Grupo e colaboração: o papel da tecnologia na formação de

III ENCONTRO NACIONAL SOBRE HIPERTEXTO
Belo Horizonte, MG – 29 a 31 de outubro de 2009
Grupo e colaboração: o papel da tecnologia na formação de um grupo de professores de
correção de provas sistêmicas 1
GOMES, Silvane A. CEFET-MG2
TEIXEIRA, Adriana G.D. UFMG3
Resumo
O projeto pesquisará o uso da tecnologia como uma ferramenta utilizada para expandir as
possibilidades de aprendizagem, quer por romper barreiras espaço/temporais, quer por catalisar a
motivação para o aprendizado. Porém, pouco ainda se verificou sobre o impacto da tecnologia na
avaliação feita pelos docentes e neste sentido, o presente trabalho é um estudo de caso a respeito dos
procedimentos e dos impactos do uso do computador como mediador entre os docentes e os trabalhos
de examinandos do nível médio em um processo nacional de avaliação sistêmica. A análise se baseia
no trabalho realizado em 2008, durante um programa de avaliação nacional e aponta questões sobre a
importância da atividade colaborativa4 para formação e desenvolvimento do grupo de docentes
envolvidos neste processo ON LINE. Esse trabalho reforça a importância do treinamento de
professores para o uso dos recursos tecnológicos, como fator diferencial para a adequação e para o
sucesso de programas de avaliação seriada.
Palavras-chave: Tecnologia
Avaliação.
e
Docência; Trabalho Colaborativo; Telecolaboração;
1
Trabalho apresentado ao Grupo de Discussão XXXXXXXXXXX, no III Encontro Nacional sobre Hipertexto,
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.
2
Especialista Linguagem e Tecnologia, [email protected]
3
Doutoranda Poslin/UFMG [email protected]
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Segundo Parrilla (1996, apud ARNAIZ, HERRERO, GARRIDO e DE HARO, 1999); colaborativo: (lat.
Laborare) trabalhar, produzir. Diferente de cooperativo (lat. operare): executar, fazer.
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INTRODUÇÃO
Partindo da experiência de trabalhar em processo nacional de avaliação sistêmica, no
qual, pela primeira vez, equipes de correção trabalharam de forma colaborativa e cooperativa
(PARRILLA, 1996)5, corroborados pela psicologia social de Vygotsky (1989), em que ele
“argumenta que as atividades realizadas em grupo, de forma conjunta, oferecem enormes
vantagens, que não estão disponíveis em ambientes de aprendizagem individualizada”. E,
tomando ainda como base o estudo sobre aprendizagem colaborativa em ambiente virtual de
SOUZA (2003) e sobre ambientes na Internet voltado para a resolução cooperativa de
problemas de SANTOS (1998), esse projeto pretende identificar a relação que emergiu entre
docentes e o trabalho dos estudantes que são avaliados em uma avaliação sistêmica nacional
e, procurando descrever o impacto do uso do computador enquanto instrumento mediador do
processo dessa avaliação.
Como a complexidade da vida e o tamanho das tarefas do mundo atual exigem maior
interação entre as pessoas, cada vez mais a solução de problemas passa pela necessidade de
trabalho em grupo (LÉVY 1998). No meio acadêmico, os trabalhos de pesquisa científica são
executados por meio da colaboração e da cooperação em grupo6. As frequentes restrições de
tempo e distância de seus membros, que poderiam dificultar tal tarefa, deixam de existir
devido ao uso da internet. A ferramenta favorece a interlocução entre os avaliadores
viabilizando que cada um execute sua tarefa em um momento diferente. Ou seja, a cooperação
assíncrona torna-se conveniente e necessária para a viabilização dos trabalhos (BRAGA 2007)
Segundo Damiani (2004), dentre as comunidades científicas que tratam da colaboração e
cooperação entre grupos de pesquisa estão: trabalho cooperativo apoiado por computador,
colaboração científica apoiada por computador e aprendizagem colaborativa apoiada por
computador. O trabalho cooperativo trata do suporte ao desenvolvimento de tarefas em grupo.
A aprendizagem colaborativa provê sistemas de suporte a uma ou mais atividades
cooperativas que têm a aprendizagem por objetivo. Já a colaboração científica intensifica a
colaboração multi/interdisciplinar, promovendo negociações contínuas entre participantes.
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Segundo Parrilla (1996, apud ARNAIZ, HERRERO, GARRIDO e DE HARO, 1999); colaborativo: (lat. laborare) trabalhar,
produzir. Diferente de cooperativo (lat. operare): executar, fazer.
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Junia de Carvalho Fidelis Braga. (Grupos e Comunidades). UF MG
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Essas comunidades científicas dedicam-se a analisar e a propor soluções para colaboração e
cooperação baseadas em tecnologias, nas teorias de aprendizagem e na interação entre
múltiplos participantes.
Este trabalho propõe estudar como se dá a construção colaborativa e assíncrona.
Pretende revisar a literatura da área para buscar explicar como o apoio do computador
permitiu a realização de um trabalho estruturado, interativo e processual a um grupo de
avaliadores de um determinado processo nacional de avaliação sistêmica.
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JUSTIFICATIVA
As avaliações sistêmicas nacionais encontram-se consolidadas e tem suas bases nas
ações e reflexões a respeito da Educação Básica no Brasil. Assim como a prova escrita de
múltipla escolha tem sua correção discutida via internet, em debates sobre a resolução das
questões propostas e o envolvimento da comunidade escolar, a correção da prova de redação
ganhou o ambiente online. Enquanto, durante oito anos, a proposta da redação era debatida
somente quanto à sua temática, nos dois últimos anos ela conquistou o ambiente digital,
também para a realização da correção.
Essa correção mudou consideravelmente. Até pouco tempo atrás, ela consistia apenas
em um ler informações sobre a produção escrita dos alunos que concluíam a educação básica.
Atualmente, evidencia-se que há um maior entrosamento metodológico nas equipes de
professores corretores, além do olhar balizador de avaliação (ANDRADE, RABELO 2007)
Aquele que participa da banca de correções dessas provas tem a oportunidade de
observar, virtualmente e através das redações, a diversidade dos alunos que participam dessa
avaliação e de refletir sobre a efetividade, em termos dos letramentos escolares, do ensino da
língua materna, no quesito escrita em nosso país. Ainda, perceber que é possível, no uso da
instrumentalidade das tecnologias de informação, realizar um trabalho de avaliação em equipe
de maneira rápida, afinada e produtiva.
Por testemunhar o fato de que é a primeira vez que equipes de avaliação sistêmica
trabalham de forma colaborativa e cooperativa, de acordo com a psicologia sócio-histórica
vygotskyana (1989), em que atividades são realizadas em grupo, de maneira conjunta, tendo a
vantagem da praticidade do ambiente virtual, sendo participante de uma dessas equipes ensejo
pesquisar a funcionalidade e a eficácia do trabalho colaborativo realizado à distância.
Parece ser importante agregar e dar visibilidade à contribuição do trabalho colaborativo, bem
como destacar o entendimento do processo que sustenta esse tipo de atividade e pode auxiliar
potencialmente os desafios propostos pelo crescente uso modalizador das novas tecnologias
como instrumento pedagógico da profissão.
Em experiência recente com grupos de correção/avaliação de redação de processo
nacional, a iniciativa de trabalho com e-groups e com a troca de e-mails entre membros da
equipe gerou corpora interessante que permite a observação desse processo como iniciativa
fecunda ainda não registrada em bibliografia que trata do uso das novas tecnologias
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(doravante TIC ou TDIC) na Educação. Encontro lacuna nos estudos acadêmicos em relação à
questão dos grupos de colaboração, no tocante a serem formados por professores, em uso das
tecnologias do computador e da internet. Após buscar em portais virtuais (Google; Altavista e
sítios de universidades), textos de anais de congressos dos quais procurei participar nos
últimos anos (p. ex.: Semana de Ciência e Tecnologia de 2005 a 2008; InPLA 2009; ECEL
2009 e o próprio Encontro Nacional sobre Hipertexto 2009), não encontrei discussão sobre
esse tema específico.
Considerando os dados obtidos através das mensagens que compõem o corpora e das
entrevistas pretende-se reunir e divulgar a funcionalidade do trabalho constitutivo da interação
processual de colaboração entre equipes de avaliação nacional e registrar a importância deste
trabalho para a Educação como Damiani (2008) incentivou a partir de seu artigo Entendendo
o trabalho colaborativo. Em Daniels (2000) tem-se que o trabalho colaborativo é um
ambiente de trocas de experiências e, por conseguinte, de aprendizagens. O que para Nono e
Minukami (2001) denota a importância do compartilhar as experiências entre os avaliadores,
que podem favorecer o desenvolvimento da destreza na análise critica, no solucionar
problemas e no tomar decisões.
O refletor do depoimento dos avaliadores quanto o ter domínio da tecnologia que
permeia o processo, apontando uma possível facilidade em atuar na correção, embora nem
todos os avaliadores possuíssem domínio ‘pleno’ das Tic´s.
O simples domínio da tecnologia equivaleria à efetiva participação em grupos virtuais
e a existência da diferença entre corrigir e avaliar produções textuais, uma diferença veicular7
(manual e virtual) – virtual ou material – ou na ação – estabelecendo parâmetros ou registro
de impressões.
Apresentado tais pontos, pode-se concluir que, o trabalho colaborativo entre
avaliadores de processo nacional sistêmico pode apresentar uma nova instrumentalidade para
o quesito avaliação, já que há, também poucos estudos no país a respeito da temática.
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Do veículo; transmitida, propagada, difundida. FERREIRA 2008
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METODOLOGIA
Partindo de uma perspectiva de pesquisa participativa, segundo uma abordagem
etnográfica interacionista (MATTOS 2001)8, os depoimentos registrados e arquivados, os emails e as mensagens enviados online pelos avaliadores ao longo do processo de avaliação
sistêmica serão analisados sob a forma de tabulação, além de responderem a questionário a
respeito da visão individual do trabalho já realizado, intentando mostrar que cada professor
contribui no grupo com seu conhecimento prévio, sua experiência de sala de aula no
desenvolvimento do conteúdo, considerando ter os alunos ao vivo, o que de certa forma
facilita a correção de suas produções, o que diferencia o trabalho virtual, que nos distancia da
pessoa do aluno, por que o mesmo é desindentificado.
Aliada a esta análise, haverá aplicação de entrevistas semi-estruturadas aos
professores, que coincidirão com o hiato de 12 meses de distanciamento dos sujeitos
participantes do processo como um todo, um total de 42 pessoas, de duas equipes específicas
de avaliação.
8
“A maior preocupação da etnografia é obter uma descrição densa, a mais completa possível, sobre o que um grupo particular de
pessoas faz e o significado das perspectivas imediatas que eles têm do que eles fazem.” Aqui, trato diretamente do meu envolvimento
direto na equipe; sou parte do corpora.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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desenvolvimento próximo. In: COLL SALVADOR, C.; PALCIOS, J.; MARCHESI, A. (orgs.).
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LÉVY, Pierre. Cibercultura. (trad. Carlos Irineu da Costa). São Paulo: Editora 34, 1999, 264p.
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_____________. Obras Escogidas II (Pensamento Y Lenguage). Moscú: Editorial
Pedagógica, 1982.
Destaco autores dos quais me aporto como suporte para esta pesquisa.
DANIELS (2000), por exemplo, argumenta que culturas de trabalho colaborativo são
importantes ambientes para promover trocas de experiências, e o autor aqui disserta a respeito
da coletividade da atividade docente.
Já NONO e MIZUKAMI (2001) discorrem sobre a importância do compartilhamento
de experiências entre professores, mas dentro da perspectiva do desenvolvimento da
criticidade e solução de problemas.
PAIVA (2006) nos apresenta, nos últimos dez anos de pesquisa, o papel da internet, o
descobrir do ambiente virtual para práticas pedagógicas, estudos sobre ensino de línguas no
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ambiente on line, comunidades virtuais de aprendizagem e colaboração, ensino à distância de
língua estrangeira; a autora lega estudos sobre grupos de colaboração, comunidades de
aprendizagens, porém, sempre voltados para ensino-aprendizagem e, não para o eixo
colaboração entre professores.
E finalmente lendo pesquisas de CREESE (1998) e DAMIANI (2004/2006) encontro
discurso voltado para o trabalho colaborativo entre professores numa dinâmica presencial e
escolar e, o que ensejo pesquisar é o quanto o professor pode aperfeiçoar-se em termos do uso
da tecnologia disponível para transformar suas práticas pedagógicas.
Investiga-se o tratamento que o trabalho colaborativo possibilita no resgate de valores
como o compartilhamento e a solidariedade, evidenciando sua importância e legitimidade
frente à prática docente devendo ser discutido e por que não, integrado aos cursos de
formação inicial e também em programas de formação continuada de professores.
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