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A ORIGEM DA CIDADE NO
ORIENTE PRÓXIMO
Teoria e História do Urbanismo I
CEUNSP – 2016
Profa. Noemi Yolan Nagy Fritsch
Créditos: Profa. Cynthia Evangelista
Divergência sobre os países que compõem o Oriente Próximo e o Oriente Médio
(arqueólogos, historiadores, geógrafos, cientistas políticos, economistas e
jornalistas). Convenção:
Oriente Próximo  Turquia, Síria, Líbano, Jordânia, Israel, Palestina, Chipre e Egito.
Oriente Médio  Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes, Omã, Barein, Catar, Iêmen,
Iraque e Irã.
A ORIGEM DAS CIDADES
• Nasceu da aldeia.
• Sede da autoridade (centro de poder).
• As primeiras cidades de que se tem notícia se localizavam no sul da
Mesopotâmia – região da Ásia, situada atualmente entre o Irã e o Iraque
– em 4000 a.C.
• Resultado de uma profunda REVOLUÇÃO AGRÍCOLA, URBANA E
SOCIAL.
REVOLUÇÃO AGRÍCOLA
• Oriente Próximo, território plano, em forma de
meia lua, entre desertos da África e Arábia e
montanhas do Norte, do Mediterrâneo ao Golfo
Pérsico, após as mudanças de clima no fim da
era glacial .
- Vegetação desigual, mais rala do que as
florestas do Norte, na fronteira com áreas de
deserto.
- Próximo a rios e mares – comunicação –
troca de mercadorias e notícias.
-Planície cultivável (cheias dos rios, nascentes
ou oásis), diversidade de plantas frutíferas
(oliveiras, tamareiras, videiras, figueiras).
REVOLUÇÃO URBANA E SOCIAL
• A origem das cidades teve relação não
apenas com as inovações técnicas que
permitiram a agricultura e a formação de
excedentes
alimentares
capazes
de
alimentar uma ampla camada de nãoprodutores diretos — com destaque, aqui,
para a irrigação em larga escala —, mas
com
mudanças
culturais
e
políticas
profundas, mudanças da ordem social em
geral.
• Nova economia ditada pelo aumento da
produção e concentração do excedente nas
cidades. Aumento da população. Domínio
técnico e militar da cidade sobre o campo.
Urbilum (atual Erbil – Iraque – 5 mil a.C.)
• Local da especialização do trabalho  2 grupos: dominantes e
subalternos.
• Mudanças profundas na composição e nas atividades da classe
dominante que influíram sobre toda a sociedade.
• O surgimento de formas centralizadas e hierárquicas de exercício do poder
com a formação de sistemas de dominação, com monarcas e seus
exércitos,
permitiu, ao lado das inovações técnicas, uma crescente
extração de excedente alimentar, sobre o fundamento da opressão dos
produtores diretos.
• Crescimento populacional e da produção agrícola - serviços
especializados e instrumentos.
• Campo (lenta transformação: onde era produzido o excedente) x
cidade (rápidas transformações: onde era distribuído o excedente).
MESOPOTÂMIA (em grego, “entre rios”, atuais Iraque e Kuwait)
• Primeiras civilizações por volta de 6 mil a.C.
• Planície aluvial dos rios Tigre (Dijla) e Eufrates (Frat).
• Excedente concentrado nas mãos dos governantes, representantes do
deus local (sacerdotes).
• Recebiam rendimentos de parte das terras comuns e a maioria do espólio de
guerra.
• Administravam riquezas acumulando alimento para a população, fabricação e
importação de utensílios de pedra e metal para o trabalho e a guerra, registro
de informações e números da vida da comunidade.
• As cidades de Nínive, Ur, Mari e Babilônia eram as mais conhecidas da
Mesopotâmia. Os templos, conhecidos como zigurates, eram o grande centro
dessas cidades. Eles serviam como centros econômicos, políticos, religiosos e
sociais. Os templos eram verdadeiros centros de poder, controlados pelos
sacerdotes, dos quais dependia toda a sociedade.
• Sacerdotes: só eles podiam entrar nos templos, como intermediários entre
deuses e pessoas. Não precisavam trabalhar no campo e conduziam a
construção de diques e canais de irrigação.
• Ciência: céu claro permitia observar as estrelas e medir o tempo (ano,
estações). Observações astronômicas a partir do alto dos zigurates.
Zigurates
• Religião politeísta: deuses representavam elementos da natureza
(água, ar, Sol, Terra, etc.), responsáveis por coisas boas ou más
com as pessoas.
• Expansão territorial: grandes impérios (civilizações da Acádia,
Suméria, Babilônia, Assíria).
• Os sacerdotes estão no topo da pirâmide social da mesopotâmia.
Algumas atividades inspiravam respeito (escriba, soldado, ferreiro).
Outras, porém, eram consideradas inferiores (agricultores,
construtores). Surgia, então, uma sociedade, marcada pela
diferença social: alguns tinham prestígio e riqueza; outros tinham
pouco ou nada, nem liberdade.
Templo dos deuses se erguia sobre a planície com terraços e
pirâmides em degraus (zigurates).
Imagens do zigurate de Ur, durante sua escavação em 1930, após parte de sua restauração,
foto aérea atual e convivência com a Guerra do Iraque.
CARACTERÍSTICAS
• Técnica construtiva de templos e casas comuns: tijolos de argila (ainda hoje),
amassados com palha e cozidos ao sol. Levados à parede e recobertos com nova
argila. Fácil degradação por intempéries, necessitando de manutenção contínua.
• Canais que levavam água dos rios às terras cultivadas, permitindo
transporte de produtos e matérias-primas.
• Muros circundantes garantiam individualidade e defesa da cidade.
A estrutura das cidades era singular. Tudo rodava à volta do templo,
tido por morada dos deuses. Havia quatro ou cinco ruas principais,
que partiam do templo em direção ao exterior entre as quais se
dispunham as ruas internas
Armazéns com tábuas de argila em escrita
cuneiforme.
UR (SUMÉRIA)
• Em 2 mil a.C., as cidades sumerianas já tinham mais de 10 mil hab.
• A cidade de Ur tinha cerca de 100 hectares.
• Circundadas por muro e fosso para defesa. Pela 1ª vez excluído o
ambiente aberto natural do ambiente fechado da cidade.
• Campo foi transformado pelo homem. Antes: pântano e deserto; depois:
paisagem artificial (pastagens e pomares com canais de irrigação).
Cidade de Ur (Urim), próxima a Tell el-Muqayyar (Iraque) – cerca de 4 mil a.C.,
descoberta por John Taylor em 1853.
• Na cidade, templos (zigurates) se distinguiam das casas comuns: massa maior
e mais elevada, com santuário e torre-observatório, armazéns e lojas onde
viviam e trabalhavam com sacerdotes especialistas.
• Terreno dividido em propriedades individuais (cidadãos x campo), administrado
em comum pelos sacerdotes (teocracia).
Plantas e perfis da cidade de Ur
As CIDADE-ESTADO
• Até 3 mil a.C., cidades da Mesopotâmia formavam Estados independentes
que lutavam entre si pela planície irrigada pelos rios, já completamente
colonizada.
• Conflitos limitavam desenvolvimento econômico e só terminavam quando o
chefe de uma cidade impunha seu domínio sobre toda a região.
• A população das cidades cresceu e as comunidades urbanas se
transformaram em cidades-estado independentes. Elas se caracterizavam
por ter um órgão central que governava a cidade. Os chefes de exército
se tornaram reis para defender as fronteiras de suas cidades dos povos
invasores.
• O rei passou também a acumular o poder do sacerdote. As lutas entre
as cidades-estado cresceram e surgiram os primeiros impérios: o Sumério,
o Acádio, o Assírio e o Babilônico. Eram verdadeiros Estados, com um
poder central que se estendia sobre todo o território submetido.
• O palácio substituiu o templo como centro administrativo e de poder.
- Primeiro fundador de império estável
(durante cerca de um século, por volta de
2200 a.C. foi Sargão I (Sharru-kin), da
Acádia. Mais tarde novos impérios
surgiram com os reis sumérios de Ur, por
Hamurabi da Babilônia e pelos reis
assírios e persas.
- Fundação de novas cidades onde
estrutura dominante não era o templo
e sim o palácio do rei (cidade-palácio).
- Ampliação de algumas cidades que se
tornaram capitais de impérios (poder
político e centro de comércio).
Ex: Nínive e Babilônia – as primeiras
supercidades, metrópoles comparáveis
às cidades modernas.
Palácio de Sargão I (2270 a 2215 a.C.), descoberto em
1881 por Hormuzd Rassam, próximo a Baghdad.
Palácio de Sargão II (721-705 a.C.), descoberto em
1843 por Paul Botta, próximo a Khorsabad (Iraque).
Acima e abaixo: planta das ruínas do palácio de
Sargão II. À direita: zigurate anexo ao palácio.
Vista geral do palácio e arredores.
3
1
2
2
1. Palácio do rei
2. Casas
senhoriais
3. Ziggurat
BABILÔNIA (Babel)
- Capital do rei Hamurabi (cerca de 2 mil a.C.) -
retângulo de 2500m x 1500 m, dividida em duas
metades pelo Rio Eufrates.
- Traçado com regularidade geométrica
(inclusive templos e palácios). Ruas retas com
largura constante e muros a 90°.
- Desapareceu distinção entre monumentos e
zonas habitadas pelo povo. Cidade era
formada por série de recintos: os externos
abertos a todos e os internos reservados aos
reis e sacerdotes. Estes representavam deuses
têm domínio absoluto sobre coisas materiais.
-Jardins suspensos (uma das 7 Maravilhas da
Antiguidade).
Casas particulares reproduziam em
escala a forma dos templos e palácios,
com pátios internos e muralhas estriadas.
À esquerda: planta do núcleo interno do palácio.
Acima: vista das muralhas dos “jardins suspensos”.
Abaixo, residência com arquitetura imitando os
templos.
Soldados americanos
em frente à ruínas das
Muralhas da Babilônia e
réplica do portão de
Ishtar
IMPÉRIO HITITA
Hititas ocuparam território da atual Turquia,
entre 2 mil e 1100 a.C., com capital em Hattusa,
próxima à atual cidade de Bogazköy.
Cidade de Hatusa – capital do
reino dos Hiititas.
1 a 84. Depósitos de mercadorias e tesouros
A. Santuário
I a XVI. Talvez habitações ou laboratórios
Templo e cidadela de Hattusa, mostrando os depósitos de
mercadorias e do tesouro ao redor do santuário, os locais de
trabalho e alojamentos dos sacerdotes, músicos e adivinhos.
A
Ruínas do Templo de Hattusa
Templo principal.
EGITO
As pirâmides de Gize
ORIGENS
• A origem da civilização urbana egípcia não pode ser estudada como na
Mesopotâmia pois os estabelecimentos antigos foram destruídos pelas cheias
anuais do rio Nilo. Além disso, as cidades mais recentes, como Mênfis e Tebas,
se caracterizavam por monumentos de pedra, tumbas e templos, e não por
casas e palácios.
•
•Segundo se presume, o faraó conquistou as aldeias já existentes e
absorveu os poderes mágicos das divindades locais.
• Faraó = deus e não um representante dele (como nos sumérios). Ele
deveria garantir a fecundidade da terra e especialmente a grande
inundação do Nilo.
• Assim, o faraó tinha o domínio sobre o país inteiro:
- recebia um excedente de produtos, bem maior que o
dos sacerdotes sumérios, assírios e babilônios.
- com esses recursos, ele não só administrava a
construção das obras públicas, cidades e templos de
deuses locais e nacionais, mas principalmente sua tumba
monumental, que simbolizava sua sobrevivência além da
morte e garantia, com a conservação do seu corpo
mumificado, a continuação do seu poder em proveito da
comunidade.
• Governo fortemente centralizado no faraó, chefe
religioso supremo, como sumo-sacerdote dos muitos
deuses em que acreditavam.
Cabeça colossal de
faraó da III dinastia
(c. 2750 a.C.)
•Sociedade organizada em classes: família do faraó, sacerdotes,
nobres, militares, agricultores, comerciantes e artesãos –
escravos.
• Em 3000 a.C., o Egito se tornou mais populoso e mais rico  tumbas aumentaram de
imponência, embora sua forma externa continuasse bastante simples (pirâmide quadrangular). A
maior, de Quéops (Khufu) mede 225m de lado e quase 150m de altura. Segundo o historiador
grego Heródoto, exigiu o trabalho de 100.000 pessoas e demorou 20 anos.
• A forma do conjunto do estabelecimento permanece desconhecida, e não é fácil imaginar a
relação entre esses monumentos colossais e os locais de habitação dos vivos, ao que tudo indica,
bastante diferente da relação entre templo e cidade na Mesopotâmia.
•Cidade divina: formas geométricas simples: prismas, pirâmides, obeliscos.
- Proporção fora da escala humana, se aproximava, pela grandeza, dos elementos
da paisagem natural (estátuas gigantescas como a grande esfinge).
- Habitada pelos mortos que repousam cercados de todo o necessário para a vida
eterna, vista de longe como pano de fundo sempre presente da cidade dos vivos.
- Cópia fiel da cidade humana, com exemplos de personagens e objetos da vida
cotidiana (esculturas com fisionomias realistas) reproduzidos e mantidos
imutáveis.
•
•Os monumentos não formavam o centro da cidade, mas eram dispostos como uma
cidade independente, divina e eterna, que dominava e tornava insignificante a cidade
transitória dos homens.
• Técnica construtiva: templos de pedra (para permanecer imutável ao longo do
tempo) e casas das pessoas comuns e palácios dos faraós de tijolos (morada
temporária, logo abandonada ou destruída). Operários e suas famílias moravam em
acampamentos próximos aos monumentos, durante a construção.
X
•A economia egípcia entrou em crise por volta de 3000 a.C. A cidade dos
mortos, como cópia perfeita e estável da vida humana, deixou de ter a mesma
intensidade.
• Quando a economia se reorganizou, sob o Médio Império, o contraste entre
a cidade divina e a dos homens apareceu atenuado, com tendência a se
fundirem.
TEBAS
-Capital do Médio Império, dividida em 2
setores: povoado à margem direita do
Nilo e necrópole à margem esquerda. A
necrópole e a cidade são Patrimônio
Mundial (UNESCO).
- Edifícios dominantes: grandes templos
(Karnak e Luxor), na cidade dos vivos.
- Tumbas escondidas nas rochas, sendo
visíveis somente os templos de acesso.
- Sociedade era mais variada onde a
riqueza era mais difundida.
- Faraó ocupava o topo da hierarquia
social, podendo escolher os produtos
mais ricos para sua tumba ou palácio.
Templo de Karnak
(Tebas)
Planta geral da zona de Tebas: templos na margem direita do Nilo e tumbas na
margem esquerda.
Templo Solar de Hórus (c. 2500 aC.), em Abusir (planta e vista reconstituída).
Pirâmide de Saqqarah.
Mapa mostrando o rio Nilo e a localização
das pirâmides de Giza e Saqqarah e da
cidade de Mênfis e do Cairo.
Aldeia de El-Lahun (c. 1800 aC.) – construída no reinado de Sesóstris II, para operários da construção de uma pirâmide.
Aldeia de Deir el-Medina (c. 1400 a.C.) –
construída no reinado de Tutmósis I,
para operários do Vale dos Reis,
próximo a Tebas (descoberta em 1922
por Bernard Bruyère).
Corte e planta de uma casa típica.
Tumba de Amenhotep II (c. 1380 a.C.) - Vale dos Reis.
Detalhe de pintura nas paredes: o faraó com a Deusa
Hátor.
Templo de Philae - Ilha de Agilkia, no rio Nilo.
Planta geral do palácio. O nome original da cidade era Akhetaton
(descoberta em 1714 por Claude Sicard). Foi capital do Egito durante o
reinado de Akhenaton (Amenófis IV ou Amenhotep IV), que introduziu
mudanças religiosas, abolindo o politeísmo e adotando o culto ao Deus Sol
(Aton). Segundo consta, Akhenaton era casado com a rainha Nefertiti, e foi
pai do faraó Tutankhamon.
Tell el-Amarna: detalhe do
bairro central.
Vista da ponte ligando o palácio e a
casa real.
IMPÉRIO PERSA
Do séc. VI ao IV a.C.: unificação de todo o Oriente Médio no Império Persa.
Região passa por longo período de paz e administração uniforme, que permite
a circulação dos homens, das mercadorias e das idéias de uma extremidade à
outra. Persépolis (nome grego) – residência monumental dos reis persas.
Império persa.
Persépolis
Tumbas dos reis persas esculpidas na parede rochosa.
Naksh-Rustam – arredores de Persépolis (atual Irã).
Vista das ruínas de Persépolis, descobertas em 1930
por André Godard.
Planta do conjunto monumental
de Persépolis.
Fontes:
BENEVOLO, Leonardo – A história da cidade
http://pt.wikipedia.org
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