O mês de abril foi marcado por uma desaceleração

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Abril 13  n 048
CARTA DO GESTOR
O mês de abril foi marcado por uma desaceleração coordenada das
principais economias do globo. Na Europa os dados mais recentes mostraram que a recessão
ainda não terminou, postergando novamente as expectativas do mercado de uma recuperação da atividade.
Cabe destacar os dados mais fracos na Alemanha, principalmente os indicadores de confiança da indústria,
demostrando que a desaceleração não é só nas economias periféricas, mas também nas economias centrais
da Zona do Euro. Os dados de inflação também surpreenderam para baixo, o índice de preços ao consumidor
desacelerou de 1,7% para 1,2% no acumulado 12 meses até abril, abrindo caminho, mais uma vez, para as
medidas de estímulos do Banco Central Europeu. A economia chinesa também apresentou indicadores mais
amenos no mês de abril. A taxa de crescimento do PIB no primeiro trimestre ficou em 7,7% YoY, abaixo das
projeções do mercado de 8%. Apesar da surpresa negativa o Governo se mostrou confortável com o ritmo
moderado de crescimento da atividade, sinalizando que não adotará medidas adicionais de estímulo
econômico. Tal sinalização provocou revisões para baixo nas projeções de crescimento para este ano, que
agora estão mais próximas do objetivo do Governo de 7,5%, ante a 8% no início do ano.
Outra economia que começou o segundo trimestre do ano com dados mais fracos foi a americana. No caso
dos EUA a desaceleração foi generalizada, praticamente em todos os setores da economia. Parte dessa
desaceleração pode ser explicada pelo aperto fiscal provocado pelo corte automático de gastos do Governo
Federal. Além dos dados mais fracos de atividade tivemos também dados mais brandos de inflação. A
conjugação de atividade mais fraca e inflação mais baixa fizeram com que o mercado adiasse por mais tempo
a possibilidade de redução das compras mensais de ativos realizadas pelo Banco Central Americano (FED), que
tem por objetivo reduzir a curva longa de juros. Ao nosso ver, apenas uma melhora substancial de criação de
postos de trabalho, aliada a uma perspectiva positiva para a atividade, levaria o Fed a reduzir o ritmo das
compras de ativos, por ora acreditamos que até final do ano o Banco Central Americano irá manter o atual
nível de acomodação monetária.
Mesmo com esses sinais de arrefecimento global, as bolsas de valores apresentaram boa performance no
mês, refletindo as sinalizações dos principais bancos centrais de medidas adicionais de acomodação
monetária, como no caso do Japão e da Europa, ou mesmo uma postergação da retirada parcial dos estímulos
quantitativos do FED. Nos EUA o SPX avançou 1,8% e na Europa o Euro Stoxx 50 registrou alta de 3,4%, ambos
em moeda local. A bolsa brasileira (IBX) também fechou o mês no positivo com uma valorização de 0,78%.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (COPOM) elevou a taxa de juros em 25bps para 7,5% a.a. A decisão
não foi unânime, dois membros votaram pela manutenção da SELIC em 7,25%. Para esses membros está em
curso uma reavaliação do crescimento global e esse processo, a depender de sua intensidade e duração,
poderá ter repercussões favoráveis sobre a dinâmica de preços domésticos. Contudo, é do julgamento de
todos os membros a necessidade de uma ação de política monetária para reduzir os riscos para o cenário
prospectivo de inflação, o que nos leva a concluir que a discordância maior foi com relação à quando iniciar o
ajuste e não sobre a necessidade do mesmo. Dentro desse contexto, acreditamos que o Banco Central dará
continuidade ao processo de ajuste da taxa básica de juros, mas deverá fazê-lo com cautela, para assim
refletir a preocupação com o cenário externo e com o ritmo moderado da recuperação econômica.
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