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1 | É PRECISO ESPERAR A “HORA CERTA PARA NASCER”
10
MOTIVOS PARA SE FAZER UM PARTO NORMAL
Muitas histórias e mitos chegam ao conhecimento dos pais quanto à escolha do
tipo de parto. É imprescindível tornar claro os critérios, motivos e peculiaridades
que acompanham cada um deles para que não sobrem dúvidas ou receios e
permitir que os pais conheçam as conveniências e comodidades que só o parto
normal pode trazer à vida das gestantes e seus filhos.
Este material, elaborado com o objetivo de divulgar e esclarecer os benefícios do
parto normal, auxiliará a entender por que o Governo Federal e Agência Nacional
de Saúde Suplementar (ANS) estão realizando campanhas pela redução de
cesáreas e incentivo ao parto normal.
O Brasil tem o segundo maior índice de cesarianas do mundo. Dados do
Ministério da Saúde apontam que 41,8% dos partos realizados no país em 2007
foram cirúrgicos, e no setor privado, incluindo os planos de saúde, esse número
alcançou 79%. Só para comparar, nos Estados Unidos, a taxa é de 20,6%; na
Inglaterra 19% e, na Holanda, somente 14%. Para a Organização Mundial de
Saúde (OMS), esse índice deve estar entre 10% e 15%. A OMS tem alertado
para a epidemia mundial de partos cesarianos e para seus altos índices de
mortalidade materna e infantil registrados, inclusive em países desenvolvidos.
O parto, exceto o de alto risco, é um acontecimento tão natural que a primeira
cesárea que se tem notícia na história ocorreu em uma pequena cidade suíça,
por volta do ano de 1500. Foi realizada por um homem comum em sua esposa,
com ajuda de algumas parteiras, pois, por alguma razão, a criança não queria
sair do ventre da mãe. Antes disso, entretanto, a operação cesariana só era feita
após a morte da parturiente com finalidade de salvar o feto ainda com vida.
Em partos marcados com antecedência, com dia e hora para acontecer, a chance de a
mãe ter uma hemorragia é oito vezes maior que no parto normal, pois o útero pode não
estar preparado para aquele momento.
2 | MATURIDADE FETAL
O trabalho de parto é um processo físico e hormonal e serve para terminar o
amadurecimento do bebê, principalmente seus sistemas respiratório, imunológico e
nervoso. Nas cesáreas, pré-agendadas, há maior incidência de bebês prematuros em
virtude da indução do trabalho de parto realizada antes da total maturidade fetal.
3 | SEGURANÇA PARA A MÃE
Todos os estudos comprovam que o parto normal é mais seguro para a gestante e seu
bebê. Como não há intervenção cirúrgica, não há riscos de infecções. A cesárea é
considerada uma cirurgia de “grande porte”, tendo em vista que sete camadas distintas
do abdome são abertas, aumentando a chance de contaminações na cavidade peritoneal,
que é hermeticamente isolada, levando a uma significativa perda de resistência do
organismo. Um estudo brasileiro, publicado em 2003, pesquisou durante vinte anos as
mortes maternas no Rio Grande do Sul, e constatou risco de morte quase 11 vezes maior
para as mulheres submetidas à cesariana se comparadas às que fizeram parto vaginal.
Existe risco de complicação de aproximadamente 0,6% a cada vez que uma mulher é
operada. De modo geral, a cesárea tem quatro vezes mais risco de morte materna e 10
vezes mais risco de morte neonatal. Essa taxa se repete no mundo todo, independente
das condições tecnológicas em que são feitas as cesáreas. Além disso, no parto normal
ocorrem menores índices de tromboembolismos, uma doença ocasionada pela alteração
da coagulação sangüinea.
4 | BOM PARA O BEBÊ
A criança merece vir ao mundo da melhor forma. Com o parto normal, ela está física e
psicologicamente preparada para nascer. Batimentos cardíacos e respiração são
ajustados à sua nova condição de vida. Quando o bebê passa pelo canal de parto, há uma
compressão do tórax que elimina as secreções pulmonares de líquidos localizados nas
áreas respiratórias. No parto normal, inclusive, a produção de leite materno será maior
do que em uma eventual cesárea. E esse alimento será a primeira fonte de nutrientes do
bebê nos seis meses iniciais de vida.
5 | MENOR SOFRIMENTO
O medo e a insegurança sempre potencializam a dor na hora do parto. Este incômodo
nada mais é do que resultado da contração muscular do útero e da distenção de diversas
estruturas do canal do parto. Uma boa preparação, tanto física como psicológica,
aumenta os níveis de endorfinas (substância produzida pelo próprio organismo que tem
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propriedades analgésicas). A dor deixará de existir completamente depois do parto,
enquanto na cesárea, sempre feita sob anestesia, ela sempre virá após o término de sua
ação anestésica, de maneira mais intensa e durante maior período de tempo. Além do
que, também há a possibilidade de reações adversas à anestesia. Caso a dor do parto
vaginal seja insuportável, pode-se fazer a analgesia peridural (com baixa dose), em que
somente a sensibilidade da mulher é retirada enquanto a parte motora continua a agir.
6 | AMAMENTAÇÃO INSTANTÂNEA
O bebê pode ser amamentado já na sala de parto e receber os primeiros carinhos da mãe,
tornando ainda mais forte os laços afetivos.
7 | RECUPERAÇÃO IMEDIATA
INDICAÇÕES PARA A REALIZAÇÃO DA CESÁREA
O parto cirúrgico, como se vê, só é necessário quando há algum risco na
gravidez que impeça a gestante de trazer ao mundo a criança de forma natural.
Nenhum outro motivo é suficientemente forte para que a opção de cesariana
seja realizada. Por isso, é de fundamental importância o acompanhamento
durante todas as etapas do pré-natal. O médico deverá avaliar a necessidade do
parto cirúrgico nas seguintes condições:
| Gestação de gêmeos
| Bebê acima de 4,5 Kg
| Bebê em posição anormal
Partos normais permitem que as mães deixem o hospital mais rapidamente, enquanto as
submetidas a cesáreas permanecem por mais tempo no ambiente hospitalar, sem contar
que ainda podem ter febre, hematomas, infecções no trato urinário, do útero ou ferida
cirúrgica, além de paralisia do intestino ou da bexiga, com conseqüente sensação
dolorosa que acompanha essas complicações.
| Bebê com padrão de batimento cardíaco anormal
8 | SEM CICATRIZ E SEM TRAUMA PERINEAL
| Eclampsia ou pré-eclampsia
Como não há intervenção cirúrgica, não há marca de cicatriz deixada no corpo da mulher.
Mas atenção, uma conversa com o obstetra e com a equipe que dará auxilio no momento
do parto normal é importante para que não haja o corte no períneo (episiotomia). Ao
permitir que o bebê nasça vagarosamente, apenas com a força da contração uterina, o
períneo tem maior chance de distenção fisiológica, e assim minimizar a possibilidade de
haver laceração e trauma perineal.
| Descolamento prematuro da placenta
| Gestantes com problemas de hipertensão e diabetes
| Encurtamento do cordão umbilical
| Gestantes portadoras de herpes genital (situação de crise na hora do parto)
| Gestantes portadoras de HIV (se a carga viral na hora do parto for
desconhecida ou estiver maior ou igual a 1.000 cópias/ml e a idade
gestacional for maior ou igual a 34 semanas).
9 | INTERAÇÃO ENTRE MÃE E BEBÊ
Em virtude da recuperação imediata no pós-parto, os vínculos são potencializados. No
parto normal a mãe ajuda seu filho a nascer e os dois se relacionam desde o primeiro
momento.
10 | SEM SAIR DE CASA
Segundo a especialista Holandesa em parto normal e defensora da humanização do
nascimento Mary Zwart, é natural entre os mamíferos permanecer em seu próprio ninho
durante o parto e não sair dele. As mulheres que não apresentam risco gestacional
devem ter a opção de trazer seus filhos à luz em seus próprios lares, desde que haja uma
estrutura mínima necessária e o auxílio de uma obstetriz ou parteira que conduza o
processo e garanta a saúde da mãe e do bebê. Não se pode transformar algo antural em
um evento cirúrgico.
Fontes:
Parto Normal ou Cesárea?
De Simone Grilo Diniz e Ana Cristina Duarte.
São Paulo: Unesp.
Hall, 1999; ICAN, 2003.
ONG Parto do Princípio
www.partodoprincipio.com.br
Davi & Kumar, 2003.
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MITOS E VERDADES ASSOCIADOS AO PARTO NORMAL E A INDICAÇÃO DE CESÁREA
| DESEMPENHO SEXUAL COMPROMETIDO
Atualmente, há comprovação que a sobrecarga na musculatura pélvica é
causada pela gravidez e não pelo parto, e o bom tônus vaginal depende mais de
exercícios vaginais do que intervenções cirúrgicas.
| FALTA DE DILATAÇÃO
Tecnicamente não existe falta de dilatação em mulheres. Ela só não acontece
quando não é esperado o tempo suficiente. A dilatação do colo do útero é um
processo passivo que só acontece com as contrações uterinas fisiológicas.
| BACIA ESTREITA
Existem situações não muito comuns em que um bebê é grande demais para a
bacia da mulher, ou então está numa posição que não permite seu encaixe. Não
mais que 5% dos partos estariam sujeitos a essa condição.
| BEBÊ PASSOU DA HORA
Os bebês costumam nascer com idades gestacionais entre 37 e 42 semanas.
Mesmo depois das 42 semanas, se forem feitos todos os exames que
comprovem o bem estar fetal, não há motivos para preocupação. O importante
é o bom pré-natal. Caso os exames apontem para uma diminuição da vitalidade,
a indução do parto pode ser uma ótima alternativa.
| CORDÃO ENROLADO
O cordão umbilical é preenchido por uma gelatina elástica, que dá a ele a
capacidade de se adaptar a diferentes formas. O oxigênio vem para o bebê
através do cordão direto para a corrente sanguínea. Assim, o bebê não pode
ficar sufocado pelo cordão umbilical enrolado em seu pescoço, não se fazendo
necessária a cesariana por esse motivo.
| PLACENTA ENVELHECIDA
A qualidade da placenta isoladamente não tem qualquer significado. Ela só tem
significado em conjunto com outros diagnósticos, como a ausência de
crescimento do bebê, por exemplo. A maioria das mulheres têm um
"envelhecimento" normal e saudável de sua placenta no final da gravidez. Só
será considerada anormal uma placenta com envelhecimento precoce, por
exemplo, com 30 semanas de gravidez. Independente disso, outros sinais de
sofrimento fetal devem ser avaliados pelo médico.
| GESTANTES PORTADORAS DE HIV
O parto normal pode ser feito desde que ele faça um tratamento adequado
durante toda a gestação e, no momento do parto, a carga viral for indetectável
ou menor que 1.000 cópias/ml. De acordo com pesquisa realizada pela Dra.
Andréa de Marcos, pesquisadora da Unifesp, foi constatado que a infecção no
pós-parto entre mulheres com HIV é seis vezes maior na cesárea.
| SEGUNDO PARTO
Não há problema algum em realizar um parto normal já tendo feito cesáreas em
gestações anteriores. Como regra, o parto normal sempre é mais seguro que
cesariana. No caso do parto normal após cesárea (PNAC), o principal risco é o de
ruptura uterina. A taxa de ruptura uterina nos PNACs é de 0,5%. Caso ocorra
ruptura, a mulher deve ser imediatamente operada para que o bebê seja
retirado e a abertura seja fechada. No entanto, deve-se lembrar que a ruptura
uterina também ocorre em mulheres que nunca engravidaram ou foram
operadas, bem como antes do início do trabalho de parto.
| NÃO ENTROU OU NÃO TEVE TRABALHO DE PARTO
A verdade é que toda mulher entra em trabalho de parto, mais cedo ou mais
tarde. Ela só não vai entrar em trabalho de parto se a operarem antes disso.
Somente nos casos de alto risco, devidamente diagnosticados, a cirurgia pode
ser necessária.
| FÓRCEPS
A verdade é que o uso do fórceps deve ocorrer em caso de sofrimento fetal
agudo ou em casos em que é necessário corrigir a posição da cabeça do feto
(distocia de rotação). É um evento muito raro. Muito mais eficiente do que o uso
do fórceps é permitir que a mulher fique semi-sentada, com o corpo o mais ereto
possível, de preferência de cócoras, para ter força de expulsão.
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