Tumores da Laringe

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Diogo Araujo – Med 92
Tumores da Laringe
Professor André
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É o segundo tumor mais frequente na área de Cabeça e Pescoço.
É mais comum em homens (porque eles fumam mais).
É mais comum a partir de 50-60 anos.
O tipo histológico mais comum é o carcinoma espinocelular (85 a 95%). Os outros tipos
(como adenocarcinoma, sarcoma, etc) são mais raros.
O cigarro é o principal fator de risco. Ele tem efeito sinérgico com o álcool.
São outros fatores de risco:
o HPV: geralmente resulta em lesões benignas, mas que podem se malignizar em
3 a 7% dos casos (principalmente nos sorotipos 16 ou 18).
o Chimarrão
o Asbesto
o Níquel
o Irradiação na região cervical
o DRGE (possível fator de risco)
Fases de iniciação, promoção e formação de lesão pré-neoplásica. Depois, forma-se o
carcinoma in situ.
A laringe é dividida em compartimentos.
o Os tumores supraglóticos se disseminam para a região periglótica. Ela tem
grande rede de vasos linfáticos. O tumor, então, tem maior chance de
metástase.
o Já os tumores infraglóticos se disseminam para a membrana cricotireoide.
Também têm grande rede de vasos linfáticos. Também têm alta chance de
metástase.
o Os tumores glóticos têm pouca drenagem, de modo que a chance de metástase
é baixa. Os pacientes logo se apresentam com sintomas como disfonia ou
pigarro.
A drenagem se dá para as cadeias de linfonodos jugulocarotídeos (anterior à borda do
esternocleidomastoideo). Muitas vezes, essas metástases são assintomáticas.
As lesões pré-malignas da laringe são as leucoplasias e as eritroplasias. São fases em que
podemos ainda salvar o paciente. 90% dos tumores de laringe vêm de lesões préneoplásicas.
Se o paciente tem sintomas sugestivos de CA de laringe e pertence ao grupo de risco,
ele deve ser encaminhado para a ORL.
A classificação da OMS (ou de Kleinsasser) se baseia nas displasias.
o Grau I (displasia de baixo grau)
o Grau II (displasia de alto grau)
o Grau III (carcinoma in situ)
Geralmente, para as lesões pré-neoplásicas, podemos fazer tratamento clínico e
acompanhar para ver a evolução.
o Suspensão do tabagismo e do etilismo;
Diogo Araujo – Med 92
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o Videolaringoscopia a cada 3 – 4 semanas;
o Tratar DRGE (com IBP);
o Medicamentos antioxidantes (como vitaminas A e E);
o Uso de corticosteroides inalatórios.
As eritroplasias (maior risco!) e as leucoplasias são as lesões pré-neoplásicas mais
comuns.
Quem decide se faz ou não biópsia da lesão é o ORL.
Quando o paciente não melhora com o tratamento clínico, precisamos fazer a biópsia
excisional. Remover só o necessário, mantendo alinhada a borda livre da prega vocal
(manter simetria).
Quando é carcinoma in situ, a conduta é cirúrgica! Mas, nesse caso, ainda conseguimos
fazer cirurgias pequenas, biópsias excisionais, e preservar grande parte das pregas
vocais e da laringe.
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Quadro clínico:
o Nos tumores supraglóticos:
 Pacientes se queixam de metástase cervical, pigarro, sensação de corpo
estranho. São tumores que sangram. Então, o paciente pode apresentar
hemoptise ou engasgos.
o Nos tumores glóticos:
 Principal sintoma é rouquidão.
o Nos tumores infraglóticos:
 Os pacientes se queixam de dor, odinofagia, disfagia, hemoptise.
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O paciente também pode referir uma otalgia (por reflexo; o ouvido está normal).
É muito frequente nos tumores da cabeça e pescoço que haja um outro tumor primário
da cabeça e pescoço (boca, faringe, esôfago proximal). Por isso, toda vez que vamos
examinar um paciente com suspeita de tumor de laringe, devemos examinar todo o
restante da cabeça também (pescoço, boca, lábios, rinofaringe, etc). E pedir EDA.
O índice de metástase oculta é muito grande. É aquela metástase que não aparece no
exame clínico.
o Na maior parte das vezes, o que mata o paciente é a metástase cervical (e não
o tumor de laringe em si).
São outros sintomas importantes:
o Estridor laríngeo;
o Tiragens (por obstrução respiratória);
o Perda da crepitação da cartilagem tireoide à movimentação manual.
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O clínico geral pode usar um espelho laríngeo (espelho de Garcia) para fazer uma
laringoscopia indireta.
A laringoscopia pode ser flexível ou rígida. É um bom método de visualização.
Microlaringoscopia de suspensão ou microcirurgia de laringe é o método de escolha
para biópsia das lesões de laringe. É feito com o paciente sob anestesia geral.
Como exames de imagem, podemos usar a TC com contraste para avaliação de invasão
tumoral pré-epiglótica ou paraglótica. Mas é ruim para ver cartilagem. A RM em T2 é
mais sensível e específica que a TC.
Diogo Araujo – Med 92
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Nos estádios mais avançados do que o carcinoma in situ, em geral, a conduta é cirúrgica.
Mas tem algumas observações:
o Em tumores T1a, podemos fazer só radioterapia.
o Naqueles de T1b a T2, podemos fazer a ressecção local (com uso de laser).
o Nos tumores de T3 a T4: faz-se a retirada de grande parte do órgão com
esvaziamento cervical e quimioterapia e/ou radioterapia posterior.
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Existem também alguns protocolos em que há preservação do órgão, em que se faz
quimio e radioterapia sem retirar a laringe. Mas a taxa de recidiva é alta. Se a lesão volta,
deve-se fazer obrigatoriamente a ressecção cirúrgica.
o Talvez tenha sido essa a estratégia usada no tratamento do Lula.
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Às vezes, ao retirar a laringe, não sobra laringofaringe suficiente para conectar o esôfago
com a boca. Então, esses pacientes têm de passar por gastrostomia para se alimentar
para o resto da vida.
Depois da cirurgia, temos de fazer a reabilitação vocal (porque, sem laringe ou parte
dela, como o paciente vai falar?). São opções:
o Voz esofageana (paciente deglute o ar e o faz voltar emitindo som; ensinada
pela fonoaudiologia);
o Uso de eletrolaringe (aparelho emite fala através das vibrações do pescoço);
o Fístula traqueoesofageana (cria-se essa fístula artificialmente para que, ao
tampar o orifício da traqueostomia, o ar passe para o esôfago e o paciente
produza a voz esofageana mais facilmente).
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