MacunaÃna

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Macunaíma
I – O Autor
 Destacou-se como teorizador e ativista cultural
 Homem sério, católico fervoroso, conseguiu colocar a renovação
modernista no trilho de um presente e de um futuro culturais marcados
por um nacionalismo arejado e lúcido.
 Grande pesquisador: mitos indígenas e folclores.
II – A Obra (1928)
 Funde temas da mitologia indígena e visões folclóricas da Amazônia e
do resto do país – RAPSÓDIA.
 Nova linguagem literária, desafiando o sistema cultural da época.
 Obra que concretiza as propostas do Movimento de Antropofagia
 Além de relatar inúmeros mitos (diversas fontes populares), Mário
também inventa, de maneira irônica, vários mitos da modernidade:
Criação do futebol, do truco, do “gesto da banana” e do termo “Vá
tomar banho.”
III – Antropofagia
 Busca - relação de igualdade real da cultura brasileira com as demais.
 Aproveitar o que há de bom na arte estrangeira.
 Devorar o que mereça ser digerido culturalmente.
 Antropofagia seria “a única lei do mundo. Expressão mascarada de
todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as
religiões. De todos os tratados de paz.”
 Tupi or not Tupi That is the question.
 Contra todas as catequeses.(...)
 Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais.
E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e
continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.
 Contra todos os importadores de consciência enlatada.(...)
 Nunca fomos catequisados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de
senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de
Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.
 Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a
felicidade.
 Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina
de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz.”
IV – Tempo e Espaço
 Narrativa fantástica e picaresca
 Subversão do tempo e do espaço geográfico.
 Sem verossimilhança \ Movimentos bruscos de uma região para outra.
 O Herói do presente entra em contato com figuras do passado,
estabelecendo-se um “diálogo com os mortos”: João Ramalho (séc.
XVI), holandeses (séc. XVII), Delmiro Gouveira (pioneiro da Usina de
Paulo Afonso).
V – Linguagem
 Obra popular, mas não é uma obra de fácil leitura.
 Processo de colagem; combinação de vocábulos.
 Torneios sintáticos colhidos dos mais variados falares do Brasil.
 Estilo pessoal, que transmite: humor, lirismo, deboche e comicidade.
VI – Foco Narrativo
 Terceira pessoa é predominante.
 Inovação: técnica cinematográfica de cortes bruscos no discurso do
narrador para dar lugar à fala das personagens.
“Lá chegado ajuntou os vizinhos, criados a patroa cunhãs
datilógrafos estudantes empregados-públicos! Todos esses vizinhos e
contou pra eles que tinha ido caçar na feira do Arouche e matara dois...
- ...materios, não eram viados mateiros, não, dois viados catingueiros
que comi com os manos. Até vinha trazendo um naco pra vocês mas
porém escorreguei na esquina, caí derrubei o embrulho e o cachorro
comeu tudo.”
 Técnica Caleidoscópia – “tudo vira tudo”
 Alfredo Bosi destaca três estilos de narrar:
 Um estilo de lenda, épico-lírico, solene
“No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente.
Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que
o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a
índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamara de
Macunaíma.”
 Um estilo de crônica, cômico, despachado, solto
“Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de
seis anos não falando. Si o incitavam a falar, exclamava:
- Ai! que preguiça!...
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepando no jirau
de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos
que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento
dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em
dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. E também espertava
quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus (...)”
 Um estilo de paródia
 Retoma, satiricamente, a linguagem empolada e pedante dos
parnasianos e dos cultores de Rui Barbosa e Coelho Neto. É o que se vê
na “Carta pras Icamiabas”, que o herói escreve no capítulo IX,
focalizando a duplicidade no uso de nossa língua.
“Mas cair-nos-íam as faces, si ocultáramos no silêncio, uma curiosidade
original deste povo. Ora sabereis que a sua riqueza de expressão intelectual
é tão prodigiosa, que falam numa língua e escrevem, noutra (...)”
VII – Enumerações e Desregionalização
 Colocam em evidência o trabalho de pesquisa do autor.
 Intenção em “conceber literariamente o Brasil como entidade
homogênea – um conceito étnico nacional e geográfico”.
 Todos os termos são explicados ou referendados no mesmo parágrafo
em que se encontram.
“Nos machos guspia na cara. Porém respeitava os velhos e
freqüentava com aplicação a murua a poracê o torê o bacorocô e
cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo.”
“Quando mano voltou pra tapera Macunaíma pegou na violinha, fez
talequal reparara e veio uma imundíce da caça, viados cotias tamanduás
capivaras tatus aparemos pacas graxains, lontras muçuãs catetos monos
tejus queixadas antas, a anta sabatira, onça pinima a papa-viado a
jaquatirica, suçuarana canguçu pixuna, isso era uma imundície de caças!”
VIII – Macunaíma e José de Alencar
 Relações de semelhança entre a obra e Iracema, entre elas, as
semelhanças entre Iracema e Ci, a mãe do mato.
 “Ci aromava tanto que Macunaíma tinha tonteiras de Moleza.”
“Todas as noites a esposa perfumava seu corpo e a alva rede, para que o
amor do guerreiro se deleitasse nela”. (J. A.)
 É a rede de cabelos que torna a mãe do Mato inesquecível, e é uma rede
que Iracema oferece ao guerreiro branco:
“Guerreiro que levas o sono de meus olhos, leva a minha rede também.
Quando nela dormires, falem em tua alma os sonhos de Iracema.”(J. A.)
 Ambas perdem os filhos porque não têm leite. O de Ci foi a cobra preta
que sugou; em Iracema o leite não chegava ao seio, diluído nas lágrimas
de saudade. “A jovem mãe suspendeu o filho à teta; mas a boca infantil
não emudeceu. O leite escasso não apojava o peito” (J. A.)
 Em Macunaíma, o filho do herói “chupou o peito da mãe no outro dia,
chupou mais, deu um suspiro envenenado e morreu.”
 Macunaíma é o anti-Peri: ambos penetram na civilização branca.
 Macunaíma mescla sua cultura à civilização branca e, através do humor
e da falta de respeito explícita por essa outra cultura, acaba por revelar
suas contradições e irreverências.
IX – Enredo
O espaço primitivo: Uraricoera
 Macunaíma
 Nascimento do herói
 Primeiros anos, primeiras travessuras
 Folias com a cunhada( Sofará), as conseqüências
 Macunaíma se transforma em um lindo príncipe, iniciando um longo
processo de metamorfose: de índio negro vira branco, inseto, peixe ou
mesmo um pato, e até estrela, dependendo das circunstâncias.
 Maioridade
 Cunhada nova
 Enchente, fome, os esforços de Macunaíma
 Como o herói engana o Curupira(Caminho errado)
 Encontro com a cotia: joga-lhe calda envenenada de mandioca, fazendo
o herói crescer, tornando-se um homem.
 A morte da mãe(Anhangá) \ A partida
 Ci, a mãe do mato
 Comparações com Iracema
 Encontro com a mãe do mato
 Como Macunaíma tornou-se Imperador do Mato-Virgem
“(...) que o herói suspirava enfarado. E dando as costas para ela
adormecia bem. mas Ci queria brincar ainda mais... Convidava
convidava...O herói ferrado no sono. Então a Mãe do Mato pegava na
txara e cotucava o companheiro. Macunaíma se acordava dando grandes
gargalhadas estorcendo-se de cócegas.
- Faz isso não, oferecida!
- Faço!
- Deixa a gente dormir, seu bem...
- Vamos brincar.
- Ai! que preguiça!..(....)
- Então herói!
- Então, o quê!
- Você não continua?
- Continua o quê?
- Pois, meus pecados, a gente está brincando e vai você pára no meio!
- Ai! que preguiça! (...)
Então para animá-lo Ci empregava o estratagema sublime . Buscava no
mato a folhagem do fogo da urtiga e sapecava com ele uma coça
coçadeira no chuí do herói e na nalachítchi dela. Macunaíma ficava que
ficava um lião querendo. Ci também. (...)”
 Nascimento e Morte do filho
 Boiúna Luna
 A tristeza do herói
 Encontro com Capei, monstro fantástico que abre a goela-marimbondos
 A cascata Naipi e sua triste história
 A boiúna Capei e sua transformação em Lua
 Perda da muiraquitã(talismã)
 A história que uirapuru contou – Venceslau Pietro Pietra
O espaço urbano: São Paulo
 Piaimã
 Viagem dos irmãos Macunaíma, Jiguê e Maanape
 Como Jiguê e Macunaíma mudam de cor - banho nas pegadas do
Gigante Sumé – herói torna-se um rapaz loiro de olhos azuis.
 Chegada a São Paulo, o espanto com as máquinas
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A árvore Dzalaúra-legue
O “regatão peruano” Venceslau Pietro Pietra – Gigante Piaimã
Primeira morte do herói(Feitiço de Maanape)
Invenção do truco e do ato de “dar banana
“- Maanape, meu neto, deixa de conversa! Atira a gente que eu cacei
que sinão ti mato, velho safadinho!
Maanape não queria jogar o mano mesmo, pegou desesperado em seis
caças duma vez um macuco um macaco um jacu uma jacutinga uma
picota e uma piaçoba e atirou no chão gritando:
- Toma seis!
Piaiamã ficou danado. Agarrou quatro paus do mato, uma acapurana um
angelim um apió e um carará, e veio com eles pra cima de Maanape:
- Sai do caminho , porqueira! jacaré não tem pescoço, formiga não tem
caroço! comigo é só quatro paus na ponta da unha, jogador de caça
falsa!
Então Maanape ficou com muito medo e jogou, truque! o herói no chão.
Foi assim que Maanape com Paiamã inventaram o jogo sublime do
truco.”
 A francesa e o gigante
 Invenção do bicho-do-café, da lagarta-rosada e do futebol
 Tentativa frustada de reaver a muiraquitã(Herói veste de francesa)
 Macunaíma, colecionador famoso de bocagens(palavrões)
“E então os três manos foram continuar a construção do papiri.
Maanape e Jiguê ficaram dum lado e Macunaíma do outro pegava os
tijolos que os manos atiravam. Maanape e Jiguê estavam tiriricas e
desejando se vingar do mano. O herói não maliciava nada. Vai, Jiguê
pegou num tijolo pra não machucar muito virou-o numa bola de couro
duríssima. Passou a bola para Maanape que estava mais na frente e
Maanape com um pontapé mandou ela bater em Macunaíma.
esborrachou todo o nariz do herói.
- Ui! que o herói fez.
Os manos bem sonsos gritaram:
- Uai! está doendo , mano! Pois quando bola bate na gente nem não dói!
Macunaíma teve raiva e atirando a bola com o pé bem pra longe falou:
- Sai, peste!
Veio onde estavem os manos:
- Não faço mais papiri, pronto!(...)
O bichinho caiu em Campinas. A tatorana caiu por aí. A bola caiu no
campo. E foi assim que Maanape inventou o bicho-do-café, Jiguê a lagartarosada e Macunaíma o futebol, três pragas.”
Espaço Urbano: Rio de Janeiro
 Macumba
 Viagem do heroí ao Rio de Janeiro - macumba
 O filho de Exu e a surra do Gigante Piaimã(touro e formigas)
 Os macumbeiros na madrugada
“E pra acabar todos fizeram a festa juntos comendo bom presunto e
dançando um samba de arromba em que todas essas gentes se alegravam
com muitas pândegas liberdosas. Então tudo acabou se fazendo a vida
real. E os macumbeiros, Macunaíma, Jaime Ovalle, Dodô, Manu
Bandeira, Blaise Cendrars, Ascenso Ferreira, Raul Bopp, Antônio
Bento, todos esse macumbeiros saíram na madrugada.”
 Vei, a Sol
 A árvore Volomã e o que acontece a Macunaíma - é jogado longe
 Surgimento da frase: “Vá tomar banho!”
 O herói é socorrido por Vei, a Sol, e suas três filhas
 Pretensão de Vei \ A safadeza de Macunaíma
 “Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são!”
 A pedra Votó, o monstro Mianiquê-Teibê
 Troca da pedra por uma foto no jornal \ Volta ao Tietê
Espaço urbano: São Paulo
 Carta pras Icamiabas
 Carta de Macunaíma a suas súditas, as Icamiabas do Mato-Virgem
 Sátira feroz ao beletrismo parnasiano da época.
 Inversão dos relatos cronistas quinhentistas.
 O índio descreve a terra desconhecida para seus pares distantes.
“Tudo vai num descalabro sem condimento, estamos corroídos pelo
morbo e pelos miriápodes! Em breve seremos novamente uma colônia
da Inglaterra ou da América do Norte!... Por isso e para eterna
lembrança destes paulistas, que são a única gente útil do país, e por isso
chamamos de Locomotivas, nos demos ao trabalho de metrificarmos um
dístico, em que se encerram os segredos de tanta desgraça:
“POUCA SAÚDE E MUITA SAÚVA OS MALES DO BRASIL SÃO.”
Este dístico é que houvemos por bem escrevermos no livro de
Visitantes Ilustres do Instituto Butantã, quando foi da nossa visita a este
estabelecimento famoso na Europa.”
 Descrição das Paulistanas – mistura cobiça e luxúria
“Sabereis mais que a donas de cá não se derribam a pauladas, nem
brincam por brincar, gratuitamente, senão que a chuvas do vil metal,
repuxos brasonados de champagne, e uns monstros comestíveis, a que,
vulgarmente, dão o nome de lagosta. E que monstros encantados,
senhoras Amazonas!!!”
 Descrição de São Paulo
“É São Paulo construída sobre sete colinas, à feição tradicional de
Roma, a cidade cesárea, “capita” da Latinidade de que provimos; e beijalhe os pés a grácil e inquieta linfa do Tietê. As águas são magníficas, ao
ares tão amenos quanto os de Aquisgrana ou de Anvernes, e a área tão a
eles igual em salubridade e abundância, que bem se poderá afirmar, ao
modo fino dos cronistas, que de três AAA se gera espontaneamente a fauna
urbana.
Cidade é belíssima, e grato o seu convívio. Toda cortada de ruas
habilmente estreitas, tomadas por estátuas e lampiões graciosíssimos e de
rara escultura; tudo diminuindo com astúcia o espaço de forma tal, que
nessas artérias não cabe a população. Assim obtém o efeito dum grande
acúmulo de gentes, cuja estimativa pode ser aumentada à vontade, o que é
propício às eleições que são invenção dos inimitáveis mineiros; ao mesmo
tempo que os edis dispõem de largo assunto com que ganhem dias
honrados e a admiração de todos, com surtos de eloquência do mais puro
estilo e sublimado lavor.”
 Pauí-Pódole
 O herói estuda as duas línguas do país e inventa novas palavras
 Mulato fazia um discurso sobre o Cruzeiro do Sul
 O discurso de Macunaíma – na verdade é uma figura zoocosmológica
que teve seu corpo de ave metamorfoseado numa constelação.
 Pauí-Pódole, o Pai do Mutum
 A velha Ceiuci
 Macunaíma passa a noite “brincando” com a dona da pensão
 Caçada e mentira de caçador – “rasto fresco de tapir”
 Indução dos irmãos à caçada
 Macunaíma é preso por um grilo – soldado da antiga guarda civil
 Saudades do mato e da Mãe-do-Mato
 Nova caçada e confusão armada
 Macunaíma arruma anzol e vai pescar(metamorfoses)
 Como o herói, tendo sido pescado, foge bem – pato
 Brinca com a filha mais nova de Ceiuci, engana a moça e foge “num
cavalo castanho-pedrez que pra carreira Deus o fez.”
 Surrealismo: de Manaus a Mendoza, na Argentina
 Tequeteque, chupinzão e a injustiça dos homens
 Macunaíma e tequeteque
 Macunaíma tenta uma bolsa para Europa, onde estava o Gigante Piaimã
 Enganado por um turco: o gambá da bosta de prata
 Conversa com um macaco: segunda morte do herói - paralelepípedo
 Como Maanape, o feiticeiro, traz o herói de volta
 A piolhenta do Jiguê
 Como Macunaíma não vai para a Europa – é expulso do navio e atacado
por uma nuvem de “pernilongos, de borrachudos mosquitos-pólvora
mutucas marimbondos cabas potós moscas-de-ura”
 Macunaíma engana Jiguê mais uma vez- sua nova mulher Suzi
 Os irmãos percebem que o herói “era muito safado e sem caráter.”
 Muiraquitã
 Volta de Venceslau Pietro Pietra da Europa
 Como o Pai do Sono engana Macunaíma
 A origem do automóvel – o caso da onça
 Como Macunaíma engana o Gigante Piaimã
 Coloca Piaimã balançando num cipó de japecanga, embala-o com força
e ele acaba caindo num buraco onde Ceiuci preparava uma enorme
macarronada.
 Recuperação da Muiraquitã e volta pra pensão
 A pacuera de Oibê
 Viagem de volta pelo Araguaia
 Macunaíma leva as três coisas que mais o entusiasmaram na capital: “o
revólver Smith-Wesson o relógio Patek e o casal de galinha Legorne.”
 Encontra Iriqui e o bicho Pondê, um jucurutu que virava gente e engolia
os estradeiros.
 Monstro Mapinguari, macaco-homem que seduzia mulheres pelo mato
 Chegada ao rancho de Oibê: come a pacuera
 A perseguição de Oibê, o minhocão terrível – cachorro-do-mato
 Brincar com a princesa \ Iriqui fica tristíssima e sobe “pro céu, chorando
luz, virada numa estrela.”
 Uraricoera
 Chegada ao Uraricoera
 Macunaíma atormenta Jiguê e desfaz tudo de bom que o mano consegue
 A sombra leprosa \ Surgimento do Bumba-meu-boi
 Macunaíma sozinho
 Ursa Maior
 Fuga dos papagaios e araras
 Taína-cã, a estrela Papaceia
 Vei, a Sol, tortura Macunaíma \ Banho no Lagoão
 A lagoa da Uiara, que lhe devora a perna, os brincos,etc.
 Macunaíma perde a muiraquitã e fica triste
 Planta uma semente de cipó e sobe ao céu, ao encontro de Ci.
“Não vim ao mundo para ser pedra.”
 Procura Capei, a Lua, que não quis dar pensão a ele. Bateu nela.
 Foi até a casa da Estrela da Manhã, que o mandou tomar banho
 Procurou por Pai–do-Mutum, que também não o aceitou, mas o ajudou
 Origem da Ursa Maior
“Então Pauí-Pódole teve dó de Macunaíma. fez uma feitiçaria. Agarrou
três pauzinhos jogou pro alto fez encruzilhada e virou Macunaíma com
todo o estenderete, galo galinha gaiola revólver relógio, numa
constelação nova. É a constelação da Ursa-Maior.
Dizem que um professor naturalmente alemão andou falando por aí por
causa da perna só da Ursa Maior que ela é o saci... Não é não! Saci inda
pára neste mundo espalhando fogueira e trançando crina de bagual... a
Ursa maior é Macunaíma. É mesmo o herói capenga que de tanto penar
na terra sem saúde e com muita saúva, se aborreceu de tudo, foi-se
embora e banza solitário no campo vasto do céu.”
 Epílogo
“Acabou-se a história e morreu a vitória.”
 Fim da tribo
 Como a história de Macunaíma veio até nós
 A importância do papagaio
“A tribo se acabara, a família virara sombras, a maloca ruíra minada
pelas saúvas e Macunaíma subira pro céu, porém ficara o aruaí do
séquito daqueles tempos de dantes em que o herói fora o grande
Macunaíma imperador. E só o papagaio no sil6encio do Uraricoera
preservava do esquecimento os casos e a fala desaparecida. Só o
papagaio conservava no silêncio as frases e feitos do herói.
Tudo ele contou pro homem e depois abriu asa rumo de Lisboa. E o
homem sou eu, minha gente, e eu fiquei pra vos contar a história. Por
isso que vim aqui. Me acocorei em riba destas folhas, catei meus
carrapatos, ponteei na violinha e em toque rasgado botei a boca no
mundo cantando na fala impura as frases e os casos de Macunaíma,
herói de nossa gente.
Tem mais não.”
X – Observações finais
 Segundo o etnógrafo alemão Kock-Grunberg, Macunaíma significa:
MAKU – mau \ IMA – grande
“que calha perfeitamente com o caráter intrigante e funesto do herói.”
 Macunaíma é individualista, vaidoso, mentiroso, pratica safadezas
gratuitas ou intencionais, joga no bicho, fala os piores palavrões,; é
católico e espírita, mas não dispensa o terreiro da macumba.
 Na variação constante de temperamento, na ausência de caráter(“herói
sem nenhum caráter”), na indolência inata(“Ai!que preguiça!”), no
pendor para a irresponsabilidade(“o herói não ajuntara, um vintém só”)
Macunaíma , personagem picaresca, sintetiza a busca simbólica do
caráter nacional brasileiro: luxurioso, ávido, preguiçoso e sonhador.
“O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
- Sois cristão?
- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da morte.
Tererê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! Ua! Uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
- Sim, pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval.”
(Oswald de Andrade)
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