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RELATÓRIO DE PROJETO DE PESQUISA
Nome do Projeto:
O grau de satisfação da relação médico-paciente no
Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão/SC, sob a ótica dos
pacientes internados
Protocolo:
2062
Nome do(a) Proponente ou Orientador(a):. Gilberto Sandin
Nome do(a) Bolsista:
Marcio Joaquim Losso
Campus/Unidade: Tubarão
Data do Relatório: 15/09/2008
Tipo do Projeto:
( ) PUIC Disciplina
(
) PUIC Continuado
( X ) PUIC Individual
1. Introdução
A relação médico-paciente é sempre referida como fundamental na promoção
da qualidade do atendimento e suas ações têm reflexo direto na saúde do
paciente. É de fundamental importância olhar nos olhos, conversar com o
paciente, ouvir suas queixas, dar a atenção e conforto de que necessita em um
momento de fragilidade perante a doença. O desenvolvimento das diversas
áreas da Medicina contribuiu para o crescimento de um modelo biomédico
centrado na doença, diminuindo assim o interesse pela experiência do
paciente, pela sua subjetividade. As novas e sempre mais sofisticadas técnicas
assumiram um papel importante no diagnóstico em detrimento da relação
pessoal entre o médico e o paciente. A tecnologia foi se incorporando ao
exercício da profissão, deixando-se de lado o aspecto subjetivo da relação.
Esses fatos tornaram-se merecedores de preocupação e motivaram a
realização do presente trabalho, que visa graduar a qualidade da relação
médico-paciente através da percepção subjetiva das pessoas que utilizam o
serviço de saúde no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), em
Tubarão. Dentro do amplo espectro de serviços de cuidado à saúde, foca-se
aqui a qualidade de serviços médicos no hospital, em pacientes internados, o
que difere de outros serviços oferecidos em ambulatórios e consultórios
particulares. Particularmente nessa pesquisa, é destacado a qualidade do
serviço prestado ao paciente, mais especificamente a avaliação do médico no
domínio interpessoal, que abrange a administração da interação social e
psicológica entre o paciente e o profissional. É importante ressaltar que essa
pesquisa visa expor o idealismo da relação médico-paciente, bem como
compará-la com a realidade existente no hospital.
2. Objetivos
2.1 Objetivo Geral
a) Avaliar o nível de satisfação da relação médico-paciente dos
pacientes internados no Hospital Nossa Senhora da Conceição em
Tubarão – Santa Catarina, bem como apontar possíveis deficiências e
qualidades dessa relação.
2.2 Objetivos específicos
a) Conhecer o perfil sócio-econômico dos pacientes internados no
Hospital Nossa Senhora da Conceição em Tubarão – Santa Catarina,
para relacioná-lo com o atendimento oferecido ao paciente;
b) Apresentar o que o paciente internado esperava do atendimento
médico antes da aplicação do questionário e o que ele esperará depois
de sua aplicação;
c) Aprofundar os conhecimentos sobre a relação médico-paciente;
d) Avaliar as expectativas dos pacientes com relação aos médicos.
3. Material e Métodos
Trata-se de um estudo transversal com coleta de dados quantitativos,
coletados através de entrevistas estruturadas e constituídos da opinião de cem
(100) pacientes internados nas enfermarias de clínica médica e clínica cirúrgica
do HNSC. As entrevistas ocorreram no período de julho de 2007 a julho de
2008 e feitas por um único pesquisador, visando minimizar a heterogeneidade
na coleta de informações. Foram excluídos pacientes impossibilitados de
comunicação verbal, em estado alterado de consciência, portadores de
deficiência mental e que não concordaram em participar. Os dados foram
coletados através de entrevista dirigida por um questionário aplicado ao
paciente pessoalmente à beira de seu leito, sempre respeitando o sigilo e
evitando constrangimentos e obrigatoriedades. Os pacientes foram informados
sobre todos os procedimentos da pesquisa, sendo explicados de forma clara e
objetiva todos os itens pertinentes ao projeto. A concordância em participar do
estudo foi consultada através da leitura e esclarecimentos do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e obtida por assinatura do paciente. Os
dados obtidos foram tabulados no Excel® e analisados no programa EpiInfo
versão 6.04. Para análise dos dados, as variáveis categóricas foram descritas
por meio de taxas, razões e proporções. Para as variáveis numéricas foram
utilizadas medidas de tendência central e dispersão. O projeto de pesquisa foi
submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) sob o registro 07.268.4.01.III.
4. Resultados
Foram entrevistados 100 pacientes com idade a partir de 14 anos (Gráfico 1) e
destes, 39% eram mulheres e 61% homens, sendo que 72% eram
provenientes da zona urbana e 28% da zona rural. Nove por cento dos
entrevistados nunca freqüentaram a escola, vinte e um por cento tinham o
ensino fundamental completo e 38% apresentavam ensino fundamental
incompleto. Dezessete por cento apresentavam ensino médio completo,
quatorze por cento ensino médio incompleto e apenas um paciente (1%)
tinham ensino superior completo. Dos entrevistados, 76% se consideraram de
etnia branca, dez por cento de etnia negra, treze por cento de etnia
parda/mulata e apenas um paciente (1%) de origem indígena. O tratamento
clínico foi o a maior causa de internação, totalizando 59% e o tratamento
cirúrgico somou 41% dos entrevistados. A maioria dos pacientes (59%) estava
internado há pelo menos 4 dias, sendo que 41% estava internado entre um e
três dias da aplicação do questionário. Oitenta e oito pacientes (88%)
consideraram que foram bem informados sobre o motivo da internação pelo
médico que os atendeu, mas doze (12%) referiram que o médico não ofereceu
nenhum tipo de informações ou esclarecimentos suficientes sobre os estados
clínicos ou que motivaram a internação, entre estes, 8% afirmaram que o
profissional apenas informou que havia necessidade da internação e 4% que o
médico simplesmente internou sem informar absoltamente nada ao paciente ou
a seus familiares. Com relação à explicação do médico sobre a doença que o
paciente apresentava, 73% dos internados avaliaram que o médico explicou
claramente sobre a patologia que possuíam, sem deixar dúvidas, em uma
linguagem fácil de compreenção. Quatorze por cento dos pacientes
entenderam parcialmente sobre sua doença, mas ainda tinham dúvidas sobre
seu real estado de saúde. Treze pacientes (13%) afirmaram que o médico se
quer comentou ou explicou algo sobre a patologia do paciente. A atenção dos
profissionais médicos com relação ao paciente também foi questionada e foi
visto que 85% dos médicos se mostraram interessados nas consultas e
ouviram tudo que o paciente tinha para dizer. Nove por cento ouviram algumas
queixas do paciente mas não se mostraram interessados e logo encerraram a
consulta e em 6% das consultas, o médico apenas ouviu a queixa do paciente
e não se interessou em conversar mais sobre outros problemas. Foi sugerido
aos pacientes que avaliassem o atendimento inicial do médico através de uma
nota de zero a dez e percebeu-se que a grande maioria, 79%, deram 10 aos
médicos que os atenderam. Nove por cento avaliaram em 9 a sua consulta, 7%
deram 8, 2% deram 7, 1% deu 6 e 2% avaliaram em 5 os profissionais médicos
que os atenderam (Tabela 1), somando uma média de 9.570. Com relação às
visitas médicas, 41% afirmaram que o médico fazia o acompanhamento do
doente uma vez a cada dois dias, 46% acompanhavam os pacientes
diariamente e 13% dos profissionais médicos iam mais de uma vez por dia a
beira do leito para avaliação. O tempo em média de cada visita relatada pelos
pacientes foi de até dois minutos em 20% dos casos, de dois a cinco minutos
em 36% dos casos, de seis a dez minutos em 29% dos casos e mais de dez
minutos em 15% dos casos. Os pacientes também foram indagados com o que
o médico fazia no momento da visita rotineira e foi visto que 88% conversavam,
examinavam e informavam sobre o estado de saúde dos doentes, 10% apenas
conversavam e examinavam e 2% apenas examinaram sem se quer conversar
com o paciente. Ainda com relação as visitas, foi sugerido que o paciente
desse outra nota para refletir a sua satisfação com o médico e suas visitas
clínicas diárias. Desta forma, 63%, deram 10 aos médicos, 13% avaliaram em
9 as visitas, 15% deram 8, 5% deram 7 e outros 4 pacientes deram nota 6, 5, 3
e 1, perfazendo uma média de 9.170 (Tabela 2). Com relação ao tratamento,
foi perguntado se os pacientes receberam explicações claras sobre o que o
médico estava fazendo para tratar a doença de cada um deles. Sessenta e oito
por cento dos internados referiram que o médico explicou claramente qual era
o tratamento escolhido para eles, já 15% não entenderam e tinham dúvidas
sobre o tratamento a que eles estavam sendo submetidos e 17% afirmaram
que o médico não conversou com eles sobre o assunto. Sessenta e oito por
cento dos entrevistados relataram que o médico não comentou sobre possíveis
efeitos colaterais dos medicamentos prescritos no hospital, apenas 29% deles
foram alertados e 3% não lembravam se foram ou não avisados. Ao final do
questionário, foi novamente solicitado que o paciente, após ter respondido o
questionário e refletido sobre o atendimento recebido, avaliasse com uma
última nota o atendimento médico hospitalar como um todo. Foi verificado que
67% deram 10, 12% deram nota 9, 11% avaliaram em 8, 4% em 7, 2% em 6 e
apenas 4% em 5 (Tabela 3), somando uma média de 9.260.
5. Conclusões
Observa-se no presente trabalho que, em geral, os pacientes estão satisfeitos
com o atendimento recebido no HNSC, visto que a grande maioria deles optou
por responder que os médicos explicaram com clareza, em uma linguagem fácil
de ser entendida, todos os procedimentos que foram realizados. Também foi
comprovado que os profissionais da área médica se mostram interessados no
paciente como um todo e não focam apenas uma queixa ou um sistema
deficiente. Foi visto que os pacientes vêem na sua grande maioria, o tempo de
visita, a freqüência e o modo como são realizadas de forma muito positiva e
satisfatória e os tratamentos empregados nas patologias bem explicados.
Entretanto, quando se fala em efeito colateral ou desagradável de um
tratamento foi percebida uma falha por parte dos médicos, que não alertam
seus pacientes e podem gerar um posterior abandono do tratamento por parte
dos pacientes e, com isso, insucesso na melhora da saúde do doente. Foi
identificado ainda que nem todos os profissionais médicos realizam as visitas
clínicas diariamente, o que certamente representa impacto negativo sobre a
relação médico-paciente e sobre a qualidade global do atendimento recebido.
6. Referências
1. PEREIRA, M. G. A., AZEVÊDO, E. S. A relação médico-paciente em Rio Branco/AC
sob a ótica dos pacientes. Rev Assoc Med Bras, 2005; 51(3): 153-7
2. URDAN, A. T. A qualidade de serviços médicos na perspectiva do cliente. Revista
de Administração de Empresas – RAE, 2001; 41(4): 44-45
3. CAPRARA, A., RODRIGUES J. A relação assimétrica médico-paciente: repensando
o vínculo terapêutico. Ciência e saúde coletiva, 2004; 9(1): 139-146
4. CAPRARA, A., FRANCO, S., LINS, A. A relação paciente-médico: para uma
humanização da prática médica. Caderno de saúde pública, 1999; 15(3): 647-654
5. FERNANDES, J. C. L. A quem interessa a relação médico-paciente? Caderno de
saúde pública, 1993; 9(1): 21-27
6. SOAR FILHO, E. J. A interação médico-cliente. Rev Assoc Med Bras, 1998; 44(1):
35-42
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