D I S C I P L I N A
Introdução à Ciência Geográfica
A geografia na antiguidade
Autores
Aldo Dantas
Tásia Hortêncio de Lima Medeiros
aula
03
Material APROVADO (conteúdo e imagens)
Data: ___/___/___ Nome:______________________
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Presidente da República
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Vice-Reitor
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Apresentação
C
omo você aprendeu na aula 1 (O saber geográfico) e 2 (A ação humana), o conhecimento
geográfico está fundado na relação homem/natureza (notadamente a biosfera), na
ação humana e na maneira como estão distribuídos os fenômenos físicos e humanos
na superfície da Terra.
Nesta aula, você irá estudar como se deu a evolução desse conhecimento na antigüidade,
principalmente a influência dos gregos e romanos na construção das idéias geográficas.
Objetivos
1
Compreender a evolução do pensamento geográfico
na Antiguidade.
2
Relacionar as necessidades dos povos antigos com
a produção e compreensão do espaço geográfico.
3
Compreender a influência dos gregos e romanos no
desenvolvimento do conhecimento geográfico.
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Perceber como surge a Geografia geral e regional.
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1
A indagação geográfica
P
Estruturas
Estruturas são formas,
materiais e imateriais,
de organização
social (habitações,
edificações, cidades,
redes rodoviárias,
portos, aeroportos,
caminhos, formas de
governo, leis, religiões,
cultura etc). Elas
são distribuídas de
maneira irregular, no
entanto, compõem
um sistema de
organização espacial
que a Geografia
tenta entender
em suas causas
e conseqüências.
Lembramos ainda
que a Geografia se
preocupa também
com a irregularidade
da distribuição dos
fenômenos físicos
e relaciona-os às
estruturas sociais.
2
ara darmos início ao conteúdo desta aula, poderíamos, antes, nos fazer a seguinte
indagação: qual é a questão específica que se coloca para a Geografia? Entre
tantas possibilidades de respostas, poderíamos responder da seguinte maneira: a
questão específica da Geografia é entender por que e como as distribuições espaciais estão
estruturadas da maneira que estão. Lembramos a você que as distribuições espaciais são
estruturadas a partir das ações humanas individuais e coletivas sobre a extensão terrestre.
Para melhor compreensão retome a aula 2 desta disciplina.
Se hoje é relativamente fácil compreender que a distribuição das estruturas estão
relacionadas às ações e que elas dependem de nossa capacidade de percepção, representação
e orientação, nem sempre foi assim.
Quando começam as indagações geográficas?
Os primeiros indícios de uma preocupação com a distribuição dos fenômenos surgiram
desde os primórdios da humanidade. Nesse período, o homem pouco modificava a natureza,
uma vez que estava muito subordinado às condições naturais o que, provavelmente, lhe
impunha uma condição de nômade. Essa condição se exprime no constante deslocamento
à procura de meios de subsistência ou em atividades guerreiras e condiciona a uma
necessidade de conservar informações sobre os caminhos percorridos e as suas direções.
Dessa maneira, surgem os primeiros esboços representando a superfície da Terra, isto é,
os primeiros mapas. Você pode confirmar essa informação perguntando a qualquer pessoa,
mesmo aquelas que não sabem ler, qual o melhor caminho para ir a um lugar. Ela será capaz
de fazer um esboço, mostrando o caminho a seguir, os fatos mais importantes que existem
ao longo do percurso e os principais obstáculos. Há mesmo quem diga que fazer mapas é
uma aptidão inata do ser humano.
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Atividade 1
sua resposta
Elabore um croqui (mapa feito à mão livre) representando o percurso de sua
casa até o Pólo ao qual você está vinculado. Coloque as principais informações
e pontos de referências para que qualquer pessoa seja capaz de fazer o percurso
com a ajuda do seu ‘mapa’.
Desde a Antiguidade, a cartografia tem grande importância. O mapa mais antigo de que
se tem notícia data de 2500 a.C. e é uma representação de um rio, provavelmente o Eufrates,
com uma montanha de cada lado desaguando por um delta de três braços.
Nesse período, a concepção existente era de uma Terra plana, com a forma de um disco
e constituída por uma massa flutuante na água, com a abóbada celeste por cima (veja os
mapas das aulas de Leitura Cartográfica e Interpretação).
A expansão política, comercial e marítima dos povos do mediterrâneo (Mesopotâmia,
Fenícia, Egito) levou à elaboração de mapas marítimos e, sobretudo, à descrição de lugares
e de povos. Tais descrições eram denominadas de périplos.
O périplo mais antigo data do século VII a.C. e foi feito por marinheiros fenícios a
serviço do faraó egípcio.
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A sistematização do
conhecimento geográfico
A palavra geografia (descrever a Terra) foi criada pelos gregos, povos que originalmente
vão se preocupar com a sistematização desse conhecimento.
O primeiro mapa grego de que se tem notícia foi elaborado por Anaximandro de Mileto
(650-615 a.C.), que viajou e escreveu relatos das suas viagens. Discípulo de Tales de Mileto,
é provável que Anaximandro de Mileto tenha sido o inventor do gnómon, instrumento que
serve para medir a altura do Sol.
O segundo mapa da Antiguidade foi elaborado por Hecateu de Mileto (560-480 a.C.).
Viajou por toda parte do mundo conhecido, escreveu a Descrição da Terra, obra ilustrada por
um mapa onde a Terra é representada por um disco com água em sua volta.
Outros documentos importantes dessa época são os poemas épicos Ilíada e Odisséia,
de Homero, conhecidos e apreciados por seu valor literário e pelas informações geográficas
contidas na descrição dos lugares distantes e das longas viagens marítimas.
Os dois pontos de vista da Geografia
Você deve ter percebido, até aqui, que duas são as preocupações que fundamentam
os conhecimentos geográficos desse período. Um está relacionado com a física terrestre
– forma, dimensão, posição sideral. A outra, com a descrição das diferenças da constituição
da superfície terrestre e com as diversas culturas que nela se instalam. Essas duas dimensões
dão origem a dois pontos de vistas: o da Geografia Geral e o da Geografia Regional.
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Dois “geógrafos” gregos
n
Erastóstenes (276-194 a.C.) – Além de demonstrar a existência da curvatura da Terra
e calcular suas dimensões com notável precisão, também localizou mares, terras,
montanhas, rios e cidades no primeiro sistema de coordenadas geográficas, no qual
estavam presentes as latitudes e as longitudes. Estudou, ainda, questões relativas à
hidrografia e à climatologia, às zonas climáticas e às cheias dos rios, notadamente
aquelas relativas ao Nilo. Contudo, os níveis de generalização traziam consigo margens
de erros consideráveis, fortalecendo a abordagem regional.
n
Heródoto (484-425 a.C.) – Filósofo e historiador, considerado o pai da História e da
Geografia, inseriu a história dos povos no contexto geográfico. Suas crônicas registram
a gênese da Geografia Regional e retratam os mais diferentes e distantes países. São
conhecidas suas viagens à Fenícia, ao Egito e à Babilônia. Ao estudar as cheias do rio
Nilo, Heródoto associou a sua desembocadura à letra grega delta, razão pela qual é
encontrada até os dias atuais a foz em delta nos livros escolares.
Dois “geógrafos” romanos
n
Estrabão (64 a.C – 20 d.C) – Grande enciclopedista destaca o caráter filosófico
e transdisciplinar da Geografia. Em sua obra, afirmava que o amplo conhecimento,
necessário ao empreendimento de qualquer trabalho geográfico, deve estar relacionado
tanto com as coisas humanas como divinas, conhecimento que constitui a Filosofia.
Ao contrário dos gregos, interessava-se por uma abordagem mais humana, cujos
ensinamentos destinavam-se às ações de governo. Além do mais, ensinava que os
geógrafos não deviam preocupar-se com o que estava fora do mundo habitado. Assim
como Heródoto, Estrabão foi um grande viajante, tendo descrito no seu livro várias
partes do mundo daquela época. Por tal feito, é, ainda hoje, considerado um dos mais
importantes geógrafos da Antiguidade. Estrabão tinha como metodologia geográfica a
localização e delimitação dos aspectos físicos de uma região seguidas da descrição da
população, com suas lendas, costumes e atividades econômicas.
n
Ptolomeu (90 – 168 d.C.) – É o último grande geógrafo da antiguidade, foi também
astrônomo e matemático. Interessou-se pelas técnicas de projeção cartográfica e
elaboração de mapas. Em sua obra Geographia, de 8 volumes, traz os princípios de
construção de globos e projeções de mapas, indica os princípios da Geografia, Matemática
e da cartografia, além de organizar um grande vocabulário com todos os nomes de 8000
lugares que conhecia, localizando-os por meio da latitude e da longitude.
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Atividade 2
sua resposta
Identifique a partir de que elementos surge a necessidade de uma Geografia geral
e regional e relacione com as elaborações dos quatro geógrafos destacados
anteriormente.
Leitura complementar
ANDRADE, Manuel Correia. Geografia: ciência da sociedade. Recife: Editora Universitária/
UFPE, 2006.
Especialmente o capitulo 2, no qual o autor trata da Geografia na Antiguidade.
Infelizmente, em língua portuguesa, este é, praticamente, o único livro disponível que trata
desse período da história da Geografia.
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Resumo
A pergunta, qual é a questão específica que se coloca para a geografia?
Acompanhada de uma resposta, coloca os elementos fundamentais desta
aula: distribuição e estruturação espacial e a forma como gregos e romanos
sistematizaram esta questão dando origem a uma geografia geral e regional.
Auto-avaliação
Leia o Texto a seguir.
Até recentemente, a superfície da Terra era utilizada segundo a divisão criada
pela natureza ou pela história, chamadas regiões, e que, de um modo geral,
constituíam a base da vida econômica, cultural e, não raro, política.
Hoje, graças ao progresso das técnicas e das comunicações, a esse território
das regiões superpõe-se um território das redes. Mas não se trata de um espaço
virtual, como alguns pretendem. As redes são realidades concretas, formadas
de pontos interligados que, praticamente, se espalham por todo o planeta, ainda
que com densidade desigual, segundo os continentes e países.
Essas redes são a base da modernidade atual e a condição de realização
da economia e da sociedade global. Elas constituem o veículo mediante o
qual fluem as informações, que são, hoje, o motor principal dos dinamismos
hegemônicos. As redes são a condição da globalização e a quintessência do
meio técnico-científico-informacional. Sua qualidade e quantidade distinguem
as regiões e lugares, assegurando aos mais bem dotados uma posição
relevante e deixando aos demais uma condição subordinada. São os nós
dessas redes que presidem e vigiam as atividades mais características deste
nosso mundo globalizado.
Fonte: Santos (2002, p.82).
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A partir da leitura do fragmento anterior, identifique e relacione semelhanças entre as
preocupações dos geógrafos da antiguidade e um geógrafo da atualidade (Milton Santos).
Identifique os elementos de estruturação e distribuição espacial e compare-os com a
Geografia geral e regional. Para elaborar sua resposta, perceba que, de formas distintas,
no tempo e no espaço, o pensamento geográfico grego já traz o germe do que chamaremos
mais tarde de ciência geográfica. Relacione também a idéia de necessidades àquela de
produção do espaço e de como ao produzir espaço também criamos regiões.
Referências
ANDRADE, Manuel Correia de. Geografia: ciência da sociedade. Recife: Editora Universitária/
UFPE, 2006.
BAILLY, A.; FERRAS, R. Élements d’éspistemoligie de la géographie. Paris: Armand
Colin, 1997.
CLAVAL, Paul. Histoire de la géopgraphie. Paris: PUF, 1996.
SANTOS, Milton. O país distorcido. São Paulo: Publifolha, 2002. p. 82.
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Introdução à Ciência Geográfica – GEOGRAFIA
Ementa
A construção do conhecimento geográfico. A institucionalização da geografia como ciência. As escolas do
pensamento geográfico. A relação sociedade/natureza na ciência geográfica. O pensamento geográfico e seu
reflexo no ensino. A geografia brasileira. Atividades práticas voltadas para a aplicação no ensino.
Autores
n Aldo Dantas
n Tásia Hortêncio de Lima Medeiros
Aulas
01 O saber geográfico
02 A ação humana
03 A Geografia na Antiguidade
04 A Geografia na Idade Média
05 Os tempos modernos
06 Espaço e modernidade
07 A institucionalização da Geografia
09 A Geografia ratzeliana e seu contexto
10 A Geografia vidaliana e o seu contexto
11 A abordagem regional vidaliana
12 Os movimentos de renovação
Impresso por: Texform Gráfica
08 A Geografia de Humboldt e Ritter
14 O nascimento da Geografia científica no Brasil
15 Milton Santos: o filósofo da técnica
1º Semestre de 2008
13 A institucionalização da Geografia no Brasil