14 | Empresas | Jornal de Negócios | Terça-Feira, 10 de Maio de 2011 . A N Á L I S E “ C U S T O M E R A N A LY T I C S” G PE TER DORRI N GTON “DIRECTOR OF MARKETING STRATEGY” (EMEA), SAS INSTITUTE Análise de clientes: o casamento entre a arte e a ciência Qualquer artigo sobre “análise de clientes”começamelhorcomuma definição. Eis aminha: aanálise de clientes é uma metodologia que abrange todo o processo de transformação de dados eminformação valiosae accionável. Isto inclui recolherdados em bruto, enriquecêlos,geri-loseanalisá-losatravésde um processo de descoberta de conhecimentos,transmitirnovaspercepções aos “marketeers” relevantesesignificativas,edepoisaproveitar este profundo conhecimento paraapoiaratomadade decisões. Actualmente, não conheço um único “chief marketing officer” (CMO) que, tal como eu, não tenha de gastarumaparte substancial do seutempoacalcularoretornodeinvestimento de marketing(ROMI). Paraquemestánossectoresdoretalho oudos produtos de grande consumo e de rápida circulação (“fast movingconsumergoods”),istopode parecer um cálculo relativamente simples: “Xeuros gastos napromoção do produto Y resultaram num aumento de XXeuros nas vendas”. No entanto, mesmo esta simples equação pode ocultarinformações maisprofundas.Comoporexemplo: “Seráque umapercentagem deste aumentoteriaocorridodequalquer maneiradevido aoutro factor?”; “e seemvezdisto,eutivessepromovidooprodutoZ?”.Istonãoéevidenteparaamaioriadenós. ParamuitosCMO,acitaçãoatribuída ao proprietário de uma loja nosEUA,JohnWanamaker,éparticularmente relevante: “Metade do dinheiro que gasto em publicidade é desperdiçado, o problemaé que não sei qual a metade”. Sabemosquealgumasdasnossasacções de marketing estão a funcionar, mas talvez obtivéssemos resultadossemelhantesinvestindomenos enoutrosítioqualquer,ouentãore- sultados melhores investindo em algodiferente.Istodeve-se,emparte,aofactodeomarketingseruma mistura peculiar entre a arte e a ciência:artenaconcepçãodecampanhas que atingem e motivam o nosso público-alvo, e ciência na tentativa de compreender quem é realmente o nosso público e amelhorformadeoalcançar.Istotambém abrange horizontes temporais: investir dinheiro hoje, na esperança de obter resultados amanhã.Nóspodemossaberquantoestamosainvestir,maspreverquanto é que vamos ganharé umpouco mais difícil. Énestatentativadeprevereoptimizar as receitas futuras que recorro actualmente à análise de clientesparameajudaratomardecisões sobre o investimento. Enquanto “marketeer”, quero ser capaz de fazertrês coisas fundamentais: quero compreender o meu mercado (clientes) profundamente;queroconceberpropostasqueos levemagastaroseudinheirocoma minhaempresa;equeroexecutaras minhascampanhastãoeficazmente quanto possível. Vouagoraabordarcadaumdestestrêspontosdeformamaisdetalhada: Para compreender os nossos mercados,precisamosdesaberque clientes potenciais serão os mais rentáveisduranteanossarelaçãocomercial.Quantosdenósjáouvimos aexpressão“Custamaisganharum cliente do que mantê-lo”. Os “marketeers”, instintivamente, sabem que isso é verdade, mas todos precisamosdeangariarnovosclientes, quer para expandir o negócio, quer parasubstituir os que perdemos.Noentanto,oscustossãoapenas metade de qualquer discussão sobre lucro, aoutrametade dizrespeitoàsreceitas,etudoistonumpe- ríododetempopotencialmentevariável. Talvez a questão a colocar devaser“Quanto tempo vai demorarparaqueosnovosclientessetornem tão rentáveis como os jáexistentes?”e,melhorainda,“Comopodemos tornaraindamais rentáveis osclientesqueangariamoseosque mantemos?”.Parasecompreender isto,temosdeverosnossosclientes enquadrados naglobalidade do negócio, em todos os canais, em cada transacção,paraseganharconhecimento sobre o significado do seu comportamentoaolongodotempo. Deseguida,entraemcenaacriatividade, ao concebermos campanhasapelativasparadiferentessegmentos do nosso mercado, alinhadas com necessidades sectoriais, profissionais, ou até mesmo em funçãodasdiferentesfasesdarelação comercial. As nossas campanhas têm de ser eficazes, têm de contribuirparaaobtençãodereceitas,mesmoqueafasedacampanha actualsejadesensibilização.Como todas as mensagens de marketing são essencialmente subjectivas, podeserdifícilpreveroseuresultado. É nesta área que a análise de clientes pode ajudar, ao identificar os clientes que têm maior propensão paracomprar o nosso produto ou serviço, ou seja, aqueles com maisprobabilidadesdeprecisarem ouquereremonossoproduto,eque darãologo“feedback”sobreseuma determinada campanha está a resultar ou não. Munidos deste conhecimento,podemosdireccionar asnossascampanhasdeumaforma mais eficiente e depois agirrapidamente, aumentando ou diminuindo o investimento àmedidaque os resultados vão surgindo. Finalmente,comomuitasvezes investimospercentagenssignificativasdasreceitasdasnossasempresas,eenquantointervenientesres- ponsáveis pelasuasaúde financeira,devemosfazertudooqueestiver ao nosso alcance paragerir os custos e direccionar eficazmente os nossosrecursos.Nestaárea,recorro àanálise de clientes paraexecutarascampanhasdamelhorforma. Não incluindo os clientes commenorprobabilidadederesponderpositivamente, o que reduz os custos e acargade trabalho, paraaumentar ou diminuir o ritmo dacampanhaeacompanharasnecessidades ou preferências dos meus clientes, inclusive para decidir o que oferecer a seguir. Estas e muitas outras áreas são ideais paraaaplicação da análise com o objectivo de aumentar a eficiência. Para mim, não é uma questão de “fazer mais com menos”mas,sim,de“alcançarmais commenos”,enãopossofazerisso semterfactosquemepermitamtomardecisões inteligentes. Gostaria ainda de acrescentar que embora este artigo seja sobre marketing,osmesmosdadoseanálisesutilizadosparacompreenderos clienteseosmercadostambémsão valiosos paracompreenderos nossos fornecedores e as nossas própriasorganizações.Nãoédifícilimaginarumfuturoemqueasorganizaçõesestarãointegradasemtodaacadeiade criação de valore em todas as actividades, onde cadadepartamentotrabalhaalinhadocomtodos osoutrosparasatisfazerasnecessidadesdosclientese“stakeholders”. Esse nível de inteligênciaconstitui umaimportantevantagemcompetitiva, muito difícil de reproduzir nummundode“clones”ede“cópias baratas”–talvezovossomaiortrunfoestejaaindapordescobrir,novalorocultodetodososdadosproprietários que geramos como um subprodutodosnegócios–talvezaarte eaciênciapossamcoexistirharmoniosamente. O marketing é arte e ciência: arte na concepção de campanhas (...) e ciência na tentativa de compreender quem é realmente o nosso público. A análise de clientes pode ajudar a identificar os que têm maior propensão para comprar o nosso produto ou serviço. Pub