B ra s i l e i ro não controla o orçamento Melhora em dólares

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ATRIBUNA VITÓRIA, ES, QUARTA-FEIRA, 27 DE JANEIRO DE 2016
Economia
ADEMIR RIBEIRO - 14/08/2015
CELSO
MING
Melhora em dólares
N
MARCELO LOYOLA FRAGA aconselha anotações constantes dos gastos
Brasileiro
não controla
o orçamento
Menos da metade da
população pesquisa
preços, pechincha
e economiza nas
despesas para dinheiro
render, revela pesquisa
Nathália Barreto
falta absoluta de controle
nas contas do mês faz parte
da vida de 45,8% dos brasileiros, indicou uma pesquisa feita
pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Com o agravamento da crise
econômica no País, o aumento do
desemprego e a diminuição da
renda da população, a situação fica
mais evidente, apontou a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
“A principal constatação da pesquisa é que o brasileiro entende a
importância de tomar atitudes para controlar a vida financeira, mas
não pratica”, afirmou.
Pesquisar preços antes de adquirir um produto, pechinchar e economizar nas despesas de casa são
atitudes apontadas pela grande
maioria dos entrevistados para
controlar os gastos.
Na prática, porém, menos da metade faz isso no dia a dia. Os motivos para o descontrole, de acordo
com os entrevistados, são: falta de
disciplina, falta de tempo e esquecimento. No total, 64,2% afirmaram ter dificuldades para controlar
o orçamento.
“Boa parte dos brasileiros não
recebeu uma educação financeira,
que está ligada à educação básica”,
disse a economista do SPC Brasil.
A
O economista e coordenador geral da Faculdade Pio XII, Marcelo
Loyola Fraga, também indica anotações constantes dos gastos para
que se possa perceber o que pode
ser cortado.
“Almoços fora de casa, TV por
assinatura e uma segunda linha de
celular, por exemplo, podem não
fazer tanta falta por um período
provisório”, disse.
A pesquisa entrevistou 804 consumidores acima de 18 anos nas 27
capitais brasileiras.
ESTADO
O número de pessoas inadimplentes no Estado chegou a
575.739 em dezembro de 2015, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória.
Para a economista e professora
da Fucape Arilda Teixeira, a inadimplência é reflexo do aumento
da inflação. “Com o aumento dos
preços, a quantidade de dinheiro
que as pessoas têm para pagar as
contas não é suficiente”, afirmou.
SAIBA MAIS
Pagamento de contas
> 45,8% DOS BRASILEIROS não fazem
nenhum tipo de controle de gastos.
> 26,3% APONTARAM a disciplina co-
mo principal obstáculo para o controle das contas.
> 54,7% NÃO CALCULAM os juros ao
fazer uma compra a prazo.
> 65,3% NÃO PEDEM descontos ao
comprar à vista.
> 24,1% ATRASAM ao menos uma conta
todos os meses.
> 37,8% CONSEGUEM pagar as contas,
mas não sobra nada.
Fonte: SPC Brasil.
o meio de tanta notícia ruim, as contas externas continuam produzindo boas surpresas. As Transações Correntes (ou Conta Corrente) são as contas externas que mostram o resultado da entrada e saída de moeda estrangeira no País. Só não fazem parte desse cálculo os fluxos de capitais. A cada momento, a situação das Transações Correntes reflete as condições de saúde cambial de uma economia. E o que se viu das
contas externas é que o rombo que chegara às alturas dos US$ 104,2 bilhões em 2014 caiu quase à metade, para US$ 58,9 bilhões em 2015.
Como o PIB é a renda de um
país, um jeito adequado de medilo é em proporção a ele. É como
medir a capacidade de consumo e
investimento de qualquer pessoa
pelo seu salário.
Pois o déficit em Transações
Correntes, que fora de 4,3% do
PIB em 2014, caiu para 3,3% do
PIB em 2015. Essa relação só não
foi menor porque o próprio PIB
caiu quase 4% no ano passado.
Mais notável foi o resultado da
conta do Investimento Estrangeiro Direto no País. Esperava-se
que em 2015 não passasse dos
US$ 65 bilhões e, no entanto, chegou a US$ 75,1 bilhões. Apenas
em dezembro, a entrada de moeda estrangeira nessa conta foi de
US$ 15,2 bilhões.
O setor externo é a primeira
área importante da economia que
acusa forte ajuste. Ele acontece a
despeito das condições adversas
do mercado global, como a desaceleração da economia da China,
a fraqueza da atividade econômica na Europa e nos Estados Unidos e a derrubada dos preços das
commodities, das quais o Brasil é
grande produtor.
Dois fatores estão empurrando
a virada das contas externas. O
primeiro é a própria recessão
(queda do consumo) que afundou
não só as importações de mercadorias, mas também as de serviços
(transportes, seguros, viagens).
O segundo é a desvalorização do
real diante do dólar (de 32,86% em
2015), que barateou em moeda estrangeira o produto nacional, impulsionou as exportações e trouxe
mais capitais porque o investidor
estrangeiro passou a obter mais
reais por dólares trazidos para cá.
A relativa saúde cambial demonstrada pelas contas externas
é uma das principais características (positivas) que diferenciam a
crise atual das anteriores que
maltrataram a economia desde o
início dos anos 80. (O outro é a
saúde do sistema financeiro.)
Não há fuga de capitais. Ao contrário, a entrada de dólares continua positiva. O alto estoque de re-
cial, para US$ 30 bilhões; de um
déficit ainda mais baixo em Transações Correntes, para 2,7% do
PIB; e de entrada líquida de Investimentos Diretos no País de
US$ 60 bilhões. São números que
devem ser revistos para melhor
A melhora do setor externo
não é suficiente para produzir
a virada na economia brasileira
servas externas, de US$ 370 bilhões, é boa garantia para que isso
não aconteça.
A melhora do setor externo não
é suficiente para produzir a virada na economia brasileira — ao
contrário do que alguns ministros, especialmente Miguel Rossetto, do Trabalho, vêm equivocadamente afirmando. Mas pode
ajudar, desde que o governo
apresse as negociações de novos
acordos comerciais.
Efeito positivo não desprezível
desse ajuste externo é a tração
que exerce para 2016. As projeções do Banco Central são de um
salto de 70% no resultado comer-
ao longo do ano.
Viajar ficou mais caro
As estatísticas de serviços mais
divulgadas são as das viagens internacionais. Um aumento do déficit nessa conta reflete o dólar
mais barato e uma melhora da
renda. Agora, esse déficit está menor, porque a recessão e o dólar
caro tornaram essas viagens proibitivas para boa parte da população. Em 2014 o déficit foi de US$
18,7 bilhões. Em 2015, US$ 11,5 bilhões. Como 2016 será um ano
ainda mais difícil, deve diminuir
mais. O Banco Central projeta
US$ 9 bilhões.
Publicação simultânea com o jornal O Estado de São Paulo
Recomendação para suspender seguro-defeso
O Ministério Público Federal em
Cachoeiro de Itapemirim enviou recomendação ao INSS para que suspenda os pagamentos de segurodesemprego requeridos por pesca-
dores de 68 embarcações no Sul do
Estado que tenham por base o período em curso do defeso da lagosta (de
1° de dezembro de 2015 a 31 de maio
de 2016). No ano de 2015, 100% da
pesca desse crustáceo na região foi
feita em contrariedade à legislação.
A pesca ilegal foi comprovada por
uma auditoria feita pelo Ibama, em
conjunto com outros órgãos.
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