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Reabilitação de Manguito Rotador – Revisão Literária
Adrianny da Silva Queiroz1
[email protected]
Filipe da Silva Batista de Oliveira2
Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapias manuais – Faculdade Cambury
Resumo
O presente artigo tem por objetivo observar os aspectos fisiológicos e biomecânicos da lesão
do manguito rotador, também conhecida como síndrome do impacto, para assim poder
abordarmos a melhor forma de reabilitação dessa lesão, que é comum em atletas e
trabalhadores que fazem movimento rotacionais acima da cabeça.
Observou-se uma grande variedade de causas da lesão, sendo assim de grande importância
uma anamnese detalhada para um melhor diagnostico da causa da lesão bem como para uma
melhor prescrição do tratamento a ser proposto ao paciente.
Foi realizada uma revisão bibliográfica nas bases de dados SCIELO, LILACS, BIREME,
PUBMED e GOOGLE ACADEMICO utilizando como termos de procura as palavras
Fisioterapia, Manguito Rotador e Reabilitação, bem como pesquisas em livros.
Palavras-chave: Reabilitação; Manguito Rotador; Síndrome do Impacto.
1. Introdução
O objetivo deste artigo é esclarecer ao leitor as formas de lesões do manguito rotador, assim
como as formas de tratamento, para tanto é necessário abordar os aspectos anatômicos do
complexo articular do ombro como um todo.
Dutton (2010), fala que a função primária do ombro é posicionar a mão no espaço, permitindo,
ao indivíduo interagir com o meio ambiente e executar as funções motoras finas.
Segundo Calais-Germain (1991), o ombro é um conjunto funcional que permite unir o membro
superior ao tórax.
As lesões do complexo do ombro são comuns em todas as populações. Os vários pares de força
que atuam para garantir o funcionamento apropriado da articulação escapuloumeral exigem
movimentos sincronizados de vários músculos. Qualquer disfunção destas estruturas pode levar
à função inapropriada do ombro e, portanto, a situações patológicas. A maior mobilidade
observada nesta articulação a torna mais susceptível também a lesões. A lesão dos músculos
das articulações do complexo do ombro frequentemente é acompanhada por dor e
comprometimento funcional (KONIN, 2006).
Hall (2009) descreve a lesão de manguito rotador como sendo comum entre trabalhadores e
atletas que têm de realizar movimentos forçados acima da cabeça, envolvendo tipicamente
abdução ou flexão e rotação medial.
A causa da compressão é multifatorial, envolvendo comprometimentos estruturais e mecânicos
(KISNER E COLBY, 2005).
Segundo James et al (2000), a maioria das lesões de ombro pode ser classificada como
microtraumática ou resultante de um mecanismo de uso execessivo (overuse).
A prevalência de dor no ombro é elevada, atingindo 16% da população, em geral; 21% da
geriátrica, e 43%, dos utentes com patologia reumática (SANTOS ET al, 2011)
Dentre as lesões do ombro que provocam dor e impotência funcional, a síndrome de impacto
do manguito rotador se destaca Neer (1972), citado por Boeck ET al (2012).
Pós-graduanda em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapias manuais – Faculdade Ávila
Orientador – Fisioterapeuta – Pós-graduado em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em terapias manuais –
Faculdade Ávila
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2. Aspectos fisiológicos do complexo articular do ombro
2.1 Função
Calais-Germain (1991), descreve que o complexo articular do ombro deve assegurar uma dupla
função:
- uma mobilização com grande amplitude do braço, à qual se acrescentam as do cotovelo e do
punho, permitindo movimentar a mão por um espaço muito grande;
- uma boa estabilidade no caso em que o membro superior necessitará de força (agarrar com
força, manejar objetos pesados, apoiar-se sobre as mãos, etc.).
James ET AL (2000), fala que a função primária do manguito rotador consiste em proporcionar
estabilização dinâmica e orientação para a cabeça do úmero.
2.1 Estruturas do complexo articular do ombro
O ombro é a articulação mais complexa do corpo humano, principalmente pelo fato de
compreender cinco articulações distintas: articulação glenoumeral, articulação
esternoclavicular, articulação acromioclavicular, articulação coracoclavicular e articulação
escapulotorácica (HALL, 2009).
2.2 Estrutura óssea
Apenas três ossos fazem parte dessa articulação Dutton (2010):
- Úmero
- Clavícula
- Escapula
Estrutura óssea do complexo articular do ombro
Fonte: Anatomia para o movimento, 1991.
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2.3 Estrutura articular
A região do ombro é formada por três articulações sinoviais – esternoclavicular,
acromioclavicular e glenoumeral - e uma articulação fisiológica, escapulotorácica (JAMES ET
AL, 2000).
3. Manguito Rotador
O manguito rotador é formado por quatro músculos que se originam na escápula e se inserem
nos tubérculos do úmero (supra-espinhoso, infra-espinhoso, redondo menor e subescapular).
Seus tendões tornam-se confluentes entre si e a cápsula articular quando se aproximam de suas
inserções. O Manguito Rotador trabalha como unidade combinada para estabilizar a cabeça do
úmero na cavidade glenóide; o adjetivo rotador poderia perfeitamente ser substituído por
compressor, provavelmente o componente mais importante entre as suas múltiplas funções
(ANDRADE ET al, 2004).
Os músculos do manguito rotador funcionam também comprimindo a articulação glenoumeral
e agem reduzindo ou controlando o cisalhamento vertical transmitido na direção da cabeça do
úmero (JAMES ET al, 2000).
As lesões crônicas do manguito rotador constituem a causa mais freqüente de sintomas
dolorosos localizados no ombro (NICOLETTI E ALBERTONI, 1993)
Silva (2010), fala que em nosso país, os principais esportes que causam esta lesão são o tênis e
o voleibol.
Os quatro musculos que compõem o manguito rotador.
Fonte: Biomecânica Básica, 2009.
Cavidade glenóide com suas estruturas circundantes
Fonte: Reabilitação Física das Lesões Desportivas, 2000.
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3.1 Estágios da Lesão
Neer (1983), citado por Kisner e Colby (2005) identificou lesões compressivas do manguito
rotador e da cabeça longa do bíceps em três estágios progressivos:
Estágio I - edema e hemorragia: ocorre tipicamente em pacientes menores de 25 anos.
Estágio II – fibrose e tendinite (a bolsa também pode ficar fibrotica e espessa): visto tipicamente
em pacientes com 25 a 40 anos.
Estágio III – esporões ósseos, lacerações do manguito rotador e ruptura do bíceps: visto
tipicamente em pessoas com mais de 40 anos.
Delisa (1992), citada por Soares (2003), descreve que o mecanismo de lesão relacionada a
esportes pode ser dividido em três categorias:
- De uso excessivo, o fator comum nas lesões por uso excessivo é a presença de microtraumas
repetitivos a uma estrutura anatômica em particular, forças friccionais, forças de tração e forças
de sobrecarga cíclica podem causar inflamação secundária de estruturas envolvidas, resultando
em dor e incapacidade;
- Mecanismo de lesão relacionada a esportes é o contato direto;
- Insuficiência de partes moles, uma contração muscular violenta única ou um esforço podem
lesar uma estrutura sem uso excessivo específico e sem qualquer contato.
Já Andrews e Meister (1993) citados por Andrews ET AL (2000), classificam as lesões do
manguito rotador em categorias com base na mecânica patológica:
- Doença compressiva primária do manguito (impacto, colisão, impingement).
- Síndrome do impacto posterior primário
- Sobrecarga elástica primária
- Sobrecarga traumática
- Doença compressiva secundária do manguito, instabilidade primária
- Falência elástica secundária, instabilidade primária
- Falência de espessura total do manguito.
3.2 Etiologia
Para o completo entendimento da patogênese e patologia da doença do Manguito Rotador,
devem ser estudados três fatores: primeiro, um imenso espectro de doenças englobadas pela
patologia. São elas: inflamação reversível do tendão, degeneração irreversível do tendão,
ruptura parcial do Manguito Rotador, tendinopatias calcificadas reversíveis, rupturas completas
do Manguito Rotador e doenças da articulação glenumeral relacionadas com a ruptura maciça
do Manguito Rotador. Este espectro de doenças pode entretanto não representar a continuidade
de uma mesma doença. Segundo, a apresentação clínica deste espectro de doenças é bastante
variável. Terceiro, há um amplo e variável número de agentes etiológicos relacionados com a
doença do Manguito Rotador. Estas síndromes são multifatoriais, não havendo um único fator
isolado capaz de explicar sozinho as doenças do Manguito Rotador. Acrescente-se a esses
fatores a complexidade e divergência das teorias que procuram explicar estas patologias e que
de dentro de sua lógica orientam o tratamento.(GUIMARÃES, 1995)
3.3 Mecanismos de Lesão
Dutton (2010), fala que um a série de mecanismo é reconhecida e inclui compressão, sobrecarga
de tensão e macrotrauma:
- Compressão: a compressão do manguito rotador pode ser primária, devido a uma redução na
estabilidade articular, ou secundária, causada pela redução na estabilidade articular. Ambos os
mecanismos resultam em trauma direto nesse músculo e sua consequente deterioração.
- Sobrecarga de tensão: ocorre quando o manguito rotador tenta resistir a adução horizontal,
rotação interna, translação anterior e forças de distração. Essas forças ocorrem normalmente
durante atividades como arremesso (a fase de desaceleração) e uso de martelo.
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- Macrotrauma: o macrotrauma e a ruptura subsequente do tendão ocorrem quando as forças
geradas pelo trauma excedem a força tênsil do tendão.
3.4 Sintomas
Hall (2009) descreve que os sintomas incluem hipermobilidade da cápsula anterior do ombro,
hipomobilidade da capsula posterior, rotação lateral excessiva associada à rotação medial
limitada do úmero e frouxidão ligamentar generalizada da articulação glenoumeral. Isso pode
resultar em inflamação do tendões e bolsas sinoviais subjacentes ou, em casos de maior
gravidade, na ruptura de um dos tendões do manguito rotador. Essa condição é acompanhada
de dor e hipersensibilidade nas regiões superior e anterior do ombro e, ocasionalmente, por
fraqueza associada do ombro. Os sintomas são agravados por movimentos rotacionais do
úmero, em particular aqueles que envolvem posicionamento acima do ombro e rotação medial.
3.4 Diagnostico
Nicoletti e Albertoni (1993) relatam que apesar de aceitos como válidos, os resultados do exame
físico baseado na execução das manobras para detecção do pinçamento subacromial e da lesão
do tendão do músculo supra-espinhal não têm recebido a atenção necessária, no sentido de
determinar seu valor, em termos de sensibilidade, especificidade e eficácia diagnóstica.
O diagnóstico dessa doença é obtido pela história clínica e exame físico, incluindo suas
manobras semiológicas específicas e mediante a infiltração de anestésicos locais no espaço
subacromial em casos de dúvida diagnóstica (testes específicos), Volpn ET al (1989) citado por
El-Kouba ET al (2010).
3.4 Laceração do Manguito rotador
Ciclo vicioso da degeneração do manguito que ocorre quando o problema não é tratado, sejam
quais forem os fatores etiologicos em sua lesão (JAMES et al, 2000).
Patogênese potencial do dano do manguito rotador.
Fonte: Reabilitação Física das Lesões Desportivas, 2000.
3.5 Tratamento
Não existe um tratamento uniforme para as lesões sintomáticas do manguito rotador. A
população acometida é muito variável e heterogênea, com faixas etárias, níveis de atividade,
expectativa, intensidade de sintomas e graus de incapacidade muito diferentes, A identificação
e a correção da causa ou das causas das lesões é muito importante (ANDRADE ET al, 2004).
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3.5.1 Tratamento conservador
Andrade ET al (2004) descreve em seu artigo sobre lesões do manguito rotador que o tratamento
conservador consiste na combinação das modalidades abaixo descritas:
Infiltração de corticosteróides – Atua diminuindo o processo inflamatório e, conseqüentemente,
a dor, facilitando assim a reabilitação. Os efeitos nocivos dessas substâncias são bem
conhecidos (atrofia e piora da qualidade tissular, que poderiam dificultar um eventual reparo
cirúrgico futuro) e, por isso, devem ser usadas com cautela, sendo recomendadas no máximo
três infiltrações, com um intervalo mínimo de três meses entre elas.
Anti-inflamatórios não-esteróides e ultra-som – Embora não existam estudos controlados
avaliando a eficácia dessas modalidades especificamente no tratamento das lesões do manguito
rotador, elas são amplamente utilizadas em todo o mundo. Atuam aumentando o fluxo
sanguíneo e diminuindo o processo inflamatório.
Fonoforese – Nesta modalidade o ultra-som é utilizado para a administração de medicamentos
esteróides ou não-esteróides por via transdérmica para evitar os seus efeitos colaterais
sistêmicos. É também amplamente utilizada, embora a sua eficácia não tenha sido ainda
definitivamente provada.
Cinesioterapia – É a parte mais importante do tratamento não-cirúrgico e é dividida em duas
fases: na 1a são instituídos os exercícios de alongamento com o objetivo de obter a recuperação
completa das amplitudes do movimento; a 2a fase constitui-se de exercícios de reforço para o
manguito rotador e os estabilizadores da escápula e, posteriormente, para o deltóide. Embora
alguns pacientes possam reabilitar-se com sucesso apenas com exercícios domiciliares, a
orientação e o acompanhamento de um fisioterapeuta parece que os beneficiam em sua grande
maioria.
3.5.2 Tratamento cirúrgico
Está indicado em casos de dor importante refratária ao tratamento não-cirúrgico prolongado.
As opções de tratamento incluem o desbridamento artroscópico, a artrodese, as artroplastias
contidas (reversas ou não), não-contidas e semicontidas, a hemi-artroplastia e a artroplastia de
ressecção. A hemi-artroplastia é o procedimento mais popular. Um tipo de artroplastia total
semicontida reversa vem sendo usada nos últimos anos, com resultados promissores em
pacientes acompanhados entre cinco e sete anos, segundo os estudos de Andrade ET al (2004).
3.5.3 Indicações para cirurgia
Kisner e Colby (2005) descrevem como indicação cirúrgica:
- Lacerações parciais ou completas dos tendões do manguito rotador como resultado de
microtraumas repetitivos e compressão crônica, que levam a alterações degenerativas
irreversíveis no tecidos moles.
- Ruptura traumática aguda (rupturas completas evidentes) do tendões do manguito rotador
geralmente combinada com avulsão do tubérculo maior, dano labial ou luxação aguda da
articulação glenoumeral em indivíduos sem historia conhecida de lesão do manguito rotador.
3.6 Reabilitação
Independentemente da etiologia, o tratamento preferencial para a dor no ombro é a fisioterapia.
Verifica-se que 79% dos médicos encaminham os seus utentes com queixas de dor no ombro
para a fisioterapia10. Tem-se o objectivo de reduzir a dor e de melhorar a função, melhorando
a biomecânica e padrões de movimento do complexo articular do ombro9. O tratamento pode
incluir diversas técnicas e procedimentos, tais como electroterapia, massagem, exercícios,
mobilização e manipulação, sendo a mobilização passiva uma das mais frequentemente utilizadas (SANTOS ET al, 2011).
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Soares (2003) fala em seu estudo que a meta da reabilitação é restaurar um estado ótimo de
saúde e função até seu potencial máximo.
Os exercicios de reabilitação que se concentram na musculatura do manguito rotador são
essenciais após qualquer lesão do ombro, mas são particulamente importantes para atletas que
realizam aremessos. A reabilitação do ombro deve concentrar-se em aumentar a estabilidade
dinamica, principalmente a do manguito rotador, por causa da natureza relativamente fraca das
contenções estáticas ao redor da articulação glenoumeral (JAMES et al, 2000).
Ao estabelecer um programa de exercícios fisioterapeuticos para comprometimentos da função
da região do ombro, como para qualquer outra região do corpo, é preciso considerar as
caracteristicas anatômicas e cinesiologicas próprias, assim como o estado da patologia e as
limitações funcionais impostas pelos comprometimentos.
3.6.1 Reabilitação não-operatória
3.6.1.1 Fase I: Fase aguda
Objetivos
- Reduzir a dor e inflamação
- Normalizar ou aprimorar o movimento e a flaxibilidade
- Retardar a atrofia muscular
- Aprimorar a estabilidade dinâmica
3.6.1.2 Fase II: Fase intermediária
Objetivos
- Aprimorar força e endurance musculares
- Manter ou aprimorar a flexibilidade
- Promover o treinamento muscular concêntrico e excêntrico
- Manter a estabilização dinâmica
3.6.1.3 Fase III: Fase avançada
Objetivos
- Iniciar treinamento especifico para cada desporto (no caso de atletas)
- Aprimorar potência e velocidade (pliometria)
- Manter o programa de fortalecimento do manguito rotador
- Aprimorar a endurance muscular
3.6.1.1 Fase IV: Reinicio a atividade
Objetivos
- Reiniciar as atividades desportivas
- Manter os aprimoramentos de força, potência, endurance e flexibilidade (JAMES ET AL,
2000).
3.7 Fisioterapia e lesões de ombro
Visando à redução de lesões, a Fisioterapia deve-se utilizar da prática da prevenção como regra
e não como exceção. Técnicas específicas de prevenção de lesões poderão levar os atletas
amadores a desenvolver-se melhor nos treinos e competições (SOARES, 2003).
O fisioterapeuta inserido no mercado de trabalho do meio esportivo busca sempre a melhor
performance dos atletas. (SCHWARTZMANN ET al, 2005).
Castro (2009), fala em seu artigo sobre dignostico e tratamento da sindrome do impacto do
ombro que em estudo recente do Departamento de Ortopedia da Clínica de Cleveland USA,
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afirma que a fisioterapia é a terapêutica principal e mais importante para o tratamento da
síndrome do impacto do ombro.
Walther ET AL (2004), citado por Castro (2009) concluiu que todos os pacientes apresentaram
melhora da dor, tratados apenas com terapia convencional e auto-treinamento.
As lesões de manguito rotador podem ser complicadas de tratar em esportistas, principalmente
quando atendemos tenistas profissionais ou amadores que jogam regularmente. Em muitas
vezes, o quadro doloroso não corresponde ao que os exames de imagem dizem sobre a lesão
anatômica e, vez por outra, deparamo-nos com tenistas com rupturas completas de um tendão
(supraespinal, por exemplo) que conseguem jogar normalmente, com praticamente nenhuma
dor relatada – este dado é especialmente importante de ser lembrado na população acima de 50
anos de idade, na qual podemos ter um bom resultado no tratamento fisioterápico mesmo
quando estamos tratando uma ruptura completa de um único tendão do manguito rotador
(SILVA, 2010).
Andrade ET al (2004), fala que não existe um tratamento uniforme para as lesões sintomáticas
do manguito rotador. A população acometida é muito variável e heterogênea, com faixas etárias,
níveis de atividade, expectativa, intensidade de sintomas e graus de incapacidade muito
diferentes, a identificação e a correção da causa ou das causas das lesões é muito importante.
Os exercícios terapêuticos para o ombro devem enfatizar força, endurance e estabilidade
dinâmica. Uma ampla variedade de aparelhos e técnicas pode ser usada para alcançar objetivos
específicos (JAMES ET AL, 2000).
3.8 Fatores que influenciam a progressão da reabilitação após o reparo do manguito
rotador.
Kisner e Colby (2005) relatam:
Fatores
Impacto na Reabilitação
- Surgimento da lesão
- Compressão crônica e deficiência não-traumática do
manguito → progressão mais lenta do que após uma lesão
traumática aguda.
- Tamanho e localização da - Lacerações maiores com mais estruturas envolvidas e
laceração
probabilidade de cirurgia mais extensa → progressão mais
lenta.
- Patologias associadas, como - Patologias associadas geralmente prolongam o período de
instabilidade glenoumeral ou imobilização → progressão mais lenta dos exercícios ou
fratura
necessidade de precauções adicionais.
- Força pré-operatótia e - Fraqueza e atrofia preexistentes dos estabilizadores
mobilidade de ombro
dinâmicos ou mobilidade passiva e ativa limitada do ombro
→ progressão pós-operatória mais lenta.
- Saúde geral do paciente
- Paciente com saúde precária; história de tabagismo; historia
de doença inflamatória → progressão mais lenta.
- História de injeção de - Comprometimento da qualidade do osso e do tecido
esteroides ou cirurgia do tendinoso, o que afeta a segurança do reparo (fixação) →
manguito que tenha falhado
progressão mais lenta.
- Nível de atividades antes da - Objetivo fisioterapêutico com alto grau de exigência requer
lesão
e
objetivos um treinamento pós-operatório mais extenso e avançado
fisioterapêuticos
pós- devido ao risco mais elevado de nova lesão.
operatórios
- Idade do paciente
- Um paciente mais velho que tenha um surgimento insidioso
(crônico) pode ate ter alterações articulares → progressão
mais lenta.
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- Tipo de Abordagem
- Abordagem aberta tradicional (com desinserção do deltoide
e reparo) → progressão um pouco mais lenta do que após um
reparo artroscópico ou assistido artroscopicamente
(miniaberto/divisão do deltoide).
- Tipo de reparo
- De tendão para tendão → progressão mais lenta do que de
tendão para osso.
- Mobilidade (sem tensão - Quando a mobilidade é inadequada → duração mais longa
excessiva com o braço ao do exercício dentro de uma amplitude de movimento
lado do corpo) e integridade protegida durante a reabilitação inicial.
do reparo
- Cooperação do paciente ao - Falta de cooperação (fazer demais ou de menos) pode afetar
programa
o resultado.
- Filosofia, aptidão e - Tudo isso tem um impacto que pode retardar ou acelerar a
treinamento do cirurgião
progressão.
Segundo Veado e Flora (1994), o êxito no tratamento de procedimentos cirúrgicos de ombro
deve-se a quatro princípios básicos:
- escolha cuidadosa do paciente, que deve estar bastante motivado e cooperativo;
- esclarecimentos ao paciente, pela equipe interdisciplinar, quanto ao seu prognostico e tempo
de reabilitação;
- técnica apurada, entrosamento entre o cirurgião e o fisioterapeuta e um inicio precoce do
processo de reabilitação;
- reavaliações constantes e a curtos períodos, pelo cirurgião.
4. Metodologia
Foi realizada uma revisão bibliografica atraves de pesquisa eletronica utilizando a base de dados
Scielo, Lilacs, Pubmed, Google Academico e Bireme, utilizando como termos para busca de
artigos as palavras: Fisioterapia, Manguito Rotador, Reabilitação assim como pesquisa em
livros.
Os criterios de inclusão foram artigos publicados entre janeiro de 1991 e janeiro de 2014.
5. Resultados e Discussão
Em sua revisão sistemática, Santos ET al (2011) teve como conclusão de que a mobilização
passiva aliada a outras terapias tem grande valia na diminuição da dor, melhoria da força e da
função.
Castro (2009), concluiu em seu estudo que a grande maioria dos casos é totalmente resolvida
pelo tratamento conservador que inclui os anti-inflamatórios não esteroidais , a fisioterapia e a
infiltração intracapsular com anestésico local e corticoide. Poucos casos necessitam do
tratamento cirúrgico, só sendo submetidos à cirurgia aqueles não resolvidos pelo tratamento
clínico e aqueles que apresentam ruptura total dos tendões do manguito rotatório.
O ombro está sujeito à rápida instalação de um quadro de rigidez e atrofia muscular no período
pós-operatório. É um complexo articular que precisa constantemente equilibrar duas forças
aparentemente incompatíveis: mobilidade e estabilidade (VEADO E FLORA, 1994). Sendo
assim necessária a intervenção fisioterapeutica o quanto antes, nos casos de cirurgia com
complexo articular do ombro.
Boeck ET al (2012) verificou em seu estudo que o grupo de intevenção tratado com um
programa de exercícios em Cadeia Cinética Fechada apresentou resultados mais expressivos
quanto ao ganho de mobilidade articular, funcionalidade, força e ativação muscular do
manguito rotador, em comparação ao programa de exercícios em Cadeia Cinética Aberta.
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O trabalho de Nicoletti e Albertoni (1993) permitiu comprovar que o exame físico é um
importante recurso para o diagnóstico das alterações que ocorrem no espaço subacromial, sendo
confiável, principalmente quando seus resultados são positivos.
Se não feitos de maneira adequada os testes ortopédicos para lesões perdem muito em
confiabilidade, sendo assim necessários exames complementares, que por sua vez podem ser
dispendiosos e que por vezes não estão acessíveis a população.
A ressonância nuclear magnética e a ultrassonografia se mostraram métodos confiáveis
apresentando elevada acurácia no diagnóstico das lesões do manguito rotador (EL-KOUBA ET
AL, 2010).
No estudo de Guimarães (1995), sobre a avaliação do tratamento conservador do pinçamento
subacromial e das lesões de manguito rotador, encontraram-se 80,1% de excelentes e bons
resultados ao final de um ano de tratamento e 75%, em dois anos, no grupo sem ruptura do
manguito rotador. No grupo com ruptura do manguito rotador, foram 42,9% e 21,5% ao final
de um e dois anos, respectivamente. A falta de adesão ao tratamento nas fases de exercícios e
manutenção podem ser responsáveis pelo baixo índice de resultados satisfatórios no grupo I e
no grupo II. Neste último grupo, deve-se levar em conta o pior prognóstico da lesão. O
abandono do tratamento parece ser problema comum em nosso meio, independente da origem
do paciente.
O que realmente ocorre e é visto em clinicas e centros de reabilitação, os pacientes ao
melhorarem um pouco sua patologia abandonam o tratamento sem ter a alta fisioterapeutica.
Baseados nos dados obtidos em seu trabalho, Guimarães (1995) tem receio de, no futuro,
indicarmos mais cirurgias que o necessário, porque percebemos que a adesão ao tratamento no
início é satisfatória, o que em tese seria suficiente para recolocar o paciente em suas atividades
habituais, com prognóstico a longo prazo melhor, porque tais reconstruções não se degeneram
habitualmente com o tempo.
Os riscos e benefícios do tratamento cirúrgico e não-cirúrgico devem ser considerados e
discutidos com o paciente. O tratamento conservador oferece a vantagem de evitar a cirurgia e
as suas complicações inerentes (infecção, lesões nervosas e do deltóide). Suas desvantagens:
possibilidade de recorrência dos sintomas e, mais importante, o agravamento da lesão e
alterações degenerativas crônicas (atrofia, degeneração gordurosa e retração dos tendões) que
poderiam complicar um eventual tratamento cirúrgico futuro e influenciar negativamente na
qualidade de seu resultado final. O tratamento cirúrgico oferece a possibilidade de alívio da dor
e, possivelmente, a prevenção de alterações crônicas (ANDRADE ET al, 2004).
6. Conclusão
Como conclusão, os dados presentes neste artigo confirmaram que o tratamento conservador
pode melhorar significativamente o quadro algico bem como inflamações e edemas, ajudando
tambem no ganho de flexibilidade, afetando positivamente o desempenho desde pessoas as ditas
normais ate atletas.
O tratamento após lesão de ombro ou cirúrgia deve ser baseado em medidas antalgicas e
antinflamátorias primariamente.
Deve ser feita uma anamnese detalhada para saber qual a real etiologia da patologia, como
vimos nos estudos aqui apresentados é muitifatorial a etiologia das lesões de manguito rotador
nos individuos.
Referências
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