UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA Setor de Tecnologia Faculdade de Engenharia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost Atuando como Controlador de Carga de Baterias em um Sistema Fotovoltaico Juiz de Fora, MG – Brasil Novembro de 2004 Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost atuando como Controlador de Carga de Baterias em um Sistema Fotovoltaico Ricardo Henrique Rosemback Dissertação submetida ao corpo docente da Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia Elétrica. Aprovada por: _______________________________________ Prof. Pedro Gomes Barbosa, D. Sc. (Orientador) _______________________________________ Prof. Marcio de Pinho Vinagre, Dr. Eng. _______________________________________ Prof. Antonio Carlos Siqueira de Lima, D.Sc. Juiz de Fora, MG – Brasil Novembro de 2004 “Todo caminho que trilhamos pela primeira vez é muito mais longo e difícil do que o mesmo caminho quando já o conhecemos.” Thomas Mann iii Resumo da Dissertação apresentada ao PPEE/UFJF como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica (M.E.E.) CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST ATUANDO COMO CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA EM UM SISTEMA FOTOVOLTAICO Ricardo Henrique Rosemback Novembro de 2004 Orientador: Prof. Pedro Gomes Barbosa Programa: Engenharia Elétrica Área de Concentração: Instrumentação e Controle Este trabalho apresenta o projeto de um Controlador de Carga de Baterias para ser usado em sistemas de geração de energia elétrica fotovoltaicos. As baterias eletroquímicas são usadas para armazenar o excedente de energia elétrica convertida nos painéis fotovoltaicos e não consumida pelas cargas. Para garantir o carregamento completo e seguro das baterias o processo de carga é divido em quatro etapas: (i) carga leve, (ii) carga rápida, (iii) sobrecarga e (iv) carga de flutuação. O controlador de carga de baterias desenvolvido neste trabalho é um Conversor CC-CC Bidirecional com duas etapas de funcionamento distintas: uma Buck e outra Boost. Durante a Etapa Buck a bateria é carregada enquanto que a Etapa Boost é usada durante o processo de descarga. Serão apresentadas metodologias para modelar matematicamente e para linear as Etapas Buck e Boost do Conversor CC-CC Bidirecional. As funções de transferência obtidas serão usadas para analisar a estabilidade de pequenos sinais do conversor e projetar controles para a tensão e/ou a corrente de carga e de descarga de um banco de bateria. Resultados de simulações digitais obtidas com o programa PSpice, bem como alguns resultados experimentais obtidos com um protótipo de laboratório são usados para testar o desempenho do conversor e seus controles. iv Abstract of Dissertation presented to PPEE/UFJF as a partial fulfillment of the requirements for a Master of Electrical Engineering (M.E.E.) OPERATION OF A BUCK-BOOST CONVERTER AS BATTERY CHARGE CONTROLLER CONNECTED TO A PHOTOVOLTAIC GENERATION SYSTEM Ricardo Henrique Rosemback November 2004 Advisor: Prof. Pedro Gomes Barbosa Program: Electrical Engineering Minor Area: Instrumentation and Control This work presents the design of a battery charge controller to be used in photovoltaic electric energy generation systems. The electrochemical batteries are used to store the amount of electrical energy converted by the photovoltaic panels and not consumed by the loads. The full and safe charging process of the batteries are divided in four stages: (i) trickle charge, (ii) bulk charge, (iii) over charge and (iv) float charge. The charge controller developed in this work is a bidirectional DC-DC converter with two operational stages: one buck and the other boost. During the buck operation the battery is charged while the boost stage is used to discharge it. Methodologies to model mathematically and to linearize the buck and the boost stages of the bidirectional DCDC converter will be presented. The obtained transfer functions are used to analyze the small signal stability of the converter and to design controllers to control the voltage and/or current of the battery during the charge and the discharge stages. Digital simulation results obtained with PSpice program as well as some experimental results obtained with a laboratory prototype are used to test the performance of the converter and its controllers. Sumário Simbologia ........................................................................................................... ix Capítulo 1 – Introdução 1.1 Histórico ......................................................................................................... 1 1.2 Identificação do Problema ............................................................................. 3 1.3 Motivação do Estudo ..................................................................................... 4 1.4 Objetivos do Trabalho ................................................................................... 5 1.5 Estrutura do Trabalho .................................................................................... 6 Capítulo 2 – Elementos de um Sistema de Geração de Energia Elétrica Fotovoltaico 2.1 Introdução ...................................................................................................... 7 2.2 Principais Elementos dos Sistemas Fotovoltaicos ........................................ 8 2.2.1 O Painel Fotovoltaico ............................................................................. 10 2.2.2 Conversores Estáticos ............................................................................ 16 2.2.2.1 Conversores Estáticos CC-CC ..................................................................... 17 2.2.2.2 Conversores Estáticos CC-CA ..................................................................... 20 2.2.3 Elemento de armazenamento de Energia: Baterias .............................. 21 2.2.3.1 Bateria Chumbo-ácido ................................................................................... 22 2.2.3.2 Bateria Níquel-cádmio ................................................................................... 26 2.2.4 Elemento de Regulação de Carga de Baterias ...................................... 26 2.2.4.1 Processo de Carga .......................................................................................... 28 2.2.4.2 Compensador de Temperatura .................................................................... 30 2.2.4.3 Desconexão por Baixa Tensão ..................................................................... 31 Sumário vi 2.2.4.4 Bloqueio de Corrente Reversa ..................................................................... 2.3 Topologias Básicas de Sistemas de Geração Baseado em Painéis Fotovoltaicos ....................................................................................................... 2.3.1 Sistemas Fotovoltaicos Isolados ............................................................ 31 31 32 2.3.1.1 Arranjo Fotovoltaico e Carga CC ................................................................ 32 2.3.1.2 Arranjo Fotovoltaico com Banco de Baterias e Carga CC ...................... 33 2.3.1.3 Arranjo Fotovoltaico e Carga CA ................................................................ 33 2.3.1.4 Arranjo Fotovoltaico com Banco de Baterias e Carga CA ...................... 34 2.3.2 Sistemas Fotovoltaicos Conectados a Rede CA ..................................... 34 2.3.2.1 Sistemas Fotovoltaicos Residenciais Conectados a Rede CA ................. 35 2.3.1.2 Sistemas Fotovoltaicos de Grande Porte Conectados a Rede CA ......... 35 2.4 Conclusões Parciais ....................................................................................... 36 Capítulo 3 – Controlador de carga de Baterias Baseado no Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost 3.1 Introdução ...................................................................................................... 37 3.2 Topologia do Sistema Fotovoltaico ............................................................... 38 3.3 Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost ................................................. 39 3.3.1 Etapa Buck ............................................................................................. 40 3.3.2 Etapa Boost ............................................................................................ 43 3.4 Estratégia de Controle do Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost ....... 45 3.5 Projeto das Malhas de Realimentação de Controle do Conversor CC-CC Bidirecional ....................................................................................................... 52 3.5.1 Linearização do Estágio de Potência do Conversor CC-CC Bidirecional ......................................................................................................... 53 3.4.1.1 Modelo Dinâmico da Etapa Buck ................................................................ 56 3.4.1.2 Modelo Dinâmico da Etapa Boost ................................................................ 60 3.5.2 Malha de Realimentação de Controle de Tensão .................................. 64 Sumário vii 3.5.2.1 Controlador Tipo 1 ........................................................................................ 68 3.5.2.2 Controlador Tipo 2 ........................................................................................ 69 3.5.2.2 Controlador Tipo 3 ........................................................................................ 71 3.5.3 Metodologia de Projeto de Controladores Baseado no Fator K ............ 3.5.3.1 Algoritmo de Projeto do Controlador ........................................................ 3.5.4 Malha de Realimentação de Controle de Corrente ................................ 3.6 Conclusões Parciais ....................................................................................... 72 75 76 78 Capítulo 4 – Projeto e Simulação do Conversor CC-CC Bidirecional BuckBoost 4.1 Introdução ...................................................................................................... 79 4.2 Dimensionamento dos Elementos do Sistema ............................................. 80 4.2.1 Arranjo Fotovoltaico ............................................................................... 80 4.2.2 Conversor CC-CC Boost ........................................................................ 81 4.2.3 Banco de Baterias ................................................................................... 86 4.3 Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost ................................................. 87 4.3.1 Malha de Controle de Tensão Etapa Boost ........................................... 89 4.3.2 Malha de Controle de Tensão Etapa Buck ............................................ 92 4.3.3 Malha de Controle de Corrente Etapa Buck .......................................... 95 4.4 Resultados Obtidos na Simulação ................................................................. 97 4.4.1 Comportamento da Etapa Buck ............................................................ 98 4.4.2 Comportamento da Etapa Boost ........................................................... 100 4.5 Protótipo do Conversor CC-CC Bidirecional ................................................ 101 4.5.1 Chaves Estáticas ..................................................................................... 102 4.5.2 Circuito de Controle ............................................................................... 103 4.5.3 Circuito de Disparo ................................................................................ 103 Sumário viii 4.5.4 Sensores de Tensão e Corrente .............................................................. 104 4.5.5 Sensor de Temperatura .......................................................................... 104 4.6 Resultados da Implementação do Protótipo ................................................. 104 4.7 Conclusões Parciais ....................................................................................... 107 Capítulo 5 – Conclusões e Recomendações para Trabalhos Futuros 5.1 Conclusões .................................................................................................... 108 5.2 Recomendações para Trabalhos Futuros ...................................................... 110 Referências Bibliográficas ................................................................................... 111 Apêndice A – Projeto Físico Indutor ................................................................... 116 Apêndice B – Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice ......................... 120 Simbologia 1. Símbolos empregados nas expressões matemáticas DESCRIÇÃO SÍMBOLO UNIDADE αBT Coeficiente de temperatura da bateria Chumbo-ácido V/°C αT Coeficiente da temperatura de ISC para o painel fotovoltaico A/°C βT Coeficiente de temperatura de VOC para o painel fotovoltaico V/°C C Capacidade da bateria Ah ∆I Variação da corrente A ∆V Variação da tensão V C Capacidade da bateria Ah d Razão cíclica D Razão cíclica no estado permanente CC fS Freqüência de chaveamento dos conversores estáticos G Insolação W/m 2 GSTC Insolação nas Condições de Teste Padrão W/m 2 iBB(t) Corrente fornecida pelo banco de baterias A IBB Valor médio da corrente iBB(t) A IBULK Corrente de carga da bateria durante o segundo estágio do processo de carga A ID Corrente sobre o diodo do modelo elétrico do painel fotovoltaico A IFV Corrente fornecida pela fonte de corrente no modelo elétrico do painel fotovoltaico A IMP Corrente no ponto de máxima potência do painel fotovoltaico A IOCT Valor de corrente que indica que a bateria alcançou sua carga completa A Hz Simbologia x IP Corrente fornecida pelo painel fotovoltaico A IPN Corrente fornecida pelo painel fotovoltaico para um determinado valor de insolação e temperatura A ISC Corrente de curto -circuito do painel fotovoltaico A ITC Corrente de carga da bateria durante o primeiro estágio do processo de carga A NE Número de elementos que compõe a bateria NOCT Temperatura normal de operação da célula fotovoltaica °C P0 Potência média de saída do conversor CC-CC estático W pBoost(t) Potência instantânea fornecida pelo conversor CC-CC Boost W pCarga(t) Potência instantânea fornecida consumida pela carga W Pi Potência média de entrada do conversor CC-CC estático W PMP Potência máxima fornecida pelo painel para um determinado nível de insolação e temperatura W Potência instantânea fornecida pelo arranjo fotovoltaico W RP Resistência em paralelo do modelo do painel fotovoltaico Ω RS Resistência série do modelo do painel fotovoltaico Ω pPainel(t) SOC(t) Estado de Carga do banc o de baterias SOC min Estado de Carga mínimo admissível SOC max Estado de Carga máximo admissível Ta Temperatura ambiente °C Ta,ref Temperatura ambiente de referencia °C TC Temperatura da célula fotovoltaica °C TS Período de chaveamento dos converso res estáticos TSTC Temperatura nas Condições de Teste Padrão °C VB(T) Tensão na bateria em função da temperatura V vBB(t) Tensão do banco de baterias V VBB Tensão nominal do banco de baterias V s Simbologia xi VBBmax Valor de tensão correspondente ao SOCmax V VBBmin Valor de tensão correspondente ao SOCmin V Tensão nominal do barramento CC V VCC MAX Tensão máxima admissível no barramento CC V VCC MIN Tensão mínima admissível no barramento CC V Tensão no barramento CC V Valor de tensão da bateria no limite da capacidade de descarga V VE,25°C Tensão de um elemento da bateria a 25°C V VFLOAT Valor de tensão que deve ser aplicado à bateria durante o quarto estágio do processo de carga V VMP Tensão no ponto de máxima potência do painel fotovoltaico V VOC Tensão de circuito aberto do painel fotovoltaico V VOC Valor máximo de sobrecarga de tensão que deve ser alcançado pela bateria V VP Tensão fornecida pelo arranjo fotovoltaico V VPN Tensão fornecida pelo painel fotovoltaico para um determinado valor de insolação e temperatura V VCC vCC(t) V CHGEND 2. Acrônimos e abreviaturas SIGNIFICADO SÍMBOLO CA Corrente alternada CC Corrente contínua FTMA Função de transferência de malha aberta FTMF Função de transferencia de malha fechadas PWM Modulação por largura de pulso Capítulo 1 Introdução 1.1 Histórico A busca pela dominação de fontes de energia pelo homem começou em torno de 500.000 anos atrás, quando o homem primitivo passou a controlar o fogo, aproveitando dessa forma de energia para aquecê-lo, afastar predadores e preparar alimentos. Desde então o homem foi descobrindo novas fontes e formas de energia e criando dispositivos para utilizá-las a seu favor. As fontes de energia passaram a ser vital para sobrevivência e evolução do homem. Portanto, devido a grande importância da energia para a humanidade nos dias de hoje, são incessantes as pesquisas que visam o desenvolvimento e aprimoramento de técnicas de obtenção de energia, com o objetivo principal de conciliar grande capacidade de geração, baixo custo e um mínimo impacto ao meio ambiente. O Sol é a mais importante fonte de energia do nosso planeta. Ele fornece 1,5x10 18 kWh de energia anualmente a Terra nas formas de luz e calor, energia correspondente a 10.000 vezes o consumo mundial no mesmo período. E ainda, o Sol uma fonte de energia inesgotável na escala terrestre de tempo [1]. 1 CAPÍTULO 1- I NTRODUÇÃO 2 A forma de energia mais importante atualmente é a elétrica que pode ser transportada ininterruptamente por longas distâncias, distribuída a diversos pontos simultaneamente e convertida nas mais diversas formas de energia como luminosa, mecânica, química e térmica. O Efeito Fotovoltaico que transforma diretamente a energia luminosa solar em corrente elétrica concilia a mais importante fonte, o Sol, com a principal forma de energia, a elétrica. Relatado por Edmond Becquerel, em 1839, o Efeito Fotovoltaico pode ser explicado sucintamente como o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz. Essas estruturas de material semicondutor são denominadas de Células Fotovoltaicas [2]. As Células Fotovoltaicas são as unidades básicas de geração de energia, elas podem ser conectadas entre si, formando os painéis fotovoltaicos, que são os dispositivos utilizados na prática para geração de energia. As primeiras aplicações desses dispositivos foram para atender a necessidade de geração de energia no espaço em satélites artificiais, sondas, naves e estações espaciais. Com a queda progressiva no custo de produção dos painéis seu emprego estendeu-se a aplicações terrestres, inicialmente em locais isolados distantes da rede elétrica [1], [2]. Atualmente utiliza-se a energia fotovoltaica nas mais diversas áreas com o objetivo de geração de energia elétrica aliada as seguintes vantagens: simplicidade de instalação, facilidade de expansão, elevado grau de confiabilidade do sistema, redução das perdas por transmissão de energia devido à proximidade entre geração e consumo e pouca necessidade de manutenção. Além disso, os sistemas fotovolt aicos são fontes silenciosas e não poluentes de geração de energia elétrica [3]. O custo da produção de energia elétrica através de painéis fotovoltaicos ainda é elevado em comparação a outros métodos de geração de energia elétrica o que inviabiliza muitas vezes a sua aplicação. Contudo, há uma grande expectativa da CAPÍTULO 1- I NTRODUÇÃO 3 difusão do uso de sistemas fotovoltaicos nos próximos anos, principalmente pelo esgotamento das fontes primárias de energia e o grande impacto ambiental causado pelas usinas tradicionais de geração de energia como a hidroelétrica e as termoelétricas [4]. Além do desenvolvimento de painéis mais eficientes a um custo menor, um sistema de geração de energia fotovoltaica para tornar-se mais difundido depende também do desenvolvimento de equipamentos complementares que tornem os sistemas mais versáteis, ou seja adaptando-os as mais diversas aplicações, e eficientes, aproveitando melhor a energia gerada pelos painéis [5]. 1.2 Identificação do Problema A produção de energia através de painéis fotovoltaicos depende, principalmente, do nível de insolação incidente sobre eles. Como o recurso energético solar apresenta grande variabilidade devido à alternância de dias e noites, das estações do ano e períodos de passagem de nuvens, a produção de energia apresentará também uma grande variação de acordo com a insolação, ou seja, nos períodos de grande insolação haverá grande produção de energia, nos períodos de baixa insolação haverá pouca produção de energia e nos períodos sem insolação não haverá produção de energ ia. Dessa forma, a quantidade de energia gerada pelos painéis, em grande parte das aplicações, não coincidirá com a quantidade de energia requerida pelas cargas elétricas da instalação, tendo-se que descartar o excedente de energia gerado em determinados momentos e em outros, requerer energia de uma outra fonte. Uma forma de solucionar este problema é o armazenamento do excedente de energia gerado pelos painéis em banco de baterias eletroquímicas, transformando energia elétrica em energia potencial química. A energia química armazenada poderá ser utilizada posteriormente, na forma de energia elétrica, quando a energia requerida pelas cargas elétricas da instalação for superior a energia gerada pelos painéis. CAPÍTULO 1- I NTRODUÇÃO 4 Porém as baterias eletroquímicas são equipamentos que elevam o custo de implementação do sistema fotovoltaico e podem ser danificadas prematuramente caso não sejam respeitadas suas especificações de uso, principalmente no se refere aos processos de carga e descarga. Assim, para evitar que as mesmas sejam danificadas precocemente, as baterias necessitam de um equipamento destinado ao seu monitoramento durante os processos de carga e de descarga. Este equipamento é denominado por “Controlador de Carga de Bateria” [6]. O Controlador de Carga de Bateria em um sistema fotovoltaico deve, além de proteger as baterias, providenciar o carregamento completo da bateria, dentro de suas especificações, em um período de tempo o mais curto possível. O Controlador deve também providenciar e gerenciar o retorno da energia armazenada para o sistema elétrico quando for necessário. Dessa forma é importante que o Controlador de Carga de Bateria receba informações constantes do sistema para gerenciar com mais eficiência o fluxo de energia que entra e sai do banco de baterias. Para executar tais tarefas os controladores necessitam basicamente de dois circuitos, um circuito de controle e um circuito de comutação. O circuito de controle monitora grandezas do sistema, como a tensão, a corrente e a temperatura na bateria, processa essas informações e gera os sinais de controle que comandará o circuito de comutação. Já o circuito de comutação é composto por chaves que comutam as ligações de acordo com as condições e as necessidades do sistema. 1.3 Motivação do Estudo A principal motivação deste trabalho é o desenvolvimento de um Conversor CCCC Bidirecional Buck-Boost que atuará em um sistema fotovoltaico como Controlador de Carga de Bateria. O Conversor CC-CC Bidirecional irá promover a ligação entre o barramento de corrente contínua e o banco de baterias eletroquímicas do sistema fotovoltaico. Sua função será de promover o controle de carga de baterias chumbo- CAPÍTULO 1- I NTRODUÇÃO 5 ácido. O processo de carga da bateria é dividido em quatro estágios para garantir o carregamento completo, rápido e seguro. Para executar com precisão o processo de carga, o circuito de controle do conversor monitora a tensão, a corrente e a temperatura na bateria. Processa essas informações e gera os sinais de controle que irão atuar nas chaves do circuito de comutação. Os parâmetros de controle devem ser ajustados de acordo com as especificações do fabricante da bateria utilizada no sistema. 1.4 Objetivos do Trabalho No desenvolvimento deste trabalho, que envolve um controlador de carga de bateria baseado na topologia de um Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost, foram selecionados os seguintes objetivos para serem estudados: i. descrever os principais elementos que compõem um sistema fotovoltaico dando-se ênfase às baterias chumbo-ácido utilizadas para o armazenamento de energia elétric a; ii. descrever o circuito principal do Conversor CC-CC Bidirecional para ser usado como Controlador de Carga de Baterias; iii. apresentar uma estratégia de controle para o gerenciamento do fluxo de energia dentro do sistema, bem como o processo de carga do banco de baterias; iv. apresentar um modelo matemático, linearizado, para as etapas de operação do Conversor CC-CC Bidirecional, obtendo-se as funções de transferências para auxiliar o projeto das malhas de controle; v. descrever as metodologias de projeto das malhas de realimentação de controle CAPÍTULO 1- I NTRODUÇÃO 6 adotadas no Conversor CC-CC Bidirecional; vi. verificar a dinâmica das malhas de controle do conversor através de simulações no Pspice; vii. descrever as etapas para implementação da topologia estudada para observação do seu funcionamento; 1.5 Estrutura do Trabalho O desenvolvimento desse trabalho que aborda o Conversor CC-CC Bidirecional, que atua como Controlador de Carga de Bateria em um sistema fotovoltaico, está dividida em capítulos conforme sumarizados a seguir: O Capítulo 2 faz referência aos sistemas fotovoltaicos, abordando o funcionamento e as características das células fotovoltaicas, os principais equipamentos que compõem o sistema e as topologias mais usuais. O Capítulo 3 enfoca as características, o funcionamento e o equacionamento do Conversor Bidirecional CC-CC que será desenvolvido para atuar como Controlador de Carga de Bateria em um sistema fotovoltaico. O Capítulo 4 descreve as etapas para implementação do protótipo como: dimensionamento dos componentes, montagem do equipamento e verificação do seu funcionamento. O Capítulo 5 relata os resultados e as conclusões alcançadas no desenvolvimento do trabalho, também são propostas sugestões para trabalhos futuros com objetivo de aperfeiçoamento do equipamento desenvolvido. Capítulo 2 Elementos de um Sistema de Geração de Energia Elétrica Fotovoltaico 2.1 Introdução Sistemas Fotovoltaicos de geração de energia são sistemas que através de células fotovoltaicas converte a energia luminosa diretamente em energia elétrica. As células são conectadas entre si formando os painéis fotovoltaicos, que são os componentes que caracterizam o sistema. Além dos painéis, outros equipamentos podem fazer parte do sistema, como conversores estáticos, baterias eletroquímicas e controladores de carga de bateria [1]. Entre as vantagens associadas aos sistemas fotovoltaicos, destaca-se sua versatilidade, o que permite projetá-los para diversas aplicações. Sua topologia é definida levando-se em consideração muitos fatores com: localização geográfica, condições climáticas, isolado ou conectado a rede de fornecimento de energia da concessionária, características elétricas das cargas alimentadas pelo sistema e sua 7 CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 8 aplicação [7]. Outras vantagens dos sistemas fotovoltaicos são a grande durabilidade dos painéis e a sua modularidade. Esta última característica facilita o transporte, a instalação e a ampliação dos sistemas fotovoltaicos. E ainda, por não possuir peças móveis os sistemas fotovoltaicos requerem pouca manutenção [1]. Sob os aspectos relacionados ao meio ambiente, a geração de energia pelos sistemas fotovoltaicos não emite nenhum tipo de resíduo ao meio ambiente além de serem fontes silenciosas. Isto permite sua instalação perto dos consumidores de energia, que por sua vez contribui para a redução das perdas na transmissão da energia elétrica gerada. A redução progressiva no custo de fabricação dos painéis fotovoltaicos, somado as suas vantagens, e ainda, a saturação, o impacto ao meio-ambiente e o aumento progressivo no preço da energia gerada pelas fontes tradicionais como combustíveis fosseis e hidrelétrica tem contribuído para o aumento progressivo do emprego de sistemas fotovoltaicos na geração de energia elétrica [5]. Conhecer as principais características de um sistema fotovoltaico é um dos requisitos básico para o desenvolvimento de trabalhos que busquem o aprimoramento do seu funcionamento e de seus componentes. Este capítulo apresenta os principais equipamentos que compõem o sistema e as topologias mais usuais. 2.2 Principais Elementos dos Sistemas Fotovoltaicos Os sistemas fotovoltaicos são bastante flexíveis, podendo admitir muitas topologias de acordo com a aplicação. Os principais elementos que podem fazer parte do projeto de um sistema fotovoltaico de geração de energia, além dos painéis, são: (i) conversores estáticos cuja finalidade é adequar a potência elétrica de saída dos painéis à CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 9 natureza das cargas alimentadas, (ii) baterias eletroquímicas cuja tarefa é armazenar energia e (iii) controlador de carga de baterias que providencia o carregamento seguro da energia excedente nas baterias para seu uso posterior [1]. A Figura 2.1 mostra o esquema de um sistema fotovoltaico composto por todos os elementos citados. Essa topologia é composta por dois barramentos, um barramento de tensão contínua, denominado de barramento CC e um barramento de tensão alternada, denominado barramento CA. A energia gerada pelos painéis é transferida para o barramento CC através dos conversores estáticos CC-CC que mantém a tensão do barramento em um valor desejado. O banco de baterias está conectado ao barramento CC através do Controlador de Carga de Bateria. Um conversor estático CC-CA, que pode ser trifásico ou monofásico, transfere a energia disponível no barramento CC para o barramento CA onde estão conectadas as cargas do sistema. O barramento CA pode ser também conectado a rede de energia da concessionária, desde que a legislação local permita e que a qualidade de energia no barramento CA esteja dentro das normas estabelecidas pela concessionária [1], [8]. Figura 2.1 – Diagrama de conexão de um sistema fotovoltaico de geração de energia elétrica. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 10 Nas seções seguintes são detalhados mais especificamente cada uma das partes do sistema mostrado na Figura 2.1. 2.2.1 O Painel Fotovoltaico O painel fotovoltaico é o responsável por transformar a energia luminosa solar em corrente elétrica. Ele é formado por células individuais conectadas entre si. Cada célula fotovoltaica isoladamente tem capacidade limitada de produção de energia elétrica e fornece um baixo nível de tensão. Portanto para atender a demanda de energia de grande parte dos equipamentos elétricos há necessidade de se associar várias células, através de ligações série e paralelo, formando-se assim os painéis fotovoltaicos. Os painéis fotovoltaicos podem, também, ser conectados entre si, formando-se os arranjos fotovoltaicos. Isso possibilita projeto de sistemas de grande capacidade de geração de energia elé trica [1], [2]. As células fotovoltaicas são constituídas por materiais semicondutores. Os materiais classificados como semicondutores caracterizam-se por possuírem uma banda de valência totalmente preenchida por elétrons e uma banda de condução totalmente “vazia” a temperaturas próximas de zero Kelvin. A separação entre as duas bandas de energia permitida dos semicondutores, chamada de gap de energia, é da ordem de 1eV (elétron-volt). Isso faz com que os semicondutores apresentem características interessantes. Uma delas é o aumento de sua condutividade com a temperatura, devido à excitação térmica de portadores da banda de valência para a banda de condução. Uma característica fundamental para as células fotovoltaicas é possibilidade de fótons, na faixa do espectro visível, com energia superior ao do gap de energia do material, excitarem elétrons à banda de condução. Este efeito, que pode ser observado em semicondutores puros, também chamado intrínsecos, não garante por si só o funcionamento de células fotovoltaicas. Para obtê-las é necessário uma estrutura apropriada, para que os elétrons excitados possam ser coletados, gerando uma corrente útil [1]. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 11 O elemento mais utilizado atualmente na fabricação das células fotovoltaicas é o Silício [4]. Os átomos de Silício caracterizam por possuírem quatro elétrons de ligação que se ligam aos vizinhos formando uma rede cristalina. O cristal de Silício puro não possui elétrons livres, portanto é um mal condutor elétrico. Para alterar isto, acrescentam-se porcentagens de outros elementos a sua estrutura molecular, este processo denomina-se dopagem. Mediante a dopagem do Silício com elementos da família V da tabela periódica, como o Fósforo, que contém 5 elétrons na última camada, obtém-se um material com elétrons livres ou material portador de cargas negativas denominado de Silício tipo n. Realizando o mesmo processo, mas acrescentando elementos da família III, como o Boro, que contém 3 elétrons de ligação, à estrutura do material, obtém-se um material com características inversas, ou seja, déficit de elétrons ou material portador de carga positiva, denominado de Silício tipo p. Esta falta de elétrons e denominada de buraco ou lacuna. Em um cristal de Silício puro, introduzindo-se átomos de Boro em uma metade e de Fósforo na outra, será formado o que se denomina junção pn. Na junção os elétrons livres do lado n passam ao lado p onde encontram as lacunas que os capturam. Isso faz com que haja um acúmulo de elétrons no lado p, tornando-o negativamente carregado e uma redução de elétrons no lado n, que o torna eletricamente positivo. Estas cargas aprisionadas dão origem a um campo elétrico permanente que dificulta a passagem de mais elétrons do lado n para o lado p. O processo alcança o equilíbrio quando o campo elétrico forma uma barreira capaz de barrar os elétrons livres remanescentes no lado n. A Figura 2.2(a) ilustra o comportamento das cargas elétricas através da junção pn e a Figura 2.2(b) mostra o comportamento do campo elétrico sobre a junção pn. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 12 Figura 2.2 – Junção semicondutora: (a) região do cristal onde ocorre o acumulo de cargas e (b) campo elétrico resultante da transferência de cargas através da junção pn. Se esta junção pn, mostrada esquematicamente na Figura 2.2 (a), for exposta a fótons com energia superior aquela presente no gap do dispositivo ocorrerá a geração de pares elétron-lacuna nessa região. Se este fenômeno ocorrer na região onde o campo elétrico é diferente de zero, as cargas serão aceleradas, gerando assim, uma corrente elétrica através da junção. Este deslocamento de cargas dá origem a uma diferença de potencial que é chamada de efeito fotovoltaico. Então se as duas extremidades do cristal forem conectadas por um fio, haverá circulação de uma corrente elétrica unidirecional [1]. O modelo elétrico que representa um painel fotovoltaico ideal é mostrado na Figura 2.3(a), onde a corrente IP fornecida pelo painel a uma carga, é equivalente à associação de uma fonte de corrente contínua IFV em paralelo com um diodo. Onde o módulo de IFV é proporcional ao nível de insolação G que incide sobre a célula e o comportamento da corrente pela junção pn é representado pela corrente do diodo ID . O desempenho de um painel real difere do ideal por apresentar alguns fatores de perdas. Estas perdas são representadas pelas resistências em série e em paralelo inseridas no modelo ideal. A resistência em série se deve a resistividade do corpo material, a resistência da lâmina da camada difundida e a resistência dos contatos metálicos. A resistência em paralelo se deve aos defeitos da junção que ocasionam correntes de perdas ao longo da junção [2]. A Figura 2.3(b) apresenta o circuito equivalente de um painel real onde RS representa a resistência em série e RP a CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 13 resistência em paralelo. Figura 2.3 – Circuito equivalente do painel fotovoltaico conectado a uma carga: (a) modelo ideal e (b) modelo real. A Figura 2.4 mostra a curva característica genérica da corrente IP em relação a variação da tensão VP em um painel fotovoltaico. Nessa figura, ISC é a corrente de curto-circuito e representa a máxima corrente que o dispositivo pode entregar sob determinadas condições de radiação e temperatura com tensão nula; V OC é a tensão de circuito aberto e representa a máxima tensão que o dispositivo pode entregar sob determinadas condições de radiação e temperatura com corrente nula; PMP é o ponto de máxima potência e corresponde ao ponto da curva no qual o produto da tensão pela corrente é máximo; IMP é a corrente relativa ao ponto de máxima potência e que é utilizado para definir o valor da corrente nominal do dispositivo e V MP é a tensão relativa ao ponto da máxima potência e que é utilizado para definir o valor da tensão nominal do dispositivo. Figura 2.4 – Curva característica genérica de tensão por corrente de um painel fotovoltaico. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 14 Do modelo mostrado na Figura 2.3, a corrente IP fornecida pelo painel a uma carga pode ser equacionada em função da sua tensão de saída VP conforme mostrado a seguir [9]. I P = I SC [1 − K 1 ( e onde K 1 = 0,01175 , K2 = K4 , (V OC )m ( K2 (VP )m −1 ) m= (2.1 )] ) I (1 + K1 ) − I MP ln(K 3 K 4 ) , K 3 = ln SC e ln(V MP VOC ) K I 1 SC 1 + K1 . K 4 = ln K1 Contudo, (2.1) é valida somente para as Condições de Teste Padrão, STC (do inglês Standard Test Conditions), onde o nível de insolação é GSTC = 1000W/m2 e a temperatura é T STC = 25°C. A potência produzida pelo painel varia de acordo com a quantidade de energia luminosa que incide sobre ele e a sua temperatura. Quando há variação no nível de insolação e na temperatura, os novos valores de corrente e tensão que caracterizam o painel são dados respectivamente por: e, I PN = I P + ∆I (2.2) VPN = VP + ∆V , (2.3) Onde as variações da corrente (∆I) e da tensão (∆V) são dadas por: G ∆I = αT G STC e, G (TC − TSTC ) + − 1I SC GSTC (2.4) CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO ∆V = −β T (TC − TSTC ) − RS ∆ I . 15 (2.5) onde βT é o coeficiente de temperatura da tensão de circuito aberto, RS é a resistência série equivalente do painel e T C é a temperatura da célula fotovoltaica dada por: TC = Ta + G GNOCT (NOCT − T ). (2.6) a , ref onde, Ta é a temperatura ambiente em (°C); NOCT é a Temperatura Normal de Operação da Célula fotovoltaica definida para as seguintes condições: nível de insolação GNOCT=800W/m 2, temperatura ambiente de referência Ta,ref=20°C e velocidade do vento de 1 m/s2. O valor da NOCT é fornecido pelo fabricante do painel. A Figura 2.5(a) mostra a curva tensão versus corrente e a Figura 2.5(b) a curva tensão versus potência de um painel fotovoltaico modelado conforme descrito anteriormente para diferentes níveis de insolação e uma temperatura ambiente fixa e igual a 25°C. A Figura 2.6(a) mostra a curva tensão versus corrente e a Figura 2.6(b) a curva tensão versus potência do painel fotovoltaico modelado para diferentes valores de temperatura e para uma insolação constante de 1000W/m 2. Os parâmetros utilizados nas equações para adquirir estas às curvas características estão mostrados na Tabela 2.1, estes parâmetros pertencem à folha de dados do painel BP SX120. Tabela 2.1 – Parâmetros do Painel Fotovoltaico BP SX120 para STC. PARÂMETROS Potência máxima Corrente no ponto de máxima potência Tensão no ponto de máxima potência Corrente de curto-circuito Tensão de circuito aberto Coeficiente de temperatura da ISC Coeficiente de temperatura da VOC Temperatura normal de operação SÍMBOLO P MP IMP VMP ISC VOC αT βT NOCT VALOR 120W 3,56A 33,7V 3,87A 42.1V 2,51mA/°C -160mV/°C 47°C CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 16 Figura 2.5 – Curvas características do painel fotovoltaico, variação com a insolação: (a) tensão x corrente e (b) tensão x potência (os símbolos (∗) nas curvas indicam os pontos de máxima potência). Figura 2.6 – Curvas características do painel fotovoltaico, variação com a temperatura: (a) tensão x corrente e (b) tensão x potência (os símbolos (∗) nas curvas indicam os pontos de máxima potência). 2.2.2 Conversores Estáticos Os conversores estáticos possuem a tarefa de adequar a potência elétrica disponível em determinados pontos do sistema para uma outra forma estável desejada. Através de uma estratégia de comando para abertura e fechamento de suas chaves semicondutoras de potência os conversores estáticos são capazes de elevar ou abaixar CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 17 um determinado nível de tensão ou corrente contínua, transformar uma tensão alternada em contínua ou uma tensão contínua em alternada com a amplitude e freqüência desejadas. Os conversores estáticos podem operar no modo tensão ou no modo corrente. No modo tensão a variável de controle é a tensão de saída e o conversor opera como uma fonte de tensão. No modo corrente a variável de controle é a corrente de saída e o conversor opera como uma fonte de corrente equivalente. Nos sistemas fotovoltaicos utilizam-se basicamente dois tipos de conversores estáticos: (i) conversores CC-CC e (ii) conversores CC-CA. 2.2.2.1 Conversores Estáticos CC-CC Os conversores estáticos CC-CC são dispositivos que recebem um nível de tensão ou de corrente contínua nos seus terminais de entrada e ajustam para um outro valor de tensão ou de corrente contínua nos terminais de saída de acordo com as exigências do sistema. Existem duas topologias básicas de conversores estáticos CC-CC que são: (a) conversor abaixador de tensão, também denominado na literatura como “Step-down” ou “Buck” e (b) conversor elevador de tensão, também conhecido como “Step-up” ou “Boost” [10]. A Figura 2.7(a) mostra a topologia de um conversor abaixador de tensão enquanto que a Figura 2.7(b) mostra a topologia de um conversor elevador de tensão. Nessas duas figuras S representa a chave estática de potência, D é um diodo de potência, L é um indutor para armazenamento de energia, C é um capacitor que atua como filtro de saída, iL (t) é a corrente sobre o indutor, V i é a tensão de entrada e V0 é a tensão de saída fornecida a carga R. Os conversores CC-CC chaveados possuem dois modos de operação de acordo com a corrente iL (t) que circula pelo indutor L que são: (i) modo de condução contínua (MCC) onde a corrente iL(t) é sempre maior que zero durante um período de chaveamento e (ii) modo de condução descontínua (MCD) onde a corrente iL (t) é zero por alguns instantes do período de chaveamento [10]. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 18 Figura 2.7 - Topologias básicas dos conversores estáticos CC-CC: (a) conversor buck e (b) conversor boost. Os conversores estáticos CC-CC em um sistema fotovoltaico fazem a ligação dos painéis ao barramento de corrente contínua onde serão conectadas as cagas de corrente contínua. Os conversores podem exercer dupla função no sistema fotovoltaico, a principal é adequar o nível de tensão gerado nos terminais do painel no nível de tensão desejado no barramento CC, possibilitando com isso padronizar a tensão dos equipamentos que serão conectados ao barramento CC. A outra função que pode ser incorporada aos conversores estáticos CC-CC que conectam os painéis fotovoltaicos ao barramento CC é a função de seguidor do ponto de máxima potência do painel, denominada pela sigla MPPT (do inglês, Maximum Power Point Tracker). O ponto de máxima potência de um painel varia com o nível de insolação e com a temperatura, como mostra os gráficos da Figura 2.5(b) e Figura 2.6(b) respectivamente. O MPPT possibilita extrair a máxima potência gerada pelos painéis fotovoltaicos em diferentes condições de insolação e de temperatura. Os dispositivos MPPT funcionam basicamente da seguinte forma, os terminais do arranjo fotovoltaico são conectados à entrada do conversor. Através de um algoritmo de controle que atua sobre a chave S, varia-se o valor da tensão de entrada, conseqüentemente a corrente de entrada também varia, até que o produto da tensão pela corrente na entrada do conversor seja máximo. Esse controle é feito continuamente pelo algoritmo, para que se possa extrair sempre a máxima potência que pode ser gerada pelos painéis sob determinadas condições de insolação e temperatura [1]. Existem vários algoritmos para o rastreamento do ponto de máxima potência CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 19 aplicado ao controle do conversor CC-CC em sistemas fotovoltaicos, a Figura 2.8 apresenta o fluxograma do algoritmo Incremental Condutance proposto em [11]. O algoritmo procede da seguinte forma: primeiro, ele lê os valores atuais da tensão V(k) e da corrente I(k) na entrada do conversor, em seguida, calcula os desvios dV e dI, subtraindo a leitura atual pelos valores de tensão V(k-1) e corrente I(k-1) obtidos na leitura anterior, respectivamente. Se dV e dI forem iguais a zero tem-se que o painel está operando no ponto de máxima potência do painel e o algoritmo retornará ao início. Caso dV seja igual a zero e dI>0, o algoritmo somará ao valor de tensão de referência V REF um incremento de tensão ∆V, mas se dI<0, o algoritmo subtrai de VREF o incremento ∆V. Já se dV for diferente de zero, o algoritmo vai comparar a razão dI/dV com -I(k)/V(k). Neste caso, se dI/dV for igual a -I(k)/V(k) o algoritmo retorna ao início, pois o conversor está rastreando no ponto de máxima potência. Por outro lado, se dI/dV for maior que -I(k)/V(k) o algoritmo somará a VREF o incremento ∆V e se dI/dV for menor que -I(k)/V(k) o algoritmo subtrai de VREF o incremento ∆V. Figura 2.8 – Fluxograma do algoritmo Incremental Condutance. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 20 2.2.2.2 Conversores Estáticos CC-CA Os painéis fotovoltaicos geram corrente elétrica unidirecional, ou seja, corrente contínua, porém grande parte dos equipamentos elétricos é padronizada para ser conectada diretamente à rede de alimentação de corrente alternada das concessionárias de energia. Para que estes equipamentos possam ser utilizados em sistemas fotovoltaicos é necessária à utilização de um dispositivo que converta corrente contínua (CC) em corrente alternada (CA). Estes equipamentos são denominados na literatura como conversores estáticos CC-CA, ou mais comumente inversores [10]. Dependendo da natureza da fonte unidirecional conectada nos terminais CC dos inversores eles são classificados como inversores tipo fonte de tensão (VSI – do inglês Voltage Source Inverters) ou inversores tipo fonte de corrente (CSI – do inglês Current Source Inverters) [12]. Existe uma grande variedade de topologias de conversores CC-CA os quais podem ser monofásicos ou trifásicos. A Figura 2.9(a) mostra a topologia básica de um conversor CC-CA monofásico composto por um único ramo de chaves semicondutoras e a Figura 2.9(b) a topologia de Conversor CC-CA trifásico composto por três ramos de chaves semicondutoras com diodos conectados em antiparalelo. Figura 2.9 – Topologias dos conversores estáticos CC-CA: (a) monofásico e (b) trifásico. Maiores detalhes sobre este tipo de inversores e sobre estratégias de controle e de eliminação harmônica podem ser achados em [8], [12]. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 21 2.2.3 Elemento de Armazenamento de Energia A produção de energia através de painéis fotovoltaicos é diretamente proporcional ao nível de insolação que incide sobre ele, dessa forma nos momentos de grande insolação haverá grande produção de energia, nos momentos com pouca insolação haverá pouca produção de energia e ainda nos períodos sem insolação não haverá produção de energia pelos painéis. Assim ocorrerão momentos em que a energia requerida pelas cargas será menor que a energia gerada e em outros a energia gerada será insuficiente para alimentar as cargas do sistema. Como, em grande parte dos sistemas o consumo de energia não pode acompanhar a variabilidade da geração dos painéis, então haverá a necessidade de se adaptar a curva de geração do painel a curva de consumo de energia do sistema. As baterias eletroquímicas são uma importante forma de armazenamento de energia que pode ser utilizada em sistemas fotovoltaicos, pois elas são capazes de transformar diretamente energia elétrica em energia potencial química e posteriormente converter, diretamente, a energia potencial química em energia elétrica. As baterias, também chamadas de acumuladores eletroquímicos, são classificadas em duas categorias: (i) baterias primárias e (ii) baterias secundárias. Baterias primárias são dispositivos eletroquímicos que, uma vez esgotados os reagentes que produzem a energia elétrica, são descartadas, pois não podem ser recarregadas. Já as baterias secundárias podem ser regeneradas, ou seja, através da aplicação de uma corrente elétrica em seus terminais pode-se reverter às reações responsáveis pela geração de energia elétrica e assim recarregar novamente a bateria [13]. Os sistemas fotovoltaicos de geração de energia elétrica utilizam acumuladores secundários, ou seja, baterias que podem ser recarregadas. Entre inúmeros tipos de baterias secundárias as mais comuns são as chumbo-ácido e as níquel-cádmio [1]. 2.2.3.1 Bateria Chumbo-ácido A bateria chumbo-ácido é a mais utilizada para armazenamento de energia nos CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 22 sistemas fotovoltaicos devido principalmente ao seu baixo custo em comparação aos outros tipos de baterias e a sua grande disponibilidade no mercado [14]. Baterias Chumbo-ácido são assim denominadas, pois a sua matéria ativa é o chumbo e seus compostos, e o eletrólito é uma solução aquosa de ácido sulfúrico. A bateria é composta por elementos ou células, esses elementos são constituídos por duas placas de polaridades opostas, isoladas entre si, banhadas pelo eletrólito. Os elementos são interligados convenientemente no interior da bateria de forma a definir sua tensão e capacidade nominal. A tensão nominal de um elemento de uma bateria Chumbo-ácido é 2V. A Figura 2.10 mostra a estrutura de uma bateria chumbo-ácido retirado do catálogo de baterias chumbo-ácido Moura [15]. O processo químico de geração de eletricidade através de reações químicas tem o nome de Oxidação e Redução. Os átomos possuem elétrons de valência, ou seja, aqueles que vão ser trocados ou compartilhados com outros átomos para formação de compostos durante as reações químicas. Quando o elemento da reação perde elétrons ele se oxida e é chamado de Agente Redutor e o processo é chamado de Redução. Por outro lado, o elemento da reação que ganha elétrons é chamado de Agente Oxidante e o processo de Oxidação [1], [13]. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 23 Figura 2.10 – Estrutura de uma Bateria Chumbo-ácido selada. Durante os processos de descarga e carga de uma bateria chumbo-ácido, ocorre tanto o processo de Oxidação quanto de Redução. Na oxidação o chumbo (Pb) que compõe a placa de polaridade negativa reage com o ácido sulfúrico (H 2SO4) formando sulfato de chumbo (PbSO4) e cátion de Hidrogênio (H +), conforme mostrado a seguir: Pb + H2SO4 ? PbSO 4 + 2H+ + 2e- ⇒ + 0,356V (2.7 ) Na redução o dióxido de chumbo (PbO2) que compõe a placa de polaridade positiva reage também com o ácido sulfúrico (H 2SO 4) mais o cátion de Hidrogênio (H +) tendo como produto final dessa reação sulfato de chumbo (PbSO4) mais água (H 2O), conforme a equação química a seguir: PbO2 + H2SO 4 + 2H+ + 2e- ? PbSO4 + H2O ⇒ + 1,685V (2.8 ) A reação química completa durante a descarga da bateria e o potencial elétrico produzido pela reação são dados por: PbO2 + Pb + H2SO4 ? 2PbSO4 + 2H2O ⇒ + 2,041V (2.9 ) Toda reação química cujo potencial elétrico é positivo ocorre espontaneamente, ou seja, fechando-se um circuito através dos pólos da bateria haverá circulação de corrente. Para regeneração do potencial eletroquímico da bateria ocorre a reação inversa onde o sulfato de chumbo reage com a água durante a passagem de uma corrente elétrica no sentido oposto, obtendo-se novamente dióxido de chumbo, chumbo puro e ácido sulfúrico. A reação química completa e o seu potencial elétrico produzido durante o processo de carga da bateria são dados por: CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 24 (2.10 2PbSO 4 + 2H 2O ? PbO2 + Pb + H2SO4 ⇒ - 2,04V ) A capacidade de uma bateria chumbo-ácido é a quantidade de carga elétrica, expressa em Ampère-hora (Ah). Essa capacidade é obtida através de um ensaio de descarga com corrente constante até a tensão final de descarga por elemento referido a temperatura de 25°C. Deste modo à capacidade da bateria é o produto da corrente em Ampères pelo tempo em horas corrigido para a temperatura de referência. A capacidade nominal (C) é definida para um regime de descarga de 10 horas com corrente constante, à temperatura de 25°C, até a tensão final de 1,75V por elemento [1]. É denominado ciclo um processo de descarga seguido de um processo de carga que restabeleça completamente a capacidade da bateria. A vida útil de uma bateria pode ser definida pelo número de ciclos que ela pode realizar [1]. Um parâmetro importante na escolha de uma bateria chumbo-ácido é sua profundidade de descarga. A profundidade de descarga define o percentual em relação a sua de capacidade nominal que uma bateria pode fornecer sem que seja comprometida sua vida útil. Existem baterias chumbo-ácido de baixa profundidade de descarga, empregadas principalmente em automóveis, e baterias de alta profundidade de descarga, que são as mais indicadas para aplicação nos sistemas fotovoltaicos de geração de energia elétrica [1]. O gráfico da Figura 2.11, obtido da folha de dados de uma bateria de ciclo profundo [16], mostra a relação entre a profundidade média diária de descarga e o número de ciclos que a bateria é capaz de realizar durante sua vida útil. Descargas que ultrapassam a profundidade de descarga da bateria chumbo-ácido diminuem o seu tempo de vida útil e uma descarga muito profunda pode tornar o processo químico irreversível finalizando o tempo de operação da bateria. Para aumentar a durabilidade das baterias chumbo-ácido é preciso carregá-las adequadamente, conforme as CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 25 recomendações dos fabricantes, antes que sua descarga alcance níveis superiores aos pré-estabelecidos para a sua profundidade de descarga [18], [19]. Figura 2.11 – Gráfico da relação entre a profundidade média diária de descarga durante um ciclo e o número de ciclos. Um outro problema relacionado com o processo de descarga da bateria, que contribui para degradação da vida útil das baterias chumbo-ácido é a sulfatação. A sulfatação é a formação de cristais de sulfato de chumbo nas placas dos elementos. Os cristais vão acumulando sobre as placas formando uma barreira entre o eletrólito e o material ativo das placas. Para minimizar a sulfatação deve-se evitar manter a bateria descarregada por longos períodos de tempo, carregamentos parciais prolongados e a operação contínua em temperaturas acima de 45°C [17]. O processo de carga também pode danificar as baterias. Durante o processo de carga a tensão nos terminais da bateria sobe lentamente até atingir um determinado valor de tensão quando cessa a acumulação de energia na bateria. A partir desse ponto, caso não se interrompa a corrente de carga, a bateria passa a consumir toda a energia entregue realizando a eletrólise da água contida no eletrólito. Isso ocasiona perda excessiva de água resultando no aumento da necessidade de manutenção para reposição de água na bateria [20]. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 26 2.2.3.2 Bateria Níquel-cádmio Um outro tipo de bateria secundária também empregada nos sistemas geração de energia elétrica fotovoltaicos são as baterias níquel-cádmio. Essas apresentam uma estrutura física semelhante à das baterias chumbo-ácido. Porém, ao invés de placas de chumbo, elas utilizam hidróxido de níquel para as placas positivas (Ni(OH)2), óxido de cádmio (Cd(OH)2) para as placas negativas e o eletrólito é o hidróxido de potássio [1]. A reação química completa durante a descarga da bateria e o potencial elétrico produzido pela reação são dados por. (2.11 Cd + NiO2 + 2H2O ? Cd(OH)2 + Ni(OH)2 ⇒ + 1,3V ) A tensão nominal de um elemento de uma bateria Níquel-cádmio é de 1,3V a 20°C. Em comparação com as baterias chumbo-ácido as baterias níquel-cádmio são menos afetadas por sobrecargas e podem ser totalmente descarregadas, não estando sujeitas a sulfatação e o seu carregamento não sofre influencia da temperatura [1]. Em contra partida possuem um custo mais elevado que as baterias chumbo-ácido. 2.2.4 Elemento de Regulação de Carga de Bateria Nos sistemas fotovoltaicos que utilizam bancos de baterias para armazenamento de energia é indispensável à utilização de um equipamento responsável por monitorar e controlar os processos de carga e descarga das baterias [18], [21]. Este equipamento é denominado na literatura por Controlador de Carga de Bateria. O controlador de carga é um dispositivo que controla e monitora o processo de carga e de descarga das baterias, evitando sobrecargas que possam danificar e aumentar a necessidade de manutenção das mesmas, e descargas profundas que diminuam sua vida útil. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 27 Os controladores de carga de bateria possuem a finalidade básica de proteger a bateria e conseqüentemente aumentar a sua vida útil. Para tal, os controladores de carga são compostos basicamente por dois circuitos: (a) um circuito de controle e (b) um circuito de comutação. O circuito de controle monitora as grandezas do sistema, como a tensão, a corrente e a temperatura na bateria, processa essas informações e gera sinais de controle que são usados para comandar o circuito de comutação. O circuito de comut ação é composto por chaves semicondutoras que controlam a tensão e/ou a corrente de carga ou descarga das baterias. O circuito de controle é a parte fundamental dos controladores de carga, pois é através dele que se pode definir uma estratégia de controle adequada para o tipo e o modelo de bateria empregada no sistema, maximizando a durabilidade da bateria e aumentando a confiabilidade do sistema. O Controlador de Carga de Bateria pode usar controle analógico constituído por elementos discretos e circuitos integrados dedicados; ou controle digital, implementado por microprocessador ou processador digital de sinais. As principais funções que são atribuídas aos controladores de carga de bateria em um sistema fotovoltaico de geração de energia elétrica são: (i) providenciar o carregamento completo da bateria, (ii) evitar sobrecarga na bateria, (iii) bloquear corrente reversa entre a bateria e o painel e (iv) prevenir descargas profundas (no caso das baterias chumbo-ácido). 2.2.4.1 Processo de Carga Providenciar o carregamento completo da bateria exige do controlador uma elaborada estratégia de controle, na qual seja possível carregar a bateria, dentro de seus limites, o mais rápido possível já que o período diário de geração de energia pelo painel fotovoltaico é limitado [22]. Para se obter um rápido, seguro e completo processo de carga da bateria CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 28 chumbo-ácido, alguns fabricantes de baterias recomendam dividir o processo em quatro estágios, que serão denominados por: (i) carga leve ou suave (trickle charge ), (ii) carga profunda (bulk charge), (iii) sobrecarga (over charge) e (iv) carga de flutação (float charge) [23]. A Figura 2.12 mostra as curvas de corrente e tensão sobre a bateria durante o processo de carga dividido em quatro estágios. Figura 2.12 – Curvas de corrente e tensão nos quatro estágios do processo de carga da bateria. 1º Estágio (de T 0 a T 1) – Carga leve (Trickle charge) Este primeiro estágio ocorre quando a tensão da bateria está abaixo do valor V CHGENB , este valor de tensão, especificado pelo fabricante, indica que a bateria alcançou ou ultrapassou sua capacidade de descarga crítica. Nesta condição, a bateria deve receber uma pequena corrente de carga definida por ITC que tem um valor típico de C/100, onde C é capacidade nominal da bateria para o regime de 10 horas. Essa pequena corrente ITC é aplicada até que a tensão da bateria alcance o valor VCHGENB . Esse estágio também previne que ocorra algum acidente caso as placas de um elemento da bateria esteja em curto, pois se isto tiver ocorrido a tensão nos terminais da bateria não vai aumentar e assim o processo de carga não passará para o próximo CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 29 estágio. 2º Estágio (de T 1 a T 2) – Carga profunda (Bulk Charge) Após a tensão na bateria alcançar o valor VCHGENB será fornecida a bateria uma corrente constante IBULK. A corrente IBULK é a máxima corrente de carga que a bateria suporta sem excessiva perda de água, seu valor é especificado pelo fabricante. Esta corrente é aplicada até que o valor da tensão na bateria alcance do valor máximo de sobrecarga de tensão, definido por V OC , também especificado pelo fabricante da bateria. 3º Estágio (de T 2 a T 3) – Sobrecarga (Over charge) Durante esse estágio o controlador tentará regular a tensão da bateria até o valor constante VOC para que a bateria alcance plena carga. Quando a corrente de carga cair até um valor predeterminado IOCT e a tensão permanecer em VOC, o próximo estágio se iniciará. O valor de IOCT é em torno de 10% de IBULK. 4º Estágio (de T 3 adiante) – Carga de flutuação (Float charge) Neste estágio o controlador aplicará sobre a bateria uma tensão constante V FLOAT, cujo valor é especificado pelo fabricante da bateria. Esta tensão é aplicada à bateria com o objetivo de evitar sua autodescarga. À medida que a bateria vai descarregando sua tensão vai caindo, quando ela alcançar 0,9 VFLOAT o controlador volta a executar o 2º estágio fornecendo a corrente IBULK. Porém o controlador só poderá retornar ao 2º estágio caso o painel esteja produzindo energia, se não a bateria continuará descarregando podendo atingir um valor tensão inferior a V CHGENB , então o controlador deverá retornar ao 1º estágio, quando houver energia disponível no sistema. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 30 2.2.4.2 Compensador de Temperatura A variação da temperatura ambiente modifica os pontos de tensão prédeterminados para cada estágio, os quais são definidos pelo fabricante para 25°C, pois a característica de tensão dos elementos da bateria chumbo-ácido é negativamente dependente da temperatura. A taxa de variação da tensão com a temperatura em uma bateria chumbo-ácido é definida por α BT e seu valor varia em torno de -4mV/°C por elemento [21], [24]. A correção da tensão da bateria em relação a variação da temperatura é dada por: VB (T ) = VE ,25° C + αBT (T − 25 ) N E (2.12 ) onde V B (T ) é a tensão nos terminais da bateria em (V) para a temperatura T em (°C), V E,25°C é a tensão de um elemento da bateria em (V) em relação a temperatura de 25°C e N E é o numero de elementos que compõe a bateria. O compensador de temperatura deve ser implementado principalmente nos controladores que atuam em ambientes onde ocorre uma variação de temperatura superior a ±5 °C, com o objetivo garantir uma maior exatidão do processo de carga [25]. O sensor responsável pela compensação da temperatura deve ser instalado no mesmo ambiente das baterias para uma maior eficiência do compensador de temperatura. 2.2.4.3 Desconexão por Baixa Tensão Para evitar que ocorra uma descarga profunda, acima da permitida em sistemas que usam baterias chumbo-ácido, os controladores devem possuir o recurso de desconexão da carga por baixa tensão (LVD – do inglês Load Voltage Disconnection) [21]. Este comando é acionado quando a tensão da bateria decresce até um valor prédeterminado VLDV, correspondente ao estado aceitável de descarga. A bateria volta a ser conectada a carga quando sua tensão alcança um valor, também pré-determinado CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 31 V LRV. O valor de tensão de reconexão da carga (LRV – do inglês Load Reconnection Voltage) corresponde a um estado de carga seguro para a bateria voltar a fornecer energia. Dependendo da aplicação, os sistemas fotovoltaicos de geração de energia elétrica devem ser dimensionados para que o dispositivo LVD seja raramente acionado, somente nos casos extremos de longos períodos de baixa insolação. 2.2.4.4 Bloqueio de Corrente Reversa Nos sistemas fotovoltaicos pode ocorrer a circulação de corrente da bateria para o painel fotovoltaico, durante os períodos em que o painel não está gerando energia, implicando em perdas de energia pela descarga da bateria. Os controladores de carga de bateria são capazes de bloquear a circulação desta corrente. Esse bloqueio é feito através do circuito de comutação do controlador, que possui chaves unidirecionais ou diodo de bloqueio [1]. 2.3 Topologias Básicas dos Sistemas de Geração Baseados em Painéis Fotovoltaicos Os sistemas de geração de energia elétrica baseados em painéis fotovoltaicos não possuem uma topologia padronizada, eles são projetados de acordo com os recursos disponíveis e as características de cada aplicação. Os sistemas fotovoltaicos podem ser divididos em dois grupos, sistemas fotovoltaicos isolados e sistemas fotovoltaicos acoplados a rede CA [1], [8]. Os sistemas fotovoltaicos isolados são normalmente implementados em regiões remotas e pouco povoadas, onde a rede de alimentação de energia das concessionárias não alcança e sua expansão tem um custo inviável. Já nos sistemas acoplados a rede CA, a energia elétrica gerada pelos painéis podem complementar a oferta de energia CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 32 pela concessionária implicando em economia na compra de energia. 2.3.1 Sistemas Fotovoltaicos Isolados Os sistemas fotovoltaicos isolados da rede de distribuição apresentam muitas configurações possíveis, essas configurações são definidas de acordo com a aplicação do sistema. A seguir, são apresentadas algumas possibilidades. 2.3.1.1 Arranjo Fotovoltaico e Carga CC Esta é a configuração mais simples onde a energia elétrica gerada pelo painel alimenta diretamente uma carga que opera em corrente contínua. A Figura 2.13(a) mostra esta configuração. Pode-se melhorar o desempenho e a eficiência dessa topologia incorporando entre o arranjo fotovoltaico e a carga CC um conversor CCCC conforme mostrado na Figura 2.13(b). A finalidade do conversor CC-CC é manter a tensão constante sobre a carga e ainda pode atuar como seguidor do ponto de máxima potência. Esses sistemas não possuem autonomia, ou seja, produzem e fornecem energia de acordo com o nível de insolação. Assim sua aplicação se restringe, principalmente, a sistemas de bombeamento de água em lugares isolados. Dessa forma pode-se armazenar a água em reservatórios elevados sem a necessidade de bombeamento constante. 2.3.1.2 Arranjo Fotovoltaico com Banco de Baterias e Carga CC Instalações fotovoltaicas isoladas da rede de fornecimento de energia da concessionária que necessitam de autonomia no fornecimento de energia precisam incorporar ao sistema um banco de baterias para o armazenamento de energia para posterior utilização. A energia armazenada será utilizada nos momentos de pouca insolação e a noite. A Figura 2.13(c) mostra a topologia de um sistema fotovoltaico de CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 33 geração de energia elétrica que incorpora um banco de baterias e alimenta cargas de corrente contínua. Esses sistemas são empregados em instalações em locais remotos, onde se deseja alimentar principalmente equipamentos eletrônicos com tensão contínua e o fornecimento de energia deve ser ininterrupto. Como por exemplo podese citar as estações repetidoras de sinais de rádio, as antenas de telefonia móvel e telefones de emergência em rodovias. 2.3.1.3 Arranjo Fotovoltaico com Carga CA Como grande parte dos motores elétricos que compõem os equipamentos como geladeiras, compressores, bombas, entre outros são alimentados em corrente alternada, os sistemas de geração fotovoltaica devem incorporar conversores CC-CA para possibilitar o funcionamento desses equipamentos. Porém esses equipamentos só poderão ser utilizados durante o período de geração de energia do painel fotovoltaico, pois essa topologia não possui banco de baterias para o armazenamento de energia, conforma mostra a Figura 2.13(d). A principal aplicação dessa topologia é em regiões isoladas, para bombeamento de água quando se dispõem apenas de motores de indução que devem ser alimentados por corrente alternada e ainda pode alimentar geladeiras, em pequenas comunidades de pescadores, para produção de gelo que pode ser armazenado por alguns dias sem a necessidade de geração constante de energia. 2.3.1.4 Arranjo Fotovoltaico com Banco de Baterias e Carga CA A Figura 2.13(e) mostra essa topologia que possui autonomia no fornecimento de energia e a possibilidade de alimentar cargas em corrente alternada. Essa configuração é indicada principalmente para residências e postos de saúde em locais isolados. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 34 Figura 2.13 – Topologias de sistemas fotovoltaicos isolados: (a) ligado direto na carga CC, (b) conversor CC-CC para ligar a carga CC, (c) banco de baterias e carga CC, (d) conversor CC-CA e carga CA e (e) banco de baterias e carga CA. 2.3.2 Sistemas Fotovoltaicos Conectados a Rede CA Os Sistemas Fotovoltaicos conectados a rede CA funcionam basicamente como uma fonte complementar ao sistema elétrico de grande porte ao qual estão conectados. Normalmente esses sistemas não utilizam mecanismos de armazenamento de energia, pois toda a energia gerada é instantaneamente utilizada ou transferida ao sistema elétrico. Pode-se dividi-los basicamente em dois grupos: sistemas residenciais e sistemas de grande potência. 2.3.2.1 Sistemas Fotovoltaicos Residenciais Conectados a Rede CA Sistemas fotovoltaicos residenciais conectados a rede CA possibilita ao proprietário economia nos gastos com a compra de energia elétrica da concessionária. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 35 E para a concessionária representa menores investimentos em ampliação do sistema de geração [8]. A conexão com a rede deve atender as normas da legislação local. Na qual determina parâmetros relacionados à qualidade de energia, como limite na Taxa de Distorção Harmônica (THD – do inglês Total Harmonic Distortion), Fator de Potência e desvio de freqüência. Além dos fatores relacionados com a qualidade de energia é importante a questão da segurança. A concessionária deve ser capaz de isolar o sistema de geração fotovoltaica sempre que necessário, para poder executar manutenções na rede sem riscos [1], [8]. A Figura 2.14 mostra a topologia básica de um sistema fotovoltaico acoplado a rede CA com medição do balanço de energia. Figura 2.14 – Sistema fotovoltaico residencial conectado a rede CA. 2.3.2.2 Sistemas Fotovoltaicos de Grande Porte conectados a Rede CA Esses sistemas são operados por empresas de geração de energia. Essas unidades de geração injetam toda a energia gerada ao sistema elétrico. A Figura 2.15 mostra a topologia de um Sistema Fotovoltaico de grande porte conectado à média tensão rede CA de distribuição. Figura 2.15 – Sistema Fotovoltaico de grande porte. CAPÍTULO 2- ELEMENTOS DE UM S ISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA F OTOVOLTAICO 36 2.4 Conclusões Parciais Os sistemas fotovoltaicos por sua versatilidade e inúmeras vantagens representam uma ótima alternativa para a expansão do setor de geração de energia elétrica. Sendo essenciais as pesquisas neste campo, para torná-los mais eficientes, mais confiáveis e mais acessíveis no ponto de vista econômico. Assim, conhecer as principais características dos sistemas fotovoltaicos é essencial para desenvolvimento e aprimoramento dos elementos que compõem os sistemas. Sistemas fotovoltaicos que apresentam banco de baterias eletroquímicas aproveitam melhor a energia gerada pelos painéis, pois podem armazenar o excedente durante os períodos de alta insolação e baixo consumo para utilizar nos períodos de baixa insolação e alto consumo. As baterias chumbo-ácido são as mais utilizadas pelos sistemas fotovoltaicos, principalmente pelo seu menor custo em relação aos outros tipos de baterias eletroquímicas. Um equipamento indispensável em sistemas fotovoltaicos que utilizam banco de baterias é o controlador de carga de bateria. Este equipamento tem a função de gerenciar o processo de carga da bateria, garantindo seu carregamento completo de forma adequada. Para as baterias chumbo-ácido os controladores de carga também devem monitorar o processo de descarga para evitar que ultrapassem a profundidade de descarga recomendada pelos fabricantes da bateria. A versatilidade dos sistemas fotovoltaicos permite o projeto de diferentes topologias, que podem suprir a necessidade de energia para as mais diversas aplicações. Capítulo 3 Controlador de Carga de Bateria Baseado no Conversor CC-CC Bidirecional Buck- Boost 3.1 Introdução O armazenamento de energia em banco de baterias possibilita o estoque do excedente de energia gerado para posterior reutilização, o que é muito comum nos sistemas fotovoltaicos, cuja produção de energia é dependente de fatores climáticos variáveis. O Controlador de Carga de Bateria é o equipamento designado para o controle do processo de carga e descarga da bateria dentro do sistema, garantido um melhor aproveitamento da energia gerada e maior vida útil para as baterias eletroquímicas. As baterias chumbo-ácido, as mais utilizadas em sistemas fotovoltaicos, necessitam de uma estratégia de controle dos seus processos de carga e descarga para evitar a degradação de sua matéria ativa precocemente e conseqüente diminuição da 37 CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 38 sua vida útil estimada. Assim, durante o processo de carga o controlador deve adequar o fluxo de energia entregue a bateria de forma a garantir um carregamento completo observando os limites de tensão, de corrente e de temperatura da bateria. Já durante o processo de descarga o controlador deve evitar que a bateria seja descarregada além da sua capacidade de fornecimento de energia. Neste capítulo é apresentada uma proposta de Controlador de Carga de Bateria. Desenvolvido para um sistema fotovoltaico no qual o banco de baterias está conectado em paralelo com o barramento CC, que é o responsável pela distribuição da energia gerada pelos painéis. O Controlador de Carga de Bateria conecta o banco de baterias ao barramento CC, a topologia do circuito desse controlador, responsável pela transferência mútua de energia entre o barramento CC e o banco de baterias, é baseada na topologia de um Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost. Este conversor possui dois modos distintos de operação, definidos pelo sentido da corrente, ou seja, opera como um conversor CC-CC Buck durante o processo de carga da bateria e durante o processo de descarga como um conversor CC-CC Boost. A estratégia de controle do Conversor CC-CC Bidirecional é ajustada para providenciar o armazenamento de energia em baterias do tipo chumbo-ácido. Dessa forma o processo de carga adotado é composto por quatro estágios que ocorrem de acordo com o estado de carga do banco de baterias, o qual é estimado pelo monitoramento dos valores da tensão e da corrente sobre os terminais do banco de baterias. 3.2 Topologia do Sistema Fotovoltaico A topologia do sistema fotovoltaico no qual o Controlador de Carga de Bateria desenvolvido neste trabalho tem o propósito de atuar é idêntico ao mostrado na Figura 2.1. Neste sistema os painéis fotovoltaicos estão conectados, através de conversores CC-CC Boost, ao barramento CC. A função dos conversores CC-CC Boost CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 39 é manter um valor de tensão contínua VCC constante no barramento CC. Dessa forma pode-se padronizar a tensão de entrada dos equipamentos que serão conectados a esse barramento. O barramento CC é o responsável pela distribuição da energia no sistema. O banco de baterias está conectado ao barramento CC através do Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost que atua como Controlador de Carga de Baterias. A energia armazenada deve retornar ao sistema sempre que ele requisitar. Assim o Controlador de Carga de Bateria deve possibilitar o fluxo de energia tanto no sentido barramento CC banco de baterias quanto no sentido banco de baterias barramento CC. A topologia proposta é muito versátil podendo ser empregada tanto para sistemas isolados como sistemas conectados a rede CA. Em sistemas fotovoltaicos isolados ela possui autonomia e permite a utilização de equipamentos alimentados por corrente alternada e por corrente contínua. Já nos sistemas fotovoltaicos conectados a rede CA esta topologia permite utilizar a energia armazenada para suprir os picos de demanda de carga quando ultrapassarem a demanda contratada. Possibilitando com isso diminuir a demanda contratada de energia com a concessionária sem riscos de multa. E ainda, em eventuais faltas de energia da concessionária, o banco de baterias pode manter equipamentos essenciais do sistema em funcionamento. 3.3 Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost O Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost é o dispositivo responsável pelo processo de carga e de descarga das baterias, ou seja, ele é o Controlador de Carga de Bateria do sistema. No sistema proposto, o nível de tensão VCC no barramento CC é maior que o nível de tensão V BB da entrada do banco de baterias, então durante o processo de CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 40 carga das baterias quando a corrente flui do barramento CC para o banco de baterias o Conversor CC-CC Bidirecional atua como um conversor abaixador de tensão, denominado de conversor Buck. Mas quando o sistema necessita da energia armazenada no banco de baterias a corrente flui no sentido oposto, então o Conversor CC-CC Bidirecional atua como um conversor elevador de tensão, denominado na literatura de conversor Boost. Dessa forma o conversor possui duas etapas distintas de operação, denominadas por Etapa Buck e Etapa Boost. A Figura 3.1 mostra a topologia do Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost. Figura 3.1 – Topologia do Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost. Essa topologia do Conversor CC-CC Bidirecional também é proposta para outras aplicações que necessitam de dispositivos para o armazenamento de energia como veículos elétricos [26] e sistemas ininterruptos de energia (UPS do inglês Uninterruptible Power Supply) [27]. 3.3.1 Etapa Buck Durante a Etapa Buck de funcionamento do conversor, Figura 3.2(a), o sinal de controle atua sobre a chave S1 enquanto a chave S 2 é mantida bloqueada. Nesta etapa a corrente flui do barramento CC para o banco de baterias. O sinal de controle é um sinal modulado por largura de pulso (PWM) que faz a chave S1 conduzir durante o intervalo ton, Figura 3.2(b) e ficar bloqueada durante o intervalo toff, Figura 3.2(c). O CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 41 período de chaveamento é constante, igual à T S. A Figura 3.2(d) mostra as formas de onda da tensão e da corrente sobre o indutor L, no limite entre os modos de operação MCC (Modo de Condução Contínua) e MCD (Modo de Condução Descontínua). A tensão média no indutor, V L, em regime permanente pulsado é igual a zero [10], portanto pode-se escrever: ∫ TS 0 v L (t )dt = ∫ v L (t )dt + ∫ v L (t )dt = 0 t on TS 0 t on (3.1 ) Da solução de (3.1) obtém-se: (VCC − VBB )ton − VBB (TS − t on ) = 0 (3.2 ) E o período de condução da chave S 1 é dado por: t on = V BB .T S V CC (3.3 ) A corrente média no indutor no limite entre os modos de condução contínua e descontínua pode então ser calculada por: I LBuck , Lim = onde, iL Buck , pico 1 (V − V BB ) i LBuck , pico = CC .ton 2 2L (3.4 ) é o valor de pico da corrente iL (t) no conversor Buck em (A) no limite entre os modos MCC e MDC. Como a corrente média no indutor é a mesma corrente na saída do conversor Buck, temos: I LBuck ,Lim = I BB = Po VBB (3.5 ) CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 42 onde, Po é a potência de saída do conversor em (W). Substituindo (3.3) e (3.5) em (3.4), tem-se que o valor do indutor L no limite dos modos de condução MCC e MDC, durante a Etapa Buck, dado por: L = TS .(V BB ) 2 .(VCC − V BB ) 2 Po .VCC (3.6 ) Figura 3.2 – Etapas de funcionamento do Conversor CC-CC Bidirecional: (a) Etapa Buck, (b) Etapa Buck, chave S 1 conduzindo, (c) Etapa Buck chave S1 aberta, (d) formas de onda da tensão e da corrente no indutor no limite entre os modos MCC e MCD durante a Etapa Buck, (e) Etapa Boost, (f) Etapa Boost chave S2 conduzindo, (g) Etapa Boost chave S2 aberta, (h) formas de onda da tensão e da corrente no indutor no limite entre os modos MCC e CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 43 MCD durante a Etapa Boost. Para que o conversor opere no modo de condução contínua durante a Etapa Buck deve-se adotar no projeto do conversor um valor de indutância maior que o calculado pela equação (3.6) [10]. 3.3.2 Etapa Boost Durante a Etapa Boost, Figura 3.2(e), a chave S1 é mantida bloqueada, enquanto o sinal PWM de controle atua na chave S2. Durante esta etapa a corrente flui do banco de baterias para o barramento CC. A chave S2 conduz durante o intervalo ton conforme mostrado na Figura 3.2(f) e fica bloqueada durante o intervalo toff, Figura 3.2(g), o período de chaveamento é constante, igual à TS. A Figura 3.2(h) mostra as formas de onda da tensão e da corrente sobre o indutor L no limite entre os modos de operação MCC e MCD. Assim, como no caso anterior, a solução de (3.1) resulta em: V BB .TS − VCC .TS + VCC .t on = 0 (3.7 ) Sendo o período de condução da chave S 2 dado por: t on = (VCC − V BB ).TS VCC (3.8 ) E a corrente média no indutor no limite entre os modos de condução contínua e descontínua é dada por: I L Boost,Lim = onde, iL Boost , pico 1 (V ) iLBoost, pico = BB .ton 2 2L (3.9 ) é o valor de pico da corrente iL (t) no conversor Boost em (A) no limite entre os modos de operação MCC e MCD. CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 44 Como a corrente média no indutor L é a mesma na entrada do conversor Boost e considerando o conversor sem perdas, pode-se assumir que potência de entrada Pi igual à potência de saída Po do conversor. Logo: I LBoost, Lim = I BB = Po V BB (3.10 ) Substituindo (3.8) e (3.10) em (3.9), temos que o valor do indutor L no limite dos modos de condução MCC e MCD para Etapa Boost é dado por: L = TS .(V BB ) 2 .(VCC − V BB ) 2 Po .VCC (3.11 ) Da mesma forma, para que o conversor opere no modo de condução contínua durante a Etapa Boost deve-se adotar no projeto um valor de indutância maior que o dado por (3.11). Considerando uma mesma potência de saída P0 e o mesmo período de chaveamento T S para as duas etapas de operação do conversor, Buck e Boost, de (3.6) e (3.11) tem-se que, no limite entre os modos de operação MCC e MCD, o indutor L possui o mesmo valor tanto para a operação como conversor Buck quanto para a operação como conversor Boost. Pode-se então adotar o mesmo indutor para as duas etapas de operação justificando a topologia apresentada na Figura 3.1 com apenas um indutor, implicando em um dispositivo mais compacto e mais leve. A Figura 3.3 mostra as formas de onda do sinal PWM de controle aplicado nas chaves S1 e S2 e a corrente no indutor L do Conversor CC-CC bidirecional, resultantes da simulação do circuito da Figura 3.1 através programa PSpice, a listagem dos arquivos de simulação está no Apêndice B.1. Os seguintes parâmetros foram adotados: VBB = 96 V, VCC = 240 V, Po = 3 kW, T S = 0,2 ms e L = 0,3 mH. Nesta simulação o valor do indutor usado é maior que o calculado por (3.6) ou (3.11) para garantir que o conversor opere no modo MCC. CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 45 Figura 3.3 – Formas de onda do sinal de controle das chaves S1 e S2 e da corrente sobre o indutor L do Conversor Bidirecional obtidas na simulação no PSpice. 3.4 Estratégia de Controle Bidirecional Buck-Boost do Conversor CC-CC Como visto anteriormente o Controlador de Carga de Baterias baseado na topologia do Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost possui duas etapas distintas de funcionamento. Durante a Etapa Buck o conversor carrega o banco de baterias com a energia disponível no barramento CC, e durante a Etapa Boost a energia armazenada no banco de baterias retorna ao barramento CC. O sentido do fluxo de energia entre o barramento CC e o banco de baterias depende das condições de alguns parâmetros do sistema tais como: a potência produzida pelos painéis fotovoltaicos, potência consumida pelas cargas e o “estado de carga” do banco de baterias. A potência produzida pelos painéis p Painel(t) apresenta uma grande variabilidade, sendo dependente do nível de insolação incidente sobre os painéis e sua temperatura. A potência consumida pelas cargas p Carga(t), na maioria das aplicações, apresenta também uma grande variação. E o “estado de carga” do banco de baterias SOC(t) (State of Charge), que indica a capacidade disponível do banco de baterias expressa em porcentagem da capacidade nominal, é diretamente dependente CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 46 da diferença entre p Painel (t) e pCarga (t). Uma maneira de estimar o SOC(t) é através da tensão v BB(t) do banco de baterias [25]. A potência produzida pelos painéis é transferida ao barramento CC através dos conversores CC-CC Boost mostrados na Figura 2.1. Se esta potência p Boost(t) for superior a pCarga (t), a tensão vCC(t) no barramento CC pode ser mantida constante pelos conversores CC-CC Boost dentro de faixa de tolerância. E o excedente de energia poderá ser armazenado no banco de baterias. Porém se p Boost(t) for menor que pCarga(t) os conversores CC-CC Boost não poderão manter a tensão v CC(t) dentro de sua faixa de tolerância, pois vCC(t) decresce à medida que a diferença entre pBoost(t) e pCarga (t) aumenta. Dessa forma, as variáveis que serão adotadas para a determinação do sentido do fluxo de energia no sistema e conseqüentemente a etapa de operação do Conversor CC-CC Bidirecional são a tensão v BB(t) do banco de baterias e a tensão v CC(t) no barramento CC. As baterias só poderão fornecer energia ao barramento CC se estiverem em um SOC(t) acima do mínimo, definido por SOCmin. Ou seja, se a tensão vBB(t) for maior que V BBmin, valor de tensão correspondente ao SOCmin. E só poderão receber energia se SOC(t) estiver abaixo do máximo, definido por SOCmax . Ou seja, se a tensão v BB(t) for menor que VBBmax , valor de tensão correspondente ao SOC max. Em ambientes que apresenta uma grande variação de temperatura, para se ter uma melhor estimativa do SOC(t), os valores de V BBmin e VBBmax devem ser compensados pelo valor da temperatura, como citado no Capítulo 2, Seção 2.2.4.2. Dessa forma, o valor de v BB(t) é o primeiro parâmetro analisado pelo algoritmo de controle que determina a etapa de operação do Conversor CC-CC Bidirecional. Estando a tensão do banco de baterias entre VBBmin e V BBmax, o fator que determinará o sentido do fluxo de energia é a tensão vCC(t). A tensão vCC(t) deve ser mantida constante dentro de uma faixa de tolerância especificada, como por exemplo ±1% em torno do seu valor nominal VCC. Assim quando o nível de insolação sobre os CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 47 painéis for insuficiente para alimentar as cargas do sistema os conversores CC-CC Boost, entre os painéis e o barramento CC, não poderão manter a tensão v CC(t) dentro de sua faixa de tolerância. Então quando o valor de v CC(t) for inferior ao valor VCC MIN estabelecido, como por exemplo VCC MIN = 0 , 9VCC , o Conversor CC-CC Bidirecional vai operar na Etapa Boost, disponibilizando energia do banco de baterias ao barramento CC, restabelecendo a tensão vCC(t) dentro da faixa especificada. Mas quando os painéis estiverem produzindo mais energia do que o requerido pelas cargas do sistema a tensão vCC(t) cresce rapidamente em conseqüência do armazenamento da soma da energia produzida pelos painéis com a energia fornecida pelo banco de baterias nos capacitores de saída dos conversores CC-CC Boost. Quando v CC(t) alcançar o valor VCC MAX , a tensão v CC(t) será restabelecida novamente pelos conversores CC-CC Boost e o Conversor CC-CC Bidirecional voltará a operar na Etapa Buck, armazenado o excedente de energia no banco de baterias até que ele alcance, se possível, seu SOCmax. Conforme mencionado no Capítulo 2, o armazenamento de energia no banco de baterias (processo de carga) é feito em 4 estágios. O primeiro estágio denominado de carga leve (tricle charge) deverá ocorrer somente quando a tensão v BB(t) for menor que V CHENB, durante esse estágio a corrente fornecida pelo conversor ao banco de baterias, iBB(t) deve ser igual a ITC . Quando v BB(t)≥VCHENB, o conversor vai operar no segundo estágio, denominado de carga profunda (bulk charge ), fornecendo ao banco uma corrente iBB(t)=IBULK. O terceiro estágio, ou de sobrecarga (over charge), acontece quando v BB(t)≥0,95VOC , nesse estágio o conversor continua injetando a corrente IBULK, ate que a tensão v BB(t) seja igual a VOC, a partir desse instante a tensão vBB(t) é controlada, sendo mantida igual a VOC e a corrente iBB(t) é monitorada, até que ela decresça ao valor IOCT. Então, o conversor deve operar no quarto estágio, ou de carga de flutuação (float charge), mantendo a tensão v BB(t) nos terminais do banco de baterias igual a V FLOAT. Os parâmetros de tensão do banco de baterias VBBmin, VCHENB , VOC e V FLOAT podem ser corrigidos para diferentes temperaturas, usando a mesma CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 48 metodologia aplicada em (2.12), e mostrados a seguir: [ ] , [ ] , V BB min = VE BB min , 25° C + α BT (T ( t ) − 25 °) N E VCHENB = V ECHENB, 25°C + α BT (T (t) − 25°) N E [ ] VOC = V EOC , 25°C + α BT (T (t ) − 25 °) N E (3.12 ) (3.13 ) (3.14 , ) e [ ] V FLOAT = VE FLOAT , 25°C + α BT (T (t) − 25°) N E onde os parâmetros V E BB min , 25°C ,V E CHENB , 25° C , VE OC , 25° C e VE FLOAT , , 25°C (3.15 ) são os valores de tensão de apenas um elemento do banco de baterias na temperatura ambiente T(t) de 25°C e que devem ser fornecidos pelos fabricantes de baterias. Através desses parâmetros determinam-se os valores de VBBmin, VCHENB , VOC e VFLOAT respectivamente. Lembrando que, NE é o numero de elementos em série que compõem o banco de baterias e αBT é a taxa de variação da tensão com a temperatura em um elemento da bateria. Assim, o algoritmo de controle monitorando os valores de v CC(t), v BB(t), iBB(t) e também da temperatura ambiente T(t), pode definir além da etapa de operação, o estágio do processo de carga em que conversor deve operar durante a Etapa Buck. A Figura 3.4 ilustra o comportamento das tensões v CC(t) e vBB(t) e da corrente iBB(t) fornecida pelo banco de baterias. A corrente iBB(t) é considerada positiva quando está entrando no banco de baterias. CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 49 Figura 3.4 – Comportamento da tensão vCC(t) e da corrente iBB(t) fornecida pelo banco de baterias. A Figura 3.5 mostra o fluxograma do algoritmo de controle do conversor. Através da medição dos valores de vCC(t), v BB(t), iBB(t) e T(t), o algoritmo determina a etapa de operação do conversor: Buck ou Boost. Além disso, se o conversor opera na Etapa Buck, o algoritmo determina também o estágio do processo de carga. As etapas de operação do Conversor CC-CC Bidirecional não ocorrem simultaneamente. Dessa forma o projeto das suas malhas de realimentação de controle pode ser feito separadamente. Para que o conversor possa operar em todos os estágios descritos é necessária a implementação três malhas de controle distintas. Uma para o controle da tensão vCC(t), outra para o controle da tensão v BB(t) e uma para o controle da corrente iBB(t). Para as duas últimas, o algoritmo de controle deve também determinar qual deve ser o valor de referência da malha de controle. CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 50 Figura 3.5 – Algoritmo de Controle do Conversor CC-CC bidirecional. A Figura 3.6 mostra a representação do Conversor CC-CC Bidirecional com suas malhas de realimentação de controle. O bloco algoritmo de controle, que monitora a tensão do barramento CC (vCC(t)), a tensão e a corrente do banco de baterias (vBB(t) e CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 51 iBB(t)), define qual malha de controle que deve atuar e fornece os valores da tensão de referência de cada malha. Figura 3.6 – Representação do Conversor CC-CC Bidirecional e sua malhas de realimentação de controle. A malha de controle de tensão da Etapa Buck é formada pelos blocos HV1(s) que representa o ganho do sensor, GV1(s) que representa a função de transferência do controlador de tensão e KM(s) que representa o ganho do modulador. Já a malha de controle de corrente da Etapa Buck é formada pelos blocos HC1(s) que representa o ganho do sensor, GC1(s) que representa a função transferência do controlador de corrente e também por KM(s). Para a Etapa Boost a malha de controle tensão é composta pelos blocos H V2(s) que representa o ganho do sensor, GV2(s) que representa a função de transferência do controlador de tensão e também por KM(s). CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 52 3.5 Projeto das Malhas de Realimentação de Controle do Conversor CC-CC Bidirecional Os conversores estáticos, em um sistema real, estão sujeitos a perturbações. As perturbações podem ocorrer tanto na sua fonte de alimentação quanto na sua carga. Dessa forma, para que a saída de tensão ou corrente do conversor seja mantida em um valor desejado, mesmo ocorrendo perturbações dentro do sistema, é necessária a implementação de uma malha de realimentação de controle. O sinal de controle que comanda a abertura e o fechamento das chaves S1 e S 2 é modulado por largura de pulso, PWM (Pulse Wide Modulation). Assim, a tensão ou a corrente de saída do conversor pode ser controlada pela variação do tempo de condução da chave estática, ou seja, pela variação da razão cíclica d(t) do sinal PWM [10]. O Conversor CC-CC Bidirecional proposto necessita de três malhas de realimentação de controle que são habilitadas pelo seu algoritmo de controle. Para a Etapa Buck, carregamento do banco de baterias, são necessárias duas malhas de realimentação, uma para o controle da corrente iBB(t) e outra para o controle da tensão v BB(t). E para a Etapa Boost, uma malha de realimentação de controle para a tensão v CC(t). Para projetar uma malha de controle em um conversor estático os seguintes passos serão seguidos: (i) determinar a função de transferência do estágio de potência do conversor através do modelo dinâmico de pequenos sinais relacionando as ~ ~ variáveis de saída ( iBB (s) , v~BB (s) e v~CC (s) ) com a razão cíclica d (s) , (ii) projetar o controlador para obter a resposta transitória desejada e a estabilidade do sistema, e (iii) por último verificar o comportamento do sistema através de simulações para grandes variações. O último passo será desenvolvido no Capítulo 4, que enfoca as etapas de implementação do Conversor CC-CC Bidirecional. CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 53 3.5.1 Linearização do Estágio de Potência do Conversor CCCC Bidirecional Os conversores estáticos são dispositivos que apresentam um comportamento não linear. A análise do seu comportamento dinâmico pode-se ser feita através de técnicas de linearização para seu funcionamento para pequenas variações em torno do seu ponto de operação no estado permanente CC, determinando assim, o modelo dinâmico de pequenos sinais. Uma técnica utilizada para linearização do estágio de potência de conversores chaveados operando com controle PWM é a Média no Espaço de Estado [10]. Essa técnica consiste em tirar a média ponderada dos estados do circuito em relação à razão cíclica de operação sobre um período de chaveamento e será apresentada de forma resumida a seguir. O primeiro passo para a determinação do modelo dinâmico de pequenos sinais, é a descrição das variáveis de estado para cada estado do circuito. Para um conversor que possui apenas uma chave e opera no modo de condução contínua tem-se dois estados: um correspondente à chave conduzindo e o outro quando a chave está bloqueada. Desse modo, para o intervalo de tempo d.TS em que a chave está conduzindo tem-se: x& = A1 x + B1ui y = C1 x + E1ui (3.16 ) onde, x é um vetor de estado constituído pela corrente no indutor e tensão no capacitor, A1 é a matriz de estado, B 1 é a matriz de entrada, ui é o vetor de entrada, y é o vetor de saída, C1 é a matriz de saída e E 1 é a matriz de transmissão. Já para o intervalo em que a chave está bloqueada, ou seja (1 - d).T S, tem-se CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL x& = A2 x + B2ui y = C 2 x + E 2u i 54 (3.17 ) onde, A2 é a matriz de estado, B2 é a matriz de entrada, C 2 é a matriz de saída e E 2 é a matriz de transmissão, obtidos durante o intervalo (1-d).TS. De (3.16) e (3.17) pode-se obter um modelo baseado na média dos estados do circuito em um período de chaveamento TS dado por: x& = [ A1d + A2 (1 − d )] x + [ B1d + B2 (1 − d )]ui y = [C1d + C2 (1 − d )] x + [ E1d + E2 (1 − d )]ui (3.18 ) Pela introdução das pequenas perturbações as variáveis passam a ser representada da seguinte forma: x= X +~ x u i = U i + u~i (3.19 y = Y + ~y ) d = D + d% Onde, x é o vetor das variáveis de estado, ui é o vetor das variáveis de excitação e y é vetor das variáveis de saída e d é a razão cíclica, sendo que as variáveis maiúsculas representam as grandezas em regime permanente e as variáveis acompanhadas do símbolo (~) representam suas variações em torno de um ponto de operação. Considerando que o desvio do vetor das variáveis de excitação, u~i , é nulo e substituindo (3.19) em (3.18) tem-se: X& + x&% = [ A1 ( D + d% ) + A2 (1 − D − d% )]( X + x& ) + [ B1 ( D + d% ) + B2 (1 − D − d% )]U i (3.20) Desprezando os termos contendo o produto entre d% e x% pode-se reescrever (3.20) separando as parcelas devido a resposta em regime permanente e devido a CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 55 resposta em pequenos sinais como se segue: AX + BUi = 0 (3.21 ) e, ~ ~ x& = A~x + [( A1 − A2 ) X + ( B1 − B2 )U i ]d (3.22 ) onde, A = A1 D − A2 (1 − D) e B = B1 D − B2 (1 − D) . Similarmente para o vetor das variáveis de saída tem-se que: ~ Y + ~y = CX + EU i + C~ x + [(C1 − C2 ) X + ( E1 − E 2 )U i ] d (3.23 ) onde, C = C1 D − C2 (1 − D ) e E = E1 D − E 2 (1 − D ) . Que reescrita separando as parcelas referentes à resposta em regime permanente da resposta devido aos pequenos sinais resulta em: Y = CX + EU i (3.24 ) e, ~ ~ y = C~ x + [( C1 − C 2 ) X + ( E1 − E 2 )U i ]d (3.25 ) Finalmente de (3.21) e (3.24) tem-se que o valor da saída em regime permanente é dado por: Y = −CA−1BU i + EU i (3.26 ) CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 56 ) Aplicando agora a Transformada de Laplace em (3.22) e (3.25) tem-se: ~ s~ x (s) = A~x (s) + [( A1 − A2 ) X + ( B1 − B2 )U i ]d (s) (3.27 ) e, ~ ~ y (s) = C~ x (s) + [(C1 − C2 ) X + ( E1 − E 2 )U i ]d (s) (3.28 ) Isolando x%( s) em (3.27) e substituindo o resultado em (3.28) pode-se obter uma função de transferência T yd(s) entre a variável de saída y~( s ) e a razão cíclica d% (s ) para o estágio de potência de um conversor chaveado operando no modo de condução contínua como se segue: ~y (s ) T yd (s ) = ~ = C[sI − A]−1 + [( A1 − A2 ) X + (B1 − B2 )U i ] + [(C1 − C2 ) X + ( E1 − E2 )U i ] (3.29) d (s) A análise dos conversores chaveados CC-CC operando no modo de condução de descontínua pode ser vista com detalhes em [28] e [29]. 3.5.1.1 Modelo Dinâmico para Etapa Buck Para análise do comportamento dinâmico do conversor durante a Etapa Buck, será considerado seu funcionamento no modo de condução contínua, onde o conversor apresenta dois estados, um durante o período de condução e outro durante o bloqueio da chave S1. Para uma análise mais real do comportamento dinâmico do conversor é acrescentado ao circuito o modelo de Thevenin de uma bateria [30], como sendo a carga alimentada pelo conversor. E também, um elemento resistivo r L associado ao indutor e um elemento resistivo r C associado ao capacitor, conforme é mostrado na CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 57 Figura 3.7(a). O modelo de Thevenin da bateria é composto por uma fonte de tensão VBint em série com a resistência interna da bateria r B. Para o caso de uma bateria chumboácido os valores de r B e VB são muitas vezes modelados em função do seu estado de carga [31], [32]. Como a variação dos valores de rB e VB é muito mais lenta que a resposta transitória do conversor esses parâmetros serão considerados constantes na obtenção da função de transferência do estágio de potencia do conversor [33]. Figura 3.7 – (a) Circuito Etapa Buck, (b) circuito equivalente durante o período de condução da chave S1 e (c) circuito equivalente durante o período de bloqueio da S 1. O primeiro estado é considerado para a chave S1 conduzindo, Figura 3.7(b). Aplicando a Lei de Kirchhorff das tensões têm -se as seguintes equações: VCC − rL x1 − Lx&1 − rC Cx&2 − x 2 = 0 x2 + rC Cx&2 − rB (x1 − Cx&2 ) − V B int = 0 Reescrevendo (3.30) na forma x& = A1 x + B1ui , tem-se: (3.30 ) CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL − (rB rL + rB rC + rC rL ) x&1 L(rB + rC ) x& = rB 2 C (rB + rC ) − rB 1 L (rB + rC ) x1 L + −1 x2 0 C (rB + rC ) − rC L (rB + rC ) VCC 1 VB int C (rB + rC ) 58 (3.31) A tensão vBB aplicada aos terminais da bateria quando a chave está conduzindo é dada por: vBB = rB ( x1 − Cx& 2 ) + VB int (3.32 ) Que reescrita na forma y = C1 x + E1ui resulta em: r r v BB = B C rB + rC rB x1 + 0 rB + rC x2 rC VCC rB + rC VB int (3.33 ) Agora considerando a corrente sobre o indutor do conversor quando a chave está conduzindo, que é igual ao estado x1, pode-se escrever o sistema na forma y = C1 x + E1ui como se segue: x iL = [1 0] 1 x2 (3.34 ) O segundo estado é considerado para a chave S1 bloqueada, Figura 3.7(c), aplicando novamente a lei de Kirchhorff das tensões têm-se as seguintes equações: L x&1 + rL x1 + rC Cx&2 + x2 = 0 x2 + rC Cx&2 − rB (x1 − Cx&2 ) − VB int = 0 Que reescritas na forma x& = A2 x + B 2u i , resulta em: (3.35 ) CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL − (rB rL + rB rC + rC rL ) x&1 L (rB + rC ) x& = rB 2 C (rB + rC ) − rB − rC 0 L (rB + rC ) VCC L(rB + rC ) x1 + 1 −1 x 2 0 VB int C (rB + rC ) C (rB + rC ) 59 (3.36 ) Para este caso a tensão v BB aplicada ao modelo da bateria para a chave bloqueada é dada por: v BB = rB ( x1 − Cx& 2 ) + VB int (3.37 ) Que reescrita na forma y = C2 x + E2 ui é dada por: rr v BB = B C rB + rC rB x1 rC VCC x + 0 rB + rC 2 rB + rC VB int (3.38 ) Novamente, considerando a corrente sobre o indutor para a chave bloqueada que é igual ao estado x1 pode-se escrever o sistema na forma y = C 2 x + E2 u i como se segue: x1 iL = [1 0] x2 (3.39 ) As expressões da tensão saída no estado permanente (VBB ) e da função de ~ transferência da tensão de saída ( v~BB ( s ) ) em relação a razão cíclica ( d (s ) ) são obtidas a partir da substituição das matrizes obtidas em (3.31), (3.33), (3.36) e (3.38) em (3.26) e em (3.29), respectivamente. Sendo as expressões finais iguais a: VBB = rB DVCC + rLVB int rB + rL (3.40) e, ~ (rB rC CVCC )s + (rBVCC ) v ( s) = Tvd (s ) = ~BB 2 d (s ) (rB LC + rC LC )s + (rB rL C + rB rC C + rC rL C + L )s + (rB + rC ) (3.41) 60 CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL Agora substituindo as matrizes obtidas em (3.31), (3.34), (3.36) e (3.39) em ~ (3.29) pode-se obter a função de transferência da corrente iL (s) em relação a razão ~ cíclica d (s) , a qual é dada por: ~ CV CC (rB + rC )s + VCC i (s) Tid (s ) = ~L = 2 d (s ) (rB LC + rC LC ) s + (rB rL C + rB rC C + rC rL C + L )s + (rB + rC ) (3.42) 3.5.1.2 Modelo Dinâmico para Etapa Boost Como no caso anterior, durante a Etapa Boost, o conversor também vai operar no modo de condução contínua, apresentando apresenta dois estados distintos: um durante o período de condução e outro durante o período de bloqueio da chave S2. A Figura 3.8 mostra o circuito do conversor durante a Etapa Boost, onde o banco de baterias, agora será considerado como uma fonte de tensão contínua fornecendo a tensão V BB. Figura 3.8 – (a) Circuito Etapa Boost, (b) circuito equivalente durante o período de condução da chave S 2 e (c) circuito equivalente durante o período de bloqueio da chave S2 . O primeiro estado é considerado para a chave S2 conduzindo, Figura 3.8(b). CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 61 Aplicando a Lei de Kirchhorff das tensões tem -se o seguinte sistema: (3.43 V BB − L x&1 − rL x1 = 0 x 2 + rCC x&2 + RCx&2 = 0 ) Que reescrito na forma x& = A1 x + B1ui resulta em: − rL & x 1 L x& = 2 0 x1 1 − 1 x + L 2 0 C ( R + rC ) 0 0 V BB 0 0 (3.44 ) Considerando que R>>rC , pode-se simplificar o sistema dado por (3.44) fazendo (R+rC ) ≅ R como se segue: − rL x&1 L x& = 2 0 0 x 1 + − 1 x 2 RC 1 L 0 0 VBB 0 0 (3.45 ) A tensão de saída (v CC) é dada por vCC = −RCx&2 , que reescrita na forma y = C1 x + E1ui resulta em: v CC = 0 R x1 R + rC x2 (3.46 ) Que considerando que (R+r C ) ≅ R pode ser reescrito como: x VCC = [0 1] 1 x2 (3.47 ) Para a corrente sobre o indutor para a chave conduzindo dada por iL = x1 temse que a mesma na forma y = C1 x + E1ui fica como se segue: CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 62 (3.48 x1 iL = [1 0] x2 ) Já a tensão v C sobre o capacitor para a chave conduzindo sendo dada por v C = x 2 tem-se que reescrita na forma y = C1 x + E1u i resulta em: (3.49 x1 v C = [0 1] x2 ) O segundo estado considera a chave S2 bloqueada, Figura 3.8(c). Neste caso, aplicando a lei de Kirchhorff das tensões no circuito resultante têm-se: (3.50 V BB − L x&1 − rL x1 − rC Cx&2 − x 2 = 0 x2 + rCCx&2 − R ( x1 − Cx&2 ) = 0 ) Reescrevendo o sistema anterior na forma x& = A2 x + B2ui , tem-se: − (RrL + RrC + rC rL ) & x1 L (R + rC ) x& = −R 2 C ( R + rC ) −R 1 L( R + rC ) x1 + − 1 x 2 L 0 C ( R + rC ) 0 VBB 0 0 (3.51 ) Considerando aqui também válida a hipótese anterior onde (R+r C) ≅ R e anida que rC rL << rC e r C r L << r L obtém-se: − ( rL + rC ) x&1 L x& = 1 − 2 C −1 1 L x1 + − 1 x 2 L 0 CR 0 V BB 0 0 (3.52 ) No circuito a tensão de saída vCC aplicada ao barramento CC é dada por vCC = R( x1 − Cx&2 ) que reescrita na forma y = C2 x + E2 ui resulta em: CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL RrC v CC = R + rC R x1 R + rC x 2 63 (3.53 ) Considerando aqui também que (R+rC ) ≅ R, obtém-se: x1 VCC = [rC 1] x2 (3.54 ) Para a corrente iL sobre o indutor para a chave bloqueada tem-se que iL = x1 e que reescrita na forma y = C 2 x + E2 u i resulta em: x1 iL = [1 0] x2 (3.55 ) Já para a tensão v C sobre o capacitor para a chave bloqueada tem-se que v C = x 2 e que reescrita na forma y = C2 x + E2 ui resulta em: x1 v C = [0 1] x2 (3.56 ) O valor da corrente no indutor (IL ) e da tensão no capacitor (V C) em regime permanente são obtidos através da substituição das matrizes obtidas em (3.44), (3.48), (3.51) e (3.55) em (3.26) e das matrizes obtidas em (3.44), (3.49), (3.51) e (3.56) em (3.26), respectivamente. Resultando em: IL = V BB rC + rL − DrC R + R − 2 RD + RD 2 (3.57 VC = (1 − D) RVBB rC + rL − DrC R + R − 2 RD + RD 2 (3.58 ) e, ) Substituindo as matrizes obtidas em (3.45), (3.47), (3.52), (3.54) e as expressões CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 64 dadas por (3.57) e (3.58) em (3.29) obtém-se a função de transferência da tensão ~ v~CC (s) em relação a razão cíclica d (s) para a Etapa Boost, conforme mostrada a seguir: v~CC ( s ) a1 s 2 + a 2 s + a 3 Tvd = ~ = b1s 2 + b2 s + b3 d ( s) (3.59 ) onde, a1 = −VBB rC RLC , a2 = V BB (rC CR 2 − rC L − RL − 2rCCR 2 D + D 2 rC CR 2 − rC rLCR ) , a3 = VBB ( D 2 rC R − 2 DrC R − rL R + rC R + R 2 − 2 R 2 D + R 2 D 2 − rC rL ) , b1 = ( rC + rL − DrC R + R − 2 RD + RD 2 ) RLC , b2 = (rC + rL − DrC R + R − 2RD + RD 2 )(L + rC CR + rLCR − DrCCR ) e b3 = ( rC + rL − DrC R + R − 2 RD + RD 2 ) 2 . (3.60 ) (3.61 ) (3.62 ) (3.63 ) (3.64 ) (3.65 ) 3.5.2 Malha de Realimentação de Controle de Tensão A Figura 3.9 mostra o diagrama de blocos de um sistema linearizado composto por um conversor estático e uma malha de realimentação de controle de tensão. O sistema é composto pela função de transferência da tensão de saída em relação à razão cíclica (T vd(s) ), que representa o estágio de potência do conversor, pela função de transferência do sensor (HV(s) ), pela função de transferência do controlador (GV(s) ) e 65 CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL pela função de transferência do modulador (KM(s) ). A função de transferência HV(s) é definida como uma constante com o objetivo de adequar a tensão v%0 (s) ao patamar do circuito de controle composto por GV(s) e KM (s). A razão cíclica d(t) é definida por (3.66) e segue a lógica mostrada na Figura 3.10, onde vC (t) é o sinal de saída do compensador, que é comparado com um sinal de uma onda dente de serra v M(t) pelo modulador, gerando o sinal d(t) que comanda a chave do conversor. O sinal v M (t) possui amplitude igual VM e sua freqüência é que define a freqüência de chaveamento do conversor fS. Figura 3.9 – Diagrama de blocos de um conversor com realimentação de controle de tensão. Figura 3.10 – Formas de onda de vC(t), vM(t) e d(t). CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 1 ⇒ v C (t) ≥ v M (t ) d (t ) = . 0 ⇒ v C (t) < v M (t ) 66 (3.66 ) A função de transferência do modulador KM (s) é dada por (3.67). O desenvolvimento matemático da função KM(s) pode ser visto com mais detalhe nas referências [10] e [34]. K M (s ) = 1 VM (3.67 ) A metodologia adotada no projeto da malha de realimentação de controle de tensão para o Conversor CC-CC Bidirecional é baseada no fator K desenvolvido por Venable [35]. O fator K é uma ferramenta matemática que possibilita a síntese de malhas de realimentação de controle através de amplificadores operacionais para obter o cruzamento de freqüência e a margem de fase desejada. Os conceitos de margem de ganho e margem de fase são importantes no projeto de uma malha de realimentação de controle. A margem de ganho (MG) é definida como o inverso do módulo da Função de Transferência de Malha Aberta (FTMA) onde a fase da FTMA é igual a -180° [10], sendo seu valor dado por: MG = 1 T ( jω CF ) (3.68 ) onde, ωCF é a freqüência de cruzamento de fase (rad/s) da FTMA. Que em decibéis (dB) é dado por: MG dB = −20 log T ( j ω CF ) Já a margem de fase (MF) é definida por: (3.69 ) CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL MF = 180° + ∠T ( jω CG ) 67 (3.70 ) onde ωCG (rad/s) é a freqüência de cruzamento de ganho que correspondente à freqüência onde o ganho da FTMA é unitário ou 0 dB. As margens de ganho e de fase são medidas de estabilidade relativa do sistema e estão fortemente correlacionadas com a reposta transitória dos sistemas realimentados [36]. Na prática interessa garantir a estabilidade do sistema com alguma margem de segurança relativa a erros na avaliação dos parâmetros da função de transferência ou devido a flutuações dos mesmos. Desse modo recomenda-se que a margem de ganho não seja superior a –6 dB enquanto que a margem de fase não seja inferior a 30°. Uma MF muito pequena proporciona uma resposta transitória com elevado sobre sinal e muito oscilatória. Enquanto uma MF muito grande pode tornar sua resposta transitória muito lenta [10], [34]. O tempo de resposta do sistema pode ser diminuído com o aumento da freqüência de cruzamento de ganho ωCG, entretanto para rejeitar perturbações provenientes do chaveamento, seu valor deve ser limitado em 1/10 da freqüência de chaveamento [10], [34]. A Figura 3.11 mostra o diagrama de Bode de um sistema hipotético onde estão representadas MG e MF. CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 68 Figura 3.11 – Representação da Margem de Fase e Margem de Ganho no diagrama de Bode de um sistema hipotético. A Figura 3.12 mostra um amplificador operacional usado na síntese de controladores. Essa configuração é inversora, portanto a saída deve ser invertida antes de ser aplicada ao circuito PWM sendo sua função de transferência é dada por: v~C ( s) Z 2 (s) = − = −GV (s) H v~0 (s) Z 1 (s ) (3.71 ) Figura 3.12 – Topologia geral de um controlador baseado em amplificadores operacionais. Baseado na Figura 3.12 são apresentadas três configurações básicas de controladores que podem ser utilizados na compensação da grande maioria de conversores CC-CC. 69 CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 3.5.2.1 Controlador Tipo 1 O controlador Tipo 1 apresenta a função de transferência dada por: GV = A s (3.72 ) Este controlador apresenta apenas um pólo na origem, portanto sua fase é constante igual a 90°. E seu módulo apresenta uma inclinação de -20dB/década. A Figura 3.13(a) mostra o diagrama de bode do controlador Tipo 1. O controlador Tipo 1 pode ser sintetizado através do circuito da Figura 3.13(b), a relação entre a função de transferência e os componentes do circuito é dado pela equação (3.73). A= 1 R1C1 (3.73 Figura 3.13 – Controlador Tipo 1: (a) diagrama de Bode e (b) circuito para síntese do controlador. 3.5.2.2 Controlador Tipo 2 A função de transferência do controlador Tipo 2 é dada por: ) CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL GV = A (s + ω z ) s (s +ω p ) 70 (3.74 ) Esse controlador possibilita uma compensação em avanço de um sistema realimentado e possui características integrativas [10], [35], [37]. O controlador Tipo 2 apresenta um pólo na origem adicionado de um par pólo+zero. Nas baixas freqüências, o controlador atua como um integrador, fazendo com que o erro de regime permanente seja nulo. O par pólo+zero provoca uma região de ganho constante no diagrama de Bode denominado boost e correspondente a um aumento na fase, ou seja, uma região com deslocamento de fase reduzido. Para as altas freqüências o controlador comporta como um filtro passa-baixas, proporcionando uma boa rejeição dos ruídos existentes em conseqüência do chaveamento do conversor. O controlador Tipo 2 é usado para compensar sistemas que necessitem de um avanço de fase de no máximo 90°. O máximo avanço de fase ocorre na freqüência ω boost, que dada pela média geométrica das freqüências do zero e do pólo, ou seja, ω boost = ω z ω p . controlador Tipo 2. A Figura 3.14(a) mostra o diagrama de Bode genérico do 71 CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL Figura 3.14 – Controlador Tipo 2: (a) diagrama de Bode, (b) circuito para síntese do controlador. A função de transferência do controlador Tipo 2 pode ser sintetizada pelo circuito da Figura 3.14(b) e a relação entre os parâmetros da função de transferência e os valores dos componentes do circuito são dados por: A= 1 , R1C2 (3.75 ωz = 1 , R 2C1 (3.76 C1 + C2 . R2 C1C 2 (3.77 ) ) e, ωp = ) 3.5.2.3 Controlador Tipo 3 A função de transferência do controlador Tipo 3 é dada por: GV = A (s + ω z ) (s + ω z ) s (s + ω p ) (s + ω p ) (3.78 ) Esse controlador possibilita também uma compensação em avanço de um sistema realimentado além de possuir características integrativas [35], [37]. O controlador Tipo 3 possui um pólo na origem acrescido de dois pares pólo+zero. Os pares pólo+zero são coincidentes, resultando em uma região de inclinação de +20dB/década entre eles que corresponde a uma região de deslocamento de fase reduzido. Nas baixas freqüências, o controlador apresenta características integrativas e entre os zeros e pólos observa-se uma característica derivativa. Nas altas freqüências o controlador comporta-se como um filtro passa-baixa, rejeitando os ruídos provenientes do chaveamento. A Figura 3.15 mostra o diagrama de Bode genérico de um controlador Tipo 3. Esse controlador deve ser empregado para compensar CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 72 sistemas que necessitam de um avanço de fase maior que 90° [35]. Figura 3.15 – Controlador Tipo 3: (a) diagrama de Bode e (b) circuito para síntese do controlador. A função de transferência do controlador Tipo 3 pode ser sintetizada pelo circuito da Figura 3.15(b). Neste caso a relação entre os parâmetros da função de transferência e os componentes do circuito são dados por: A= C1 R2 , R1 R3 C2C3 (3.79) ωz = 1 1 = , R2C1 ( R1 + R3 )C 3 (3.80) ωp = C1 + C 2 1 = . R2C1C2 R1 R3C3 (3.81) e, 3.5.3 Metodologia de Projeto de Controladores Baseado no Fator K A base de desenvolvimento do fator K é o Controlador Tipo 1, no qual o fator CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 73 K é igual a 1. A Figura 3.16 mostra a relação entre o fator K e a freqüência de cruzamento de ganho ω CG , para os controladores Tipo 1, Tipo 2 e Tipo 3. Para o Controlador Tipo 2, ωCG é definida como a raiz quadrada do pro duto entre os valores da freqüência do pólo e do zero. Enquanto para o Controlador Tipo 3, ωCG é definida como a raiz quadrada entre o produto da freqüência do duplo pólo e do duplo zero da função de transferência. Portanto ωCG é a média geométrica entre as freqüências do zero e do pólo da função de transferência e corresponde ao máximo aumento da fase boost, ou seja ωCG=ω boost. Figura 3.16 – Diagramas de Bode do ganho dos controladores: (a) Tipo 1, (b) Tipo 2 e (c) Tipo 3. Assim para o Controlador Tipo 2 o zero e o pólo da função de transferência são definidos como: ωz = ωCG , K (3.82) e ωp = K ωCG . (3.83) Com a introdução do fator K a relação entre os componentes do circuito do Controlador Tipo 2 e a função de transferência passam a ser dadas por: CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL C2 = GV ( jωCG ) , KR1ωCG C1 = C2 ( K 2 − 1) 74 (3.84) (3.85 ) e K . C1ωCG R2 = (3.86 ) E para o Controlador Tipo 3, o duplo zero e o duplo pólo são definidos como: ωz = (3.87 ωCG , K ) e ωp = K ωCG . (3.88 ) Com a introdução do fator K a relação entre os componentes do circuito do controlador e a função de transferência passam a ser dadas por: C2 = GV ( jωCG ) , R1ωCG C1 = C2 ( K − 1) , R2 = ) (3.90 ) K , C1ω CG (3.91 R1 , K −1 (3.92 R3 = e, (3.89 ) ) CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL C3 = 1 R3ωCG K 75 (3.93 . ) Para o Controlador Tipo 2 a expressão que relaciona o deslocamento de fase boost com o fator K é dada pelo inverso da tangente da relação da freqüência em que o zero e o pólo estão localizados conforme mostrado a seguir: boost = arctg( K ) − arctg (1/ K ) . (3.94 ) Que depois de resolvida resulta em: boost K = tg + 45° 2 (3.95 ) Da mesma forma, para o Controlador Tipo 3 a relação entre o deslocamento de fase e o fator K é dado por: boost = arctg ( K ) − arctg (1/ K ) (3.96) Que resulta em: 2 boost + 45 ° . K = tg 2 (3.97) 3.5.3.1 Algoritmo de Projeto do Controlador Depois de apresentado os aspectos relacionados ao controle de conversores e ao fator K, os seguintes passos devem ser seguidos para o projeto da malha de realimentação de controle de tensão: Passo 1: Traçar o diagrama de bode da função de transferência do conversor T dv(s) sem o controlador. Passo 2: Escolher a freqüência de cruzamento de ganho ωCG . Como visto, ωCG deve ser a máxima possível, entretanto para rejeitar perturbações provenientes do 76 CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL chaveamento, seu valor deve ser limitado. Valores de ωCG entre 1/4 e 1/10 da freqüência de chaveamento são, geralmente, aceitáveis. Passo 3: Escolher a margem de fase desejada. Como citado anteriormente, uma MF entre 30° e 60° garante na maioria dos projetos uma boa resposta transitória. Passo 4: Determinar o avanço de fase boost necessário. Para impor ao sistema a MF desejada, é preciso que o controlador promova o avanço de fase boost, diminuindo o atraso na fase da FTMA do sistema realimentado. Considerando que as funções de transferência, KM(s) do modulador e H V(s) do sensor, sejam modeladas apenas como ganhos, o avanço de fase necessário é dado por: boost = MF − ∠GV ( jωCG ) − 90° . (3.98 ) Passo 5: Escolher o tipo de controlador. Depois de determinado o avanço de fase necessário, deve-se escolher o tipo de controlador capaz de proporcionar esse avanço de fase. Passo 6: Calcular o fator K de acordo com o tipo de controlador escolhido. Passo 7: Calcular o módulo da FTMA, sem o controlador, na freqüência de cruzamento de ganho. Para impor a freqüência de cruzamento de ganho desejada, fazse com que o ganho do controlador nessa freqüência seja igual ao inverso do ganho da FTMA sem o controlador. Passo 8: Calcular os valores dos componentes do circuito do controlador. 3.5.4 Malha de Realimentação de Controle de Corrente A metodologia adotada para o controle da corrente de saída do Conversor CC- CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 77 CC Bidirecional durante a Etapa Buck é denominada por Controle por Corrente Média [38]. Essa metodologia comparada com o Controle por Corrente de Pico apresenta as seguintes vantagens: não necessita de uma rampa de compensação externa, aumenta o ganho CC da malha de corrente nas baixas freqüências e possui uma melhor imunidade a ruídos no sinal de corrente do sensor [39]. O controlador utilizado no controle por corrente média é um Controlador Tipo 2, apresentado na Seção 3.5.2. O princípio de funcionamento do Controle por Corrente Média é o seguinte: a corrente no indutor iL é adquirida por um sensor de corrente HC(s). O sinal de tensão correspondente a corrente iL, na saída do sensor, é comparado com uma tensão de referência VREF, que representa o valor da corrente média desejada no indutor L do conversor. Esta diferença é amplificada pelo compensador formado pelos elementos C1 , C 2, R1 e R2 mostrados na Figura 3.14. A saída do compensador é comparada com uma onda triangular dente de serra v M(t) de freqüência constante e igual à fS gerando então o sinal PWM de controle v S1(t), da chave S1 do Conversor Bidirecional. A Figura 3.17 mostra o diagrama de blocos de um conversor linearizado com uma malha de realimentação de controle de corrente. IREF Figura 3.17 – Diagrama de blocos de um conversor com realimentação de controle de corrente. Para o projeto do compensador, o pólo de alta freqüência, ω p, deve ser colocado próximo da freqüência de chaveamento do conversor fS, para filtrar o ripple na freqüência de chaveamento [39]. O zero da função, ωz, deve ser colocado antes da CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 78 freqüência de ressonância, ω0 , do conversor, usualmente entre 1/3 e 1/2 de ω 0, para maximizar a freqüência de cruzamento da malha de corrente [40]. E para evitar instabilidade no chaveamento, o valor de R1 , presente no ganho CC, é obtido de (3.99), expressão desenvolvida por [38]: 2VM Lf S R2 V Lf ≤ min ; M S R1 (Vi m, á x − V0 ) RS V0 RS (3.99) onde VM é o valor de pico de v M(t), RS é o ganho do sensor de corrente HC(s), Vi,max é a tensão máxima de entrada no conversor e V0 é a tensão de saída do conversor em (V). Neste trabalho as variáveis Vi,máx e V0 são iguais ao valor máximo da tensão VCC do barramento CC e a tensão VBB do banco de baterias respectivamente. 3.6 Conclusões Parciais Sistemas de geração de energia que dependem de fatores naturais aleatórios, como os sistemas fotovoltaicos, necessitam em muitas de suas aplicações de dispositivos para o armazenamento de energia para que possam aproveitar de forma mais eficiente à energia gerada e no caso de sistemas isolados ter uma maior autonomia. As baterias eletroquímicas são capazes de armazenar diretamente a energia elétrica sobre a forma de energia química e, posteriormente transformá-la, também diretamente, em energia elétrica. As baterias chumbo-ácido são as mais utilizadas nos sistemas fotovoltaicos. Essas baterias necessitam de uma estratégia de controle rigorosa dos seus processos de carga e descarga para evitar a diminuição da sua vida útil. O processo de carga é normalmente dividido em 4 estágios e proporciona maior segurança é rapidez no restabelecimento da carga total do banco de baterias. O Controlador de Carga de Bateria é um equipamento essencial no CAPÍTULO 3- CONTROLADOR DE CARGA DE BATERIA BASEADO NO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL 79 gerenciamento dos processos de carga e descarga das baterias em sistemas fotovoltaicos. Ele proporciona um gerenciamento adequado do fluxo de energia do banco de baterias. Garantindo a vida útil estimada das baterias. A topologia de Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost ajusta-se às características de um sistema fotovoltaico composto por um barramento de tensão contínua com um nível de tensão superior ao do banco de baterias, o que ocorre na maior parte dos sistemas. Esta topologia apresenta robustez e simplicidade, o que facilita seu projeto e torna viável sua implementação. Capítulo 4 Projeto e Simulação do Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost 4.1 Introdução Visto no Capítulo 3: a topologia, a descrição analítica do funcionamento e a metodologia de projeto das malhas de controle do Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost atua ndo como Controlador de Carga de Baterias em um sistema fotovoltaico. Agora, são apresentadas neste capítulo, as etapas do projeto de implementação do protótipo do Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost. Seu projeto é dividido em duas etapas principais, sendo, o dimensionamento do circuito de comutação e o projeto das malhas de controle. Depois de definidos e calculados todos os parâmetros do sistema necessários ao projeto do conversor. Serão feitas simulações computacionais para observação do comportamento do conversor dentro do sistema fotovoltaico. Por último é montado um protótipo do Conversor CC-CC Bidirecional para observação do seu comportamento real, comprovação dos resultados obtidos na computacional e determinação da viabilidade técnica da sua implementação. 79 simulação CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 80 4.2 Dimensionamento dos Elementos do Sistema O primeiro passo para o projeto do Conversor CC-CC Bidirecional é conhecer, definir e dimensionar os elementos que compõem o ramo CC do sistema fotovoltaico proposto. A Figura 4.1 mostra o diagrama que representa o ramo CC do sistema proposto, onde estão representadas as variáveis elétricas necessárias para o dimensionamento do sistema e o projeto do Conversor CC-CC Bidirecional. Figura 4.1 – Diagrama do ramo CC do sistema fotovoltaico proposto. 4.2.1 Arranjo Fotovoltaico O Arranjo Fotovoltaico é composto por dois painéis BP SX120 ligados paralelo. Os dados e as curvas características do painel BP SX120 foram apresentadas no Capítulo 2, Item 2.2.1. Para a simulação no programa PSpice, será usado seu macro modelo, também apresentado no Capítulo 2, Figura 2.3(b). Os valores dos elementos do modelo utilizados na simulação são apresentados na Tabela 4.1, que inclui também, parâmetros do diodo que devem ser ajustados [8]. A Figura 4.2 mostra a curva IP versus VP obtida na simulação do modelo do arranjo fotovoltaico. 81 CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST Tabela 4.1 – Parâmetros do modelo elétrico do arranjo fotovoltaico. Parâmetro Símbolo Valor Fonte de corrente contínua IFV 7,12A Resistência em série RS 0,1Ω Resistência em paralelo RP 142,5Ω Tensão de joelho do diodo Vj 10V Corrente de saturação do diodo IS 5-8A Constante do modelo do diodo do PSpice N 44.5 Figura 4.2 – Curva característica IP versus VP da saída do modelo elétrico do arranjo fotovoltaico obtida na simulação no PSpice. 4.2.2 Conversor CC-CC Boost A potência elétrica gerada pelo arranjo fotovoltaico é transferida para o barramento CC através de um conversor CC-CC Boost, este elemento será considerado nas simulações para observação do fluxo de energia dentro do ramo CC. Portanto será necessário implementá-lo com uma malha de controle para a tensão de saída, que deverá ser mantida em seu valor nominal VCC . Os valores dos parâmetros necessários ao seu projeto [10] e os valores dos elementos do circuito do conversor necessários 82 CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST para simulação estão na Tabela 4.2. Tabela 4.2: Parâmetros do conversor CC-CC Boost. Parâmetro Símbolo Valor Potência nominal do conversor PBoost 240W Tensão nominal de entrada VP 33,7V Tensão nominal de saída VCC 60V Freqüência de chaveamento do conversor fS 20kHz Razão cíclica no estado permanente D 0,44 LBoost 250µH rL 0,02Ω CBoost 1mF rC 0,2Ω Ganho sensor tensão |HV (s)| 0,1 Ganho modulador |KM (s)| 0,1 Indutância de entrada Resistência associada a LBoost Capacitância de saíd a Resistência série equivalente associada a CBoost A Figura 4.3 mostra o circuito do conversor CC-CC Boost entre o arranjo fotovoltaico e o barramento CC, onde iP é a corrente de entrada fornecida pelo arranjo fotovoltaico e iBoost á a corrente de saída entregue ao barramento CC. Figura 4.3 – Circuito Conversor CC-CC Boost. CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 83 O projeto da malha de controle de tensão do conversor seguirá a metodologia apresentada no Capítulo 3, Item 3.5.3. Essa metodologia permite a síntese de controladores de tensão para conversores CC-CC estáticos através de circuitos com amplificadores operacionais, esses circuitos podem então ser incorporados nas simulações feitas no PSpice. Assim, seguindo os passos da metodologia de projeto apresentada, obtêm-se: Passo 1: Diagrama de Bode da função de transferência do estágio de potência do conversor, Tdv(s) sem o controlador. A função de transferência do conversor CCCC Boost é obtida a partir da substituição dos parâmetros da Tabela 4.2. em (3.59), que resulta em: v~ (s ) − 2 ,53 ⋅ 10− 5 s 2 + 0,34s + 2399 = Tvd ( s ) = CC ~ d (s ) 1,81⋅10 −5 s 2 + 1,08 ⋅ 10− 2 s + 23,39 (4.1) A Figura 4.4 mostra o Diagrama de Bode da função de transferência T dv(s) do conversor CC-CC Boost . Figura 4.4 – Diagrama de Bode da função de transferência Tvd(s) do estágio de potência do conversor CC-CC Boost. Passo 2: A freqüência de cruzamento de ganho ωCG será escolhida como 1/20 da freqüência angular de chaveamento ωs =2πfS. Assim ωCG é igual a 6280rad/s ou em hertz, fCG =1000 Hz. CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 84 Passo 3: A margem de fase adotada será de 60°. Passo 4: O avanço de fase “boost” necessário, calculado por (3.98), que substituindo os valores adotados no projeto, fornece: boost = MF − ∠Tvd ( jω CG ) − 90° = 111,83° (4.2) Passo 5: Para o avanço de fase calculado (“boost”), o controlador Tipo 3 deve ser o escolhido. Passo 6: O fator K para o controlado Tipo 3 é calculado por (3.97) que após de substituídos os valores adotados no projeto, fornece: 2 111,83° K = tg + 45° = 10,64 4 (4.3) Passo 7: O módulo da FTMA, sem o controlador, na freqüência de cruzamento de ganho, é dado por: T ( jω CG ) = Tvd ( jω CG ) . H V ( jωCG ) . K M ( jω CG ) = 0,019 (4.4) Passo 8: Os valores dos componentes do circuito do Controlador Tipo 3, calculados por (3.89), (3.90), (3.91), (3.92) e (3.93), são mostrados na Tabela 4.3 A função de transferência do controlador GV(s) é dada por: GV (s) = 1,15 ⋅10 6 s 2 + 4,44 ⋅10 9 s + 4, 28 ⋅1012 s 3 + 4,10 ⋅ 104 s 2 + 4,20 ⋅108 s (4.5) CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 85 Tabela 4.3 – Valores dos elementos do circuito do controlador Tipo 3: Elemento do circuito Valor R1 100KΩ C2 92pF C1 890pF R2 584KΩ R3 10,37KΩ C3 4,7nF A Figura 4.5(a) mostra o diagrama de Bode da função de transferência do controlador GV (s) e a Figura 4.5(b) mostra a função de transferência de malha aberta FTMA do sistema compensado para malha de controle de tensão. Figura 4.5 – Diagramas de Bode: (a) função de transferência do controlador GV(s) e (b) FTMA do sistema compensado. CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 86 A Figura 4.6(a) mostra o diagrama de Bode da função de transferência de malha fechada (FTMF) do sistema compensado e a Figura 4.6(b) mostra o gráfico da resposta transitória ao degrau do sistema compensado, onde a tensão vCC(t) deve ser mantida em 60V. Figura 4.6 – Sistema realimentado: (a) diagrama de Bode da FTMF, (b) resposta transitória ao degrau. 4.2.3 Banco de Baterias O banco de baterias é composto por duas baterias chumbo-ácido ligadas em série. Os valores dos parâmetros do banco de baterias estão na Tabela 4.4. Para executar as simulações será usado o modelo o de Thévenin da bateria composto pela fonte de tensão contínua V Bint em série com resistência r B, conforme mostra a Figura 4.7. 87 CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST Figura 4.7 – Modelo da bateria. Tabela 4.4: Parâmetros do banco de baterias. Parâmetro Símbolo Valor Tensão nominal do banco de baterias VBB 24V Capacidade nominal do banco de baterias no regime de 10 horas C10 36Ah IBULK 4A Corrente de carga leve ITC 80mA Corrente final de sobrecarga IOCT 400mA Tensão de sobre carga VOC 28,8V Tensão de flutuação V FLOAT 26,6V Tensão correspondente ao estado de carga mínimo do banco de baterias VBBmín 22V Tensão correspondente ao estado de carga máxima VBBmáx 28V Taxa de variação da tensão com a temperatura αBT -4mV/°C Tensão interna do banco de baterias VBint 24V Resistência interna do banco baterias rB 0,5Ω Corrente máxima de carga 88 CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 4.3 Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost O Conversor CC-CC Bidirecional, ou Controlador de Carga de Bateria do sistema é o responsável pela transferência de energia entre o barramento CC e o banco de baterias e vice-versa. Como visto, ele possui duas etapas distintas de operação definidas pelo sentido da corrente iL(t) sobre o indutor L. O indutor L será dimensionado para que o conversor opere no modo de condução contínua até uma potência mínima igual a 50% da potência nominal. A potência nominal do conversor é definida para o conversor operando no estágio de carga profunda (bulk charge ), durante a Etapa Buck. A Tabela 4.5 apresenta os valores dos parâmetros do Conversor CC-CC Bidirecional necessários para o seu dimensionamento. Tabela 4.5 – Parâmetros do Conversor CC-CC Bidirecional. Parâmetro Símbolo Valor Potência nominal do conversor PN 110W Tensão nominal barramento CC VCC 60V Potência máxima entregue ao barramento CC PMáx 200W Freqüência de operação das chaves S1 fS1 20kHz Freqüência de operação das chaves S2 fS2 20kHz Indutância L 320µH Resistência associada a L rL 0,02Ω Capacitância do barramento CC CBoost 1mF Capacitância Buck CBuck 3mF rC 0,2Ω |HV1(s)| 0,1 Resistência série equivalente associada a C Buck e C Boost. Ganho sensor tensão VBB 89 CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST Ganho sensor tensão VCC |HV2(s)| 0,1 Ganho sensor corrente |HC1(s)| 0,1 Ganho modulador |KM (s)| 0,1 O Conversor CC-CC Bidirecional possui três malhas de controle independentes, que são habilitadas pelo algoritmo de controle. Para a Etapa Boost uma malha de controle de tensão. E para a Etapa Buck uma malha de controle de corrente e uma malha de controle de tensão. O projeto das malhas de controle de tensão segue a metodologia baseada no Fator K, apresentada no Capítulo 3. E para o projeto da malha de controle de corrente, a metodologia adotada é a de controle por corrente média, também apresentada no Capítulo 3. 4.3.1 Malha de Controle de Tensão Etapa Boost O objetivo da malha de controle de tensão da Etapa Boost é manter a tensão no barramento CC em seu valor nominal, ou seja, v CC(t)=60V. Assim a tensão de referência do controlador é dada por: VCC REF = VCC = 0,6V H V 2 ( s) (4.6) Passo 1: A função de transferência do estágio de potência do conversor Tdv(s) durante a Etapa Boost é obtida a partir da substituição dos parâmetros da Tabela 4.5 em (3.59), que resulta em: v~CC (s ) − 4,61 ⋅ 10− 5 s 2 + 0, 45s + 3465 = Tvd (s ) = ~ 4,70 ⋅ 10 − 5 s 2 + 1,62 ⋅ 10 − 2 s + 24,01 d (s) (4.7) A Figura 4.8 mostra o Diagrama de Bode da função de transferência Tvd(s) durante a Etapa Boost. CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 90 Figura 4.8 – Diagrama de Bode da função de transferência Tvd(s) durante a Etapa Boost. Passo 2: A freqüência de cruzamento adotada é ω CG =6280rad/s ou fCG=1.000Hz. Passo 3: A margem de fase adotada neste caso será de 60°. Passo 4: O avanço de fase “boost” necessário é dado por: boost = MF − ∠Tvd ( jωCG ) − 90° = 118,32° (4.8) Passo 5: Para o avanço de fase “boost”, o controlador Tipo 3 deve ser escolhido. Passo 6: O fator K para o controlado Tipo 3 é dado por: 2 118,32 ° + 45 ° = 13,14 K = tg 4 (4.9 ) Passo 7: O módulo da FTMA, sem o controlador, na freqüência de cruzamento de ganho, é dado por: T ( j ω CG ) = Tvd ( j ω CG ) . H V 2 ( jω CG ) . K M ( j ω CG ) = 0,0327 (4.10) Passo 8: Os valores dos componentes do circuito do Controlador Tipo 3, estão CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 91 na Tabela 4.6. Tabela 4.6 – Valores dos elementos do circuito do controlador Tipo 3, Etapa Boost: Elemento do circuito Valor R1 100KΩ C2 52,11pF C1 632,89pF R2 911,7K Ω R3 8,23KΩ C3 5,33nF A função de transferência do controlador GV(s) é dada por: GV 2 (s ) = 2,52 ⋅ 10 6 s2 + 8,74 ⋅ 109 s + 7,57 ⋅ 1012 s3 + 4,55 ⋅ 10 4 s 2 + 5,18 ⋅ 108 s (4.11) A Figura 4.9(a) mostra o diagrama de Bode da função de transferência do controlador GV2(s) e a Figura 4.9(b) a função de transferência de malha aberta do sistema compensado para malha de controle de tensão da Etapa Boost. Figura 4.9 – Diagramas de Bode: (a) função de transferência do controlador GV2(s) e (b) FTMA do sistema compensado 92 CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST A Figura 4.10(a) mostra o diagrama de Bode da FTMF do sistema compensado e a Figura 4.10(b) mostra o gráfico da resposta transitória ao degrau do sistema compensado, onde VCC REF = 0,6V , assim a tensão v CC(t) deve ser igual a 60V. Figura 4.10 – Sistema realimentado: (a) diagrama de Bode da FTMF, (b) resposta transitória ao degrau. 4.3.2 Malha de Controle de Tensão Etapa Buck O objetivo da malha de controle de tensão da Etapa Buck é manter a tensão v BB(t), nos terminais do banco de baterias, nos valores especificados pelo algoritmo de controle. Ou seja, durante o estágio de sobrecarga (over charge) vBB(t)=VOC e durante o estágio de carga de flutuação (float charge ) v BB(t)=VFLOAT . Assim a tensão de referência do controlador será ora VV REF = 2,88V (over charge), ora VVREF = 2,66V (float charge). Passo 1: A função de transferência do estágio de potência do conversor durante a Etapa Buck é obtida através da substituição dos parâmetros da Tabela 4.5 em (3.41), que resulta em: v~ (s ) 1,80 ⋅ 10 −2 s + 30 = Tvd (s ) = ~BB 6,72 ⋅ 10 −7 s 2 + 7 ,25 ⋅ 10 −4 s + 0,55 d (s) (4.12) A Figura 4.11 mostra o Diagrama de Bode da função de transferência Tvd(s) CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 93 durante a Etapa Buck. Figura 4.11 – Diagrama de Bode da função de transferência Tvd(s) durante a Etapa Buck. Passo 2: A freqüência de cruzamento adotada é 1/10 de ω S, ou seja, ω CG =12.560rad/s ou fCG=2.000Hz. Passo 3: A margem de fa se adotada será de 60°. Passo 4: O avanço de fase “boost” necessário é dado por: boost = MF − ∠Tvd ( jω CG ) − 90° = 62,62° (4.13) Passo 5: Para o avanço de fase “boost”, o controlador Tipo 2 pode ser escolhido. Passo 6: O fator K para o controlado Tipo 2 é dado por: 62,62° + 45° = 4,10 K = tg 2 (4.14) Passo 7: O módulo da FTMA, sem o controlador, na freqüência de cruzamento de ganho, é dado por: CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST T ( jω CG ) = Tvd ( jωCG ) . H V 1 ( jω CG ) . K M ( jω CG ) = 0,0215 94 (4.15) Passo 8: Os valores dos componentes do circuito do Controlador Tipo 2, estão na Tabela 4.7. Tabela 4.7 – Valores dos elementos do circuito do controlador Tipo 2, Etapa Buck: Elemento do circuito Valor R1 10KΩ C2 41,73pF C1 661,82pF R2 493,67KΩ A função de transferência do controlador GV1 (s) é dada por: GV 1 (s ) = 2,39 ⋅ 106 s + 7,33⋅ 109 s 2 + 5,16 ⋅ 104 s (4.16) A Figura 4.12(a) mostra o diagrama de Bode da função de transferência do controlador de tensão GV1 (s) e Figura 4.12(b) a FTMA do sistema compensado para malha de controle de tensão da Etapa Buck. Figura 4.12 – Diagramas de Bode: (a) função de transferência do controlador GV1(s) e (b) CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 95 FTMA do sistema compensado. A Figura 4.13(a) mostra o diagrama de Bode da FTMF do sistema compensado e a Figura 4.13(b) mostra o gráfico da resposta transitória ao degrau do sistema compensado, no qual VV REF = 2,5V , assim a tensão vBB(t) deve ser igual a 25V. Figura 4.13 – Sistema realimentado: (a) diagrama de Bode da FTMF, (b) resposta transitória ao degrau. 4.3.3 Malha de Controle de Corrente Etapa Buck O objetivo da malha de controle de corrente da Etapa Buck é manter a corrente iBB(t), injetada no banco de baterias, nos valores especificados pelo algoritmo de controle. Ou seja, durante o estágio de carga leve (tricle charge ), iBB(t)=ITC, e durante o estágio de carga profunda (bulk charge ), iBB(t)=IBULK. Assim a tensão de referência do controlador, que corresponde a corrente especificada, será ora VI ora VI REF REF = 0,4V (bulk charge), = 8mV (tricle charge ). O projeto de controle de corrente segue a metodologia do controle por corrente média, cujos principais aspectos rela cionados ao projeto do controlador foram apresentados e discutidos no Capítulo 3. A função de transferência Tid(s) do estágio de potência do conversor que relaciona a corrente no indutor com a razão cíclica é dada CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 96 por (3.42), que substituindo os valores adotados no projeto resulta em: ~ i ( s) 0,126 −5 s + 60 = Tid ( s ) = ~L d (s ) 6 ,72 ⋅ 10− 7 s 2 + 7, 25 ⋅ 10− 4 s + 0,55 (4.17) O diagrama de Bode de Tid(s) é mostrado na Figura 4.14. Figura 4.14 – Diagrama Bode de Tid(s) da Etapa Buck. O controle por corrente média utiliza um controlador Tipo2 para compensar o sistema realimentado. O pólo de alta freqüência ωp, da função de transferência do controlador GC (s) dever ser colocado próximo da freqüência de chaveamento ωS, assim ω p=125.600rad/s. E o zero da função ωz deve estar entre 1/2 e 1/3 da freqüência de ressonância do estágio de potência do conversor, dessa forma o valor adotado é ω z=400rad/s. O ganho de GC1(s) deve obedecer à relação (3.94), que substituindo os valores adotados no projeto resulta em: R2 2 Lf S 1 ≤ min R1 K M H C1 (VCC − V BB ) Lf S 1 6 ≤ 2,66 ⋅ 10 K M H C1VCC (4.18) Os valores dos componentes do circuito do controlador Tipo 2 de corrente, estão na Tabela 4.8 Tabela 4.8 – Valores dos elementos do circuito do controlador Tipo 2 de corrente: CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST Elemento do circuito Valor R1 100KΩ R2 1,60MΩ C1 1,53nF C2 4,98nF 97 A função de transferência do controlador GC1 (s) é dada por: GC1 (s) = 1,56 ⋅ 106 s + 7, 23 ⋅ 108 s 2 + 1,26 ⋅ 105 s (4.19) A Figura 4.15(a) mostra o diagrama de Bode da função GC1(s) e a Figura 4.15(b) a FTMA do sistema compensado Figura 4.15 – Diagramas de Bode: (a) função de transferência do controlador GC1(s) e (b) FTMA do sistema compensado. A Figura 4.16(a) mostra o diagrama de Bode da FTMF do sistema compensado e a Figura 4.16(b) mostra o gráfico da resposta transitória ao degrau do sistema compensado, onde V I REF = 0,3A , assim o valor de iBB(t) deve ser igual a 3A . CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 98 Figura 4.16 – Sistema realimentado: (a) diagrama de Bode da FTMF, (b) resposta transitória ao degrau. 4.4 Resultados Obtidos na Simulação O circuito da Figura 4.17 representa o ramo CC do sistema fotovoltaico proposto, utilizado para efetuar as simulações no PSpice. Nele, o arranjo fotovoltaico e o banco de baterias são representados pelos seus modelos elétricos, com os valores especificados nos Itens 4.2.1 e 4.2.3, respectivamente e a carga CC por uma resistência equivalente RCARGA. Figura 4.17 – Circuito elétrico representativo do ramo CC do sistema fotovoltaico proposto. 4.4.1 Comportamento da Etapa Buck CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 99 A Etapa Buck, responsável pelo carregamento do banco de baterias, opera no modo corrente durante os dois primeiros estágios do processo de carga e no modo tensão nos dois últimos estágios conforme mostrado na Figura 2.12. A Figura 4.18 mostra as formas de onda das tensões v CC(t) e v BB(t), da corrente iBB(t) e da tensão de referência do controlador de corrente V I REF obtidas na simulação durante o modo corrente da Etapa Buck, a listagem dos arquivos de simulação está no Apêndice B.2. Para observar o comportamento transitório de iBB(t), a tensão de entrada da Etapa Buck, vCC(t) sofre as seguintes perturbações, um degrau de 10V no instante t=40ms e um degrau de -20V no instante t=80ms, respectivamente. O valor da tensão de referência V I , que representa o valor da corrente iBB(t) desejada, muda de REF 8mV para 0,4V no instante t=60ms representado a mudança do estágio de carga leve (tricle charge), onde iBB(t)=80mA, para o estágio de carga profunda (bulk charge), onde iBB(t)=4A. Figura 4.18 – Gráfico das formas de onda das tensões vCC(t) e vBB(t), da corrente no iBB(t) e V I REF , durante o modo corrente da Etapa Buck. CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 100 A Figura 4.19 mostra as formas de onda das tensões v CC(t) e v BB(t), da corrente iBB(t) e da tensão de referência do controlador de tensão VV REF obtidas na simulação da Etapa Buck durante o modo de controle da tensão, a listagem dos arquivos de simulação está no Apêndice B.3 . Para observar o comportamento transitório de v BB(t), tensão de entrada da Etapa Buck v CC(t) sofre as mesmas perturbações do caso anterior. O valor da tensão de referência VV REF muda de 2,88V para 2,66V em t=60ms, representado a mudança do estágio de sobrecarga (over charge ), onde v BB(t)=28,8V, para o estágio de carga de flutuação (float charge), onde v BB(t)=26,6V. Observe que como no caso anterior o controle atende satisfatoriamente as características desejadas para o controle. Figura 4.19 - Gráfico das formas de onda das tensões vCC(t) e vBB(t), da corrente no iBB(t) e VVREF , durante o modo tensão da Etapa Buck. CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 101 4.4.2 Comportamento da Etapa Boost A Etapa Boost de operação do Conversor CC-CC Bidirecional tem o objetivo de manter a tensão do barramento CC no valor pré-estabelecido de projeto (v CC (t)=60V) quando a potência gerada pelo arranjo fotovoltaico é insuficiente para suprir a carga representada por RCARGA. Assim operando em conjunto com o conversor CC-CC Boost, o Conversor CC-CC Bidirecional fornece a energia armazenada no banco de bateria ao barramento CC complementando a energia requerida pela carga do sistema. Para observar o comportamento transitório da tensão v CC(t) diante de uma variação na carga, a resistência equivalente de carga é forçada a mudar de valor no instante t=30ms de 100Ω para 15Ω, fazendo com que a tensão v CC(t) se reduza. Desse modo, o Conversor CC-CC Bidirecional passa a operar na Etapa Boost, fornecendo energia ao barramento CC e restabelecendo a tensão vCC(t) em 60V. A Figura 4.20 mostra as formas de onda da tensão v CC(t), da corrente sobre o indutor do conversor Boost de entrada, da corrente no indutor do Conversor CC-CC Bidirecional e da corrente iBB(t) obtidas com a simulação do circuito proposto no PSpice, a listagem dos arquivos de simulação está no Apêndice B.4. Observe que a corrente pelo indutor do conversor fica negativa com a entrada em operação da Etapa Boost. CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 102 Figura 4.20 – Gráfico das formas de onda da tensão vCC(t), corrente no indutor do conversor Boost de entrada, corrente no indutor do Conversor CC-CC Bidirecional e da corrente iBB(t). 4.5 Protótipo do Conversor CC-CC Bidirecional A Figura 4.21 ilustra o circuito do protótipo montado em laboratório, onde o circuito de comutação do Conversor CC-CC Bidirecional é composto pelas chaves S1 e S2 , os diodos D1 e D2 , o indutor L e o capacitor CBuck. As chaves estáticas e os diodos devem ser dimensionados para os valores máximos de tensão e correntes, especificados no projeto. O projeto físico do indutor L é apresentado no Apêndice A. CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 103 Figura 4.21 – Circuito esquemático para implementação do Conversor CC-CC Bidirecional. 4.5.1 Chaves Estáticas O circuito de comutação do Conversor CC-CC Bidirecional apresenta a mesma disposição das chaves S1 e S2 e dos diodos D1 e D2 de um braço inversor, dessa forma encontra-se no mercado módulos integrado composto por transistores e diodos de potência, como o módulo de transistor MG25N2YS1, que é composto por dois IGBTs e dois diodos conforme mostra a Figura 4.22. Figura 4.22 – Circuito equivalente do módulo transistor MG25N2YS1. CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 104 O modulo de transistor MG25N2YS1 adotado no protótipo é especificado para uma tensão de 1100V e uma corrente eficaz de coletor de 25A. 4.5.2 Circuito de Controle O circuito de controle responsável pelo gerenciamento do fluxo de energia no circuito de comutação do conversor, pode ser implementado através de microcontroladores programáveis ou processadores digitais de sinal (DSP – Digital Signal Processor). Ele deve ser programado para operar as chaves de potência do circuito conforme o algoritmo de controle apresentado no Capítulo 3, Item 3.4, utilizando os valores especificados no projeto. 4.5.3 Circuito de Disparo Para disparar as chaves S1 e S2 é necessário à inclusão de um circuito de disparo (drive). O objetivo do circuito de disparo é amplificar a potência do sinal de comando das chaves, gerado pelo circuito de controle, e promover o isolamento entre o circuito de potência e o circuito de controle. A Figura 4.23 mostra o circuito de disparo adotado no protótipo, ele é composto pelo circuito integrado, fotoacoplador, TLP250. Figura 4.23 – Circuito de disparo das chaves S 1 e S2 do conversor. CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 105 4.5.4 Sensores de Tensão e Corrente O Conversor CC-CC Bidirecional necessita de dois sensores de tensão, um monitorando a tensão v CC(t) e outro monitorando a tensão vBB(t). E um sensor de corrente monitorando a corrente sobre o indutor L. Os sensores de tensão e corrente adotados são de Efeito Hall. 4.5.5 Sensor Temperatura O sensor de temperatura tem objetivo de compensar os parâmetros de tensão do banco de baterias melhorando o desempenho do Controlador de Carga de Baterias principalmente em ambientes onde há grande variação de temperaturas. O sensor adotado é o circuito integrado LM35, seu fator de variação linear é 10mV/°C. Assim substituindo o fator de variação linear do sensor e adotando-se αBT =-4mV/°C (taxa de variação da tensão com a temperatura em uma bateria chumbo-ácido), a equação (2.12) torna-se: VB (T ) = [VE , 25°C + 0, 4(V Sensor − 25°) )]N E (4.20) Onde: V Sensor é tensão de saída do LM35. 4.6 Resultados da Implementação do Protótipo A implementação do protótipo no laboratório permitiu observar o funcionamento do Conversor CC-CC Bidirecional, durante a Etapa Buck, A Figura 4.24 mostra uma fotografia do protótipo. Uma fonte de corrente contínua de 60V foi utilizada para representar o barramento CC. A mostra a fotografia do protótipo implementado em laboratório. CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 106 Figura 4.24 – Fotografia do protótipo do Conversor CC-CC Bidirecional. A Figura 4.25(a) mostra as forma de onda da corrente iL (t) e a Figura 4.25(b) mostra a forma de onda iBB(t). Onde se observa que o corrente iBB(t) apresenta uma baixa ondulação (ripple) e seu valor eficaz 4,08A é muito próximo do valor eficaz de iL (t), 4,02A. A baixa ondulação da corrente iBB(t) evita o forte impacto causado pela ondulação de corrente na vida útil das baterias chumbo-ácido [41]. Figura 4.25 – Formas de onda das correntes, onde o ganho da ponteira de corrente do osciloscópio é igual a 100mV/A: (a) iL(t) e (b) iBB(t). CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 107 Para que se possa comparar as formas de onda obtidas no laboratório com as formas de onda obtidas na simulação no PSpice, a Figura 4.25(a) traz a forma de onda da corrente iL(t) e a Figura 4.25(b) mostra a forma de onda iBB(t), obtidas na simulação. Onde se observa que o corrente iBB(t) obtida do resultado experimental apresenta uma pequena ondulação mais aguda do que na simulação, causada pelos elementos parasitas associados aos elementos reais do circuito. Figura 4.26 – Formas de onda das correntes obtidas na simulação no PSpice:(a) iL(t) e (b) iBB(t). A Figura 4.27(a) mostra as formas de onda da tensão vCC(t) e v BB(t) e a Figura 4.27(b) mostra as formas de onda tensão de entrada e saída do circuito de disparo da chave S1 do Conversor CC-CC Bidirecional. Figura 4.27 – Formas de onda: (a) tensões v CC (t) e v BB (t) e (b) tensões de entrada e saída do circuito de disparo. CAPÍTULO 4- P ROJETO E S IMULAÇÃO DO CONVERSOR CC-CC BIDIRECIONAL BUCK-BOOST 108 4.7 Conclusões Parciais As simulações mostram que o conversor apresenta uma rápida resposta transitória a variações na tensão v CC(t), durante a Etapa Buck tanto no modo corrente como no modo tensão. As simulações mostraram que a tensão v CC(t) pode ser restabelecida com a energia disponível no banco de baterias quando a energia gerada pelos painéis é insuficiente para alimentar a carga do sistema. O circuito de potência apresenta uma configuração das chaves estáticas semelhante à de um braço inversor de um conversor estático CC-CA, assim existem no mercado módulos composto pela mesma configuração necessária para o Conversor CC-CC Bidirecional, facilitando a montagem do circuito de comutação ou potência. A montagem do protótipo possibilitou a observação e a comprovação do funcionamento do Conversor CC-CC Bidirecional atuando na Etapa Buck como um Controlador de Cargas de Baterias, e a sua viabilidade técnica para a implementação. Capítulo 5 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 5.1 Conclusões Os sistemas fotovoltaicos pela sua grande versatilidade podem adaptar-se a diversas aplicações, conciliando grande confiabilidade, pouca necessidade de manutenção, fácil instalação e mínimo impacto ao meio ambiente. Sendo então uma grande alternativa para geração de energia elétrica. Pesquisas para o desenvolvimento e aprimoramento dos equipamentos que compõem os sistemas fotovoltaicos contribuem para torná-los mais competitivos no aspecto econômico. A geração de energia através dos painéis fotovoltaicos apresenta uma grande variabilidade pois depende da radiação solar que incide sobre ele. Sendo necessário em muitas aplicações o emprego de algum dispositivo de armazenamento de energia. 108 CAPÍTULO 5- CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS F UTUROS 109 As baterias eletroquímicas são uma importante forma de armazenamento de energia. Elas são capazes de armazenar diretamente a energia elétrica em energia química e, posteriormente transformá-la, também diretamente, em energia elétrica. O Controlador de Carga de Baterias tem um papel importante nos sistemas que necessitam armazenar energia em banco de baterias, providenciando o gerenciamento da carga das baterias dentro de suas especificações. Garantindo assim que as baterias alcancem sua vida útil estimada, diminuindo os gasto com a reposição de novas baterias. O processo de carga adotado pelo Controlador de Carga de Bateria deve providenciar o carregamento completo do banco de baterias, no menor tempo possível, respeitando suas especificações. Dessa forma, devem-se implementar estratégias de controle com mais de um estágio, como sugerido neste trabalho, para alcançar este objetivo. A topologia do Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost atuando como Controlador de Carga de Baterias em um sistema fotovoltaico, que necessitam de banco de baterias, permitir adequar o fluxo de energia tanto no sentido banco de baterias barramento CC, quanto barramento CC banco de baterias. O projeto das malhas de realimentação de controle de tensão e corrente, utilizando as metodologias do fator K e controle por corrente média respectivamente, mostraram uma boa resposta transitória para variações na tensão de entrada do Conversor CC-CC Bidirecional e para a mudança do valor da tensão de referência do controlador. 5.2 Trabalhos Futuros CAPÍTULO 5- CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS F UTUROS Para 110 trabalhos futuros sugere-se, primeiramente a observação do funcionamento Controlador de Carga de Baterias em um sistema real para verificação do estado de carga das baterias e a vida útil alcançada. Experimentar novas estratégias de gerenciamento da carga do banco de baterias como “Contador de Ah”, que leva em consideração a quantidade de carga que entra e sai da bateria para estimar seu estado de carga [42]. Projetar estratégias de comutação suave para as chaves do Conversor CCCC Bidirecional, para diminuir as perdas por chaveamento (ZVS – Zero-voltageswitching, ZCS – Zero-current-switching), melhorando a eficiência do equipamento [10]. Referências Bibliográficas [1] Manual de Engenharia para Sistemas Fotovoltaicos, Grupo de Trabalho de Energia SolarGTES, CEPEL-CRESESB. [2] FRAIDENRAICH, N., LYRA, F., Energia Solar: Fundamentos e Tecnologia de Conversão Heliotérmica e Fotovoltaic., Editora Universitária da UFPE,1995. [3] ROSA, M. C., CARNEIRO, P.M., “Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica da Utilização da Energia solar em Estações de Rádio Base (ERB’s), 2001. [4] RÜTHER, R., “Panorama Atual da Utilização da Energia Solar Fotovoltaica e o Trabalho do labsolar nesta Área”, em Fontes Não -Convencionais de Energia – As Tecnologias Solar, Eólica e de Biomassa. Terceira Edição, Labsolar (Laboratório de Energia Solar)/NCT (Núcleo de Controle Térmico de Satélites), Departamento de Engenharia Mecânica – UFSC, 2000. [5] THOMAS, H. P., KROPOSKI, B., MCNUTT, P., WITT, C. E., BOWER, W., BONN, R., HUND, T.D., “Progress in Photovoltaic System and Component Improvements”. National Renewable Energy Laboratory/U.S. Department of Energy, July 1998. [6] WOODWORTH, J.R., THOMAS, M.G., STEVENS, J.W., HARRINGTON, S.R., DUNLOP, J.P., SWAMY, M.R., DEMETRIUS, L., “Evaluation of the Batteries and charge Controllers in small and Stand-alone Photovoltaic Systems”, First WCPEC; Dec. 5-9, 1994. [7] MORTENSEN, J., “Factors Associated with Photovoltaic System Cost”, National Renewable Energy Laboratory/U.S. Department of Energy, June 2001. [8] RODRIGUES, Marcio do Carmo Barbosa. Inversor Boost Multinível em Corrente e sua Aplicação no Processamento de Energia em Sistemas Fotovoltaicos Monofásicos Conectados à Rede Referências Bibliográficas 112 Elétrica. Juiz de Fora, 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) – Setor de Tecnologia, Universidade Federal de Juiz de Fora. [9] RAUSCHENBACH, H.S., “Solar Cell Array Design Handbook”, Van Nostrand Reinhold Company, NY-USA 1980. [10] MOHAN, N., UNDELAND, T. M., ROBBINS, W. P., Power Electronics, Converters, Applications and Design, second edition 1995. [11] HUA, C., SHEN, C., “Comparative Study of Peack Power Tracking Techniques for Solar Storage System”, Proceedings of the 13th annual Applied Power Eletronics Conference and Exposition 1998, Vol. 2, pp 679-685. [12] BARBOSA, P. G., Compensador Série Síncrono Estático Baseado em Conversores VSI Multipulso. Tese de D. Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2000. [13] Primer on Lead-acid Storage Batteries – DOE Handbook, U.S. Department of Energy, FSC-6910, Washington, D.C. 20585, September 1995. [14] HAMMOND, R.L., TURPIN, J.F., “PV Batteries and Charge Controllers: Technical Issues, Costs and Market Trends”, 26th PVSC, 1997 IEEE. [15] Catálogo Técnico Baterias Moura, Famílias MF e MC. Disponível em: www.moura.com.br., acessado em: 25/05/2002 [16] Catálogo Técnico Baterias EnerSys, Baterias Chumbo Ácidas Ventiladas Tubulares de Ciclo Profundo, Modelo Exide Deep Cycle 180 – 1750Ah/24h, Impr. 08/2001. [17] HUND, T., “Capacity Loss in PV Batteries and Recovery Procedures”, Photovoltaic System Application Departament, Sandia National Laboratories, Albuquerque, MN87185-0753. Referências Bibliográficas 113 [18] BOWER, W., DUNLOP, J., “Perfomance of Battery Charge Controllers: an Interim Test Report”, IEEE, 1990 [19] HUND, T., “Battery Testing For Photovoltaic Applications”, Sandia National Laboratories, Albuquerque, MN87185-0753. [20] HARRINGTON, S. R., HUND, T. D. "Rating Batteries for Initial Capacity, Charging Parameters and Cycle Life in the Photovoltaic Application", PCIM , Sept., 1995 [21] DUNLOP, J., BOWER, W., HARRINGTON, S., “Perfomance of Battery Charge Controllers: First Year Test Report”, IEEE, 1991. [22] GALDINO,M. A. E., RIBEIRO, C. M., “A Inttelingent Battery Charge Controller for Small Scale PV System”, 12th European Photovoltaic Solar Energy Conference and Exibition, 1994. [23] HESSE, K., “An off-line lead -acid charger based on the UC3909”, Technical report, Unitrod company, 1997. [24] ISHENGOMA F. M., NORUM, L. E., “Design and implemetation of a digitally controlled stand alone power suplly”, NORPIE/2002 Nordic Workshop on Power and Industrial eletronics, 14 August 2002. [25] KIEHNE, H. A., Battery Technology Handbook, First Edition, Marcel Dekkar, Inc., 1989. [26] POMILIO, J. A., SOLERO, L., CRESCIMBINI, F., Dynamic Modelling and Regulators Desing for Multiple Imput Power Converters for the Propulsion System of Electric Vehicles, COBEP 2003, pp 362-367. [27] SCHUCH, L., RECH, C., PINHEIRO, H.,Analysis and Design of a New HighEfficiency Bi-Directional ZVT PWM Converter for DC Bus and Battery Bank Interface, IEEE 2002. Referências Bibliográficas 114 [28] SUN, J., MITCHELL, D. M., GREUEL, M., KREIEN, P. T., BASS, R. M., “Average Models for PWM Converters in Discontinuous Conduction Mode”, Proceedings of 1998 High Frequency Power conversion Conference (HFPC’98) , pp. 61-72, 1998. [29] SUN, J., MITCHELL, D. M., GREUEL, M., KREIEN, P. T., BASS, R. M., “Modeling of PWM Converters in Discontinuous Conduction Mode – A Reexamination”, IEEE PESC’98 Records, pp. 615-622, 1998 Japan. [30] CASTAÑER, L., SILVESTRE, S., Modelling Photovoltaic Systems Using Pspice, Editora Wiley, 2004. [31] SALAMEH, Z. M., CASSACA, M. A., LYNCH, W. A., A Mathematical Model for Lead-Acid Batteries, IEEE Transaction on Energy Conversion, vol.7, N° 1, March 1992. [32] ROSS, M. M. D., “A Simple But Comprehensive Lead-Acid Battery Model for Hybrid System Simulation”, GPCo inc., Technical report, Varennes, Québec, 2002. [33] SCHUCH, L., RECH, C., GRÜNDLING, H. A. PINHEIRO, H., “Análise e Projeto de um Conversor Bidirecional PWM de Alto Desempenho para Interface entre o Barramento CC e o Banco de Baterias”, Revista da Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência SOBRAEP, Vol.9, N°1, pp. 1-12, Julho de 2004. [34] ERICKSSON, R. W., Fundamentals of Power Eletronics. Chapman & Hall, 1997. [35] VENABLE, H. D., “The K Factor: A New Mathematical Tool for Stability Analysis and Synthesis”, Linear Technology Reference www.linear.com/pdf/REFRD4.pdf, acessado em 20/08/2004. [36] OGATA, K., Engenharia de Controle Moderno. Editora LCT, 1995. Reading #4, Referências Bibliográficas 115 [37] BIESECKER, T. E. “Optimum Feedback Amplifier Design for Control Systems”, Venable Technical Paper #3, Venable Industries, www.venable.biz, acessado em 20/08/2004. [38] SUN, J., BASS, R. M., “Modeling and practical design issues for average current control”, IEEE 1999. [39] DIXON, L. H., “Average current-mode control of switching power supplies” Unitrode power Supply Design Seminar Manual, 1990. [40] TANG, W. LEE, F. C., RIDLEY, R. B., “Small-signal modeling of average current-mode control”, IEEE Transactions on Power Electronics, Vl 8, No. 2, pp. 112-119, 1993. [41] NELSON, R. F., KEPROS, M. A., “AC Ripple Effects on VRLA Batteries in Float Applications”, IEEE Battery Conference on Applications and Advances, pp 281-289, 1999. [42] HUND, T. D., THOMPSON, B., “AMP-HOUR Counting Charge Control for Photovoltaic Hybrid Power Systems”, IEEE 26th PVSC, September, 1997. [43] MARTIGNONI, A., Transformadores. 8ª edição, Editora Globo. Apêndice A Projeto Físico do Indutor A.1 Projeto Físico do Indutor O indutor é projetado de acordo com as especificações do conversor, levandose em consideração os seguintes parâmetros: valor da indutância, freqüência de operação e corrente eficaz sobre ele. O projeto físico do indutor será feit o de acordo com a referência [43]. A.1.1 Parâmetros do Indutor Os parâmetros adotados no projeto do indutor L, do Conversor CC-CC Bidirecional, estão na Tabela A.1. Tabela A.1 – Parâmetros do indutor. Parâmetro Símbolo Valor Indutância L 320µH Freqüência de operação fS 20KHz ILefi 4A Corrente eficaz sobre o indutor 116 117 ANEXO A- PROJETO FÍSICO DO I NDUTOR A.1.2 Escolha do Núcleo A escolha do núcleo de ferrite é feita através do produto de áreas, dado pela equação (A.1), a baixo: W .S = (A.1 L.( I Lefi )2 ) B.J .K Onde: W – Área ou janela de enrolamento disponível. S – Área efetiva do núcleo. B – Máxima indução do projeto, igual a 0,2. J – Densidade de corrente, varia entre 1 a 4,5 A/mm2, será adotado para o projeto 3 A/mm2. K – Fator de ocupação da janela, normalmente entre 0,3 e 0,6 será adotado para o projeto 0,4. Portanto: W.S = 2,13 cm4 Deve-se escolher um núcleo, de acordo com tabelas de fabricantes, com W.S maior que o fator calculado. O núcleo de ferrite adotado será: EE 42/21/15, suas especificações estão na Tabela A.2. Tabela A.2 – Parâmetros do núcleo EE 42/21/15. Parâmetro Símbolo Valor W.S 4,66 cm4 Área efetiva S 1,82 cm2 Comprimento da espira lesp 9,3cm Comprimento médio das espiras lM 9,7 cm Produto: janela disponível por área efetiva 118 ANEXO A- PROJETO FÍSICO DO I NDUTOR A.1.3 Cálculo do Número de Espiras O número de espiras é dado pela equação (A.2). N= (A.2 L.I Lefi B.S ) Portanto: N = 36 espiras A.1.4 Escolha da Bitola do Fio A área efetiva da bitola do fio utilizado nas espiras é dado pela equação (A.3). AEFETIVA = I Lefi J (A.3 ) Portanto: A = 0,0133cm2 Esta área levaria a bitola de 14 AWG, porém como a freqüência de operação é de 20kHz, deve se levar em consideração o efeito pelicular, no qual a corrente tende a circular pelas bordas do fio, pois a profundidade de penetração da corrente é inversamente proporcional ao aumento da freqüência. Portanto, deve-se escolher a bitola máxima do fio em função da freqüência através do ábaco da Figura A.1. 119 ANEXO A- PROJETO FÍSICO DO I NDUTOR Figura A.1 – Bitola de fio permitida em função da freqüência Para a freqüência de 20 KHz a bitola máxima permitida é de 18 AWG que corresponde a 0,008231 cm 2. Para implementação do indutor será utilizado o fio 23 AWG que corresponde a 0,002582 cm2 , assim será utilizado 7 fios em paralelo o que corresponde à área efetiva calculada pela equação (A.3). A.1.5 Cálculo do comprimento do Entreferro O comprimento do entreferro ou gap é dado pela expressão (A.4). µ 0 .N 2 .S lg = L Portanto: lg = 0,79 mm (A.4 ) Apêndice B Listagem dos Arquivos de Simulação no PSpice B.1 Conversor CC-CC Bidirecional Buck-Boost **** INCLUDING "Conv ersor bidirecional s.net" **** * Schematics Netlist * D_D1 0 $N_0001 Dbreak V_V3 $N_0002 0 96V X_S1 1 0 $N_0003 $N_0001 Conv_bidirecional_s_S1 D_D2 $N_0001 $N_0003 Dbreak X_S2 2 0 $N_0001 0 Conv_bidirecional_s_S2 V_V4 $N_0003 0 240V L_L1 $N_0001 $N_0002 0.3mH X_U1 1 $N_0004 Sw_tOpen PARAMS: tOpen=19.9m ttran=1u Rclosed=0.001 + Ropen=1Meg R_R1 10 1 V_V1 $N_0004 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 1V 0 10ns 10ns 0.09ms 0.2ms X_U2 2 $N_0005 Sw_tClose PARAMS: tClose=20m ttran=1u Rclosed=0.001 + Ropen=1Meg R_R2 20 1 V_V2 $N_0005 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 1V 0 10ns 10ns 0.14ms 0.2ms 120 ANEXO B- LISTAGEM DOS ARQUIVOS DE SIMULAÇÃO NO PSPICE 121 .subckt Conv_bidirecional_s_S1 1 2 3 4 S_S1 3 4 1 2 Sbreak RS_S1 1 2 1G .ends Conv_bidirecional_s_S1 .subckt Conv_bidirecional_s_S2 1 2 3 4 S_S2 3 4 1 2 Sbreak RS_S2 1 2 1G .ends Conv_bidirecional_s_S2 B.2 Conversor CC-CC Bidirecional Etapa Buck Controle de Corrente **** INCLUDING "Etapa Buck_controle _corrente.net" **** * Schematics Netlist * E_GAIN5 $N_0002 0 VALUE {-1 * V($N_0001)} E_E2 $N_0003 0 TABLE { V($N_0004, $N_0002) } + ( (0,0) (0.1,5) ) V_V4 0 $N_0005 12V V_V3 $N_0006 0 12V V_V6 $N_0004 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 10V 0 49.9us 10ns 10ns 50us V_V7 $N_0007 $N_0008 DC 0 AC 0 +PULSE 10 0 0 20u 20u 40m 120m V_VCC $N_0009 $N_0007 DC 0 AC 0 +PULSE -20 0 0 20u 20u 80m 120m X_U5A Vref $N_0010 $N_0006 $N_0005 $N_0001 LM324/NS L_L1 $N_0011 VBB 0.25mH D_D3 0 $N_0011 Dbreak X_S1 $N_0003 0 $N_0009 $N_0011 Etapa_Buck_controle__corrente _S1 V_VC $N_0008 0 60V R_Rc $N_0012 VBB 0.2 C_Cbuck $N_0012 0 3m E_E6 $N_0013 0 VBB 0 0.1 R_R3 $N_0010 $N_0013 10k C_C3 $N_0001 $N_0010 55p C_C4 $N_0001 $N_0014 822p R_R2 $N_0014 $N_0010 387k V_VBint $N_0015 0 25V V_V2 Vref $N_0016 2.88V ANEXO B- LISTAGEM DOS ARQUIVOS DE SIMULAÇÃO NO PSPICE 122 V_V8 $N_0016 0 DC 0 AC 0 +PULSE -0.22 0 0 10u 10u 60m 120m R_Rb VBB $N_0015 1.1 .subckt Etapa_Buck_controle__corrente_S1 1 2 3 4 S_S1 3 4 1 2 Sbreak RS_S1 1 2 1G .ends Etapa_Buck_controle__corrente_S1 B.3 Conversor CC-CC Bidirecional Etapa Buck Controle de Tensão **** INCLUDING "Etapa Buck_controle _tensão.net" **** * Schematics Netlist * E_GAIN5 $N_0002 0 VALUE {-1 * V($N_0001)} E_E2 $N_0003 0 TABLE { V($N_0004, $N_0002) } + ( (0,0) (0.1,5) ) V_V4 0 $N_0005 12V V_V3 $N_0006 0 12V V_V6 $N_0004 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 10V 0 49.9us 10ns 10ns 50us V_V7 $N_0007 $N_0008 DC 0 AC 0 +PULSE 10 0 0 20u 20u 40m 120m V_VCC $N_0009 $N_0007 DC 0 AC 0 +PULSE -20 0 0 20u 20u 80m 120m X_U5A Vref $N_0010 $N_0006 $N_0005 $N_0001 LM324/NS L_L1 $N_0011 VBB 0.25mH D_D3 0 $N_0011 Dbreak X_S1 $N_0003 0 $N_0009 $N_0011 Etapa_Buck_controle_tensão_S1 V_VC $N_0008 0 60V R_Rc $N_0012 VBB 0.2 C_Cbuck $N_0012 0 3m E_E6 $N_0013 0 VBB 0 0.1 R_R3 $N_0010 $N_0013 10k C_C3 $N_0001 $N_0010 55p C_C4 $N_0001 $N_0014 822p R_R2 $N_0014 $N_0010 387k V_VBint $N_0015 0 25V V_V2 Vref $N_0016 2.88V ANEXO B- LISTAGEM DOS ARQUIVOS DE SIMULAÇÃO NO PSPICE 123 V_V8 $N_0016 0 DC 0 AC 0 +PULSE -0.22 0 0 10u 10u 60m 120m R_Rb VBB $N_0015 1.1 .subckt Etapa_Buck_controle_tensão_S1 1 2 3 4 S_S1 3 4 1 2 Sbreak RS_S1 1 2 1G .ends Etapa_Buck_controle__tensão_S1 B.4 Conversor CC-CC Bidirecional Etapa Boost Controle de Tensão *** INCLUDING "Painel_conversor _BateriaThevenin_Controle bid 5.net" **** * Schematics Netlist * D_Dboost $N_0001 VCC MUR840 R_R5 $N_0003 $N_0002 166k C_C3 $N_0004 $N_0003 1n C_C4 $N_0004 $N_0002 1.91n R_R6 $N_0002 $N_0005 100k X_U9A $N_0006 $N_0002 $N_0007 $N_0008 $N_0004 LM324/NS V_V2 0 $N_0008 10V V_V3 $N_0007 0 10V V_Vref1 $N_0006 0 6V D_D4 $N_0009 VCC MUR840 E_E4 $N_0010 0 VCC 0 0.1 X_Sboost $N_0011 0 $N_0001 0 + Painel_conversor__BateriaThevenin_Controle_bid_5_Sboost E_E2 $N_0005 0 VCC 0 0.1 D_D3 0 $N_0009 MUR840 R_R1 10 1 X_S1 1 0 VCC $N_0009 Painel_conversor__BateriaThevenin_Controle_bid_5_S1 V_Vs1 $N_0012 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 1V 0 10ns 10ns 25us 50us E_E1 $N_0011 0 TABLE { V($N_0013, $N_0014) } + ( (0,0) (0.1,5) ) E_GAIN1 $N_0014 0 VALUE {-1 * V($N_0004)} V_VM1 $N_0013 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 10V 0 49.9us 10ns 10ns 50us R_R9 $N_0016 $N_0015 166k C_C7 $N_0017 $N_0016 1n C_C8 $N_0017 $N_0015 1.91n X_U11A $N_0018 $N_0015 $N_0019 $N_0020 $N_0017 LM324/NS ANEXO B- LISTAGEM DOS ARQUIVOS DE SIMULAÇÃO NO PSPICE 124 V_V9 0 $N_0020 10V V_V10 $N_0019 0 10V E_GAIN3 $N_0021 0 VALUE {-1 * V($N_0017)} V_VM2 $N_0022 0 DC 0 AC 0 +PULSE 0 10V 0 49.9us 10ns 10ns 50us R_R10 $N_0015 $N_0010 100k E_E5 $N_0023 0 TABLE { V($N_0022, $N_0021) } + ( (0,0) (0.1,5) ) X_S2 2 0 $N_0009 0 Painel_conversor__BateriaThevenin_Controle_bid_5_S2 R_R12 2 0 1k R_R14 $N_0024 VBB 0.2 R_Rs $N_0025 VP 0.1 D_D1 $N_0025 $N_0026 Dbreak-X D_D2 $N_0026 0 Dbreak-X R_Rp 0 VP 142.5 L_Lboost $N_0027 $N_0001 250uH C_C9 $N_0024 0 3000u IC=24 V_Vref2 $N_0018 0 6V X_U4 VP $N_0027 Sw_tOpen PARAMS: tOpen=90m ttran=1u Rclosed=0.001 + Ropen=1Meg X_U3 $N_0028 VCC Sw_tClose PARAMS: tClose=40ms ttran=1u Rclosed=0.01 + Ropen=1Meg X_U1 1 $N_0012 Sw_tOpen PARAMS: tOpen=41m ttran=1u Rclosed=0.001 + Ropen=1Meg X_U2 $N_0023 2 Sw_tClose PARAMS: tClose=41.9m ttran=1u Rclosed=0.001 + Ropen=1Meg V_V11 $N_0029 0 24 R_Rb VBB $N_0029 1 L_L1 $N_0009 VBB 320uH C_CBoost VCC 0 1000uF IC=60 R_R2cc 0 $N_0028 25 R_R1cc VCC 0 300 I_I1 0 $N_0025 DC 12.24A .subckt Painel_conversor__BateriaThevenin_Controle_bid_5_Sboost 1 2 3 4 S_Sboost 3 4 1 2 Sbreak RS_Sboost 1 2 1G .ends Painel_conversor__BateriaThevenin_Controle_bid_5_Sboost .subckt Painel_conversor__BateriaThevenin_Controle_bid_5_S1 1 2 3 4 S_S1 3 4 1 2 Sbreak RS_S1 1 2 1G .ends Painel_conversor__BateriaThevenin_Controle_bid_5_S1 .subckt Painel_conversor__BateriaThevenin_Controle_bid_5_S2 1 2 3 4 S_S2 3 4 1 2 Sbreak RS_S2 1 2 1G ANEXO B- LISTAGEM DOS ARQUIVOS DE SIMULAÇÃO NO PSPICE .ends Painel_conversor__BateriaThevenin_Controle_bid_5_S2 125