HÁ PRECONCEITO LINGUÍSTICO EM SEU ENTORNO SOCIAL? Elaine Helena Nascimento dos Santos1 Luiz Carlos Carvalho de Castro² Instituto Federal de Pernambuco³ Resumo Este trabalho tem a finalidade de abordar sobre o preconceito linguístico em regiões do Brasil como o Nordeste. Possui o objetivo de discutir o preconceito linguístico em nosso entorno social a fim de refletir sobre as questões sociais que envolvem a discriminação no vocabulário dos brasileiros. Para a construção deste trabalho foi utilizado pesquisas bibliográficas que são utilizadas para fundamentar os argumentos teóricos. Palavras-Chave: preconceito, linguístico, nordeste, entorno, social. 1. Introdução O objetivo deste trabalho é discutir sobre o preconceito linguístico em nosso entorno social, que é uma forma de aversão a determinadas variedades linguísticas, gerando polêmicas, racismo linguístico e discriminação a classes sociais desfavorecidas. Isso deve ser excluído da sociedade, pois é inaceitável haver preconceitos linguísticos. Devido a deficiências no processo de aprendizagem muitos possuem deficiências linguísticas, ou seja, cometem erros no vocabulário. Isso gera a aversão linguística, em que os menos favorecidos sofrem com maior intensidade. Um exemplo seriam os nordestinos que são considerados menos favorecidos financeiramente. Muitos acreditam que os nordestinos são analfabetos, famintos, desempregados e não sabem expressar linguisticamente o que falam. Mas essas 1 Graduanda em Geografia, Instituto Federal de Pernambuco, [email protected], currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/6616121631673474 ² Professor-Orientador, Mestre em Linguística, Universidade Federal da Paraíba, [email protected], currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/6798139267217927 ³ Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), endereço: Polo de Apoio Presencial da UAB na Escola Jose de Lima Junior localizado na Av. Agamenon Magalhães, S/N – Bairro - São José, Carpina-PE, CEP: 55815-060, telefone (81) 3622.8944, correio eletrônico: [email protected] 1 afirmações são preconceituosas, não podemos julgar o que não conhecemos. Bagno afirma (2007, p. 13): O que vemos é esse preconceito ser alimentado diariamente em programas de televisão e de rádio, em colunas de jornal e revista, em livros e manuais que pretendem ensinar o que é ―certo‖ e o que é ―errado‖, sem falar, é claro, nos instrumentos tradicionais de ensino da língua: a gramática normativa e os livros didáticos. Podemos entender com essa afirmação de BAGNO que o preconceito linguístico é crescente e que as mídias sociais ajudam a acelerar esse crescimento. 3. Dispositivo teórico-metodológico Este trabalho de pesquisa qualitativa utilizou de fontes teóricas bibliográficas e pesquisou o preconceito linguístico vivenciado em nosso entorno social, tendo como exemplo as aversões sofridas pelos nordestinos. 4. Análises e discussão As análises e discussões foram divididas em dois tópicos que informam sobre o preconceito linguístico e tem como exemplo a região nordeste. O preconceito linguístico é uma realidade que nem sempre é confessada oralmente, mas praticada sem nem sequer percebermos. 4.1 O preconceito linguístico em nosso entorno social De acordo com Mariani (2008, p.31) ―nos dias de hoje, o conceito de preconceito pode ser definido como um pré-julgamento, em geral ingênuo, ligado ao senso comum, a crenças que dão suporte a certezas injustificadas‖. Sendo assim, o preconceito pode se apresentar de diferentes formas, dentre elas há o preconceito linguístico que afeta milhares de brasileiros como os nordestinos. Não é preciso conhecer o mundo para obter relatos de preconceito linguístico, no Brasil há muitos casos de violência devido à aversão linguística. Isso ocorre devido à elite se julgar superior aos menos favorecidos, para eles é necessário manter o português padrão sem erros. Ao analisar a história do Brasil podemos perceber porque há tanta intolerância linguística em nosso entorno social. É só lembrar como tudo começou: da 2 escravidão do Brasil para com Portugal, do racismo contra os negros, escravidão dos índios, discriminação contra a mulher, trabalho infantil, xenofobia de estrangeiros, desemprego, pobreza, etc. Tudo isso ajudou a gerar diferenças em nossa sociedade, em que a elite prevalece no domínio social, possuindo preconceitos de todos os tipos, inclusive o linguístico. Vale ressaltar o que Bagno (2007, p. 15) afirma: Ora, a verdade é que no Brasil, embora a língua falada pela grande maioria da população seja o português, esse português apresenta um alto grau de diversidade e de variabilidade, não só por causa da grande extensão territorial do país — que gera as diferenças regionais, bastante conhecidas e também vítimas, algumas delas, de muito preconceito —, mas principalmente por causa da trágica injustiça social que faz do Brasil o segundo país com a pior distribuição de renda em todo o mundo. Devemos lutar e mudar nossa história e assim sermos conhecidos como um país livre de preconceitos linguísticos. 4.2 O preconceito linguístico no Nordeste brasileiro Infelizmente, nas regiões menos desenvolvidas do Brasil, como o Nordeste, o preconceito linguístico é maior. Segundo Bezerra (2013, p. 3): A variação linguística é um fato decorrente da língua e existe desde a sua formação, porém, os estudos relacionados a este tema são de origem recente e têm causado grande repercussão na forma de percepção da linguagem humana. Através desses estudos foi observado que, embora exista uma linguagem denominada ―padrão‖ que rege o processo linguístico de um país, ocorre variações na maneira de falar, percebidos nos dialetos, na pronúncia, gírias, enfim, nas diferentes abordagens linguísticas provenientes de diversos fatores. As diversas manifestações da linguagem é motivo de preconceito para àqueles que não compreendem o caráter heterogêneo da língua, dentre estes está incluído o preconceito linguístico no âmbito regional. De todas as regiões brasileiras a maior vítima de preconceito linguístico é a região Nordeste. O dialeto nordestino, os sotaques, as gírias, a maneira livre de se expressar é motivo de escárnio para outras regiões e para a mídia nacional. As diferenças sociais, que geram hostilidade linguística com os que não usam o português padrão no Nordeste, agravam a pobreza da região, pois causam desemprego, racismo e omissão de violências. É comum também ocorrer preconceitos entre as classes sociais, que praticam violências morais e físicas com os menos favorecidos por não terem domínio da língua padrão. Segundo Bagno (2007, p.18): 3 É preciso, portanto, que a escola e todas as demais instituições voltadas para a educação e a cultura abandonem esse mito da ―unidade‖ do português no Brasil e passem a reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso pais para melhor planejarem suas políticas de ação junto à população amplamente marginalizada dos falantes das variedades não-padrão. É através da educação e valorização da variedade linguística que podemos mudar nosso país e vencer os preconceitos linguísticos. O preconceito linguístico está presente não só na região Nordeste do Brasil, mas em todo o nosso entorno social. Para atenuar as discriminações é necessário haver uma conscientização em toda a sociedade para lutar contra intolerâncias linguísticas. 5. Considerações finais Este trabalho teve como objetivo apresentar o preconceito linguístico em nosso entorno social e promover reflexão sobre os desajustes sociais que essa pratica causa em nosso país. Podemos concluir que a educação é uma das ferramentas para combater as hostilidades linguísticas. Com educação e conscientização social é possível mudar os reflexos históricos e geográficos que causaram tanta aversão linguística em nosso entorno social. Que possamos mudar esse confronto entre a língua formal e informal e assim construir um mundo justo e sem desigualdades sociais. 4 Referências BAGNO, M. Preconceito linguístico – o que é, como se faz. 49ª edição. São Paulo: Loyola, 2007. MARIANI, B. Entre a evidência e o absurdo: sobre o preconceito linguístico. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Preconceito linguístico e cânone literário, nº 36, p. 27-44, 2008. Disponível em: <http://www.uff.br/cadernosdeletrasuff/36/artigo1.pdf>. Acesso em 12 jun. 2016. BEZERRA, S. M. F. A variação linguística retratada nas canções de Luiz Gonzaga. Paraíba, 2013. Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/clv/images/docs/tcc/2013/paraiba/cg/sandra_maria_de_fari as_bezerra.pdf>. Acesso em 12 jun. 2016. 5