“Produção científica de enfermagem sobre constipação intestinal: implicações para a(o) enfermeira(o) de cuidados intensivos.” 1 Resumo: O estudo foi desenvolvido a partir da necessidade de identificaçào correta sobre constipação intestinal como diagnóstico de enfermagem nos pacientes internados em unidade de terapia intensiva. A metodologia utilizada foi do tipo exploratória sobre o discurso da literatura profissional, por meio da busca bibliográfica manual e computadorizada, no período de 1996 à 2001. Os resultados evidenciaram que o descaso por parte da equipe é uma realidade; o empenho e a prática a cerca do quadro não é uma constante. Concluiu-se que o trabalho do Enfermeiro proporciona resultados satisfatórios, possibilitando a manutenção não somente de uma funcão intestinal adequada, como também para recuperação e benefício do cliente. Palvras-chave: constipação, paciente, unidade de tratamento intensivo, intestino. 2 Introdução: O estudo foi desenvolvido a partir da necessidade da identifica;cào do quadro de constipação intestinal em pacientes internados em unidade de terapia intensiva enquanto diagnóstico de enfermagem. A metodologia utilizada foi do tipo exploratória através de pesquisa bibliográfica manual e computadorizada no período de 1996 à 2001. Inicialmente deve-se compreender que constipação intestinal se dá pela diminuição da frequência, volume ou facilidade na eliminação de fezes e não simplesmente pela ausência de eliminação intestinal. A internação de um paciente em uma unidade de terapia intensiva proporciona diversos fatores que favorecem ao desenvolvimento de uma constipação intestinal : o uso indiscriminado de medicamentos, a imobilidade no leito, diminuição da peristalse muitas vezes condicionada pela prostração do paciente, o fornecimento de dietas indevidamente fracionadas, preparadas e/ou armazenadas. “ Fatores gerais e específicos podem ser responsabilizados pelo quadro, por isso, a implementação de um protocolo deve ser priorizado pelo Enfermeiro e rigorosamente seguido.” ( HILL; Anderson J.). Há várias complicações que podem se instalar no paciente gravemente lesado e aspectos práticos da assistência de enfermagem devem ser priorizados : a importância do cuidado físico e prevenção de complicações, o ensino do autocuidado (em ausência de dependência total ), manobras eficazes ao estímulo da peristalse e uma oferta de dieta devidamente direcionada a cada cliente. “ A longa permanência no leito se agrava e interfere na reabilitação do paciente, refletindo o grau de cuidados prestados e de conhecimento da enfermagem.” ( DEMENECH; Aurimar Antônio ). A partir deste interesse em valorizar e qualificar a assistência prestada e os padrões de resposta do paciente, bem como as ofertas por parte da equipe, podemos então delinear os objetivos traçados, possibilitando a prevenção de possíveis complicações. 3 Desenvolvimento: Iniciou-se o trabalho a partir da identificação de grande percentual de pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Clínicas de Niterói com quadro de constipação intestinal e os fatores envolvidos neste aspecto, mostrando que o diagnóstico é dado através de uma série de indicativos que despontam um planejamento, uma assisistência educativa dada pelo enfermeiro ao cliente e/ou família ( preparo para a alta ), desde a hospitalização até a alta do paciente desta unidade. A metodologia utilizada foi do tipo exploratória sobre o discurso da literatura profissional, por meio da busca bibliográfica manual e computadorizada, no período de 1996 á 2001. Muitas pessoas sofrem hoje de desequilíbrio na relação normal entre a flora intestinal e o homem. Este desequilíbrio é agravado quando o paciente encontrase imunodeprimido, como por exemplo, nos internados numa unidade de terapia intensiva. Vários são os fatores que além destes agravam o quadro: comida esterilizada e desnaturada, má nutrição e hábitos de vida inadequados, poluição ambiental, uso de tóxicos e de medicamentos, fazendo com que o equilíbrio entre o homem e os microorganismos seja perdido. Passam a preponderar as bactérias intestinais que provocam doenças, em detrimento da flora normal. A capacidade defensiva do organismo é prejudicada já que 80% do sistema imune está localizado nas paredes dos intestinos delgado e grosso. A membrana mucosa do intestino grosso é a primeira e mais importante linha de defesa contra toxinas. A limpeza biológica e mecânica dos intestinos e a reposição da flora intestinal normal são fundamentais no tratamento de todos os pacientes em questão. Pacientes adultos, na maioria das vezes, tem a capacidade intestinal alterada, causada por uma dieta inadequada, anorexia, confusão mental, infecções, interações medicamentosas, desidratação, depressão, favorecendo estes então ao quadro de constipação que despontará facilmente à formação de um fecaloma. 4 O Enfermeiro, o qual deve identificar precocemente o problema, deverá desenvolver um tratamento preventivo e livre de complicações. ( WALTON J. C. ; MILLER J. M. ). O material tóxico acumulado nos intestinos, ao invés de ser eliminado, passa a ser reabsorvido, produzindo uma auto-intoxicação do organismo. O crescimento de bactérias e fungos gera processos de decomposição de material fecal e liberação de substâncias tóxicas, muitas delas voláteis, que passam imediatamente para o sangue. O processo de auto-intoxicação é responsável pela sobrecarga de todo o organismo, especialmente do fígado e do sistema linfático abdominal, provocando o aparecimento de diversas doenças. Grande parte dos pacientes internados em unidadede terapia intensiva sofrem de constipação intestinal. Os intestinos cessam sua movimentação normal pela má nutrição, má oxigenação e toxicidade intestinal. As substâncias acumuladas nas vilosidades intestinais prejudicam o movimento peristáltico e consequentemente a progressão dos conteúdos intestinais. Na busca de alívio e solução ao caso, são administrdos laxativos cada vez mais fortes, quase todos com efeitos deletérios sobre os intestinos. Esta sobrecarga poderá ocasionar fadiga, depressão, perda de vitalidade, agressividade,doenças infecciosas e inflamatórias, reumáticas, musculares e articulares, hipertensão entre outras. “E a fim de que o paciente não venha sofrer tais complicações que acabam por comprometer o sistema orgânico como um todo, deverá entrar então um plano de cuidados do Enfermeiro para que o paciente não sofra as injúrias provocadas em questão.” ( EDGAR, L. V. ). Essa valorização deve ser enfatizada pelo Enfermeiro, incorporando seu papel de líder frente ao caso, mantendo-se sempre atualizado com novidades científicas, já que a ele é confiado o diagnóstico e a qualidade do atendimento, como citam ZERNIKE W ; e HENDERSON A. A intenção é redução da incidência de constipação intestinal nos pacientes durante sua permanência na unidade de terapia intensiva, bem como após sua alta desta. 5 Deve-se fazer parte do protocolo de tratamento: a mudança de hábitos halimentares ( dietaoferecida, seja esta oral e/ou enteral ), massagem abdominal diária através de técnica correta,favorecendo ao estímulo peristáltico e principalmente o reincorporamento da lavagem intestinal como rotina, visto que muitas vezes esta é condicionada ao paciente somente no preparo para algumas cirurgias, quando esta é, sem dúvida, um dos principais recursos de baixo custo hoje disponível para a desintoxicação do organismo, através da recuperação da permeabilidade da mucosa, facilitando a drenagem do fígado e das vias biliares, do sistema linfático e dos órgãos pélvicos, constituindo ainda peça fundamental em programas preventivos de revitalização. O suporte do Enfermeiro é necessariamente evidente, como citam ( DUNNE K; COATES V. E. ),mas não devem ser considerados casos isolados, mas sim dadas as bases atrvés de estimativas numéricas. Muitos pacientes com constipação crônica respondem ao tratamento sem a administrção de medicação paliativa. Do grupo de 24 pacientes que apresentavam constipação intestinal, 90% relataram dor crônica, 60% alteração no estado nutricional, 50% distúrbio no padrão do sono, 20% potencial para infecção e 20% apresentavam fecaloma. Encontrou-se alteração na função intestinal de todos os pacientes estudados mesmo antes de sua internação na unidade ( através de coleta de dados ) dos quais 100% desconheciam a importância e necessidade de um funcionamento intestinal ideal, o que comprova o comprometimento na qualidade de vida e ampla demanda nos cuidados de enfermagem. Cresce aí o potencial para infecção, intolerância, agressividade, o que desponta em aspectos psicossocioculturais e espirituais ( LOPES , R. A . M. ). Sendo aí que a valorização do enfermeiro deve ser enfatizada, quando este prioriza, planeja e executa toda a assistência do cuidado qualitativo para desenvolvê-la, favorecendo o restabelecimento do paciente, com treinamento e supervisão das técnicas de enfermagem pelo enfermeiro orientando quanto às manobras para estímulo à peristalse, relato adequado dos episódios de evacuação, necessidade e técnica da lavagem 6 intestinal. Indubitavelmente através destas medidas a situação de estresse e desconforto ocasionadas pelo quadro de constipação serão amenizadas. A equipe deverá se mostrar hábil, interessada e disponível para execução do serviço, tendo uma compreensão exata daquilo que se passa e o que poderá ocorrer na manutenção do quadro de constipação. Conclusão : A desintoxicação intestinal têm sido um instrumento terapêutico de eficácia comprovada há milênios ( Egito Antigo, Índia, Grécia Antiga, etc. ). A própria medicina ocidental a usou muito, mas na era dos dos remédios químicos esta técnica ficou completamente abandonada. Hoje em dia a lavagem intestinal só é utilizada para o preparo de cirurgias e exames. No entanto,com as facilidades tecnológicas esse método tem sido resgatado nas últimas décadas, obtendo um grande sucesso na abordagem de inúmeras doenças e logrando progressiva aceitação entre a clientela e os profissionais de saúde europeus e norte-americanos. “A constipação intestinal não é visto como assunto glamuroso entre os pesquisadores e que desperte tanto interesse científico frente aos demais diagnósticos, porém o cuidado e a prevenção do quadro ocasionará diferença na qualidade de vida do paciente.” ( ROSS. H. ). Recomendações apropriadas, dietas adequadas e intervenções terapêuticas são necessárias e devem ser implementadas durante todo o período que o paciente permanecer sob os cuidados de enfermagem, a fim de se ter o pleno restabelecimento de seu quadro, bem como uma melhora em sua qualidade de vida. É fundamental que se estabeleça um planejamento da assistência de enfermagem que inclua o treinamento do cuidador em técnicas de enfermagem. Sendo assim, sem a orientação, planejamento e supervisão do Enfermeiro, essa assistência não tem validade, enfocando mais uma vez a valorização do profissional. 7 As relações interpessoais e multidisciplinares também constituem parte fundamental no processo, bem como o enfermeiro precisa ter suas habilidades e técnicas de conhecimento desenvolvidas para que se sinta capaz de trabalhar com tais pacientes. Para o desenvolvimento de um protocolo eficaz serão necessários : tempo, profissional treinado e conhecimento técnico-científico adequado, tendo-se ainda a vantagem do baixo custo de todos os cuidados adicionado à satisfação do paciente, sua família e toda equipe envolvida. 8 Notas: *Kátia da Silva Mallet **Artigo apresentado no curso de Pós-Graduação em Latu-Sensu de Enfermagem em Cuidados Intensivos, na Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. *** Profª Drª Isabel Cristina F. da Cruz. * Aluna do Curso de Pós Graduação em Cuidados Intensivos da Universidade Federal Fluminense. ** Produção Científica de Enfermagem sobre Constipação Intestinal: Implicações para o Enfermeiro de Cuidados Intensivos. *** Orientadora do Curso de Pós-graduação de Enfermagem em Cuidados Intensivos- UFF 9 Referências bibliográficas: 1-DUNNE, K. COATES, V. E. Hospital Health and Social Service Trust. Brit J Nurs. 1999. 2-EDGAR, L. V. Colostomia eletiva em pacientes imunodeprimidos e as perspectivas da enfermagem; São Paulo, 1999. 3-HILL, S. ANDERSON, J. Managment of constipation in the critically ill patient. United States,1998. 4-LOPES, Rosimeire Aparecida Mendes; Macedo, Denise Diniz. Diagnóstico de enfermagem mais frequente em uma unidade de internação de oncologia. Rev. Latino.am-enferm ,Out. 1997. 5-MAFFEI, Helga Verena L ; Prevalência de constipação intestinal em escolares do ciclo básico; Rio de Janeiro, 1997. 6-ROSS, H. Constipation: cause and control in acute hospital. Br J Nurs; Agosto 1998. 7-SANTOS, L.C.G. Necessidades da pessoa internada em uma unidade de terapia intensiva: uma perspectiva compreensiva para a humanização do cuidar. Rio de Janeiro,1998. Tese ( Doutorado)- Escola de Enfermagem Anna Nery-UFRJ. 8-SCHIMIZU, H.E.;GUITIERREZ, B.A.O. Participação de enfermeiros na implementação e desenvolvimento de um grupo multidisciplinar de assistência a pacientes crônicos e terminais. Rev. Esc. Enf. USP,v.31,n.2,p.251-258, Agosto,1997. 9-WALTON,J.C. Evaluating physical and behavior chances in older adults. United States,1998. 10 Scientific nursing production about bowel constipation: implications to nurse of intensive care. Abstract: The research was developed from anknow in relation of avalible parameters of nurse in bowel constipation and how this is a nursing diagnose. The methodology used was exploration, manual and computadorized research from 1996 to 2001. The results showed that disregard of the nurse staff is a reallity and the practice hasn’t happened. I could conclude that nurse work give satisfacted results and collaborate to the recovery of the patient and her benefity. Key-words: constipation, patient, intensive terapy, bowel. 11