educação ambiental: a relação entre as aulas de campo e o

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL: A RELAÇÃO ENTRE AS AULAS DE
CAMPO E O CONTEÚDO FORMAL DA BIOLOGIA
NOGUEIRA, Bárbara Gabriele de Souza – PUCPR
[email protected]
GONÇALVES, Guilherme Machado – PUCPR
[email protected]
MENEZES, Raquel Vizzotto de – PUCPR
[email protected]
RODRIGUES, Reginaldo – PUCPR
[email protected]
Eixo Temático: Práticas e Estágios nas Licenciaturas
Agência Financiadora: Capes
Resumo
A pesquisa analisou a relação das aulas de campo com o conteúdo formal de biologia com os
alunos de uma escola estadual de Curitiba que atende o ensino médio nos três turnos. O
objetivo da intervenção foi identificar elementos que indicassem mudanças da visão dos
estudantes sobre o meio ambiente, bem como discutir a importância da saída de campo para o
aprendizado dos alunos. Após subsidiar os discentes com os conhecimentos básicos
introdutórios foi realizada uma saída de campo na Região Metropolitana de Curitiba, cidade
de Piraquara, que é uma região de relevante interesse para o abastecimento público. No local
em questão funciona o Centro de Educação Ambiental Mananciais da Serra (CEAM) –
SANEPAR, que realiza atividades de sensibilização e orientação ambiental. O CEAM foi
escolhido por trabalhar temáticas relacionadas à água, uso do solo, mata ciliar, biomas,
sustentabilidade e preservação de nascentes. A partir da interação com os estudantes do
Ensino Médio, na temática Meio Ambiente, considerou-se que houve uma evolução
significativa na forma que percebem o ambiente e sua influência no mesmo. O estudo in loco
de alguns conteúdos melhorou o aprendizado pelo fato de colocar o aluno diretamente em
contato com o seu objeto de estudo. Acredita-se que o tocar, perceber e sentir o espaço
modifica a visão de cuidar e preservar.
Palavras-chave: Aulas de campo. Educação ambiental. Conteúdo formal.
Introdução
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A pesquisa sobre a relação das aulas de campo com o conteúdo formal de biologia,
sobre meio ambiente, aconteceu em uma escola estadual de Curitiba que atende alunos do
ensino médio dos três turnos. A intervenção aconteceu no turno matutino com alunos dos
cursos de Formação de Docentes (antigo Magistério), médio regular com turmas de surdos e
ouvintes. A proposta de pesquisa faz parte do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (PIBID), subprojeto de Ciências Biológicas, coordenada pela PUCPR.
O Ensino de Biologia em Nível médio, objetiva que, além de o aluno compreender os
conceitos básicos das disciplinas, seja capaz de pensar independentemente, adquirir e avaliar
informações, aplicando seus conhecimentos na vida diária (KRASILCHIK, 2008). Nas aulas
de Biologia os alunos têm contato com a informação teórica, muitas vezes, não relacionando
com situações cotidianas ou práticas. Nesse contexto, o aprendizado fica restrito as possíveis
relações feitas pelos alunos devido a sua vivência pessoal, podendo provocar distorções nos
conceitos científicos próprios das áreas de Biologia.
As aulas de campo estimulam a participação do aluno, sendo assim, melhora o
aproveitamento, permite a exploração de conteúdos conceituais e complementa assuntos já
discutidos ou incentiva estudos posteriores (VIVEIRO; DINIZ, 2009). Segundo Dourado
(2006) o objetivo específico do trabalho é que o aluno fica em contato com o objeto de
estudo.
Dessa forma, a aula de campo é utilizada como enriquecimento das atividades
realizadas em sala e geralmente ocorrem após uma prévia explicação.
Há uma complexidade nas aulas de campo, uma vez que os alunos deparam-se com
uma quantidade maior de fenômenos quando comparados a uma aula tradicional. Assim, se o
aluno aprender sobre a dinâmica do ambiente, ele estará mais apto a decidir sobre problemas
sociais e ambientais da sua realidade. Nesse contexto, fica claro que as pessoas só cuidam e
preservam aquilo que conhecem e além do trabalho de campo trazer enriquecimento didático
para o aluno, também contribui para a educação enquanto cidadão (SENICIATO;
CAVASSARI, 2004).
De acordo com Viveiro e Diniz (2009), as atividades de campo podem ser realizadas
em um jardim, uma praça, uma área de preservação, enfim, em locais que existam condições
para estudar as relações entre os seres vivos, explorando aspectos culturais, ambientais e
sociais. Desse modo, quando o aluno interage de maneira ativa, a mente tem a capacidade de
reter e aprender melhor as informações, estimulando à curiosidade. Além disso, pode estreitar
as relações de estima entre aluno e professor, favorecendo um companheirismo.
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Sendo assim, a educação ambiental é relevante para o desenvolvimento da consciência
ambiental e deve assumir um papel de destaque na educação formal. Isso porque é na escola,
principalmente, no ensino médio que se podem observar os interesses dos alunos, quando se
desenvolvem atividades que estimulam a participação tornando-os sujeitos ativos no processo
(PENTEADO, 1994 apud SILVEIRA, 2002). Nesse sentido, remete-se a importância de um
trabalho orientado fora do espaço escolar em que o aluno possa realizar as conexões com o
conteúdo formal, construindo o conhecimento científico.
O objetivo do estudo foi identificar elementos que apresentem indicativos de
mudanças na visão dos alunos sobre o meio ambiente, bem como discutir a importância da
saída de campo para o aprendizado dos alunos.
Marco teórico
A Educação Ambiental busca soluções para os problemas ambientais, sendo um
processo permanente e participativo, por isso, dentro do ensino formal ele tem um papel de
destaque. Porém, o trabalho de consciência ambiental, deve ser realizado através de
professores que a possuem. Nesse contexto, a escola é o local ideal para promover a
consciência ambiental, já às disciplinas são os recursos didáticos colocados ao alcance dos
alunos (SILVEIRA, 2002).
As aulas de Biologia desenvolvidas em ambientes naturais possuem uma metodologia
eficaz, pois motivam e envolvem os alunos nas atividades educativas, promovendo a
construção do conhecimento (SENICIATO; CAVASSAN, 2004). Assim, as atividades de
campo são valiosas para trabalhos de Educação Ambiental, além de ser uma importante
ferramenta para o ensino de Biologia, pois possibilita aos alunos um contato direto com o
ambiente, permitem a exploração da diversidade de conteúdos e motivam os alunos
(VIVEIRO; DINIZ, 2009).
O uso de aulas de campo teve início há um tempo considerável, mesmo que pareça
uma prática recente. No Brasil, a primeira experiência foi no final da década de 1950, com a
utilização de salas experimentais baseadas numa portaria do Ministério da Educação e Cultura
(BALZAN, 1987 apud VIVEIRO; DINIZ, 2009).
Metodologia
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A partir de questionários realizados com intuito de verificar os conhecimentos sobre a
temática meio ambiente, percebeu-se a necessidade da realização de atividade de campo.
Foram abordadas situações que envolviam conhecimentos básicos, tais como bioma local,
espécies exóticas e nativas, qual a importância da preservação ambiental e como se inserem
no meio.
Através da análise dos questionários foram levantadas as dificuldades em relação ao
meio que está inserido. Sendo assim, optou-se por realizar uma saída de campo que
envolvesse o maior número de conhecimentos a partir das dificuldades detectadas.
Antecedendo à saída foi realizada uma discussão em sala de aula apresentando os elementos
que foram tratados nos questionários, visando subsidiar os estudantes em relação ao que seria
abordado na aula de campo. Essa atividade foi essencial para o desempenho dos estudantes na
aquisição de conhecimentos e associações teoria/prática feitas em campo.
A saída foi realizada na Região Metropolitana de Curitiba, na cidade de Piraquara, que
é uma região de relevante interesse para abastecimento público. No local em questão funciona
o Centro de Educação Ambiental Mananciais da Serra (CEAM) - SANEPAR, que realiza
atividades de sensibilização e orientação ambiental. O CEAM foi escolhido por trabalhar
temáticas relacionadas à água, uso do solo, mata ciliar, biomas, sustentabilidade e preservação
de nascentes.
A saída de campo iniciou com uma orientação geral no espaço do CEAM atentando os
alunos para o que seria realizado e abordando a concepção de meio ambiente.
Imagem 01: Foto do CEAM
Imagem 02: Abordagem inicial
Foi feita a divisão dos visitantes em dois grupos que seguiram um roteiro similar, mas
em sentidos opostos para não interferir nas explicações da equipe do CEAM, com
apresentação de alguns espaços delimitados, com orientação direcionada seguida de uma
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visita à barragem, ecologia da paisagem (observada em um mirante) e uma caminhada em
uma trilha interpretativa com vegetação típica de Mata Atlântica com Araucária.
Resultados
Durante a aula de campo muitos alunos manifestaram os conhecimentos adquiridos
tanto na aula prévia quanto conteúdos já trabalhados com o professor regente. Porém,
percebeu-se a dificuldade presente ao correlacionar teoria/prática. Essa dificuldade acredita-se
que se deve ao fato de não ocorrer com freqüência atividades de campo e, portanto, não existe
o hábito de observar e analisar o seu cotidiano e o espaço de seu entorno.
Com o fechamento da atividade proposta foram desenvolvidas práticas em laboratório
para refletir sobre os elementos naturais observados na saída e correlacioná-las com o
conhecimento científico acadêmico. Como por exemplo, ao realizar a prática de tensão
superficial, a intenção foi proporcionar a reflexão sobre a amplitude da problemática
ambiental referente á água e, ao mesmo tempo, a importância de compreender suas
propriedades e características de modo acadêmico.
Após a prática os alunos escreveram suas percepções sobre a aula de campo e sua
relação com a aula de laboratório. Entre os comentários podem ser citados “aprendemos
muito mais vendo, sentindo e tocando do que apenas trancados em sala de aula”; “a aula de
campo foi interessante, pois conseguimos observar a diversidade ambiental que nos cerca”.
Percebe-se que o aluno sabe da importância da práxis, mas raramente isso é possibilitado no
espaço escolar.
A partir da interação com os estudantes do Ensino Médio, na temática Meio Ambiente,
considera-se que houve uma evolução significativa na forma que percebem o ambiente e sua
influência no mesmo. O estudo in loco de alguns conteúdos melhora o aprendizado pelo fato
de colocar o aluno diretamente em contato com seu objeto de estudo. O tocar, perceber e
sentir o espaço modifica a visão de cuidar e preservar.
REFERÊNCIAS
DOURADO, Luis. Concepções e práticas dos professores de Ciências Naturais relativas à
implementação integrada do trabalho laboratorial e do trabalho de campo. Revista
Electrónica de Enseñanza de las Ciencias. v. 5, n. 1, 2006.
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KRASILCHIK, Myriam. Práticas do Ensino de Biologia. 4 ed. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2004.
SENICIATO, Tatiana; CAVASSAN, Osmar. Aulas de Campo em Ambientes Naturais e
Aprendizagem em Ciências – Um Estudo com alunos do Ensino Fundamental. Ciência &
Educação, v. 10, n. 1, p. 133-147, 2004.
SILVEIRA, Felipa Pacífico Ribeiro de Assis. A Educação Ambiental no Ensino de Biologia.
I Encontro Ibero-americano sobre Investigação em Educação em Ciências, Burgos,
Espanha, 16-21 set. 2002.
VIVEIRO, Alessandra Aparecida; DINIZ, Renato Eugênio da Silva. Atividades de campo no
ensino das ciências e na educação ambiental: refletindo sobre as potencialidades desta
estratégia na prática escolar. Ciência em Tela. v.2, n.1, 2009.
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