Epoetina Ferro, sulfato Ações terapêuticas. Antianêmico hormonal. Propriedades. A epoetina comercializada é um hormônio humano recombinante. É uma glicoproteína que atua como fator hormonal estimulando a mitose e a diferenciação eritrocitária a partir de precursores do compartimento stem cells. O efeito biológico da epoetina tem sido demonstrado logo após sua administração intravenosa e subcutânea em vários modelos, resultando no aumento dos eritrócitos, dos valores de hemoglobina e da contagem de reticulócitos, assim como da velocidade de incorporação do Fe. Em voluntários sãos e pacientes urêmicos, a meia-vida da epoetina logo após sua administração intravenosa é de 4 a 12 horas. Após a administração subcutânea a pacientes urêmicos, a absorção apresenta uma concentração sérica estabilizada, em que os níveis máximos são alcançados após 12 a 28 horas. O período de eliminação é maior por esta via do que pela intravenosa, em períodos de 13 a 28 horas. A biodisponibilidade da epoetina por via subcutânea encontra-se entre 23% e 42%, comparando-se com a intravenosa. Indicações. Pacientes em diálise com anemia grave. Posologia. O tratamento com epoetina é dividido em 2 etapas. Fase de correção: nesta fase o hematócrito deve aumentar até valores superiores a 30% e inferiores a 35%. Administração SC: dose inicial, 3 x 20UI/kg por semana. A dose deve ser aumentada a cada 4 semanas em 3 x 20UI/kg por semana se o aumento do hematócrito não for adequado (< 0,5% por semana). A dose semanal pode ser dividida em doses diárias ou por hemodiálise. Administração intravenosa: dose inicial de 3 x 40 UI/kg/semana. A dose pode ser aumentada logo após 4 semanas a 3 x 80 UI/kg/semana. A dose máxima administrada por ambas as vias não deve exceder 720 UI/kg/semana. Fase de manutenção: para manter o hematócrito em 30% a 35%, a dose deve ser reduzida à metade da quantidade administrada anteriormente. Os resultados clínicos em crianças têm demonstrado que a epoetina atua com maior eficiência quanto mais jovem for o paciente. Em geral, trata-se de uma terapêutica contínua; mesmo assim, se for necessário pode ser suspensa a qualquer momento. Reações adversas. Sistema cardiovascular: a reação adversa mais freqüente é o agravamento da hipertensão preexistente (dose-dependente). Crise hipertensiva com sintomas similares à encefalopatia (cefaleia, confusão, distúrbios sensoriais ou motores, dificuldades ao falar ou ao andar, assim como convulsões tônico-clônicas) podem ocorrer em pacientes normais ou com pressão arterial baixa. Sangue: diminuição da concentração sérica de ferritina quando é produzido um aumento do hematócrito. Portanto, é aconselhável um suplemento de ferro oral com 200 a 300 mg/dia aos pacientes com níveis de ferritina abaixo de 100 mg/ml ou saturação de transferrina menor que 20%; pode ocorrer um aumento transitório do número de plaquetas ou uma trombocitose; frequentemente, como resultado do aumento de hematócrito (risco de oclusão do sistema de diálise), pode ser requerido o aumento da dose de heparina intradiálise; podem ocorrer derivações trombóticas, especialmente em pacientes com tendência à hipotensão ou a complicações da fístula arteriovenosa. Raramente hiperpotassemia transitória e hiperfosfatemia. Outro: estímulo do SNC. Precauções. O uso em pessoas sãs causa um aumento excessivo do hematócrito. Isto pode estar associado com complicações cardiovasculares que põem a vida em risco. Não deve ser usada em crianças com menos de 2 anos, pois a experiência clínica é insuficiente até o momento. Deve ser usada cuidadosamente em tumores malignos, epilepsia, trombocitose, falha renal crônica e reconhecida hipersensibilidade à droga. Deve-se prestar atenção à aparição brusca de cefaleia tipo enxaqueca como sinal de alerta de uma crise hipertensiva ou síndrome tipo encefalínica. As deficiências de ferro e vitamina B12 devem ser tratadas, sob o risco de se ver reduzida a resposta à terapêutica antianêmica. A sobrecarga de alumínio pode comprometer a efetividade da epoetina. As plaquetas devem ser monitoradas a cada 8 semanas. Reação anafilactoide: observada em um só paciente. Contraindicações. Hipertensão pouco controlada. Gravidez. Lactação. Ações terapêuticas. Antianêmico. Propriedades. O sulfato ferroso é um sal inorgânico de ferro, que contém 20% em ferro, e é utilizado como fonte desse mineral. Deve-se conhecer a quantidade total de ferro em cada preparação, e não sua massa total. A maior vantagem do uso parenteral do ferro é a possibilidade de formar rapidamente reservas desse elemento, uma vez que, por via oral, seriam necessários meses para serem alcançadas (por exemplo, em pacientes que serão tratados com eritropoietina). O intestino delgado tem função regulatória sobre a absorção de ferro e evita que grandes quantidades deste elemento penetrem na corrente sanguínea. Indicações. Anemias ferropênicas ou ferroprivas. Posologia. Dose terapêutica usual: 200 mg a 300 mg de ferro/dia (2 mg/kg a 3 mg/kg) em 3 tomadas diárias, com base no conteúdo em ferro da preparação. A resposta à terapia com ferro é avaliada segundo o índice de produção de reticulócitos e a elevação do teor de hemoglobina ou do hematócrito. Não se deve tomar uma decisão acerca da eficácia do tratamento antes de decorridas 3 ou 4 semanas. O emprego profilático do ferro por via oral deve ficar reservado aos pacientes de alto risco: grávidas, perda menstrual excessiva, doadores de sangue e lactantes. Reações adversas. A intolerância às preparações orais de ferro é particularmente uma função da quantidade de ferro solúvel presente no trato gastrintestinal e de fatores psicológicos. Pirose, náuseas, vômitos, mal-estar gástrico, constipação e diarreia. Com doses altas. o mais comum são as náuseas e as dores abdominais. Fezes escuras, tingidas pelo ferro. Hemocromatose, somente em paciente com distúrbios de absorção de ferro. A superdose de ferro é particularmente grave em crianças, visto requerer-se atenção imediata se a ingestão for superior a cerca de 30 mg/kg. O tratamento indicado é deferoxamina. Precauções. Deve-se ter especial cuidado em pacientes que possam desenvolver uma sobrecarga de ferro, tais como aqueles com hemocromatose, anemia hemolítica ou aplasia eritrocitária. Caso haja insucesso do tratamento, devem-se investigar outras causas para a anemia. Não é aconselhável usar o ferro durante o primeiro trimestre da gravidez ou em pacientes com carcinoma gástrico, colite ulcerativa ou úlcera gastroduodenal. Interações. O ferro forma quelatos com as tetraciclinas, diminuindo a absorção de ambos. A absorção do ferro é menor na presença de penicilamina e de antiácidos. Em virtude de outras interações potenciais, convém observar um intervalo de várias horas entre a administração de ferro e a de outros fármacos. Contraindicações. Hipersensibilidade ao ferro. Pacientes com sobrecarga de ferro. 59 1- Fólico, ácido Ações terapêuticas. Suplemento nutricional antianêmico. Propriedades. O ácido fólico, após sua conversão em ácido tetraidrofólico, é necessário para a eritropoese normal e para a síntese de nucleoproteínas. Absorve-se quase completamente no trato gastrintestinal (a maior parte no duodeno superior), inclusive na presença de má-absorção, devido a espru tropical. Nas síndromes de má-absorção, a incorporação dos folatos da dieta diminui. Sua união às proteínas é extensa e armazena-se, em grande proporção, no fígado, onde também é metabolizado. No fígado e no plasma, na presença de ácido ascórbico, o ácido fólico converte-se em sua forma metabolicamente ativa (ácido tetraidrofólico) mediante a diidrofolato redutase. É eliminado por via renal e também por hemodiálise. Indicações. Estados carenciais de ácido fólico. Não deve ser administrado até haver-se descartado o diagnóstico de anemia perniciosa. A deficiência de ácido fólico pode originar a anemia megaloblástica e macrocítica, e glossite. A necessidade de ácido fólico pode aumentar em: anemia hemolítica, hemodiálise crônica, lactentes (de baixo peso ao nascer ou com mães com deficiência de ácido fólico). Síndrome de má-absorção associada com doenças do trato hepatobiliar ou do intestino delgado. Preventivo de falhas do fechamento do tubo neural. Posologia. Como complemento dietético: 0,1 mg/dia. Esta dose aumenta para até 0,5 a 1 mg quando existem estados que produzem um aumento das necessidades. No espru tropical, é utilizada uma dose de 3 a 15 mg/dia. Tratamento da deficiência: 0,25 a 1 mg/dia até que haja resposta hematológica. Manutenção: 0,4 mg ao dia. Doses pediátricas – suplemento dietético: 0,1 mg/dia. Aumenta-se a dose para até 0,5 a 1 mg quando existem estados que produzem um aumento das necessidades. Reações adversas. Raras vezes ocorre toxicidade com função renal normal. Não foram descritos outros efeitos colaterais, além de reação alérgica (febre, erupção cutânea). Com grandes doses ocorre coloração amarela na urina, que não requer atenção médica. Precauções. Devido à pouca frequência com que ocorrem deficiências de uma só vitamina B, normalmente são administradas associações. A administração parenteral só é indicada quando não é aceitável a administração oral. As necessidades são maiores na gravidez e no período de lactação. Interações. Os corticoides, o uso de analgésicos a longo prazo e os anticonvulsivantes do grupo hidantoína ou estrogênios aumentam as necessidades de ácido fólico. Os antibióticos podem interferir com o método para determinar as concentrações de ácido fólico e produzir falsos baixos resultados. O metotrexato, a pirimetamina, o triantereno e a trimetoprima atuam como antagonistas do folato por inibição da hidrofolato redutase. Aos pacientes aos quais estes medicamentos são administrados, deve-se utilizar folinato cálcico ao invés de ácido fólico. As sulfamidas inibem a absorção de folato e as necessidades de ácido fólico podem aumentar nos pacientes que recebem sulfassalazina. Contraindicações. A relação risco-benefício deve ser avaliada na presença de anemia perniciosa (o ácido fólico corrige as anomalias hemáticas, porém os problemas neurológicos progridem de forma irreversível). Riboflavina Ações terapêuticas. Vitamina B2. Suplemento nutricional. Propriedades. A riboflavina converte-se em duas enzimas, o mononucleotídeo de flavina (FMN) e o dinucleotídeo de adenina e flavina (FDA), que são necessários para a respiração tissular normal. A riboflavina também é requerida para a ativação da piridoxina e pode estar implicada na manutenção da integridade dos eritrócitos. As vitaminas do grupo B são bem absorvidas no trato gastrintestinal, salvo em síndromes de má-absorção. Absorve-se principalmente no duodeno. O álcool inibe sua absorção. Sua união às proteínas é moderada, metaboliza-se no fígado e é excretada por via renal. As quantidades superiores às necessidades diárias são excretadas na urina, principalmente como produto inalterado. Indicações. Estados carentes de riboflavina como resultado de uma nutrição inadequada ou de má-absorção intestinal. A deficiência de uma só vitamina B é rara, pois a ingestão de uma dieta inadequada origina deficiências múltiplas. Posologia. Adultos — tratamento da deficiência: 5 a 30 mg ao dia em várias ingestões durante vários dias e depois, como suplemento dietético, 1 a 4 mg ao dia. Crianças de 12 anos ou mais — tratamento da deficiência: 3 a 10 mg ao dia durante vários dias e depois, como suplemento dietético, 0,6 mg por 1.000 calorias ingeridas. Reações adversas. Raramente produz toxicidade em pessoas com função renal normal. As doses elevadas de riboflavina podem produzir uma cor amarela na urina. A deficiência de riboflavina pode originar estomatite angular, queilose, vascularização corneana, dermatose. Precauções. Não usar vitaminas como substitutos de uma dieta equilibrada. É importante não exceder a porção dietética recomendada no caso de automedicação com vitamínicos. As megadoses não são recomendadas. São fontes dietéticas de riboflavina o leite, os produtos lácteos, carnes e verduras de folhas verdes. Interações. O álcool modifica a absorção intestinal da riboflavina. Os antidepressivos tricíclicos e as fenotiazinas, prescritos simultaneamente, obrigam o aumento da dose de riboflavina nestes pacientes. A probenecida diminui a absorção gastrintestinal da riboflavina. Contraindicações. Não foram descritas situações clínicas que contraindiquem seu uso. P.R. VADE-MÉCUM BRASIL 2010/11