universidade estadual de santa cruz pró-reitoria de

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA
MOLECULAR
Título do Seminário de Tema Livre:
A GENÉTICA DA ASMA
Mestrando: Luciano Gama da Silva Gomes
Orientador: Sandra Rocha Gadelha
A asma é uma doença inflamatória crônica, caracterizada por hiperreatividade das vias
aéreas, resultando em broncoconstrição episódica reversível. Sua etiologia é
multifatorial e na maioria dos casos de asma está associada à atopia. Resultados de
testes cutâneos em pacientes asmáticos evidenciam uma reação de pápula e eritema,
constituindo um exemplo de hipersensibilidade do tipo I mediada por IgE. Nas vias
aéreas, a condição para a ocorrência de reação é determinada pela sensibilização a
antígenos inalados, estimulando a indução de células Th2, que liberam citocinas como
IL-4 e IL-5. Essas citocinas promovem a produção de IgE por células B (IL-4), bem
como o crescimento e a ativação dos eosinófilos (IL-5). A sua prevalência e gravidade
tem aumentado em todo o mundo, mas principalmente no ocidente, sendo um
importante problema de saúde pública. Sabe-se que a asma tem também um caráter de
natureza hereditária, mas a sua hereditariedade não segue os padrões mendelianos
clássicos. Estudos revelam uma forte agregação familiar, com valores entre 36 a 79%. A
expressão fenotípica da asma, como a de outras patologias, depende da interação entre
fatores ambientais e da predisposição genética de um determinado indivíduo. Talvez o
objetivo principal dos estudos genéticos da asma seja compreender essa predisposição
genética. Já foram identificadas várias regiões cromossômicas e variantes genéticas em
genes candidatos, mas na maioria das vezes os resultados são divergentes, havendo
diferenças significativas entre diferentes populações. Vale ressaltar que em países
subdesenvolvidos, principalmente na America do Sul e África, há muito pouco
conhecimento sobre a predisposição genética à asma. De fato, a determinação dessa
predisposição genética é realmente um imenso desafio, uma vez que se trata de uma
doença extremamente complexa, apresentando características como: 1) multifatorial,
sendo causada por fatores genéticos e ambientais; 2) heterogeneidade com que vários
genes contribuem para a sua susceptibilidade; 3) penetrância reduzida: indivíduos não
afetados podem ter genótipo de susceptibilidade; 4) existência de fenocópias: um
fenótipo partilhado por indivíduos aparentados pode ser causado por fatores meramente
ambientais; 5) expressão variável dos fenótipos: indivíduos com o mesmo genótipo
podem ter diferentes manifestações da doença; e 6) interações gene-gene: diversos
genes de susceptibilidade poderão interagir de forma complexa. A estratégia de estudo
para a identificação de genes de susceptibilidade a esse tipo de doença, portanto, ainda é
um caminho longo. De modo geral, pode ser feito seguindo dois caminhos
metodológicos: pesquisa extensa do genoma (genome wide screen - GWS) ou pesquisa
de genes candidatos. O método de GWS permite a identificação de qualquer gene ou
sequência reguladora, sem necessariamente haver um conhecimento prévio da sua
função. Dentro deste método é possível efetuar estudos de ligação ou microarrays. A
estratégia de genes candidatos, por sua vez, concentra-se no estudo de variantes
genéticas em genes específicos, selecionados devido a sua função biológica sugerir que
possam estar envolvidos na doença. Os dois tipos de estudos acima, certamente, levarão
a melhor compreensão dos mecanismos genéticos da asma e de processos alérgicos.
Além disso, permitirão conhecer melhor a patofisiologia da asma, podendo representar
um avanço importante para estudos prevenção e tratamento da doença.
Palavras-chave: asma, genética, suscetibilidade.
REFERÊNCIAS
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factores genéticos da asma (Asthma genetic factors). Revista Portuguesa de
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