Câncer Bucal: Fatores de Risco e Programas de Prevenção

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FACULDADES ITECNE DE CASCAVEL
RONISE CUSTÓDIO FIDELI
CÂNCER BUCAL: FATORES DE RISCO E PROGRAMAS DE
PREVENÇÃO
CURITIBA
2010
RONISE CUSTÓDIO FIDELI
CÂNCER BUCAL: FATORES DE RISCO E PROGRAMAS DE
PREVENÇÃO
Monografia apresentada como requisito
parcial à obtenção do grau de Especialista no
Curso de Pós-Graduação lato sensu em
Gestão em Saúde Pública das Faculdades
ITECNE de Cascavel.
Orientadora: Profª Dra. Ana Maria Dyniewicz
CURITIBA
2010
TERMO DE APROVAÇÃO
RONISE CUSTÓDIO FIDELI
CÂNCER BUCAL: FATORES DE RISCO E PROGRAMAS DE
PREVENÇÃO
Monografia apresentada às Faculdades
ITECNE de Cascavel como requisito parcial
para obtenção do grau de Especialista no
Curso de Pós-Graduação lato sensu em
Gestão em Saúde Pública.
AVALIAÇÃO
CONCEITO: ___________
PARECER DO ORIENTADOR:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Orientação:
_______________________________________
Profª Dra. Ana Maria Dyniewicz
CURITIBA
2010
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família, em especial
aos meus filhos Camila e Leonardo, que são a
razão do meu viver, aos meus pais Sireli e Tereza,
que me encaminharam na trilha do saber, às
minhas irmãs Gislaine e Patrícia e meu marido
Antonio, que me incentivaram a procurar e alcançar
esta vitória.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, pela saúde e sabedoria.
Aos meus familiares e marido, um agradecimento especial pela compreensão e
apoio nos meus momentos de ausência, para que eu pudesse realizar esse estudo.
À professora Ana Maria Dyniewicz pela orientação e por me conduzir a
desempenhar da melhor maneira a execução do meu estudo.
À Dra. Sibele Pereira de Oliveira, uma das especialistas na área de lesões de boca
do CEO Sylvio Gevaerd, pelo apoio e orientação.
Aos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, em especial à Dra.
Lise Mara Villani Souza, Dra Cintia Laporte e Dr. Mário Augusto Gori Gomes, que
gentilmente me forneceram dados para enriquecer minha monografia.
Ao Dr. Laurindo Moacir Sassi, exemplo de dedicação à causa da prevenção do
câncer bucal.
À Dra. Tânia Mara de Sá Belotto, Autoridade Sanitária do Centro de Especialidades
Odontológicas (CEO) Sylvio Gevaerd, pela disposição em atender aos meus
objetivos sobre o fluxo de atendimento na área de estomatologia.
Ao Dr. Shozo Miyaki, um dos precursores do Centro de Diagnóstico de Lesões
Bucais da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba.
À Autoridade Sanitária Local da UMS Pantanal, Maria Midori Komiyama, por me
permitir a pesquisa sobre o tema apresentado.
À Prefeitura Municipal de Curitiba pela oportunidade de frequentar o curso, e
assimilar novos conhecimentos para aprimorar meu trabalho.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................09
2. METODOLOGIA ...................................................................................................10
3. CÂNCER BUCAL .................................................................................................10
4. EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER BUCAL .............................................................12
5. PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA O CÂNCER BUCAL.........................15
5.1 FUMO..................................................................................................................15
5.2 ÁLCOOL.............................................................................................................17
5.3 EXPOSIÇÃO SOLAR .........................................................................................19
5.4 CHIMARRÃO .....................................................................................................19
5.5 FATORES IRRITANTES ....................................................................................21
6. FATORES SÓCIO-ECONÔMICOS ASSOCIADOS AO CÂNCER BUCAL..........21
7. PROGRAMA NACIONAL DE PREVENÇÃO DO CÂNCER BUCAL ...................25
8. POLÍTICA PÚBLICA DE DETECÇÃO PRECOCE E PREVENÇÃO DO CÂNCER
BUCAL DO MUNICÍPIO DE CURITIBA ...................................................................27
9. PROGRAMAS DE
PREVENÇÃO
DO CÂNCER
BUCAL
DE
OUTRAS
LOCALIDADES DO BRASIL....................................................................................31
10. DISCUSSÃO .......................................................................................................33
11. CONCLUSÃO ....................................................................................................34
REFERÊNCIAS .........................................................................................................35
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
TABELA 1 – ESTIMATIVA PARA O ANO DE 2010 DOS CASOS NOVOS DE
CÂNCER, SEGUNDO LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIA, ENTRE HOMENS E
MULHERES, NO BRASIL .........................................................................................13
GRÁFICO 1 – DISTRIBUIÇÃO DO PERCENTUAL DOS ÓBITOS POR CÂNCER
BUCAL COMPARADO AO NÚMERO TOTAL DE ÓBITOS POR NEOPLASIAS.
CURITIBA 1996-2008 ...............................................................................................14
GRÁFICO 2 – PERCENTUAL DOS ÓBITOS POR NEOPLASIAS DE BOCA
SEGUNDO SEXO – CURITIBA – 1996-2008............................................................15
FIGURA 1 – FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO PARA PACIENTES COM LESÃO
DE BOCA– CURITIBA – 2009...................................................................................31
LISTA DE ABREVIATURAS
APS
- Atenção Primária em Saúde
ASB
- Auxiliar de Saúde Bucal
CBS
- Coordenação do Programa de Saúde Bucal / Cárie Zero
CD
- Cirurgião-Dentista
CEC
- Carcinoma Espinocelular
CEO
- Centro de Especialidades Odontológicas
CIS
- Centro de Informação em Saúde
CMCE - Central de Marcação de Consultas Especializadas
HCMT - Hospital de Câncer do Mato Grosso
HEG
- Hospital Erasto Gaertner
HPA
- Hidrocarboneto Policíclico Aromático
INCA - Instituto Nacional de Câncer
MS
- Ministério da Saúde
OMS
- Organização Mundial de Saúde
SMS
- Secretaria Municipal de Saúde
SUS
- Sistema Único de Saúde
TSB
- Técnica em Saúde Bucal
UMS
- Unidade Municipal de Saúde
RESUMO
O câncer bucal é um grave problema de saúde pública mundial pois constitui uma
causa comum de morbidade e mortalidade, apesar de existirem métodos eficazes
para sua prevenção. Um grande número de casos ainda são confirmados em estágio
avançado, necessitando de um tratamento doloroso e prolongado. O presente
trabalho consiste em uma revisão da literatura com o objetivo de relacionar os
fatores mais comuns e as desigualdades sociais, com o desenvolvimento das
neoplasias bucais, e analisar os Programas de Prevenção do Câncer de Boca
Nacional, de Curitiba e de outras localidades do Brasil. Através deste estudo, foi
verificado que as diferenças sócio-econômicas têm reflexos no perfil epidemiológico
deste tumor. Fatores como tabaco e álcool, em homens com idade superior a 40
anos, são relevantes para o desenvolvimento da neoplasia. Outros fatores como
baixa renda e escolaridade, ocupação com exposição a produtos oncogênicos, dieta
deficiente de nutrientes, precária higiene oral, consumo de chimarrão e traumas
bucais, quando associados a tabaco e álcool, tem grande relação com o surgimento
do agravo. No Brasil, o Programa Brasil Sorridente foi criado para ampliar e
possibilitar o diagnóstico precoce do câncer de boca. Em Curitiba, medidas de
prevenção do câncer bucal são realizadas há mais de 10 anos através de
campanhas e ações coletivas nas Unidades de Saúde, tendo no Programa de
Prevenção e Detecção Precoce de Lesões Bucais uma atenção maior a este tipo de
doença. Várzea Grande, no Estado do Mato Grosso e Recife também tiveram um
Programa de Prevenção do Câncer Bucal.
Palavras chaves: Câncer bucal; Fatores de risco; Condições sócio-econômicas;
Programas de Prevenção do Câncer Bucal.
9
1. INTRODUÇÃO
O câncer é uma enfermidade com origem multifatorial, caracterizada por um
crescimento desordenado de células que podem se disseminar para regiões do
corpo além do local da lesão inicial. Anualmente são diagnosticados cerca de 6,4
milhões de casos de tumores malignos no mundo. Acredita-se que a natureza
silenciosa das lesões e o atraso no diagnóstico são fatores importantes para o alto
índice de doença avançada (SILVA et al., 2009).
Há vários fatores que podem predispor o desenvolvimento do câncer bucal.
Além dos fatores relativos ao hospedeiro (idade, sexo, raça, herança genética,
estado nutricional e de saúde geral), há os fatores extrínsecos como o ambiente de
consumo (alimentos, medicamentos), o ambiente ocupacional (ação de produtos
químicos), o ambiente cultural (estilo e hábitos de vida como tabaco e álcool), além
do sócio-econòmico (renda, moradia, escolaridade) (MURARA, BISINELLI e
ORLANDI, 2009).
Apesar da origem multifatorial do câncer, alguns trabalhos relataram que
esta doença é mais frequente em homens que mulheres, na faixa etária em torno de
40 anos, fumantes e consumidores de bebida alcoólica, apesar deste quadro estar
se alterando devido ao aumento do número de mulheres tabagistas e etilistas
(SILVESTRE e JERONYMO, 2007).
Na maioria dos estudos, os indivíduos que desenvolvem câncer de boca têm
uma história de vida marcada por baixas condições sócio-econômicas e baixa
escolaridade, tendência à exposição a fatores de risco como o hábito de fumar e de
ingerir bebida alcoólica, bem como precário estado de saúde bucal e carências
nutricionais (BORGES et al., 2009).
A associação câncer bucal e privação sócio-econômica é um assunto de
grande importância para a saúde pública pois é a classe socialmente desprivilegiada
que é a usuária do Sistema Único de Saúde (SUS), na sua grande maioria, e a que
tem mais dificuldade de acesso aos serviços adequados.
Neste trabalho serão relatados os principais fatores de risco conhecidos
mundialmente para o desenvolvimento do câncer bucal e relacionar alguns destes e
outros fatores com as condições sócio-econômicas. Também será analisado o
10
Programa de Prevenção do Câncer Bucal Nacional, de algumas localidades do
Brasil e mais detalhadamente do município de Curitiba.
Conhecendo como se comportam as neoplasias bucais na população, é
possível contribuir para o planejamento de uma política pública resolutiva, através de
programas de prevenção que além de alertar, possam também sensibilizar a
população sobre o assunto e permitir uma mudança de hábitos e diminuição da
exposição aos fatores de risco para o câncer bucal.
2. METODOLOGIA
Este trabalho consiste em uma pesquisa de revisão da literatura, sobre o
tema Câncer Bucal e Programas de Prevenção. Foi realizada por meio de consulta
em livros, periódicos nacionais e internacionais, nas bases de dados SCIELO, BVS,
MEDLINE, Google Acadêmico, site do Ministério da Saúde (MS) e do Instituto
Nacional do Câncer (INCA), bem como em manuais e protocolos da Prefeitura
Municipal de Curitiba.
Os artigos selecionados tiveram sua publicação entre 2005 e 2010 e as
informações da literatura anteriores a 2005 foram utilizadas quando consideradas
apropriadas ao desenvolvimento desta monografia.
3. CÂNCER BUCAL
A história natural do câncer bucal sofre a interferência de vários fatores, que
não são uniformes para todos os indivíduos, e que estão relacionados ao tempo e
tipo de exposição aos determinantes da doença, aos fatores genéticos e condições
psicológicas e sociais que criam o ambiente onde se passa a ação (CARVALHO,
1997).
A palavra câncer tem origem no latim, cujo significado é caranguejo. Este
nome foi adotado porque as células doentes atacam e se infiltram nas células sadias
assim como os movimentos dos tentáculos desse crustáceo (ONCOGUIA, 2010).
O câncer é descrito como um processo crônico que se desenvolve em várias
etapas e é caracterizado por um crescimento desordenado de células que invadem
11
tecidos e órgãos. Estas células, quando se dividem rapidamente, tendem a ser muito
agressivas e incontroláveis, formando tumores malignos que podem se disseminar
para outras regiões do corpo, processo este denominado de metástase (BRASIL,
2010a).
O câncer de boca pode se originar nos lábios, sendo mais comum no lábio
inferior, e também na cavidade oral (gengiva, mucosa jugal, palato duro, língua,
assoalho da boca e amígdalas). Alguns autores consideram também a faringe como
local para o aparecimento do câncer bucal, face à dificuldade de localização da
lesão nesta região, no início da doença (BRASIL, 2010g).
Segundo os estudos, o carcinoma espinocelular (CEC) ou carcinoma de
células escamosas é a neoplasia maligna que ocorre em 90% dos casos entre os
vários tipos de câncer que afetam a boca (AUGUSTO, 2007).
Os principais sinais que podem indicar um câncer de boca são feridas que
não cicatrizam, ulcerações superficiais de 2 cm de diâmetro e indolores que podem
sangrar ou não, manchas brancas ou avermelhadas, dor ou desconforto à
mastigação e deglutição, dificuldade na fala, emagrecimento acentuado e dor ou
presença de linfadenomegalia cervical (BRASIL, 2003).
É importante lembrar o fato de muitas lesões serem assintomáticas no início
do desenvolvimento, necessitando, o profissional, atentar para a história clínica do
paciente e pela busca de lesões suspeitas, principalmente aquelas com maior
potencial para a cancerização, como as leucoplasias (lesões brancas), as
eritroplasias (lesões avermelhadas), e a queilite actínica (DIAS et al., 2006).
Existem basicamente três modalidades de tratamento para as neoplasias
malignas bucais: cirurgia e radioterapia (usadas na maioria dos tumores) e a
quimioterapia, usada como tratamento paliativo em tumores avançados (SPARA et
al., 2005).
Segundo Dias et al. (2006), em todo o país, o câncer bucal toma
características alarmantes com a clara inexistência de políticas públicas de saúde
que contemplem a coletividade integralmente e em todas as fases de prevenção,
diagnóstico e tratamento da doença. A reabilitação, quando necessária após
procedimentos
cirúrgicos,
geralmente
é
deixada
em
segundo
comprometendo-se, assim, a qualidade de vida do paciente operado.
plano,
12
A demora e a dificuldade no reconhecimento dos principais sinais e sintomas
da doença está entre os principais motivos de atraso do paciente ao tratamento e
nessa etapa são necessárias políticas de saúde com capacitação dos cirurgiõesdentistas para a detecção precoce da lesão cancerizável, bem como a educação
coletiva da população acerca dos fatores de risco, sinais e sintomas comuns da
doença e a importância do autoexame bucal (SILVA et al., 2009).
Em um trabalho realizado por Sassi et al. (2005), das 6544 pessoas de vinte
cidades do Paraná examinadas, desde 1989 até 2004, 20,4% nunca tinham ouvido
falar sobre prevenção de câncer bucal.
4. EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER BUCAL
As doenças crônico-degenerativas representam um problema de saúde
pública, e, entre elas, o câncer ocupa o segundo lugar como doença que mais causa
morte em todo o mundo, ficando atrás somente das doenças do aparelho circulatório
(SPARA et al., 2005).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que até 2020 surgirão 15
milhões de novos casos de câncer no mundo, sendo que 60% destes casos
ocorrerão em regiões do mundo menos desenvolvidas, em países que possuem
menos que 5% de recursos para o controle do câncer (OLIVEIRA et al., 2008).
Os cânceres de cabeça e pescoço representam 10% de todos os tumores
malignos do mundo; destes, 40% estão localizados na cavidade bucal. Dos cânceres
de boca, 53,4% são diagnosticados nas fases mais tardias (estágios III e IV) e 30,5%
resultam em morte (CURITIBA, 2009a).
A incidência de câncer de boca varia de país para país. Ele é muito mais
comum na França, Hungria e Índia, por exemplo, do que nos Estados Unidos, e
muito mais raro no México e no Japão (HOSPITAL A.C.CAMARGO, 2010b).
Biazevic e Antunes (2006) relataram que na Índia há uma incidência elevada
do câncer de boca, apontando o hábito de mascar tabaco como o principal fator de
risco à doença, muito comum nesta região.
Segundo Wünsch Filho et al. (2008), o Brasil é o segundo maior produtor
mundial de tabaco em folha (14,1% da produção mundial), atrás somente da China,
13
e é o terceiro país no mundo com maior incidência de câncer bucal (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO, 2010).
Conforme referiram Andreotti et al. (2006), o Brasil possui a mais alta
incidência da doença na América Latina, mas com grandes variações por regiões
geográficas do país. Além disso, o diagnóstico da patologia no Brasil é, em geral,
realizado mais tardiamente que nos países desenvolvidos.
A tabela 1 mostra a estimativa, segundo o INCA (Instituto Nacional de
Câncer), das principais neoplasias, para o ano de 2010 no Brasil. Note-se que o
câncer de cavidade oral ocupa a quinta posição entre os homens e a sétima posição
entre as mulheres (BRASIL, 2010b).
TABELA 1 – NÚMERO DE NOVOS CASOS DE CÂNCER NO BRASIL ENTRE HOMENS E
MULHERES (ESTIMATIVA PARA 2010).
HOMENS
Neoplasia maligna
1º Próstata
2º Traqueia, brônquios, pulmão
3º Estômago
4º Colon e reto
5º Cavidade Oral
6º Esôfago
7º Leucemia
8º Pele melanoma
*************************************
Outras localizações
Subtotal
Pele não melanoma
Todas as neoplasias
Fonte: INCA-BRASIL (2010b)
N° Casos
Novos
MULHERES
Neoplasia maligna
N° Casos
Novos
52.350
1º Mama feminina
49.240
17.800
13.820
13.310
10.330
7.890
5.240
2.960
2º Colo do útero
18.430
14.800
9.830
7.680
4.340
3.790
2.970
2.740
78.770
192.590
60.440
253.030
59.130
182.830
53.410
236.240
3º Colon e reto
4º Traqueia, brônquios, pulmão
5º Estômago
6º Leucemias
7º Cavidade Oral
8º Pele melanoma
9º Esôfago
Outras localizações
Subtotal
Pele não melanoma
Todas as neoplasias
Wünsch Filho et al. (2008) descreveram que as neoplasias de cavidade oral,
associadas ao uso de tabaco, apresentam incidência mais alta no Centro-Oeste,
Sudeste e Sul do Brasil, pois são regiões mais industrializadas e com maior
prevalência de tabagismo. Atualmente Porto Alegre é a capital brasileira com maior
consumo de tabaco (25,2%), sendo Rio Grande do Sul o estado responsável por
cerca de 50% da produção nacional do produto. As taxas de incidência e
mortalidade por câncer bucal em São Paulo e Porto Alegre só perdem para algumas
14
regiões da Índia. A cidade de São Paulo registra isoladamente a mais alta incidência
de câncer oral no Brasil e na América Latina (AUGUSTO, 2007; MARCHIONI et al.,
2007).
Entre os anos de 2007 e 2008 o câncer de boca foi a 10ª causa de morte por
câncer, entre os homens, e a 36ª, entre as mulheres de Curitiba, acometendo, então,
3,6 homens para cada mulher. No ano de 2007 representou 2,1 % do total de óbitos
por neoplasias nesta cidade, conforme o gráfico 1, que mostra a distribuição
percentual dos óbitos por câncer bucal desde 1996 (CURITIBA, 2009a,c).
GRÁFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS ÓBITOS POR CÂNCER BUCAL COMPARADO
AO NÚMERO TOTAL DE ÓBITOS POR NEOPLASIAS. CURITIBA - 1996-2008
3,0
2,6
2,5
2,0
2,3
2,2
2,2
2,1
2,1
2,1
1,9
1,8
1,7
1,5
1,9
1,5
1,5
1,2
1,0
0,5
20
08
M
éd
ia
20
07
20
06
20
05
20
04
20
03
20
02
20
01
20
00
19
99
19
98
19
97
19
96
0,0
Fonte: CURITIBA (2009a).
Dados obtidos para a cidade de Curitiba mostram que o órgão da boca mais
afetado pelo câncer de cavidade oral e responsável pelo maior número de óbitos por
neoplasia é a língua, e a estimativa do número de casos novos da doença para
homens, em 2010, é de 160, enquanto que para mulheres é de 40 casos
(CURITIBA, 2009a; BRASIL, 2010o).
De acordo com Dias et al. (2006), o câncer de lábio também assume
importância, uma vez que a prática de atividades rurais, onde os trabalhadores
expõem-se em demasiado à luz solar, é muito frequente.
O número de casos de neoplasias bucais atendidos entre 1998 e 2004 em
Curitiba, com faixa etária de 50 a 69 anos se assemelha ao observado nos casos de
mortalidade no mesmo período, que atingiu com maior frequência indivíduos entre
15
40 e 79 anos. Este dado está de acordo com dados do INCA, que relata a idade
superior a 40 anos como um dos fatores de risco para o câncer de boca (CURITIBA,
2009a).
Em relação ao sexo, o percentual de óbitos no sexo masculino mostrou-se
expressivo em todos os anos analisados, como aparece no gráfico 2, sugerindo que
homens expõem-se com maior frequência aos fatores de risco da doença
(CURITIBA, 2009a).
GRÁFICO 2. PERCENTUAL DOS ÓBITOS POR NEOPLASIAS DE BOCA SEGUNDO SEXO.
CURITIBA - 1996 A 2008.
100
%
80
84,8
94,6
89,7
79,2
75,5
85,2
75,6
81,8
87,5
92,3 90,5
81
84,0
74,1
60
Masc
40
20
15,2
20,8
10,3
Fem
25,9
24,4
24,5
14,8
18,2
19
12,5
5,4
7,7
9,5
16,0
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
M
É
DI
A
0
Fonte: CURITIBA (2009a)
O diagnóstico precoce do câncer bucal é de vital importância para um bom
prognóstico. Se tratado na fase inicial, a expectativa de cura é de 80 a 100%. No
entanto, a proporção de diagnóstico em fase inicial é de apenas 10% dos casos e
nos cânceres de língua, esta taxa cai para 5% (CURITIBA, 2009b).
5. PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA O CÂNCER BUCAL
5.1 FUMO
O tabagismo consiste no hábito de fumar cigarros, charutos e cigarros de
palha, sendo a principal causa do câncer de boca, pulmão e laringe (SILVESTRE e
JERONYMO, 2006).
16
Segundo Soares et al. (2005), o tabagismo é a principal causa de
enfermidades evitáveis e incapacidades prematuras, sendo seu controle um dos
maiores desafios de saúde pública no mundo atual. Estudos no Brasil e no mundo
evidenciam que o vício de fumar está se iniciando cada vez mais cedo,
principalmente entre os adolescentes.
O uso do tabaco fumado (cigarro, charuto, cigarro de palha) favorece o
desenvolvimento do câncer de boca entre 4 e 15 vezes mais do que nos indivíduos
não tabagistas; os consumidores de tabaco mascado (fumo de rolo) ou aspirado
(rapé) apresentam um risco 4 vezes maior de desenvolver um tumor, podendo
chegar a um risco 50 vezes maior quando o consumo é prolongado (PINTO, 2008).
No tabaco e na fumaça que dele se desprende, podem ser identificadas
cerca de 4700 substâncias tóxicas, entre elas, 60 substâncias possuem ação
carcinogênica conhecida. Parte da fumaça é absorvida na mucosa bucal e além da
ação dos produtos de combustão do tabaco, soma-se o efeito do tempo de uso e do
estímulo térmico, potencializando as agressões sobre a mucosa, valendo observar
que a temperatura na ponta do cigarro aceso varia de 835 a 884°C centígrados
(PINTO, 2008).
As substâncias presentes na composição do cigarro causam agressão
química nas células, ressecam a mucosa e provocam alterações gengivais, doenças
periodontais, maior risco de perda óssea alveolar, dificuldade de cicatrização,
redução nos níveis de IGA secretória na saliva além da possibilidade do
aparecimento de lesões cancerizáveis (AUGUSTO, 2007).
Quanto ao número de cigarros de papel industrializados utilizados, Seroli e
Rapoport (2009) relataram que portadores de lesões bucais utilizaram, em média, 21
cigarros por dia, enquanto que para o fumo de corda, foram usados 5 cigarros por
dia.
Silvestre e Jeronymo, apud Grein (2001), descreveram que o risco para
fumantes de cigarros industrializados decresce com o término do hábito, chegando a
se assemelhar ao risco de indivíduos não fumantes, enquanto que o risco para
usuários de cigarro de palha continua aumentando mesmo com o término do hábito.
Cerca de 37% dos pacientes aparentemente curados da doença, mas que insistem
17
no hábito de fumar, vão ter um segundo câncer de boca, garganta ou laringe,
comparados a apenas 6% dos que param de fumar.
O uso de cachimbos e charutos também é considerado um importante fator
de risco para o câncer de boca e de faringe. Além disso, fumar cachimbo aumenta
consideravelmente o risco de câncer no lábio, principalmente no local onde há o
contato com a haste do cachimbo (HOSPITAL A.C.CAMARGO, 2010a).
Em um relato de caso apresentado por Sassi et al. (2010), houve a relação
do uso do tabagismo e da maconha como os fatores de risco responsáveis pelo
agravo da doença, em jovem de 21 anos de idade, onde o câncer bucal se
desenvolveu de maneira agressiva e com evolução desfavorável.
Estima-se que um terço da população de adultos no Brasil seja fumante e
que das pessoas que apresentam câncer bucal, 95% são fumantes e 76% fumam e
consomem bebida alcoólica regularmente (BIAZEVIC e ANTUNES, 2006).
Sassi et al. (2009) relataram em um estudo feito desde o ano de 1989 até
2008 em Curitiba, que houve um declínio no número de fumantes, mas mesmo
havendo esta tendência, os fumantes precisam de cuidados especiais para prevenir
o câncer bucal. Assim, ressaltaram a importância do diagnóstico precoce, bem como
de campanhas preventivas enfatizando a necessidade de se ter hábitos saudáveis.
5.2 ÁLCOOL
O consumo de álcool tem aumentado em várias populações, a faixa etária
tem sido cada vez mais baixa e a relação com o câncer bucal se torna mais evidente
quando o álcool é associado com o hábito de fumar (CARRARD et al., 2008).
Conforme Fernandes et al. (2008), a definição de etilista ou alcoólatra não
está relacionada à quantidade de bebida consumida, mas sim, com o hábito de
beber. Uma pessoa é considerada dependente se não conseguir ficar ao menos um
dia sem consumir o álcool, mesmo que em pequena quantidade.
O álcool atua tanto de forma local, aumentando a permeabilidade da mucosa
bucal, potencializando a penetração de agentes carcinogênicos, produzidos pelos
metabólitos do etanol (aldeídos), quanto de forma sistêmica, pois o consumo crônico
do álcool leva a distúrbios do sistema imune e do estado nutricional, podendo
18
contribuir, desta maneira, na sua relação com o desenvolvimento do câncer bucal
(CARRARD et al., 2008).
O uso do álcool está mais relacionado a tumores do assoalho da boca e da
língua, por ter um contato mais fácil e prolongado nestas regiões, principalmente
quando consumido na forma de destilados, como a cachaça, embora o vinho de má
qualidade possa ser mais maléfico no que se refere ao câncer de língua (PINTO,
2008).
Carrard et al. (2008) apontaram ainda que a quantidade total de álcool
ingerida e o tempo de duração do hábito são mais importantes que o tipo de bebida
ingerida. O risco de o etilista desenvolver o câncer de boca é de 8,5 a 9,2 vezes
maior que o não consumidor de bebida alcoólica. Quando o álcool está associado ao
tabaco, com o consumo alto e prolongado, o sinergismo entre estas substâncias
eleva em até 141,6 vezes a chance de desencadear um câncer (PINTO, 2008).
Como resultado da pesquisa realizada por Fernandes et al. (2008), sobre a
prevalência de lesões cancerizáveis na boca de indivíduos etilistas, obtiveram o
dado de que a prevalência destas lesões foi baixa na população estudada, dado
este em conformidade com outro estudo onde o álcool puro, de forma crônica, nunca
se mostrou ser carcinogênico em experimentos com animais. Entre os alcoólatras,
as lesões apareceram em pacientes que tinham outros fatores de risco associados,
como o tabaco.
Uma associação do câncer bucal com enxaguantes orais foi apresentada em
uma pesquisa realizada por Marques et al. (2008), onde as pessoas que relataram
usar o produto mais de uma vez ao dia, apresentaram um aumento significativo de
três vezes o risco de câncer oral, comparado com aqueles que nunca os usaram,
sugerindo assim que o uso frequente de enxaguatórios parece contribuir para o
surgimento do câncer bucal, apesar de não existirem evidências conclusivas do
aumento do risco. O álcool é usado como solvente de outros ingredientes e
conservantes do enxaguatório. Há várias marcas de enxaguatórios comercializados
no Brasil, sendo que alguns deles chegam a conter 27% de álcool, e são produtos
vendidos livremente. Algumas pesquisas recentes indicaram que a associação entre
enxaguatório e câncer bucal pode ser falsa, já que fumantes e consumidores de
bebidas alcoólicas (que já têm alto risco), usam estes produtos com frequência bem
19
maior que as pessoas que não fumam nem bebem (HOSPITAL A.C.CAMARGO,
2010a).
5.3 EXPOSIÇÃO SOLAR
A exposição frequente à luz solar tem sido referida como elemento que
concorre para o aumento de risco de câncer bucal, principalmente para o câncer de
lábio inferior. As lesões são características da idade adulta, embora também tenham
sido observadas em crianças. A ação co-cancerígena da luz solar acomete
principalmente pessoas de pele clara, e cuja ocupação natural os mantêm expostos
às radiações actínicas do sol, vento e outros elementos naturais (TOMMASI, 2002).
A exposição repetida e excessiva aos raios ultravioleta, principalmente a
radiação UV-B do espectro da luz solar, por períodos superiores a 15 ou 30 anos,
pode representar um considerável fator de risco para o câncer de lábio inferior
(PERES, 2006; DAHER et al., 2008).
Para Tommasi (2002), trabalhadores da área rural, pescadores e
marinheiros, entre outros, são considerados de risco para esta neoplasia devido à
natureza de suas atividades estar relacionada à exposição solar prolongada e na
maioria das vezes sem proteção. Em certos indivíduos, a lesão regride parcial ou
totalmente, quando deixam de se expor durante relativo tempo àqueles elementos
naturais.
A primeira alteração resultante da exposição solar é o eritema (vermelhidão)
da pele. Indivíduos que se expõem por tempo prolongado à luz solar, principalmente
no horário entre 10 e 15 horas, devem se proteger com o uso de chapéus e filtros
solares para, dessa maneira, reduzir os efeitos nocivos desses raios sobre a pele e
lábio (ODONTOLINE, 2010). Segundo Silveira et al. (2009), a transformação maligna
da lesão inicial varia de 10 a 20% dos casos.
somática resultante da exposição da luz solar é o
5.4 CHIMARRÃO
O hábito de tomar mate ou chimarrão através de infusão quente com as
folhas secas e picadas de Ilex paraguariensis tem sido mencionado como possível
20
causa de câncer no trato aerodigestivo na América do Sul, onde este hábito é
comum, principalmente no Sul do Brasil, no Uruguai e Argentina, acometendo as
regiões oral e orofaríngea, além de pulmão, rins, bexiga e esôfago (JOTZ et al.,
2006). Os mesmos autores descreveram que os possíveis mecanismos envolvidos
na elevação dos riscos de câncer, envolvem, além das substâncias cancerígenas
encontradas no extrato da planta, a injúria térmica provocada pela elevada
temperatura do mate ingerido, cerca de 69,5ºC, potencializando a ação de outros
carcinógenos, como os presentes no tabaco e no álcool .
Dasanayake et al. (2010) apontaram estudos de caso-controle realizados na
América Latina que tiveram uma associação positiva entre o hábito de beber mate e
o aparecimento de câncer oral e orofaríngeo.
Um estudo realizado por Kamangar et al. (2008), teve como objetivo analisar
a exposição aos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), presentes no mate,
quando da ingestão do mesmo. Os HPAs em pequenas quantidades, como ocorre
em alguns alimentos e bebidas, normalmente não causam nenhum problema à
saúde, mas em quantidades maiores , podem aumentar o risco de câncer a longo
prazo. Os pesquisadores analisaram os níveis de 21 HPAs em 8 marcas comerciais
de erva-mate e encontraram altas concentrações das substâncias em infusões
quentes e frias. Concluíram que o potencial cancerígeno do mate pode estar
relacionado ao seu conteúdo de HAP.
Bernardi et al. (2005) identificaram fungos filamentosos em 14 das 34
amostras de erva mate de diferentes marcas comerciais, sendo Aspergillus sp. e
Penicillium sp. as duas principais espécies encontradas, sendo estes também
presentes em alguns alimentos. Estes agentes podem ser produtores de micotoxinas
que, dependendo da quantidade ingerida, podem se nocivas à saúde, vindo a ser
carcinogênicas ou hepatotóxicas.
Segundo Loria, Barrios e Zanetti (2009), a ação sinérgica entre mate, álcool
e tabaco foi um resultado claro em vários estudos. No entanto, ainda é imprecisa a
quantidade de erva mate consumida e a temperatura de infusão, que podem
desempenhar um papel importante no desenvolvimento da neoplasia.
21
5.5 FATORES IRRITANTES
O uso de próteses removíveis ou totais, mal adaptadas, com câmera de
sucção e bordas cortantes, higiene deficiente da prótese ou da boca, bem como
restaurações fraturadas e saúde do hospedeiro debilitada, com presença de
infecção por fungos, deficiências vitamínicas nutricionais ou diabetes, podem causar
o aparecimento de lesões como candidose, hiperplasia inflamatória e úlcera
traumática (GOIATO et al., 2005).
Estes são considerados fatores predisponentes para o câncer bucal, pois a
ação prolongada dos mesmos sobre a mucosa da boca, possibilitam a indução ao
desenvolvimento do carcinoma pela potencialização de agentes carcinogênicos que
podem estar presentes na boca, advindos do tabaco e do álcool, por exemplo
(DAHER et al., 2008).
As consequências do uso de próteses, com as características acima
relacionadas, acometem principalmente indivíduos idosos, por apresentarem
situações peculiares como rebordo alveolar reduzido, mucosa menos resiliente,
tecido muscular em degeneração e xerostomia, que dificultam a adaptação de uma
prótese e colaboram para a formação de lesões na cavidade oral (GOIATO et al.,
2005).
6. FATORES SÓCIO-ECONÔMICOS ASSOCIADOS AO CÂNCER BUCAL
A associação entre condições sócio-econômicas da população e a incidência
e mortalidade por câncer envolve múltiplos aspectos. Distintos padrões culturais
entre as classes sociais têm influência nesta relação, pois os estilos de vida e
exposição de risco para o câncer sofrem contínuas mudanças no tempo e espaço. A
localização anatômica do tumor é outra variável relevante na análise dos
determinantes sociais em câncer. Como exemplo, tumor de colo de útero e de
cabeça e pescoço apresentam maior incidência nos estratos populacionais com
piores condições sociais (WÜNSCH FILHO et al., 2008).
Vários elementos sociais como a industrialização e a maior expectativa de
vida da população, contribuem para o aumento das doenças crônico-degenerativas,
22
nas quais o câncer se apresenta como um dos mais representativos (Dias et al.,
2006).
Os estudos epidemiológicos revelam a contribuição da condição social e
econômica da população como fatores significativos no aparecimento de doenças.
Desde a década de 1950 tem sido registrada uma alta incidência e alta mortalidade
por câncer bucal em grupos de pior condição social, utilizando-se aferição por
indicadores de renda, escolaridade e ocupação (BIAZEVIC e ANTUNES, 2006).
A grande incidência de doenças no grupo da população marginalizada pode
ter como causas o diagnóstico tardio das neoplasias, a dificuldade de acesso ao
diagnóstico e ao tratamento adequado e a incapacidade adquirida em decorrência
da doença (WÜNSCH FILHO et al., 2008).
A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que cerca de 30% de todos
os casos de câncer sejam provavelmente relacionados a padrões nutricionais como
baixo consumo de frutas, vegetais e micronutrientes, com o consumo excessivo de
proteínas, gorduras, carboidratos, conservantes e aditivos (BIAZEVIC e ANTUNES,
2006).
Evidências científicas apontam para o papel protetor de certos alimentos da
dieta sobre a doença, assim como a deficiência de nutrientes pode alterar a
biotransformação de agentes tóxicos no organismo e, portanto, a sua toxicidade.
Para os indivíduos, a dieta reflete o status e a condição favorável ou desfavorável de
saúde. O padrão alimentar revela a correlação positiva entre o consumo diário de
frutas e o número de anos de estudo dos indivíduos. Dieta inadequada e
sedentarismo induzem à obesidade. Esses fatores, isoladamente ou em conjunto,
influenciam a incidência de câncer (WÜNSCH FILHO et al., 2008).
Marchioni et al. (2007) investigaram a associação de fatores dietéticos com o
câncer oral. Alimentos como feijão, vegetais crus (verdes e amarelos) e frutas,
tiveram uma tendência significativa para maior proteção quanto maior o consumo,
principalmente no caso de compostos com atividade de vitamina A, como o betacaroteno . Sugeriram também que o consumo diário do prato típico brasileiro, arroz e
feijão, pode diminuir os riscos para o câncer bucal e que mais que o alimento em si,
a combinação dos mesmos associados ao estilo de vida, podem ser fatores
determinantes na etiologia do câncer oral.
23
Outro fato a se considerar é que indivíduos de baixa renda, que não têm
condições de pagar uma prótese para reposição de perdas dentárias, apresentam
mastigação dos alimentos mais improdutiva, e como consequência, deixam de ter
quantidades adequadas de nutrientes absorvidos pelo organismo, contribuindo com
a má nutrição e o aumento da debilitação nestes indivíduos (SEROLI e RAPOPORT,
2009).
De acordo com a pesquisa de Wünsch Filho et al. (2008), trabalhadores que
realizam atividades manuais ou que têm pouca qualificação profissional, estão
submetidos a maiores riscos de exposição a substâncias químicas, fumaça de
diesel, tintas e corantes, entre outros agentes nocivos. Além disso, esses
trabalhadores também apresentam baixo consumo de frutas e verduras, com
deficiência de micronutrientes. Estes indivíduos apresentam a situação cumulativa
de vulnerabilidade orgânica e da exposição, às vezes, a níveis bastante altos, a
substâncias cancerígenas nos locais de trabalho.
O potencial carcinogênico é definido como qualquer substância, combinação
ou mistura de substâncias que quando exposto por via oral, respiratória ou dérmica,
resulte na indução do tumor em um local diferente do local da administração. O risco
de câncer em decorrência da exposição ocupacional aos agentes químicos é
elevado em países em desenvolvimento, como o Brasil, onde há limitada legislação
quanto à manipulação e à exposição aos agentes cancerígenos, baixo investimento
empresarial em saúde e segurança, além do desconhecimento dos trabalhadores
sobre os riscos presentes no ambiente de trabalho (OLIVEIRA et al., 2008).
A inter-relação do álcool e tabaco em indivíduos de baixa renda vem sendo
comprovada, e sua associação com o câncer de boca também, visto que esses
grupos populacionais tendem a ter maior contato com os fatores de risco, bem como
precárias condições de saúde bucal e carências nutricionais (BORGES et al., 2009).
O consumo de bebidas alcoólicas é variável nas diferentes sociedades, tanto
em termos de qualidade como de quantidade. Aspectos culturais influenciam no
padrão de consumo de álcool, que em excesso, está relacionado à maior ocorrência
de alguns tumores. Estudos revelam que o consumo excessivo de álcool é mais
frequente entre pessoas com menor nível educacional. Entretanto, avaliar o efeito
isolado do álcool sobre câncer é difícil, face à sua associação geralmente com o
24
tabagismo, além da dificuldade de obtenção de informações confiáveis do indivíduo
etilista, por sua dificuldade de relacionamento social (WÜNSCH FILHO et al., 2008).
Considerando-se o tabaco, os mesmos autores relataram que, em estudos,
o consumo do mesmo foi duas a três vezes maior em grupos com piores condições
sociais. Além disso, baixa renda, ocupação em atividade com baixa qualificação
profissional e restrita escolaridade, foram fatores preditivos de baixa taxa de
abandono do tabagismo e elevada quantidade de cigarros fumados.
No estudo realizado por Melo et al. (2005) foi investigada a participação da
família na adoção de hábitos considerados como fatores de risco para o câncer
bucal, tendo como amostra mulheres portadoras da doença. Relataram que a
maioria das entrevistadas que fumavam ou afirmaram já ter fumado, iniciaram o
hábito na infância, com os pais, assim ocorrendo também em relação ao uso de
bebida alcoólica. O vício adquirido desde a infância ou adolescência, pode ter
contribuído para o desenvolvimento do tumor na população estudada. O perfil sóciodemográfico da amostra revelou ainda, um quadro composto de mulheres de baixa
renda e analfabetas, coincidindo com achados de outros autores.
O fator idade, associado às desigualdades sociais, teve uma relação
diferente de outros fatores para o câncer bucal, conforme é apresentado no trabalho
de Borges et al. (2009), onde regiões de melhores indicadores sócio-econômicos
são mais propícias ao desenvolvimento de doenças crônico degenerativas, como é o
câncer. Isto se deve ao fato de que tais regiões possuem melhores indicadores
demográficos para esperança de vida aos 60 anos de idade e, consequentemente,
maior proporção de idosos na população, fortalecendo a relação do câncer com a
longevidade. Borges conclui que este resultado obtido pode ser pela melhor
notificação dos registros de câncer nessas regiões.
Como o câncer bucal geralmente se manifesta em idade mais avançada,
quanto mais velha é uma população, maiores são as taxas de incidência e
mortalidade. O Brasil, devido à diminuição da taxa de fecundidade, pode chegar em
2025 à sexta população mais idosa do mundo, refletindo assim, a necessidade de
prevenção e diagnóstico precoce para o câncer bucal (AUGUSTO, 2007).
25
7. PROGRAMA NACIONAL DE PREVENÇÃO DE CÂNCER BUCAL
A preocupação com a elevada taxa de mortalidade e morbidade do câncer
de boca no Brasil, é relatada desde 1938, quando Mário Kroeff, através de palestras,
procurava conscientizar os cirurgiões-dentistas para o diagnóstico precoce dessas
lesões (DIAS, 2006).
Mesmo a prevenção tendo assumido um papel significativo no combate ao
câncer bucal, os altos índices de morbidade e mortalidade representam a
importância desta doença como um problema de saúde pública nacional (FRANÇA
et al., 2010).
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) é o órgão auxiliar do Ministério da
Saúde (MS) no desenvolvimento e coordenação das ações integradas para
prevenção e controle do câncer no Brasil, ações estas de assistência médicohospitalar, prestada direta e gratuitamente como uma das ações do Sistema Único
de Saúde (SUS), aos pacientes com câncer (BRASIL, 2010l).
O INCA coordena e executa, em âmbito nacional, o Programa de Controle
de Tabagismo e outros Fatores de Risco de Câncer, com o objetivo de promover
ações que estimulem a adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis,
contribuindo na redução da incidência e mortalidade por câncer e de doenças
tabaco-relacionadas no país, como é o caso do câncer de boca (BRASIL, 2010m).
Dentre as ações realizadas pelo INCA, estão as campanhas realizadas no
Dia Mundial sem Tabaco, comemorado no dia 31 de Maio, Dia Nacional de Combate
ao Fumo, comemorado do dia 29 de Agosto e Dia Nacional de Combate ao Câncer,
no dia 27 de Novembro, além de um fluxo contínuo de informações sobre prevenção
do câncer (BRASIL, 2010c,d,e,m).
O Dia Nacional de Combate ao Câncer é uma oportunidade para se “evocar
o importante significado histórico das entidades de combate ao câncer, de
consagração aos inumeráveis e valiosos serviços prestados ao país e proporcionar
importante mobilização popular quanto aos aspectos educativos e sociais na luta
contra o câncer” (BRASIL, 2010c).
Como resultado da batalha do Ministério da Saúde (MS) contra o tabagismo,
obteve-se, entre os anos de 2006 e 2009, uma queda no percentual de fumantes na
26
população brasileira de 16,2% para 15,5%. Estes dados fazem parte da pesquisa de
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico (Vigitel). Essa redução pode ser explicada por uma série de ações como
a proibição de publicidade do tabaco, o aumento de impostos sobre o produto e a
inclusão de advertências mais explícitas sobre os efeitos danosos do fumo nos
maços de cigarro (BRASIL, 2010n).
A Política Nacional de Atenção Oncológica, incorporada pela Portaria nº
2.048, de 3 de setembro de 2009, define, para o país, abrangente controle do
câncer, através de ações voltadas desde a prevenção até a assistência de alta
complexidade, integradas em redes de atenção oncológica, com o objetivo de
reduzir a incidência e a mortalidade por câncer (BRASIL, 2010f).
A gestão deve utilizar, da melhor maneira, os recursos disponíveis para o
planejamento e avaliação das estratégias de controle da doença. A prevenção e o
controle do câncer estão entre os mais importantes desafios científicos e de saúde
pública. No Brasil, há várias décadas vêm se desenvolvendo ações para prevenção
e combate ao câncer de boca e um grupo técnico de especialistas nesta área, do
Ministério da Saúde, começou a discutir políticas públicas voltadas para o controle
dessa doença (DIAS et al., 2006).
Em março de 2004, foi lançado o Brasil Sorridente, uma política do governo
federal, caracterizado por um programa estruturado, com o objetivo de ampliar o
atendimento e melhorar a saúde bucal da população brasileira (BRASIL, 2010h).
Para a estruturação da atenção à saúde bucal no âmbito do SUS através do
programa Brasil Sorridente, foi necessário elaborar um documento com as Diretrizes
da Política Nacional de Saúde Bucal a partir de discussões sobre o assunto em
congressos e encontros de Odontologia e de Saúde Coletiva, em consonância com
as deliberações das Conferências Nacionais de Saúde e da I e II Conferência
Nacional de Saúde Bucal (BRASIL, 2010i).
A ampliação e qualificação da atenção básica, voltada para o câncer bucal,
ocorreu por meio da organização e desenvolvimento de ações de prevenção e
controle do câncer, através de: a) exames preventivos para detecção precoce do
agravo, garantindo-se a continuidade da atenção, em todos os níveis de
complexidade; b) oferta de oportunidades de identificação de lesões bucais através
27
de visita domiciliar ou em campanhas específicas; c) acompanhamento dos casos
suspeitos e d) estabelecimento de parcerias para prevenção, diagnóstico, tratamento
e recuperação do câncer bucal com Universidades e outras organizações (BRASIL,
2010i).
A implantação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO), através
da Portaria nº 599/GM de 23 de março de 2006, foi mais um passo para a ampliação
do atendimento e garantia da integralidade da assistência à saúde. Uma ação
decisiva do MS na atenção às doenças bucais foi a instituição das ações de
diagnóstico bucal como requisito para a implantação dos CEOs, incentivando a
formação de serviços de diagnóstico de boca (BRASIL, 2010k).
Os CEOs são uma das frentes do Brasil Sorridente. O tratamento oferecido
nestes centros é uma continuidade do trabalho realizado pelas equipes de saúde
bucal. Os profissionais da atenção básica são responsáveis pelo primeiro
atendimento ao paciente e pelo encaminhamento aos centros apenas nos casos
mais complexos. Cada CEO credenciado passa a receber recursos do MS, e
funciona por meio de parceria entre municípios, estados e governo federal (BRASIL,
2010j).
8. POLÍTICA PÚBLICA DE DETECÇÃO PRECOCE E PREVENÇÃO DE CÂNCER
BUCAL DA CIDADE DE CURITIBA
A administração do Município de Curitiba, amparada pela necessidade de
promoção de saúde de sua população, apóia desde 1989, campanhas de prevenção
do câncer bucal, idealizadas e realizadas pelo chefe do Serviço de Cirurgia BucoMaxilo-Facial do Hospital Erasto Gaertner (HEG), Dr. Laurindo Moacir Sassi,
referência no tratamento de câncer de cabeça e pescoço. O projeto surgiu após se
perceber o alto índice de pacientes portadores de sintomas do câncer bucal. Até o
ano de 2008 foram realizadas 20 campanhas, onde profissionais prestaram
orientações e exames clínicos à população do município (ODONTOSITES, 2010).
Através da Lei Ordinária nº 9000 de 27 de dezembro de 1996, foi instituído o
Código de Saúde de Curitiba, que estabelece normas para a promoção, fiscalização
e controle das ações e serviços de saúde no âmbito de competência do município, e
28
dispõe sobre a proteção à saúde, direcionada no setor de saúde bucal, com ações
para o diagnóstico, encaminhamento e tratamento precoce do câncer bucal, entre
outros (JUS BRASIL, 2010).
A partir de 1997 a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Curitiba deu o
primeiro passo para tentar diminuir a mortalidade desta doença. Iniciou um
monitoramento dos dados epidemiológicos no município, utilizando o índice de
morbidade desde 1990 monitorados pela Liga Paranaense de Combate ao Câncer e
o índice de mortalidade a partir de 1996 obtidos do Sistema de Informação de
Mortalidade (SIM) e avaliou os dados ano a ano (MOYSÉS et al., 2002).
Estes dados foram divulgados em todas as Unidades Municipais de Saúde
(UMS), com o objetivo de despertar a atenção dos profissionais para esta patologia.
Assim, em 1999, foi criado o Protocolo de Referência e Contra-Referência na
Atenção ao Câncer Bucal, para motivar e capacitar os profissionais a identificar
pacientes de risco, detectar lesões suspeitas e realizar educação em saúde sobre a
doença. Em 2000 foi criada uma Unidade de Referência, a UMS Ouvidor Pardinho,
que além de atender o idoso, concretizou o Programa de Diagnóstico e Tratamento
de Lesões Bucais (MOYSÉS et al., 2002).
Shozo et al. (2001) avaliaram os resultados do trabalho clínico de
funcionamento desta UMS por um período de 15 meses e relataram que, dos 1316
pacientes avaliados, 14 casos tiveram confirmação de câncer, demonstrando a real
necessidade de um centro de referência para o serviço em questão.
O CEO Rosário é a mais antiga das duas unidades especializadas em
odontologia da rede municipal de saúde de Curitiba. O segundo é o CEO Sylvio
Gevaerd, inaugurado em 2006 (CURITIBA, 2010d).
Em 2009, o prefeito de Curitiba e todos os secretários e presidentes de
institutos, empresas e fundações municipais, assinaram as Diretrizes e Bases para o
Contrato de Gestão, documento este que continha os principais compromissos do
Plano de Governo da Gestão 2009-2012 (CURITIBA, 2010a). Uma das ações
contempladas entre as metas do contrato de gestão foi o número de exames para
detecção de câncer de boca na população acima de 40 anos, através do lançamento
do Programa de Prevenção e Detecção Precoce do Câncer Bucal, meio pelo qual se
29
planejou atingir 8.000 exames em 2009, e propôs para 2010 a realização de 20.000
exames (CURITIBA, 2010b,c).
O Programa teve como finalidade difundir a importância da detecção
precoce das lesões de boca, integrar a Equipe de Saúde Bucal das UMS aos
programas de controle do tabagismo e etilismo e outras ações de proteção e
prevenção do câncer bucal, além de informar a população sobre locais de referência
para o exame de diagnóstico precoce da patologia (CURITIBA, 2009b).
Simultaneamente ao lançamento do programa, cirurgiões dentistas (CD),
técnicos de saúde bucal (TSB) e auxiliares de saúde bucal (ASB) passaram por um
processo de capacitação, coordenado pela Secretaria de Saúde. De acordo com o
programa, as 106 UMS que possuem clínica odontológica, podem se utilizar dos
recursos possíveis para sensibilizar a população sobre a doença e atraí-la para o
diagnóstico precoce (LUCIANO DUCCI, 2010).
As ações coletivas, centradas na promoção da saúde, incluem ações
educativas, de prevenção e detecção precoce das lesões de mucosa e câncer de
boca, para todas as faixas etárias, principalmente para adultos e idosos,
direcionadas ao controle dos fatores e condições de risco, destacando o tabagismo
e etilismo, estimulando o autoexame e o exame sistemático da cavidade bucal pelos
profissionais da saúde (CURITIBA, 2009b).
O autoexame da boca é um método suficientemente simples e acessível a
qualquer pessoa, bastando ter um ambiente bem iluminado e um espelho, com a
finalidade de identificar anormalidades na face e mucosa bucal, alertando o indivíduo
e estimulando-o a procurar cuidados na rede de saúde (PINTO, 2008).
O cirurgião-dentista da atenção básica deve realizar uma boa anamnese,
seguida de um correto e completo exame da cavidade bucal na primeira consulta e
nas consultas de urgência; estes exames devem ser periódicos em usuários com
maior vulnerabilidade para o desenvolvimento de câncer de boca, possuindo mais
de um dos fatores de risco: sexo masculino, mais de 40 anos, tabagista e etilista,
sofrer exposição ocupacional a radiação solar sem proteção ou portador de
deficiência imunológica (CURITIBA, 2009b).
Além do exame intrabucal (de lábios, bochecha, língua e palato), deve ser
realizado o exame clínico extrabucal (da face, regiões submandibular e
30
submentoniana e articulação temporomandibular), incluindo visualização e palpação,
de forma a detectar anormalidades (CURITIBA, 2009b).
Qualquer lesão dos tecidos moles da boca que não apresente regressão
espontânea ou com remoção de possíveis fatores causais (dentes fraturados, bordas
cortantes em próteses, etc), e que indique qualquer suspeita da doença, deve ser
encaminhada para o serviço de Estomatologia dos CEOs Rosário ou Sylvio
Gevaerd, via Central de Marcação de Consultas Especializadas da Secretaria
Municipal de Saúde (CURITIBA, 2009b).
Havendo necessidade, é feito biópsia da lesão. A biópsia é um procedimento
no qual se colhe uma pequena quantidade de tecido ou células, para posterior
estudo em laboratório. Pode ser feito por punção, para saber se a lesão é sólida ou
cística quando de lesões intraósseas. A biópsia pode ser incisional, onde é retirada
parte da lesão, quando de lesões extensas ou suspeita de malignidade, ou biópsia
excisional, onde é feita remoção completa da lesão, sendo que o diagnóstico e o
tratamento desta última são definitivos, não indicada para tratamento de tumores
malignos (ALVES, 2010).
Os dentistas devem estar atentos ao exame da cavidade bucal nas
estruturas de maior acometimento para o câncer bucal, para realizar o diagnóstico
precoce, favorecendo o prognóstico da doença, que quase sempre começa em local
de fácil visualização e inspeção para o paciente. A investigação dos pacientes
conforme as regiões anatômicas específicas, fornece bases científicas para orientar
campanhas de prevenção educativas (CURITIBA, 2009a).
Segue na figura 1, o fluxograma do Programa de Prevenção e Detecção de
Câncer Bucal (CURITIBA, 2009b). Este fluxograma compreende todos os passos de
encaminhamentos do paciente, desde o exame inicial, quando se suspeita de uma
lesão de boca, até seu acompanhamento pela equipe da UMS após o tratamento da
lesão.
31
FIGURA 1 – Fluxograma para atendimento de pacientes com lesão de boca- CURITIBA
2009.
Fonte: Curitiba (2009b)
Siglas: APS
- Atenção Primária em Saúde
CBS
- Coordenação do Programa Saúde Bucal/ Cárie Zero
CIS
- Centro de Informação em Saúde
CMCE
- Central de Marcação de Consultas Especializadas
UBS
- Unidade Básica de Saúde
9. PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DE CÂNCER BUCAL DE OUTRAS
LOCALIDADES DO BRASIL
No Estado do Mato Grosso, um grupo voluntário de cirurgiões-dentistas,
vinculados à Rede Feminina de Combate ao Câncer, implantou, em agosto de 2001,
o serviço de Estomatologia no Hospital de Câncer do Mato Grosso (HCMT) com o
32
objetivo de prestar atendimento odontológico aos pacientes com câncer, internos ou
não, visto que os mesmos não dispunham de um local na rede pública que
prestasse tal atendimento. Na maioria dos casos, as neoplasias de boca eram
diagnosticadas em estágio avançado no HCMT, sem realização prévia de exames
por médicos ou cirurgiões-dentistas. Mesmo havendo uma parceria com as
prefeituras, com a realização de exames e procedimentos para lesões de boca nas
UMS, não havia um sistema racionalizado de prevenção e intervenção às doenças
da mucosa bucal. Foi então que, através da Portaria nº 195 de 30 de novembro de
2004, foi estabelecida uma política de atenção às doenças da boca, portaria esta
que evoluiu para a Lei nº 8.342 em 30 de junho de 2005, que institui a Política
Estadual de atenção às doenças da boca e da face, no âmbito da Secretaria
Estadual de Saúde – SES. Esta lei teve como finalidade garantir o atendimento aos
pacientes com lesões de boca, atuando também com atividades preventivas e
realização de diagnóstico das lesões buco-faciais (BORGES, 2007).
No ano de 2002, em Recife, foi desenvolvido um programa de prevenção do
câncer de boca, no Distrito Sanitário IV, com cursos de capacitação para CDs, TSBs,
ASBs e Agentes Comunitários de Saúde (ACS), por meio de aulas teórico-práticas,
com carga horária e conteúdo específico para cada grupo de profissionais, para a
realização de exames preventivos e diagnósticos como o autoexame e citologia
esfoliativa da mucosa bucal, além da apresentação de palestras educativas. As
ACSs faziam busca ativa na comunidade de indivíduos portadores de lesões
suspeitas e encaminhavam para exame com os CDs (VIDAL et al., 2003). Como
continuidade da ação, anualmente o Programa de combate ao câncer de boca é
realizado no período de 18 a 25 de outubro, tendo como público alvo a população do
Estado de Pernambuco, para a prevenção e diagnóstico, e cirurgiões-dentistas,
médicos otorrinolaringologistas, oncologistas de cabeça e pescoço, TSB, ASB, ACS
e profissionais dos serviços privados, para execução do programa, cada um na sua
esfera de atuação (PERNAMBUCO, 2010).
O Programa de Diagnóstico de Câncer de Boca em Várzea Grande, Mato
Grosso, teve início com o empenho de acadêmicos da Univag – Centro de
Diagnóstico, objetivando o incremento de ações preventivas e precoces do câncer
bucal, por meio de palestras educativas, divulgação do autoexame, além da
33
realização de exames de lesões bucais, citologia esfoliativa e biópsia da mucosa
bucal. Iniciou no segundo semestre de 2005 até os dias atuais, na clínica de
odontologia da Univag, sendo que as ações estenderam-se para empresas, Centros
de Convivência para Idosos, Fundações, Policlínicas e Clínicas Odontológicas de
Várzea Grande e Cuiabá, utilizando-se dos meios de comunicação para divulgação
do programa (FRANÇA et al., 2010).
10. DISCUSSÃO
Este estudo mostrou que a maioria dos tumores malignos da boca é
representada por CEC, com ocorrência mais comum em homens com idade superior
a 40 anos e que os principais fatores de risco para o surgimento do câncer bucal são
o tabagismo e o alcoolismo (SILVESTRE e JERONYMO, 2007; AUGUSTO, 2007;
PINTO, 2008).
A exposição prolongada à luz solar também representa risco ao surgimento
de um câncer de boca, principalmente no lábio inferior; o consumo frequente de
chimarrão e a presença de fatores irritantes na boca, quando associados ao tabaco
e ao álcool, são considerados fatores de risco ao agravo (TOMMASI, 2002; JOTZ,
2006; DAHER, 2008)
Conforme os trabalhos de Wünsch Filho et al. (2008) e Marchioni et al.
(2007), observou-se que as condições sócio-econômicas e o câncer bucal têm entre
si, grande relação, mostrando que grupos sociais desprivilegiados, tendem a ter
maior contato com os fatores de risco, além de precárias condições de saúde bucal,
carências nutricionais e exposição ocupacional a substâncias cancerígenas.
O câncer bucal e sua prevenção são assuntos ainda desconhecidos da
população, como mostra o trabalho de Sassi et al. (2005), e a detecção precoce e a
procura tardia ao tratamento são realidades ainda presentes. No Brasil, o câncer
bucal está entre as 7 principais neoplasias existentes e este dado nos mostra a
necessidade de políticas públicas que visem a sensibilizar o maior número de
pessoas quanto à prevenção a essa doença e a necessidade de incorporar hábitos
mais saudáveis.
34
A atenção nacional a esse tipo de agravo à saúde, através de uma política
pública, iniciou com o programa Brasil Sorridente, com a divulgação das orientações
aos exames para detecção precoce, além de se estabelecer parcerias com
Universidades e outras organizações para ampliar o acesso da população à atenção
secundária e terciária, além das Campanhas Anti-Tabagismo, auxiliando na
sensibilização da população quanto ao risco à saúde causado pelo cigarro (BRASIL,
2010d,e,h).
Através desta pesquisa, observou-se que os programas de prevenção do
câncer bucal, na maioria das regiões, resumem-se a campanhas anuais, realizadas
por um período de tempo limitado, sem um planejamento de ações específicas como
parte da rotina da assistência das UMS.
Algumas localidades do Brasil iniciaram um programa de prevenção do
câncer bucal, realizado não só por cirurgiões-dentistas, mas também por
acadêmicos de odontologia, TSB, ASB e ACS, além de ter sido instituído por meio
de uma lei estadual (VIDAL et al., 2003; BORGES, 2007; FRANÇA et al., 2010).
Em Curitiba, a preocupação com a neoplasia tem sido demonstrada desde
1989, nas campanhas de Prevenção do Câncer Bucal, que pode atingir todas as
classes sociais e através do trabalho de profissionais especializados na área de
câncer bucal, que teve início no ano de 2000, na UMS Ouvidor Pardinho e depois
para os CEOs, contemplando os usuários do sistema público de saúde. A prevenção
ao câncer bucal ganhou destaque através do lançamento do Programa de
Prevenção e Detecção Precoce do Câncer Bucal, sendo que o exame para detecção
de lesão bucal foi estabelecido como uma meta do Contrato de Gestão no ano de
2009.
11. CONCLUSÃO
1 – O câncer bucal é um problema de saúde pública e deve ser considerada
sua importância com a adoção de uma política de prevenção efetiva, contribuindo
para a redução do impacto dos fatores de risco sobre o câncer de boca, permitindo
uma mudança de hábitos e diminuição da exposição da população a estes fatores.
35
2 - Embora ainda não se tenham dados suficientes para avaliar se houve um
decréscimo da mortalidade por câncer bucal, como resultado do Programa de
Prevenção e Detecção do Câncer Bucal em Curitiba, poderiam ser utilizados os
modelos de atenção em saúde bucal realizados por outras localidades como Várzea
Grande e Recife, que têm um diferencial quanto aos agentes realizadores das
ações, e quanto aos procedimentos realizados na UMS, para complementar o
programa já existente e estendê-lo como meta de governo para o Estado,
abrangendo maior quantidade de municípios, a exemplo da lei Estadual do Mato
Grosso.
3 - O dentista desempenha um papel importante na prevenção, diagnóstico
precoce e conduta clínica dos pacientes com câncer bucal, com a parceria de
médicos, fonoaudiólogos, nutricionistas e outros profissionais. É de competência e
maior responsabilidade do cirurgião-dentista, a conscientização da população em
relação aos fatores de risco a que a mesma está sujeita, e sua sensibilização quanto
à necessidade do autoexame e da consulta odontológica periódica, principalmente
quando se tratar de grupo de risco.
4 - Além da atuação da esfera pública no controle do agravo em questão, a
compreensão das entidades privadas quanto à necessidade da prevenção do câncer
bucal, seria de grande auxílio no enfrentamento deste grande desafio.
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