Neurofisiologia clínica: passado, presente e futuro

Propaganda
ANO III_05_MAIO_2011
Neurofisiologia
clínica: passado,
presente e futuro
BEM ME QUER
ARTIGO MÉDICO
ESPAÇO ACADÊMICO
Parto normal: um ritual
a ser incentivado e vivido
na sua totalidade
Auto-ressonância magnética
do ombro: eficácia na
detecção de lesões
Tratamento do carcinoma
hepatocelular: novas
técnicas e desafios
Editorial
Perspectivas para o futuro
O ano de 2010 marcou a história do Vitória Apart Hospital, que ganhou um novo rumo
administrativo com a realização de uma Auditoria Geral e a implantação de um novo organograma, totalmente profissionalizado. Agora, gestores capacitados para as suas funções específicas tomam conta deste complexo hospitalar, que passou a ter uma gestão
moderna, com um novo Estatuto Social e voltado para as boas práticas de governança
corporativa.
Mas um hospital deste porte deve ir além da boa administração porque, por si, ele já é um
caso de sucesso. Temos que avançar mais, o que significa acompanhar a evolução médica. O nosso objetivo é oferecer uma Medicina de qualidade, baseada no que há de mais
moderno no mundo. Hoje, conectado na Internet, qualquer cliente sabe o que é atual. O
nosso corpo clínico, formado pelos melhores profissionais de cada especialidade, é o alvo
dessa nova fase do Vitória Apart Hospital na busca contínua dos progressos da Medicina.
Dr. João Luiz Sandri
Cirurgião Vascular e Secretário do Conselho
de Administração do Vitória Apart Hospital
Congregar o que há de melhor e fomentar o desenvolvimento científico e a integração
entre as especialidades são nossos objetivos. Para isso, hoje, somos o único hospital no
Estado cujo corpo clínico realiza mensalmente uma Reunião Científica, na qual são discutidos os casos e os desafios clínicos, a incorporação de novas tecnologias e a atualização
científica. Como exemplo dos avanços médicos, estamos com uma nova parceria com o
Governo do Estado na área de transplantes. Além dos transplantes de rins, fígado e pâncreas, trouxemos mais uma inovação no Espírito Santo: a realização desse tipo de cirurgia
também em ossos e articulações.
Também estamos fortalecendo a relação de confiança e de responsabilidade com os
nossos tradicionais compradores de serviços, construindo uma arquitetura de alianças
que formam a pedra angular do serviço hospitalar e, consequentemente, do nosso trabalho
médico. Teremos a base de um trabalho duradouro e de qualidade, contribuindo para a
promoção e o desenvolvimento da saúde em nosso Estado. Queremos estar sempre no
bloco da frente, com as melhores práticas da Medicina visando ao nosso objetivo maior: o
atendimento dos nossos clientes. Evoluir é preciso!
Expediente
CORPO EDITORIAL
Aline Ribeiro
Cristiana Gomes
Flávio Kataoka
Glenda Viana
Guilherme Crespo
José Aldir de Almeida
João Luiz Sandri
Priscila Reverete Matilha
Vania da Cunha Mastela
Vinícius Gomes da Silveira
Walter J. Fagundes
JORNALISTA RESPONSÁVEL
Rita Diascanio – Contatus Comunicação
[email protected]
Tel.: (27) 3089-4100
ASSESSORIA DE IMPRENSA
Roberta Peixoto
[email protected]
Tel.: (27) 3089-4100
COORDENAÇÃO
Centro de Estudos do Vitória Apart Hospital
Dr. Vinicius Gomes da Silveira
[email protected] / [email protected]
Tel.: (27) 3201-5526
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Tab Comunicação
REVISÃO
Rita Diascanio e Laiz Fidalgo
TIRAGEM
5.000 – Distribuição gratuita – Dirigida
Versão disponível no site
do Vitória Apart Hospital:
www.vitoriaaparthospital.com.br
Marketing do Vitória Apart Hospital
Vania da Cunha Mastela
[email protected]
Tel.: (27) 3201-5529
CONTATO COMERCIAL
Marketing do Vitória Apart Hospital
[email protected]
Tel.: (27) 3201-5529
Vitória Apart Hospital
BR 101 Norte, Boa Vista II, Km 2,38 - Serra/ES
Tels.: (27) 3201-5555 / (27) 3348-5444
sumário
4
6
7
10
13
14
16
17
19
21
23
25
28
30
ENTREVISTA
Histeroscopia é aliada no diagnóstico e tratamento dos problemas uterinos
Dr. Arnaldo Ferreira Filho
CUIDE-SE
Hepatite: Uma ameaça silenciosa
Dra. Daniela Sperandio Feitosa
EM FOCO
Riscos no ambiente de trabalho: o hospital como atividade industrial
Eng. Fernando Mota
BEM ME QUER
Parto normal: um ritual a ser incentivado e vivido na sua totalidade
Dra. Amanda Garcia Vieira
GESTÃO EM SAÚDE
Billing: o coração operacional e financeiro do hospital
Economista Sergio Moreno
PROGRESSOS DA MEDICINA
A oxigenoterapia hiperbárica e sua aplicação em cirurgia plástica da face
Dr. Ariosto Santos
ARTIGO MÉDICO
Artro-ressonância Magnética do Ombro
Dr. Antonio Carlos Monteiro Braconi e Dr. Anphilophio de Oliveira Junior
Artigo médico II
Rastreamento da doença carotídea na população idosa de Guarapari
Dra. Daniela Pontes e equipe médica do Angiolab
ESTUDO CIENTÍFICO
Neurofisiologia clínica: passado, presente e futuro
Dra. Maria Rufina Barros
RELATO DE CASO
Cirurgia ortognática
Dra. Taiz Carrera Arrabal
INSTITUCIONAL
Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos
e Tecidos para Transplantes - cihdott
Enf. Lenir Gomes
ESPAÇO ACADÊMICO
Atualização no tratamento do carcinoma hepatocelular
Dr. Vinicius Gomes da Silveira
Marilia Vilas Boas Reis e Paula Costa Lyrio (Graduandas da Emescam)
DESAFIO DIAGNÓSTICO
Estenose pilórica
Dr. Guilherme Crespo
NEWS
ENTREVISTA
Histeroscopia é aliada no diagnóstico
e tratamento dos problemas uterinos
Dr. Arnaldo Ferreira Filho
Médico há 28 anos e professor da Universidade Federal do Espírito Santo
(Ufes) há 25, o ginecologista e obstetra Arnaldo Ferreira Filho destaca as
indicações e os benefícios da histeroscopia.
O procedimento pode ter função diagnóstica ou terapêutica, e os estudos
apontam que a eficácia da técnica é de aproximadamente 85%. No Vitória
Apart Hospital, as histeroscopias são feitas sob anestesia geral para realizar
polipectomias e miomectomias e ajudar a conter o sangramento uterino
anormal de pacientes.
Dr. Arnaldo Ferreira Filho tem 28 anos de atuação
VAH – Como funciona a histeroscopia? Doutor Arnaldo Ferreira Filho –
Histeroscopia é o exame endoscópico
do útero que permite a visualização do
canal endocervical e da cavidade uterina. Após a colocação de um espéculo
na vagina, o histeroscópio é introduzido
através do colo uterino. Com uma microcâmera conectada ao equipamento,
a imagem é projetada para um monitor.
O exame é indicado para o diagnóstico de quais problemas? A histeroscopia diagnóstica tem como objetivo,
“
A histeroscopia
cirúrgica tem
a função de
complementar
a histeroscopia
diagnóstica
“
4
como o próprio nome diz, a confirmação
de patologias visualizadas ao ultrassom
como miomas, pólipos, corpo estranho
(DIU), sinéquias uterinas, câncer do endométrio e restos ovulares, por exemplo. Na maioria das vezes, esse procedimento é seguido de biópsia.
morragia, laceração do colo uterino e
sobrecarga hídrica. Mas é importante
destacar que um ambiente hospitalar
de alto nível, as instalações físicas e o
corpo médico exercem um papel fundamental para a prevenção de possíveis
complicações.
O procedimento também pode ter finalidade terapêutica? Quais são as
indicações? Sim. A histeroscopia cirúrgica tem a função de complementar
a histeroscopia diagnóstica. A técnica
permite, através da dilatação do colo
uterino, a utilização do ressectoscópio
para realizar polipectomias, miomectomias e ablação endometrial (indicada para conter o sangramento uterino
anormal). Esses procedimentos cirúrgicos são realizados, geralmente, com
alguma forma de anestesia, devido à
dor provocada pela dilatação e à manipulação uterina.
Esses seriam os diferenciais do procedimento realizado no Vitória Apart
Hospital? Na Clínica da Mulher, situada
no Vitória Apart Hospital, as histeroscopias são realizadas sob anestesia geral,
com toda a segurança de centro cirúrgico, utilização de aparelhos de acordo
com as normas da Vigilância Sanitária
e apoio técnico imediato do hospital.
Dessa forma, conseguimos obter algumas vantagens para o paciente e para
o hospital. Diminuímos a morbidade do
método; a permanência hospitalar, que
é de três a quatro horas para a alta da
paciente; e a ocupação do centro cirúrgico central.
A aplicação da técnica traz algum
risco, alguma complicação para a
paciente? Sim. Entre as complicações
mais frequentes que podem ocorrer
estão perfuração uterina, infecção, he-
Existe alguma contra-indicação
para a realização da histeroscopia?
As contra-indicações ficam por conta
de casos como vigência ou suspeita de
VITÓRIA APART PROGRESS
gestação, infecção, patologia maligna,
sangramento ativo que impeça a visualização e doença cardiorrespiratória
grave.
Qual a eficácia do procedimento?
A histeroscopia tem eficácia, segundo
a literatura médica, em torno de 85%,
sendo, portanto, o método de escolha
na investigação da cavidade endometrial. É um exame de alta sensibilidade
e especificidade.
Na Clínica da Mulher, no Vitória Apart
Hospital, as histeroscopias são realizadas
sob anestesia geral, com toda a segurança
de centro cirúrgico, utilização de aparelhos de
acordo com as normas da Vigilância Sanitária
e apoio técnico imediato do hospital.
Qual a melhor época para a sua realização? O melhor momento para a realização do método é durante o período
pré-ovulatório, em média 14 dias após a
menstruação.
Qual a relação da histeroscopia
ambulatorial com a dificuldade que
mulheres possuem de engravidar?
A histeroscopia é o método propedêutico primordial na investigação da infertilidade. A literatura mostra que, após
a videohisteroscopia com a liberação
de sinéquias cervicais ou da cavidade
uterina e polipectomias, há registro do
aumento da taxa de gestação.
VITÓRIA APART PROGRESS
5
CUIDE-SE
Hepatite: uma ameaça silenciosa
A hepatite é uma doença caracterizada
pela inflamação do fígado e pode apresentar diversas causas, como medicamentos, ingestão de álcool, anticorpos
autoimunes e os vírus que apresentam
predileção pelo tecido hepático. Essas
hepatites virais consistem num problema
de saúde pública. Existem muitos tipos
de vírus da hepatite, sendo os mais comuns os tipos A, B e C.
Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), cerca de dois bilhões de
pessoas já tiveram contato, por exemplo,
com o vírus da hepatite B. No mundo,
são cerca de 325 milhões de portadores
crônicos de hepatite B e 170 milhões de
hepatite C. Em média há um milhão de
mortes por ano por complicações pelo
vírus B.
No Brasil, o Ministério da Saúde estima
que os casos de portadores crônicos do
vírus B correspondam a 1,0% da população. Algumas regiões do Espírito Santo
estão entre os locais de maior prevalência. O grande problema é que a maioria
dessas pessoas desconhece o seu estado, pois nunca realizou o exame sorológico específico para estes vírus, perpetuando a cadeia de transmissão.
A hepatite A é a forma mais comum de
hepatite viral. Este vírus se transmite por
via fecal-oral, ou seja, pela ingestão de
água e alimentos contaminados e pelo
contato pessoa a pessoa no domicílio.
Seus principais sintomas são icterícia,
náuseas, vômitos e febre baixa.
Porém, grande parte dos casos acontece de forma subclínica ou assintomática.
Geralmente esta doença tem um caráter benigno e autolimitado. Pode evoluir
para formas graves, denominadas fulminantes, podendo até ser fatais em 1%
dos casos. O tratamento e o acompanhamento desta forma devem ser feitos
junto ao médico, baseados no repouso
6
adequado, na boa hidratação, na alimentação e na monitorização de suas complicações.
A transmissão da hepatite B ocorre pela
forma parenteral (através de sangue e
derivados contaminados), por relações
sexuais desprotegidas e pela transmissão vertical (da mãe para o filho). Na
grande maioria das vezes (70%) não causa sintomas e pode evoluir para cura em
cerca de 90% dos casos.
Os outros 10% podem evoluir para a
forma crônica e em metade há uma
tendência ao desenvolvimento de suas
principais e graves complicações: cirrose hepática e câncer de fígado. Se a
transmissão ocorrer durante a gestação,
parto ou amamentação, essa situação
se inverte e há possibilidade de desenvolvimento da forma crônica em 85% dos
casos.
O diagnóstico da hepatite B é feito por
meio de exames sorológicos específicos
para este fim. Quando diagnosticada,
deve ser realizado acompanhamento
com especialista para controle e prevenção de suas complicações. O tratamento, quando indicado, é realizado na maior
parte das vezes com uso de medicações
antivirais.
Os vírus da hepatite foram descobertos
recentemente. O do tipo C foi identificado em 1989, mas os exames para sua
detecção só se tornaram disponíveis em
1992. Por isso, são consideradas populações de risco acrescido para infecção
por HCV os indivíduos que receberam
transfusão de sangue ou hemoderivados
antes de 1993, usuários de drogas endovenosas, usuários de cocaína inalatória,
pessoas com tatuagem, piercing ou outras formas de exposição percutânea. O
Ministério da Saúde estima prevalência
de 1,5% da população como portadora
do vírus da hepatite C.
A transmissão do vírus tipo C ocorre principalmente por via parenteral e em menor
proporção através de relações sexuais
desprotegidas. Evolui para cura espontânea apenas em cerca de 15% dos casos,
com o restante podendo se tornar crônica. Desses, um terço chega a formas
graves em 20 anos.
O tratamento da hepatite C costuma ser
realizado, em média, durante um ano
com ingestão diária de comprimidos e
aplicação, geralmente semanal, de injeção subcutânea. Existem vários medicamentos em fase final de estudo com
lançamento em um futuro breve. Hoje, há
cura para muitos pacientes.
É preciso estar atento às formas de
transmissão para prevenir. O uso de preservativos nas relações sexuais precisa
ser incentivado e nenhum material que
possa apresentar contato com sangue
ou secreções deve ser compartilhado.
Objetos de uso pessoal, como escovas
de dente, lâminas de barbear ou alicates
de unha, devem ser individuais, assim
como materiais para drogas injetáveis ou
inaladas.
Para a prevenção da hepatite A, é preciso consumir água filtrada e alimentos
com boa procedência. Hoje, existem vacinas com 95% de eficácia que previnem
contra as hepatites A e B. Ambas estão
disponíveis pelo SUS para grupos populacionais. Por ser uma doença silenciosa,
a sua detecção precoce é fundamental.
Feito o diagnóstico, o médico e o paciente podem caminhar juntos no controle
do vírus, minimizando seus efeitos no
funcionamento do fígado e reduzindo as
suas complicações.
Dra. Daniela Sperandio Feitosa
Infectologista e Coordenadora do
Serviço de Controle de Infecção
Hospitalar do Vitória Apart Hospital
VITÓRIA APART PROGRESS
EM FOCO
Segurança no ambiente de trabalho:
o hospital como atividade industrial
Todos os ambientes, locais e atividades
nos impõem perigos. Há perigo ao dirigir veículos, ao subir escadas, ao tomar
banho. Perigo é toda situação com potencial de causar danos, é uma fonte de
possibilidade de acidentes, mas é estático, não há como quantificar o perigo, não
há grande ou pequeno perigo.
Pensar em acidentes no ambiente hospitalar quase sempre nos remete àqueles
decorrentes do contato com pacientes
portadores de doenças infecto-contagiosas, ou aqueles provenientes do manuseio de perfurocortantes. Tendemos a
relevar os riscos inerentes às atividades
de caráter industrial dessas instituições.
Hospitais do porte do Vitória Apart, com
características de um hospital geral e
onde se praticam procedimentos médicos de alta complexidade, obrigatoriamente possuem serviços de apoio que
assumem dimensões industriais para
fazer frente à demanda. São lavanderias
e cozinhas industriais, serviços de manutenção, central de esterilização, centrais
de gases, serviços radiológicos, entre
outros.
Tudo isso os torna ambientes complexos,
que oferecem riscos típicos de ambientes industriais, além da elevada carga de
riscos biológicos inerentes à sua atividade fim. Radiações, ruído, temperaturas
VITÓRIA APART PROGRESS
Serviços de apoio como as lavanderias e as centrais de esterilização são considerados ambientes complexos dentro
de um hospital
extremas, produtos químicos, drogas
quimioterápicas, gases medicinais e riscos ergonômicos agravados por fatores
psicossociais, além dos agentes patogênicos, mostram que os riscos ocupacionais em um hospital de porte vão muito
além das agulhas e dos bisturis.
saúde ocuparem os primeiros lugares
nas estatísticas nacionais de acidentes,
o que motivou a edição de uma norma
específica, a NR 32, numa tentativa de
forçar o setor a reduzir os acidentes através da normatização de procedimentos
de segurança.
Se, a essa gama de riscos, adicionarmos outros dois fatores catalisadores: a
grande diversidade profissional e cultural
No que se refere ao controle de riscos, o
Vitória Apart Hospital conta com alguns
serviços, comissões e programas específicos, como: a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, o Serviço de
Controle de Infecção Hospitalar – SCIH, o
Serviço Especializado em Engenharia e
em Medicina do Trabalho – SESMT, e o
Programa de Gestão de Riscos – PGR.
Cada um com características próprias e
âmbito delimitado, porém com o objetivo comum que é assumir o controle dos
riscos e tomar ações para um único alvo
– a obtenção de um ambiente seguro e
saudável.
“
Os riscos
ocupacionais em
um hospital de
porte vão muito
além das agulhas
e dos bisturis
“
Em gestão de segurança não tratamos o
perigo, mas a probabilidade da ocorrência de danos decorrentes dele – o risco,
algo dinâmico e mensurável, logo, passível de controle. Riscos nos ambientes
de trabalho referem-se à probabilidade
de danos causados por agentes nocivos,
classificados como físicos, químicos,
biológicos e mecânicos, sempre em função de sua natureza, concentração ou
intensidade e tempo de exposição.
encontrada nesses ambientes e a velocidade exigida em muitas das interações,
obtemos um ambiente de trabalho com
uma rara pré-disposição à ocorrência de
acidentes.
Essa constatação encontra eco no fato
de os estabelecimentos de atenção à
Cabem ao SESMT e à CIPA as atribuições
de monitoramento dos riscos laborais, da
eficácia das proteções e do acompanhamento da saúde do trabalhador, entre
outras. A CIPA, formada por trabalhadores escolhidos por escrutínio, apesar de
não possuir caráter normativo, tem papel
7
relevante na prevenção de acidentes. O
fato de ser composta por trabalhadores
dos diversos setores da empresa. Sem
discriminação hierárquica ou social, tem
a seu favor o diálogo entre pares, desprovido de receios e inibições, o que a torna
um eficiente canal de captação de informações, que, trabalhadas em conjunto
com o SESMT, agilizam a detecção e a
solução de problemas no que se refere
à prevenção.
O SESMT é composto por uma equipe
multidisciplinar formada por técnicos
especialistas nas áreas de engenharia
e medicina do trabalho. Dimensionado
conforme o número de funcionários da
empresa e seu grau de risco, tem caráter compulsório e seus componentes são
contratados exclusivamente para cuidar
tanto dos aspectos legais quanto da prevenção de acidentes e doenças decorrentes do desempenho das atividades
laborais.
Ao contrário do que muitos pensam, não
é e não há como ser função do SESMT
cuidar da segurança em nível individual,
visto ser impossível a onipresença. Mas,
o SESMT tem obrigação de antecipar
riscos, apontar falhas, buscar causas,
receber e passar informações, orientar e
estabelecer procedimentos que possam
melhorar os ambientes de forma a limitar
os riscos a níveis aceitáveis.
Para desempenhar este papel, o SESMT
precisa de visibilidade, credibilidade e
eficiência, atributos que, devido ao caráter não-deliberativo do serviço, só são
conseguidos na íntegra e com eficácia,
com o apoio dos órgãos de governança
da organização e o comprometimento da
alta direção com a segurança em todas
as suas vertentes.
Para se garantir a segurança, assim
como a qualidade, manuais, procedimentos e regras são meios necessários, mas não suficientes, pois há fatores
cognitivo-comportamentais envolvidos
que necessitam de referenciais para as8
similação. Essa referência vem em forma
de política documentada, de campanhas
educacionais e, principalmente, da “vontade de fazer” sinalizada pelo envolvimento da alta direção com a resolução
dos problemas.
Não se deve confundir envolvimento com
investimento financeiro, fato comum no
meio empresarial. O envolvimento está
relacionado com participação, integração com o corpo funcional, posicionamentos claros, comunicação eficiente,
interesse em resolver problemas e liderar
mudanças. Atitudes estas que sequer
necessitam de investimentos, mas detêm
o poder de transformar obrigações em
crenças e valores.
A reflexão anterior, um tanto utópica, começa a ganhar contornos reais com a entrada em cena de um novo ator, o Fator
Acidentário de Prevenção – FAP, uma tentativa de reverter o viés de alta nas contas
de benefícios acidentários do INSS que,
de quebra, objetiva obrigar as empresas
a investirem na melhoria dos ambientes
e dos processos produtivos em busca da
segurança.
O FAP penaliza as empresas cujos índices de acidentes – e aqui se enquadram
também as doenças que, pelo nexo epidemiológico, estão associadas à atividade da empresa –, apontam para o descaso com a saúde ocupacional. Só para
ilustrar, a aplicação desse fator é capaz
de duplicar a alíquota do encargo referente aos acidentes de trabalho (no caso
de um hospital é de 3% sobre a folha de
pagamentos) para empresas com altos
índices de ocorrências ou reduzir até a
metade para aquelas com baixos índices.
Na prática, as empresas que não investem em prevenção passarão a subsidiar
aquelas que investem, levando as primeiras a repensar a segurança como forma
de continuar investindo no seu próprio
negócio e reduzindo custos.
O SESMT do Vitória Apart vem, ao longo
do último ano, passando por reformulação com objetivo, em médio prazo, de
consolidar uma cultura de segurança no
hospital. O serviço tem evoluído e buscado aproximar-se mais da linha prevencionista defendida pelas indústrias.
Paralelamente às obrigações legais, vem
aumentando sua visibilidade, melhorando a comunicação com os setores,
mapeando riscos, registrando dados,
passando informações, criando rotinas,
orientando e propondo medidas corretivas, ações básicas para obtenção de um
ambiente mais saudável e seguro com
a consequente redução dos índices de
eventos indesejados.
Hoje o serviço já possui um mapeamento
dos problemas críticos, além de um banco de dados com o histórico das ocorrências relacionadas à saúde e à segurança
ocupacional, capaz de propiciar múltiplas
análises, comparação de resultados e
validação de conclusões, o que facilita a
tomada de decisões mais assertivas.
VITÓRIA APART PROGRESS
Segurança Ocupacional e Gestão de Riscos
tadas adequada e/ou tempestivamente.
Se considerarmos que as pessoas representam apenas uma das muitas partes de um sistema, assim como o são o
ambiente de trabalho, equipamentos,
tecnologia, meio ambiente, organização
do trabalho, políticas e procedimentos,
podemos assegurar que até a chamada
“falha humana” é uma “falha de sistema”.
Não faz muito tempo os processos investigatórios de acidentes ou incidentes ocupacionais desembocavam em dois sujeitos
mutuamente excludentes: o ambiente e o
homem. As análises paravam em um dos
veredictos: ato inseguro ou condição insegura, com grande tendência para o primeiro porque o julgamento social é mais simples e a nossa cultura nos impele a buscar
culpados, puni-los e encerrar o assunto.
As pessoas são conduzidas ao erro pelas
circunstâncias, por processos cuja análise crítica imatura, descontínua e/ou sem
visão sistêmica desfavorecem a criação
de barreiras suficientes para preveni-los.
Um trabalhador cuja função é preparar
bandejas de refeição desenvolve uma síndrome de carpo e se afasta do trabalho.
Análise simples: esforços repetitivos fora
da linha neutra causaram a lesão. Análise
sistêmica: O trabalhador vinha desenvolvendo a lesão há meses, mas não reportou
Mas a experiência adquirida em anos de
altos índices de acidente mostraram que
o caminho estava errado. A indústria foi
a pioneira na adaptação de técnicas de
gestão de riscos, há muito conhecidas
pelas seguradoras, para antecipação
aos acidentes. Um acidente é um evento de múltiplas causas e seu tratamento
não exige culpados, sendo o fracasso
de todos. Toda falha é produto final de
uma soma de pequenas falhas não tra-
por continuar podendo trabalhar – falha de
notificação e no treinamento do trabalhador; O balcão de preparo, muito baixo, não
permitia o apoio das bandejas, que então
eram seguras por uma das mãos, sujeitando o punho a posições e esforços anormais – falha no desenho do equipamento;
O tempo para preparo era curto e exigia
agilidade e atenção – falha na organização
do trabalho. O trabalhador passa por exames médicos periódicos que não detectam o problema – falha na monitoração. O
alinhamento das falhas, nas vertentes básicas de um sistema de gestão de riscos:
Identificação, mapeamento e monitoração
culminaram com um evento indesejável,
trazendo prejuízos para todos.
Fernando Mota
Engenheiro do SESMT
do Vitória Apart Hospital
ANGIOLOGIA E CIRURGIA VASCULAR
Dr. José Monteiro de Souza Netto
Dr. João Luiz Sandri
Vila Velha | (27) 3329-0193
Serra | (27) 3348-5300
Praia do Canto | (27) 3225-0190
Serra | (27) 3348-5300
Dr. Cláudio de Melo Jacques
Dr. Bruno B. Prezotti
Praia do Canto | (27) 3235-1312
Serra | (27) 3348-5300
Serra
CRM 482
CRM 2993
CRM 847
CRM 6625
lação.
ético, doenças de circu
ab
di
pé
,
er
las
a
e
l
na
nas técnicas.
Varizes, convencio
ar com as mais moder
ul
sc
va
do
en
e
co
gi
úr
Tratamento cir
VITÓRIA APART PROGRESS
3348-5300
(27) 3348-5310
(27)
No Vitória Apart Hospital
Salas: 102/106 B
9
Telefone: 3348-5300
BEM ME QUER
Parto normal: um ritual a ser
incentivado e vivido na sua totalidade
Considerando que fazemos parte de um
país no qual os índices de cesareana
chegam próximo a percentuais médios
de 90% (SUS e Medicina Privada), venho, neste artigo, discorrer sobre um
assunto que pode parecer, talvez, para
muitos, ultrapassado e/ou inatingível.
Em princípio, devemos entender que
nascer é um ato que deveria independer
da nossa intervenção. Parto é a passagem e justamente o ritual deste nascer.
Dessa forma, a palavra natural é o adjetivo que lhe cai melhor e o qual devia
ser por nós entendido em sua plenitude.
O parto normal nada mais é que a escolha de um bebê do seu momento ideal nesse ritual: “Estou pronto”, e a mãe
torna-se presença essencial e ativa na
realização desse processo.
A intervenção médica deveria ser a exceção e não um brincar em ser Deus
acreditando-se o único capaz de saber interpretar e até mesmo dirigir esse
evento. Como países em desenvolvimento, estamos sempre em busca de
norteios no Primeiro Mundo, condutas e
guidelines.
Mas no que tange o nascer, sequer divulgamos que todos eles (Estados Unidos, Europa, Japão, China e outros) são
contrários à nossa realidade. Estamos
certos, então? Nadamos contra a cor-
“
Numa metáfora, o parto normal pode ser comparado à emoção de uma montanha russa
rente? Isso geraria muitas afirmações e
desapontamentos ao descer o véu da
realidade em um país que vende a imagem de ter bons e baratos cirurgiões.
Mas esse não é nosso foco.
O ritual é longo e deve ser vivido na sua
totalidade, e respeitada dessa forma a
vontade de ambas as partes envolvidas
no processo desse binômio mãe-bebê.
Passar por ele vivenciando o parto normal é algo que assusta a muitas mães,
não encorajadas, muitas vezes, por todos que as rodeiam. Deveria ser come-
O ritual é longo e deve ser vivido na sua
totalidade, e respeitada dessa forma a vontade
de ambas as partes envolvidas no processo
desse binômio mãe-bebê
“
10
morado como uma conquista indescritível e de infinita felicidade, um êxtase
indecifrável e, com certeza, inesquecível. A cesareana não tira da mãe esse
sentimento, mas limita em muitas vezes
o despertar da fêmea que existe no seu
interior, quando ela é feita arbitrariamente e sem entendimento e concordância
materna. Há ainda sempre os riscos inerentes a qualquer procedimento cirúrgico, por mais simples que aparente.
A Unifesp, em 2006, fez um estudo no
qual entrevistou gestantes no início,
meio e fim da gestação, e publicou que
o desejo inicial da maioria (quase 70%)
era em ter um parto normal. O estudo
apontou também que a desistência era
quase sempre ao longo do pré-natal e
tinha como causas mais frequentes o
medo e a angústia impostos pela sociedade leiga e médico-científica. Onde
há o equívoco? Termino por transcrever
uma descrição que julgo a mais verdadeira desse momento.
VITÓRIA APART PROGRESS
O parto normal e a montanha russa
Tem gente que acha loucura sentir dor
para parir. Muitas coisas na vida são mais
loucas e as pessoas fazem. E sem que
haja bem-estar algum em jogo. Pense no
seu parto como se fosse um passeio de
montanha russa. Essa foi a melhor metáfora que encontrei.
Imagine a sua gestação como uma daquelas filas enormes em dia de excursão
de escola no Hopi Hari. No verão. Você
ali esperando aquela fila se deslocando
devagar... muito devagar. Você cansada,
os pés doendo. Você vê gente com medo,
apreensiva.
Gente empolgada que descreve como vai
ser para quem nunca andou. E você ali.
Sem saber o que esperar. Você também
escuta alguns: você é louca! Andar nisso
aí? Nunca! Você não viu aquela montanha
russa lá em Ximbiquinha do Sudoeste que
quebrou e matou todo mundo? E o pior foram os que ficaram mutilados para o resto
da vida!
Você faz ouvido mouco e continua ali.
Avançando devagarinho. Não tem pra
onde ir, é tarde pra pular fora, as grades
que separam a fila são altas, só dá pra
seguir em frente. Aí você vê quem está
saindo. Gente meio tonta, com uma expressão que você não entende, cambaleando, passando mal. E você pensa:
onde é que eu fui me meter?
Subir as escadas exige um esforço extra. Parece que seu peso aumentou uns
quinze quilos. Você não sabe se é o calor, o tempo em pé ou se foi aquele combo gigante de hambúrguer, fritas e balde
de refrigerante que está pesando.
Mas você sobe, um degrau de cada vez.
E o topo vai se aproximando. É quando
você enxerga: tem uma saída de emergência lá em cima. Saída estratégica
pela esquerda. Acho que é nessa que eu
vou! Mas aí você pensa: já vim até aqui...
e se for tudo o que dizem mesmo? Como
é que eu vou saber?
Que o destino decida, então: vou jogar
uma moeda. Se der cara, eu vou. Cara!
Melhor de três, então. Cara de novo. Ai,
ai... Continua avançando. Ah, se aquela
mocinha desmilinguida embarcar, eu vou
também. Se ela consegue, eu também.
Ela embarca.
Ok. Acho que vou. A não ser, é claro, que
chova. Se não for totalmente seguro, não
vou. E eu acho que estou vendo uma nu-
Quase 70% das gestantes têm preferência por parto
normal, segundo estudo
venzinha lá longe. Se o carrinho que vier
for vermelho, também não. Vermelho me
dá um azar, e eu não vou arriscar.
Sua vez está se aproximando, você já vai
chegar na plataforma. Uma moça amarela, bem na sua frente, sai correndo pela
saída de emergência. Você se estica e
consegue enxergá-la lá embaixo, na saída da lojinha... tem alguma coisa na mão,
mas o olhar parece meio distante.
Quando você está chegando perto, o
cansaço está maior, e você tem que ficar
encostada quase o tempo todo. E não
chega nunca. Para melhorar, no finalzinho ainda tem uma baita escada pra subir na plataforma de embarque. Bem que
podia ter uma escada rolante aqui. Você
chega na última parte da fila. De repente, parece que toda aquela morosidade
foi embora. A fila anda muito mais rápido
agora. Ou será que você é quem acha
isso por que a hora de embarcar está se
aproximando?
VITÓRIA APART PROGRESS
11
Eu vou! Não quero ficar imaginando
como teria sido. Chega a sua vez. O coração sobe na boca. O fôlego fica suspenso por alguns instantes. Mas você respira
fundo e sobe no carrinho. E pensa: ainda
bem que não era um vermelho. A viagem
começa devagarinho. Tec-tec-tec. O carrinho vai subindo devagar. Tranquilo. Não
é tudo aquilo! Que povo medroso! Dá
até pra tirar a mão. Ainda bem que não
desisti! A brisa no rosto. A paisagem tão
linda. Ainda bem que fui forte!
Bando de louca... ah, eu mato se eu sair
viva daqui! E a minha prima, aquela maluca que me convenceu a vir. “Vai ser
legal, você vai ver, você vai querer ir de
novo”. Ai, eu mato, eu mato. Cadê ela?
Por que não está aqui? Duvido que quando ela andou foi nessa tão alta, aposto
que foi na menor! E vem a descida.
Alguém ajuda você a descer. E você nem
vê quem é. Podia ser o Brad Pitt e você
não ia nem notar. Seu cabelo está parecendo uma piaçava depois da faxina,
mas você esqueceu de prendê-lo. E agora nem lembra mais que tem cabelo. Mas
tem alguma coisa diferente. Algo a mais
em você: vim, vi e venci. Sou praticamente um Júlio César!
Sobe, sobe, sobe. Puxa, mas que alto...
dá uma vertigem de leve. De repente,
você se vê no final da subida. Que altura,
ai, eu vou morrer. Me deixa descer, me
deixa sair daqui. Que raiva daquela professora de yoga que disse que eu não ia
me arrepender. Se estivesse aqui agora,
eu matava!!!
O looping, uma subidinha, curva, mais
curva, outra curva. Você já não está
vendo nada direito, está meio tonta,
parece meio fora de si. Tem mais gente
gritando, ou será que é você mesma?
Está doendo tudo, esse bate-bate no
carrinho vai doer ainda mais amanhã.
Vai parecer que fui atropelada... Você
nem sabe, mas está de ponta-cabeça.
Dá medo de olhar. Você espia, fecha o
olho de novo. Não quero nem ver. Não
vou olhar. Se eu olhar, é pior!
Suas pernas cambaleiam um pouco,
mas você anda. A brisa bate e, aos poucos, você se recobra. Levanta a cabeça
e sorri.
Era só isso? Por que tive tanto medo?
Vou pra fila de novo! Quem já andou de
montanha russa sabe do que estou falando. Quem passou por um trabalho de
parto também. E você, já andou de montanha russa?
Será que aquela doula ia fazer muita diferença segurando aqui a minha mão?
Vai chegando no final. O carrinho desacelera. Você está meio abobada, grogue.
Dra. Amanda Garcia Vieira
Ginecologista e Obstetra
do Vitória Apart Hospital
Sabe o que Yan e Thiago têm em comum?
Foram atendidos ao mesmo tempo
no Pronto-Socorro Infantil do
Vitória Apart Hospital, agora com
2 pediatras de plantão 24h.
www.vitoriaaparthospital.com.br / tel.(27)3201-5555
12
Sua vida em boas mãos.
VITÓRIA APART PROGRESS
GESTÃO EM SAÚDE
Billing: o coração operacional
e financeiro do hospital
pital, o processo de billing deve estar adequadamente integrado e alimentado pelos
diversos sistemas e informações sobre a
situação dos pacientes internados, desde
a sua admissão até a alta. Atualmente,
existem diversas opções de software que
integram os procedimentos médicos aos
administrativos.
Billing significa emissão de nota fiscal,
faturamento, cobrança dos serviços prestados por uma organização a um cliente.
O objetivo do billing é sempre o mesmo,
mas o seu processo muda significativamente, dependendo da organização a
que nos referimos. Nas empresas de telefonia, por exemplo, o processo de billing
é altamente automatizado. Com base nos
parâmetros e nas condições contratuais
firmadas junto aos clientes e utilizando
poderosos softwares integrados aos diversos sistemas operacionais, as contas
são emitidas e cobradas sem nenhuma
atividade manual, e muito menos algum
contato entre a operadora e o cliente.
Economista Sergio Moreno
Quando focamos o processo de billing em
um hospital, percebemos sua alta complexidade e abrangência, pois envolve praticamente todas as áreas operacionais do
hospital, médicos, prestadores de serviços
de saúde, fornecedores, e, é claro, clientes
e pacientes que pagam as contas.
entre os diversos processos e sistemas;
necessidade de entrada manual de dados sobre consumo, serviços e preços;
lançamentos incorretos; lançamentos indevidos; falta de lançamentos; falta de segurança; falta de controles e de informações gerenciais adequadas, entre outras.
A falta de organização e de automação
dos diversos processos que geram as
informações necessárias à montagem e
ao faturamento das contas hospitalares,
aliada a pouca integração entre os sistemas que suportam esses processos,
associadas a controles fracos ou inexistentes, são os ingredientes perfeitos para
levar um hospital à falência. A combinação desses fatores, em maior ou menor
grau, causam, inevitavelmente, faturas
com itens incorretos ou indevidos, valores sub ou super-dimensionados, glosas,
perda de confiança dos clientes, possibilidade de fraudes, e, finalmente, o prejuízo
financeiro.
Em uma pesquisa realizada no processo
de Billing em um importante complexo
hospitalar brasileiro, foram encontradas
diversas contas com irregularidades que
causavam cerca de 1% de perda mensal
de receita, ou seja, uma redução direta na
sua lucratividade.
As deficiências mais comuns encontradas
nos processos e sistemas que registram
e controlam as operações do hospital e
que resultam em erros e problemas no
processo de billing são: pouca integração
VITÓRIA APART PROGRESS
Adicionalmente, causavam custos indiretos, tais como: retrabalho das contas
glosadas pela auditoria médica; retrabalho das contas glosadas pelas fontes pagadoras; perda de impostos pelas faturas
canceladas e reemitidas; perda de receita
financeira (oportunidade) pela demora no
ciclo de faturamento; custo com a estrutura de auditoria médica; ajustes de inventário (materiais de consumo e medicamentos); fraudes ocorridas e não-detectadas;
ações judiciais decorrentes de erros nas
contas médicas. Considerado o coração
operacional e financeiro de qualquer hos-
A efetividade dos controles existentes
ao longo dos processos também é de
fundamental importância para prevenir
erros e fraudes no faturamento. Para
atender esse requisito existem metodologias que integram a governança, gestão de risco e conformidade. São chamados sistemas GRCs.
Finalmente, nada é mais importante do
que a conscientização dos médicos e
colaboradores envolvidos nos processos
operacionais do hospital, a respeito dos
riscos incorridos pela prescrição e registro incorreto dos procedimentos ou dos
materiais e medicamentos utilizados, desatualização de tabelas de preços e cadastros, e realização de procedimentos
em desacordo com os protocolos e padrões estabelecidos entre o hospital e os
seus clientes.
Não existem fórmulas mágicas para evitar tais riscos, entretanto, a utilização dos
melhores princípios de governança, a efetividade dos controles, a manutenção da
acreditação e a disseminação da cultura de
excelência e de gestão de riscos podem fazer a diferença e evitar perdas de receitas e
diminuição da lucratividade do hospital.
Sergio Moreno é economista e pósgraduado em administração estratégica e financeira. Diretor na KPMG
Consultoria. Dirigiu projetos de reestruturação de processos e implementação de sistemas de billing em hospitais, seguradoras e planos de saúde.
13
PROGRESSOS DA MEDICINA
A Oxigenoterapia Hiperbárica e sua
aplicação em cirurgia plástica da face
A resolução do CFM 1.457/1995, que normatizou a Oxigenoterapia Hiperbárica, é
bastante elucidativa, explicando, claramente, o que é o tratamento, a exclusiva
competência médica de orientar e as indicações terapêuticas.
As disposições gerais da resolução dizem
o seguinte: a Oxigenoterapia Hiperbárica
consiste na inalação de oxigênio puro,
estando o indivíduo submetido a uma
pressão maior do que a atmosférica, no
interior de uma câmara hiperbárica; as
câmaras hiperbáricas são equipamentos
resistentes à pressão e podem ser de
dois tipos – multipaciente (de maior porte,
pressurizada com ar comprimido e com
capacidade para várias pessoas simultaneamente) e o monopaciente (que permite apenas a acomodação do próprio
paciente, pressurizada, em geral, diretamente com O2).
A resolução ressalta, também, que não
se caracteriza como Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) a inalação de 100% de
O2 em respiração espontânea ou através
de respiradores mecânicos em pressão
ambiente, ou a exposição de membros
ao oxigênio por meio de bolsas ou tendas, mesmo que pressurizadas, estando
a pessoa em pressão ambiente.
Já o tratamento deve ser efetuado em
sessões cuja duração, nível de pressão,
número total e intervalos de aplicação são
variáveis, de acordo com as patologias e
os protocolos utilizados.
Cirurgia plástica
Uma das indicações da OHB é no campo
da cirurgia plástica, mais precisamente
em casos de pacientes submetidos ao
procedimento de Face Lift e que são fumantes. A cirurgia com objetivos estéticos
14
Câmara Hiperbárica Multiplace do Vitória Apart Hospital
na face é uma das mais envolventes e interessantes sob o ponto de vista do cirurgião plástico. Mas, o paciente, que muitas
vezes procura conceitos irreais e subjetivos de beleza, acaba não tendo noção
do grau de complexidade, detalhamento,
técnica cirúrgica e experiência profissional que são exigidos do médico em um
procedimento como esse, cujo objetivo é
obter uma face rejuvenescida sem descaracterizar sua naturalidade.
No caso do paciente fumante, o risco de
sofrimento dos retalhos com epiteliose e
mesmo necrose é proporcional ao volume de cigarros/dia e ao tempo do vício.
Por esse motivo, a maioria dos cirurgiões plásticos prefere não operar pacientes fumantes ou optam por uma cirurgia
mais limitada. O Vitória Apart Hospital,
que possui experiência em utilizar a Oxigenoterapia Hiperbárica no auxílio ao
tratamento de pacientes queimados, em
avulsões e esmagamentos, por exemplo,
com ótimos resultados, começou a criar,
desde agosto de 2003, um protocolo vi-
sando à diminuição drástica da possibilidade de complicações nos retalhos de
riscos, como num Face Lift de fumantes.
A utilização da Oxigenoterapia Hiperbárica oferece efeitos de volume como
embolismo gasoso, latrogenia médica e
doença descompressiva, e os seguintes
efeitos de solubidade: efeito antibiótico,
efeito na resposta imunológica, efeito sinérgico a antibióticos (aminoglicosídeos,
quinolonas e sulfametoxazol/trimetropim)
e efeito compensatório a hipóxia tissular
(atividade fibroblástica e osteoblástica,
estímulo a angiogênese).
O Conselho Federal de Medicina (CFM)
indica o OHB nos casos de Gangrena
de Fournier; outras infecções necrotizantes de tecidos moles (celulites, fascites
e miosites); isquemias agudas traumáticas (lesões por esmagamento, síndrome
compartimental); reimplantação; úlceras
de pele; pés diabéticos; escaras de Decúbito, deiscências de suturas; retalhos
ou enxertos comprometidos ou de risco.
VITÓRIA APART PROGRESS
Tratamento de Face Lift em
pacientes fumantes com uso de OHB
Complicação em face lift de fumantes sem uso de OHB
O protocolo inicial
proposto recomenda:
• OHB a 2,5 ATA por 90’ com O2 a
100%;
• três sessões previamente à
cirurgia;
• cinco sessões nos dias subsequentes;
O protocolo aplicado
hoje recomenda:
• OHB a 2,5 ATA por 90’ com O2 a
100%;
• três sessões previamente à
cirurgia;
• novas sessões dependem do
aspecto do retalho no primeiro P.O
Pacientes avaliados:
• Total: 42 pacientes (37 do sexo
feminino e cinco do sexo masculino).
• Período: entre agosto de 2003 e
março de 2010.
Resultados:
• Dois pacientes cumpriram o
protocolo inicial completo, que
exigia três sessões no pré e cinco
sessões no pós-operatório (P.O)
• Quatro pacientes cumpriram as
três sessões prévias e somente
uma sessão no 1º P.O
• 36 pacientes cumpriram somente
as três sessões prévias.
Paciente fumante um maço/dia,
15° P.O
Paciente fumante 20-25 cigarros/
dia, 5° P.O
Paciente fumante dois maços/dia
hemi-face (esq.), 14° P.O
Paciente fumante um maço/ dia com uso de OHB iniciada no 5° dia P.O
8º PO
14º PO
Antes dessa pesquisa, a conduta com
relação aos fumantes era a seguinte: suspensão do fumo por no mínimo 30 dias no
pré-operatório e dez dias no P.O; dissecção menor; retalho mais espesso; uso de
vasodilatadores no P.O; cuidados com o
tipo de anestésico local e sistêmico.
Hoje, a OHB é pré-condição para o pré-operatório. É feita a sugestão da diminuição do fumo, realizada cirurgia imediata após as três sessões de OHB no
pré-operatório e dissecção sem restrições
do retalho, com relação à sua amplitude e
espessura, assim como na utilização de
anestésicos. Não há uso de vasodilatadores no P.O. É feita drenagem por sucção
33º PO
contínua 24 horas e não há curativos oclusivos.
Conclui-se, então, que, a OHB, aplicada
aos pacientes fumantes submetidos a uma
Face Lift, é mais um recurso que deve ser
sempre lembrado e avaliado não só nos casos de sofrimento de tecidos no P.O, mas,
sobretudo, quanto à sua aplicação no pré-operatório, que, se associado a uma boa
técnica cirúrgica e a cuidados pertinentes,
reduz substancialmente a possibilidade de
complicações deste procedimento.
Dr. Ariosto Santos
Cirurgião plástico do Vitória Apart Hospital
Anúncio
VITÓRIA APART PROGRESS
15
ARTIGO MÉDICO
Artro-ressonância Magnética do Ombro
O ombro é a articulação com a maior
amplitude de movimento do corpo com
mais de 180º em todas as direções e,
juntamente com as articulações do cotovelo e punho, levam a mão a qualquer
ponto.
Lesões dessas estruturas estabilizadoras são comuns não somente em atletas de demanda no membro superior
(tenistas, arremessadores, etc) como
também em esportistas esporádicos,
trabalhadores braçais e usuários de
academias. A Artrografia por Ressonância Magnética (Artro-RM) do ombro, por
consenso, é o melhor método para detecção dessas lesões em comparação
com a RM convencional e outros métodos de imagem.
Trata-se de uma técnica que usa uma
solução salina associada ao contraste
paramagnético (gadolínio), por injeção
direta, com rigorosa assepsia, guiado
por fluoroscopia (RX), tomografia ou
ultrassonografia, que provoca uma detenção capsular para melhor delinear
as diversas estruturas intra-articulares,
notadamente o labrum e os ligamentos.
Outra possibilidade é a difusão via
sinóvia após injeção venosa periférica,
que se apresenta como uma segunda
opção, menos eficiente, por não provocar significativa distenção capsular.
Tenistas podem ser acometidos por lesão no ombro
16
“
O ombro é a articulação com a maior amplitude de movimento do corpo
Após a injeção intra-articular do contraste, o paciente é então encaminhado
ao aparelho de Ressonância Magnética
de alto campo e são realizadas sequências ponderadas em T1, com supressão
de gordura (planos axial, coronal, sagital e ABER/abdução e rotação externa)
e sequências ponderadas em T2, com
A artrografia por
Ressonância
Magnética do ombro,
por consenso, é o
melhor método para
detecção dessas
lesões
“
O preço que se paga por essa propriedade é a instabilidade dessa articulação, sendo necessárias inúmeras
estruturas capsulo-ligamentares, bem
como o labrum glenoidal, para sua estabilização. O labrum glenoidal é uma
estrutura fibrocartilaginosa que circunda a glenóide e aprofunda a mesma,
aumentando a sua área e promovendo
estabilidade à articulação do ombro.
supressão da gordura nos planos coronal e axial.
Esse estudo de imagem, interpretado
pelo radiologista juntamente com a
hipótese formulada pelo ortopedista,
é fundamental para o diagnóstico das
lesões intra-articulares do ombro. Cabe
ao ortopedista o devido tratamento e
acompanhamento dessas lesões, bem
como as orientações para prevenção
das mesmas.
Dr. Antônio Carlos Monteiro Braconi
Ortopedista do Vitória Apart Hospital
Dr. Amphilóphio de Oliveira Junior
Especialista em Ecografia Vascular do
Vitória Apart Hospital
VITÓRIA APART PROGRESS
artigo médico II
Rastreamento da doença carotídea
na população idosa de Guarapari
Introdução • A aterosclerose carotídea é
uma doença multicausal e degenerativa1
que resulta em estenose da luz arterial,
notadamente na bifurcação carotídea e
na artéria carótida interna. Responde por
cerca de 20% a 30% das causas de acidente cerebrovascular (AVC)2, a terceira
principal causa de morte nos Estados
Unidos3, com uma incidência de 610 mil
novos casos por ano4.
O diagnóstico da estenose das artérias
carótidas extracranianas pode ser feito
de forma eficaz e não-invasiva por meio
do Ultrassom Vascular com Doppler Colorido (USVDC), com uma sensibilidade de
90% e especificidade de 94% para lesões
acima de 70% de estenose5 e de 94% e
VITÓRIA APART PROGRESS
EcoDoppler colorido demonstrando a bifurcação carotídea normal
92%, respectivamente, para lesões maiores de 60%6, quando comparado com a
arteriografia, que é considerado o “padrão
ouro”.
Os autores demonstram aqui os resultados de um estudo de rastreamento da
doença carotídea na população idosa
(>65 anos) da cidade de Guarapari. Con-
comitantemente, foi feita uma campanha
de conscientização sobre a importância
do diagnóstico precoce. Este estudo teve
a participação de médicos com área de
atuação em ultrassonografia vascular, estudantes e o apoio do Programa de Saúde
da Família (PSF). Os resultados foram
apresentados como tema da monografia
de término de curso de uma residente.
Métodos • Os indivíduos foram recrutados através dos agentes do PSF e levados para a realização do USVDC no Angiolab Laboratório Vascular da unidade
de Guarapari. O aparelho utilizado foi o
HDI 3000 Philips. O critério de inclusão
foi a idade superior a 65 anos. Todos os
indivíduos estudados responderam sobre
17
Resultados • Foram examinados 409
pacientes, totalizando 818 carótidas avaliadas. Desses pacientes, 171 eram do
sexo masculino e 238 do sexo feminino.
Das 818 carótidas, 319 estavam normais
(prevalência de 39%) Fig 1; 470 apresentavam estenose menor que 50% (57,5%);
17 tinham estenose entre 50% e 69% (2%);
6 lesões eram maior que 70% (0,73%); enquanto seis carótidas estavam ocluídas
(0,73%). As seis oclusões eram unilaterais, ou seja, 1,5% dos pacientes apresentava oclusão carotídea assintomática.
Entre os fatores de risco analisados, o
único a apresentar correlação com a
doença carotídea nessa amostragem foi
o tabagismo. O ato de não fumar foi considerado como fator protetor para a lesão
estenosante carotídea, com significância
estatística (p<0,05). Como a população
estudada já foi previamente selecionada
pela faixa etária de maior risco – acima de
65 anos – não se evidenciou correlação
de risco entre a idade e a doença carotídea na amostra.
Conclusões • A prevalência de doença
carotídea foi de 62,4% (255 pacientes en-
Fig1
a presença, ou não, de fatores de risco
associados, como hipertensão arterial
sistêmica, diabetes melittus, dislipidemia
e tabagismo.
EcoDoppler colorido demonstrando placa de ateroma com ulceração e estenose superior a 70% da carótida
interna extracraniana
tre os 409 estudados), justificando o rastreamento primário na seleção de pacientes para tratamento clínico. A prevalência
de estenose moderada a severa – 20
pacientes (4,9%), dos quais 11 (2,7%)
apresentavam critérios cirúrgicos – também justifica o rastreamento na seleção
de pacientes para tratamento cirúrgico.
A história de hipertensão, diabetes e
dislipidemia não foi suficiente para discriminar os pacientes com ateromatose carotídea. Pode ser necessária
uma quantificação mais complexa das
variáveis. O ultrassom vascular é um
método considerado de escolha para o
rastreamento da doença carotídea devido às vantagens de ser não-invasivo, de
baixo custo e de alta acurácia7,8.
Fanilda Souto Barros, Sandra Maria
Pontes, Leonard Herman Roelke,
Maria Alice S.A. Taylor, Cristiano
Negri Modenesi, Daniela Pontes
Nofal, Pietro Almeida Sandri,
Daniela Souto Barros e
Felipe Souto Barros
Equipe médica do Angiolab
Referências
1. MALLIKA, V, GOSWAMI, B, RAJAPPA,
M. Atherosclerosis pathophysiology and
the role of novel risk factors: a clinicobiochemical perspective. Angiology
2007;58:513-22.
4. LLOYD-JONES, D et al. Heart Disease
and Stroke Statistics - 2009 Update: A Report
From the AmericanHeart Association Statistics Committee and Stroke Statistics Subcommittee. Circulation 2009;119;480-486.
2. Executive Committee for the Asymptomatic Carotid Atherosclerosis Study.
Endarterectomy for asymptomatic carotid
artery stenosis. JAMA 1995;273:1421-8
5. JAHROMI, AS et al. Sensitivity and specificity of color duplex ultrasound measurement in
the estimation of internal carotid artery stenosis: a systematic review and meta-analysis. J
Vasc Surg. 2005;41:962-7.
3. American Heart Association. 2002
Heart and stroke statistical update. Dallas: American Heart Association; 2001.
18
6. WOLFF, T et al. Screening for Carotid Artery
Stenosis: An Update of the Evidence for the
U.S. Preventive Services Task Force. Ann
Intern Med 2007; 147:860-870.
7. DE FREITAS, P et al. Aterosclerose
carotídea avaliada pelo eco-Doppler: associação com fatores de risco e doenças
arteriais sistêmicas. J Vasc Bras. 2008;
7(4):298-307.
8. BARROS FS, PONTES SM. Doença carotídea não aterosclerótica. In: Engelhorn CA,
Morais Filho D, Barros FS, Coelho NA. Guia
prático de ultra-sonografia vascular. Rio de
Janeiro: Dilivros; 2006. p. 39-46.
VITÓRIA APART PROGRESS
ESTUDO CIENTÍFICO
ESTUDO CIENTÍFICO
Neurofisiologia clínica:
passado, presente e futuro
A neurofisiologia clínica tem evoluído nos
passos do desenvolvimento tecnológico
dos nossos tempos, integrando a propedêutica de investigação diagnóstica de
patologias neuromusculares, ortopédicas, reumatológicas e lesões traumáticas.
No compasso dessa evolução, a Monitoração Neurofisiológica Intraoperatória
(MNIO), que havia surgido incipientemente na década de 70 para auxiliar cirurgias de escoliose, foi se aprimorando
até chegar aos dias atuais como um conjunto de métodos que norteiam e balizam
o “voo” de determinados procedimentos
em que o sistema nervoso está em foco.
A Neurofisiologia, desse modo, passa a
integrar de forma cientificamente comprovada o arsenal terapêutico de várias
patologias cirurgicamente tratáveis.
A técnica de Monitoração Neurofisiológica Intraoperatória (MNIO) consiste na utilização de várias modalidades de testes
neurofisiológicos realizados rotineiramente durante exames ambulatoriais: eletroencefalografia, eletromiografia, potenciais
evocados e estudos de condução nervosa. Também são realizados testes restritos ao ato cirúrgico como estimulação
elétrica transcraniana e estímulo intraoperatório de estruturas neurais centrais e periféricas. Utiliza equipamentos idealizados
especificamente para uso em salas cirúrgicas com execução multimodal de todas
estas técnicas conjuntamente.
Em consonância com grandes centros
mundiais, o Brasil tem se mostrado pioneiro na América Latina, tendo sido a
técnica iniciada nos anos 90 pelo médico neurofisiologista Dr. Ricardo Ferreira no serviço de ortopedia do hospital AACD (Associação de Assistência à
Criança Deficiente). Inicialmente utilizada
pela equipe do Dr. Élcio Landim nas ci-
VITÓRIA APART PROGRESS
Objetivos médicos da MNIO
Dra. Maria Rufina Barros, neurofisiologista
rurgias de escoliose, a MNIO tornou-se
rapidamente ferramenta indispensável e
de eficácia comprovada. Seja protegendo pacientes, seja auxiliando cirurgiões
a diminuir e evitar sequelas neurológicas
tanto em neurocirurgias como em cirurgias ortopédicas, cardíacas, otorrinolaringológicas etc.
Seguindo os grandes hospitais de São
Paulo, foi sendo incorporada mais recentemente por serviços de Porto Alegre,
Brasília e Belo Horizonte. E, desde fevereiro de 2010, o serviço de neurofisiologia clínica do Vitória Apart Hospital, sob
a nossa responsabilidade e execução,
passou a integrar este seleto grupo de
hospitais que oferecem em seus centros
cirúrgicos a Monitoração Neurofisiológica
Intraoperatória (MNIO), colocando-nos à
frente de várias outras capitais e serviços
nacionais de excelência.
Disponibilizamos no Vitória Apart Hospital modernos equipamentos com execução das diversas modalidades neurofisiológicas. Tudo realizado de forma
contínua e em tempo integral pelo médico neurofisiologista, o qual permanece
em sala durante todo o ato cirúrgico.
• Reduzir o risco de déficits neurológicos
pós-operatórios para o paciente.
• Auxiliar o cirurgião a identificar estruturas neurológicas específicas.
• Identificar alterações neurofisiológicas
irritativas e reversíveis, fazendo com que
a cirurgia tome rumo mais seguro e, muitas vezes, mais abrangente e resolutivo.
• Definir a severidade de um dano já instalado precocemente para que se possa
intervir antes que o mesmo piore.
• Constatar, quantificar e correlacionar a
alteração neurofisiológica com o déficit
(caso ocorra) resultante no paciente.
Ou seja:
Mapear | Mapear - Identificação e preservação de tecidos nervosos ambíguos.
Monitorizar | Contínua avaliação online
da integridade funcional das vias neurais.
Sítios neurais | Os sítios a serem monitorizados/mapeados são o córtex e
áreas subcorticais, tronco cerebral, medula e canal espinhal, raízes nervosas,
plexos e nervos, tanto cranianos como
periféricos.
Exemplos de cirurgias
auxiliadas pela MNIO
a) Corticais e Subcorticais | Cirurgias
que ponham áreas motoras e sensitivas
corticais e subcorticais em risco, tais
como neurocirurgias para retirada de tumores, aneurismas, malformações arterio-venosas, epilepsias e outras cirurgias
funcionais.
b) Tronco Cerebral | Tumores internos
ao tronco cerebral, tumores externos ao
mesmo (ex.: tumor de ângulo-ponto cerebelar, principalmente o nervo facial em
casos de neurinoma do acústico).Mais
19
recentemente em cirurgias para implantes cocleares, também objetivando a
preservação das estruturas neurais próximas.
c) Medula e Canal Espinhal | Tumores, malformações vasculares intra e
extramedulares. Cirurgias para correção
de alterações ortopédicas que possam
por em risco estruturas nervosas, tais
como doenças degenerativas da coluna, escoliose idiopáticas ou não, entre
outras.
d) Plexos e Nervos Periféricos | Lesão
de plexo, tanto pós-parto como pós-acidente, tumores primários de nervo (ex.:
schwanomas/neuromas), assim como
lesão de nervos periféricos de diversas
etiologias.
Técnicas neurofisiológicas
utilizadas nas diversas MNIO
a • Potencial evocado somatossensitivo
de membros superiores e inferiores
b • Potencial evocado gênito-cortical
c • Reflexo bulbocarvernoso
d • Reflexo H
e • Potencial evocado somatossensitivo
cortical reverso
f • Potencial evocado motor transcraniano com captação medular
g • Potencial evocado motor transcraniano com captação muscular
h • Potencial evocado motor com estimulação direta cortical ou medular
i • Eletromiografia contínua
j • Eletromiografia com estimulação de
raízes nervosa, nervos ou de material de
instrumentação (ex.: parafusos pediculares)
k • E outras.
Com a MNIO, foram reduzidos consideravelmente os custos de toda ordem aos
pacientes, bem como os custos financeiros dos hospitais e, no caso em especial,
dos planos de saúde.
No caso dos últimos, gostaríamos de
mudar o paradigma em que tais proce20
dimentos são encarados como custos,
pois, na verdade, são investimentos
que pouparão possíveis demandas judiciais e muito dispêndio monetário nos
casos de danos neurológicos irreversíveis.
Para exemplificar o “status” de investimento e não de custos da MNIO, falaremos da escoliose idiopática.
Globalmente, tal patologia afeta de 2%
a 4% de crianças e jovens sem doenças
prévias e, em estudo nacional realizado
em Belo Horizonte (MG) por Leal e colaboradores (Revista Brasileira de Ortopedia, agosto de 2006), verifica-se que há
cerca de 4,8% de adolescentes que estudam entre a 5ª e a 8ª séries do ensino
médio com Escoliose Idiopática.
Nos casos que necessitam de cirurgia
(cerca de 10%), haverá dificuldade respiratória, entre outras graves anormalidades
médicas com o passar do tempo.
A possibilidade de haver complicações
medulares nesses procedimentos, segundo a Sociedade Americana de Pesquisa em Escoliose, é de pelo menos 0,75%
para cada cirurgia (ou seja, 01 criança/
jovem “entra torto caminhando e sai reto
paraplégico” em cada 133 cirurgias).
Como não existem trabalhos nacionais
avaliando o impacto da MNIO no custo das
contas hospitalares, tomaremos como
base pesquisa do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA) – instituição
vinculada ao Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão do Governo Federal
– que abordou os impactos sociais e econômicos dos acidentes de trânsito nos
aglomerados urbanos brasileiros. Custos
médico-hospitalares. Brasília 2004.
Foi excluído o atendimento pré-hospitalar
para exemplificar o investimento. Os custos hospitalares foram avaliados segundo
atendimento no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (HCFMUSP) para valores
médios pagos pela Tabela AMB 1992
(CH – R$ 0,27) no ano de 2001: O custo médio por paciente internado com
e sem óbito foi de R$ 38.418,00 +/- R$
56.662,00, e o custo médio para programa de reabilitação de 18 meses (vítimas de lesão raquimedular) foi de R$
45.305,00.
Ou seja, o total é de cerca de R$
83.000,00, em valores pagos pela Tabela AMB 1992 em 2001 para cada lesado
medular entre a internação e 18 meses
de reabilitação que, por extrapolação,
aplica-se a pacientes que sofreram lesão
medular pós-cirurgia de escoliose idiopática que não foi submetida à MNIO.
Nem estamos falando do custo do
“Home Care”, atendimento para tratamento a longo prazo de infecções urinárias e outras. Também não mencionamos
o atendimento de reabilitação superior a
18 meses nem o pior custo de todos, o
ônus pessoal e familiar subsequente a
uma sequela de caráter irreversível.
Dessa forma, a neurofisiologia adentra o
novo milênio conquistando seu espaço e
contribuindo de forma inequívoca para o
êxito dos procedimentos cirúrgicos nos
quais haja envolvimento de estruturas
neurais. A cada dia vem sendo mais fortemente incorporada ao arsenal cirúrgico, como anteriormente ocorreu com o
uso de microscópios e estereotáxicos.
E nós, que fazemos parte da equipe do
Vitória Apart Hospital, estamos felizes
em partilhar com vocês mais esta importante conquista.
Dra. Maria Rufina Barros
Dra. Pasqualina Magliano
Serviço de Neurofisiologia Clínica
do Vitória Apart Hospital – Métodos
Gráficos Neurologia
VITÓRIA APART PROGRESS
RELATO DE CASO
Cirurgia ortognática
Pacientes ganham novo rosto corrigindo dentes. A operação ainda é pouco
conhecida, mas resolve problemas de mastigação fala e respiração
Anos e anos usando aparelhos nos
dentes. Finalmente, tira-se a parafernália metálica e, depois de algum tempo,
o problema retorna. Isso pode ser resultado de erro de avaliação de ortodontistas que ainda desconhecem a cirurgia
ortognática ou submetem pacientes a
tratamentos de risco para evitar a cirurgia, porque a encaram como um desafio ou como um procedimento de alto
custo.
Essa conduta não faz mais sentido nos
dias de hoje, uma vez que as cirurgias
funcionais são cobertas pelos planos
de saúde. A cirurgia corretiva dos ossos
da face, também chamada de cirurgia
ortognática, é devidamente executada
por um cirurgião-dentista especialista
em Bucomaxilofacial para corrigir uma
gama variada de pequenas e grandes
irregularidades esqueléticas, incluindo
o desalinhamento dos maxilares e dentes. A intervenção corrige problemas de
mastigação, fala e deglutição.
submetem à cirurgia ortognática, que
mexem apenas na boca, mudam o rosto
completamente. É o caso da paciente
Carla, cujas fotos de antes e depois da
cirurgia não deixam dúvidas de que realmente a cirurgia valeu a pena.
A intervenção também altera as características faciais, como, por exemplo, o
suporte do nariz e o suporte labial. Por
essa razão, muitos pacientes que se
Não adianta apenas movimentar os dentes com aparelhos quando os ossos
estão mal posicionados. Esse procedimento não é eficaz, além de provocar
Antes
Depois
mudanças tão nítidas no rosto que chega
a ser comparada a uma cirurgia plástica.
O que fazemos são cortes planejados
que permitem o reposicionamento dos
ossos do maxilar. Os aparelhos não são
suficientes para pessoas que têm deformidades, congênitas ou não, que causam
desenvolvimento exagerado ou aquém do
desejado nos maxilares. Dentes ou queixo muito para frente ou para trás podem
ser sinais dessa malformação.
O procedimento realiza cortes planejados que permitem o reposicionamento dos ossos do maxilar
VITÓRIA APART PROGRESS
21
O mais importante é o ortodontista trabalhar de forma integrada com o cirurgião-dentista Bucomaxilofacial, formulando o correto diagnóstico. Assim, o
ortodontista vai dividir a responsabilidade do tratamento com um cirurgião que
entenda de oclusão, medidas ortodônticas, planejamento e previsibilidade de
resultados, para oferecer um procedimento corretivo dos ossos da face mais
apropriado, além de deixar totalmente
informado o paciente sobre o seu caso
e as opções possíveis de tratamento.
A cirurgia está indicada quando há a impossibilidade da execução do tratamento ortodôntico isolado, o que resultaria
em instabilidade e desequilíbrio ósseo-dentário durante o tratamento ortodôntico pré-operatório. Os aparelhos têm
a função de preparar os dentes para o
procedimento cirúrgico. A cirurgia ortognática é realizada durante uma determinada fase do tratamento ortodôntico.
Antes
Depois
Casos indicados para a cirurgia
Quem precisa de uma cirurgia corretiva dos maxilares? | Podem se
beneficiar com uma cirurgia corretiva
pacientes que têm desalinhamento dos
dentes e/ou dos maxilares.
• Pessoas que precisam corrigir dificuldades na mastigação dos
alimentos;
Em alguns casos, a maxila e a mandíbula crescem com velocidades diferentes e de forma desarmônica. Injúrias e
defeitos de nascimento (por exemplo:
torcicolo congênito, fissuras faciais)
também podem afetar o alinhamento
dos maxilares.
• Desgaste excessivo dos dentes;
Aproveite os benefícios | A cirurgia
corretiva dos maxilares movimenta os
dentes e ossos da face para posições
que são mais balanceadas, funcionais e
saudáveis. Embora o objetivo desse tipo
de cirurgia seja melhorar a sua mordida
e a função, os pacientes também obtêm
melhora da sua aparência e fala.
Dra. Thaiz Carrera Arrabal
Cirurgiã Bucomaxilofacial
do Vitória Apart Hospital
22
• Dificuldades na deglutição;
• Dor crônica na ATM e cefaléias;
• Mordida aberta (espaço entre os dentes superiores e inferiores
quando a boca está fechada);
• Mordida profunda (dente encosta no céu da boca);
• Aparência facial desagradável; injúria facial ou defeitos de
nascimento (congênitos);
• Queixo pequeno ou retraído; queixo grande ou protruído; mandíbula
muito para frente ou projetada;
• Mandíbula muito para trás ou retruída; inabilidade de fazer com que
os lábios de encontrem sem esforço muscular;
• Respiração bucal crônica e boca seca;
• Síndrome da apnéia do sono (problemas de respiração quando se
está dormindo.
VITÓRIA APART PROGRESS
INSTITUCIONAL
Comissão intra-hospitalar de doação de
Órgãos e tecidos para transplantes – cihdott
As Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTs) foram criadas através da
Portaria do GM/MS nº 1.752, de 2005, e
regulamentada pela Portaria GM/MS nº
1.262, de 2006, em exigência à Lei 9.434,
de 2007, que instituiu, organizou e regulamentou os transplantes no Brasil.
Essas Comissões são obrigatórias em todos os hospitais acima de 80 leitos, sendo eles públicos, privados ou filantrópicos. Devem ser nomeadas por ato formal
e estão ligadas diretamente à Diretoria
Médica do Hospital.
A Portaria GM/MS 2.600, de 2009, e o
Novo Regulamento Técnico da Lei 9.434,
de 2007, vieram consolidar as portarias
anteriores, classificando as Comissões
por nível de complexidade de acordo com
as características de cada hospital. Essas
foram classificadas em nível I, II e III.
Em todos os hospitais transplantadores,
as Comissões receberam a classificação
de nível III. Essa classificação exige que
a CIHDOTT tenha um médico como responsável técnico ou coordenador e no
mínimo três componentes.
Devem ser atuantes, possuir autonomia no âmbito hospitalar para exercer
suas atividades e ter responsabilidades
legais, segundo a Portaria 2.600. Inclusive, essas responsabilidades são critérios para que o hospital consiga, junto
ao Sistema Nacional de Transplantes/
MS (SNT/MS), autorização para renovação ou credenciamento das diversas
modalidades de transplantes para as
quais está habilitado.
A função básica da CIHDOTT em hospitais não-transplantadores é cuidar para
que os pacientes internados, principalmente em setores críticos e/ou emergência, ao evoluírem para morte encefálica
ou parada cardiorrespiratória, possam
vir a ser doadores viáveis e efetivos de
órgãos e/ou tecidos. Para tanto, a CIHDOTT deve desenvolver um trabalho diferenciado e humanizado, principalmente
no acolhimento à família dos pacientes.
A equipe do Vitória Apart Hospital participa de treinamentos e é considerada referência no Estado
VITÓRIA APART PROGRESS
Lenir Martins é enfermeira e coordenadora da CIHDOTT
do Vitória Apart Hospital
O Vitória Apart Hospital, como hospital
transplantador de órgãos e tecidos, possui a sua CIHDOTT classificada em nível III,
tendo um médico como responsável técnico e coordenador, atendendo à legislação
em vigor.
O diferencial da Comissão do Vitória Apart
Hospital é que a CIHDOTT é exclusiva
para desenvolver as atividades delegadas
a ela pela legislação em vigor, tendo uma
equipe atuante em todos os processos
de doação, captação e transplantes de
órgãos e/ou tecidos.
Essa equipe mantém uma interação com
a Central de Notificação, Captação e
Distribuição de Órgãos do Espírito Santo
(CNCDO-ES). Em todos os processos
que ocorrem no Vitória Apart Hospital, a
CIHDOTT atua junto à CNCDO-ES até o
final do processo. Isso implica dizer que,
se for um processo de doação de múltiplos órgãos e/ou tecidos, atua até que o
corpo seja entregue à família para sepultamento; e se for um processo de transplante, o acompanhamento ocorre até a
total recuperação do receptor e alta hospitalar, continuando esse acompanhamento
em possíveis casos de re-internação por
complicações pós-transplantes.
23
A CIHDOTT do Vitória Apart Hospital conta
com apoio 24 horas ininterruptas da direção, e, em especial, dos responsáveis
pelas equipes de captação e transplantes
e de todo o corpo clínico.
Destacamos, aqui o papel valioso dos
nossos médicos, enfermeiros, assistentes
sociais e psicólogos que se envolvem nos
processos, garantindo maior agilidade e
qualidade nos transplantes. Sem esses
profissionais, com certeza, a equipe da
CIHDOTT não daria conta de coordenar
todos os processos com eficácia e qualidade.
Alguém um dia sonhou que o Vitória Apart
Hospital poderia ser referência em transplantes, verbalizou seu sonho, um grupo
acreditou, a direção assumiu o compromisso e confiou esta missão de transformar à equipe, que, com muita vontade de
trabalhar, tornou tudo uma realidade. Por
isso, atualmente, a CIHDOTT do Vitória
Apart Hospital é referência no Espírito
Santo em todas as etapas do processo de
doação e transplantes.
A equipe da CIHDOTT e o paciente Rodrigo Martiliano (15 anos de idade), transplantado renal em 09/07/2010, com
sua mãe, Elizabete Martiliano
de treinamento interno e, muitas vezes,
esse programa é estendido ao público
externo, pois o Vitória Apart Hospital é
constantemente procurado por profissionais de outros locais para participação nos
eventos.
A nossa CIHDOTT, hoje, não se limita
apenas aos seus membros, mas todo o
hospital está envolvido com o Programa
de Transplantes aqui instituído. Desde o
profissional que atua na higienização até
médicos que cuidam diretamente dos
doadores ou receptores.
O Centro de Transplante do Vitória Apart
Hospital foi inaugurado em 28 de julho de
2009, quando realizamos o primeiro e único transplante de fígado e rim num mesmo receptor no Estado. A evolução deste
transplantado e do receptor tem sido hoje
motivo de acreditarmos que podemos ir
muito mais longe.
A CIHDOTT possui espaço físico adequado para suas atividades, sejam elas
durante o dia, à noite ou em finais de semana e feriados. Conta com espaço VIP
para acolhimento dos receptores e suas
famílias e espaço para acolhimento de
famílias doadoras. Possui um programa
Até 31 de dezembro de 2010, a equipe
da CIHDOTT já coordenou, participando
ativamente de 25 processos de transplantes, incluindo rins e fígado, e 21 processos
de captações de órgãos e tecidos, sendo
quatro captações fora da Grande Vitória.
Atualmente, o Vitória Apart Hospital so-
24
licitou à SESA/CNCDO-ES e ao SNT/MS
o credenciamento de mais duas modalidades de transplantes, que, com certeza,
beneficiarão muitos receptores que aguardam por um transplante duplo de rimpâncreas e/ou somente pâncreas, e que
estão na fila de espera em outros Estados
por falta deste serviço no Espírito Santo.
Temos certeza que avançaremos muito,
mas também a plena consciência de que
temos um caminho a trilhar e muito a aprender.
Parabéns a toda equipe da CIHDOTT do
Vitória Apart Hospital, a toda equipe de
transplantes e direção, e, principalmente,
a todos os profissionais do hospital que
se envolvem com esta causa tão nobre
que é transformar a morte em vida.
Lenir Martins
Enfermeira e coordenadora da
CIHDOTT do Vitória Apart Hospital
VITÓRIA APART PROGRESS
ESPAÇO ACADÊMICO
Atualização no tratamento
do carcinoma hepatocelular
Marilia Vilas Boas Reis*, Paula Costa Lyrio*, Vinicius Gomes da Silveira**
(*) Aluna do Curso de Graduação de Medicina da Emescam
(**) Mestre e Doutor em Cirurgia – UFRJ – Coordenador do Programa de Transplante de
Fígado do Vitória Apart Hospital
Introdução | O carcinoma hepatocelular
(CHC) corresponde a 80% de todos os tumores malignos primários do fígado que
se caracteriza por ser, em regra, complicação da doença hepática crônica relacionada, principalmente, às cirroses virais
B e C em 60% a 90% dos casos. A hepatite C (HCV) ganhou importância como
fator de risco nos últimos anos devido à
ausência de vacinação contra o mesmo
Em relação ao sexo, os homens
apresentam uma taxa de incidência
de 17,4 e as mulheres de 8,7. Já as
taxas de mortalidade são de 16,8 e 8,1,
respectivamente. Em países de alta
incidência, o maior número de casos se
manifesta na terceira e quarta décadas.
Diagnóstico | Basea-se no conceito de
que esses tumores se iniciam assintomáticos, como lesões únicas, isoladas,
muitas vezes de crescimento lento, em
geral encapsulados e em grupos de risco facilmente identificáveis. Os exames
propedêuticos de imagem e laboratoriais
utilizados na análise diagnóstica incluem:
• Alfa-fetoproteína (AFP) – os valores
séricos da AFP se situam acima de 20
ng/ml. Em cerca de 90% dos casos de
CHC; esses valores, no entanto, são
pouco específicos.
• Ultrassonografia (US) – possui sensibilidade controversa, situada em torno de
85%. Nos fígados cirróticos não ultrapassa
50% devido às alterações estruturais da arquitetura do órgão. Nas formas infiltrativas,
VITÓRIA APART PROGRESS
a US pode falhar, mesmo nos casos de tumores de diâmetro maior do que 3cm.
• Ressonância Magnética (REM) contrastada – é mais sensível e específica do
que a TC e a angiografia contrastadas. Na
sequência T1, os tumores são hipodensos em 2/3 dos casos e hiperdensos no
terço restante, devido ao seu conteúdo
de gordura ou de sangue. Na T2 são hiperdensos. Com o crescimento, eles se
tornam heterogêneos. A cápsula aparece
hipodensa simples ou dupla em T1 e T2,
respectivamente.
Assim sendo, a US é um método utilizado
para triagem e a RM contrastada é o método mais sensível e específico. A biópsia
não é indicada, principalmente, nos pacientes candidatos a transplante hepático
(TH) devido aos riscos de semeadura do
tumor (2%), hemorragias e falsos negativos.
Tratamento | Estabelecido o diagnóstico
de CHC, torna-se fundamental que seja
ofertada a conduta terapêutica mais apropriada para o paciente. De modo geral,
analisam-se características relacionadas
ao tumor (tamanho, número, localização) e
ao paciente (condição clínica global, grau
de disfunção hepática, presença de hipertensão portal). Nos métodos terapêuticos,
cirúrgicos ou não, os principais são:
• Ressecção Hepática (RH) | A RH é considerada um tratamento padrão para os
pacientes com tumores anatomicamente
localizados e função hepática preservada,
porém o prognóstico a longo prazo continua sendo insatisfatório devido à frequente
recidiva loco-regional associada à perda
gradativa da função hepática.
O objetivo da hepatectomia parcial
visa uma ressecção com uma margem
segura para evitar a recidiva tumoral e
a preservação de parênquima hepático
funcional suficiente que permita o paciente
sobreviver à operação, visto que 80%
são cirróticos1.Em relação à margem de
ressecção, a maioria dos estudos não
encontrou correlação significativa de taxa
de recorrência em cinco anos de 78% e
75%, respectivamente, entre uma ampla e
pequena margem de ressecção1.
Isso é justificado por duas características patológicas do CHC. Primeiro, a
propagação ocorre principalmente intra-hepática (68% a 96%) por meio de
invasão venosa portal, que é totalmente
diferente da forma como outros tumores
invadem em torno do tecido. Em segundo lugar, a recorrência multicêntrica é
comum e poderia ocorrer em qualquer
parte do fígado remanescente.
O tratamento do CHC pequeno (solitário
≤ 5cm ou dois ou três tumores de ≤ 3cm)
com Child-Pugh classe A em pacientes
com doença crônica (hepatite crônica ou
cirrose) com a função hepática preservada ainda é controverso. Atualmente, uma
estratégia alternativa de ressecção primária, seguida de transplante hepático em
caso de retorno ou deterioração da função hepática (transplante de salvamento)
25
do para o tratamento do CHC de pequeno porte Child-Pugh B, especialmente em
países em desenvolvimento; enquanto a
RH é adequada para pacientes com CHC
pequeno, em fígados não-cirróticos ou
cirrose hepática compensada (Child-Pugh A).
foi proposta para esses pacientes. Essa
estratégia depende da premissa de que
a maioria das recidivas após ressecção
de CHC de pequeno porte, é ainda transplantável.
A University of Hong Kong Medical Center
e Hepatobiliary Service at Memorial Sloan-Kettering Cancer Center realizaram um
trabalho referente à ressecção do CHC de
pequeno porte. Os resultados apresentaram 2,8% da mortalidade peri-operatória8
e os cinco anos de sobrevida global de
70% são comparáveis à mortalidade de
60% a 74% relatados na recente série do
transplante para a CHC de mesma característica. Contudo, a sobrevida livre
de doença em cinco anos nesta corte
de pacientes foi apenas de 36% e 48%,
enquanto a taxa correspondente após o
transplante foi de cerca de 60%.
Apesar da alta taxa de recorrência (51%
a 55%) e um insatisfatório intervalo médio
entre a ressecção e a recidiva do tumor (16
meses P=. 024), 79% a 80% dos pacientes
com tumores solitários ou oligonodular foram elegíveis para transplante hepático de
salvamento pelos mesmos critérios para a
transplantação primária de CHC.
• Terapias Ablativas (TAs) | Diversos artigos científicos relatam que as TAs têm
alcançado lugar de destaque entre os
tratamentos para o CHC, principalmente
quando o alvo é um tumor de pequena
proporção. Esse destaque é devido às
limitações da cirurgia ou pela presença
de um fígado cirrótico, e, por isso, as TAs
têm se tornado terapias padrões para
CHC nessas situações2.
tratamento de tumores hepáticos irressecáveis2. O tamanho de um nódulo para
ablação, com as novas agulhas utilizadas,
pode chegar a um diâmetro até de 5cm,
sendo um diâmetro em torno de 3cm o de
tamanho ideal, e a sua localização preferencialmente a mais profunda no parênquima hepático. As contra-indicações para o
tratamento incluem tumores que excedem
a um diâmetro superior a 5cm; evidência
de tumor extrahepático; na maioria dos pacientes com cirrose Child-Pugh classe C.2
Na Ablação por Microondas (AM), apesar das diferenças entre as tecnologias
aplicadas, as indicações, as contra-indicações e os critérios de seleção de
pacientes para AM são semelhantes aos
apresentados por ARF. Seki et al2 mostraram que a AM, combinada com a quimioembolização transarterial (TACE), é uma
forma eficaz e segura de tratamento para
pacientes com nódulos pequenos de
CHC entre 2cm e 3 cm de diâmetro.
•
Quimioembolização
Transarterial
(TACE) | A TACE tem sido usada com
três objetivos: (I) como uma terapia
neoadjuvante para o CHC ressecável;
(II) como um tratamento paliativo para
CHC irressecáveis; e (III) como terapia
neoadjuvante antes do transplante
hepático (TH) em pacientes com CHC
pequenos ou maiores.
A intenção do TACE pré-operatório é reduzir o tamanho do tumor, provocar necrose do tumor e prevenir a disseminação
de células tumorais durante a cirurgia4.
Todavia, estudos mostram que o grau de
margens de ressecção cirúrgica é similar
para o grupo TACE-operatório (74,5%) e
o grupo controle (76,8%). Já outros mostram que a taxa de sobrevida livre da doença em cinco anos é significativamente
pior no grupo TACE (28,6%) do que no
grupo controle (50.6%). Em relação à terapêutica paliativa, o prognóstico ainda
permanece ruim por causa do estágio
avançado e da insuficiência hepática, associados ao diagnóstico tardio, além da
alta taxa de recorrência intra-hepática em
cinco anos de 79% - 80%, após ressecção hepática, e de 83%, após IPE.
Porém, a indicação para tratamento com
tais terapias deve seguir alguns critérios
de elegibilidade para evitar danos hepáticos, como o nível de bilirrubina total <
3 mg/dL, a contagem de plaquetas >
50.000/mL e o tempo de protrombina
não menos de 50%.
Estudos indicam que a Ablação a Laser
(AL) parece ser mais eficaz para grandes
CHC quando combinada com TACE, e
também que as complicações da AL são
semelhantes às de outras técnicas. No
entanto, as TAs têm alcançado vantagem
sobre a RH por causarem menores
complicações pós-tratamento, menos dor e
menor tempo de internação. Outra opção é a
Injeção Percutânea de Etanol (IPE). Porém, a
ARF possui uma técnica superior e melhores
resultados quando essa for acessível.
Já o transplante hepático apresenta uma
sobrevida global de cinco anos entre
18% e 25% nesses pacientes3. Além
disso, a invasão vascular e o tamanho do
tumor nestes pacientes tornam inviável a
realização das terapias acima4. Estudos
mostram que TACE apresenta taxa de
mortalidade de 5%, sendo considerada
uma modalidade terapêutica segura com
uma sobrevida de cinco anos de 26%
CHC irressecáveis.
A Ablação por Radiofreqüência (ARF) é
uma técnica aceita mundialmente para o
O IPE tem a vantagem de ser barato, conveniente e seguro. Desse modo, o IPE é utiliza-
A terapia neodjunvante pré-transplante,
é considerada uma estratégia eficaz de
26
VITÓRIA APART PROGRESS
“ponte” para evitar a progressão tumoral
que ocorre em até 50% dos pacientes na
lista de espera por um doador e tornar
CHC em estágio intransplantável em
estágio transplantável3,4. Há relatos de que
o Transplante Hepático (TH) apresenta
uma taxa de sobrevida global em cinco
anos de 70% - 90% em estágio II, e uma
taxa de recorrência inferior a 15%. Já o TH
associado à TACE apresenta uma taxa
de recorrência de 2,4% em estágio II e de
30% - 40% em estágio III/IV3.
Conclui-se que o TACE não é indicado
como terapia neoadjunvante. Porém, em
relação ao tratamento de CHC irressecáveis, apesar de uma sobrevida global baixa, entre as outras terapias é a mais eficaz para esses pacientes. Já em relação
à terapia neoadjunvante pré-transplante
tem sido indicado para pequenos CHC
que esperam por um órgão disponível e
compatível, e para grandes carcinomas
em estágio avançado com objetivo de
tornarem esses pacientes candidatos aos
transplantes.
• Transplante Hepático (TH) | Em 1996,
baseado no trabalho Mazzaferro, foram
aprovados os Critérios de Milão, que estabeleceram os seguintes critérios para
inclusão dos pacientes portadores de
CHC para TH: um tumor único de 5cm
ou menos, ou até três tumores, cada um
com até 3cm de diâmetro e com ausência de invasão vascular ou doença extra-hepática.
Com esses critérios, o TH tornou-se amplamente aceito como o melhor tratamento curativo para o CHC, embora haja evidências crescentes de que os critérios de
Milão podem ser demasiadamente restritos2,4, já que excluem muitos candidatos
ao TH5. Em 2001, Yao et al, da Universidade da Califórnia São Francisco (UCSF),
propuseram a expansão dos limites de
tamanho do tumor, sugerindo como critérios um tumor solitário ≤ 6,5cm, ou três
ou menos nódulos com o maior sendo ≤
4,5cm e diâmetro total de tumor ≤ 8cm,
sem invasão vascular, o que ficou conheVITÓRIA APART PROGRESS
cido como Critérios de UCSF, com comprovação de que não afeta negativamente a sobrevida após TH5.
Koller FL et al, em 2007, concluíram que
a taxa de sobrevida global e livre após
quatro anos foi de 81,1 ± 9,9%, no grupo
pertencente aos Critérios de Milão. Já no
Grupo dos Critérios de Extensão (UCSF),
a taxa foi de 76,8 ± 10,5%.
Um dos grandes problemas do TH é o
da escassez de órgãos. E isso faz com
que um paciente com CHC listado para
transplante corra o risco da progressão
do tumor, a tal ponto que o transplante
não seja mais possível.
No Brasil, um dos preceptores de
exclusão da lista de transplante inclui
tumores múltiplos e tumores com
diâmetro superior a 5cm, por causa da
progressão do tumor. O período médio
de espera diminuiu de 2,28 anos, para
0,69 anos com o sistema MELD (Model
for End Stage Liver Disease).6
Normalmente são utilizadas opções
para retardar a progressão do tumor
enquanto os pacientes estão na lista de
espera. Essas são: RH, Radioablação,
alcoolização e a TACE.6 A outra opção,
diante da escassez de enxertos de fígado,
é o Transplante de Fígado de Doador Vivo
(TFDV), que deverá tornar-se um dos
principais tratamentos para pacientes
com CHC e cirrose hepática. Diversos
trabalhos mostram que o resultado do
TFDV é o mesmo do Transplante de
Fígado Doador Cadáver (TFDC). Por isso,
o TFDV, agora, tornou-se o principal tipo
de transplante de fígado, especialmente
para crianças.5
O uso do lobo direito, o que representa
mais de dois terços do volume do fígado
na maioria casos, é considerado uma
opção para TFDV em adultos. Outra opção
seria o Transplante Dominó, transplante
hepático com o fígado de pacientes
com Polineuropatia Amiloidótica Familiar
(PAF), pois, quando transplantado para
um paciente que não possui PAF, o órgão
passa a funcionar normalmente.5
Conclusão | Conclui-se que, de acordo
com os critérios de MELD e UCSF, o TH é a
terapia mais indicada. Porém, em caso de
escassez de doadores, a RH seguida por
transplante de salvamento é a opção mais
viável. TACE e TA são terapias alternativas
mais indicadas para CHC irressecáveis.
Referências | 1 - Shi Ming, Guo Rong-Ping , Lin Xiao-Jun, Zhang Ya-Qi, Chen
Min-Shan, Zhang Chang-Qing, Lau Wan
Yee and Li Jin-Qing. Partial Hepatectomy With Wide Versus Narrow Resection Margin for Solitary Hepatocellular
Carcinoma A Prospective Randomized
Trial. Annals of Surgery • Volume 245,
Number 1, January 2007–Disponivelem:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1867934/?tool=pubmed
2 HEAD, H. W.; DODD, G. D. Thermal
Ablation for Hepatocellular Carcinoma.
Journal of Gastroenterology November
2004;v.127:p.167-178
3 - M. Lesurtela, B. M ullhauptb, B. C.
Pestalozzic, T. Pfammatterd and P.-A.
Claviena - Transarterial Chemoembolization as a Bridge to Liver Transplantation for Hepatocellular Carcinoma:
An Evidence-Based Analysis - American Journal of Transplantation 2006; 6:
2644–2650 Blackwell Munksgaard
4 - William C. Chapman, Majella Doyle, Jourdan E. Stuart,Neeta Vachharajani, Jeffrey S. Crippin, Christopher D.
Anderson,Jeffrey A. Lowell, Surendra
Shenoy, Michael D. Darcy, Daniel B.
Brown - Outcomes of Neoadjuvant
Transarterial Chemoembolization to
Downstage Hepatocellular Carcinoma
Before Liver Transplantation - Annals of
Surgery • Volume 248, Number 4, October 2008.
5 - ISHIZAKI, Y.; KAWASAKI, S. The
evolution of liver transplantation for hepatocellular carcinoma (past, present,
and future). Journal of Gastroenterology,
Hongo, Bunkyo-ku, Tokyo, v. 43, p.1826, 2008.
6 - BEFELER, A. S.; HAYASHI, P. H.; DI
BISCEGLIE, A. M. Liver Transplantation
for Hepatocellular Carcinoma. Gastroenterology, St Louis, Missouri, v. 128, n. 6,
p. 1752–1764, mai. 2005.
27
DESAFIO DIAGNÓSTICO
Estenose Pilórica
Alguns casos de Estenose Pilórica se
recheiam de imagens através dos resultados de exames complementares e
guiam o raciocínio clínico para este ou
aquele diagnóstico. Outros nem tanto.
Há casos em que o paciente se enche
de queixas e apresenta dificuldades
enormes para realizar tarefas cotidianas
simples, e que os resultados dos exames realizados não acrescentam grandes informações ao raciocínio clínico.
Fato é que a clínica do paciente é
sempre soberana, e em tempos modernos, não podemos perder o foco
da atenção à história contada pelo
paciente; nem podemos menosprezar
as queixas do mesmo frente à pouca
evidência de resultados pelos métodos
complementares, por mais precisos e
avançados que sejam.
Existe sempre o risco de querermos
avançar nos degraus tecnológicos e
obter mais informações, sem, no entanto, trazer qualquer benefício para o
paciente, alterar a hipótese diagnóstica ou alterar a proposta terapêutica.
Essas situações são cada vez mais
frequentes quando colocamos a patologia do paciente antes do próprio
paciente em escala de importância; e
precisam se consideradas situações
delicadas.
O paciente em questão possui 35 anos,
é do sexo masculino, tabagista, etilista
social e sedentário. Iniciou em agosto
de 2010 com quadro de disfagia (dificuldade para alimentar-se) e dor em
região epigástrica que evoluiu para dor
em região dorsal em faixa.
A dor referida pelo paciente era maior
na hora da ingestão dos alimentos e
posteriormente, quando evoluiu para
dor em região dorsal, era uma dor de
localização imprecisa que melhorava
quando o paciente assumia determinada posição.
A dor referida na região dorsal trazia
semelhanças com as dores típicas de
processos inflamatórios ou neoplásicos do pâncreas. O paciente foi orientado a realizar uma Endoscopia Digestiva Alta.
Entenda o caso
Em 13/08/2010, o paciente realizou o exame, sem intercorrências,
que determinou uma Lesão Abaulada e Inflamatória de Antro,
que sugeria diagnóstico diferencial com uma compressão
externa, um linfoma, ou um GIST.
Foram realizadas biópsias, cujos resultados não vieram
característicos para nenhuma lesão maligna, destacando-se
apenas processos inflamatórios.
1
Figura 1: Lesão de antro com elevação da parede gástrica,
de 5cm de tamanho, fixa, dura, com lesão friável no seu ápice,
com abertura central com vazamento de material purulento.
Figura 2: Fundo gástrico sem alterações à retrovisão.
Pela deformidade que a lesão desferia ao piloro, dia a dia, a
capacidade do paciente de se alimentar diminuía e as dores
aumentavam.
2
28
O paciente foi orientado a realizar uma tomografia de
abdômen total.
VITÓRIA APART PROGRESS
No dia 16/08/2010, o paciente realizou o exame com contraste
oral e venoso, cujo resultado apontou apenas um espessamento
parietal da parede gástrica.
3
Figuras 3 e 4: Evidência da lesão em região pilórica nos cortes
selecionados
Nesse ponto, o paciente já se encontrava com grande dificuldade
de alimentar-se, apresentando perda de peso e bastante dor. O
desafio diagnóstico é muito grande neste momento. Nota-se a
íntima relação da lesão com o pâncreas, o que merece destaque
pelas características da dor apresentada pelo paciente.
4
5
6
7
VITÓRIA APART PROGRESS
8
9
Figuras 5, 6, 7, 8 e 9: Tomografia
computadorizada do abdômen superior
com evidência do Estômago (laranja) e
da lesão pilórica e suas relações com o
Pâncreas (amarelo)
discutir se mudaria a decisão terapêutica.
Os diagnósticos diferenciais mais temidos
nessa situação eram GIST e Linfoma,
não podendo afastar o Adenocarcinoma
Gástrico.
Prosseguir com a investigação radiológica (ressonância, cintilografia, PetScan)
não garantiria o estabelecimento do diagnóstico etiológico da lesão, e também não
garantiria o estabelecimento de decisão
terapêutica.
Fato é que o paciente apresentava Estenose Pilórica e muita dor e por motivo da
clínica do paciente associada ao resultado dos exames até então apresentados,
foi proposta a intervenção cirúrgica com
intenção diagnóstica e terapêutica de urgência. Para nossa surpresa, o resultado
foi bem diferente do esperado. Para saber
o resultado de mais este desafio diagnóstico, acesse a página da revista na internet. www.vitoriaaparthospital.com.br
A realização de uma Ultrassonografia
Endoscópica com biópsia ainda é um
exame de difícil acesso no Espírito Santo e
poderia não elucidar ainda o diagnóstico,
sem mencionar o fato que deveríamos
aguardar no mínimo cinco dias para
obtenção do resultado histopatológico, na
melhor das hipóteses. Sequer podemos
Dr. Guilherme Crespo
Núcleo de Serviços Oncológicos
do Vitória Apart Hospital
29
NEWS
Hospital aposta em
projeto RenoVAHção
No ano de 2010, o Vitória Apart
Hospital deu início ao projeto
RenoVAHção, criado com a proposta de implementar uma série
de ações para fortalecer cada
vez mais a instituição, reposicionando-a estrategicamente no
mercado. O projeto altera o organograma da empresa, implanta
o Planejamento Estratégico 20112015 e apresenta uma série de
melhorias a serem aplicadas pela
nova gestão do Vitória Apart Hospital.
Entre as ações que integram
o projeto estão: redefinição da
identidade corporativa do hospital; implantação de um novo
Sistema Integrado de Gestão
Hospitalar; reestruturação do
parque tecnológico; redesenho
dos processos internos e de
terceiros; projeto de eficiência
energética; redirecionamento da
política de qualidade; retomada
do projeto arquitetônico original; e definição de políticas de
Recursos Humanos, como foco
em acolhimento, manutenção e
retenção de talentos.
Dessa forma, o hospital trabalha
para garantir a satisfação de colaboradores e clientes, priorizando a gestão responsável e transparente.
Investimento em novo sistema de gestão
O Vitória Apart Hospital investe na implantação de um novo sistema de gestão. O
MV 2000 contemplará quase todas as áreas do hospital, desde o pronto atendimento até áreas como o centro cirúrgico e o almoxarifado. A ferramenta facilitará os
processos clínico, assistencial e administrativo da instituição, concentrando dados
que vão desde a chegada do paciente ao hospital e a definição do tratamento até
o fechamento da conta e o faturamento para o convênio médico.
A implantação do MV 2000 começou em agosto do ano passado. O trabalho é
desenvolvido por uma equipe formada por 25 profissionais das áreas do hospital
beneficiadas e por consultores da MV. Deste grupo, 10 pessoas se dedicam em
tempo integral ao projeto, com acompanhamento de PMO (Project Management
Office) da KPMG e coordenação da área de Tecnologia de Informação do Vitória
Apart Hospital.
Eleito o melhor do ES
O Vitória Apart Hospital foi eleito o
melhor hospital do Estado na pesquisa Marcas de Valor, realizada
pelo Instituto Futura e pela Rede
Gazeta. O levantamento entrevistou
1.227 pessoas na Grande Vitória,
com a proposta de apresentar a
visão que os consumidores capixabas têm das grandes empresas.
Foram premiadas empresas em
diferentes segmentos e o Vitória
Apart Hospital conquistou os primeiros lugares em todos os requisitos avaliados, na categoria Hospital. Foram avaliados os quesitos:
Responsabilidade Social, Responsabilidade Ambiental, Ética e
Credibilidade, Desenvolvimento do
Estado e Qualidade de produtos e
serviços.
Programa de Especialização e Residência Médica 2011
O processo seletivo para aprovação de candidatos no Programa de
Especialização e Residência Médica 2011 da instituição teve início em setembro
de 2010. Foram realizados e concluídos três processos seletivos, oferecendo
vagas para as áreas de Ortopedia e Traumatologia, Coloproctologia e Medicina
Intensiva. Mais informações no Centro de Estudos: (27) 3201-5526.
30
Planejamento
Estratégico 2011-2015
Nos próximos cinco anos, a atuação do Vitória Apart Hospital será
baseada no Planejamento Estratégico 2011-2015. O documento
foi elaborado com a participação
de profissionais de várias áreas e
níveis da instituição, tendo a consultoria da KPMG.
O trabalho começou em outubro de
1010 e partiu da visão e dos desejos dos acionistas, considerando as
avaliações dos conselheiros e diretores, do corpo clínico, dos gestores
e suas equipes. Essas informações
serviram de base para a definição
dos objetivos estratégicos, dos indicadores e das metas. Esses dois
últimos foram desdobrados em planos de ação que serão conduzidos
pelos gestores, abrangendo todas
as áreas do hospital.
VITÓRIA APART PROGRESS
Classificação de Risco organiza atendimento
Workshop discute
processo de doação
de órgãos e tecidos
O Vitória Apart Hospital realizou
um workshop sobre doação de
órgãos e tecidos para transplantes no final de março. O evento
aconteceu no auditório da instituição, com o objetivo de conscientizar e capacitar os profissionais
da saúde e facilitar o processo de
doação de órgãos e tecidos para
transplantes.
O workshop teve, ainda, a
proposta de contribuir para a
redução da fila de pacientes que
aguardam pelo transplante de
um órgão ou tecido no Espírito
Santo. O evento, organizado
pela Comissão Intra-Hospitalar
de Doação de Órgãos e Tecidos
para Transplantes (CIHDOTT)
do Vitória Apart Hospital, reuniu
médicos, enfermeiros, técnicos
em Enfermagem, assistentes sociais, psicólogos, estudantes e
demais profissionais da área da
saúde.
A programação foi marcada por
12 palestras, com a participação
de médicos da equipe do hospital
e de convidados. Entre os temas
abordados estão a situação dos
transplantes no Espírito Santo,
a atuação da equipe multidisciplinar na captação de múltiplos
órgãos e a busca ativa para identificação de potenciais doadores.
VITÓRIA APART PROGRESS
A implantação do Acolhimento com
Classificação de Risco no prontosocorro do Vitória Apart Hospital tem
contribuído para a organização, a
agilidade e a melhoria da assistência
médica prestada aos pacientes. A
nova forma de atendimento teve
início no dia 2 de fevereiro e prioriza
os casos de urgência e emergência.
O acolhimento ao paciente segue
as recomendações do Protocolo de
Manchester, modelo adotado pelos
grandes centros de saúde do Brasil e
do mundo. O paciente é identificado
com pulseiras coloridas, de acordo
com a gravidade do quadro clínico,
utilizando uma escala de cinco cores:
vermelho, laranja, amarelo, verde e
azul. O paciente que se enquadra na
cor vermelha precisa de atendimento
médico imediato, enquanto que a
cor azul indica uma situação de nãourgência (queixa ambulatorial).
Melhorias também estão sendo feitas
no pronto-socorro infantil. Agora, o
atendimento é feito por dois médicos
pediatras durante 24 horas. O reforço
contribui para agilizar e melhorar a
qualidade do atendimento médico às
crianças.
Estudantes participam de curso sobre pronto-socorro
O Vitória Apart Hospital iniciou um curso que orienta os acadêmicos de
Medicina e outros profissionais da instituição para o atendimento de urgência no
pronto-socorro. O programa teórico é formado por 16 módulos e os encontros
acontecem a cada 15 dias, no auditório do hospital. Os treinamentos começaram
em maio deste ano e seguem até o mês de dezembro. Todas as vagas já foram
preenchidas. Entre os temas a serem abordados estão dor torácica, asma na
infância, atendimento em catástrofes e cólica renal.
Seminário aborda controle de infecções
Médicos, enfermeiros, assistentes
sociais, estudantes universitários
e outros profissionais da área da
saúde participaram do ciclo de palestras do 1º Seminário em Controle
de Infecção Relacionado à Assistência à Saúde, realizado no auditório
do Vitória Apart Hospital. O evento
aconteceu nos dias 17 e 18 de maio,
numa iniciativa da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH)
do Vitória Apart Hospital.
como a importância de cirurgias seguras, o uso de antibióticos, a prevenção da pneumonia, a limpeza e desinfecção de áreas e a higienização das
mãos.
As palestras abordaram diversas
questões ligadas ao tema central,
31
Chegar bem é aqui.
Nascimento de gêmeos, só na Perinatal.
Gravidez de gêmeos muda tudo. Muda a família e muda também o jeito de ver a vida. Mas tem uma coisa que é sempre
igual: a certeza de que existe o lugar certo para o nascimento dos bebês. A Perinatal é especialista em gestações múltiplas,
com os melhores e mais modernos equipamentos, um centro obstétrico integrado à UTI neonatal e todo o cuidado que
mamães e bebês precisam. A equipe é transdisciplinar, com especialistas em todas as áreas. Reuniões particulares ajudam
os pais durante a gravidez e, depois do nascimento, as mães podem solicitar o serviço SOS Mamãe, para auxiliar nos
primeiros dias após o parto. No meio de tudo que vai ficar diferente, uma coisa é certa. Na Perinatal, todo mundo fica bem.
BR 101 N, s/n°, KM 02 - Carapina - Serra - ES • Tel.: 27 3201 5555 • www.perinatalvitoria.com.br
Download