Revista drogaria São Paulo

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A azia, cujo termo médico corresponde à pirose, é
a sensação de queimação no estômago que se irradia do peito em direção ao pescoço e/ou à boca, sendo algumas vezes confundida com o Infarto Agudo do
Miocárdio (IAM). Como toda doença crônica benigna,
a queimação costuma ter seu diagnóstico adiado pelo
próprio paciente, que raramente procura ajuda profissional para diagnosticá-la ou tratá-la. É estimado que
aproximadamente 11,9% da população urbana brasileira, maior de 16 anos, sofra com pelos menos um
episódio de azia durante a semana, sendo as mulheres as mais acometidas. Pode ser provocada pela ingestão de alimentos gordurosos ou ácidos, frutas cítricas, frituras, café, chá, chocolate, tabagismo, entre
outros fatores.
Entre os erros mais comuns está o de atribuir à
doença o estresse cotidiano. Este pode até ocasionar a dor estomacal, mas não é o único responsável
pela presença de inflamação na mucosa do esôfago e/ou do estômago. Quatro são os principais distúrbios que causam essa sensação de queimação
gástrica. O primeiro é a dificuldade de se digerir o
alimento no estômago, sendo em geral passageiro
e rapidamente resolvido com a ingestão de antiácidos. Em segundo lugar, encontram-se os casos de
gastrite, que é a inflamação da mucosa que recobre
o estômago. Esta, por sua vez, tem duração determinada e geralmente é desencadeada por ingestão
de remédios (principalmente antiinflamatórios) ou
bebidas alcoólicas. Já uma terceira causa é a gastrite crônica, que é uma irritação prolongada da mucosa do estômago causada pela presença da bactéria
Helicobacter pylori, podendo vir a causar até mesmo úlceras de estômago e duodeno. A quarta causa
é a Doença do Refluxo Gastroesofágico. (DRGE).
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Entre os erros mais comuns
está o de atribuir à doença o
estresse cotidiano. Este pode
até ocasionar a dor estomacal,
mas não é o único responsável
FOTOS: YURI ARCURS E PHOTOCD / FOTOLIA
Queimação?
Pode ser azia
A DRGE é a passagem do suco gástrico altamente ácido do estômago para o esôfago, causando irritação. Dos 11,9% da população brasileira que sofre
com azia, dois terços são decorrentes da DRGE. Tal
doença é causada basicamente por fatores genéticos e comportamentais. É estimado que entre 1831% dos casos de refluxo são de causa genética. Já
comportamentais são basicamente devido à ingestão de alimentos ricos em gordura ou muito ácidos,
bebidas alcoólicas e ao tabagismo.
A sua causa ainda permanece incerta, mas sabe-se
que é decorrente de uma alteração estrutural na junção gastroesofágica, reduzindo sua resistência e desencadeando o refluxo. Sabe-se também que há grande associação entre a DRGE e a existência de hérnias
de hiato esofágico, devido à alteração na conformação natural do estômago. A DRGE também pode cau-
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sar asma e tosse crônica, devido à irritação causada
pelo conteúdo ácido do estômago, que vai em direção
às vias aéreas.
Sua principal complicação é a possível evolução para uma doença maligna, principalmente nos casos em
que a mucosa do esôfago fica muito danificada. Seu
tratamento pode ser apenas clínico, por meio do uso
de inibidores de bomba de prótons, como o esomeprazol, ou cirúrgico. O uso de travesseiros para elevar a cabeça, a fim de evitar que o líquido gástrico suba para o esôfago enquanto o paciente está dormindo,
às vezes não é suficiente. Por isso, é preciso associar
com a elevação da cabeceira da cama de 15 a 20 cm.
Apenas com o aprimoramento da cirurgia laparoscópica, muitos pacientes são tratados e curados com a cirurgia para cura do refluxo gastroesofágico, que consiste na confecção de uma válvula ao redor do esôfago, utilizando-se o estômago. Na maioria das vezes,
o paciente é operado e tem alta hospitalar no mesmo
dia, tendo todos os benefícios da cirurgia laparoscópica, como menos dor no pós-operatório, retorno precoce às atividades, cicatrizes diminutas e menor chance
de desenvolver hérnias.
O dr. Orlando Ambrogini Jr., médico gastroenterologista da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, fez algumas recomendações para quem apresenta os sintomas.
O tratamento é feito com remédios e reeducação
alimentar, como comer pouco e várias vezes ao dia,
não deitar após as refeições, principalmente à noite
(esperar três horas para ir dormir depois de jantar).
Evitar café, álcool e cigarro, além de diminuir gorduras, condimentos picantes e frutas cítricas. Perder
peso, se a pessoa for obesa, também é muito importante. Os antiácidos levam a uma melhora, e só
devem ser usados para alívios temporários. Antiácidos que produzem gás devem ser evitados. As medicações mais eficientes devem ser usadas por tempo longo e só podem ser indicadas por médicos.
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ARTIGO ASSINADO POR DR. JOÃO
ETTINGER, Titular do Colégio Brasileiro
de Cirurgia Digestiva, Prof. de Clínica
Cirúrgica da Escola Bahiana de Medicina
e Saúde Pública, Doutorado em
Medicina e Saúde Humana – EBMSP
Pepto-bismol
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