O Fenômeno Religioso - Islamismo O ISLÃ Bruno Glaab Introdução O islamismo é o terceiro grupo das religiões monoteístas, ao lado do judaísmo e do cristianismo. Assim como o cristianismo, tem suas origens no judaísmo. Abraão é o ponto de partida de sua religião. Abrão é considerado o pai da fé, tanto para judeus, como para cristãos e muçulmanos. A religião islâmica, ou os muçulmanos, estão em plena expansão. Num contexto de esfriamento religioso, eles conseguem cativar pessoas de todas as culturas, inclusive de povos socialmente evoluídos, como é o caso de europeus e mesmo de brasileiros de classe média alta. Por incrível que pareça, mulheres de classes abastadas se submetem ao jugo islâmico, onde vivem reclusas. Mas é sempre bom lembrar, que nem todos os muçulmanos são fechados e fanáticos. Veremos, no presente trabalho, a história, origem, a teologia e as principais características deste grupo religioso, procedente do mundo árabe, do século VII. A lua crescente: Entre os muçulmanos, o Hilal, ou "lua crescente", remete ao calendário lunar, regente de suas vidas religiosas e seus principais rituais. O símbolo foi adotado por todos os devotos do Islã e tem uma antiga conexão com a realeza árabe (http://www.portaldascuriosidades.com/forum/index.php?topic=37 867.0). Minarete (do turco minare por sua vez do árabe manāra, "farol") é a torre de uma mesquita, local do qual o almuadem anuncia as cinco chamadas diárias à oração. Os minaretes, que também recebem o nome de almádena, são normalmente bastante altos se comparados às estruturas que o circundam (Wikipedia). Definição Islã: submissão Muçulmano; o que se submete e rende diante de Alá Islã provém do árabe Islām, que por sua vez deriva da quarta forma verbal da raiz slm, aslama, e significa "submissão (a Deus). O Islão é descrito em árabe como um "diin", o que significa "modo de vida" e/ou "religião" e possui uma relação etimológica com outras palavras árabes como Salaam ou Shalam, que significam "paz". Muçulmano, por sua vez, deriva da palavra árabe muslim (plural, muslimún), particípio activo do verbo aslama, designando "aquele que se submete" (Wikipedia). Prof. Bruno Glaab Página 1 O Fenômeno Religioso - Islamismo Fundador Maomé (em árabe:Muḥammad ou Moḥammed; Meca. 570 Medina, 8 de Junho de 632) foi um líder religioso e político árabe (SCHERER, 2005, p.17ss). Segundo a religião islâmica, Maomé é o mais recente e último profeta do Deus desde Abraão. Para os muçulmanos, Maomé foi precedido em seu papel de profeta por Abraão, Moisés, Davi, Jacob, Isaac, Ismael e Jesus. Desde 610 ele frequentava uma montanha, chamada Hira, onde rezava e meditava. Lá teria recebido a visita do anjo Gabriel que lhe deu um rolo (livro) para ler, mas Maomé não sabia ler. Foi o início do Alcorão. Dalí em diante, o anjo lhe passava as mensagens, Maomé as repetia e depois seus companheiros as escreviam (DELAUME, 2000, p.68). Como figura política, ele unificou várias tribos árabes, o que permitiu as conquistas árabes daquilo que viria a ser um império islâmico que se estendeu da Pérsia até à Península Ibérica (Wikipedia). Os muçulmanos creem que Maomé é o último profeta de Alá. O processo começou com Abraão e chegou à plenitude com Maomé. Foi chamado por Deus por meio do anjo Gabriel. No Alcorão, ou simplesmente Corão, consta que Jesus teria dito: “Ó filhos de Israel, eu sou, na verdade, o profeta de Deus, enviado para confirmar a Torah e para anunciar a boa notícia de um profeta que virá depois de mim e cujo nome será Ahmed” (LXI, apud DELUMMEAU, 2000, p.65). Segundo os muçulmanos, em 610 d.C. o comerciante Mohamad, de 40 anos, começou a receber revelações de Deus. Estas revelações se estenderam até 632 d.C. A compilação destas revelações é conhecida como Alcorão, que seriam as palavras diretas e inalteráveis de Deus aos humanos (GORDON, 2007, p.90). Desde a infância, o menino órfão teve claros sinais de que seria profeta. Sua vida exemplar chamou a atenção de uma senhora bem mais idosa: Khadija para quem Maomé passa a trabalhar, conduzindo suas caravanas comerciais e depois casa com ela. Esta se tornou a esposa dele e foi a mãe de suas três filhos e quatro filhas, inclusive de Fátima1, que casa com Ali, seu sucessor. Depois da morte de Khadija, Maomé teve seu harém (DELAUME, 2000, p.67). Em Meca e começou a pregar ao povo, mas devido à oposição que lá encontrou, fugiu para Medina. Esta viagem é chamada de Hégira (622 d.C.). Inicialmente pregava apenas para os íntimos, mas por suposta ordem divina, começou a pregar em público. Suas exortações eram aos ricos comerciantes, para que estes repartissem parte de seus bens entre os pobres e órfãos, que se preparassem para o juízo final (DELAUME, 2000, p.68). Hégira foi o episódio da partida de Maomé e seus partidários da cidade de Meca para Yatrib (Medina), em 622 da Era Cristã. As causas de tal fuga foram as perseguições sofridas por eles em Meca (Wikipedia). Converteu algumas pessoas influentes. Era intransigente contra os ídolos. Isto lhe valeu as perseguições. Fugiu, então, para Yathrib, que também se chama Medina. Em Medina torna-se líder de dois grupos: os muhajirum: seguidores que vieram de Meca e os ansar: auxiliares de Medina. Em Medina foi construída a primeira mesquita, bem no centro da cidade. Com sua doutrina e com sua organização, inicia a formação do estado muçulmano. De fato, o Alcorão incide sobre moral (nos tempos de Meca) e nos tempos de Medina, incide sobre política e assuntos 1 Três filhos teriam morrido ainda na infância. Das quatro filhas, só Fátima teve descendência e seu marido Ali foi o califa que sucedeu ao profeta. Prof. Bruno Glaab Página 2 O Fenômeno Religioso - Islamismo jurídicos. A tradição diz que Maomé fez uma milagrosa viagem de Meca para Jerusalém na companhia do anjo Gabriel, onde ele teria liderado uma oração que teve a presença de Abraão, Moisés, Davi e Jesus que lhe confirmaram também eles serem muçulmanos. Dali Maomé cavalgou um misterioso cavalo (Buraq) subiu ao Céu2 e sentou ao lado de Deus (GORDON, 2007, p.107). Mas esta foi apenas uma viagem, não foi a sua morte. Em 630 Maomé voltou a Meca e entrou na Caaba, expulsando os ídolos, transformando este local em um santuário islâmico e o lugar mais sagrado para seu povo. toda Meca é sagrada e no coração de Meca está a Caaba, que é considerada a Casa de Deus. Segundo sua crença, esta estrutura foi construída por Adão, reconstruída por Abrão e finalmente reconstruída por Maomé. Nenhum não-muçulmano pode entrar em Meca. Os muçulmanos do mundo inteiro se voltam para Meca e para a Caaba em suas orações diárias. A Caaba ou Kaaba (também conhecido como Ka'bah ou Kabah) é uma construção que é reverenciada pelos muçulmanos, na mesquita sagrada de Al Masjid Al-Haram em Meca, e é considerada pelos devotos do islã como o lugar mais sagrado do mundo. A Caaba é uma construção cúbica de 15,24 metros de altura, e é cercada por muros de 10,67 metros e 12,19 metros de altura. Ela está permanentemente coberta por uma manta escura com bordados dourados que é regularmente substituída. Em seu interior, encontra-se a Pedra Negra3, uma pedra escura, de cerca de 50 cm de diâmetro, que é uma das relíquias mais sagradas do islã. Ela é, provavelmente, o resto de um meteorito. A Caaba é o centro das peregrinações (hajj) e é para onde o devoto muçulmano volta-se para as suas preces diárias (salat). É o lugar mais sagrado do Islã. Quando o profeta Maomé repudiou todos os deuses pagãos e proclamou um deus único, Alá, poupou a Caaba e tornou-a de um centro de peregrinação pagã em um centro da nova fé. No período pagão, a Caaba provavelmente simbolizava o sistema solar, abrigando 360 ídolos, sendo assim uma representação zodiacal. O edifício foi restaurado diversas vezes; a construção atual é datada do século VII, substituindo a mais antiga que foi destruída no cerco de Meca em 683 (Wikipedia). Maomé morreu no ano de 632, em Medina, aos 62 anos. Seus seguidores não se entenderam e se dividiram em dois grupos: Sunitas e xiitas. Isto se deve à questão da sucessão do profeta. Os sunitas acolheram por sucessor o sogro de Maomé, enquanto os xiitas acolheram o genro dele. Para os xiitas não tem sentido fazer eleição, mas importa a descendência, a linhagem sanguínea. Assim, um parente do profeta, Ali ibn Ai Talib, que era também seu genro, casado com Fátima, se tornou o primeiro Imane e sucessor do profeta. (http://www.mundoislamico.com/mohammad2.htm). 2 Em Jerusalém, no local onde estava o templo de Salomão, atualmente estão duas mesquitas. Uma delas chama-se Mesquita da Rocca, ou da rocha. Dentro dela está uma enorme pedra. Segundo a crença muçulmana, foi dali que Maomé subiu ao céu em seu cavalo Buraq. 3 A Pedra Negra é uma pedra escura de cerca de 50 cm de diâmetro que é uma das relíquias mais sagradas do Islã. Ela já era cultuada pelos árabes antes mesmo da criação do islã, onde, segundo a tradição, era branca, mas se tornou negra devido aos pecados humanos. A Pedra Negra encontra-se dentro de uma construção chamada Kaaba, na mesquita sagrada de Al Masjid Al-Haram em Meca, para onde se voltam os muçulmanos em suas preces diárias.Segundo a tradição, a pedra (possivelmente um meteorito) foi recebida por Abraão das mãos do anjo Gabriel. É na sua direção que os muçulmanos se voltam quando fazem suas orações. Meca, situada no meio do caminho da rota das caravanas que ligavam o oceano Índico ao Mediterrâneo, tornou-se centro religioso e comercial do mundo islâmico. Prof. Bruno Glaab Página 3 O Fenômeno Religioso - Islamismo Livros sagrados Corão ou Alcorão onde estão as revelações feitas por Alá a Maomé, mediante o anjo Gabriel. Além do Corão, usam também a Bíblia e o Hadith que é uma coleção de comentários ao corão. Significa conversa de mesa e trata das questões práticas. São 1.500 coleções (SCHERER, 2005, p.19ss). O alcorão e os Hadith são a literatura mais importante dos muçulmanos, abrangem religião e direito (GORDON, 2007, p.90). A interpretação dos textos sagrados, feita pelos ulemás (sábios, teólogos) resulta na charia que é um código de regulamentos. Os ensinamentos de Alá (Allah, a palavra árabe para Deus) estão contidos no Alcorão4 (Qur'an, "recitação"). Os muçulmanos acreditam que Maomé recebeu esses ensinamentos de Alá por intermédio do anjo Gabriel através de revelações que ocorreram entre 610 e 632 d.C. Maomé recitou essas revelações aos seus companheiros, muitos dos quais se diz terem memorizado e escrito no material que tinham à disposição (omoplatas de camelo, folhas de palmeira, pedras…). As revelações a Maomé foram mais tarde reunidas em forma de livro. Considera-se que a estruturação do Alcorão como livro ocorreu entre 650 e 656, durante o califado de Otman. O Alcorão está estruturado em 114 capítulos chamados suras. Cada sura está por sua vez subdividida em versículos chamados ayat. Os capítulos possuem tamanho desigual (o menor possui apenas três versículos e os mais longos 286 versículos) e a sua disposição não reflete a ordem da revelação. Considera-se que 92 capítulos foram revelados em Meca e 22 em Medina. As suras são identificadas por um nome, que é em geral uma palavra distintiva surgida no começo do capítulo ("A Vaca", "A Abelha", "O Figo") (Wikipédia). Doutrina Os muçulmanos professam(SCHERER,2005, p.15ss): Monoteísmo rígido (Alá); Islã – submissão total a Alá; Os anjos decaídos foram desobedientes a Deus e por isto levaram Adão e Eva ao pecado; Deus se revela por Abraão, Moisés, Profetas, Jesus e Maomé; Maomé é o último e mais importante profeta de Deus; Fazem jejum no mês do Ramadã. Neste mês só se come à noite (quando as estrelas brilham no céu); Devem peregrinar, ao menos uma vez na vida, para Meca; Não comem carne suína, nem bebem álcool, não jogam cartas; Seus templos: mesquitas são lugares de oração só para homens; 4 «E porque falei em Alá, aproveito a oportunidade para lembrar que o livro sagrado da religião maometana se denomina alcorão. Ora, como o artigo árabe corresponde em tradução ao artigo português, há por aí algumas pessoas (até autores de livros de certa responsabilidade) que imaginam ser errado dizer o alcorão, e chamam antes (talvez por imitação do francês ou do espanhol) corão (sic!) ao livro sagrado dos Árabes. E raciocinam: o alcorão equivale a — o o corão, pois al = o. Tal imaginação é algo ridícula, visto que, se passarmos a substituir alcorão por corão, nesse caso a lógica mandará que, disparatadamente, chamemos finete ao alfinete, gibeira, à algibeira, mofada à almofada e assim por diante… Em português a denominação correcta da bíblia muçulmana só deve ser, pois, alcorão!» (Helder Guégués - http://letratura.blogspot.com/2007/03/coro-e-alcoro-outra-vez.html). Prof. Bruno Glaab Página 4 O Fenômeno Religioso - Islamismo Herdaram: Do judaísmo: a circuncisão, Do farisaísmo: crença em anjos, alma e monoteísmo, Du juadaísmo e do cristianismo:crença em céu e inferno, preces e obras de caridade; São fatalistas: “está escrito”; O homem pode ter várias esposas, mas no máximo 4; A mulher deve permanecer em casa, ou então, se velar. É inferior. Guerra santa é uma obrigação; Não têm clero hierarquizado, mas têm diretor de preces (imã); Autoridades teológicas (ulemás). Devem recita diariamente a profissão de fé (chlhada) em árabe; Devem rezar cinco vezes ao dia com o rosto voltado para Meca. O Islã ensina que Deus pode revelar a sua vontade à humanidade através de um anjo; esses recipientes da revelação são os chamados profetas. O Islã faz uma distinção entre “profetas” e “mensageiros”. Apesar de todos os mensageiros serem profetas, nem todos os profetas são mensageiros. Para os muçulmanos a lista dos profetas inclui Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Maomé, todos eles pertencentes a uma sucessão de homens guiados por Deus. Maomé é visto como o ‘Último Mensageiro’, trazendo a mensagem final de Deus a toda a humanidade sob a forma do Corão. Mensageiros e profetas foram enviados a todas as nações e civilizações, e a cada mensageiro foi dado um livro para essas pessoas. Estes indivíduos eram humanos mortais comuns; o Islã exige que o crente aceite todos os profetas, não fazendo distinção entre eles. No Corão é feita menção a vinte e cinco profetas específicos. Os muçulmanos acreditam que Maomé foi um homem leal, como todos os profetas, e que os profetas são incapazes de ações erradas (ou mesmo testemunhar ações erradas sem falar contra elas), por vontade de Alá (http://joaobosco.wordpress.com/2007/11/28/islamismo-nenhumdeus-se-nao-allah/). Muçulmanos na história Califa é um título que foi usado por Abu Bakr, o sogro de Maomé, quando ele o sucedeu como líder da Ummah, ou comunidade do islã, em 632. Tornando-se o título que se atribuía ao chefe supremo do islamismo. E também, o califa era considerado o sucessor de Maomé. Os primeiros quatro califas são conhecidos como os "Califas Correctamente Guiados" (alKhulufa al-Rashidun). O detentor deste título clama a soberania sobre todos os muçulmanos. Os que acreditavam nos Califas eram os Xiitas ( Shias) e os Sunitas ( Sunnis ). No seguimento do conflito entre os Fatímidas e os Abássidas, outros líderes muçulmanos começaram a reivindicar o título de califa. Com a derrota destes califados periféricos, o califado otomano começou a ser crescentemente considerado como o califado principal. Assim, até à Primeira Guerra Mundial, o califado otomano representava a maior e mais poderosa entidade política islâmica. A palavra "califa" vem do árabe latinizado em (calīpha), uma adaptação da palavra árabe, Khalīfa, significando literalmente "Representante", e em alguns casos, "Sucessor do Profeta". Khalīfa vem do verbo khalafa, cujo significado é "suceder" ou "vir atrás", conforme o uso da expressão. O cargo de califa começou em 632, com a morte de Maomé. O califa, no caso, era escolhido através de uma eleição na Majlis al Ummah, órgão que congregava as principais lideranças tribais, e, mais tarde, provinciais. Em 661, o cargo passou a ser hereditário, após um golpe de estado, sendo a Majlis deixada em segundo plano. Cerca de 200 anos depois, o Califado se dividiu em dois, e, alguns anos depois, em 3. Com o tempo, foi se desintegrando, até que, no final do século XII, o sultão do Egito, Saladino, reestruturou o califado através de alianças entre os estados, e reiniciou o processo de expansão. O título de califa deixou de existir quando a República da Turquia aboliu o Império Otomano, em 1924 (Wikipedia). Prof. Bruno Glaab Página 5 O Fenômeno Religioso - Islamismo Divisões: Os muçulmanos se dividem em: - Sunitas: o califa (sucessor de Maomé) deve ser escolhido pelos discípulos. Os sunitas são a grande maioria dos muçulmanos. Suna = tradição; - Xiitas: sucessão herdada por Ali (genro de Maomé). O cargo é hereditário. Hoje os sunitas são a grande maioria5. As lutas entre sunitas e xiitas vem dos tempos da sucessão de Maomé. Com a morte do profeta, alguns seguidores escolheram Abu Bakr (sogro de Maomé) como sucessor, isto é, como califa. Mas os mais fervorosos quiseram colocar Ali ibn Abi Talib (genro de Maomé, casado com sua única filha viva, Fátima) no cargo de califado. Os seguidores de Ali são os xiitas. Em 680 um filho de Ali e neto de Maomé, Hussein se pôs a lutar em defesa xiita, mas foi assassinado pelo califa Yasid (sunita), (GORDON, 2007, p.97). Os xiitas, por sua vez se dividiram em duodecimanos (urbanos) e ismailitas (rurais). Os muçulmanos se difundiram do Egito ao Marrocos, Arábia e Golfo Pérsico. No passado o islã teve grande penetração na Espanha, como também na Rússia e nos países Bálticos. Na Espanha foram dizimados e expulsos. Também estão presentes nos países asiáticos, como Índia e China. No século XIX houve uma tentativa de reforma para adaptar o islã aos tempos modernos, mas esta tentativa falhou, em grande parte. Porém, em 1950 aconteceu grande remodelação, resultando em duas correntes: - Uma corrente mais liberal que se adapta ao mundo e - Uma tendência ortodoxa que deseja salvaguardar o islã na sua originalidade. Os liberais, em seus diversos segmentos, querem fidelidade ao passado, mas querem estar no mundo de hoje. Os ortodoxos cada vez mais se fecham. Com Khomeini (1978) os ortodoxos ganharam destaque. Renasceu o estado teocrático no Irã, transformando, assim, o estado iraniano em quartel general de proselitismo. Atualmente são muito proselitistas e visam catequisar a Europa. Na França havia 11 mesquitas em 1970. Em 1989 este número subiu para 920. O islã não quer apenas proselitismo. Quer chegar ao poder dos países para implantar a teocracia. O Irã é exemplo disto, bem como os países mais interioranos, onde os Talibãs governam a ferro e fogo. Líderes – ministros Os sunitas só têm Maomé como personagem inspirado. Os xiitas têm uma série de líderes inspirados que eles chamam de imãs (GORDON, 2007, p.108). Dizem, estes últimos, que Ali (genro de Maomé) foi designado califa pelo profeta e que, devido a isto, também é inspirado por Deus e único sucessor possível. Por isto, ainda hoje, para os xiitas, os imãs devem ser descendentes de Maomé. O 5 Saddam Hussein do Iraque era Sunita. Esta era uma das grandes questões por ele se envolver em constantes conflitos armados, pois dentro do seu país havia colônias de curdos que eram xiitas. Os xiitas são belicosos, mas são a minoria. Assim Saddam, que se declarou ateu, começou a perseguir as minorias xiitas. Prof. Bruno Glaab Página 6 O Fenômeno Religioso - Islamismo Imã é a única autoridade legítima na terra. Assim sendo, exige-se da humanidade obediência a ele e se crê que ele é sem pecado, infalível e tem os conhecimentos que vêm de Deus (GORDON, 2007, p.109). O verdadeiro imã deve ser descendente do profeta e designado pelo seu antecessor, assim como Ali teria sido designado por Maomé. Ulemá ou, singular, "sábio", "conhecedor da lei é um teólogo ou sábio e versado em leis e religião, entre os muçulmanos. Os ulemás são conhecidos como árbitros da charia, o direito islâmico. Embora sejam especialmente versados em direito islâmico, alguns também estudam outras ciências, como filosofia, teologia dialética e hermenêutica alcorânica. Os campos estudados e a sua importância variam conforme a tradição e a escola (Wikipedia). Num sentido mais amplo, o termo "ulemá" é empregado para descrever o corpo de clérigos muçulmanos que completaram vários anos de estudo das ciências islâmicas, como um mufti, um cádi, um alfaqui ou um muhaddith. Alguns muçulmanos incluem no escopo deste termo os mulás, imames e maulvis de vilarejo - que atingiram apenas os degraus mais baixos da escada acadêmica islâmica; outros muçulmanos diriam que os clérigos devem ter padrões mais altos para ser considerados ulemás (Wikipedia). Imame ou imã (imam, "líder", em árabe) é um título muçulmano de liderança que, entre os sunitas é dado tanto ao condutor das orações em uma mesquita quanto ao califa, que é sucessor de Maomé apenas enquanto líder político. Já entre os xiitas, o imame é o sucessor de Maomé enquanto líder espiritual da comunidade muçulmana e precisa ser um descendente do Profeta. Supõe-se que está em contato direto com Alá, pode sancionar novas leis e tem a prerrogativa de interpretar o Alcorão e revelar seu significado esotérico, como um governante teocrático. Para os xiitas, só o imame tem o direito de ser califa, ou seja, o líder temporal (político) dos muçulmanos. Entretanto, o imame da maior comunidade xiita, a dos duodecimanos, majoritária no Irã, Iraque e Golfo Pérsico, é uma personalidade oculta, que Alá só revelará no momento propício. Trata-se de Muhammad ibn Hasan, o Mahdi, que teria desaparecido em 874, aos seis anos de idade, quando seu pai foi envenenado, mas teria sido oculto por Alá para um dia voltar e governar todos os crentes. Percebe-se um certo ar de mistério, típico dos xiitas. (http://pt.fantasia.wikia.com/wiki/Imame). A vida do Muçulmano Os muçulmanos têm seu estilo de vida próprio e, mesmo quando vivem fora de países islâmicos, geralmente levam muito a sério seus costumes. Em grande parte são impermeáveis aos costumes ocidentais e pós-modernos. Em síntese, o muçulmano deve viver cinco pilares de sua fé e um sexto, como acréscimo: 1) Enunciar a Chahada: isto é, a profissão de fè: “Não há deus além de Alá, e Maomé é seu mensageiro”; 2) Rezar o Salat: “quando cada um de vós faz sua prece, está em comunicação íntima com seu Senhor”. Cinco vezes ao dia o muçulmano deve rezar: no entardecer, durante a noite, no amanhecer, ao meio dia e à tarde. Em cidades muçulmanas os convites à oração são feitos pelos alto-falantes dos minaretes. Os homens são obrigados a participar das orações do meio-dia de sextasfeiras, nas mesquitas. Isto gera conflitos em países ocidentais, onde os muçulmanos são minorias. Na Europa, as fábricas tiveram que se adaptar para que seus empregados pudessem fazer as cinco orações do dia; 3) Zkat: dar esmola. Não se trata de uma esmola espontânea, mas é uma esmola calculada sobre a renda de cada fiel; Prof. Bruno Glaab Página 7 O Fenômeno Religioso - Islamismo 4) Sawm ou Siyan: jejum que ocorre no mês de Ramadã, nono mês do calendário islâmico. Neste período os muçulmanos nada comem, bebem, fuma e evitam relações sexuais durante o dia; 5) Hadj: peregrinação a Meca ao menos uma vez na vida. 6) Jihad6: significa “luta no caminho de Deus”, ou seja, o muçulmano deve estar pronto a lutar para que os caminhos de Deus vençam. Todo muçulmano deve lutar contra aquilo que é contra a Palavra de Deus. Mais tarde esta palavra recebeu o significado de Guerra Santa, ou seja, pegar em armas para impor a vontade de Deus (GORDON, 2007, p.114). Com este conceito os mais fanáticos se tornam terroristas e matam em nome de Deus àqueles que, segundo eles, atrapalham os caminhos de Alá (GORDON, 2007, p.115-116). O muçulmano tem o dever de se purificar antes das cinco orações diárias, antes de ler o Alcorão e em outras ocasiões, como depois da menstruação, depois do parto, depois da emissão do sêmen, etc. Também a circuncisão feita nos meninos aos 10 anos é vista como um rito de purificação. Em certos lugares também se faz a circuncisão nas meninas, extirpando-lhes o clitóris. Nem todos os países teocráticos muçulmanos têm este costume. Alguns até proíbem esta prática. Conclusão O islã é uma religião próxima ao judaísmo e ao cristianismo. Todas são monoteístas e têm sua origem em Abraão, com pai dos que creem. Quanto aos livros sagrados, a três partem do antigo testamento, porém, não param nele, a não ser o judaísmo. O islã tem sua história construída na base do punhal. Sua expansão se deve, em grande parte, ao uso da força. Ainda hoje, em países de maioria islâmica, os cristãos não têm liberdade. Se um muçulmano se converter em cristão, este corre sério risco de ser assassinado, bem como o ministro cristão que o admitiu. Acompanhamos, pela imprensa, casos de violência islâmica contra cristãos e contra outros grupos religiosos, como na China e na Índia. No entanto, é bom lembrar, que nem todos os islâmicos usam o método da violência. Este é principalmente usado pelos xiitas, tanto assim que o termo xiita virou símbolo de partidários violentos e agressivos. 6 Este é acréscimo. Portanto não faz parte dos cinco pilares. Aqui convém lembrar dois fatos históricos recentes: 1) O Estado Teocrático criado por Khomeini. Em Guerra Santa ele investiu contra o governo anterior do Xá Reza Palhevi e, a partir do terror, implantou Estado Teocrático. Outro exemplo da Guerra Santa é o caso do poeta mulmano Salman Ruchdie onde ele usa pejorativamente o nome de Alá. Na Inglaterra, militantes muçulmanos queimaram o livro. Em vários países foi proibida a sua edição. A reação mais violenta veio do Irão. Em 1989, o aiatolá Khomeini decretou uma sentença de morte contra o autor e líderes religiosos iranianos ofereceram 6 milhões de dólares como recompensa pelo assassinato de Rushdie. Pela crítica em relação ao Islamismo, o autor foi jurado de morte pelo aiatolá Khomeini que, sem ser citado explicitamente, aparece em um dos sonhos de Gibreel. O enredo desenvolve-se na Índia e na Inglaterra e o título refere-se a alguns versos do Corão, conhecidos por versículos Gharanigh. Prof. Bruno Glaab Página 8