Secreção primária ou acinar (isotônica)

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Fisiopato, Profª. Elaine
Sara Raoux
SECREÇÕES SALIVAR E GÁSTRICA

Secreção de substâncias orgânicas (enzimas) ao longo de todo trato, exceto esôfago. Estas
são liberadas em sua forma inativa, sendo ativadas por determinadas substâncias;

Há secreção de íons e água e muco, com propriedade lubrificante e protetora (sempre que
houver desequilíbrio desses mecanismos de proteção, haverá lesão, que será,
basicamente, a úlcera);

Há 5 tipos de suco digestivo ao longo do trato gastrointestinal: salivar, gástrico,
pancreático, biliar e entérico. Nesta aula, serão abordados os dois primeiros;

Principais funções do trato gastrointestinal: função digestiva e de barreira seletiva de
proteção contra o meio externo. Uma destas barreiras é o pH ácido;

O trato gastrointestinal é controlado tanto pelo sistema
nervoso quanto pelo sistema hormonal. Possui
um Sistema Nervoso próprio, o Sistema Nervoso
Entérico, que é dividido em dois plexos
nervosos (neurônios locais):
Plexo mioentérico, ligado à camada
muscular e responsável pela peristalse;
Plexo submucoso, mais sensível ao pH e
à presença de alimento (ex.: a chegada de PTN
no estômago, que leva à liberação de HCl).
–
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Sistema Nervoso Autônomo:
– SN Parassimpático: Acetilcolina; Estímulo da função do trato gastrointestinal.
– SN Simpático: Adrenalina e noradrenalina; Inibição da função do trato gastrointestinal
OBS.: Vagotomia: corte do n. vago, representante do SN parassimpático.

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Principais tipos de interações para regulação:
Regulação Parácrina ou Neurócrina (Neural) – Mediadores com função local;
Regulação Endócrina - Passa pela corrente sanguínea para chegar à célula-alvo.

Principais Reguladores:
• Endócrinos: Gastrina, Colecistocinina (CCK), Secretina, GIP (peptídeo inibitório gástrico
e motilina.
• Parácrinos (locais): Histamina e Somatostatina.
•
Neurócrinos (também locais): ACh, VIP (peptídeo intestinal vasoativo), GRP ( peptídeo
liberador de gastrina), Substância P e encefalinas.
GLÂNDULAS SALIVARES:
 Parótidas – Secreção Serosa (principalmente de enzimas); liberam secreção em resposta à
presença de alimento;
 Submandibulares – Secreção mista (Serosa e mucosa, ou seja, com secreção de enzimas e
de muco), sendo que a secreção serosa é predominante; Liberam substância
continuamente, sendo responsável pela umidificação da boca (maior parte do fluxo salivar
basal);
 Sublinguais – Secreção predominantemente mucosa; liberam secreção em resposta à
presença de alimentos.
-Secreção serosa: -amilase – digestão de amidos
-Secreção mucosa: mucina – lubrificação e proteção

Muco:
Propriedade lubrificante e protetora;
– Composição: água, eletrólitos e glicoproteínas.
– Funções:
- Propriedade adesiva e deslizante;
- Impede contato das partículas alimentares com a mucosa;
- Resistente a digestão enzimática;
- As glicoproteínas do muco têm propriedades anfóteras (tamponam tanto ácidos
quanto bases fracas);
- Quantidades moderadas de bicarbonato (tamponamento de ácido).

Enzimas Salivares:
– -amilase salivar (ptialina): endoamilase – hidrolisa ligações [1-4]-glicosídicas
no interior da cadeia de polissacarídeos. O pH ótimo de ação é 7.
Resultado da hidrolise dos polissacarídeos:
Ligações - [1-4]: maltose (dissacarídeo) e maltotriose (trissacarídeos).
– Lipase lingual (lipases ácidas ou pré-duodenais): secretadas pelas glândulas de
Von Ebner da língua. Hidrolisa triglicerídeos em ácidos graxos livres e monoacilgliceróis
(ativa apenas em neonatos, durante a lactação).

Funções da Saliva:
– Lubrificação: Mucina (N-acetil-glicosamina) – lubrifica o bolo alimentar, protege a
cavidade oral contra ação mecânica dos alimentos e facilita o processo de deglutição;
– Gustação: A solubilização dos alimentos estimula as papilas gustativas;
– Regulação da Temperatura dos Alimentos: A diluição dos alimentos resfria ou aquece
de acordo com a temperatura corporal;
– Limpeza: O fluxo da saliva ajuda a remover as bactérias e alimentos que sobram entre
os dentes;
– Fonação: Umedecimento da cavidade oral facilita a fonação;
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
Ação Tamponante: Neutraliza o ácido dos alimentos e os resultante da fermentação
bacteriana dos resíduos alimentares;
Ação Bactericida: Pela presença de lisozima, proteína ligadora de IgA;
Ação Bacteriostática Presença de lactoferrina;
Fator de Crescimento Epidermal: Cicatrização de feridas;
Ação Antimicrobiana: Proteínas ricas em prolina que interagem com o Ca2+ e com a
hidroxiapatita – manutenção e integridade dos dentes;
Incorporação de Flúor e Fosfato aos dentes: Concentração de íons captados do sangue.
Formação e Secreção da Saliva por uma Glândula Salivar:
OBS.: Quanto maior o fluxo salivar, menor será a concentração de íons na saliva. Isso ocorre
porque a absorção de íons, como mostrado no esquema, ocorre ao longo do ducto.

Principais Estimuladores e Inibidores da Salivação:
– Ácidos (+);
– Objetos lisos (+);
– Objetos ásperos (-);
– Cheiro dos alimentos favoritos (+);
– Cheiro de Alimentos desagradáveis (-).
OBS.: Em condições normais a produção de saliva é de 1500 a 1800 ml/dia.

Inervação das Glândulas Salivares:
– Eferente:
- Sistema nervoso parassimpático (acetilcolina);
- Sistema nervoso simpático (noradrenalina).
– Aferente sensorial:
- Percorre os nervos autonômicos (ativados por inflamação ou trauma da glândula
(parotidite aguda – vírus da caxumba).
–
Estimulação simpática: provoca um leve aumento da secreção salivar inicialmente, mas
em contrapartida, causa a vasoconstricção dos vasos que irrigam a glândula, o que
–
conseqüentemente diminui o fluxo de sangue pela glândula e a filtração de sangue,
com isso tem-se menos liquido extracelular com conseguinte diminuição da secreção
salivar. (Em situações de medo e estresse, há, portanto, uma diminuição na secreção
salivar, uma xerostomia).
Estimulação parassimpática: libera acetilcolina sobre a glândula onde existem
receptores muscarínicos, o que ativa a glândula causando aumento da secreção salivar
por meio da vasodilatação.
 A regulação da secreção salivar é exclusivamente nervosa (SNA).
 A secreção salivar é contínua, sendo regulada exclusivamente por mecanismos reflexos
(regulação nervosa).
 As glândulas salivares são controladas
principalmente por sinais nervosos
parassimpáticos, proveniente dos núcleos
salivares do córtex cerebral.
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Secreção Salivar:
*NA = Noradrenalina
*ACh= Acetilcolina
*M = Receptor Muscarínico

Patologias das Glândulas Salivares:
– Parotidite (Caxumba): Infecção pelo paramyxovirus; é a inflamação da parótida;
– Inflamação das glândulas salivares: Muito comum no HIV;
– Síndrome de Sjögren: Doença autoimune com destruição glândulas salivares (e
lacrimais); Xerostomia (boca seca), diminuição do paladar, dificuldade na mastigação,
deglutição e fala, ulcerações na boca (diminuição de fatores de proteção, cáries.
OBS: Xerostomia: pode ocorrer também por neuropatia congênita ou por lesão de
nervos cranianos – ausência crônica de secreção salivar –, lesões nas mucosas
oral e esofágica e cáries dentárias.
SECREÇÃO GÁSTRICA:
 Estímulo SNC:
– Estimulação simpática:  os movimentos e secreções gástricas.
– Estimulação vagal: os movimentos e secreções gástricas.
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Fisiologia:
Local de formação do quimo  caracterizado pela mistura semilíquida dos
alimentos com as secreções das glândulas gástricas – suco digestivo.
O quimo é direcionado para o duodeno levando ao esvaziamento gástrico
(abertura do piloro).
A velocidade do esvaziamento gástrico depende das propriedades físicas e
químicas do quimo (divisão das partículas, volume, pressão osmótica,
temperatura, consistência e composição).
Funções:
Reservatório de transferência controlada de quimo para o intestino delgado.
Trituração do bolo alimentar, com redução do tamanho das partículas.
Função digestiva pela hidrólise de proteínas (pepsina)
A secreção de HCl acidifica o quimo, ajustando o pH ótimo para a ação da
protease.
Produção do fator intrínseco (uma glico-proteína de 55kDa) indispensável
para a absorção da vitamina B12 (absorvida no intestino, porção íleoterminal).
OBS.: Ressecção do íleo: Torna-se necessária administração intra-muscular de
Vit. B12. Em casos de gastrectomia, essa reposição também é necessária.
 Secreções:
– Glândulas Oxínticas: HCl, pepsinogênio e Fator intrínseco.
– Glândulas Mucosas Pilóricas: muco, pepsinogênio e gastrina.
 Principais Estimuladores da Secreção Gástrica:
– Acetilcolina: Estimula todos os tipos de células gástricas secretoras
(pepsinogênio, HCl, muco e gastrina).
– Gastrina: HCl.
– Histamina: Age como um co-fator necessário para estimular a secreção de
ácido (HCl) pelas células parietais.
OBS.: A lípase gástrica não é tão importante, não sendo necessária para a
degradação de lipídios, que é feita, majoritariamente, no duodeno, onde
desemboca o suco pancreático e o biliar.

Produção de HCl:
As células parietais, produtoras de HCl, têm uma bomba de prótons, que faz
simporte de H+ e K+ e liberação de Cl-. O HCl é formado no lúmen da célula (se
fosse formado em seu interior, a célula sofreria auto-digestão.
O omeprazol inibe a bomba, reduzindo a formação de HCl.
Como a gastrina, histamina e acetilcolina estimulam essa célula, a administração
de anti-histamínicos também reduziria a sua ação. A vagotomia também seria uma
alternativa, pois acabaria com a estimulação pela acetilcolina.
GLÂNDULA
OXÍNTICA
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Regulação da Secreção:
OBS.: Acetilcolina, gastrina e somatostatina são os principais controladores e agem
nas células principais.
 Fases da Digestão:
– Fase Cefálica: enquanto estamos pensando no alimento, ou sentimos o
cheiro. Ocorre estimulação vagal com liberação de ACh, que vai estimular a
liberação de HCl (cerca de 20% do total que se libera até o final da digestão).
–
Fase Gástrica: Ocorre quando o alimento chega ao estômago. Há também
aumento de ACh, gastrina (pelas células G) e histamina, ocorrendo grande
liberação de HCL.
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Fase Intestinal: São os fatores contra-reguladores. Liberação de peptídeo
intestinal, neutralizando o quimo e diminuindo a função gástrica (motilidade e
liberação); somente 5% da secreção de HCl ocorre nessa fase, como resultado
dessa inibição.
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