História Universal

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História Universal: questões do IRB 2008 comentadas
INSTITUTO RIO BRANCO – DIPLOMACIA – 2008 – Parte I
18) Durante a Regência (1831-1840), o Brasil passou por reformas institucionais
que consolidaram o Estado Nacional, cuja política exterior tomou rumos distintos das
orientações da época da Independência. Acerca da Regência e da nova política exterior
no início do Segundo Reinado, julgue (C ou E) os itens seguintes.
1 - O pensamento político e os dirigentes dividiam-se entre liberais e conservadores,
sendo os primeiros defensores da centralização do poder e os segundos, do
federalismo.
2 - Entre os conservadores, Bernardo Pereira de Vasconcelos esteve presente na
origem do partido político que defendia a centralização do poder do Estado.
3 - O debate parlamentar acerca da renovação dos tratados de comércio dividiu o
pensamento nacional entre liberais e protecionistas, sendo estes últimos defensores da
industrialização do país.
4 - Por força de lei de 1831, que definiu a competência dos regentes, tratados de
qualquer natureza haveriam de passar pela prévia aprovação da Assembléia (Câmara e
Senado) antes de serem ratificados.
GABARITO: E/C/C/C
Comentário: O Período Regencial (1831-1840) caracterizou-se como um dos mais
instáveis politicamente de toda a história do Brasil, com intensa agitação social
expressada sob forma de revoltas provinciais. Foi um período de lutas de classes
sociais pelo poder, com confrontos entre as esferas sociais dominantes e populares.
O Brasil passava por um período de transição política, acompanhada por uma grave
crise na lavoura tradicional e na mineração. Nesse momento, o café tornou-se o
primeiro produto brasileiro nas exportações, devido à expansão dos cafezais pelo Vale
do Paraíba na província do Rio de Janeiro, porém ele ainda não havia criado uma
estabilidade econômica no país.
No contexto político, as divergências giravam em torno de duas ideologias políticas
representadas por dois grupos: os conservadores e os liberais. O primeiro grupo
acreditava que só um governo forte e centralizado poderia manter a unidade nacional,
ou seja, para os conservadores, era necessário defender a centralização política e
administrativa do país. Já os liberais defendiam uma monarquia constitucional, com
poder legislativo forte, nos moldes ingleses, submetendo o Imperador ao parlamento;
com isso, para os liberais deveria existir uma descentralização do poder e,
conseqüentemente, uma maior autonomia administrativa às províncias.
A origem do partido conservador, ou partido da ordem, remonta à história do grupo
político dos liberais moderados da época do reinado de D. Pedro I (1822-1831). Esse
grupo, liderado por figuras ilustres da política nacional como Evaristo da Veiga e
Bernardo Pereira de Vasconcelos, lutaram pela preservação da unidade territorial do
país durante o primeiro reinado mantendo, como proposta política, a monarquia e a
escravidão no Brasil.
Já no período regencial, esse grupo político de idéias conservadoras formou o
Partido Conservador, que era composto em sua maioria por proprietários rurais,
principalmente das províncias do Nordeste e do Rio de Janeiro, por funcionários
públicos e comerciantes portugueses da capital do Império.
23) Com relação ao peso da industrialização no desenvolvimento do capitalismo, do
século XVIII aos nossos dias, julgue (C ou E) os seguintes itens.
1 - A fase inicial da industrialização, predominantemente inglesa, a partir do século
XVIII, foi marcada pela produção de bens de consumo, especialmente os têxteis, e
pela utilização do ferro e do carvão como base do processo produtivo.
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2 - Embora emitindo sinais que apontavam para a universalização futura do
capitalismo, a industrialização ascendente ao longo do século XIX foi monopolizada
pela Inglaterra e manteve-se adstrita à Europa Ocidental.
3 - Novas formas de produção de energia, como a hidrelétrica, e novos
combustíveis, como o petróleo, tiveram discreta participação no ciclo industrial que, já
no final do século XIX, colocava o motor a explosão no centro do processo industrial.
4 - As formas de indústrias desenvolvidas nas últimas décadas do século XX e início
do século XXI modificaram o paradigma da linha clássica de produção em favor da
produção informatizada e com alto grau de automação e tecnologia.
GABARITO: C/E/E/C
Comentário: A questão 23 trabalha a evolução da Revolução Industrial e a sua
relação com o desenvolvimento do sistema capitalista. Pode-se definir que a Revolução
Industrial, ocorrida originalmente na Inglaterra do séc. XVIII, foi um conjunto de
transformações técnicas de produção que introduziram uma nova dinâmica na
economia mundial.
O termo Revolução Industrial surgiu em 1845 com Friedrich Engels, que juntamente
com Karl Marx foram os fundadores do socialismo científico.
Esse novo processo de produção, que surgiu na Inglaterra e posteriormente
estendeu-se para outros países europeus, para o Japão e para os EUA, caracterizou-se
principalmente pela substituição da energia física pela energia mecânica; a ferramenta,
pela máquina; e a manufatura, pela fábrica. Ou seja, a revolução industrial trouxe uma
nova dinâmica à produção capitalista mundial e a conseqüente ascensão do capitalismo
liberal como nova doutrina econômica.
Na primeira fase da revolução industrial, conhecida como “a era do carvão e do
ferro”, a indústria têxtil ganhou destaque como carro chefe no processo de
industrialização inglesa, especialmente devido às invenções da máquina de fiar (mule
machine), desenvolvida por Samuel Crompton em 1779 e do tear mecânico, criado por
Edmund Cartwright, em 1785.
Durante o séc. XIX, a industrialização expandiu-se para outros países europeus.
Primeiro, para a França, Bélgica e Holanda e, depois, para Alemanha, Itália e Rússia.
Esse processo de expansão industrial prosseguiu para além das fronteiras européias,
atingindo posteriormente os Estados Unidos e o Japão.
Na França, a industrialização iniciou a partir de 1830, no governo de Luís Felipe, o
“Rei Burguês”; na Alemanha e na Itália, a revolução industrial foi acelerada com a
unificação política de ambos os países em 1870; nos EUA, a industrialização ganhou
força após a Guerra da Secessão (1861 – 1865); e, no Japão, a industrialização se fez
presente a partir de 1867, no início da Era Meiji (época das luzes).
Na 2ª revolução industrial, conhecida como “a era da eletricidade e do aço”, ocorrida
na segunda metade do séc. XIX, tivemos a inserção de novas invenções como, por
exemplo, o motor à combustão interna, inventado por Nicolas Otto e aperfeiçoado por
Rudolf Diesel. Com isso, abriu-se caminho para a utilização em larga escala de um
novo combustível chamado petróleo, que se tornou um dos pilares da economia
mundial.
26) Ao chegar ao fim, a Segunda Guerra Mundial desvelava um novo cenário
mundial. Ao declínio europeu e à emergência de um sistema internacional bipolar,
soma-se o movimento de independência na Ásia e na África. Relativamente a esse
processo de descolonização, julgue (C ou E) os itens que se seguem.
1 - A descolonização ocorre em meio ao novo quadro internacional, no qual
despontam, de um lado, os EUA e sua hegemonia sobre o mundo capitalista e, de
outro lado, o prestígio alcançado pela URSS à frente do nascente bloco socialista.
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2 - O processo de descolonização foi marcado pelo ambiente de tensão próprio da
Guerra Fria, mas não pode ser a esta debitada influência exclusiva sobre as
motivações e a forma de condução da luta pela emancipação das colônias.
3 - As semelhanças verificadas na descolonização de regiões distintas, como a África
Negra, o Magreb, o Sudeste Asiático, o Oriente Próximo e o Extremo Oriente,
explicam-se pela uniformidade da ação imperialista nessas áreas.
4 - Tendo em conta que a libertação nacional era objetivo comum, não se verificam
diferenças significativas no pensamento e na ação de líderes como Nehru (Índia),
Lumumba (Congo), Nasser (Egito) e Ho Chi Minh (Vietnã).
GABARITO: C/C/E/E
Comentário: A questão 26 aborda o contexto político internacional do pós 2ª
Guerra Mundial, caracterizado sumariamente pelo antagonismo de dois grandes blocos
de nações: o bloco comunista, liderado pela União Soviética, e o bloco capitalista,
liderado pelos Estados Unidos.
A partir de 1947, a possibilidade de uma 3ª Guerra mundial tornou-se real no
contexto da Guerra Fria, onde os antigos aliados no combate às forças nazi-fascistas
agora encontram-se em lados opostos, iniciando uma corrida armamentista nuclear
nunca vista antes.
Simultaneamente à Guerra Fria, ocorreu a decadência do colonialismo europeu e a
conseqüente ascensão do nacionalismo nos continentes africano e asiático. A
Conferência de Bandung, realizada em 1955 na Indonésia por países recém disjuntos
do domínio europeu na África e na Ásia foi fundamental na consolidação dos processos
de independência colonial.
A emergência da conjuntura internacional do pós-guerra, caracterizada pela Guerra
Fria e pela bipolarização, contribuiu para acelerar os processos de independência afroasiáticos, pois tanto os EUA como a URSS procuraram ampliar suas áreas de
influências através de apoio aos movimentos nacionalistas.
27) Entre os movimentos nacionalistas que se destacaram na Europa do século XIX,
poucos poderiam rivalizar, em termos de importância, com as unificações alemã e
italiana. Fatores internos e externos se conjugaram para que, ao fim de complexo
processo de luta, Alemanha e Itália surgissem como Estados nacionais. A propósito
desses acontecimentos, julgue (C ou E) os itens subseqüentes.
1 - Absorvido pela política interna da Prússia, o chanceler Otto von Bismarck não
empreendeu projetos na área econômica que pudessem contribuir para a Alemanha
como um todo.
2 - Para reduzir custos e ampliar a possibilidade de alianças externas, Bismarck
optou por não investir na
modernização do exército prussiano, apostando na via diplomática e na ação política
para isolar a Áustria, cujo interesse era a manutenção de uma Alemanha fragmentada.
3 - A guerra de 1870 contra a França surpreendeu o chanceler Bismarck, que
considerava o conflito empecilho perigoso a seus planos de unificação da Alemanha.
4 - Na Itália, o processo de unificação, que teve em Mazzini e Garibaldi lideranças
exponenciais, envolveu necessariamente confrontos externos, até porque seu território
era alvo de interesses múltiplos, a exemplo dos interesses austríacos, dos pontifícios e
dos franceses.
GABARITO: E/E/E/C
Comentário: A presente questão aborda os processos de unificação política
realizados tardiamente pela Itália e pala Alemanha na segunda metade do século XIX.
Esses processos de unificação política de ambos levaram a uma corrida colonial e um
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avanço industrial que acabou por provocar uma ruptura do equilíbrio políticoeconômico europeu, que posteriormente conduziu o velho continente a 1ª Guerra
Mundial (1914-1917).
Antes da unificação alemã (1870), havia a Confederação Germânica, presidida pela
Áustria e composta por mais 37 estados. Essa composição política fragmentada
contribuiu para retardar o desenvolvimento econômico alemão, que tinha como
característica uma economia predominantemente agrária.
Otto Von Bismarck, primeiro ministro da Prússia e artífice da unidade alemã,
consolidou a união aduaneira dos estados alemãs, Zollverien, como forma de fortalecer
economicamente a Alemanha como um todo.
Logo depois, o ministro prussiano investiu maciçamente na modernização militar,
através do General alemão Von Moltke, Bismarck transformou o exército prussiano no
principal instrumento de unificação alemã, fato este concretizado nas três guerras
anteriores a unificação alemã: Guerra dos Ducados (1864), Guerra Austro-Prussiana
(1866) e a Guerra Franco-Prussiana (1870).
A Guerra Franco-Prussiana (1870), foi fundamental para a Prússia consolidar o
processo de unificação política alemã, pois a França de Napoleão III tinha interesses
em anexar os territórios dos estados alemães do sul. Em 1869, a França vetou a
candidatura do Príncipe prussiano Leopoldo de Hohenzollen ao cargo de Rei da
Espanha. Esse fato foi o estopim do conflito Franco-prussiano, que em 1871 concluiu o
processo de unificação alemão.
Já o processo de unificação político italiano foi conduzido pelo reino de Piemonte
através das guerras contra a Áustria e os estados Pontifícios. Foi através do acordo de
colaboração ítalo-prussiano que se concluiu o processo de unificação italiana contra os
interesses franceses, austríacos e dos pontifícios.
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