atenção integrada às doenças prevalentes da criança

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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Organização Mundial de Saúde
Organização Pan-Americana de Saúde
ATENÇÃO INTEGRADA ÀS
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA
INTRODUÇÃO
CURSO DE CAPACITAÇÃO
Brasília - 1999
Management of childhood lllness foi preparado por CHD – Divisão de Saúde e Desenvolvimento Infantil, da
Organização Mundial da Saúde (OMS) em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF),
através de um contrato com ACT Internacional, Atlanta, Geórgia, USA.
A versão em português, que corresponde ao Curso de Capacitação sobre Atenção Integrada às
Doenças Prevalentes da Criança foi preparada pela Unidade de Atenção Integrada às Doenças
Prevalentes da Criança, Programa de Doenças Transmissíveis, Divisão de Prevenção e Controle de
Doenças (HCP/ HCT/ AIDPC), da Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da
Saúde (OPAS / OMS), em coordenação com UNICEF-TACRO, Washington, DC, USA, Agosto / 1996 ,
sendo feita adaptação às normas nacionais e autorizada a publicação pela OPS / OMS no Brasil.
Edição, distribuição e informações: Área da Criança e Aleitamento Materno/ SPS /Min. da Saúde.
Esplanada dos Ministérios Bloco G 6º andar sala 636. CEP: 70.058-900. Brasília, DF, Brasil.
Telefax: (061) 322-3912 / Fone: (061) 315-2866 / 315-2038 /224-4561
E-mail: comin@saúde.gov.br
Impresso no Brasil – Printed in Brazil
ISBN
Tiragem:
Este material foi adaptado com a valiosa colaboração dos consultores e as instituições baixo
mencionadas aos quais a Área da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde e a
OPAS/OMS agradecem empenho e dedicação:
COORDENADORES:
- Ana Goretti Kalume Maranhão – Saúde da Criança / MS
- Anna Cirela Viladot – OPS / OMS
- Astrid Permin – OPS / OMS
- Maria Anice Saboia Fontenele e Silva – Saúde da Criança / MS
- Marinice Coutinho Midlej Joaquim – Saúde da Criança / MS
- Zuleica Portela Albuquerque – OPS / OMS
CONSULTORES DO MS:
- Dra. Amira Consuelo de Melo Figueiras – SESPA / UFPA / PA
- Dr. Antônio Lêdo Alves da Cunha – UFRJ / RJ
- Dr. Dioclésio Campos Júnior – UNB / DF
- Dr. Eduardo Jorge Fonseca Lima – IMIP / PE
- Dr. Francisco Oscar de Siqueira França – HC / USP / SP
- Dr. Giuseppe Sperotto - UNICAMP / SP
- Dr. Hugo Ribeiro Júnior – UFBA / FAMED / BA
- Dr. Ruben Schindler Maggi – IMIP / PE
- Dra. Sandra Josefina Ferraz Ellero Grisi – IC / HC / FMUSP / SP
- FNS/CENEPI: Coord. Nacional de Pneumologia Sanitária(Programa de controle da Tuberculose),
Dermatose Sanitária, Coord. de Controle de Doenças Transmissíveis por Vetores(GT-Malária).
Desenhos gráficos a cargo de Ricardo Jorge Soares Rocha
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 5
AIDPI: FORMA DE ATENDIMENTO ............................................................................ 8
OBJETIVO DESTE CURSO DE CAPACITAÇÃO ....................................................... 10
MÉTODOS E MATERIAIS DO CURSO ........................................................................11
COMO SELECIONAR OS QUADROS DE CONDUTA APROPRIADOS ...................12
DEFINIÇÕES E GLOSSÁRIO.................................................................................... 13
INTRODUÇÃO
A Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) é um dos indicadores mais eficazes para refletir não
somente aspectos da saúde das crianças, como a qualidade de vida de uma determinada
população. Existem claras associações entre riqueza e nível de desenvolvimento de um país ou
região e suas Taxas de Mortalidade Infantil. Nas regiões pobres do mundo, onde estas taxas são
mais elevadas, a maioria das mortes infantis poderiam ser evitadas com medidas simples e
eficazes. Mais de 70% destes óbitos devem-se a pneumonia, diarréia, desnutrição, malária e
doenças perinatais, ou uma associação delas.
Enfrentar os fatores condicionantes e determinantes da mortalidade infantil tem sido un
constante desafio para as autoridades brasileiras nas últimas décadas, levando o Ministério da
Saúde a intensificar a partir de 1984 sua atuação na promoção de saúde das crianças menores de
5 anos, com a criação do Programa de Assistência Infantil á Saúde da Criança (PAISC). Este
programa visa promover a saúde da criança de forma integral, dando prioridade ao atendimento
das crianças pertencentes a grupo de risco e melhorando a qualidade do atendimento.
Apesar da mortalidade infantil mostrar uma tendência ao descenso nos últimos 15 anos, ainda
permanece elevada, com uma TMI estimativa de 36,7 por mil nascidos vivos para 1997
(Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde - PNDS). Esta cifra, entretanto, não reflete as
enormes diferenças regionais, com taxas inferiores a 15 por mil em alguns municípios do Sul e
Sudeste, e maiores de 100 por mil em municípios do Nordeste.
Nos menores de 1 ano, as principais causas de mortalidade incluem as doenças perinatais, as
infecções respiratórias, as doenças diarreicas e a desnutrição. É importante destacar que, neste
grupo, etário numerosos óbitos ficam com a sua causa básica mal definida ( até 49% em alguns
estados do Nordeste). Parte da diminuição observada desta mortalidade nos últimos anos, são
devidas as ações simples relativas ao setor saúde, tais como o controle pré-natal, o estímulo ao
aleitamento materno, a ampliação da cobertura vacinal, a utilização de sais de reidratação oral
(SRO), a educação materna e principalmente a importante queda da fecundidade observada no
pais nestes 15 anos. Outro fator importante tem sido a melhoria da condição nutricional da
população infantil, medida pelo indicador altura/idade, que definia 15,7% da população infantil
desnutrida em 1990 contra 10,5% em 1996, representando uma redução de 30% neste período
(PNDS).
O Ministério da Saúde tem promovido ações específicas para a população infantil como
programas de incentivo ao aleitamento materno, controle das doenças diarreicas, controle das
doenças respiratórias, programa ampliado de imunizações, suplementação alimentar e
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, entre outros.
Recentemente incorporou estas ações específicas em estratégias de atenção como o Programa
de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e o Programa de Saúde da Família (PSF), que
apontam para a necessidade de ações amplas e integradas. Todos eles contém ações
contempladas no Projeto de Redução de Mortalidade na Infância, que está sendo implementado
prioritariamente em municípios de maior risco para mortalidade infantil.
Nesse mesmo sentido, a OMS/OPS e UNICEF elaboraram uma proposta de Atenção Integrada
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às Doenças Prevalentes da Infância (AIDPI), para capacitação de recursos humanos no nível
primário de atenção, de forma global e com melhoria da qualidade da assistência prestada, ao
invés dos tradicionais treinamentos específicos para cada doença. Além disso, propõe uma
organização dos serviços de saúde, com uma maior resolutividade. Assim sendo, a proposta
apresentada a seguir, tem o objetivo de discutir esta sistemática de atenção com profissionais de
saúde que atendem crianças doentes nos serviços de saúde do primeiro nível de atenção.
Os profissionais de saúde têm experiência no tratamento de doenças comuns da infância porém,
com freqüência, são capacitados em treinamento específico para cada doença como, por
exemplo, para tratamento das infeções respiratórias agudas ou controle da doença diarreica
segundo normas do Ministério da Saúde. Entretanto esses tipos de treinamento podem levar à
dificuldades na sistematização da consulta clínica quando a criança apresenta vários
problemas.Com limitações de tempo e de recursos disponíveis, os profissionais de saúde podem
ter dificuldade para identificar e tratar todos os problemas de saúde da criança ao mesmo tempo.
Por isso é preciso levar em conta que existem relações importantes entre as doenças. Por
exemplo, episódios repetidos de diarréia podem ocasionar ou agravar a desnutrição; esta por sua
vez, nas formas graves ou complicadas como o sarampo, pode precipitar manifestações de
xeroftalmia. A diarréia que com freqüência acompanha o sarampo, ou acontece depois dele, é
particularmente grave. Assim, a efetiva atenção de casos precisa considerar todos os sintomas da
criança.
O profissional de saúde pode adotar as condutas da atenção integrada de casos que são
apresentadas neste curso, para avaliar rapidamente todos os sintomas da criança, sem excluir
problemas importantes. Poderá determinar se a criança está gravemente doente e se terá que ser
referida a um hospital. Se a doença não é grave, o profissional de saúde poderá seguir as normas
de tratamento que são apresentadas e fazer as recomendações indicadas à mãe ou às outras
pessoas que cuidem da criança.
SERVIÇO DE SAÚDE
As condutas de atenção integrada às doenças prevalentes da criança incorporam normas atuais
do Ministério da Saúde, como as relativas ao tratamento da diarréia, infecções respiratórias
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agudas, aleitamento materno, atenção aos desnutridos, malária e as referentes à vacinação. Neste
curso, os profissionais de saúde poderão avaliar como as normas relativas a doenças específicas
se enquadram em um procedimento integrado e efetivo para a atenção à criança doente e como
elas podem ser adaptadas a realidade de cada país.
No Brasil, a proposta de AIDPI sofreu uma adaptação às características epidemiólogicas da
saúde da criança e uma adequação às normas nacionais. As condutas de atenção integrada
descrevem como tratar crianças doentes que chegam ao serviço de saúde no nível primário, tanto
para a primeira consulta como para uma consulta de retorno, onde se verificará se houve
melhora ou não. Elas incluem muitas mas não todas as razões principais pelas quais leva-se uma
criança doente ao serviço de saúde. Uma criança que retorna com problemas crônicos ou com
doenças menos comuns talvez necessite de atenção especial que não esteja descrita neste curso.
Este curso não descreve o tratamento de traumas ou outras emergências graves relativas a
acidentes ou ferimentos.
O objetivo do AIDPI não é estabelecer um diagnóstico específico de doenças, mas avaliar sinais
clínicos preditivos positivos para fazer uma triagem relativa à atenção à criança:
encaminhamento URGENTE ao hospital ou tratamento ambulatorial. Assim, embora AIDS, TB,
dengue (não hemorrágico), Calazar e outras doenças não sejam mencionadas especificamente, as
condutas integradas citam as razões mais comuns pelas quais as crianças buscam atendimento.
Se a criança não responde às condutas de tratamento padronizado indicadas neste curso, ou se
desenvolve um estado grave de desnutrição, ou retorna repetidamente ao serviço de saúde, devese referi-la ao hospital, onde poderá receber tratamento especializado.
A atenção integrada às doenças prevalentes da infância só pode ser efetiva se a família levar
oportunamente a criança doente a um profissional de saúde que recebeu capacitação adequada.
Por isto, um aspecto importante do processo de atenção integrada é dar recomendações às
famílias sobre quando devem procurar atendimento no serviço de saúde para a criança doente ou
as visitas de rotina para vacinação e controle de crescimento e desenvolvimento, assim como
aconselhar sobre os cuidados da criança em casa e medidas de prevenção. Neste sentido, o
trabalho já realizado em numerosos municípios brasileiros pelo PACS e PSF contribuirão em
muito para a implantação do AIDPI.
ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA:
FORMA DE ATENDIMENTO
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Este processo é apresentado em uma série de quadros que mostram a seqüência dos passos a
serem adotados e proporcionam informações para realizá-los. Os quadros descrevem os
seguintes passos:
AVALIAR A CRIANÇA DOENTE DE 2 MESES A < 5 ANOS DE IDADE OU A CRIANÇA DOENTE
DE 1 SEMANA A < 2 MESES DE IDADE
CLASSIFICAR A DOENÇA
IDENTIFICAR O TRATAMENTO
TRATAR A CRIANÇA
ACONSELHAR A MÃE OU O ACOMPANHANTE
CONSULTA DE RETORNO
Estes passos são provavelmente parecidos com os que você utiliza atualmente para atender a
crianças doentes, ainda que possam estar descritos com outras palavras. O passo denominado
“AVALIAR A CRIANÇA” implica na preparação de um histórico de saúde da criança, mediante
perguntas adequadas e um exame físico. “CLASSIFICAR A DOENÇA” significa determinar a
gravidade da doença; você selecionará uma categoria ou “classificação” para cada um dos
sintomas principais que indiquem a gravidade da doença. As classificações não constituem um
diagnóstico específico da doença, ao contrário, são categorias utilizadas para identificar o
tratamento.
Os quadros de conduta recomendam o tratamento apropriado para cada classificação. Quando se
usam estes procedimentos, bastará procurar a classificação no quadro para poder “IDENTIFICAR
O TRATAMENTO” da criança. Por exemplo, uma criança que tenha uma DOENÇA FEBRIL MUITO
GRAVE, pode ter meningite, malária grave ou septicemia. Os tratamentos indicados para DOENÇA
FEBRIL MUITO GRAVE são apropriados porque foram selecionados para cobrir as doenças mais
importantes nesta classificação, não importa qual ela seja.
“TRATAR” se refere ao tratamento proporcionado no serviço de saúde, assim como a prescrição
de medicamentos e outros tratamentos a serem dispensados domiciliarmente, bem como às
recomendações às mães para bem realizá-los. “RECOMENDAR À MÃE OU AO ACOMPANHANTE”
implica em avaliar a forma que a criança está sendo alimentada e as recomendações a serem
feitas à mãe sobre os alimentos e líquidos que deve dar à criança, assim como quando deve
retornar com ela ao serviço de saúde.
A atenção integrada às crianças doentes de 2 meses a < 5 anos de idade é apresentada em 3
quadros entitulados:
 AVALIAR E CLASSIFICAR A CRIANÇA DOENTE DE 2 MESES A < 5 ANOS
DE IDADE
 TRATAR A CRIANÇA
 ACONSELHAR A MÃE OU O ACOMPANHANTE
A atenção à criança doente de 1 semana a < 2 meses de idade é um pouco diferente daquela que
é dada a crianças de mais idade, e é descrita em um quadro diferente entitulado AVALIAR,
CLASSIFICAR E TRATAR A CRIANÇA DOENTE DE 1 SEMANA A < 2 MESES DE IDADE.
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Os quadros foram desenhados para ajudar os profissionais de saúde a atenderem as crianças de
forma correta e eficiente. Este curso o capacitará na utilização destes quadros e também incluirá
sessões de prática clínica. Ao concluir o curso, os quadros lhe ajudarão a recordar e por em
prática o que foi aprendido quando tiver que atender crianças doentes em seu serviço de saúde.
OBJETIVO DESTE CURSO DE CAPACITAÇÃO
Este curso de capacitação foi desenhado para ensinar as condutas de ATENÇÃO INTEGRADA ÀS
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA a médicos, enfermeiras e outros profissionais de saúde
que atendem crianças doentes à nível de atenção primária.
Você aprenderá como tratar as crianças doentes seguindo os quadros de conduta que incluem
informações sobre:
 Como avaliar sinais e sintomas de doenças, o estado nutricional e de vacinação da
criança,
 Como classificar a doença, identificar o tratamento para as classificações da criança e
decidir se cabe referi-la ao hospital.
Tratamentos prévios a serem administrados antes de referir a criança ao hospital (como a
primeira dose de um antibiótico, vitamina A, uma injeção de quinina, ou começar o tratamento
para evitar uma concentração baixa de açúcar no sangue) e como referir a criança.
 Tratamentos no serviço de saúde, como por exemplo, a terapia de hidratação oral, (TRO)
a nebulilização, a administração de ferro e vacinação.
 Ensinar à mãe a administrar medicamentos específicos em casa, como um antibiótico
oral, ou um antimalárico oral, ou um suprimento alimentar específico e
 Dar recomendações à mãe sobre a alimentação e sobre quando deve retornar à consulta.
 A reavaliação do caso e a atenção apropriada a ser dada quando a criança volta ao
serviço de saúde segundo foi recomendada.
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MÉTODOS E MATERIAIS DO CURSO
Além dos quadros de conduta você receberá uma série de apostilas, que chamamos módulos,
para explicar-lhe cada passo. Estes módulos levam os seguintes títulos:
Avaliar e Classificar a Criança Doente de 2 Meses a < 5 Anos de Idade
Identificar o Tratamento
Tratar a Criança
Aconselhar a Mãe ou o Acompanhante
Atenção à Criança Doente de 1 Semana a < 2 Meses de Idade
Consulta de Retorno
Os módulos incluem exercícios que lhe ajudarão a aprender os diferentes passos. A maior parte
desses exercícios lhe proporcionam informações clínicas que descrevem a criança doente e
fazem uma série de perguntas. Alguns exercícios usam fotografias ou vídeos. Para considerar
que o módulo tenha sido completado, terá que lê-lo e fazer os exercícios.
Durante aproximadamente a metade de cada dia do curso, você visitará serviços de saúde e áreas
de internação próximos para poder observar e realizar sessões práticas na atenção de crianças
doentes. Nestas sessões clínicas você avaliará, classificará e tratará crianças doentes e ensinará
às mães como cuidar das mesmas em suas casas. As sessões de prática clínica lhe darão
oportunidade para aplicar os conhecimentos adquiridos através dos módulos. Você poderá fazer
perguntas e receber orientação se surgirem dificuldades. Ao final do curso, você terá obtido
experiência no tratamento de crianças seguindo o processo de ATENÇÃO INTEGRADA ÀS
DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA e se sentirá seguro para continuar aplicando este método
em seu serviço de saúde.
O facilitador lhe orientará em relação às atividades e exercícios dos módulos, dirigirá os debates
em grupo e revisará o seu trabalho individual, além de supervisioná-lo nas sessões de prática
clínica. Encorajamos você a discutir com o facilitador qualquer problema ou questão de seu
interesse.
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COMO SELECIONAR OS QUADROS DE CONDUTA APROPRIADOS
A maior parte dos serviços de saúde têm estabelecido algum tipo de procedimento para inscrever
crianças e identificar se vieram à consulta porque estão doentes ou por qualquer outra razão,
como para uma visita de rotina, uma dose de vacina, controle de crescimento e desenvolvimento
ou porque necessitam atenção devido a uma lesão resultante de um acidente. Quando a mãe traz
a criança ao serviço de saúde porque está doente (devido a uma doença, não a um trauma) e lhe
encaminham o caso, você precisa primeiramente saber a idade da criança, para poder selecionar
o quadro de conduta apropriado e começar o processo de avaliação. Dependendo do
procedimento adotado ao inscrever os pacientes no seu serviço de saúde, é possível que já se
tenham anotado o nome da criança, sua idade e outra informação pertinente, como por exemplo
seu endereço. Se não for o caso, você poderá começar perguntando o nome e a idade da criança.
Determine em que grupo de idade a criança se encontra:
de 1 semana a < 2 meses de idade
de 2 meses a < 5 anos de idade
Se a criança tem entre 2 meses e 5 anos de idade, consulte o quadro entitulado AVALIAR,
CLASSIFICAR E TRATAR A CRIANÇA DOENTE DE 2 MESES A 5 ANOS DE IDADE. A expressão “...a
cinco anos de idade” significa que a criança ainda não completou cinco anos. Por exemplo, este
grupo de idade inclui uma criança que tenha 4 anos e 11 meses, porém não inclui uma criança
que já tenha 5 anos.
Uma criança que tenha dois meses se enquadrará dentro do grupo de 2 meses a 5 anos de idade,
porém não no grupo de 1 semana a menos de 2 meses de idade, ou seja até 1 mês e 29 dias, e,
portanto deverá ser usado o quadro AVALIAR, CLASSIFICAR E TRATAR A CRIANÇA DOENTE DE 1
SEMANA A 2 MESES DE IDADE.
No módulo seguinte, AVALIAR E CLASSIFICAR A CRIANÇA DOENTE, você aprenderá a avaliar e
classificar uma criança de 2 meses a 5 anos de idade. A forma de atender a uma criança menor
de 2 meses é ensinada mais adiante, no módulo TRATAMENTO DA CRIANÇA DOENTE DE 1 SEMANA
A 2 MESES DE IDADE.
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DEFINIÇÕES E GLOSSÁRIO
Ácidos graxos
Essenciais:
Gorduras que são necessárias para o desenvolvimento da visão e
do sistema nervoso central da criança. Estes ácidos não estão
presentes no leite de vaca e na maior parte dos leites preparados
para crianças que amamentam.
Alimentação ativa:
Encorajar a criança para que ela se alimente sozinha, por exemplo
sentando-se com ela e levando-lhe a colher à boca.
Alimentos de transição São alimentos administrados à criança que está sendo
amamentada, a partir dos 4 ou 6 meses de idade. Toda criança a
ou Alimentos
partir dos 6 meses de idade deve receber alimentos
Complementares:
complementares pastosos e nutritivos, como cereal misturado com
azeite e pedacinhos de carne, verduras ou peixes. Estes alimentos
às vezes são denominados “alimentos de desmame”.
Alto conteúdo
Energético:
Alimentos ricos em energia (ou calorias), como os amidos ou óleo.
Amamentação
exclusiva:
é aquela referente à criança que recebe apenas leite materno, sem
nenhum outro tipo de alimento, água ou líquidos (com exceção
dos remédios e vitaminas, caso sejam necessários).
Avaliação
da alimentação:
o processo de averiguar qual é a alimentação que a criança recebe
durante uma doença. (O quadro RECOMENDAR À MÃE OU AO
ACOMPANHANTE indica as perguntas apropriadas) que podem ser
feitas.
Avaliar:
Considerar a informação relevante e tomar uma decisão. Neste
curso se refere a examinar a criança e determinar os sintomas da
doença.
Baixo peso ao nascer:
Bebe muito mal:
as crianças que nascem com menos de 2.500 gramas são
consideradas com baixo peso, seja devido ao insuficiente
crescimento no útero ou porque a criança é prematura (nascida
antes do tempo).
A criança bebe muito pouca quantidade de líquidos, segundo a
mãe. No contexto deste curso, sugere incapacidade para beber.
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Capacidade de
Comunicação:
no contexto deste curso, são as técnicas utilizadas para ensinar e
recomendar à mãe, como: PERGUNTAR E ESCUTAR, ELOGIAR,
RECOMENDAR, ASSESSORAR E VERIFICAR SE FOI ENTENDIDO o que
se explicou.
Classificação grave:
no contexto deste curso, trata-se de uma doença muito grave que
requer atenção urgente e indica a necessidade de referir o paciente
a um hospital para internação. As classificações de doenças graves
aparecem nas faixas vermelhas no quadro de AVALIAR E
CLASSIFICAR.
Classificar:
no contexto deste curso significa selecionar uma categoria
considerando a gravidade da doença baseando-se nos sinais e
sintomas apresentados pela criança. Classificar não é um
diagnóstico.
Consulta de retorno:
uma visita de retorno ao serviço de saúde solicitada pelo
profissional de saúde para ver se o tratamento está fazendo efeito
ou se é necessário tratamento adicional ou encaminhamento da
criança ao hospital.
Doença:
no contexto deste curso, significa uma doença ou grupo de
doenças específicas, classificadas segundo sinais e sintomas. Por
exemplo “DOENÇA FEBRIL MUITO GRAVE”: esta
classificação inclui várias doenças, como meningite, malária
cerebral e septicemia.
Enfermidade:
Doença. No contexto deste curso se refere aos sinais e sintomas de
doenças que precisam ser avaliados e classificados para eleger o
tratamento
Estado nutricional:
condição na qual uma criança mostra certos sinais de desnutrição,
anemia ou baixo peso. Neste curso o estado nutricional pode ser
classificado como: DESNUTRIÇÃO GRAVE OU ANEMIA GRAVE,
ANEMIA OU PESO MUITO BAIXO OU NÃO TEM ANEMIA E O PESO NÃO
É MUITO BAIXO.
Febre:
No contexto deste curso, febre abrange:
- Uma história de febre (como informado pelo mãe)
- Quando ao tocar a criança nota-se que ela está quente
- Se a temperatura axilar é igual ou superior a 37,5ºC, ou a
temperatura retal superior a 38ºC.
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Ganho insuficiente de Quando o sentido da curva de peso está estacionário ou
descendente.
Peso:
Hipotermia:
Temperatura do corpo abaixo do normal (menos de 35,5ºC
axilar, ou menos de 36º C, temperatura retal).
Hospital:
No contexto deste curso, qualquer instalação de saúde com leitos
e insumos para atender a pacientes internados, onde existem
profissionais com experiência para tratar crianças gravemente
doentes.
Serviços de saúde
do primeiro nível
de atenção:
são locais como, por exemplo, um centro de saúde, posto rural de
saúde ou o ambulatório externo de um hospital, que se considera
o primeiro local onde as pessoas procuram atenção dentro do
sistema de saúde.
Atenção Integrada:
Visão conjunta do atendimento às doenças nos diferentes aspectos
da promoção, prevenção e tratamento. O AIDPI complementa o
programa de Atenção Integral à Saúde da Criança (PAISC/MS)
que contempla as 5 ações básicas de saúde.
Leites preparados
para crianças de
baixa idade:
Concentrados de leite ou produtos de soja que são produzidos em
substituição ao leite materno e são diluídos na água.
Nascido a Termo:
Criança nascida a partir da 37ª semana de gestação.
Paciente internado:
Paciente que se encontra hospitalizado e recebe tratamento
médico, alimentação e outros cuidados necessários.
Paciente externo:
Paciente que é tratado em serviços ambulatoriais de centros
Ou postos de saúde ou outros serviços de atenção primária.
Perguntar
de verificação:
Perguntas para averiguar a compreensão das pessoas e determinar
se necessita de explicações mais detalhadas. Depois de ensinar a
uma mãe a forma de alimentação apropriada, o profissional de
saúde deve perguntar-lhe: “Que alimentos dará ao seu filho?”
Prematuro:
Criança que nasce antes da 37ª semana de gestação.
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Primeira consulta:
No contexto deste curso é a primeira visita que se faz a um serviço
de saúde por causa da doença ou problema de saúde atual.
Problemas
de alimentação:
a diferença entre a alimentação real da criança e as recomendações
que são proporcionadas no quadro RECOMENDAR À MÃE OU AO
ACOMPANHANTE, assim como outros problemas, como por exemplo
a dificuldade para amamentar, o uso de mamadeira, falta de
alimentação ativa e o que a criança não come bem durante uma
doença.
Profissional de saúde:
neste curso, pessoa responsável pelo atendimento à criança nos
serviços de saúde do primeiro nível de atenção.
Reavaliação:
neste contexto, significa tornar a examinar uma criança para
certificar se apresenta sinais de alguma doença específica e ver se
ela está melhorando, se está inalterada ou se apresenta piora do
quadro.
Reavaliação total:
executar na totalidade o procedimento no Quadro AVALIAR E
CLASSIFICAR, para ver se há melhora do quadro, bem como avaliar
e classificar novos problemas.
Recomendar:
na forma utilizada neste módulo significa ensinar ou aconselhar à
mãe em um contexto que inclui: fazer perguntas, escutar as
respostas da mãe, orientar e dar conselhos pertinentes, assim como
ajudá-la a resolver os problemas e verificar se ela entende o que
lhe foi explicado.
Referência:
neste contexto, referir o paciente para uma avaliação mais
completa e tratamento adequado em Serviço de Saúde de maior
complexidade.
Relactação:
começar a amamentar de novo e voltar a produzir leite, depois de
ter deixado de amamentar por um curto período de tempo.
Sem risco de malária:
No Brasil considera-se onde não há casos autóctones de malária.
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Sinais:
revela a evidência física de que existe um problema de saúde. O
profissional de saúde procura estas evidências observando,
auscultando ou palpando o paciente. Como exemplo de sinais
podemos citar a respiração rápida, a tiragem subcostal acentuada,
os olhos fundos, a rigidez de nuca, a secreção purulenta no
ouvido, etc.
Sintomas:
significa os problemas de saúde que a mãe mencione, como tosse,
diarréia e dor de ouvido.
Sintomas principais:
significa aqueles sobre os quais o profissional de saúde deve
perguntar à mãe quando está avaliando a criança. Os quatro
sintomas principais que aparecem no quadro de AVALIAR E
CLASSIFICAR são os seguintes: tosse ou dificuldade para respirar,
diarréia, febre e problema de ouvido.
leite de vaca ou leite em pó (incluindo o de soja) ou outros
Produtos lácteos
produtos lácteos que podem ser utilizados como substituto do leite
Comercializados para
alimentação da criança: materno ou como seu complemento.
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