FACULDADE TECSOMA Curso de graduação em Biomedicina

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FACULDADE TECSOMA
Curso de graduação em Biomedicina
Jéssica Lorena Mota
AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE CONTAMINAÇÃO POR MICRORGANISMOS
PATOLÓGICOS NAS MÃOS DOS MANIPULADORES DE MATERIAL
RECICLAVEL DO COOPERCICLA
Paracatu/ MG
2015
Jéssica Lorena Mota
AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE CONTAMINAÇÃO POR MICRORGANISMOS
PATOLÓGICOS NAS MÃOS DOS MANIPULADORES DE MATERIAL
RECICLAVEL DO COOPERCICLA
Monografia
apresentado
ao
curso de
Biomedicina da Faculdade TECSOMA, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Biomedicina.
Orientadora; Professora Msc. Cláudia Peres
Silva.
Coorientador: Professor Esp. Douglas Gabriel
Pereira.
Orientador metodológico: Geraldo B. B. Oliveira
Paracatu/ MG
2015
Mota, Jéssica Lorena
Avaliação da presença de contaminação por microrganismos
patológicos nas mãos dos manipuladores de materiais recicláveis do
Coopercicla / Jéssica Lorena Mota. Paracatu, 2015.
51 f.
Orientadora: Profº Msc. Cláudia Peres da Silva
Co-orientador: Profº Douglas Gabriel Pereira
Monografia (Graduação) - Faculdade Tecsoma, Curso de
Graduação em Biomedicina.
1. Microbiologia 2. Materiais. Recicláveis 3. Mãos I. Silva, Cláudia
Peres II. Faculdade Tecsoma III. Título.
CDU: 616.071
Jéssica Lorena Mota
AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE CONTAMINAÇÃO POR MICRORGANISMOS
PATOLÓGICOS NAS MÃOS DOS CATADORES DE LIXO RECICLAVEL DO
COOPERCICLA
Monografia
apresentada
ao
curso de
Biomedicina da Faculdade TECSOMA, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Biomedicina.
___________________________________________________
Mestre Cláudia Peres Silva – Faculdade TECSOMA
Orientadora Temática e
Coordenadora do Curso de Biomedicina
___________________________________________________
Geraldo Benedito Batista de Oliveira – Faculdade TECSOMA
Orientador Metodológico
___________________________________________________
Douglas Gabriel Pereira – Faculdade TECSOMA
Professor Convidado
Paracatu, 14 dezembro de 2015.
Dedico este trabalho àqueles que são carentes de
educação, saúde e cidadania.
Reconheço que sozinha nada sou e nada faço,
e não chegaria até aqui sem o meu maior exemplo de vida,
sem o carinho e os ensinamentos
dos meus pais Luiz Carlos e Elizení;
Sem o amor e o apoio do meu namorado,
meu anjo, Helton Lucas.
Amo muito vocês!!
Espero que este trabalho sirva como um primeiro incentivo
aos que se interessam por essa questão
e queiram mudar a qualidade de vida de
muitos dos nossos irmãos de pátria.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, por proporcionar estes agradecimentos a
todos que tornaram minha vida mais afetuosa, além de ter me dado uma família
maravilhosa, amigos sinceros e um namorado perfeito. Deus, que a mim atribuiu
alma e missões pelas quais já sabia que iria batalhar e vencer, agradecer é pouco.
É difícil agradecer a todas as pessoas que de algum modo, nos momentos
serenos e ou apreensivos, fizeram ou fazem parte da minha vida, por isso eu
agradeço a todos de coração.
A Faculdade TECSOMA, pelo suporte, especialmente a Professora Talita
Cristina Silva Freitas que não mediu esforços, nem mesmo aos sábados de manhã,
para que eu chegasse até esta etapa.
Aos meus colegas de sala e com certeza futuros excelentes profissionais, em
especial a Jayne Silva e Dábila Oliveira e Daniela Batista, que me acompanhou em
todas as etapas deste trabalho e pela maravilhosa amizade e pelo companheirismo
das noites sem dormir.
Agradeço aos meus pais, Luiz e Elizeni, pela determinação e luta na minha
formação, vocês são meu orgulho.
Agradeço também o meu namorado, Helton, que de forma especial por mais
difícil que fossem as circunstancias, sempre teve paciência e confiança.
E finalmente agradeço minha família, por me apoiar e torcer pela minha
conquista. A todos que de alguma forma me ajudou nessa etapa o meu muito
obrigada.
‘’ Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades,
Lembrai-vos de que as grandes coisas do homem
Foram conquistadas do que parecia impossível. ’’
Charles Chaplin
RESUMO
O lixo deve ser considerado no estudo epidemiológico, já que por sua variada
composição, pode conter substância química e/ou agentes biológicos patogênicos
que podem atingir o ser humano, afetando sua saúde. Os catadores percebem o lixo
como fonte de sobrevivência, já a saúde como capacidade para o trabalho com isso,
tendem a negar a relação direta entre o trabalho e problemas de saúde. Este
trabalho objetivou a análise microbiológica das mãos dos trabalhadores de uma
cooperativa de coleta seletiva da cidade de Paracatu-MG. Foi realizado um estudo
com a participação de 17 trabalhadores, no qual tiveram que responder um
questionário contendo 12 questões previamente estruturadas e os mesmos tiveram
que doar uma amostra microbiológica das mãos depois de um dia de rotina no
trabalho. Através da análise microbiológica das mãos, observou se nas placas em
diferentes meios um crescimento de bactérias tanto gram positivas quanto gram
negativas. As bactérias identificadas foram Staphylococcus aureus, Enterobacter
sp., Acinetobacter sp., Klebsiella sp., Escherichia coli, Enterococcus sp., no meio
ágar sabouraud cresceram alguns fungos mas neste trabalho foi enfatizado o
crescimento de Cândida albicans e não albicans, por isso foram repicadas no meio
ágar CHROMagar Cândida Medium para isolar somente as de interesse no estudo.
Este trabalho mostra a realidade dos riscos microbiológicos que esses trabalhadores
correm, e a importância da correta higienização das mãos e o uso dos equipamentos
de proteção individual.
Palavras-chave: Microbiologia das mãos. Manipuladores de materiais recicláveis.
Lixo.
ABSTRACT
Garbage must be considered in epidemiological studies, since by its varied
composition, may contain chemical and / or pathogenic biological agents that can
reach the human being, affecting their health. The pickers perceive garbage as a
source of survival, since the health and ability to work with so we tend to neglect the
relationship between work and health problems. This study aimed to microbiological
examination of the hands of the workers of a selective collection cooperative city of
Paracatu-MG. A study was conducted with the participation of 17 workers, which had
to answer a questionnaire containing 12 previously structured questions and they
had to donate a microbiological sample of hands after a routine day at work. Through
the microbiological analysis of the hands, the plates are observed in different ways
growth of both gram positive and gram negative. Bacteria identified were
Staphylococcus aureus, Enterobacter sp., Acinetobacter sp., Klebsiella sp.,
Escherichia coli, Enterococcus sp., In Sabouraud agar grew some fungi but this work
has emphasized the growth of Candida albicans and non-albicans, so were peaked
in the middle agar CHROMagar Candida medium to isolate only those of interest in
the study. This work shows the reality of microbiological risks that these workers are,
and the importance of proper hand hygiene and the use of personal protective
equipment.
Keywords; Microbiology hands. Handlers of recyclable materials. Garbage.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Ilustração da técnica de esgotamento em placa. ...................................... 63
FIGURA 2 - Esquema da coloração de Gram e seus resultados. ............................. 65
Figura 3 - Características do teste Rugai modificado após 18-24 horas ................... 71
FIGURA 4 - Crescimento de Staphylococcus aureus em meio Ágar sal manitol ...... 84
FIGURA 5 - Prova da novobiocina em amostras de Staphylococcus não aureus. .... 84
FIGURA 6 - Meio Rugai Modificado .......................................................................... 87
Figura 7 - Meio CHROMagar Cândida Medium com amostras identificadas com
Figura 8 - Cândida albicans e Cândida não albicans ................................................ 88
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - PRINCIPAIS BATERIAS PATOGÊNICAS. ............................................ 30
TABELA 2 - TABELA DE CORES E TIPOS DE LIXO: COLETA SELETIVA DE LIXO.
.................................................................................................................................. 52
TABELA 3: Função na COOPERATIVA em Paracatu - MG (n=17). ......................... 77
TABELA 4 - Relação de condição de trabalho na COOPERATIVA em Paracatu - MG
(n=17). ....................................................................................................................... 79
TABELA 5 - Identificação das bactérias Gram Positivas (n=17). .............................. 85
TABELA 6 - Identificação das bactérias Gram Negativas (n=17). ............................. 86
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Distribuição dos entrevistados em relação ao gênero na
COOPERCICLA em Paracatu-MG (n=17)................................................................. 72
GRÁFICO 2 - Distribuição da Faixa etária dos entrevistados na COOPERCICLA em
Paracatu-MG (n=17).................................................................................................. 73
GRÁFICO 3: Distribuição do nível de escolaridade dos entrevistados na
COOPERCICLA em Paracatu-MG (n=17)................................................................. 74
GRÁFICO 4 - Distribuição em relação ao tempo que trabalha no COOPERCICLA de
Paracatu - MG (n=17)................................................................................................ 75
GRÁFICO 5 - Distribuição em relação da carga horária/dia na COOPERCICLA em
Paracatu-MG (n=17).................................................................................................. 76
GRÁFICO
6:
Relação
da
remuneração
Mensal
Dos
Entrevistados
na
COOPERCICLA em Paracatu-MG (n=17)................................................................. 77
GRÁFICO 7 - Relação do meio de transporte para os materiais recicláveis coletado
na COOPERCICLA em Paracatu-MG (n=17). ........................................................... 78
GRÁFICO 8 - Relação dos EPI’s usados pelos trabalhadores na COOPERCICLA em
Paracatu-MG (n=17).................................................................................................. 80
GRÁFICO 9 - Relação de quantas vezes por dia lavam as mãos na COOPERCICLA
em Paracatu-MG (n=17)............................................................................................ 81
GRÁFICO 10 - Tipos de sabão usado na rotina de trabalho na COOPERCICLA em
Paracatu-MG (n=17).................................................................................................. 82
GRÁFICO 11- Relação se os trabalhadores sentiram coceira e/ou irritação nas mãos
nos últimos 7 dias na COOPERCICLA em Paracatu-MG (n=17). ............................. 83
GRÁFICO 12 - Relação do crescimento de Cândida albicans e Cândida não albicans
(n=9). ......................................................................................................................... 88
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 25
2 JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 27
3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 28
3.1 GERAL ................................................................................................................ 28
3.2 ESPECÍFICO....................................................................................................... 28
4 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 29
4.1 MICROBIOLOGIA ............................................................................................... 29
4.2 Principais bactérias patogênicas..................................................................... 30
4.2.2 Staphylococcus epidermidis ......................................................................... 35
4.2.3 Staphylococcus saprophyticus .................................................................... 36
4.2.4 Streptococcus e Enterococcus ..................................................................... 36
4.2.5 Streptococcus agalactiae .............................................................................. 37
4.2.6 Streptococcus pneumoniae .......................................................................... 38
4.2.7 Streptococcus pyogenes ............................................................................... 39
4.2.8 Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium ......................................... 39
4.2.9 Neisseria spp. ................................................................................................. 40
4.2.10 Enterobacteriaceae ...................................................................................... 41
4.2.11 Salmonella spp. ............................................................................................ 41
4.2.12 Shigella spp. ................................................................................................. 42
4.2.13 Yersinia spp. ................................................................................................. 43
4.2.14 Vibrio cholerae ............................................................................................. 43
4.2.15 Pseudomonas aeruginosa ........................................................................... 44
4.2.16 Bactérias anaeróbias ................................................................................... 45
4.2.17 Clostridium ................................................................................................... 45
4.2.18 Leptospira spp. ............................................................................................. 46
4.2.19 Mycobacterium ............................................................................................. 46
4.2.20 Acinetobacter spp. ....................................................................................... 47
4.2.21 Klebsiella sp ................................................................................................. 47
4.2.22 Cândida spp. ................................................................................................. 48
5 CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS ..................................................... 49
6. LIXO X SAÚDE ..................................................................................................... 54
7 METODOLOGIA .................................................................................................... 56
7.1 Tipo de estudo ................................................................................................... 56
7.2 Local de estudo ................................................................................................. 56
7.2.1 Caracterização do município ......................................................................... 56
7.2.2 Caracterização do local de estudo ............................................................... 57
7.3 Delimitação do público alvo ............................................................................. 57
7.4 Instrumentos utilizados .................................................................................... 57
7.4.1 Material permanente....................................................................................... 57
7.4.2 Material de consumo ...................................................................................... 58
7.5 Aspectos éticos ................................................................................................. 58
7.6 Desenvolvimento do estudo............................................................................. 59
7.6.1 Coleta das amostras ...................................................................................... 59
7.6.2 Meios de Cultura ............................................................................................ 59
7.6.3 Cultura das amostras ..................................................................................... 62
7.6.4 Coloração de Gram ........................................................................................ 63
7.6.5 Provas bioquímicas........................................................................................ 65
8. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 72
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 89
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 90
ANEXOS ................................................................................................................... 94
APENDICES ............................................................................................................. 95
1 INTRODUÇÃO
Segundo Zacarias e Bavaresco (2009) estima-se que no Brasil 500 mil
pessoas são catadores de materiais recicláveis. Apesar do reconhecimento como
alternativa lucrativa para empresas, e para questão do meio ambiente, o trabalho
com catação é de forma extremamente precária.
Todos os centros urbanos em expansão geram uma série de problemas
ambientais e sociais; Destacam-se o aumento de resíduos sólidos urbanos (RSU) e
a falta de trabalho. Se a geração de resíduos acarreta em problemas, devido à falta
de opção de trabalho, em muitas localidades, torna-se uma fonte alternativa de
renda, que possibilita a sobrevivência de muitas pessoas que vivem da catação de
materiais recicláveis. (ALMEIDA, 2009).
Podem-se obter muitas vantagens através da reciclagem como: exploração
de recursos naturais, o aumento da vida útil dos aterros sanitários; melhoria na
limpeza das cidades; a redução no desperdício; redução nos gastos com limpeza
pública. Com essas vantagens podem ser incluídos mais verbas para outras áreas,
como geração de empregos e rendas nas cooperativas de trabalhadores, dentre
outras, como cita o autor Silva e Noleto (2004).
De acordo com Santos (2009), o lixo deve ser considerado no estudo
epidemiológico, já que por sua variada composição, pode conter substância química
e/ou agentes biológicos patogênicos que podem atingir o ser humano, afetando sua
saúde.
Os catadores percebem o lixo como fonte de sobrevivência, já a saúde como
capacidade para o trabalho com isso, tendem a negar a relação direta entre o
trabalho e problemas de saúde. Como a associação entre o lixo e doença é pouco
reconhecida, são inúmeros riscos existentes no trabalho de catação, podendo gerar
lesões permanentes ou mesmo óbitos. A conscientização da importância do uso, e a
disponibilidade de equipamentos de proteção, podem contribuir para uma
minimização de alguns destes acidentes. (PORTO, et al. 2004).
Uma outra possibilidade de risco a saúde e na qualidade de vida dos
trabalhadores com reciclagem é a questão psicossociais, já que a história de vida
dos catadores é marcada
por humilhação,
vergonha
e exclusão
social.
(PAGANELLA, et al. 2011).
25
Na maioria das vezes as coletas nas ruas incluem a aberturas de sacos de
lixo, que muitos não estavam separados em sacos próprios na busca de materiais
recicláveis.
Cooperativas foram formadas para organizar a classe, em 2002 ocorreu a
mobilização nacional para o reconhecimento dessa profissão.
De acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), a profissão
se encontra “catador de material reciclável” sob o código 5192-05. Dentro das
atividades dadas pela CBO: “catam, selecionam e vendem materiais recicláveis
como papel, papelão e vidro, bem como materiais ferrosos e não ferrosos e outros
materiais não reaproveitados”. (ALENCAR, 2009).
A baixa escolaridade e a falta de qualificação ficam muito limitadas ás
oportunidades de emprego, ocorrendo o desemprego, a razão pela qual leva os
catadores retirarem o sustento da catação de lixo. Este trabalho é visto como o
último recurso de emprego marcado pela redução nas oportunidades; enquanto as
oportunidades não aparecem, essa é uma atividade sempre disponível. (ALMEIDA,
et al. 2009).
Quando a chefia enfatiza a orientação para a necessidade de usar
equipamentos de proteção individual (EPI’s) e de não ingerir bebidas alcoólicas para
evitar acidentes, isso representa quase uma ameaça ao trabalhador, já que a
empresa enfatiza nos treinamentos e folhetos de orientação da empresa; com isso
nem sempre são transmitidas outras recomendações de igual ou maior importância,
como medidas de prevenção contra doenças infecciosas (dengue, febre amarela,
tétano, hepatite, cólera), cuidados com infecções (da pele, dos olhos, dos aparelhos
digestivo e respiratório), posturas adequadas para transportar pesos e cuidados com
materiais que oferecem risco (lata, garrafa, vidro, seringa, substância inflamável).
(VELLOSO, et al. 1998).
26
2 JUSTIFICATIVA
Os coletores de lixo estão expostos a riscos ocupacionais com relação ao
meio ambiente onde eles trabalham. (LAZZARI; REIS, 2011).
Através de um estudo, observa-se que as relações entre saúde/doença e o
processo de trabalho desses profissionais apresentam aspectos de estudo e
intervenção em saúde pública. (LAZZARI; REIS, 2011)
A hipótese inicial deste trabalho seria que a prevalência de microrganismos
entre estes trabalhadores fosse alta, e que suas condições de trabalho contribuiriam
para comportamentos de risco para algumas doenças geradas por vários
microrganismos.
Sendo assim, esta pesquisa reveste-se de grande importância para a
investigação da relação entre a saúde dos coletores de lixo, aqui focada na pesquisa
de microrganismos patológicos, e os riscos a que estão expostos no ambiente de
trabalho.
27
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
 Avaliar a presença de microrganismos patológicos nas mãos dos coletores de
materiais reciclável do COOPERCICLA.
3.2 Específico
 Realizar uma palestra de conscientização dos riscos de contaminação do lixo
para os coletores de materiais recicláveis.
 Aplicar um questionário para o grupo pesquisado.
 Realizar a coleta de material microbiológico das mãos dos coletores de
materiais recicláveis.
 Avaliar as amostras biológicas coletadas.
 Entregar os resultados avaliados das amostras para o grupo estudado.
28
4 REFERENCIAL TEÓRICO
Os microrganismos estão presentes em todos os aspectos da vida humana.
Ao longo dos anos, a Microbiologia desenvolveu pesquisas básicas e aplicadas
voltadas para o estudo do potencial biotecnológico dos microrganismos. (SILVA,
2013).
4.1 Microbiologia
O principal objetivo da Microbiologia é estudar todos os aspectos que
envolvem o mundo microbiano, constituído pelas bactérias, fungos (filamentosos,
“bolores”, “mofos” e leveduras), protozoários, vírus e algas microscópicas. (SILVA,
2013).
Com
o
desenvolvimento
da
Microbiologia,
ficou
entendido
que
aproximadamente 99% dos microrganismos procedem um papel benéfico ou inócuo
para a vida dos seres vivos no planeta, contudo, em torno de 1% são considerados
patogênicos ou com capacidade de provocar as mais diversas doenças. Para a
história humana, isso representou a morte de milhões de pessoas ao decorrer dos
séculos devido a doenças provocadas por microrganismos, como a peste negra,
febres tifoides, gripe espanhola, cólera, síndrome HIV, toxiinfecções diversas e
generalizadas, entre outros. (SILVA, 2013).
O desenvolvimento da Microbiologia como ciência ocorreu pela necessidade
de abrangi o conhecimento sobre os microrganismos causadores de doenças no
homem. Onde pesquisadores desenvolveram métodos para detecção, isolamento e
cultivo de microrganismos em laboratórios. Os protocolos de cultivo asséptico
desenvolvidos por Koch (1883) são utilizados até hoje, influenciando de forma
decisiva. (BRASIL, 2003).
Os microrganismos correspondem aos grupos das bactérias, algas,
fungos, protozoários e vírus. (TORTORA, FUNKE, CASE; 2005).
29
4.2 Principais bactérias patogênicas
Todos os indivíduos possuem microrganismos dentro e sobre o corpo. Eles
constituem a microbiota normal ou flora. A capacidade de uma determinada espécie
de micróbio causar uma doença e a resistência do organismo hospedeiro são fatores
importantes para determinar se uma pessoa irá ou não contrair uma doença (Tabela
1). (TORTORA, FUNKE e CASE; 2005).
TABELA 1 - PRINCIPAIS BATERIAS PATOGÊNICAS.
Microrganismos
Gram/
Morfologia
Cultura
Staphylococcus aureus
Staphylococcus
aureus
Gram Positiva
apresentam-se
como cocos
arranjados tipo
cacho de uva.
(continua)
Patologia
associada
Infecções
superficiais,
Infecções
invasivas (ex.
pneumonia,
endocardite,
meningite,
outras).
Fonte: TRABULSI: ALTERTHUM,
2005.
Staphylococcus epidermidis
Staphylococcus
epidermidis
Uso de
dispositivos
Médicos,
Infecções do
Trato Urinário, de
ferida cirúrgica e
outros.
Gram Positiva
apresentam-se
como cocos
arranjados tipo
cacho de uva.
Fonte: TRABULSI: ALTERTHUM,
2008.
30
Microrganismos
Gram/
Morfologia
Cultura
(continua)
Patologia
associada
Staphylococcus saprophyticus
Staphylococcus
saprophyticus
Gram Positiva,
Apresentam-se
como cocos
arranjados tipo
cacho de uva.
Infecções do
Trato Urinário
Fonte: TRABULSI: ALTERTHUM,
2008.
Streptococcus agalactiae
Streptococcus
agalactiae
Gram Positivo.
apresentam-se
em cocos
arranjados em
fileiras
Pneumonia,
endocardite,
Infecções do
Trato Urinário
FONTE: KONEMAM 2010.
Streptococcus pneumoniae
Streptococcus
pneumoniae
Gram Positiva,
apresentam-se
em cocos
arranjados em
fileiras
Meningite,
pneumonia, otite
média.
FONTE: TRABULSI;
ALTERTHUM, 2008.
Streptococcus pyogenes
Streptococcus
pyogenes
Gram Positiva,
apresentam-se
em cocos
arranjados em
fileiras.
Faringite,
Impetigo,
Erisipela,
Escarlatina
FONTE: KONEMAM 2010.
31
Microrganismos
Gram/
Morfologia
Cultura
(continua)
Patologia
associada
Enterococcus sp.
Enterococcus spp.
Gram Positiva,
apresentam-se
cocos
arranjados em
cadeias
Infecções do
Trato Urinário,
infecções de
ferida,
bacteremia.
FONTE: KONEMAM 2010.
Neisseria sp.
Neisseria spp.
Gram Negativa,
apresentam-se
em diplococos
Gonorreia,
meningite
meningocócica
FONTE: KONEMAM 2010.
Enterobacteriaceae
Enterobacteriace-ae
Gram Negativa,
apresentam-se
como bacilos
Infecções
Gastrintestinais e
meningite.
Fonte: TRABULSI; ALTERTHUM,
2008.
Salmonella sp.
Salmonella spp.
Gram Negativa,
Apresentam-se
como bacilos
não
esporulados,
maioria moveis.
Algumas
linhagens podem
causar:
Gastroenterite
por Salmonella e;
febre tifoide.
Fonte: TRABULSI, ALTERTHUM;
2008.
32
Microrganismos
Gram/
Morfologia
Cultura
(continua)
Patologia
associada
Shigella sp.
Shigella spp.
Gram Negativa,
Apresentam-se
como bacilos
não
esporulados,
imóveis
Algumas
linhagens podem
causar disenteria
bacilar.
FONTE: TRABULSI: ALTERTHUM,
2008.
Yersinia enterocolitica
Yersinia spp.
Gram Negativa,
Apresentam-se
como células
ovoides na
forma de
bacilos
Algumas
linhagens podem
causar
gastroenterites.
Fonte: TRABULSI: ALTERTHUM,
2008.
Vibrio spp.
Vibrio cholerae
Bactéria Gram
negativa,
apresentam-se
em forma
uniflagelada
Agente Causador
da Cólera.
FONTE: KONEMAM 2010.
Pseudômonas
aeruginosa
Gram Negativa,
apresentam-se
em forma de
bastonetes em
pares ou
isoladas
Pseudômonas aeruginosa
Infecções
oportunistas em
pacientes
Imunocomprometidos.
FONTE: KONEMAM 2010.
33
Microrganismos
Gram/
Morfologia
Cultura
(continua)
Patologia
associada
Clostridiun sp.
Clostridium spp.
Gram Positiva,
apresentam-se
como
bastonetes
formadores de
esporos
Podem causar
infecções de
ferimentos e
Tétano.
FONTE: MURRAY, 2009.
FIGURA 1- Acinetobacter sp.
Acinetobacter spp.
Gram negativa,
apresenta-se
como cocosbacilos
FONTE: MURRAY, 2009.
Podem causar
pneumonias,
septicemias,
infecções urinárias
e meningites,
especialmente em
pacientes
imunocomprometidos.
FIGURA 2- Klebsiella sp.
Klebsiella spp.
Pode causar
pneumonia
infecções do trato
urinário.
Gram negativa,
apresenta-se
como bastonete.
FONTE: MURRAY, 2009.
Cândida sp.
Cândida sp.
Pode causar
candidíase e
infecções nas
mucosas do corpo.
FUNGO
FONTE: Elaborada pelo autor,
2015.
FONTE: ELABORADA PELO AUTOR.
34
4.2.1 Staphylococcus aureus
Embora encontrado com relativa frequência como membro da microbiota
normal do corpo humano, o S. aureus é uma das bactérias mais importantes, uma
vez que atua como agente de ampla faixa de infecções, variando desde infecções
localizadas, geralmente superficiais, até algumas disseminadas, com elevada
gravidade. Em geral, as doenças causadas por esse microrganismo podem ser
classificadas como superficiais, invasivas ou toxicas, ou ainda apresentar
manifestações mistas, toxicas e invasivas. (TORTORA, FUNKE e CASE; 2005).
Segundo Tortora, Funke e Case (2005), os principais fatores de virulência do
S. aureus são os componentes da superfície celular e toxinas. Algumas evidencias
sugerem que determinadas enzimas também podem ser considerados fatores de
virulência.
As infecções estafilocócicas podem ser classificadas em superficiais e
profundas. As superficiais afetam a pele e o tecido celular subcutâneo e, geralmente,
são decorrentes da contaminação direta dos tecidos amostra de S. aureus
existentes nas mucosas ou na pele. A invasão se faz através de soluções de
continuidade
provocadas
por
diferentes fatores
nem
sempre
perceptíveis.
(TRABULSI, ALTERTHUM; 2008).
O
diagnóstico
das
infecções
estafilocócicas
é
feito
pelo
exame
bacterioscópico de esfregaços corados pelo Gram, isolamento e identificação do
microrganismo.
Ao exame microscópio dessas colônias observam-se cocos agrupados em
forma de cachos de uva. Vários meios seletivos indicadores, entre os quais se inclui
o ágar manitol-salgado, pode ser empregado para essa finalidade. A diferenciação
do S. aureus das outras espécies mais frequentes do gênero pode ser feita de modo
simplificado, empregando-se o teste de coagulase livre. (TRABULSI, ALTERTHUM;
2008).
4.2.2 Staphylococcus epidermidis
A segunda espécie mais importante do gênero Staphylococcus é o
Staphylococcus epidermidis. O Staphylococcus epidermidis faz parte da flora normal
35
da pele e da mucosa de seres humanos e animais superiores. (TRABULSI,
ALTERTHUM; 2008).
O Staphylococcus epidermidis é uma espécie bem menos virulenta do que S.
aureus. Não apresentam a produção de coagulase e algumas cepas apresentam a
produção muito tímida de certas enzimas proteolíticas. (TORTORA, FUNKE e CASE;
2005).
No entanto, não significa que S. epidermidis não possa ser patogênico. Esta
espécie tem muitos fatores de adesão, e forma muito biofilme, sendo virulento para
pacientes que fazem uso de material invasivo de plástico (cateter, próteses, stents,
etc.). (TRABULSI, ALTERTHUM; 2008).
Os Staphylococcus coagulase negativa de interesse são subdivididos em dois
grupos: saprophyticus e não saprophyticus, baseado na sua suscetibilidade à
novobiocina. (TORTORA, FUNKE e CASE; 2005).
No
laboratório
clínico,
usualmente
se
faz
a
diferenciação
entre
Staphylococcus coagulase positiva (S. aureus) e Staphylococcus coagulase negativa
(não aureus).
4.2.3 Staphylococcus saprophyticus
O Staphylococcus saprophyticus é de interesse clínico, pois frequentemente
causa infecção do trato urinário, especialmente em mulheres, podendo chegar a
causar cistite, uretrite e pielonefrite, e em casos extremos bacteremia. (TORTORA,
FUNKE e CASE; 2005).
As outras espécies de Staphylococcus de interesse clínico causam infecções
parecidas com o S. epidermidis, e o tratamento é igual. Logo, o mais importante é
discriminar o Staphylococcus coagulase positiva (S. aureus) do Staphylococcus
coagulase negativa. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
4.2.4 Streptococcus e Enterococcus
Os gêneros Streptococcus englobam os cocos Gram-positivos, catalase
negativo, de maior importância em medicina e veterinária. Em geral, esses
microrganismos são nutricionalmente exigentes, mas crescem bem em ágar sangue
36
e em caldo nutriente contendo glicose. São anaeróbios facultativos, e alguns podem
crescer melhor em atmosfera enriquecida com CO2 ou e anaerobiose. O arranjo
celular característico é em forma de cadeias, o que deu origem a denominação
estreptococos, ou aos pares. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
Muitos são da microbiota normal do corpo humano, particularmente as das
vias aéreas superiores e do trato intestinal. Alguns são patógenos clássicos e vários
são tipicamente oportunistas. Alguns destes oportunistas raramente são associados
a infecções, enquanto outros vêm apresentando importância crescente, devido a
capacidade de causar infecções hospitalares e de adquirir novos mecanismos de
resistência aos antimicrobianos.
A diferenciação dos principais gêneros de cocos Gram-positivos catalase
negativos tem por base as características morfológicas e fisiológicas, explorada
através de diferentes testes.
O emprego de testes de fenótipos para classificação de algumas
espécies ou categorias de Streptococcus não contem uma identificação precisa.
Entretanto, aquelas de maior importância clinica podem ser identificadas por testes
relativamente simples. Um sistema conveniente de diferenciação permite dividi-los
nas seguintes categorias; estreptococos β-hemolíticos (S. pyogenes, S. agalactiae,
S.
dysgalactiae),
Streptococcus
pneumoniae,
estreptococos
do
complexo
Streptococcus bovis/ S. equinus e estreptococos do grupo viridans. (TORTORA,
FUNKE e CASE; 2005).
Nas espécies de Enterococcus são conhecidas mais de 30 espécies,
as espécies E. faecalis e E. faecium são as mais frequentes isoladas a partir de
seres humanos. As demais espécies raramente são isoladas como causa de
infecções, a não ser em casos de surto de infecções hospitalares. (TORTORA,
FUNKE e CASE; 2005).
4.2.5 Streptococcus agalactiae
O Streptococcus agalactiae foi descrito como importante agente de mastite
bovina, muitos anos antes de ser reconhecido como um patógeno de seres
humanos. Apenas na década de 1960 demonstrou-se que esse microrganismo era
37
frequentemente responsável por infecções maternas e de recém-nascidos.
(CAETANO; 2008).
Esse microrganismo possui características morfológicas e nutricionais
comuns ao gênero Streptococcus, e, embora possa apresentar mudanças nas
características hemolíticas. (CAETANO; 2008).
O Streptococcus agalactiae apresenta como características fisiológicas a
incapacidade de crescer na presença de bile, a resistência aos antimicrobianos
bacitracina e sulfametoxazol-trimetoprim e é a única espécie de estreptococo capaz
de produzir o fator CAMP. Esse fator é uma proteína termoestável que intensifica a
lise das hemácias produzida pela beta-lisina do Staphylococcus aureus, levando ao
aparecimento de uma zona de hemólise em forma de seta observada em placas de
ágar sangue de carneiro, quando esses dois microrganismos são semeados em
forma de estrias perpendiculares. O fator CAMP também é considerado um fator de
virulência, devido à sua capacidade de se ligar a imunoglobulinas G e M, via fração
Fc. (GOMES, 2013).
4.2.6 Streptococcus pneumoniae
Streptococcus pneumoniae é o principal agente etiológico de infecções
respiratórias adquiridas da comunidade (otites, sinusites e pneumonias). As
pneumonias podem ser acompanhadas de bacteremias, principalmente em pessoas
idosas ou muito jovens. (TORTORA, FUNKE e CASE; 2005).
Outras
infecções
graves
como
meningite,
endocardite,
peritonites,
osteomielite, artrite séptica são também associadas a esse agente.
As doenças pneumocócicas são responsáveis por um dos maiores problemas
de saúde pública em todo mundo, inclusive no Brasil. Estima-se que nos países em
desenvolvimento, o pneumococo seja responsável por mais de um milhão de óbitos
em crianças, a maioria por pneumonia.
Agrupam-se sempre aos pares (diplococos) ou em curtas cadeias, e as
estirpes patogênicas possuem cápsula. Eles são alfa-hemolíticos, ou seja, em
cultura de sangue produzem um halo mucóide esverdeado de destruição parcial de
eritrócitos. Os pneumococos são exigentes no meio de cultura, necessitando de
38
vários nutrientes normalmente fornecidos em cultura de sangue (de vaca ou outro
animal). (TORTORA, FUNKE e CASE; 2005).
O diagnóstico é feito pela cultura com presença de Alfa Hemólise, Catalase
Negativo, Antibiograma com identificação de sensibilidade à Optoquina, Bile
solubilidade Positiva. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
4.2.7 Streptococcus pyogenes
Streptococcus pyogenes ou estreptococo beta-hemolítico do grupo A de
Lancefield é a espécie bacteriana mais frequentemente associada à etiologia de
infecções primárias da faringe e amígdalas. Estas infecções podem ocorrer em
qualquer faixa etária, porém são comuns em crianças e adolescentes com idade
variando entre 5 e 15 anos. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
S. pyogenes é uma espécie β-hemolítica, forma grandes colônias e
caracteriza-se por infectar apenas humanos sendo um dos microrganismos
infecciosos mais comum e versátil.
As infecções podem subdividir-se em superficiais como é o caso das
faringites e pioderma ou invasivas como, por exemplo, impetigo, otite, pneumonia,
abcesso peritonsilar, abcesso retrofaríngeo, sinusite, meningite, gangrena, fasceíte
necrosante, erisipela, celulites, endocardites, infecções gastrointestinais e do trato
urinário. Patologias mais graves são as mediadas por toxinas, como é o caso de
escarlatina e a síndrome do choque tóxico. As sequelas associadas a infecções
provocadas por S. pyogenes incluem a febre reumática, artrites reativas,
glomerulonefrite e eritema nodoso. (TORTORA, FUNKE e CASE; 2005).
Para a identificação é feito pelo isolamento e identificação do microrganismo.
O isolamento é facilmente obtido contendo ágar sangue, onde a mesma forma
colônias beta-hemolíticas. A maneira mais segura para identificar o Streptococcus
pyogenes é verificar se o estreptococo isolado possui o carboidrato do grupo
especifico. (TORTORA, FUNKE e CASE; 2005).
4.2.8 Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium
O gênero Enterococcus inclui diversas espécies residentes do trato
gastrointestinal, da vagina e da cavidade bucal como comensais. Por outro lado,
39
algumas espécies, como Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium, podem
originar doenças, incluindo infecções urinárias e endocardite. Mais de 90% das
infecções humanas enterocócicas são causadas por E. faecalis, sendo as demais
por E. faecium. Doenças relacionadas a outras espécies desse gênero são raras.
(PARADELLA; 2007).
Do ponto de vista microbiológico, os enterococos apresentam poucas
exigências para o seu crescimento, sendo capazes de crescer em temperatura de 10
a 45 °C, pH 9,6 em 6,5% de solução salina, e de sobreviver a 60 °C por 30 minutos.
São microrganismos facultativos, catalase negativos, e a grande parte das espécies
desse gênero hidrolisam esculina na presença de bile. Para a identificação de
enterococos
por
procedimentos
convencionais,
testes
de
fermentação
de
carboidratos e utilização de piruvato são determinados em meio de infusão cérebrocoração (BHI), contendo. E. faecalis cresce em piruvato a 1%, não fermentando
manitol e sacarose. (TORTORA, FUNKE e CASE; 2005).
4.2.9 Neisseria spp.
O gênero Neisseria (nome dado em homenagem ao médico alemão A.L.S.
Neisser,
que
originalmente descreveu o
microrganismo)
é constituído
por 10 espécies. Duas espécies, Neisseria gonorrhoeae e Neisseria meningitidis,
são
patógenos
exclusivamente
estão geralmente presentes
e ocasionalmente colonizam as
ALTERTHUM, 2008).
nas
humanos.
superfícies
As
demais
mucosas
membranas mucosas anogenitais.
espécies
da orofaringe
(TRABULSI;
O diagnóstico é feito em meios de cultura
enriquecidos (Muller-Hinton e Thayer-Marti modificado, por exemplo) os gonococos e
os meningococos que formam colônias mucóides convexas, elevadas e brilhantes,
sendo transparentes ou opacas, não pigmentadas e não hemolíticas. As neissérias
crescem bem em condições aeróbias, embora algumas cresçam em anaerofilia,
tendo exigências complexas para seu crescimento. A maioria fermenta carboidratos,
produzindo ácido, mas não gás. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
40
4.2.10 Enterobacteriaceae
As enterobactérias ou Enterobacteriaceae são uma família de bacilos Gram
negativos, com muitas propriedades em comum. Embora possam ser encontradas
amplamente na natureza, a maioria habita os intestinos do homem e dos animais,
seja como membros da microbiota normal ou como agentes de infecção.
(TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
A diferenciação dos gêneros e espécies é realizada por meio de uma série de
provas bioquímicas. Algumas espécies, em um mesmo gênero, são muito
semelhantes, sendo necessário grande número de provas para diferenciá-las.
A identificação de uma enterobactéria é normalmente feita por meio de provas
bioquímicas, seguidas ou não de provas sorológicas. Em se tratando de
enterobactérias
enteropatogênicas,
as
provas
bioquímicas
são
sempre
acompanhadas de provas sorológicas, seja para confirmar a identificação bioquímica
ou para diferenciar os sorogrupos e sorotipos. Quando a infecção é causada por
uma enterobactéria não enteropatogênica, sua identificação é feita apenas por meio
de provas bioquímicas, exceto quando se isola as Salmonellas, típhyicas e
paratíphycas. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
4.2.11 Salmonella spp.
A classificação da Salmonela sofreu várias modificações nos últimos anos e
ainda não estão totalmente definidas. A classificação atual, que é baseada em
características bioquímicas, divide o gênero Salmonella em duas espécies:
Salmonella entérica, e Salmonella bongori.
A Salmonela paratíphyca (A, B e C) causa uma infecção bastante semelhante
à febre tifóide. De um modo geral, os demais sorotipos de S. enterides causam, no
adulto normal, apenas uma enterocolite que evolui sem complicações e
desaparecem dentro de uma semana. Como estas salmonelas são geralmente
veículadas por alimentos, a infecção é também denominada intoxicação alimentar.
(TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
Após a recuperação de uma infecção por salmonelas, alguns pacientes
permanecem assintomáticos, eliminando as salmonelas por semanas, meses ou
41
anos.
Estes
portadores
contribuem
para
a
disseminação
da
Salmonella
principalmente quando se trata de manipuladores de alimentos, e, nestes casos o
diagnóstico deve ser monitorado por cultura de fezes periódica. Nos portadores
crônicos de Salmonella typhi, a bactéria persiste na vesícula biliar, sendo eliminada
continuamente através das fezes. (TORTORA, FUNKE e CASE; 2005).
O diagnóstico das infecções por salmonela é realizado pelo isolamento e
identificação da bactéria. O material clínico a ser examinado depende do local da
infecção, isto é, fezes nas enterocolites, sangue nas septicemias, licor nas
meninges, e assim por diante. No diagnóstico das infecções intestinais, é importante
realizar o enriquecimento das fezes e utilizar, para a cultura, o ágar verde brilhante,
além do SS e MacConkey. (BAÚ, SIQUEIRA, MOOZ, 2009).
A identificação da Salmonella é realizada por meio de provas bioquímicas e
sorológicas. A identificação sorológica, dos diferentes sorotipos de Salmonella,
somente pode ser feita em laboratórios de referência.
4.2.12 Shigella spp.
Gênero Shigella é constituído da quatro espécies, designadas Shigella
dysenteriae, Shigella flexneri, Shigella boydii e Shigella sonnei.
A doença humana causada por Shigella é chamada shigelose ou disenteria
bacilar, sendo todos os sorotipos patogênicos. A shigelose localiza-se no íleo
terminal e cólon, caracterizando-se por invasão e destruição da camada epitelial da
mucosa, com intensa reação inflamatória. Em consequência disso, o paciente
geralmente apresenta leucócitos, muco e sangue nas fezes. Raramente a Shigella
invade a circulação do paciente. (TORTORA, FUNKE e CASE; 2005).
Diagnóstico da infecção por Shigella das fezes do paciente em meios de
cultura, com posterior identificação das colônias suspeitas por meios de provas
bioquímicas e sorológicas.
A frequência das infecções por Shigella aumenta com a idade da criança. Em
nosso meio a prevalência desta bactéria é de 8 a 10% em crianças com menos de
um ano de idade, e de 15 a 18% em crianças com mais de dois anos. A infecção é
adquirida pela ingestão de água contaminada ou de alimentos preparados com água
42
contaminada. Entretanto, está bem demonstrado que as Shigelas podem ser
transmitidas por contato pessoal. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
Alguns estudos sugerem que 100 bactérias são suficientes para causar a
doença. Aparentemente, esta pequena dose infectante é dependente da maior
resistência que a Shigella apresenta ao suco gástrico. As Shigelas mais
frequentemente isoladas no Brasil são as espécies Shigella flexneri e Shigella
sonnei. Várias vacinas já foram avaliadas, com resultados insatisfatórios.
(TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
4.2.13 Yersinia spp.
A Yersinia enterocolitica pode causar diferentes tipos de infecções no homem,
sendo a infecção no homem, sendo a infecção intestinal a mais importante. As
infecções intestinais causadas por estas bactérias são adquiridas pela via oral-fecal,
por ingestão de água e alimentos, como leite e carne suína contaminada.
(TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
O diagnóstico da infecção intestinal por Yersinia enterocolitica é feito pela
coprocultura das fezes em meios de MacConkey e SS, a 37ºC, com a posterior
identificação bioquímica e sorológica da bactéria.
4.2.14 Vibrio cholerae
O Vibrio cholerae, também conhecido como vibrião colérico, é o agente
causador da cólera. Esta bactéria é membro do gênero Vibrio, da família
Vibrionaceae. Foi descoberto em 1883 por Robert Koch, e deve seu nome à sua
aparência quando observado ao microscópio óptico. As cerca de 30 espécies
incluídas nesse gênero são bastonetes gram-negativos, anaeróbios facultativos,
móveis, curvados em forma de vírgula, possuindo de 1,4 a 2,6 micrômetros de
comprimento. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
O V. cholerae pode ser encontrado naturalmente em diversos ecossistemas,
na forma de vida livre ou aderido a superfícies de plantas, algas verdes
filamentosas, zooplâncton, crustáceos e insetos. A espécie também pode ser
encontrada dentro de comunidades multicelulares conhecidas como biofilmes,
43
estruturas embebidas por uma matriz extracelular polissacarídica que as defendem
das agressões ambientais. (TORTORA, FUNKE e CASE; 2005).
O crescimento desse organismo requer meios contendo NaCl. Antes da
cultura em meio sólido, um meio enriquecido, como peptona alcalina, pode ser
utilizado para melhorar sua recuperação. Meios seletivos contendo sacarose como o
meio tiossulfato, citrato e sais biliares são úteis para o seu cultivo. Nesse meio, o V.
cholerae aparece sob a forma de colônias amarelas. (TORTORA, FUNKE e CASE;
2005).
4.2.15 Pseudomonas aeruginosa
O gênero Pseudomonas constitui a família denominada Pseudomonadaceae,
os membros desta família caracterizam-se como bacilos gram-negativos retos ou
ligeiramente curvos, aeróbios estritos, a maioria das cepas apresenta motilidade por
meio de um ou mais flagelos polares, utiliza glicose e outros carboidratos
oxidativamente e em geral são citocromo oxidase positivos (5,9) é um agente
patogênico oportunista que pode causar doenças como: Infecções do Trato Urinário,
Infecções no Sistema Respiratório, Infecções da Pele e dos Tecidos Moles,
Infecções Oftalmológicas, Infecções Ósseas e Articulares e outras infecções
sistêmicas. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
Uma característica da espécie é a capacidade de produzir um pigmento azulesverdeado (piocianina), denominado de bacilo piociânico, encontrado em pacientes
com queimaduras ou fibrose cística, estes pacientes são mais propensos a transmitir
a infecção por Pseudomonas aeruginosa devido ao estado imunodeprimidos.
(TORTORA, FUNKE e CASE; 2005).
A identificação é feito por meio da cultura que pode ser utilizado o ágar
sangue ou meios para o crescimento de bacilos Gram negativos entéricos. A
incubação pode ser feita a 42ºC, o que inibe o crescimento de outras espécies de
Pseudomonas. Na cultura podem ser observados os seguintes aspectos: Colônias
circulares e lisas, com produção de pigmento azul (piocianina) e/ou esverdeado
fluorescente (pioverdina); Hemólise (no cultivo em meio ágar sangue) e Odor
característico. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
44
4.2.16 Bactérias anaeróbias
Bactérias anaeróbias são organismos que requerem um meio ambiente livre
de oxigênio para o crescimento normal. Anaeróbios estritos podem ser mortos na
presença de oxigênio e não utilizam oxigênio para produção de energia. Existe uma
grande variedade de níveis de tolerância ao oxigênio entre os microrganismos
anaeróbios.
Os microrganismos aeróbios produzem a enzima superóxido dismutase que
elimina os radicais superóxido convertendo-os rapidamente em peróxido de
hidrogênio, que pode ser metabolizado por duas outras enzimas: a catalase, que
converte peróxido de hidrogênio em oxigênio molecular e água e a peroxidase, que
converte peróxido de hidrogênio em água. Anaeróbios representam de 5 a 10% de
todas as infecções clínicas. (ARIOSA, 2014).
4.2.17 Clostridium
O gênero compreende 85 espécies, algumas relacionadas com doenças
específicas e outras com infecção de diferentes órgãos e tecidos. São bacilos
formadores de esporos, gram-positivos, embora existam espécies que se corem
negativamente no momento da esporulação (Clostridium tetani) ou em culturas muito
jovens (Clostridium ramosum e Clostridium clostridiiforme). (BROOKS, et al.; 2014).
A maioria das espécies é anaeróbia estrita, embora existam espécies
aerotolerantes (Clostridium tertium, Clostridium histolyticum e Clostridium carnis). A
maioria das espécies é saprófita, vivendo sobre substratos variados (água, plantas,
alimentos e solo); outras vivem como comensais no trato gastrintestinal e, às vezes,
respiratório do homem e dos animais. Os clostrídios patogênicos são produtores de
doenças de origem exógena clinicamente importantes como tétano, botulismo,
gangrena gasosa associada a feridas traumáticas e intoxicação alimentar por
Clostridium perfringens, além de infecções endógenas mais comuns que envolvem
espécies da microbiota indígena. (BROOKS, et al.; 2014).
45
4.2.18 Leptospira spp.
Leptospira spp. é um agente aeróbio e compartilha características de
bactérias Gram-negativas e Gram-positivas, tendo a forma helicoidal (espiral) como
é descrito no agente etiológico da sífilis. Existem diversas espécies patogênicas,
separadas ainda por sorotipos e sorogrupos. No Brasil a L. interrogans, sorovar
copenhageni, pertencente ao sorogrupo ictero haemorrhagiae, é uma das
leptospiras mais comuns. Medem geralmente 0,1 µm por 6 µm até 20 µm. Apresenta
uma camada de peptideoglicano e uma membrana externa semelhante às bactérias
Gram-negativas, mas com menor potencial endotóxico. (TUON; 2013).
As leptospiras são aeróbias; bioquimicamente inativas; multiplicam-se melhor
a temperatura, em torno de 26-30º C e pH 7,2 e 7,4. Podem atravessar membranas
filtrantes de 0,45 µm de diâmetro. O cultivo de leptospiras é longo e difícil. O tempo
de geração é de 4 a 5 horas para os sorovares saprófitas e de 8 a 12 horas para os
sorovares patogênicos. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
As leptospiras são cultivadas em meios artificiais, contendo 10% de soro de
coelho ou 1% de albumina sérica bovina com adição de ácidos graxos de cadeia
longa e pH 6,8–7,4; A temperatura ótima para seu crescimento está entre 28°- 30°
C; são catalase e oxidase positiva. (TRABULSI, ALTERTHUM; 2008).
4.2.19 Mycobacterium
As micobactérias pertencem a ordem Actinomycetales e a família
Mycobacteriaceae, que possui um único gênero, denominado Mycobacterium
(fungus bacterium), nome proposto por Lehmann e Neumann em 1896, em
referência à película formada pelo Mycobacterium tuberculosis na superfície de
meios líquidos que era similar a produzida por alguns fungos. (TORTORA, FUNKE e
CASE; 2005).
Apresentam-se como bacilos retos ou levemente curvados, com 1 - 4mm de
comprimento por 0,3 - 0,6mm de largura. Algumas vezes, podem apresentar-se na
forma cocobacilar ou filamentosa, variando de espécie para espécie. Por exemplo,
as células do Mycobacterium xenopi são muitas vezes filamentosas e as do
Mycobacterium avium são quase que freqüentemente cocóides. São, de maneira
geral, bacilos imóveis, não esporulados, aeróbios ou microaerófilos, sendo, sua
46
principal característica, a capacidade de resistir à descoloração quando tratadas
com álcool-ácido. (TRABULSI, ALTERTHUM; 2008).
O meio mais utilizado para o isolamento de micobactérias é o LowensteinJensen, que é um meio solidificado à base de ovo que contém glicerol e asparagina
como fontes de carbono e nitrogênio. Outros meios solidificados à base de ágar,
como o 7H10 e 7H11 de Middlebrook, também podem ser utilizados.
Atualmente, encontram-se disponíveis comercialmente, novos métodos cie
cultura, pois a ênfase no laboratório clínico tem sido o desenvolvimento de sistemas
mais rápidos e sensíveis para o isolamento de micobactérias, que no futuro, irão
substituir os processos longos e tediosos da cultura em meios sólidos. (TORTORA,
FUNKE e CASE; 2005).
As micobactérias são identificadas por suas características morfológicas,
velocidade de crescimento em meios de cultura apropriados, capacidade de
crescimento em meios de cultura contendo inibidores, morfologia colonial,
pigmentação e reações bioquímicas e enzimáticas. (TORTORA, FUNKE e CASE;
2005).
4.2.20 Acinetobacter spp.
Acinetobacter é uma bactéria Gram-negativa da família Moraxellaceae, da
ordem Gammaproteobacteria. O gênero Acinetobacter spp. compreende 31
espécies diferentes, sendo que 17 delas não foram nomeadas pois raramente são
isoladas em humanos. Acinetobacter baumannii é a espécie mais importante
clinicamente. A. baumannii é responsável por diferentes tipos de infecções, como
pneumonias, septicemias, infecções urinárias e meningites, especialmente em
pacientes imunocomprometidos, sendo considerado um patógeno oportunista de
grande importância nas infecções nosocomiais. (MARTINS; 2013).
4.2.21 Klebsiella sp
O gênero Klebsiella possui características bioquímicas que permitem sua
identificação. Possui reação de oxidase negativa, fermenta glicose, reduz nitrato,
lisina positiva, citrato e indol negativos, tríplice açúcar ferro (TSI) positivo com
produção de gás, metaboliza a lactose, utiliza o citrato como fonte de carbono e
também hidrolisa a uréia, formando gás ou não. A maioria das amostras é capaz de
47
produzir o butilenoglicol como produto final da fermentação da glicose. (SCARPATE;
2009).
Os microrganismos deste gênero são encontrados em quase todos os
ambientes naturais (solo, água e plantas). O gênero Klebsiella inicialmente foi
isolado em plantas e não era associado a infecções. Entretanto, já foram descritos
isolados clínicos de K. planticola relacionados às infecções causando sepse. As
cepas isoladas de K. planticola e K. pneumoniae foram isoladas de arroz e outras
espécies de plantas sendo, contudo a maioria dos isolados clínicos pertencentes às
espécies K. pneumoniae, K. oxytoca e K. granulomatis. (SCARPATE; 2009).
4.2.22 Cândida spp.
Espécies de Cândida residem como comensais, fazendo parte da microbiota
normal dos indivíduos sadios. Todavia, quando há uma ruptura no balanço normal
da microbiota ou o sistema imune do hospedeiro encontra-se comprometido, as
espécies do gênero Cândida tendem a manifestações agressivas, tornando-se
patogênicas. Quanto à origem, pode ser endógena, quando oriunda da microbiota;
ou exógena, como uma DST. (BARBEDO; 2010).
As leveduras do gênero Cândida têm grande importância, pela alta frequência
com que infectam e colonizam o hospedeiro humano. Espécies de Cândida são
encontradas no tubo gastrointestinal em 80% da população adulta saudável. Entre
as mulheres, cerca de 20 a 30% apresentam colonização por Cândida vaginal, e em
hospitais, o gênero Cândida responde por cerca de 80% das infecções fúngicas
documentadas, representando um grande desafio aos clínicos de diferentes
especialidades devido às dificuldades diagnósticas e terapêuticas das infecções
causadas por tais agentes. Infecções por Cândida envolvem um espectro amplo de
doenças superficiais e invasivas oportunistas, acometendo pacientes expostos a
uma grande diversidade de fatores de risco. Infecções de pele e mucosas podem ser
documentadas em pacientes saudáveis, mas com pequenas alterações locais de
resposta do hospedeiro no sítio da infecção. (BARBEDO; 2010).
48
5 CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada pelo
IBGE em 2000, coleta-se no Brasil diariamente 125, 281 mil toneladas de resíduos
domiciliares, e 52,8% dos municípios Brasileiros dispõem seus resíduos em lixões.
Hoje estima-se que 1 em cada 1000 brasileiros é catador. E 3 em cada 10
catadores gostariam de continuar na cadeia produtiva da reciclagem mesmo que
tivessem uma alternativa. Estes têm orgulho de ser Catador. (GONÇALVES; 2014).
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA 2013), as
questões do tratamento adequado aos resíduos sólidos urbanos e à reciclagem
integram o conjunto de temas que ascenderam à agenda contemporânea de
debates sobre o desenvolvimento sustentável, sobretudo após o início dos anos
1980, com o fortalecimento da temática ambiental em todo o mundo evidenciando
uma preocupação global e imediata. Nesse prisma, os trabalhadores e as
trabalhadoras que se autorreconhecem como catadores (as) de material reciclável
realizam um serviço de utilidade pública muito importante no contexto atual das
cidades, atuando na coleta de materiais para reciclagem que, caso fossem
descartados, ocupariam maior espaço em aterros sanitários e lixões.
O trabalho realizado por estes trabalhadores consiste em catar, separar,
transportar, acondicionar e, às vezes, beneficiar os resíduos sólidos com valor de
mercado para reutilização ou reciclagem.
O segmento social dos catadores de material reciclável integra o cenário
urbano no Brasil há muito anos, convivendo em espaços espalhados nas pequenas
e grandes cidades. (IPEA; 2013).
Entre os riscos a que estes trabalhadores são frequentemente submetidos
estão: a exposição ao calor, a umidade, os ruídos, a chuva, o risco de quedas, os
atropelamentos, os cortes e a mordedura de animais, o contato com ratos e moscas,
o mau cheiro dos gases e a fumaça que exalam dos resíduos sólidos acumulados, a
sobrecarga de trabalho e levantamento de peso, as contaminações por materiais
biológicos ou químicos etc. Estes, entre outros fatores, fazem com que esta
atividade seja considerada como insalubre em grau máximo, conforme estabelecido
na Norma Regulamentadora nº 15, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE),
49
exigindo maiores cuidados em termos de equipamento de proteção e disponibilidade
de locais adequados para o trabalho. (OLIVEIRA; 2011)
Como se não bastasse à realidade de precariedade laboral, os catadores,
mesmo exercendo uma atividade reconhecidamente benéfica para a sociedade,
sofrem também uma série de preconceitos devido à própria natureza de sua
atividade – neste caso, por trabalharem com o que a sociedade chama de lixo.
Esses trabalhadores enfrentam uma situação paradoxal. Por um lado, são
responsáveis pela transformação do lixo em mercadoria de interesse de grandes
indústrias, que tanto lhes confere um papel central de um amplo circuito relativo à
produção e ao consumo de bens, como caracteriza os catadores como verdadeiros
agentes ambientais ao efetuarem um trabalho essencial no controle da limpeza
urbana. Por outro lado, estes trabalhadores ocupam uma posição marginal na
sociedade, com poucas oportunidades no mercado de trabalho, dadas suas
carências em termos de formação profissional, bem como por serem pobres e
relegados para espaços geográficos suburbanos e marginalizados, bem como
sofrerem diferentes tipos de exclusão no mercado de consumo e na dinâmica das
relações sociais. (IPEA; 2013).
Muitos desses trabalhadores exercem a atividade em tempo integral por
muitos anos, desde a infância, e em algumas famílias essa atividade passa a ser
seguida pelos filhos, geralmente por falta de melhores opções.
50
5 COLETA SELETIVA
Segundo a secretaria do meio ambiente a coleta seletiva é um sistema de
recolhimento de materiais recicláveis: papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos,
previamente separados na fonte geradora e que podem ser reutilizados ou
reciclados. A coleta seletiva funciona, também, como um processo de educação
ambiental na medida em que sensibiliza a comunidade sobre os problemas do
desperdício de recursos naturais e da poluição causada pelo lixo.
O correto gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos, que são todos os
resíduos gerados por uma cidade, é um desafio que deverá ser enfrentado por
grande parte dos municípios brasileiros e que ainda não tem recebido a devida
importância por parte destes. Tomando como base informações do IBGE, 95,3 % da
população urbana brasileira tem acesso a alguma forma de coleta de lixo, mas de
todo esse lixo coletado cerca de 60% é disposto de maneira inadequada.
(MONTEIRO, et al.; 2001).
A área de recepção do lixo deve ter piso concretado, cobertura, sistemas de
drenagem, no mínimo, encascalhada, preferencialmente pavimentada, e permitir
manobras do veículo coletor.
A coleta Seletiva Multi-Seletiva Compreende-se como a coleta efetuada por
diferentes tipologias dos resíduos sólidos, normalmente aplicada nos casos em que
os resultados de programas de coleta seletiva implementados tenham sido
satisfatórios. (MONTEIRO, et al. 2001).
Neste sentido, existe a Resolução CONAMA nº275 de 25 de abril de 2001,
que estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser
adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas
informativas para a coleta seletiva. (Tabela 2).
RESOLUÇÃO No 275 DE 25 DE ABRIL 2001
Considerando que as campanhas de educação ambiental, providas de um
sistema de identificação de fácil visualização, de validade nacional e
inspirada em formas de codificação já adotada internacionalmente, sejam
essenciais para efetivarem a coleta seletiva de resíduos, viabilizando a
reciclagem de materiais, resolve:
Art.1o Estabelecer o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a
ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas
campanhas informativas para a coleta seletiva.
Art. 2o Os programas de coleta seletiva, criados e mantidos no âmbito de
órgãos da administração pública federal, estadual e municipal, direta e
51
indireta, e entidades paraestatais, devem seguir o padrão de cores
estabelecido em Anexo.
§ 1o Fica recomendada a adoção de referido código de cores para
programas de coleta seletiva estabelecida pela iniciativa privada,
cooperativas, escolas, igrejas, organizações não governamentais e demais
entidades interessadas.
§ 2o As entidades constantes no caput deste artigo terão o prazo de até
doze meses para se adaptarem aos termos desta Resolução.
Art. 3o As inscrições com os nomes dos resíduos e instruções adicionais,
quanto à segregação ou quanto ao tipo de material, não serão objeto de
padronização, porém recomenda-se a adoção das cores preta ou branca,
de acordo a necessidade de contraste com a cor base.
TABELA 2 - TABELA DE CORES E TIPOS DE LIXO: COLETA SELETIVA DE
LIXO.
Cor
Tipo de lixo
Azul
Papel/papelão
Amarelo
Metal
Verde
Vidro
Vermelho
Plástico
Marrom
Orgânico
Laranja
Resíduos perigosos
Preto
Madeira
Resíduos gerais não recicláveis
Cinza
misturados, contaminado não passível
de separação.
Branco
Resíduos ambulatoriais e de serviço de
saúde
FONTE: Elaborada pelo autor, 2015.
Segundo a Fundação Estadual do Meio Ambiente (2006), a triagem é a
separação manual dos diversos componentes do lixo, que são divididos em grupos,
de acordo com a sua natureza: matéria orgânica, materiais recicláveis, rejeitos e
resíduos sólidos específicos.
Nos municípios onde o lixo é coletado misturado, o processo de triagem é
complexo e demorado, já nos municípios ode há coleta seletiva, que diferencia o lixo
seco do lixo úmido, o processo é mais simples, pois consistem em separar no lixo
seco os resíduos recicláveis e inertes de natureza diferente.
52
As baias de recicláveis são os locais para armazenamento dos recicláveis
obtidos com a triagem do lixo ou na coleta seletiva, até que lhes seja dada
destinação final adequada.
53
6 LIXO x SAÚDE
O lixo é um subproduto das atividades do homem e a sua adequada
disposição é muito importante. Por isso, seguem-se vários aspectos a serem
observados:
- Aspecto Sanitário E Ambiental
O lixo disposto a céu aberto polui o ar, o solo e a água, facilitando a
reprodução e a proliferação de moscas, baratas, ratos e outros vetores biológicos
responsáveis pela transmissão de várias doenças, causando riscos à saúde e ao
bem-estar da população.
Vetores biológicos e doenças que podem se desenvolver a partir de resíduos
sólidos domiciliares e comerciais:
• moscas caseiras: Amebíase, Verminoses, Viroses, Gastrenterite;
• mosquitos (pernilongos): Febre Amarela, Dengue, Malária e Filariose (elefantíase);
• baratas: Giardíase, Amebíase, Cólera, além de atrair escorpiões;
• ratos: Peste Bubônica, Leptospirose, Disenterias;
• suínos: Triquinose, Cisticercose, Toxoplasmose;
• cão e gato: Toxoplasmose e Triquinose;
• urubus e pombos: Toxoplasmose.
A emissão de gases e mau cheiro comprometem a qualidade do ar, podendo
até provocar infecções respiratórias, intoxicações e morte.
- Vacinação
As principais vacinas recomendadas aos trabalhadores expostos a riscos de
acidentes na coleta e manuseio de resíduos sólidos e na seleção de materiais
recicláveis são:
- Vacina Dupla - Tétano e Difteria. Três doses, com intervalos de quatro a oito
semanas e reforço a cada dez anos.
- Febre Amarela - Dose única, com reforço a cada dez anos.
- Hepatite A - Duas doses, sendo a segunda aplicada seis meses após a primeira.
- Hepatite B - Três doses, 30 e 180 dias após a primeira dose.
Em caso de acidente do trabalho ou doença profissional, é obrigatório emitir a
Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT; só assim a Prefeitura ou o médico
que desenvolve o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO
54
podem garantir o registro estatístico dos eventos acidentários e a preservação dos
direitos do trabalhador previstos no Art. 22 da Lei 8.213/91. (BRASIL; 2006).
55
7 METODOLOGIA
A definição de método científico, segundo Marconi e Lakatos (2010) como um
conjunto de atividades sistemáticas e racionais das quais se pode alcançar um
objetivo através da programação de um caminho a ser seguido, e que permite a
detecção de erros nas decisões a ser tomada pelo pesquisador.
A metodologia é seguida pelos seguintes termos; tipo de estudo,
caracterização do município, caracterização do local de estudo, delimitação do
público alvo e análise estatística.
Neste sentido o trabalho de conclusão de curso será elaborado, consequente
de um estudo teórico prático.
7.1 Tipo de estudo
O presente estudo realizado foi o qualiquantitativo, transversal, pois descreve
indivíduos de uma população relacionada à suas características pessoais e fatores
de exposição casuais suspeitos. (MARCONI e LAKATOS, 2010).
A utilização dos resultados obtidos acarretou a conscientização direta ao
grupo pesquisado, comprovando a importância do cuidado ao manipular os materiais
de reciclagem.
7.2 Local de estudo
7.2.1 Caracterização do município
De acordo com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística; 2014), o município de Paracatu tem uma população em 2010 de 84.718
habitantes e a população estimada para 2014 é de 90.294, a área da unidade
territorial é 8.229,595 (km²). Está localizada na região Noroeste do Estado de Minas
Gerais. Os limites municipais são: ao Norte: UNAI-MG; ao Sul: Vazante-MG e
Guarda Mor-MG; ao Leste: João Pinheiro-MG e Lagoa Grande-MG; ao Oeste:
Cristalina-GO. O município está distante a apenas 220 km de Brasília, a Capital
Federal, e a 500 km de Belo Horizonte.
56
7.2.2 Caracterização do local de estudo
A cooperativa Recicla tem uma instalação fixa com galpão e refeitório na
Travessa Dom Serafim, número 65, bairro Arraial D’Angola, em Paracatu-MG.
Sua principal atividade é coletar materiais recicláveis, armazená-los,
seleciona-los, industrializa-los e comercializa-los em mercados consumidores.
A cooperativa é formada por 33 associados, e uma média de 10 catadores
não sócios.
Em média são coletados 45 mil toneladas de materiais recicláveis por
semana, entre eles papelão, garrafa pet, caixa de leite, plásticos, latinhas, sucatas,
computadores e papel.
7.3 Delimitação do público alvo
O presente trabalho tem como foco a análise microbiológica, contudo, afeta
diretamente os trabalhadores que fazem a manipulação dos materiais recicláveis.
7.4 Instrumentos utilizados
Para a pesquisa foram utilizados os seguintes materiais permanentes e de
consumo para a realização do presente trabalho.
7.4.1 Material permanente
 Alça de platina calibrada;
 Autoclave;
 Balança de precisão;
 Béquer;
 Bico de Bünsen;
 Estufa Microbiológica;
 Geladeira;
 Lâminas;
 Placas de Petri de vidro;
57
7.4.2 Material de consumo
 Ágar Cled - MacConkey;
 Ágar Manitol;
 Ágar Sabouraud;
 Água peptonada;
 Kit coloração de Gram;
 Caldo BHI (Brain Heart Infusion);
 Sacos de polietileno;
 Kit bile esculina;
 Kit prova da catalase;
 Kit prova coagulase;
 Meio Citrato simmons;
 Kit teste rugai modificado;
7.5 Aspectos éticos
O estudo foi pautado na resolução 196/1996, que procedente do Conselho de
Saúde
onde
são estabelecidas definições fundamentais, princípios
éticos,
atribuições de ética, entre outros temas.
Resolução 196/1996 compete:
III- ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA ENVOLVENDO SERES
HUMANOS
As pesquisas envolvendo seres humanos devem atender às exigências
éticas e científicas fundamentais.
III.1 - A eticidade da pesquisa implica em: a) Respeito ao participante da
pesquisa em sua dignidade e autonomia, reconhecendo sua
vulnerabilidade, assegurando sua vontade sob forma de manifestação
expressa, livre e esclarecida, de contribuir e permanecer ou não na
pesquisa;
b) ponderação entre riscos e benefícios, tanto conhecidos
como potenciais, individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo
de benefícios e o mínimo de danos e riscos; c) garantia de que danos
previsíveis serão evitados; d) relevância social da pesquisa o que garante a
igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de
sua destinação sócio-humanitária.
III.2 - Todo procedimento de qualquer natureza envolvendo o ser humano,
cuja aceitação não esteja ainda consagrada na literatura científica, será
considerado como pesquisa e, portanto, deverá obedecer às diretrizes da
presente Resolução. (Conselho Nacional de Saúde; 2012).
58
Ainda com o protocolo do estudo, a pesquisa foi aprovada pela Comissão de
Ética em Pesquisa (CEP).
7.6 Desenvolvimento do estudo
Inicialmente para a pesquisa foi emitido o Ofício para a autorização do
projeto. Após a autorização será agendado com o grupo de estudo para ser feito
uma breve palestra sobre os possíveis riscos microbiológicos da coleta seletiva e
meios de prevenção com o uso de EPI’s, e a orientação para a coleta das amostras,
no mesmo dia será feito o convite para a participação dos trabalhadores e a
assinatura dos termos de consentimento da pesquisa (anexo 1).
Após a assinatura dos termos de consentimento foi agendado a data da
coleta de amostras e a aplicação do questionário (anexo 2) para adquirir
informações necessárias do grupo pesquisado.
Seguido os procedimentos e análises que foi feita na pesquisa os resultados
serão entregues para o grupo de trabalhadores e serão orientados de acordo com os
resultados obtidos.
7.6.1 Coleta das amostras
A coleta foi realizada através da imersão da mão em um saco de polietileno
esterilizado contendo 50 ml de água peptonada, e as mãos foram massageadas. As
amostras foram acondicionadas em caixas isotérmicas com gelo e rapidamente
levadas para análise microbiológica do material no máximo 24 horas.
7.6.2 Meios de Cultura
Meios de cultura consistem da associação qualitativa e quantitativa de
substâncias que fornecem os nutrientes necessários ao desenvolvimento (cultivo) de
microrganismos fora do seu meio natural. Tendo em vista a ampla diversidade
metabólica dos microrganismos, existem vários tipos de meios de cultura para
satisfazerem as variadas exigências nutricionais. (LAURI JUNIOR; 2007).
Todas as amostras que foram analisadas terão o controle negativo e positivo.
Sendo que o controle negativo não será semeado cepa de microrganismo para que
59
se observem as condições do meio para uma posterior semeadura. No controle
positivo será semeada uma cepa de microrganismo para cada número padrão de
placa com meio de cultura, para que se observem as condições do meio que será
semeado a amostra do grupo pesquisado.
Os meios de cultura utilizados são: Ágar manitol salgado, ágar CledMacConkey, BHI (Brain Heart Infusion), Ágar sabouraud, ChromAgar.
7.6.2.1 Ágar Cled - MacConkey:
O Ágar MacConkey é um meio seletivo (pela presença de sais biliares, cristal
violeta e NaCl) para o isolamento de bacilos Gram negativos, principalmente as
enterobactérias. Diferencia as bactérias fermentadoras de lactose (colônias
vermelho tijolo a rosa, opacas se o crescimento for denso, podem estar rodeadas
por zonas de precipitado de bile) das não fermentadoras de lactose (colônias
transparentes a incolores, observadas melhor a luz transmitida) pela presença de
lactose e vermelho neutro na composição do produto. (ANVISA; 2013).
O Ágar Cled permite a cultura e contagem de bactérias Gram positivas ou
Gram negativas, impedindo a formação do “véu” de Proteus spp. No ágar Cled, a
lactose facilita a detecção de coliformes contaminantes fermentadores da mesma e
que são facilmente reconhecidos pela mudança de coloração do meio (verde para o
amarelo) e concomitantemente a isso, por se tratar de um meio eletrólito-deficiente,
impede a formação do “véu” de Proteus spp. (ANVISA; 2013).
Procedimento:
- Será pesado e hidratado o meio conforme instruções do fabricante.
- Será esterilizado em autoclave a 121 °C por 15 minutos;
- Será resfriado até 50°C e distribuído 20 a 25 ml em placas de Petri 90 mm estéreis;
- Será deixado em temperatura ambiente até resfriar.
7.6.2.2 Ágar Sabouraud:
Cultivo e crescimento de espécies de Cândidas e fungos filamentosos,
particularmente associados a infecções superficiais.
60
Caracterização macroscópica do fungo filamentoso (colônia gigante).
(ANVISA; 2013).
Procedimento:
- Será pesado e hidratado o meio conforme instruções do fabricante;
- Será esterilizado em autoclave a 121 °C por 15 minutos;
- Será resfriado à +/- 50ºC e distribuído em placas de 90 mm ou 4 ml em placas de
Petri.
7.6.2.3 Ágar manitol salgado
É um meio seletivo, pois contém uma concentração de sal (7,5%) muito
elevada, que inibe a maior parte dos microrganismos, permitindo o crescimento
principalmente de cocos Gram positivos. Também é um meio diferencial, pois
contém o álcool manitol e um indicador de pH, o vermelho de fenol, que passa de
amarelo a vermelho, se o manitol for fermentado. (ANVISA; 2013).
Procedimento:
- Será pesado e hidratado o meio conforme instruções do fabricante;
- Será esterilizado em autoclave a 121 °C por 15 minutos;
- Será resfriado à +/- 50ºC e distribuído em placas de 90 mm ou 4 ml em placas de
Petri.
7.6.2.4 Caldo BHI
É um meio derivado de nutrientes de cérebro e coração, peptona e dextrose.
A peptona e a infusão são fontes de nitrogênio, carbono, enxofre e vitaminas. A
dextose é um carboidrato que os microrganismos utilizam para fermentação.
(ANVISA; 2013).
Meio para cultivo de Estreptococccus, Pneumococcus, Meningococcus,
Enterobactérias, não fermentadores, leveduras e fungos. (ANVISA; 2013).
Procedimento
- Pesar e hidratar o meio conforme instruções do fabricante;
- Distribuir 3,0 ml em tubos com tampa de rosca;
- Esterilizar em autoclave a 121 °C por 15 minutos;
- Retirar os tubos da autoclave e deixar esfriar em temperatura ambiente.
61
7.6.3 Cultura das amostras
Após a coleta das amostras, a solução com o auxílio da Alça calibrada, será
semeado por esgotamento nos meios de cultura ágar e encubadas na estufa a 37°C
por 24 horas.
7.6.3.1 Técnica de esgotamento em placa
Esta técnica é usada fundamentalmente para isolar culturas puras de
amostras que contenham microbiota mista, sendo igualmente útil para o estudo da
morfologia colonial (Figura 1).
A técnica de esgotamento em placa consiste em depositar sobre um ponto
da superfície do meio uma alíquota do material e depois espalha-lo em dois ou três
setores, com o auxílio de alça bacteriológica, sem recarregá-la, de modo a obter
quantidades progressivamente menores do material, e assim formando colônias
perfeitamente isoladas. (ANVISA; 2013).
Procedimento
- Com a alça esterilizada e resfriada, foi mergulhada a ponta da alça na amostra
coletada;
- Inocular a amostra na placa de Petri, estriando de acordo com a figura 19.
- Será inoculada a região 1, esterilizar a alça e esperar que a mesma esfrie, então a
partir da região 1, inocular a região 2. Será repetido o procedimento para as região
3.
- Inverta a placa, identifique-a na borda da base, e incube-a a 37 °C por 24 h.
62
Figura 1 - Ilustração da técnica de esgotamento em placa.
1
2
3
Legenda: 1- Descarregar o material num canto da placa, Flambar a alça; 2- Esfriar a alça em um
canto do ágar, Semear partindo da ponta da primeira semeadura; 3- Semear partindo da ponta
da segunda semeadura, A cada mudança de direção flambar a alça e esfriá-la.
FONTE: Elaborada pelo autor
7.6.4 Coloração de Gram
A coloração de Gram é usada para classificar bactérias com base no
tamanho, morfologia celular e comportamento diante dos corantes (Figura 20). As
interpretações dos esfregaços corados pelo Gram envolvem considerações
relacionadas com as características da coloração, tamanho, forma e agrupamento
das células. (ANVISA; 2013).
Não se pode deixar de destacar que a coloração de Gram somente será um
recurso rápido e útil quando for corretamente realizada (do ponto de vista técnico) e
interpretada por profissionais experientes. (ANVISA; 2013).
O procedimento para os esfregaços serão da seguinte forma:
Os esfregaços deverão ser preparados com uma espessura suficientemente
densos para facilitar a visualização, mas, também, bastante espalhado para revelar
as características do agrupamento. Serão utilizadas, de preferência, lâminas limpas
e novas. (ANVISA; 2013).
Técnica para preparo do esfregaço:
63
- Será identificada a lâmina de maneira segura.
- Será colocada a ponta da alça sobre a lâmina para não destruir as células.
- Será fixado rapidamente na chama.
- Quando material é escasso, será demarcado a área do esfregaço.
- Será procedido o método de coloração do kit.
Procedimento para a coloração será feito da seguinte forma:

Cobrir a área com a solução de cristal violeta por cerca de um minuto.

Decantar o cristal violeta e lavar suavemente com água da torneira.

Cobrir a área do esfregaço com a solução de iodo durante cerca de um
minuto.

Descorar a lâmina com a mistura álcool-acetona, até que o solvente escorra
incolor.

Alternar com água corrente (jato fraco). O tempo usualmente utilizado nesta
etapa é de cerca de 10 segundos.

Cobrir o esfregaço com a solução de safranina (ou Fucsina básica 0.1% a
0.2%), por, cerca de 30 segundos;

Lavar com água corrente.

Deixar secar ao ar, em temperatura ambiente.

Em seguida examinar ao microscópio com a objetiva de imersão.
Interpretação dos resultados:
As bactérias Gram-positivas retêm o cristal-violeta e serão apresentadas com
coloração violeta enquanto as Gram-negativas são descoradas pelo álcool-acetona,
sendo, portanto, coradas com o corante de fundo (fucsina) e serão apresentadas na
cor róseas. (ANVISA; 2013).
64
FIGURA 2 - Esquema da coloração de Gram e seus resultados.
GRAM +
GRAM Fixação
Cristal Violeta
Lugol
Descoloração
Contra-corante
(Safranina)
FONTE: Elaborada pelo autor.
7.6.5 Provas bioquímicas
As bactérias foram identificadas por características do seu metabolismo,
como a capacidade de degradar determinados substratos e produzir gases.
(ANVISA; 2013).
As provas bioquímicas utilizam meios de cultura e reagentes específicos para
detectar metabólitos resultantes da atividade bacteriana, auxiliando na sua
identificação. (ANVISA; 2013).
Os testes bioquímicos utilizados foram: prova bile esculina, prova da catalase,
prova da coagulase, prova do citrato simmons, e a prova do rugai modificado, para
as amostras que crescerem leveduras, só será feito a diferenciação de Cândida
albicans e não Cândida albicans com a semeadura em CHROMagar Candia
Medium. (ANVISA; 2013).
65
7.6.5.1 Bile esculina
A prova de Bile Esculina é baseada na capacidade de algumas bactérias
hidrolisarem esculina em presença de bile. (ANVISA; 2013).
As bactérias Bile Esculina POSITIVAS, são capazes de crescer em presença
de sais biliares. A hidrólise da esculina no meio resulta na formação de glicose e
esculetina. A esculetina reage com íons férricos, formando um complexo negro.
(ANVISA; 2013).
Procedimento
- Foi pesado e hidratado o meio conforme instruções do fabricante;
- Foi fundido o meio e distribuído 2,5 ml por tubo e esterilizado em autoclave a
121°C por 15 minutos;
- Depois de retirada da autoclave, foram inclinados os tubos ainda quentes para que
solidifiquem com a superfície em forma de "bico de flauta" (ângulo de 45º).
7.6.5.2 Prova da catalase
A catalase é uma enzima que decompõe o peróxido de hidrogênio (H2O2) em
água e oxigênio. (ANVISA; 2013).
Inoculação
- Foi colocada uma gota de peróxido de hidrogênio (água oxigenada) 3% sobre uma
lâmina;
- Com auxílio da alça de platina, foi acrescentada a colônia em estudo na gota de
peróxido de hidrogênio.
Interpretação
- Positivo: Presença imediata de bolhas - a produção de efervescência indica a
conversão do H2O2 em água e oxigênio gasoso.
- Negativo: Ausência de bolhas ou efervescência.
7.6.5.3 Prova da coagulase
Este teste verifica a capacidade de microrganismos reagirem com o plasma e
formarem um coágulo, uma vez que a coagulase é uma proteína com atividade
66
similar à protrombina, capaz de converter o fibrinogênio em fibrina, que resulta na
formação de um coágulo visível. (ANVISA; 2013).
Procedimento
- Com auxílio do fio bacteriológico, foram suspendidos colônias em estudo em caldo
BHI e colocar em estufa à 37ºC até que turve;
- Em um tubo de ensaio estéril, foram colocados 0,5 ml de plasma reconstituído e
0,5 ml do caldo BHI com crescimento bacteriano recém-turvado;
- Foi incubado em estufa à 35ºC 4 horas e verificado se há presença de coágulo;
- Quando não houve a presença de coágulo, foi incubado o tubo em temperatura
ambiente e repetido as leituras com 18 e 24 horas de incubação.
7.6.5.4 Ágar Citrato Simmons
Este meio foi para verificar a capacidade da bactéria de utilizar o citrato de
sódio como única fonte de carbono, juntamente com sais de amônia, alcalinizando o
meio. Diferenciar gêneros e espécies de enterobactérias e não fermentadores.
(ANVISA; 2013).
Procedimentos
- Foi pesado e hidratado o meio segundo instruções do fabricante.
- Foi ajustado o pH para 6,9 ±0,2.
- Foi aquecido sob agitação até fundir o Ágar e distribuídos em tubos com tampas de
rosca.
- Foi esterilizado em autoclave a 121°C por 15 minutos;
- Foram retirados os tubos da autoclave e inclinados ainda quentes, para que
solidifiquem com a superfície em forma de bico de flauta (ângulo de 45°).
- Foi deixado solidificar em temperatura ambiente.
Inoculação
Com o auxílio de um fio bacteriológico, foi inoculada na superfície a colônia,
não furar a base. Será realizado o teste com colônias puras de 18 a 24 horas.
Interpretação
Cor original do meio: verde
Positivo: cor azul ou crescimento no local do inoculo.
Negativo: não há crescimento e a cor permanece inalterada.
67
Quando houve crescimento visual na área do inoculo sem mudança de cor, o
teste foi considerado positivo, reincubar por 24 até 72 horas, a incubação poderá
mudar a cor do meio para azul (alcalino).
7.6.5.5 Rugai modificado
Este
meio
foi
utilizado
para
identificar
as
principais
espécies
de
Enterobactérias, Víbrios e Aeromonas, permitindo em um só tubo a leitura, das
seguintes reações: motilidade da bactéria indicado pela turvação da lisina na base,
lisina descarboxilase, fermentação da glicose em profundidade e da sacarose na
superfície do meio, produção de gás sulfídrico (H2S), gás em glicose, utilização do
aminoácido L-triptofano (desaminação), hidrólise da ureia e no tampão do tubo, um
desenvolvimento de coloração avermelhada que indica a formação de indol (Figura
3).
Figura 3: Meio Rugai Modificado
Fonte; MBIOLOG DIAGOSTICOS, 2015.
68
Procedimento
- Foram retirados os tubos a serem utilizados do refrigerador e aguardar até que as
mesmas alcancem a temperatura ambiente;
- Usando a alça de platina flambada, foi encostado na superfície de uma colônia e
inocular através de uma picada central que atinja a porção inferior do meio lisina
motilidade, cuidando para não entortar a ponta da agulha. A alça foi puxada em
direção à superfície, neste momento foi tomado um cuidado para que esta percorra
o mesmo caminho e ao atingir a superfície e fazer o estriamento.
Interpretação:
- A interpretação pode ser feita com a leitura das características observadas em
cada bactéria inoculada, ou pode ser feito a leitura de acordo com uma imagem e a
interpretação de cada tubo (Figura 18).
- Desaminação do L-Triptofano: prova será positiva quando há desenvolvimento de
coloração verde garrafa no ápice do tubo e a prova negativa será caracterizada pela
manutenção da cor original do meio ou cor amarelada;
- Fermentação da glicose: o surgimento de cor amarela na porção inferior de meio
será caracterizada prova positiva, do contrário, o meio mantém-se inalterado; esta
prova deverá ser obrigatoriamente positiva para todas as enterobactérias, devendose atentar para o fato de que, nos casos de bactérias que produzem H2S ou
hidrolisam a ureia, a cor amarela será mascarada;
- Fermentação da sacarose: terá o surgimento de cor amarelada na superfície do
meio.
- Produção de gás a partir da glicose: caso a bactéria em estudo produza gás a
partir da glicose, irão se formar bolhas no interior do meio, podendo em alguns
casos o meio pode chegar a se partir e sofrer deslocamento;
- Produção de gás sulfídrico (H S): a produção de gás sulfídrico será evidenciada
pelo surgimento de coloração negra com intensidade variável na porção inferior de
meio;
- Hidrólise da ureia: irão considerar a prova positiva quando houver a formação de
uma coloração azulada na porção inferior do meio.
- Descarboxilação da lisina: inicialmente o meio ficará amarelo indicando que a
bactéria é viável, e no caso de haver a descarboxilação da lisina, o meio volta à cor
púrpura original, do contrário, para prova negativa.
69
- Motilidade: caso o crescimento bacteriano fique restrito à linha de picada serão
considerada motilidade negativa, do contrário, para a motilidade positiva haverá um
crescimento difuso com turvação parcial ou completa do meio;
- Indol: o surgimento de uma cor vermelha na tampa caracterizará a prova positiva.
Fase Superior
- Ápice: azul: sacarose negativa LTD negativo
- Amarelo: sacarose positiva LTD negativo
- Verde garrafa: sacarose negativa LTD positivo.
Base:
- Amarelo: glicose positiva
- Azul: ureia positiva
- Preto: H2S positivo
- Amarelo com bolhas: glicose e gás positivos.
Fase Inferior:
- Violeta: lisina descarboxilase positiva
- Amarelo: lisina descarboxilase negativa
- Com turvação: motilidade positiva (móvel)
- Sem turvação: motilidade negativa se observa nitidamente o crescimento.
70
Figura 4 - Características do teste Rugai modificado após 18-24 horas
FONTE: MBIOLOG DIAGNÓSICOS, 2015
71
8 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O
estudo
envolveu
manipuladores
de
materiais
recicláveis
do
COOPERCICLA, onde tiveram que responder um questionário referente ás
características socioeconômicas e rotina de trabalho, logo após forneceram uma
amostra da microbiota das mãos.
Dentro do critério, características socioeconômicas, do total de entrevistados,
65% (11/17) eram do sexo feminino, e 35% (6/17) do sexo masculino, totalizando 17
pessoas (Gráfico 1).
A predominância do sexo feminino nesta atividade pode resultar em uma
atividade alternativa para as pessoas que não conseguem uma colocação no
mercado de trabalho, sendo que estas atividades desempenhadas são a principal
fonte de renda destes trabalhadores.
GRÁFICO 1 - Distribuição dos entrevistados em relação ao gênero na
COOPERCICLA em Paracatu-MG (n=17).
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
Em relação à faixa etária descrita no Gráfico 2, 18% (3/17) encontravam-se
entre 20 a 29 anos, 47% (8/17) entre 30 a 39 anos, 12% (2/17) entre 40 a 49 anos e
23% (4/17) com idade entre 50 a 60 anos. De acordo com Kirchner et al. (2009), na
atual condição da economia do Brasil, a idade é um dos fatores que afetam
72
predominantemente a forma de participação no mercado de trabalho formal, sendo
que este é mais favorável na admissão de jovens.
GRÁFICO 2 - Distribuição da Faixa etária dos entrevistados na COOPERCICLA
em Paracatu-MG (n=17).
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
Entre os 17 trabalhadores que aceitaram participar do projeto 8 (47%)
pessoas não completaram o ensino fundamental (Gráfico 3). Segundo com
Medeiros e Macedo (2006), a baixa escolaridade é devido a sua condição social,
financeira e de não encontrar lugar no mercado formal de trabalho, e cada dia esse
número de trabalhadores aumentam. Foram entrevistados também trabalhadores
que concluíram o ensino médio, mostrando assim que a falta de oportunidade de
trabalho pode ser um dos motivos que levam estas pessoas a trabalharem neste
local.
73
GRÁFICO 3: Distribuição do nível de escolaridade dos entrevistados na
COOPERCICLA em Paracatu-MG (n=17).
FONTE: Dados elaborados pela autora. Paracatu/MG, 2015.
Em relação ao tempo que trabalha na cooperativa, observou-se que 70%
(12/17) trabalha a mais de um ano, a um ano cerca de 6% (1/17), com menos de
seis meses 12% (2/17) e por seis meses 12% (2/17) estão nesta prática (Gráfico 4).
As cooperativas de reciclagem de lixo são recentes no Brasil. Uma das
pioneiras, é a Cooperativa dos Catadores Autônomos de Papel, Aparas e Materiais
Reaproveitáveis – COOPAMARE –, fundada no ano de 1985, na cidade de Belo
Horizonte. (IPEA; 2013).
74
GRÁFICO 4 - Distribuição em relação ao tempo que trabalha no COOPERCICLA
de Paracatu - MG (n=17).
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
De acordo com a carga horária dos entrevistados, cerca de 53% (9/17)
trabalham 12 horas por dia, e 29% (5/17) trabalham mais de 12 horas por dia
(Gráfico 5). Podemos observar neste resultado que a maioria deles possui somente
este trabalho como única fonte de renda.
Segundo Medeiros e Macedo (2006), o objetivo central de uma cooperativa de
catadores de material reciclável é gerar oportunidades de trabalho e renda. Isso é
devido ao mercado de trabalho não dar tantas oportunidade de emprego para essas
pessoas.
75
GRÁFICO 5 - Distribuição em relação da carga horária/dia na COOPERCICLA
em Paracatu-MG (n=17).
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
Quanto à relação de remuneração dos trabalhadores, 65% (11/17) recebem
um salário mínimo, 29% (5/17) recebem mais de um salário por mês (Gráfico 6).
Podemos observar que a maioria desses trabalhadores consegue uma remuneração
de um salário mínimo (cerca de $ 788,00).
Assim os catadores possuem uma percepção dividida sobre o trabalho com o
lixo, uma vez que, apesar de enxergarem o lado negativo – como remuneração
baixa, carência de proteção trabalhista formal – junto com um sentimento de
vergonha e humilhação, eles também percebem este trabalho como digno, do qual
adquirem seu sustento para a família. (TOLENTINO; MONSUETO, 2015).
76
GRÁFICO 6: Relação da remuneração Mensal Dos Entrevistados na
COOPERCICLA em Paracatu-MG (n=17).
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
Foi questionado para os trabalhadores a sua função na cooperativa (Tabela
3), e os resultados foram que os 17 entrevistados, 5 tem a função de catar, 1 com a
função de prensista, 3 com a função de separar, 1 com a função de catar e separar
e 7 com a função de catar, separar e vender. Assim, podemos concluir que alguns
trabalhadores fazem mais de uma função na cooperativa em sua rotina de trabalho.
TABELA 3: Função na COOPERATIVA em Paracatu - MG (n=17).
Função
Quantidade de trabalhadores
Catar
5
Prensista
1
Separar
3
Catar/Separar
1
Catar/Separar/Vender
7
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
Para o meio de transporte utilizado pelos trabalhadores (Gráfico 6), a maioria
utilizam caminhão para colocar os materiais que pegam para a reciclagem cerca de
53% e 23% usam caminhonete.
77
GRÁFICO 7 - Relação do meio de transporte para os materiais recicláveis
coletado na COOPERCICLA em Paracatu-MG (n=17).
Fonte: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
Segundo IPEA (2013), o enfoque do Fórum Nacional Lixo e Cidadania criado
em 1998, é a capacitação dos catadores para atuarem no gerenciamento dos
resíduos sólidos com condições seguras e dignas de trabalho e a garantia de sua
inclusão social e cidadania. Para isso, o cooperativismo e o associativismo sempre
foram princípios balizadores de suas intervenções e proposições.
Na tabela 4 está a relação de condição de trabalho na COOPERATIVA, onde
os trabalhadores foram questionados se eles acham o trabalho perigoso, se eles
receberam treinamento para trabalhar na instituição, se fazem exames periódicos e
se usam EPI’s. Com a tabela podemos observar que a maioria dos trabalhadores
acham o trabalho perigoso e 7 que responderam que não acham o trabalho perigoso
foi questionado o porquê eles acham isso, e algumas repostas foram as seguintes:
‘’ Não acho o serviço perigoso porque tomamos os devidos
cuidados.’’ 1
‘’ Porque me previno na maneira do possível.’’ 2
Já as pessoas que acham o trabalho perigoso, respondeu o porquê,
descrevendo o seguinte:
1
2
Entrevistado - 39 anos.
Entrevistado - 43 anos.
78
‘’ Porque o lixo contém muitos produtos químicos e bactérias e
micróbios que podem causar doenças e outros danos à saúde.’’ 3
‘’ Eu acho porque a gente tem contato com material desconhecido.’’ 4
De acordo com Cavalcante e Franco (2007), por diversas razões, o mero
conhecimento do perigo, por esses sujeitos, não é suficiente para transformar seus
hábitos e posturas em ação preventiva. A primeira razão é a convivência dos
catadores num processo habitual de trabalho atravessado pela precariedade e pela
degradação ambiental que naturaliza os riscos, uma vez que esses sujeitos chegam
ao ponto de desconsiderar o efeito resultante.
Com a mesma tabela podemos concluir que a maioria dos trabalhadores
receberam treinamento para trabalhar na instituição fazendo assim trabalhadores
capacitados para cada função estabelecida e diminuindo assim os acidentes e risco
de contaminação com o lixo manuseado durante a rotina de trabalho.
Um dado muito importante que foi questionado para os trabalhadores é a
questão do uso de EPI’s e o resultado foi positivo, pois todos usam EPI’s durante o
trabalho, dessa forma reduzindo os riscos expostos pelo lixo.
TABELA 4 - Relação de condição de trabalho na COOPERATIVA em Paracatu MG (n=17).
Receberam
treinamento pra
trabalhar
13
Fazem
exames
periódicos
8
Usam
EPI’s
Sim
Acham o
trabalho
perigoso
10
Não
7
4
9
0
17
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
Os EPI’s usados pelos trabalhadores estão representados no gráfico 8,
sendo que todos os entrevistados usam luvas e sapatos fechados.
Os organismos patogênicos podem habitar por tempo indeterminado as
embalagens, frascos e restos de lixo. Sendo assim, os EPI’s são equipamentos
fundamentais nos processos de reciclagem, tanto para os catadores quanto para o
pessoal que trabalha separando os materiais ou na reciclagem propriamente dita.
3
4
Entrevistado - 29 anos.
Entrevistado - 32 anos.
79
GRÁFICO 8 - Relação dos EPI’s usados pelos trabalhadores na COOPERCICLA
em Paracatu-MG (n=17).
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
De acordo com RAMOS (2012), as doenças mais frequentes, vindas do
contato humano direto ou indireto com o lixo são as doenças diarreicas, diretamente
relacionadas à lavagem das mãos, e aquelas transmitidas por vetores biológicos e
mecânicos.
Na pesquisa apresentada, a grande maioria dos trabalhadores lavam as mãos
6 vezes por dia (Gráfico 9), e esse resultado revela uma preocupação importante,
pois o contato com o lixo requer um grande cuidado não somente, mas
principalmente com as mãos, já que a mesma tem grande possibilidade de transmitir
doenças, por mais que a pessoa use devidamente os EPI’s muita das vezes elas
não percebem por causa da força do hábito, mas passam as mãos nos olhos e boca,
então, se não lavarem as mãos corretamente e várias vezes ao dia esse risco
aumenta.
80
GRÁFICO 9 - Relação de quantas vezes por dia lavam as mãos na
COOPERCICLA em Paracatu-MG (n=17).
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
A utilização simples de água e sabão pode reduzir a população microbiana
presente nas mãos e, na maioria das vezes, interromper a cadeia de transmissão de
doenças. (ANVISA; 2015).
Com isso os trabalhadores foram questionados com qual tipo de sabão que
eles utilizam para a antissepsia das mãos (Gráfico 10), e os resultados foram que
82% dos entrevistados utilizam sabão em barra, 18% não usam sabão para lavar as
mãos durante a rotina de trabalho. Com esses dados podemos concluir que alguns
trabalhadores correm um risco maior de se contaminar com microrganismos vindos
do material reciclável, já que lavar as mãos somente com água não tem significado
nenhum para reduzir a população microbiana da pele.
81
GRÁFICO 10 - Tipos de sabão usado na rotina de trabalho na COOPERCICLA
em Paracatu-MG (n=17).
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
De acordo com Cavalcante e Franco (2007), uma doença ocupacional
comumente associada a esse meio é frequentemente relatada pelos catadores
destacando em relação às micoses, aparecendo mais frequentemente nas mãos e
pés, onde as vestimentas colocadas umas sobre as outras estabelecem condições
favoráveis para o desenvolvimento de microrganismos.
No gráfico 11 temos os resultados se os trabalhadores, nos últimos sete dias
sentiram alguma coceira ou irritação nas mãos. Assim 13 dos 17 entrevistados não
sentiram nada neste tempo, e 2 dos 17 sentiram coceira e irritação.
82
GRÁFICO 11- Relação se os trabalhadores sentiram coceira e/ou irritação nas
mãos nos últimos 7 dias na COOPERCICLA em Paracatu-MG (n=17).
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
Através da análise da microbiota das mãos utilizando meios de culturas com
propriedades diferentes, observou-se que todas as amostras tiveram o crescimento
de bactérias Gram positivas (Tabela 5) identificadas como Staphylococcus aureus
em meio Ágar sal manitol (Figura 5) e Staphylococcus não aureus.
83
FIGURA 5 - Crescimento de Staphylococcus aureus em meio Ágar sal manitol
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
Logo após as amostras foram repicados para o meio Ágar Mueller Hinton para
a classificação dos Staphylococcus não aureus resistentes ou sensíveis a
novobiocina (Imagem 6).
FIGURA 6 - Prova da novobiocina em amostras de Staphylococcus não aureus.
A
B
Legenda; A- Sensível B- Resistente.
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
84
TABELA 5 - Identificação das bactérias Gram Positivas (n=17).
Amostras
Bactérias identificadas GRAM +
UFC/mL
Amostra 01
Staphylococcus aureus
900 UFC/mL
Amostra 02
Staphylococcus aureus
5.200 UFC/mL
Amostra 03
Staphylococcus aureus
3.000 UFC/mL
Amostra 04
Staphylococcus aureus
10.000 UFC/mL
Amostra 05
Staphylococcus aureus
1.000 UFC/mL
Amostra 06
Staphylococcus aureus
700 UFC/mL
Amostra 07
Staphylococcus aureus
10.000 UFC/Ml
Staphylococcus não aureus
novobiocina sensível
3.000 UFC/mL
Amostra 08
Staphylococcus aureus
22.000 UFC/mL
Amostra 09
NEGATIVO
0
Amostra 10
Staphylococcus aureus
30.000 UFC/mL
Staphylococcus não aureus
Novobiocina resistente
3.000 UFC/mL
Staphylococcus aureus
300 UFC/mL
Staphylococcus não aureus
novobiocina sensível
100 UFC/mL
Staphylococcus aureus
2.500 UFC/mL
Staphylococcus não aureus
novobiocina sensível
9.800 UFC/mL
Amostra 13
Staphylococcus aureus
2.200 UFC/mL
Amostra 14
Staphylococcus aureus
33.000 UFC/mL
Amostra 15
Staphylococcus aureus
700 UFC/mL
Staphylococcus não aureus
novobiocina sensível
100 UFC/mL
Amostra 16
Staphylococcus aureus
230 UFC/mL
Amostra 17
Staphylococcus aureus
30.000 UFC/mL
Amostra 11
Amostra 12
Fonte: Dados coletados pela pesquisadora, através da análise microbiológica das mãos Paracatu/MG, 2015.
85
Para as amostras com crescimento de Gram negativos (Tabela 6) foram
feitos provas bioquímicas para a identificação das bactérias, sendo repicadas em
meio Rugai Modificado (figura 7a) e comparadas com a imagem de identificação do
kit.
Podemos observar que as bactérias Gram negativas que foram identificadas a
maioria são da microbiota normal da pele humana, mas a de mais importância
clínica é a Esherichia coli, que causa diarreia intensa e infecções do trato urinário, os
indivíduos contaminados com esta bactéria se não tratada transmite para outras
pessoas disseminando assim a doença para a população. A bactéria que mais
prevaleceu nas amostras analisadas foram Acinetobacter sp. (figura 7b) que pode
causar pneumonia em indivíduos com sistema imune fraco.
TABELA 6 - Identificação das bactérias Gram Negativas (n=17).
Amostras
Bactérias identificadas
UFC/mL
GRAM NEGATIVO
Amostra 01
0
NEGATIVO
Amostra 02
0
Enterobacter sp.
Amostra 03
100 UFC/mL
NEGATIVO
Amostra 04
0
NEGATIVO
Amostra 05
0
NEGATIVO
Amostra 06
0
NEGATIVO
Amostra 07
0
NEGATIVO
Amostra 08
0
NEGATIVO
Amostra 09
0
Acinetobacter sp.
Amostra 10
200 UFC/mL
NEGATIVO
Amostra 11
0
Acinetobacter sp.
Amostra 12
200 UFC/mL
Amostra 13
Klebsiella sp.
Acinetobacter sp.
200 UFC/mL
100 UFC/mL
Amostra 14
Enterobacter sp.
Acinetobacter sp.
800 UFC/mL
100 UFC/mL
Amostra 15
Amostra 16
Amostra 17
Esherichia coli
Enterococcus sp.
NEGATIVO
Acinetobacter sp.
200 UFC/mL
100 UFC/mL
0
100 UFC/mL
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
86
FIGURA 7 - Meio Rugai Modificado
a
b
Legenda: a- Esherichia coli b- Acinetobacter sp.
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
Em relação aos fungos foram diferenciados como Cândida albicans e Cândida
não albicans em meio CHROMagar Cândida Medium, que são de mais importância
clínica (figura 8). Na análise foram identificados 5 amostras com Cândida não
albicans cerca de 56%, e 4 amostras com Cândida albicans cerca de 44% (Gráfico
12).
87
GRÁFICO 12 - Relação do crescimento de Cândida albicans e Cândida não
albicans nas amostras dos trabalhadores do Coopercicla em Paracatu (n=9).
FONTE: Dado elaborado pela autora - Paracatu/MG, 2015.
Esta bactéria está na microbiota normal da vagina em pouca quantidade, mas
devido a alguns fatores como estresse e baixa imunidade esta bactéria se prolifera
causando a doença chamada Candidíase, que pode ser transmitida para outras
pessoas sendo considerada uma DST, felizmente essa patologia tem cura muito
rápido se tratado corretamente.
Figura 8 - Meio CHROMagar Cândida Medium com amostras identificadas com
Cândida albicans e Cândida não albicans
FONTE: Dados elaborados pela autora - Paracatu/MG, 2015.
88
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho apresentado teve a participação de 17 trabalhadores da
cooperativa, durante o estudo observamos uma relevância importante em relação
aos riscos de contaminação e infecção dos diversos microrganismos existentes no
lixo manipulado pelos trabalhadores dessa cooperativa.
As bactérias que foram identificadas na análise, podemos destacar que a
maioria das amostras coletadas teve o crescimento de Staphylococcus aureus. Ainda
na análise das amostras as bactérias gram negativas que podemos citar são,
Acinetobacter sp., Esherichia coli, Enterobacter sp. e Enterococcus sp. que são de
importância clínica e que podem trazer infecções graves.
Com os resultados obtidos com este trabalho mostra a necessidade de uma
análise depois da higienização corretamente das mãos desses manipuladores de
materiais recicláveis, pois as mãos constituem a principal via de transmissão de
microrganismos, pois a pele é um possível reservatório de diversos microrganismos,
que podem se transferir de uma superfície para outra, por meio de contato direto
(pele com pele), ou indireto, através do contato com objetos e superfícies
contaminados.
O estudo também mostra a necessidade da identificação dos fungos que não
foram de importância neste trabalho, mas sabemos que diversos tipos de fungos
causam doenças, podem causar alergias respiratórias e cutâneas leves ou intensas,
infecções em mucosas e outros tecidos subcutâneos, como também infecções
crônicas e letais.
89
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93
ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Resolução nº 196/96 – Conselho Nacional de Saúde
O Sr (a) está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada:
Avaliação da presença de contaminação por microrganismos patológicos, nas
mãos dos manipuladores de lixo reciclável do COOPERCICLA. Este estudo fica
tem como objetivo: Avaliar a presença de microrganismos patológicos nas mãos dos
trabalhadores do Paracatu Recicla e conscientizá-los sobre o uso de EPI’s.
Ao convidado será aplicado um questionário referente á sua rotina de
trabalho. Neste não constatará nenhum dado pessoal do entrevistado. Não terá
nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. Não haverá riscos de
qualquer natureza relacionada a sua participação de colaborar no conhecimento
científico. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo e sua
participação é voluntária.
Este receberá uma cópia deste termo onde consta o celular/e-mail do
pesquisador responsável, podendo tirar suas duvidas sobre o projeto e sua
participação, agora ou qualquer momento. Desde já agradeço.
Declaro estar ciente do inteiro teor deste termo de consentimento e estou de
acordo em participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a
qualquer momento, sem sofrer qualquer punição ou constrangimento.
Sujeito da pesquisa: _____________________________________________
Paracatu,____/___/____.
_______________________________________________________________
Assinatura do Declarante
______________________________________________________________
Profª. Orientadora Msc. Cláudia Peres Silva
Em caso de dúvida em relação a esse documento, poderá entrar em contato com o
telefone da pesquisadora responsável pelo telefone: (38) 9962-5638 ou (38) 88448676 ou pelo e-mail: [email protected]
94
APENDICE A - QUESTIONÁRIO AOS TRABALHADORES
Nome completo: ___________________________________________________
Idade:_______
Escolaridade:
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
( ) Ensino fundamental incompleto
( )Ensino fundamental completo
( )Ensino médio incompleto
( )Ensino médio completo
Tempo que trabalha na associação? ( ) seis meses
( ) menos de seis meses
( ) Um ano
( )Mais de um ano
Carga horária de trabalho: ( ) 6 horas/dia
( ) 12 horas/dia
( ) menos de 6 horas/dia
( ) mais de 12 horas/dia
Remuneração média por mês: ( ) um salário mínimo
( ) mais de um salário mínimo
( ) menos de um salário mínimo
Qual a sua função na associação? ( ) catar
( ) separar
( ) vender
Qual meio de transporte você usa para a coleta dos materiais?
( ) charrete
( ) bicicleta
( ) a pé
( ) outros _________________
95
Acha seu trabalho perigoso?
( ) Sim
( )Não
Porquê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____________
Você recebeu treinamento para a rotina do seu trabalho?
( ) sim
()
( ) Sim
()
não
Você faz exames periódicos (de rotina)?
( ) Sim
( ) não
Você usa EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual)?
não
Quais?( ) Luvas
( ) Mascara
( ) Sapatos fechados
( ) Outros. Quais? ____________________________________________________
Número de vezes que você lava as mãos durante o horário de serviço?
( ) menos de 6 vezes
( ) 20 vezes
( ) mais de 20 vezes
( ) nenhuma vez
Se usa, qual tipo de sabonete é utilizado para lavar as mãos?
( ) sabonete líquido
( ) sabonete em barra
( ) não uso sabonete
96
Nos últimos 7 dias você:
( ) Sentiu coceira nas mãos
( ) Sentiu irritação nas mãos
( ) Sentiu coceira e irritação nas mãos
97
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