História e Materialismo Histórico em Karl Marx e Friedrich Engels

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História e Materialismo Histórico em Karl Marx e Friedrich Engels*
VIII Colóquio Internacional Marx Engels
Autor: Francisco Amsterdan Duarte da Silva
Co-autores: Inácio José de Araújo da Costa e Willian Lincon Barbosa Ferreira
(Alunos do curso de Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Ceará UFC).
O conceito de História é um dos mais caros a Marx e Engels, e as
discussões, polêmicas e desenvolvimentos em torno desse tema
estão presentes em toda a literatura dos autores e da tradição
marxista como um todo. O que costuma ocorrer, no entanto, é uma
compreensão superficial do termo – pelo menos no que diz respeito ao
significado que lhe conferem os filósofos – devida em grande parte à
conceituação genérica de História como sucessão de eventos ou
desenvolvimentos políticos, culturais etc. das civilizações. Esta
compreensão “vulgar” é delegada a segundo plano por Marx e Engels
em nome de outra, ao seu ver, mais autêntica: a de História como
processo do desenvolvimento das forças produtivas humanas. É de
intenção do presente trabalho explorar um pouco o sentido e as
principais implicações dessa compreensão a partir da qual ganha
fundamento a noção (central na filosofia marxista-engeliana) de
Materialismo Histórico.
Se lançarmos um olhar atento a textos como A Ideologia Alemã (1846)
veremos um duplo rompimento que caracteriza o esforço para delinear
essa “história autêntica” do materialismo histórico: por um lado, a
crítica radical feita à tradição do idealismo alemão, notadamente sob a
figura maior de Georg W. F. Hegel; por outro lado, uma releitura da
historiografia clássica e do método historiográfico a fim de depurar os
pressupostos da História como disciplina científica(1). É a partir daí
que Marx e Engels elaboram uma visão propriamente materialista da
história. Em termos gerais, ela não consiste, em sentido filosófico, no
desdobramento mundano da ideia de liberdade, como o quer Hegel,
nem, a nível científico, na sucessão dos feitos individuais e dos
acontecimentos políticos e militares, como parece dispor a
historiografia clássica europeia. A história tem como pressuposto
fundamental o trabalho; é o desenvolvimento progressivo das forças
coletivas de produção material – isto envolve as ferramentas,
atividades, estruturas e sistemas de trabalho presentes nas
sociedades ao longo dos séculos por meio dos quais os homens
sobrevivem, desfrutam da natureza e estabelecem relações entre si.
Nesse sentido, dizer que a história é o desenvolvimento das forças
produtivas tem por consequência a asserção de que todas as formas
de organização social, política e econômica derivam daquelas
relações primárias, que são as relações de trabalho entre os
indivíduos. Os acontecimentos de cunho político ou cultural das
sociedades não são autônomos, mas subordinados aos movimentos
da esfera do trabalho.
O materialismo histórico é, portanto, uma interpretação da história, dos
eventos históricos nos mais diversos níveis, à luz da compreensão
dialética das regras, dos conflitos e do processo de desenvolvimento
dos sistemas de trabalho. É de suma importância ressaltar mais
detalhadamente a leitura aqui apontada de História para que se possa,
em meio à profusão de obras e interpretações contemporâneas,
resgatar o Materialismo Histórico em seu lugar de proposição, como
dizíamos, central da filosofia de Karl Marx e Friedrich Engels.
* Trabalho sob a orientação do Prof. Eduardo Chagas - Doutor em
Filosofia; Professor da Graduação e da Pós-Graduação do Curso de
Filosofia da Universidade Federal do Ceará (UFC); Colaborador do
Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação (FACED) da
UFC e Colaborador do Programa de Pós-Graduação do Mestrado
Acadêmico em Filosofia da Universidade Estadual do Ceará - UECE.
Bolsista do CNPq. E-mail: [email protected]. Homepage:
http://efchagasufc.wordpress.com. Editor da Revista Dialectus
(http://www.revistadialectus.ufc.br/index.php/RevistaDialectus/about/ed
itorialPolicies#sectionPolicies)
E-mail: [email protected]. Curriculum Vitae (Lates):
http://lattes.cnpq.br/2479899457642563.
1 Quadro análogo ao que ocorre nas reflexões dos autores sobre
outros temas; por exemplo, sobre o trabalho: estão presentes críticas
tanto aos intelectuais da moderna Alemanha (os chamados hegelianos
de esquerda) quanto à tradição da Economia Política Clássica.
Referências
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo, Boitempo,
2004.
__________. O 18 de brumário de Luís Bonaparte. São Paulo,
Boitempo, 2011.
MARX, Karl.; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo,
Boitempo, 2007.
____________________________. Manifesto comunista. São Paulo,
Boitempo, 1998.
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