estudo de baterias de ciclo profundo sob diferentes regimes de

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ESTUDO DE BATERIAS DE CICLO PROFUNDO SOB DIFERENTES REGIMES
DE OPERAÇÃO
Andréia Crico dos Santos1,2 , Cassio Bruno de Araujo1,2 , Sebastião Camargo Guimarães Júnior2 (Dr.)
1
Programa de Educação Tutorial-PET/Eng.Elétrica, 2Núcleo de Eletricidade Rural e Fontes Alternativas de Energia (NERFAE)
Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Engenharia Elétrica, Uberlândia-MG.
[email protected] , [email protected] , [email protected] .
Resumo – A produção e o consumo de energia, na
maioria dos sistemas elétricos, são concomitantes. Em
alguns casos, contudo, há a necessidade de
armazenamento, seja para garantir a confiabilidade da
alimentação ou para viabilizar a utilização de fontes
intermitentes de energia. Ilustrando o primeiro caso,
podem-se citar os grandes data centers (centros de
processamento de dados), ou mesmo os ambientes
hospitalares, onde se encontram cargas muito sensíveis a
perturbações na rede. Para o segundo caso, tem-se como
exemplo os sistemas eólicos e fotovoltaicos, nos quais a
geração não está disponível durante todo o tempo. Na
maioria das vezes, o armazenamento é realizado por meio
de células eletroquímicas. Nesse sentido, este trabalho
visa apresentar uma análise acerca do desempenho de
baterias de chumbo-ácido de ciclo profundo, sob
diferentes regimes de operação. Objetiva-se também
discorrer sobre alguns problemas comuns e suas possíveis
soluções.
Palavras-Chave – baterias, chumbo-ácido, ciclo
profundo, estacionárias, eletricidade, armazenamento.
Keywords – batteries, deep cycle, energy storage,
electricity, lead-acid, stationary.
I. INTRODUÇÃO
A. Reações químicas nas baterias de chumbo-ácido
Baterias, ou acumuladores, são dispositivos constituídos
pela associação de vasos interligados em série ou paralelo.
Um vaso ou elemento é um conjunto de duas ou mais placas
de polaridades opostas, isoladas entre si e banhadas pelo
mesmo eletrólito, num mesmo recipiente. Para evitar um
curto-circuito entre as placas positivas e negativas, são
introduzidas lâminas de material poroso e isolante,
denominadas de separadores.
Proposta primeiramente pelo físico francês Raymond
Gaston Planté, em 1859, as baterias de chumbo-ácido são
formadas por eletrodos de chumbo e dióxido de chumbo
mergulhados em solução eletrolítica de ácido sulfúrico.
Baterias de
são compostas por uma associação de seis
células em série, sendo a tensão nominal de cada célula
.
O processo químico que ocorre durante a descarga dessas
baterias pode ser representado pelas equações:
DEEP CYCLE LEAD-ACID BATTERIES
UNDER DIFFERENT LOAD CONDITIONS
Placa negativa:
Abstract – In most cases, the electricity generation and
consumption occur simultaneously. Sometimes, however,
energy storage may be required, either to improve a
system’s reliability or to allow the use of some kind of
intermittent source. Both large data centers and hospital
environments, where high sensitive electric loads are
easily found, can illustrate the former. Photovoltaic and
wind systems in which the generation is not available all
day long are also good examples for the latter.
Most of time, the storage is provided using chemical
cells. Thus, the aim of this paper is to study the deep cycle
lead-acid batteries, from its chemical reactions to its
electrical behavior under different load conditions. It is
also an objective to understand the main operational
issues and the ways to avoid them.
1
Placa positiva:
(1)
(2)
Reação Global:
(3)
Durante o procedimento de carga, uma corrente deve
passar pela célula de forma que os eletrodos sejam
reconstituídos. Tal processo pode ser representado pelas
equações:
Placa negativa:
(4)
Placa positiva:
(5)
Reação Global:
(6)
Como a reação global que representa a descarga possui
água como produto, a densidade relativa da solução ácida
diminui à medida que a bateria vai sendo descarregada. Já
durante o procedimento de carga, a solução se torna mais
densa, visto que água é consumida. Desta forma, a
quantidade de carga da bateria pode ser estimada pela
densidade do eletrólito que varia entre aproximadamente
1,15 g/cm3 (quando completamente descarregada) e 1,21
g/cm3 (quando completamente carregada).
B. Baterias Automotivas e Baterias de Ciclo Profundo
Tanto as baterias de ciclo profundo, também conhecidas
como estacionárias, quanto as automotivas, são de chumboácido e apresentam as mesmas equações químicas de
operação. A principal diferença entre ambas é estrutural, já
que as primeiras são constituídas por placas mais finas,
enquanto as últimas são formadas por placas mais espessas.
As baterias automotivas são do tipo arranque, projetadas
para oferecer uma grande quantidade de corrente por um
curto período de tempo, necessidade que ocorre no momento
da partida. Depois que o motor é ligado, o alternador oferece
a energia que o carro precisa e, com isso, uma bateria
automotiva pode passar todo o seu tempo de duração sem ter
usado mais de 20% de sua capacidade total. Toda vez que ela
é completamente descarregada, sua vida útil é diminuída.
Baterias estacionárias são próprias para oferecer
quantidade constante de corrente por um longo período de
tempo e também são ideais para uso em situações que
possam requisitar o descarregamento completo por várias
vezes. Contudo, ao requisitar uma alta corrente de uma
bateria estacionária (como a que ocorre durante uma partida
de carro), sua vida útil irá diminuir.
C. Uso em Sistemas de Nobreaks
Nobreaks são dispositivos com capacidade de
armazenamento e processamento de energia elétrica, capazes
de suprir por certo tempo as cargas a eles conectadas quando
da ocorrência de um distúrbio na alimentação principal. A
maioria das versões comerciais utiliza baterias de chumboácido como estoque energético, havendo produção em série
para modelos de potência superior a
. Devido à alta
eficiência dos estágios eletrônicos (da ordem de
ou
mais) [2] e também do armazenamento (entre
e
,
para células de chumbo-ácido) [1], mesmo em sistemas com
geração complementar (ex.: geradores a diesel), é comum
deixar o nobreak alimentando a carga permanentemente.
Devido a algumas características intrínsecas dos motores à
combustão, os geradores com esse tipo de acionamento
tendem a apresentar oscilações na forma de onda da tensão
de saída, e em alguns casos a ciclo conversão (leia-se
retificação e posterior inversão) promovida pelo sistema
nobreak é preferida. Na Figura 1 é ilustrado um sistema
desse tipo.
Fig. 1. Esquema básico de um sistema nobreak. A alimentação por
parte da rede não foi ilustrada aqui.
No caso de algum distúrbio na rede elétrica (incluindo sua
perda), toda a energia passa a ser retirada do banco de
baterias, a taxas que dependem da carga ativa ligada no
momento. Dependendo do arranjo série-paralelo das células,
ter-se-á, nessas, grandes valores de corrente circulante. Além
disso, não raras vezes a persistente indisponibilidade por
parte da rede levará a descargas profundas no banco de
baterias. Esses dois fenômenos, a curto e a médio prazo,
respectivamente, comprometerão a oferta final de energia.
O cálculo do sistema de armazenamento deve
compreender, dessa forma, um estudo minucioso das cargas
alimentadas e da frequência da ocorrência de distúrbios
elétricos.
D. Parâmetros das Baterias (ou de bancos) Comerciais
A especificação técnica de uma (um banco de) bateria(s)
geralmente é a última etapa de um projeto de engenharia.
Isso porque alguns dados relativamente específicos da planta
são decisivos na escolha, a não ser quando as questões
econômicas e espaciais forem irrelevantes (caso em que o
superdimensionamento seria permitido).
Basicamente, devem ser conhecidas as informações: (i)
curva de carga de um dia de trabalho típico; (ii) curva de
carga para os principais tipos de distúrbios (caso muito se
diferenciem) assim como (iii) sua frequência. Com esses
dados e as devidas considerações a respeito dos processos de
conversão e/ou inversão, pode-se determinar a potência do
banco, assim como o montante de energia a ser fornecido em
casos de inexistência de alimentação complementar.
A seguir são listadas algumas questões a respeito da
especificação do sistema de armazenamento.
1) Capacidade em Ah - Matematicamente, esse valor é o
produto entre uma dada corrente e o tempo durante o qual a
bateria poderia fornecê-la, a partir do estado de carga total e
sem comprometimento imediato da vida útil. A energia E
armazenada na bateria pode ser calculada pela Equação (7):
∫
∫
(7)
Considerando-se uma descarga à corrente constante, e
negligenciando-se a variação de tensão nesse processo, temse que o produto daquela pelo tempo é constante. Essa
conclusão é usada pelos fabricantes para expressar o poder
energético da célula comercializada. Por exemplo, os
automóveis vêm de fábrica com baterias da ordem de
.
Poder-se-ia concluir que, sendo solicitada uma corrente de
, a autonomia da bateria seria de 60h, ou ainda, 30h para
uma corrente de .
Contudo, a eficiência de uma célula eletroquímica varia de
acordo com a velocidade em que as reações de oxidação e
redução ocorrem, também devendo ser consideradas as
perdas em sua resistência interna. Por isso, as baterias de
chumbo-ácido devem ter listado em seu corpo o regime para
o qual vale a relação
estabelecida. Normalmente o valor
apresentado comercialmente é aquele para um ensaio de
.
TABELA I
Capacidade (Ah) em função da corrente para uma
bateria de 12V, 45Ah, de ciclo profundo.
Fonte: Acumuladores Moura S.A. [5]
Tempo de descarga (h)
10
20
120
Capacidade (Ah)
41
45
47
2) Potência do Banco de Baterias: Devido à baixa
resistência interna de uma célula de chumbo-ácido [1], a
aplicação do teorema de máxima transferência de potência
apontaria valores de corrente certamente danosos ao
elemento eletrolítico. A especificação da máxima potência de
uma bateria engloba, tecnicamente, uma análise da eficiência
na conversão eletroquímica e, a médio prazo, do prejuízo na
vida útil em função da extrapolação do regime de 20h
(tomado como base para a maioria das análises).
Sendo
o número de arranjos, dispostos em paralelo,
cada qual composto de baterias em série, tem-se:
Força Eletromotriz total:
(8)
Resistência total:
(9)
Corrente:
(10)
Perdas totais:
(11)
A Equação (11) mostra que à medida que se adicionam
mais baterias ao arranjo, as perdas joulicas diminuem,
contribuindo para a eficiência global do sistema de
armazenamento. Apesar da equação não apontar nenhuma
vantagem imediata entre um tipo ou outro de ligação, é
recomendável se priorizar o paralelismo, contribuindo para a
elevação da confiabilidade do sistema. São comuns, ainda,
situações em que a carga (leia-se: primeiro estágio após o
armazenamento) exige um valor de tensão específico,
fixando assim o número m de baterias em série. Na Figura 2
é mostrado um esquema ilustrativo destas possíveis
conexões.
II. DESCARGA
Neste tópico são apresentados os principais detalhes sobre
a utilização de baterias de chumbo-ácido em regime de
descarga profunda.
A. Limites de descarga
Durante o processo de descarga, em ambos os eletrodos
ocorre a deposição de sulfato de chumbo à medida em que se
sacrificam o chumbo e o dióxido de chumbo. A diferença de
potencial nula seria atingida quando todo o sólido original se
esgotasse, estando as duas placas compostas de um mesmo
material. Na prática, contudo, a descarga é finalizada bem
antes disso.
B. Ensaios de Descarga de uma bateria de chumbo-ácido de
ciclo profundo
1) Comportamento da Tensão – Na Figura 3 é apresentada
a curva resultante para um ensaio de descarga, à corrente
constante, de uma bateria de ciclo profundo. Os valores estão
em p.u. (por unidade), e as grandezas bases são a tensão
nominal e a corrente para o regime de 20h.
Analisando o gráfico da tensão, percebe-se que sua
variação se dá a uma taxa lenta e constante, até o valor de
11,4V (em torno de 1,9V por célula). A partir de então, a
queda ocorre de forma mais intensa, até se atingir o valor
próximo de 10,8V (1,8V por célula), quando a bateria deve
ser recarregada. Qualquer solicitação de corrente além desse
ponto fará a tensão cair drasticamente.
Fig. 3. Variação na terminal de uma bateria estacionária de
chumbo-ácido, 12V, 45Ah, em regime de 20h.
2) Rendimento - Através da multiplicação e posterior
integração numérica da curva da Figura 3, foi possível
encontrar um rendimento energético
de
, o qual está
dentro da faixa prática para baterias de chumbo-ácido [1].
Outro fator de uso corriqueiro na área de acumuladores é o
rendimento de corrente, determinado pela Equação (12):
∫
∫
Fig. 2. Exemplo de um banco de baterias, sem ramificações
(conexões intermediárias).
(12)
Para o ensaio em questão, o valor encontrado para
foi
de 86%. A diferença entre
e
pode ser facilmente
compreendida, dado o fato de que a carga é realizada em uma
tensão maior que a descarga, requerendo assim mais energia.
A corrente em que a descarga se realiza influencia
intensamente o rendimento da célula. Além do aumento
imediato das perdas de origem joulica, há também o prejuízo
das reações eletroquímicas, cuja velocidade é limitada por
fatores físicos da célula, como, por exemplo, a área de
contato entre o eletrodo e a solução.
Na Figura 4 são mostrados os resultados de duas
descargas realizadas em regime de
e , de uma bateria
de
.
Fig. 4. Variação na energia total entregue para diferentes regimes
de operação (
e ).
A energia entregue pela bateria no segundo ensaio foi de
aproximadamente
do valor obtido no primeiro. Ou
ainda, os rendimentos energético e de corrente caíram para
e
, respectivamente. Interpolando os valores
médios de alguns ensaios e comparando com informações de
catálogo de outros fabricantes [4], foi possível chegar, de
forma empírica, à Equação (13), que estima a capacidade
fornecida por uma célula de acordo a sobrecorrente. Os
valores base são a capacidade nominal e a corrente de
descarga correspondente (geralmente, aquela que causaria
um regime de
).
houve melhoras quanto às perdas joulicas e eletroquímicas, o
que compensou o rendimento final.
Fig. 5. Comportamento da corrente entre duas baterias, com
diferentes estados de carga, conectadas em paralelo.
III. CARGA
A. Especificações de Parâmetros
De forma geral, para a realização de qualquer
procedimento que envolva o uso de baterias, devem ser
observados os níveis de tensão e corrente aos quais os
acumuladores estão submetidos, a fim de se evitar problemas
como a redução de vida útil, ou até mesmo a perda total do
dispositivo. A fim de direcionar a realização do controle
necessário, alguns níveis de tensão e corrente são definidos
conforme indicado nas Tabelas II e III, respectivamente. Os
valores apresentados são considerados para temperatura de
25oC.
(13)
3) Associação Paralela – Como esse tipo de ligação
ocorre na maioria dos bancos de baterias, foi feita uma
análise sobre o comportamento de um conjunto em paralelo.
Para tal, foram selecionadas duas baterias tipo estacionárias,
de capacidade
e tensão
(6 células em série).
Quando dois ou mais (leia-se n) conjuntos permanecem
conectados por um longo tempo, o equilíbrio de carga e
tensão interna é atingido, e pode-se considerar que cada ramo
série contribui com aproximadamente a enésima parte da
corrente de operação. Isso permite então que qualquer análise
de rendimento, aquecimento ou vida útil possa ser feita
individualmente.
Nesse trabalho, resolveu-se analisar um caso extremo de
operação conjunta, onde uma bateria totalmente descarregada
foi associada diretamente a uma com carga total. Após certo
tempo de troca (até que se atinja o equilíbrio), o conjunto foi
colocado para alimentar uma carga em regime de
. Na
Figura 5 é mostrada a corrente que surgiu após esta
associação e antes da aplicação da descarga total.
Integrando as curvas de tensão e corrente, foi possível
avaliar que a bateria carregada entregou cerca de 30% de sua
capacidade à outra bateria, até que a corrente se estabilizou
em
(cerca de
). A análise final dos resultados
não evidenciou nenhuma queda de performance em relação à
operação com um único elemento. Na verdade, o caso
estudado é uma situação extrema, onde foi acrescentado um
estágio à operação comum (aquele onde se deram as trocas),
o que prejudicaria o rendimento global. Contudo, pelo fato
de, na descarga, os dois elementos estarem em paralelo,
TABELA II
Níveis de Tensão nas baterias
Estados
Descarregado
Equalização (recarga)
Flutuação (nominal)
Sobretensão (sobrecarga)
Tensão de cada célula
Abaixo de 1,75V (VDP)
Entre 2,36 e 2,40V (VEQ)
Entre 2,15 e 2,20V (VFLUT)
Acima de 2,70V
TABELA III
Níveis de Corrente nas baterias
Denominação da corrente
Recarga
Descarga profunda
Flutuação
Valor
10% da capacidade nominal
(IMRP)
1% da capacidade nominal
(IDP)
IMRP/5 (IFLUT)
B. Método dos Quatro Estágios para Recarga de Baterias
O procedimento proposto pelo Método dos Quatro
Estágios [3] permitiu que os valores de tensão e corrente,
constantemente monitorados, fossem mantidos dentro de
intervalos adequados, de forma a garantir segurança à
integridade dos dispositivos e eficiência satisfatória dos
processos realizados. Além disso, apresentou-se bastante
eficiente por utilizar, durante certo intervalo, corrente
constante para recarregar rapidamente as células de chumboácido e, durante etapa oportuna, tensão constante, com o
intuito de recuperar a capacidade completa da bateria. Os
quatro estágios de carga propostos pelo método são descritos
a seguir.
1) Primeiro Estágio – Carga Lenta: Esta fase só deve ser
executada se a tensão inicial da bateria estiver abaixo da
tensão de descarga profunda (VDP). Nesse caso, deve ser
aplicada a corrente de descarga profunda (IDP) até a tensão
atingir o valor VDP.
2) Segundo Estágio – Carga rápida: Caso a tensão inicial
da bateria não esteja em nível inferior a VDP, o processo de
carga se inicia nesta etapa, a qual consiste na aplicação de
corrente constante, que pode ser a corrente máxima de
recarga permitida (IMRP), até que a tensão da bateria atinja o
nível de equalização (VEQ). A corrente fornecida neste
estágio é responsável por restabelecer aproximadamente 90%
da capacidade da bateria.
3) Terceiro Estágio – Sobrecarga: Nesta fase, a tensão da
bateria será regulada. A corrente inicial é a mesma do estágio
2 e deverá decair gradualmente até atingir a corrente IFLUT,
sendo que durante esse processo a tensão de equalização
(VEQ) deve ser mantida constante.
4) Quarto Estágio – Carga flutuante: Nesta fase, a tensão
será mantida constante no valor de flutuação (VFLUT), sendo
recomendado que a redução dos valores de VEQ para VFLUT
aconteça no nível de corrente de flutuação (IFLUT). Neste
ponto a tensão de flutuação será imposta apenas para
compensar a descarga própria e as perdas de potência por
fuga de corrente entre os polos.
Fig. 7. Ensaio em laboratório de duas baterias
sendo
carregadas paralelamente pelo Método dos Quatro Estágios
Na Figura 8 é mostrada a curva representativa de um
processo de carga que teve duração de vinte e duas horas e
meia, totalizando
minutos. A tensão inicial na qual se
encontrava a bateria era de
, condição que dispensou a
necessidade de execução da primeira etapa do Método dos
Quatro Estágios. Foi imposta uma corrente constante de
, sendo este o máximo valor de corrente fornecido pela
fonte utilizada. Aproximadamente doze horas após o início
do ensaio, a tensão atingiu o valor de equalização,
.
Este nível foi mantido constante até o final do ensaio e como
a imposição da tensão de flutuação se destinaria a apenas
compensar perdas próprias das baterias e do processo, não foi
necessário executar a quarta etapa do método no ensaio.
Na Figura 6 é mostrada a sequência de procedimentos
propostos pelo Método dos Quatro Estágios.
Fig. 8. Comportamento da tensão e da corrente durante carga de
uma bateria pelo método dos quatro estágios
Fig. 6. Etapas do Método dos Quatro Estágios.
C. Ensaios de Carga de uma bateria de chumbo-ácido de
ciclo profundo
Os ensaios descritos a seguir, mostrados na Figura 7,
foram realizados com baterias de chumbo-ácido estacionárias
de fabricação nacional, as quais apresentam tensão nominal
de
e capacidade de
(considerando regime de vinte
horas).
Foram adotados como parâmetros para a execução dos
ensaios, os seguintes valores:
para tensão de descarga
profunda (VDP),
para tensão de equalização (VEQ) e
13,20 V para tensão de flutuação (VFLUT), dados estes
sugeridos nas especificações do dispositivo.
Durante a carga, a força eletromotriz de cada célula da
bateria atinge cerca de 2,1V em um curto espaço de tempo e
se estabiliza, crescendo muito lentamente a partir deste valor.
À tensão de
, oxigênio começa a ser liberado nas placas
positivas e a
hidrogênio passa a ser liberado nas placas
negativas. A carga está neste ponto praticamente concluída e
a passagem de corrente a partir deste ponto leva a liberação
de gases, com rápido aumento da força eletromotriz da
bateria.
Na Figura 9 é mostrada a curva de potência fornecida
durante o processo de carga, sendo que a integral desta curva
no tempo resulta na energia total entregue à bateria, e esta foi
de
. Observa-se que do início até o instante em
que a tensão atinge
, intervalo no qual a corrente é
mantida constante em
, uma energia de
já
havia sido fornecida, ou seja,
do total de energia
envolvida no processo.
Fig. 9. Variação da potência fornecida durante a carga de uma
bateria de 45Ah.
Na Figura 10 é representada a capacidade adquirida pela
bateria ao longo do tempo. Mais uma vez é possível notar
que o carregamento dos acumuladores acontece de fato
durante a etapa 2 do Método dos Quatro Estágios, enquanto a
etapa 3 é útil para regulação da tensão. Ao final do
procedimento, a capacidade apresentada foi de 46,63 Ah.
foram analisados parâmetros relacionados ao funcionamento
e aos métodos recomendados para a utilização dos
dispositivos, com atenção a aspectos ligados à segurança e à
otimização dos procedimentos de carga e descarga.
Foram realizados ensaios de descarga em diferentes
regimes de operação. Analisando os resultados, foi possível
observar que o rendimento varia de acordo com a corrente de
descarga, conforme exemplificado na Figura 4. A partir de
vários dados coletados foi possível encontrar uma equação
que estimasse a energia a ser entregue por uma célula de
acordo com o regime aplicado. Também foi estudado o
paralelismo entre baterias em um banco, e pode-se concluir
que esse tipo de ligação apresenta vantagens técnicas e,
consequentemente econômicas, dada à redução nas perdas à
medida em que se aumenta o número total de baterias.
Também foram realizados vários ensaios de carga. Foi
possível observar, dessa maneira, que o Método dos Quatro
Estágios consiste em uma sequência de passos adequada e
eficiente para recarga de uma bateria de chumbo-ácido. Os
resultados encontrados estavam de acordo com a bibliografia
que indica que cerca de 90% da energia é entregue aos
acumuladores durante a segunda etapa do método. Contudo,
a realização de recargas sucessivas sem a observância do
primeiro passo, o qual recomenda um baixo valor de corrente
no início do processo, pode diminuir a capacidade de
retenção de carga de uma célula.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à empresa Acumuladores Moura
LTDA, que viabilizou tecnicamente a realização desse
trabalho.
Fig. 10. Energia acumulada por uma bateria de 45Ah durante sua
recarga
À medida que ensaios de carga foram sendo realizados,
pôde-se notar que a capacidade adquirida pelas baterias ao
final de cada processo diminuía gradualmente. Constatou-se,
então, que o motivo de tal comportamento foi o efeito
cumulativo de sucessivas recargas que não passavam pela
etapa lenta proposta pelo primeiro estágio do método
estudado. A fim de solucionar este problema, foram
realizados novos ensaios que tiveram como primeiro passo a
imposição de uma baixa corrente de flutuação. Como
resultado, a capacidade adquirida pelas baterias após
finalização da recarga voltou a ser satisfatória.
IV. CONCLUSÕES
Neste trabalho foi realizado um estudo acerca do
comportamento de baterias de ciclo profundo, de forma que
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1]T.R. Cromptom, “Battery Reference Book”, Third
Edition, Newnes. 2000. ISBN: 07506 4625 X.
[2]WEG, “Motores de Indução alimentados por inversores de
freqüência PWM”. Acedido em 25/05/2011, em
http://www.weg.net.
[3]Toroid do Brasil, “Carregador de Baterias de ChumboÁcido com PIC16F876A”. Acedido em 25/05/2011, em:
http://www.toroid.com.br/carregador_baterias_01.pdf.
[4]PowerSonic, “Sealed Lead-Acid Batteries: Technical
Manual”.
Acedido
em
25/05/2011,
em
http://www.power-sonic.com.
[5]Acumuladores Moura, Catálogo Técnico da Bateria da
linha Clean 45Ah, modelo 12MF45.
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