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Sarandi | Edição 12 | 30 de outubro de 2014
Jornal Gazeta Sarandi
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Meio Ambiente
Prática da caça
ilegal aumenta
signi�icativamente
em Sarandi
Membros da Asapan recebem informações da
atividade com frequência maior nos últimos meses
Por Simone Luiza Fritzen/Assessoria de Comunicação Asapan
A caça e o comércio ilegais de animais
silvestres estão entre as ameaças mais graves
à sobrevivência de algumas das espécies mais
carismáticas, valiosas e ecologicamente importantes da Terra. De acordo com World Wildlife
Fund, organização dedicada à conservação da
natureza, todos os anos, 38 milhões de animais
são retirados da natureza brasileira. Boa parte
deles é vendida, enquanto o restante é usado
para alimentação, acaba em gaiolas, é solto
em locais inadequados ou morre, vítima dos
maus tratos.
Nos últimos meses, esta é uma preocupação que vêm ressurgindo de forma ainda mais
acentuada na região do município de Sarandi,
visto que a caça de animais silvestres têm se
tornado uma prática comum e descontrolada.
Na última semana, membros da Associação
Sarandiense de Proteção ao Ambiente Natural
(Asapan) encontraram uma jaguatirica, também conhecida como gato-do-mato, morta,
próximo ao Parque Estadual do Papagaio
Charão. O felino, animal selvagem, solitário,
noturno e territorial, estava com o corpo cheio
de furos de chumbo, fator que comprova o
motivo da morte.
Além deste episódio, de acordo com o
presidente da organização, Roberto Tomasi Júnior, moradores da região comentam que, com
frequência, veem caçadores circulando pelas
estradas e lavouras. “É um crime ambiental
que, infelizmente, tem se tornado uma prática
sem controle. Mas, nem sempre, o proprietário
das terras é responsável pelo crime. As vezes,
os caçadores entram com permissão, outras
vezes, por conta própria”, explica. Ainda
segundo Roberto, é possível perceber que a
prática da caça está se disseminando, pois,
geralmente, os rastros dos cervídeos são vistos
seguidos de pegadas de cães.
Para reverter a situação, demasiadamente
prejudicial à conservação da biodiversidade e
da fauna local, além da conscientização, é possível denunciar a caça sem autorização através
da “Linha Verde” do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), cujo atendimento é 24 horas
e realizado pelo telefone 0800-618080 ou pelo
site www.ibama.gov.br/cadastro-ocorrencias.
Pode ser feita também em uma delegacia de
polícia ou junto ao Ministério Público.
Fauna sarandiense em risco
Por Simone Luiza Fritzen/Assessoria de
Comunicação da Asapan
Não obstante a diminuição da
biodiversidade da fauna causada pelas
perdas e degradação dos habitats
naturais e corredores ecológicos,
começa-se a constatar, nos últimos
meses, uma nova onda de caçadas na
região do município de Sarandi. A
prática, como é evidenciado em matéria
ao lado, volta a crescer, mais uma vez,
sendo vista com frequência no interior
e redondezas.
Entendemos que, para alguns,
a prática da caça ilegal pode ser
justificada em razão do consumo da
carne, gordura e ovos de animais como
a capivara, cutia, tatu ou perdiz. Ou,
ainda, em função dos prejuízos que
os animais silvestres vem a causar
ao produtor rural, quando predam
animais domésticos e valem-se de suas
plantações, como é caso dos cachorrosdo-mato, gaviões, caturritas e demais
psitacídeos.
Por outro lado, porém, novas
tecnologias mostram a existência de
outras soluções para o problema,
repensando as técnicas de criação dos
animais domésticos de forma a conciliar
ambos os grupos e, assim, minimizar
as perdas por predação. Se a intenção,
contudo, é apenas a diversão – caça
esportiva –, faz-se saber que existem
muitos locais apropriados e autorizados
para a atividade, bem como períodos
permitidos.
A preocupação em relação à caça
ilegal, nesse sentido, é grande, em
virtude de ser esta uma das principais
ameaças para as populações de
diversas espécies, inclusive dos felinos.
Hoje, 627 animais da fauna brasileira
estão ameaçados de extinção e podem
desaparecer rapidamente se o homem
continuar a matá-los.
Sabemos que a biodiversidade –
variedade de espécies (fauna, flora e
microrganismos) encontrada em uma
determinada região – é a garantia de um
ambiente ecologicamente equilibrado, e
a perda de uma única espécie que seja
pode afetar todo o ecossistema. Isso
porque cada elemento da natureza está
interligado aos outros, como elos de
uma corrente. Dessa forma, quando um
elo se rompe, todo o conjunto é afetado.
Ao passo em que a prática
descontrolada da caça vem aumentando
no município de Sarandi, vemos que
outras espécies clamam por socorro e
atenção. É o caso do papagaio-de-peitoroxo, espécie ameaçada de extinção
que procura abrigo e alimento na
região. Assim, no intuito de ampliar
suas condições de sobrevivências, a
Asapan, juntamente com o Projeto
Charão, conduzido pela Associação
Amigos do Meio Ambiente (AMA) e
pela UPF, estará reunindo lideranças
e organizações da comunidade para
uma força-tarefa. Se você também se
preocupa com a sobrevivência da fauna
no nosso município, apoie esta causa,
conscientizando-se e denunciando
as atividades de caça e apreensão de
animais silvestres!
Roberto Tomasi Júnior
Projeto Charão e
Asapan promovem
seminário amanhã
Por Simone Luiza Fritzen/
Assessoria de Comunicação Asapan
Registro de jaguatirica morta próximo ao Parque Estadual do Papagaio Charão. População da espécie, que não traz
problemas com ataques a seres humanos, vem decaindo significativamente em função da caça ilegal.
O Projeto Charão, conduzido
pela Associação Amigos do Meio
Ambiente (AMA) e pelo Instituto
de Ciências Biológicas da UPF,
em parceria com a Associação
Sarandiense de Proteção ao
Ambiente Natural (Asapan),
realizará nesta sexta-feira, 31 de
outubro, às 10 horas, na UPF,
campus Sarandi, uma importante
reunião, cujo objetivo é reunir
esforços das mais representativas
instituições, públicas e privadas,
do município de Sarandi, para
uma ação concreta de reverção da
dramática situação populacional
de uma das mais ameaçadas
espécies da biodiversidade brasileira, e que busca abrigo no município: o papagaio-de-peito-roxo.
A população da espécie, no Rio
Grande do Sul, não ultrapassa
400 indivíduos.
A ave, endêmica da Mata
Atlântica, ou seja, que ocorre somente nesse bioma, é encontrado
do sul da Bahia ao Rio Grande
do Sul, mas também vive no
sudeste do Paraguai e Misiones, na Argentina. Geralmente,
o papagaio-de-peito-roxo está
associado à Mata de Araucárias.
É assim chamado por possuir cerca de 35 cm de comprimento, sendo identificado pelo
padrão escamado arroxeado
das penas do peito. As penas
da cabeça, dorso e cauda são
verdes e, na nuca, formam uma
“gola” azul. Também é possível
observar uma coloração vermelha nos extremos das asas e na
base do bico.
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