Desenvolvendo Um Novo Fármaco

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Desenvolvendo Um Novo
Fármaco
Dr. Marcelo Lima
Departamento Médico
Novo Nordisk
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
Um pouco de história
•
•
•
•
•
1906: Congresso Americano cria o “Federal
Pure Food Act” (FPFA), antecessor do FDA
II Guerra Mundial: Experiências com seres
humanos são realizadas sem qualquer ética...
1948: Publicação do primeiro estudo clínico
randomizado (estreptomicina em Tb pulmonar,
UK)
1949: Código de Nuremberg - O consentimento
do paciente é essencial
1951: Criação do FDA (Food and Drug
Administration, EUA)
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
Um pouco de história (II)
•
1960: Tragédia da Talidomida
•
•
Instituição do NDA (New Drug Application)
1964: Declaração de Helsinque
Ética e direitos dos pacientes de pesquisa
•
•
•
•
•
•
1975 Tóquio – 1ª Revisão da Declaração de Helsinque
1983 Veneza - 2ª Revisão Decl. Helsinque
1989 Hong Kong – 3ª Revisão Decl. Helsinque
1996 África do Sul - 4ª Revisão Decl. Helsinque
2000 Edinburgo – “Última” Revisão Decl. Helsinque
2002 Washington – Nota de clarificação no parág 29
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
Um pouco de história (III)
•
•
•
•
•
Década de 70: Instituição do IND
(Investigational New Drug) - 30 dias para
autorização de ensaios clínicos
1974: The Belmont Report - Autonomia,
benefício, justiça
1977: FDA define as fases de estudos clínicos
(I, II, III, IV)
1996: ICH-GCP (Conferência Internacional de
Harmonização – Boas Práticas Clínicas)
1996: Resolução CNS 196/96 – Marco em
pesquisa clínica no Brasil
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
Tipos de Investigação
Biomédica
Investigação
Básica
Investigação
Investigação
Clínica
Epidemiológica
Sujeitos
Animais de laboratório Sujeitos humanos
Materiais não humanos sadios
Tecidos humanos
Objeto
Natureza da biologia
humana
Eficácia e segurança
de medidas
diagnósticas ou
terapêuticas
Descrição e busca de
causalidade
Local
Laboratório
Clínicas e hospitais
Comunidade, clínicas e
hospitais
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
Populações ou grupos
de sujeitos humanos
O que é pesquisa clínica?
• Vários termos:
– ensaio clínico
– estudo clínico
– pesquisa clínica
• Processo de investigação científica envolvendo
novos métodos profiláticos, diagnósticos ou
terapêuticos
• ... Em seres humanos,
• ... Através de um protocolo científica e eticamente
desenhado,
• ... Com o propósito de responder questões que
poderão gerar um conhecimento generalizável.
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
Tipos de estudos
Observacionais
Experimentais
Analíticos
Estudo
Clínico
Aleatório
Estudo
Coorte
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
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Estudo
CasoControle
Estudo
Descritivo
Classificação dos Estudos
De Acordo Com o Poder
Estudos experimentais
Meta-análise
Estudos Clínicos
Estudos analíticos
Estudos Coorte
Caso-Controle
Estudos
descritivos
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
Séries de Casos
Relatos de casos
Fluxograma de Desenvolvimento
de Fármacos
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Maio 2007
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Estudos Pré-Clínicos
• Farmacologia Experimental
– Testes in vitro e em modelos animais
• Toxicologia Experimental
– Toxicidade do fármaco em animais
– Potencial para mutagenicidade e
teratogenicidade
• Base para o IND (Investigational New
Drug) e para a primeira aplicação em
seres humanos.
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
Estudos Pré-Clínicos
TOXICOLOGIA
–
–
–
–
–
Toxicidade Aguda
Toxicidade Sub-Crônica
Toxicidade Crônica
Toxicidade sobre a Reprodução
Estudos Adicionais
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
Dos Animais ao Ser
Humano...
Dados pré-clínicos
OK para iniciar estudos clínicos
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
Desenvolvimento de um Novo
Fármaco – Estudos Clínicos
TIPOS DE ESTUDOS (I)
– Quanto ao Número de Centros
•
Unicêntrico
•
Bicêntrico
•
Multicêntrico, nacional ou internacional
– Quanto ao Cegamento
•
Aberto
•
Simples-cego
•
Duplo-cego
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Maio 2007
Desenvolvimento de um Novo
Fármaco – Estudos Clínicos
TIPOS DE ESTUDOS (II)
– Quanto à Comparabilidade
•
Simples
•
Comparativo versus placebo
•
Comparativo versus droga ativa
– Quanto ao “Timing”
•
Paralelo
•
Cruzado
•
Fatorial
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Maio 2007
PLACEBO: O Seu Uso É
Ético?
•
•
•
•
LATIM “placere”: agradar
“A mentira que cura”...
“Uma medicação prescrita mais para o
conforto do paciente do que por sua real
eficácia”
“Uma substância inerte ou inócua utilizada
em experimentos controlados para testar a
eficácia de outra substância”
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
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Rev. Bras. Med. 1997; 54(4):246-50
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Desenvolvimento de um
Novo Fármaco – Placebo
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Média
Variação
Dores várias
28,2
0 – 67
Cefaléia
61,9
46 – 95
Enxaqueca
32,3
20 – 58
Distúrbios gastrintestinais
58,0
21 – 56
Hipertensão arterial
17,0
0 – 60
Dor reumática
49,0
14 – 84
Dismenorréia
24,0
11 – 60
Estado gripal
45,0
35 – 61
Alcoolismo
22,0
10 - 50
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Maio 2007
Rev.Bras.Med. 1997;54(4):246-50 (adaptado de Meyer & Kindli, 1989)
Desenvolvimento de um
Novo Fármaco – Placebo
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SINTOMA
FREQUÊNCIA (%)
Urticária
5
Pesadelo
8
Sonolência
23
Cansaço
41
Dificuldade de concentração
27
Cefaléia
15
Irritabilidade
17
Insônia
7
Boca seca
5
Obstipação intestinal
4
Obstrução nasal
31
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Rev.Bras.Med. 1997;54(4):246-50 (Adaptado de Meyer & Kindli, 1989)
FASE I: Primeira Vez Em
Seres Humanos
“SUBJECTS” e não “PATIENTS”
(voluntários sadios)
n pequeno (10-20)
OBJETIVO
Segurança de Dose Única
–
Dose
•
usualmente 1 a 2% da dose (mg/kg) que produziu os
primeiros sinais de toxicidade significativa em animais
•
ou, 1/10 da DL10, expressa em miligramas por m2 de
superfície corpórea do camundongo, geralmente
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Maio 2007
FASE I: Primeira Vez Em
Seres Humanos
Segurança de Dose Única
– Método – escalonamento de dose
•
1o degrau: como descrito acima
•
2o degrau: 2 x dose inicial
(200 mg)
•
3o degrau: 67% maior que o segundo
(334 mg)
•
4o degrau: 50% maior que o terceiro
(501 mg)
•
5o degrau: 40% maior que o quarto
(701 mg)
•
daí para frente: 33% maior que o anterior
(932 mg)
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(ex 100 mg)
FASE I: Primeira Vez Em
Seres Humanos
• “Novos” conceitos ....
– NOAEL: No Observed Adverse Effect Level
• A mais alta dose testada de uma substância que não
causou nenhum efeito adverso em animais
– NOEL: No Observed Effect Level
• A mais alta dose testada de uma substância que não
causou nenhum efeito em animais.
– MABEL: Minimum Anticipated Biological Effect Level
• A conversão destes dados de animais para o homem
(HED = Human Equivalent Dose) é usualmente feita
com base na superfície corpórea (m2)
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http://www.emea.europa.eu/pdfs/human/swp/2836707en.pdf
FASE I: Primeira Vez Em
Seres Humanos
FARMACOLOGIA
– Farmacodinâmica
• “É o que o fármaco faz no organismo”
– Farmacocinética
• Estudos ADME – Absorção, Distribuição,
Metabolismo e Excreção
• “É o que o organismo faz com o fármaco”
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Maio 2007
FASE I: Primeira Vez Em
Seres Humanos
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Maio 2007
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FASE I
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Maio 2007
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FASE II: Começa a Avaliação
Em Pacientes
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Fase IIa
Fase IIb
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• Estudos abertos (pilotos)
• 2 ou 3 estudos duplocegos
• Versus placebo
N = 100- • Amplia-se o nºde estudos
duplo-cegos e o “n” em
150
cada um deles
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Maio 2007
FASE II: Começa a Avaliação
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Maio 2007
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FASE III: Grandes Estudos
Multicêntricos Randomizados
• Estudos terapêuticos confirmatórios
• Pivotais
• Desenhados para obter dados de segurança e
eficácia
• Comparativos (geralmente) versus o “gold standard”
• Tipicamente envolve milhares de pacientes, de modo
a criar um banco de dados que dê suporte à bula do
novo medicamento
• Geralmente 2 ou 3 estudos multicêntricos
internacionais são exigidos pela FDA
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Maio 2007
FASE III
Estudos Farmacoeconômicos
– “Avaliação econômica”
• Farmacoeconomia é a aplicação de princípios
econômicos a medicamentos ou terapêuticas
• Incorpora algumas disciplinas diferentes como
pesquisa clínica, economia, epidemiologia, etc.
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
O Que Os Resultados da
Análise Econômica Nos
Informam?
Custo mais alto
Inferior
Menor
Necessita
Avaliação
Efetividade
Maior
Efetividade
Necessita
Avaliação
Superior
Custo mais baixo
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
Tipos de Análise Econômica
• Custo-Minimização (cost-minimization)
• Custo-Benefício (cost-benefit)
• Custo-Efetividade (cost-effectiveness)
• Custo-Utilidade (cost-utility)
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Maio 2007
Simon & Kotler, 2004; Coughlin & Angus, 2003
FASE IV: Acompanhando o
Produto Após o Lançamento
PÓS-MARKETING
•
Objetivos
– Expansão dos dados de eficácia e segurança
– Estudos duplo-cegos vs. líderes de mercado
– Investigação em sub-populações
O design e controle dos estudos exige o
mesmo rigor científico e ético dos estudos
pré-registro
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Maio 2007
RES. 251, 07 de agosto de 1997 (CNS)
Desenvolvimento de um
Novo Fármaco -Fases/Prazos
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Maio 2007
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Desenvolvimento de um Novo
Fármaco - Estudos Clínicos
Sumário
FASE NºPACIENTES
DURAÇÃO
OBJETIVO
Fase I
8-40
Vários
meses
Fase II
Até várias
centenas
(100 – 400)
Vários
meses a 2
anos
SEGURANÇA a curto
prazo e EFICÁCIA
Fase
III
Várias centenas
a vários
milhares
1 a 4 anos
SEGURANÇA,
EFICÁCIA comparativa
Vários anos
FARMACOVIGILÂNCIA
Ampliar indicações,
gerar experiência,
aumentar “n”
Fase
IV
Vários milhares
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Maio 2007
SEGURANÇA
Principais Diferenças Entre Os
Ensaios Clínicos e Prática
Clínica
!
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Maio 2007
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Dainesi SM et al. Farmacovigilância. Um dever de todos. Parte I.
Rev Soc Bras Cancerologia 2001, ano IV (13):33-37.
Desenvolvimento de Um
Novo Fármaco - Oncologia
FASE I
• População
– Pacientes pré-tratados, nos quais não há
outro tratamento efetivo a ser realizado
– Entretanto, os órgãos-alvo para toxicidade
devem ser competentes
– Qualquer tipo histológico de tumor, sem
separação
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Desenvolvimento de Um
Novo Fármaco - Vacinas
Fase I
Primeira aplicação
em humanos
Fase II
Fase III
Avaliação da eficácia Avaliação da
Imunogenicidade
segurança e eficácia
na prevenção da
doença
100
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Maio 2007
200 – 500
Grandes populações
em estudos
multicêntricos
International Ethical Guidelines for Biomedical Research Involving Human
Subjects. CIOMS in collaboration with the WHO. Genebra, 1993
Conclusão: Objetivo de Um
Estudo Clínico
• Definir benefício terapêutico
– Provar segurança e demonstrar eficácia
– Mostrar favorável risco-benefício quando comparado
aos tratamentos existentes
• Definir como usar um novo fármaco
–
–
–
–
–
–
–
Indicação
Dose
Formulação
Individualização do uso
Variabilidade da droga
Tolerabilidade
Resistência
• Avaliar economicamente o novo
medicamento
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
Medicina Baseada em
Evidências
GRAU NÌVEL
A
B
TIPO DE ESTUDO
1A
Revisão Sistemática de ECR ou Coorte
1B
ECR c/ IC estreito ou Coorte
1C
Série de Casos
2A
Revisão Sistemática de Estudos Coorte
2B
ECR de “menor qualidade” ou Coorte
2C
Observação de Resultados Terapêuticos ou
Estudos Ecológicos
3A
Revisão Sistemática de Estudos CasoControle
3B
Estudos Caso-Controle
INTERPRETAÇÃO
Há boas evidências para apoiar
a recomendação
Há evidências razoáveis para
apoiar a decisão
C
4
Relato de Casos
Há evidências
insuficientes, contra ou a favor
D
5
Opinião de Especialista
Há evidências para descartar a
recomendação
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Maio 2007
http://www.cebm.net/levels_of_evidence.asp
AMB-Projeto Diretrizes (www.amb.org.br)
Muito obrigado!
Dr. Marcelo Lima
[email protected]
11.3868-9136
I Curso de Pesquisa Clínica SBMF/ANVISA
Maio 2007
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