a greve geral de 1917: uma luta por reconhecimento

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A GREVE GERAL DE 1917: UMA LUTA POR RECONHECIMENTO
Autor(es)
CEANDRESON DIAS AMARO
Orientador(es)
FERNANDA CRISTINA COVOLAN
Resumo Simplificado
O presente trabalho buscou ater-se ao estudo de movimentos sociais, abordando de modo especial aquele que ficou conhecido como a
greve geral de 1917. Na apreciação desta temática, a revisão bibliográfica realizada esquadrinhou o movimento por meio de
dissertações, teses de mestrado e doutorado, enumerando suas características, trazendo ao conhecimento as suas particularidades e
elementos constitutivos que o configuraram. A partir dessas primeiras impressões, procurou-se perceber, quanto à legitimidade do
movimento grevista de 1917 a ratificação e efetividade questionando se tal oscilação poderia ser entendida como luta por
reconhecimento segundo a proposta de Axel Honneth, idealizador da teoria do reconhecimento, que gira em torno de três esferias de
reconhecimento: Amor, Dirieto e Solidariedade. O primeiro reconhecimento se concretiza por meio da relação entre mãe e filho,
constituindo a integridade do sujeito. Na segunda esfera, do direito, a evolução das leis acompanham um reconhecimento jurídico. Na
terceira esfera se dá nas relações sociais, ocorrendo a igualdade de direitos entre os sujeitos. O contexto de greve se deu a partir da
tensão surgida do confronto armado entre policiais e trabalhadores, nas proximidades da fábrica de tecidos Mariângela, no Brás.
Oportunamente, militantes comunistas e socialistas, divididos em duas classes, anarco-comunistas e anarquistas industrialistas,
uniram-se influenciando os trabalhadores com seus ideais. A ação teve por base a revelação de condutas reivindicantes, buscado o
momento certo para fomentar nos trabalhadores a consciência de direitos e o espírito de revolta em razão das condições. A partir daí,
amplia-se o movimento grevista. Logo a movimentação tomou proporções inimagináveis, contribuindo, assim, para a eclosão de uma
greve geral. Os produtos de primeira necessidade deixaram de ser comercializados. Mais de 100 mil trabalhadores paralisaram o
exercício de suas atividades e outros tantos aderiram. A situação passou a ser incontrolável e neste meio tempo os confrontos entre
policiais e manifestantes se tornaram inevitáveis. No seu ápice, entra em cena a impressa. Com duras críticas, ela acusou o governo de
ser o maior responsável pela greve. Sua intervenção se mostrou mais relevante na medida em que se tornou mediadora do impasse,
através da comissão da impressa, conduzindo a situação para a resolução com acordos firmados. Na cidade de Campinas ocorreram
paralizações dos operários da Mogiana. Aderiram, também, os operários das ferrovias McHardy e Lidgerwood. Por fim, as empresas
propuseram um aumento salarial que fora aceito, porém com ressalvas. Assim também aconteceu na capital paulista por meio da
comissão de impressa, que também foi fundamental para o fim da greve geral. A partir desta greve a utilização deste instituto jurídico
tornou-se comum, habitual, entre os trabalhadores confrontados com a negativa de direitos. A greve geral surgida em 1917 pode ser
considerada como uma ação legítima na busca de direitos, no exercício da cidadania, no campo civil e social, na procura por
reconhecimento como ativos nas relações de trabalho. Por meio do movimento os operários passaram a serem reconhecidos como
sujeitos funcionais da sociedade, bem como reconhecidos juridicamente com a inclusão de direitos laborais no ordenamento. Em
síntese, a luta deu espaço a consolidação de direitos e ao reconhecimento dos operários como sujeitos, reforçando seu lugar e a
consciência de si mesmo.
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