferos? 10- De que forma ocorre a troca de gases nas esponjas? GABARITO: 1- A palavra séssil vem do latim e significa diretamente ligado. Os poríferos não apresentam órgão de locomoção e vivem, geralmente, presos a substratos, como rochas e conchas, permanecendo sozinhos ou formando colônias de variadas formas e cores; 2- b; 3- a; 4- d; 5- e; 6- c; 7- b; 8- As esponjas são animais filtradores. Elas fazem com que a água entre através dos poros presentes na lateral do corpo. Em seguida, a água circula pelo interior da cavidade central do animal, saindo pelo ósculo.; 9- Com relação a digestão, as esponjas são diferentes em relação aos outros animais. Elas apresentam digestão exclusivamente intracelular. Isto ocorre devido ao fato desses organismos não possuírem um sistema digestório com enzimas digestivas especializadas. Vale salientar que este fator limita e muito o tamanho do alimento ingerido por esses animais; 10- A troca gasosa nesses animais acontece por difusão, onde o oxigênio passa do meio externo para dentro das células e o gás carbônico faz o caminho inverso. Filo Cnidaria O filo Cnidária (cnidários) está representado pelas hidras, medusas ou águavivas, corais e anêmonas-do-mar. Os cnidários são os primeiros animais a apresentarem uma cavidade digestiva no corpo, fato que gerou o nome celenterado, destacando a importância evolutiva dessa estrutura, que foi mantida nos demais animais. A presença de uma cavidade digestiva permitiu aos animais ingerirem porções maiores de alimento, pois nela o alimento pode ser digerido e reduzido a pedaços menores, antes de ser absorvido pelas células. Com base no aspecto externo do corpo, os cnidários apresentam simetria radial. Eles são os primeiros animais na escala evolutiva a apresentarem tecidos verdadeiros, embora ainda não cheguem a formar órgãos. No filo cnidária existem basicamente dois tipos morfológicos de indivíduos: Medusas: possuem um corpo gelatinoso em forma de guarda-chuva com a boca localizada na parte inferior, tem vida livre e nada ativamente. Possui tentáculos longos que estão distribuídos ao redor da boca e nas bordas do corpo. Algumas medusas são microscópicas, mas há espécies muito grandes, cujos tentáculos chegam a atingir vários metros de comprimento. Pólipos: tem corpo cilíndrico, com a extremidade inferior fechada, por onde o animal se fixa a um substrato qualquer, ou seja, são animais sésseis. A outra extremidade é aberta e nela há uma boca, geralmente rodeada por tentáculos. Eles podem viver isolados ou em colônias. Os polipos e as medusas, formas aparentemente muito diferentes entre si, possuem muitas características em comum. A estrutura e organização Nos cnidários existe um tipo especial de célula denominada cnidócito, que apesar de ocorrer ao longo de toda a superfície do animal, aparece em maior quantidade nos tentáculos. Ao ser tocado o cnidócito lança o nematocisto, estrutura penetrante que possui um longo filamento através do qual o líquido urticante contido em seu interior é eliminado. Esse líquido pode provocar sérias queimaduras no homem. Essas células participam da defesa dos cnidários contra predadores e também da captura de presas. Valendo-se das substâncias produzidas pelos cnidócitos, eles conseguem paralisar imediatamente os pequenos animais capturados por seus tentáculos. Foi a presença do cnidócito que deu o nemo ao filo Cnidaria (que têm cnida = urtiga). Tanto o pólipo como a medusa apresentam uma boca que se abre na cavidade gastrovascular, mas não possuem ânus. O alimento ingerido pela boca cai na cavidade gastrovascular, onde é parcialmente digerido e distribuido (daí o nome gastro, de alimentação, e vascular, de circulação). Após a fase extracelular da digestão, o alimento é absorvido pelas células que revestem a cavidade gastrovascular, completando a digestão. A digestão é portanto, em parte extracelular e em parte intracelular. Os restos nãoaproveitáveis são liberados pela boca. Na região oral, estão os tentáculos, que participam na captura de alimentos. As camadas de célula que ocorrem nos cnidários são: - epiderme, que reveste o corpo externamente; - gastroderme, que reveste a cavidade gastrovascular; - mesogleia: uma camada gelatinosa existente entre a epiderme e a gastroderme. Essa camada é mais abundante nas medusas do que nos pólipos e, por isso, as medusas têm aspecto gelatinoso, fato que lhes rendeu a denominação popular de "águas-vivas". Os cnidários são os primeiros animais a apresentarem células nervosas (neurônios). Nesses animais, os neurônios dispõem-se de modo difuso pelo corpo, o que é uma condição primitiva entre os animais. Os cnidários apresentam movimentos de contração e de extensão do corpo, além de poderem apresentar deslocamentos. São, portanto, os primeiros animais a realizarem essas funções. A capacidade de alterar a forma do corpo, determinando movimentos e deslocamentos, deve-se à presença de células especiais com funções de contração e distensão, mas que não são células musculares verdadeiras, na medida em que estas surgem a partir da mesoderme, que só ocorre em animais triblásticos. A respiração e a excreção ocorrem por difusão através de toda a superfície do corpo, já que não existem estruturas especiais relacionadas a esses processos. Reprodução Assexuada: em geral, feita por brotamento. Formam-se “brotos” em determinadas regiões do corpo do animal que pode se manter unido à forma parental, formando colônias, ou se destacar e apresentar vida independente. Esse processo de multiplicação, em que não ocorre variabilidade genética, é propício nos ambientes estáveis e em épocas favoráveis do ano, em que as hidras estão bem alimentadas. Sexuada: A hidra é hermafrodita. Alguns testículos e apenas um ovário são formados, principalmente em épocas desfavoráveis do ano, a partir de células indiferenciadas existentes no corpo. O único óvulo produzido é retirado do ovário. Os espermatozóides são liberados na água e vão a procura do óvulo. A fecundação ocorre no corpo da hidra. O zigoto formado é circundado por uma espessa camada quitinosa (de consistência semelhante ao esqueleto de quitina dos insetos) e, após certo tempo de desenvolvimento, o embrião, envolto pela casca protetora, destaca-se do corpo da hidra e permanece dentro da casca durante toda a época desfavorável. Com a chegada da estação favorável, rompe-se a casca e emerge uma pequena hidra que cresce até atingir a fase adulta. Não há larva. O desenvolvimento é direto. Alternância de Gerações: Algumas espécies de cnidários apresentam ciclo de vida complexo, onde se alternam gerações de pólipo e de medusa. Fala-se, nesse caso, em alternância de gerações ou metagênese. Por exemplo, na Obelia, a reprodução ocorre durante um ciclo em que se alternam pólipos (fase assexuada e duradoura) e medusas (fase sexuada e pouco duradoura). Dois tipos de pólipos existem em um polipeiro (colônia): o nutridor e o reprodutor. Os reprodutores geram medusas por brotamento. Essas, de pequeno tamanho, produzem gametas que se encontram na água (fecundação externa). Forma-se o zigoto, ocorre o desenvolvimento embrionário e surge uma larva ciliada, a plânula, que constitui uma importante forma de dispersão da espécie. Fixando-se a um substrato apropriado, a larva transforma-se em um novo pólipo, que acaba gerando novo polipeiro. Exercícios 1- Grande parte dos cnidários passa por dois estágios na vida: o de pólipo e de medusa. A respeito do ciclo de vida desses animais, marque a alternativa incorreta. a) Os pólipos, na maioria das vezes, são sésseis, ou seja, ficam presos ao substrato. b) As medusas geralmente são natantes. c) Pólipos e medusas apresentam boca, porém não possuem ânus. d) Apenas as medusas apresentam tentáculos. e) Algumas espécies de pólipos são capazes de se mover pelo substrato. 2- (UNICAMP-SP) Os celenterados ou cnidários são animais aquáticos que apresentam formas diferentes de acordo com o modo de vida. Estas formas estão esquematizadas em corte longitudinal mediano. a) Como são denominadas as formas I e II? b) Dê exemplos de um animal que apresente a forma de corpo I e de um animal que apresente a forma II. 3- (Pucpr) Em relação ao ‘Phylum Cnidária’, foram feitas as seguintes proposições: I. Os cnidários são aquáticos, diblásticos e com simetria radial, sendo encontrados em duas formas: pólipos (fixos) e medusa (livres). II. A digestão nos cnidários é extra e intracelular e não há aparelho respiratório, circulatório ou excretor e o sistema nervoso é difuso. III. Nos cnidários, a reprodução sexuada ocorre por brotamento ou estrobilização. IV. Os corais e a anêmona-do-mar são exemplos da classe dos cifozoários. Assinale a alternativa correta: a) Todas estão INCORRETAS. b) Apenas III e IV estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Todas estão corretas. e) Apenas I e II estão corretas. 4- (Uece) Assinale a estrutura anatômica encontrada apenas nos celenterados: a) pé ambulacrário b) cnidoblasto c) espícula d) célula-flama 5- Por que o sistema digestório destes animais é denominado incompleto? 6- Qual é o tipo de digestão que ocorre nos cnidários? 7- O que são cnidócitos? Qual o nome da cápsula presente no interior do cnidócito? Qual a função biológica destas estruturas? 8- O que é metagênese? Qual o outro nome deste processo? GABARITO: 1- d; 2a- I é denominado de pólipo e II de medusa.; 2b- A forma de pólipo é predominante nos animais da classe Hidrozoa como a Hydra, Obelia sp e caravela. Os animais da classe Antohozoa somente possuem a forma de pólipo como os corais e anêmonas. A forma de medusa é predominante nos animais da classe Scyphozoa, cujo exemplo é a água-viva (Aurélia sp). 3- e; 4- b; 5- O sistema digestório incompleto é aquele no qual a cavidade digestória apresenta apenas uma abertura, que neste caso é boca. Não há anus nesses organismos; 6- Estes animais possuem uma cavidade digestória, sendo que eles fazem uma parte da digestão nesta cavidade (meio extracelular) e a outra parte dentro das células (meio intracelular); 7-Os cnidócitos são células especializadas presentes nos cnidários. Elas são encontradas na epiderme destes animais e contém uma substância tóxica que pode queimar, paralisar e até mesmo matar outros animais. Cada cnidócito possui uma cápsula interna conhecida como nematocisto, onde a substância tóxica fica armazenada. Quando um cnidócito é estimulado ele faz com que o nematocisto exponha um filamento contendo a toxina. Os cnidócitos e os seus nematocistos exercem a função de defesa do animal contra uma possível agressão externa e para ajudar estes na captura das presas; 8- Metagênese é um ciclo de vida onde há duas diferentes formas de organismos para a mesma espécie, no caso dos cnidários o pólipo e a medusa. Na fase de medusa ocorre a gametogênese e os gametas formados fecundam formando o zigoto (reprodução sexuada). Este por sua vez, se desenvolve originando o pólipo. O pólipo faz um tipo de reprodução assexuada denominada estrobilação que origina as medusas novamente. A metagênese também é conhecida como alternância de gerações. Filo dos Platelmintos Os platelmintos (do grego platy, “chato”, e helmins, “verme”), conhecidos como vermes achatados, são animais que apresentam um grau mais elevado de evolução, quando comparados aos poríferos e aos cnidários. Houve um progresso na organização corporal com a presença de alguns sistemas, o que praticamente não existe nos outros grupos. Outra característica importante desses animais é a simetria bilateral: possuem lado direito e lado esquerdo, região anterior e posterior, região ventral e região dorsal. Os platelmintos, que compreendem em torno de 15 mil espécies, vivem principalmente em ambientes aquáticos, como oceanos, rios e lagos; são encontrados também em ambientes terrestres úmidos. Alguns têm vida livre, outros parasitam animais diversos, especialmente vertebrados. Medindo desde alguns milímetros até metros de comprimento, os platelmintos possuem tubo digestório incompleto, ou seja, têm apenas uma abertura - a boca-, por onde ingerem alimentos e eliminam as fezes; portanto, não possuem ânus. Alguns nem tubo digestório têm e vivem adaptados à vida parasitária, absorvendo, através da pele, o alimento previamente digerido pelo organismo hospedeiro. A excreção é realizada através das células-flama (protonefrídios), que realizam a excreção para a superfície do corpo. Os platelmintos secretam amônia. Esses animais não possuem sistema respiratório. Nos platelmintos de vida livre as trocas são feitas por difusão. Já nos parasitas ela é feita de forma anaeróbica, ou seja, não utiliza oxigênio. Entre os muitos exemplos de platelmintos vamos estudar as planárias, as tênias e os esquistossomos. A Planária A planária é um platelminto de vida livre encontrado nas águas doces de rios, lagos e fontes. Nesses locais vive junto a parte inferior de plantas, troncos submersos e rochas. Medindo cerca de 1,5 cm de comprimento, esses platelmintos podem ser encontrados em córregos, lagos e lugares úmidos. Locomovem-se com ajuda de cílios e alimentam-se de moluscos, de outros vermes e de cadáveres de animais maiores, entre outros exemplos. Na região anterior do corpo da planária localizam-se a cabeça e os órgãos dos sentidos: ocelos, estruturas capazes de detectar contrastes entre claro e escuro, mas que não formam imagens; órgãos auriculares, expansões laterais da cabeça capazes de perceber sensações gustatórias e olfatórias, auxiliando o animal na localização do alimento. A planária adulta é hermafrodita, isto é, apresenta tanto o sistema genital feminino quanto masculino. Quando duas planárias estão sexualmente maduras e se encontram, elas podem copular. Após a troca de espermatozóides através dos poros genitais, os animais se separam e os ovos são eliminados para o meio externo. No interior de cada ovo, encerrado em cápsulas, desenvolve-se um embrião, que se transforma em uma jovem planária. As planárias tem grande poder de regeneração. Cortando-se o animal em alguns pedaços, cada um deles pode dar origem a uma planária inteira. Observe o esquema a baixo. As Tenias e a Teníase A teníase é uma doença causada pela forma adulta das tênias (Taenia solium, do porco e Taenia saginata, do boi). As tênias também são chamadas de "solitárias", porque, na maioria dos casos, o portador traz apenas um verme adulto. São altamente competitivas pelo habitat e,sendo hermafroditas com estruturas fisiológicas para autofecundação, não necessitam de parceiros para a cópula e postura de ovos. O homem portador da verminose apresenta a tênia no estado adulto de seu intestino, sendo, portanto, o hospedeiro definitivo. Os últimos anéis ou proglótides são hermafroditas e aptos à fecundação. Geralmente, os espermatozóides de um anel fecundam os óvulos de outro segmento, no mesmo animal. A quantidade de ovos produzidos é muito grande (30 a 80 mil em cada proglote), sendo uma garantia para a perpetuação e propagação da espécie. Os anéis grávidos se desprendem periodicamente e caem com as fezes. O hospedeiro intermediário pode ser o porco ou o boi (depende da espécie de tênia). Nesse caso, o animal ingere os proglótides grávidos ou os ovos que foram liberados no meio. Dentro do intestino do animal, os embriões deixam a proteção dos ovos e, por meio de seis ganchos, perfuram a mucosa intestinal. Pela circulação sangüínea, alcançam os músculos e o fígado do porco, transformando-se em larvas denominadas cisticercos. Quando o homem se alimenta de carne suína crua ou mal cozida contendo estes cisticercos, o verme irá se desenvolver nas paredes intestinais e assim a pessoa terá a doença teníase, ou seja, terá o helminte no estado adulto, e é o seu hospedeiro definitivo. Entretanto, além de hospedeiro definitivo, o homem também pode atuar como hospedeiro intermediário, neste caso, ocorrerá uma doença chamada cisticercose humana. Esta é uma doença gravíssima, uma vez que, os cisticercos se dirigem ao sistema nervoso central e, nesta região, ocasionam uma série de danos e o mais grave deles pode ser o óbito. Veja o quadro que melhor exemplifica este ciclo: Muitas vezes a teníase é assintomática. Porém, podem surgir transtornos dispépticos, tais como: alterações do apetite (fome intensa ou perda do apetite), enjôos, diarréias freqüentes, perturbações nervosas, irritação, fadiga e insônia. A profilaxia consiste na educação sanitária, em cozinhar bem as carnes e na fiscalização da carne e seus derivados (lingüiça, salame, chouriço,etc.) Esquistossomos e a Esquistossomose / Barriga d'água Infecção causada por verme parasita da classe Trematoda. Ocorre em diversas partes do mundo de forma não controlada (endêmica). Nestes locais o número de pessoas com esta parasitose se mantém mais ou menos constante. Os parasitas desta classe são cinco, e variam como agente causador da infecção conforme a região do mundo. No nosso país a esquistossomose é causada pelo Schistossoma mansoni. O principal hospedeiro e reservatório do parasita é o homem, sendo a partir de suas excretas (fezes e urina) que os ovos são disseminados na natureza. Possui ainda um hospedeiro intermediário que são os caramujos, caracóis ou lesmas, onde os ovos passam a forma larvária (cercária). Esta última dispersa principalmente em águas não tratadas, como lagos, infecta o homem pela pele causando uma inflamação da mesma. Já no homem o parasita se desenvolve e se aloja nas veias do intestino e fígado causando obstrução das mesmas, sendo esta a causa da maioria dos sintomas da doença que pode ser crônica e levar a morte. Veja abaixo a imagem que melhor representa o ciclo de vida desse parasita: Os sexos do Schistossoma mansoni são separados. O macho mede de 6 a 10 mm de comprimento. É robusto e possui um sulco ventral, o canal ginecóforo, que abriga a fêmea durante o acasalamento. A fêmea é mais comprida e delgada que o macho. Ambos possuem ventosas de fixação, localizadas na extremidade anterior do corpo e que facilitam a adesão dos vermes às paredes dos vasos sanguíneos. As crianças são as mais atingidas por este parasita, pois elas são mais vulneráveis por brincarem em locais úmidos sem saber que lá podem estar estes parasitas a espera de um hospedeiro. Já os adultos comunmente se protegem com o uso de botas de borracha. Os sintomas mais comuns da esquistossomose são: diarréia, febres, cólicas, dores de cabeça, náuseas, tonturas, sonolência, emagrecimento, endurecimento e o aumento de volume do fígado e hemorragias que causam vômitos e fezes escurecidos. Ao surgir estes sintomas, o indivíduo precisa procurar imediatamente um atendimento médico para que todos os procedimentos necessários sejam tomados. Assim como em qualquer outro problema de saúde, a auto-medicação não deve ser adotada pelo doente. Para o diagnóstico da esquistossomose é importante se conhecer o histórico do paciente, saber se ele esteve presente em áreas consideradas endêmicas da doença, além dos sintomas e do quadro clínico apresentado por este paciente. Para se ter um diagnóstico seguro, pode ser realizado exames de fezes e urina, onde se evidenciam ovos no material em questão, além de biópsia de órgãos, como da mucosa do final do intestino. Hoje em dia, existem exames indiretos que detectam a presença de anticorpos no sangue contra o Schistosoma. A prevenção ou profilaxia da doença tem como prioridade: Do ponto de vista social é essencial tratar as águas e os esgotos. Erradicação dos caramujos que são hospedeiros intermediários da doença. Proteção dos pés e pernas com botas de borracha quando a pessoa tiver que entrar na água. Evitar entrar em rios ou lagos que possam estar contaminados. Tratar as pessoas infectadas. Exercícios: 1- (UFMG) Organismos que apresentam corpo dividido em proglotes, com escólex na parte anterior e sem tubo digestivo, podem parasitar o homem através de: a) Contato com água contaminada; b) Ingestão de carne malcozida; c) Pés descalços; d) Picada de inseto; e) Transfusão de sangue. 2- (Vunesp) Existe uma frase popular usada em certas regiões relativa a lagos e açudes: “Se nadou e depois coçou, é porque pegou”. Essa frase se refere à infecção por: a) Plasmodium vivax; b) Trypanossoma cruzi; c) Schistosoma mansoni; d) Taenia solium; e) Ancylostoma duodenalis. 3- (Fuvest-SP) Os platelmintos parasitas Schistosoma mansoni (esquistossomo) eTaenia solium (Tênia) apresentam: a) A espécie humana como hospedeiro intermediário; b) Um invertebrado como hospedeiro intermediário; c) Dois tipos de hospedeiro, um intermediário e um definitivo; d) Dois tipos de hospedeiro, ambos vertebrados; e) Um único tipo de hospedeiro, que pode ser um vertebrado ou um invertebrado. 4- (PUC) O doente que apresenta cisticercose: a) foi picado por triatoma; b) nadou em água com caramujo contaminado; c) ingeriu ovos de tênia; d) comeu carne de porco ou de vaca com larvas de tênia; e) andou descalço em terras contaminadas. 5- (Unicamp -SP) Dona Maria mora em Campinas e tem família em Pernambuco. Sempre que volta de lá apresenta o mesmo problema: contaminou-se com Schistosoma mansoni. Por mais que o médico explique os cuidados que deve tomar, ela sempre volta com barrida-d'água. a) Dona Maria pode representar algum risco para a população de Campinas? Por quê? b) Identifique duas medidas essenciais para a eliminação de uma endemia como barriga-d'água em uma dada região. 6- (Vunesp-SP) No Brasil está largamente distribuída a espécie Schistosoma mansoni, em especial no Nordeste e no Leste. Este platelminto causa a esquistossomose, conhecida como "barriga-d'água". No Brasil, a esquistossomose encontra-se em franca expansão, com focos surgindo nas cidades do sul e noroeste de Minas Gerais. Esta doença tem no homem seu principal hospedeiro definitivo, sendo que as modificações ambientais, introduzidas pelo mesmo, favorecem a sua proliferação. a) Quais os tipos de larvas do ciclo do Schistosoma mansoni? b) Qual o destino dessas larvas? 7- (UFMA) Descreva o ciclo de vida do Schistosoma mansoni. 8- (Mogi-SP) Moisés é membro da comunidade judaica de uma cidade brasileira. Por força de suas convicções religiosas, Moisés jamais comeu carne de porco e prefere alimentar-se à base de saladas e frutas frescas. No entanto, após uma série de consultas médicas, exames revelaram que Moisés apresentava um quadro de cisticercose, causada por parasitas da espécie Taenia solium. Como todos sabem, esse parasita provoca nos seres humanos uma doença que se transmite pela ingestão de carne de porco contaminada. Como é possível que Moisés tenha contraído cisticercose se ele nunca ingeriu carne de porco? 9- UFF-RJ) A Taenia solium é o verme adulto parasita do intestino delgado do homem, provocando dores abdominais, perturbações digestivas, diarréia e/ou constipação. No homem e no cão, os cisticercos (sua forma larvar) têm predileção pelo cérebro, originando perturbações nervosas graves, tais como epilepsia, perda de equilíbrio, paralisias e outras neuropatias. Tendo conhecimento de seu ciclo biológico, que medidas poderiam ser recomendadas para controle dessas parasitoses? GABARITO 1- b; 2- c; 3- c; 4- c; 5- a) Evidente que pode representar um problema para a cidade de Campinas, mas isso vai depender das condições de saneamento básico da região onde ela reside e da existência do caramujo Biomphalaria, pois esse caramujo é o hospedeiro intermediário desse verme. b) Tratamento dos doentes com medicamentos que eliminam o verme; instalação de fossas ou rede de esgotos e combate ao caramujo; evitar a natação em lagos e rios com suspeita de abrigarem as larvas (cercarias) desse verme.; 6- a) No seu ciclo evolutivo, esse verme forma as seguintes larvas: miracídios, esporocistos primários, esporocistos secundários e cercárias. b) As larvas miracídios penetram no hospedeiro intermediário do verme, ou seja, em caramujos (Biomphalaria glabrata) de família dos planorbídeos, onde se reproduzem, originando as larvas esporocisto e cercárias. As larvas cercárias saem dos caramujos e penetram no homem (hospedeiro definito) através da pele.; 7- Os vermes macho e fêmea copulam no interior dos vasos sangüíneos do sistema porta (liga fígado ao intestino) humano. A fêmea deposita ovos, os quais passam para a luz do intestino pelo rompimento dos tecidos, devido ao esporão encontrado nos ovos. Os quais são eliminados junto com as fezes. Na água doce, esses ovos eclodem (rompem-se) e liberam larvas denominadas de miracídio, as quais nadam ativamente e penetram no caramujo (hospedeiro intermediário). No caramujo, realizam a reprodução por pedogênese, produzindo as larvas esporocistos primário, esporocisto secundário e finalmente cercárias. Saindo do caramujo, as larvas cercárias, nadam livremente, podendo penetrar de forma ativa na pele de pessoas que estejam nessas lagoas e atingir a corrente circulatória sangüínea, onde se transformam em verme adulto, recomeçando o ciclo evolutivo.; 8- Teníase é o parasitismo do verme adulto Taenia solium ou Taenia saginata, adquire-se pela ingestão de carne de porco ou de boi mal cozida, contendo a larva cisticercos viva. Cisticercose humana é o parasitismo da larva da Taenia solium, adquirese pela ingestão de ovos do parasita, que podem ser encontrados na água ou nos alimentos contaminados. Portanto, Moisés adquiriu a cisticercose humana pela ingestão de água ou alimentos contaminos com os ovos da Taenia solium.; 9- Inspeção da carne nos abatedouros; tratamento das pessoas portadoras do verme; evitar o consumo de carnes bovina e suína mal cozidas; oferecer educação sanitária e saneamento básico, enfatizando o destino adequado às fezes humanas; beber água fervida ou filtrada e lavar bem as verduras e frutas antes de ingerir. OBS: Observe que o texto refere-se as duas patologias: teníase e cisticercose humana. Filo dos Nematelmintos Os nematelmintos (do grego nematos: 'filamento', e helmin: 'vermes') são vermes de corpo cilíndrico, afilado nas extremidades. Muitas espécies são de vida livre e vivem em ambiente aquático ou terrestre; outras são parasitas de plantas e de animais, inclusive o ser humano. Há mais de 10 mil espécies desse tipo de vermes catalogadas, mas cálculos feitos indicam a existência de muitas outras espécies, ainda desconhecidas. Ao contrário dos platelmintos, os nematelmintos possuem tubo digestório completo, com boca e ânus. Esses animais são envolvidos por uma fina e delicada película protetora, que é bem lisa e resistente. Os nematódeos não possuem sistema respiratório, e a respiração é cutânea ou tegumentar, feita através de difusão. São animais dióicos, em sua grande maioria, possuem sexos separados. Apresentam dimorfismo sexual. Ou seja, a fêmea é diferente do macho. Normalmente os machos são menores e sua porção posterior é afilada e curva, para facilitar a cópula. Ascaridíase: lombriga É uma verminose causada por um parasita chamado Ascaris lumbricoides. É a verminose intestinal humana mais disseminada no mundo. A contaminação acontece ocorre quando há ingestão dos ovos infectados do parasita, que podem ser encontrados no solo, água ou alimentos contaminados por fezes humanas. O único reservatório é o homem. Se os ovos encontram um meio favorável, podem contaminar durante vários anos. Após a ingestão, os ovos liberam larvas que caem na circulação sanguínea. Essas larvas passam pelo fígado, coração e pulmões. Ao atingirem os pulmões, instalam-se nos alvéolos pulmonares, onde absorvem mais oxigênio e nutrientes para crescerem. Nessa fase, podem aparecer alguns sintomas como tosse seca, irritação brônquica, dificuldade respiratória e febre. As larvas permanecem nos alvéolos pulmonares até crescerem, para então subirem em direção a faringe, de onde são engolidas novamente. Passam pelo tubo digestivo, e completam seu desenvolvimento ao chegarem ao intestino delgado, atingindo a fase adulta, se reproduzindo e dando início ao ciclo novamente. Observe o esquema abaixo com o ciclo do verme: Outros sintomas são: dor abdominal, flatulência, cólica, diarréia, náuseas, vômito e presença de vermes nas fezes. Algumas reações como alergias, pneumonia e choque anafilático podem ocorrer, embora sejam mais raras. Nas crianças, grandes infestações podem causar oclusão intestinal, o que pode, inclusive, levar a morte. A profilaxia acontece através de medidas de saneamento básico, além de ser necessário, também, fazer o tratamento de todos os portadores da doença. A ascaridíase está mais presente em países de clima tropical e subtropical. As más condições de higiene e a utilização das fezes como adubo contribuem para a prevalência dessa verminose nos países do terceiro mundo. Ancilostomíase: Amarelão A ancilostomose é uma helmintíase que pode ser causada tanto pelo Ancylostoma duodenale como peloNecatur americanus. Ambos são vermes nematelmintes (asquelmintes), de pequenas dimensões, medindo entre 1 e 1,5 cm. A doença pode também ser conhecida popularmente como "amarelão", "doença do jeca-tatu", "malda-terra", "anemia-dos-mineiros, "opilação", etc. As pessoas portadoras desta verminose são pálidas, com a pele amarelada, pois os vermes vivem no intestino delgado e, com suas placas cortantes ou dentes, rasgam as paredes intestinais, sugam o sangue e provocam hemorragias e anemia. A pessoa se contagia ao manter contato com o solo contaminado por dejetos. As larvas filarióides penetram ativamente através da pele (quando ingeridas, podem penetrar através da mucosa). As larvas têm origem nos ovos eliminados pelo homem. O ciclo de vida destes animais está explicado abaixo: Os vermes adultos vivem no intestino delgado do homem. Depois do acasalamento, os ovos são expulsos com as fezes (a fêmea do Ancylostoma duodenale põe até 30 mil ovos por dia, enquanto que a do Necator americanus põe 9 mil). Encontrando condições favoráveis no calor (calor e umidade), tornam-se embrionados 24 horas depois da expulsão. A larva assim originada denomina-se rabditóide. Abandona a casca do ovo, passando a ter vida livre no solo. Depois de uma semana, em média, transforma-se numa larva que pode penetrar através da pele do homem, denominada larva filarióide infestante. Quando os indivíduos andam descalços nestas áreas, as larvas filarióides penetram na pele, migram para os capilares linfáticos da derme e, em seguida, passam para os capilares sanguíneos, sendo levadas pela circulação até o coração e, finalmente, aos pulmões. Depois, perfuram os capilares pulmonares e a parede dos alvéolos, migram pelos bronquíolos e chegam à faringe. Em seguida, descem pelo esôfago e alcançam o intestino delgado, onde se tornam adultas. Outra contaminação é pela larva filarióide encistada (pode ocorrer o encistamento da larva no solo) a qual, se é ingerida oralmente, alcança o estado adulto no intestino delgado, sem percorrer os caminhos descritos anteriormente. No local da penetração das larvas filarióides, ocorre uma reação inflamatória (pruriginosa). No decurso, pode ser observada tosse ou até pneumonia (passagem das larvas pelos pulmões). Em seguida, surgem perturbações intestinais que se manifestam por cólicas, náuseas e hemorragias decorrentes da ação espoliadora dos dentes ou placas cortantes existentes na boca destes vermes. Estas hemorragias podem durar muito tempo, levando o indivíduo a uma anemia intensa, o que agrava mais o quadro. As principais medidas de prevenção consistem na construção de instalações sanitárias adequadas, evitando assim que os ovos dos vermes contaminem o solo; uso de calçados, impedindo a penetração das larvas pelos pés. Além do tratamento dos portadores, é necessária uma ampla campanha de educação sanitária. Caso contrário, o homem correrá sempre o risco de adquirir novamente a verminose. Filaríase: elefantíase A filariose ou elefantiase é a doença causada pelos parasitas nemátodes comumente chamados filária, que se alojam nos vasos linfáticos causando linfedema. Esta doença é também conhecida como elefantíase, devido ao aspecto de perna de elefante do paciente com esta doença. Tem como transmissor os mosquitos dos gêneros Culex, Anopheles, Mansonia ou Aedes, presentes nas regiões tropicais e subtropicais. Quando o nematódeo obstrui o vaso linfático, o edema é irreversível, daí a importância da prevenção com mosquiteiros e repelentes, além de evitar o acúmulo de águas paradas em pneus velhos, latas, potes e outros. Ciclo de Vida: As larvas são transmitidas pela picada dos mosquitos e da mosca Chrysomya conhecida como Mosca Varejeira. Da corrente sanguínea elas dirigem-se para os vasos linfáticos, onde se maturam nas formas adultas sexuais. Após cerca de oito meses da infecção inicial, começam a produzir microfilárias que surgem no sangue, assim como em muitos órgãos. O mosquito é infectado quando pica um ser humano doente. Dentro do mosquito as microfilárias modificam-se ao fim de alguns dias em formas infectantes, que migram principalmente para a cabeça do mosquito. Há um programa da OMS que procura eliminar a doença com fármacos administrados como prevenção e inseticidas. Porém, como forma de prevenção é útil usar roupas que cubram o máximo possível da pele, repelentes de insetos e dormir protegido com redes. Exercícios: 1- (UFV-MG) Ao abrir o envelope com o resultado de seu exame parasitológico de fezes, Jequinha leu “Positivo para ovos de Ascaris lumbricoides”. Qual das medidas preventivas de doenças parasitárias relacionadas abaixo não deve ter sido observada por Jequinha na sua vida diária. a) Comer carne de porco ou de boi inspecionada e bem cozida. b) Lavar bem as mãos e os alimentos antes das refeições. c) Andar calçado para que a larva não penetre pelos pés. d) Colocar telas nas janelas para impedir a entrada do mosquito Culex. e) Não nadar em lagoas que tenham o caramujo Biomphalaria. 2- (Mackenzie-SP) A elefantíase é uma verminose provocada por um nematódeo, e seu principal sintoma é o inchaço de pés e pernas. Esse inchaço é provocado: a) Pelo acúmulo de vermes nos vasos linfáticos, impedindo a reabsorção de linfa, que se acumula nos espaços intercelulares. b) Pelo entupimento de vasos sanguíneos, causado pela coagulação do sangue na tentativa de expulsar os vermes. c) Pelo aumento no número de vermes nas células musculares das regiões infectadas. d) Pelo acúmulo de vermes nos capilares sanguíneos, dificultando o retorno do sangue. e) Pela reação do sistema imunológico à presença dos vermes. 3- (MACKENZIE) Assinale a alternativa que apresenta parasitoses humanas causadas por parasitas pertencentes, unicamente, ao filo dos Nematelmintos. a) Teníase, Ascaridíase e Dracunculose. b) Ascaridíase, Amarelão e Elefantíase. c) Esquistossomose, Amarelão e Teníase. d) Triquinose, Oxiurose e Esquistossomose. e) Ascaridíase, Elefantíase e Esquistossomose. 4- (FAAP-SP) Cite uma doença parasitária, que poderá ser evitada, em cada um dos casos abaixo: a) se não comermos carne crua de porco. b) se não andarmos descalços. 5- (Unicamp-SP) No início do século, o Jeca Tatu, personagem criado por Monteiro Lobato, representava o brasileiro de zona rural, descalço, mal vestido e espoliado por vermes intestinais. Jeca se mostrava magro, pálido e preguiçoso, características decorrentes de parasitose. Sobre o personagem, Monteiro Lobato dizia: "Ele não é assim, ele está assim" e ainda: " Examinando-lhe o sangue assombra a pobreza em hemoglobina." a) Que vermes intestinais eram responsáveis pelo estado do Jeca? b) Tendo em vista que essa parasitose ainda hoje acomete milhões de brasileiros, o que as pessoas devem fazer para não adquiri-la? Por quê? 6- (Unicamp-SP) Uma das maneiras de diagnosticar parasitoses em uma pessoa é através do exame de fezes. As parasitoses abaixo podem ser diagnosticadas por este exame? Justifique sua resposta em cada caso: a) esquistossomose; b) ascaridíase; c) doença de Chagas. 7- (UFC - 2003) A filariose ou elefantíase é uma doença freqüente em regiões tropicais, inclusive no Brasil, e é causada por vermes nematóides da espécie Wuchereria bancrofti e transmitida por um mosquito do gênero Culex. a) Que sistema do organismo é afetado e qual a conseqüência? b) Mencione duas medidas profiláticas para evitar a elefantíase. 8- (UFES) A ascaridíase, doença causada pelo Ascaris lumbricoides, atinge cerca de 60% da população brasileira. Essa doença, de endemia rural, como era entendida outrora, passa cada vez mais a ser um problema urbano. a) Identifique o sexo dos animais da figura e dê suas características morfológicas diferenciais. b) Uma professora relatou que um aluno, ao tossir, expeliu com a expectoração algumas larvas de lombriga. Descreva o caminho percorrido por esses parasitas, desde a sua entrada no organismo humano até o momento em que o fato ocorreu. c) É característico dos vermes parasitas produzirem grandes quantidades de ovos. Uma fêmea de Ascaris produz cerca de 200 mil ovos por dia, que são eliminados juntamente com as fezes do hospedeiro. Descreva dois fatores que justifiquem a necessidade de os Ascaris eliminarem esse elevado número de ovos no meio externo, relacionando esses fatores ao ciclo de vida dos parasitas. GABARITO 1- b; 2- a; 3- b; 4-a) Teníase; b) Amarelão.; 5-a) Ancylostoma duoenale e Necator americanus. b) A principal medida profilática para evitar essa verminose é o uso de calçados para proteger os pés, pois as larvas desses vermes penetram através da pele dos pés.; 6- A esquistossomose e a ascaridíase podem ser diagnosticadas desse modo, pois nessas patologias os ovos dos respectivos vermes parasitas podem ser encontrados nas fezes humanas. Na doença de Chagas, o protozoário causador será encontrado apenas no sangue circulante ou nos tecidos parasitados. ; 7-a) A filariose é uma doença parasitária causada por vermes nematóides (as filarias) da espécieWuchereria bancrofti, que, na fase adulta, vivem no sistema linfático do homem contaminado e causam a obstrução dos vasos e gânglios linfáticos, levando à formação de edemas e inchaços. b) As principais medidas profiláticas consistem em: I. Uso de mosquiteiros ou cortinas impregnados com inseticidas para limitar o contato entre o mosquito e o homem; aplicação de inseticidas de efeito residual, na parte interna das residências, para eliminar as formas adultas do inseto Culex sp; aplicação de métodos para limitar o desenvolvimento do mosquito na fase larval, em locais como latrinas e fossas, através do uso de biocidas (larvicidas); II. Tratamento em massa das populações humanas que residem nos focos endêmicos da doença; III. Informar as comunidades das áreas afetadas da doença e das medidas profiláticas que podem ser adotadas para a sua redução ou até a eliminação, como a identificação dos criadouros potenciais do mosquito no domicilio e peridomicilio (ao redor das casas), estimulando essa atividade pela própria comunidade.; 8- a) A figura A mostra a lombriga fêmea, pois apresenta dimensões maiores. A figura B representa o macho, menor do que a fêmea, com a extremidade posterior recurvada e presença de espículas que facilitam a cópula (espículas copulatórias).b) A lombriga é adquirida pelo homem através da ingestão de ovos embrionados presentes nas mãos sujas e alimentos mal lavados. Após a eclosão dos ovos as larvas são liberadas no intestino delgado, estas perfuram a parede intestinal ganhando a circulação sangüínea. Passa pelo fígado, veia cava inferior, coração e atingem os pulmões onde sofrem muda e perfuram os alvéolos pulmonares. Devido à sucção da tosse seguem para as vias respiratórias superiores e chegam até a boca, onde são deglutidas juntamente com a saliva. Atingem novamente o intestino delgado onde se desenvolvem até o estágio adulto capaz de se reproduzir. c) A perpetuação das espécies de vermes intestinais depende da continuidade do ciclo parasitário. A produção de grandes quantidades de ovos garante que alguns atinjam o próximo hospedeiro uma vez que são lançados ao meio ambiente junto com as fezes e a perda é considerável. Também são necessárias condições ecológicas favoráveis à manutenção dos ovos no meio ambiente para que possam se tornar aptos a dar continuidade ao ciclo parasitário. São fatores importantes à temperatura e a umidade adequada para que os embriões das lombrigas possam se desenvolver e se tornar infestantes.