GRUPO VERMELHO-WALTHER- RESUMO Deixem-me dizer - O Intercâmbio de Pistas Verbais e Não-verbais na Afinidade Mediada por Computador e Face-a-Face por JOSEPH B.WALTHER, TRACY LOH e LAURA GRANKA Luís Rodrigues; Teresa Fernandes; Marco Freitas; Ana Morgado; Sónia Valente; Telma Jesus; Paulo Ferreira Ideias centrais da pesquisa - Pesquisas sobre a Comunicação Mediada por Computador sugerem que são facilitadores da comunicação relacional: as pistas afectivas, as expressões interpessoais e a tradução de afectos em pistas verbais; - A investigação já realizada sobre a base afectiva da comunicação online é pouca, o que se traduz numa escassez de investigação empírica sobre pistas afectivas verbais espontâneas na interacção presencial. - Nesta experiência foi solicitado aos participantes que reagissem com maior ou menor afinidade, em situação face-a-face ou em situação de comunicação mediada por computador, para determinar a proporção de afecto expressa verbalmente online, comparada com a expressa verbalmente offline, bem como os comportamentos específicos que são tidos como comportamentos afectivos em cada canal de comunicação. - As respostas das díades demonstram equivalência de respostas afectivas nos dois cenários. A análise dos comportamentos verbais, quinésicos e vocálicos dos participantes sujeitos a situação face-a-face e as transcrições verbais dos participantes das situações em sessão por computador, revelaram pistas específicas em cada condição, levando a tais resultados. - Os resultados revelam uma proposição primária mas não testada previamente, da teoria do processamento da informação social da interacção mediada. A Comunicação Mediada por Computador A investigação sobre a comunicação mediada por computador (CMC) procura saber se e como o significado social das interacções é afectado pela ausência de pistas não verbais quando os interlocutores substituem as mensagens electrónicas de texto por encontros face-a-face (FaF). Surgem duas posições: 1ª - a ausência de pistas físicas e vocais não verbais nega aos utilizadores informações importantes sobre as características, emoções e atitudes dos seus parceiros, resultando numa comunicação menos sociável, relacional, compreensível, e/ou eficaz; 2ª- as pessoas adaptam-se ao meio introduzindo mensagens verbais com, e/ou através da interpretação de pistas contextuais e estilísticas, informação sobre as características, atitudes e emoções dos participantes, permitindo que uma comunicação relacional, normal ou intensificada ocorra. A teoria do processamento da informação social (PIS) da CMC (Walther, 1992) formaliza a segunda perspectiva apresentada. A PIS defende que os comunicadores utilizam todos os sistemas de pistas possíveis quando estão motivados a formar impressões e desenvolver relações. Quando a maioria das pistas não verbais estão indisponíveis, como é o caso do texto através de CMC, os utilizadores adaptam a sua linguagem, estilo e outras pistas para os referidos fins. Metodologia do estudo A PIS tem sido testada através da criação das condições antecedentes (condições relativas aos media e aos enquadramentos temporais) nas quais é suposto as dinâmicas teóricas operarem, e pela exploração das variáveis distais resultantes (como impressões e avaliações relacionais) que deveriam resultar dos processos especificados pela teoria. Nos processos propriamente ditos, a investigação tem-se debruçado sobre como os comunicadores realmente adaptam o seu discurso aos objectivos relacionais que procuram alcançar, face aos constrangimentos do meio. O presente estudo procurou abordar a lacuna das investigações sobre o processo proposicional central da teoria do PIS. A presente investigação procede ainda à análise dos comportamentos através dos quais os utilizadores da CMC transmitem a comunicação afectiva, em comparação com os comunicadores que se encontram FaF. Os resultados ajudam-nos a compreender a gramática base da comunicação relacional através de comportamentos verbais. Objectivos deste estudo: 1º - Testar que os utilizadores da CMC recorrem a comportamentos de comunicação verbal para alcançar um nível comparável de comunicação relacional possível por comunicadores FaF. Procurou-se identificar se a proporção da variância na experiência de afinidade imputável a comportamento verbal na CMC era equivalente à proporção de afinidade que é alcançada por comportamento verbal e não verbal na comunicação FaF. 2º - Explorar que pistas específicas ambos os tipos de comunicadores (CMC e FaF) utilizaram para a comunicação/expressão de afinidade interpessoal. Contributo final da pesquisa Informações sobre o papel complementar das pistas verbais e não verbais na expressão da afinidade em comunicação presencial. Apesar do reconhecimento que os sistemas não verbal e verbal coexistem e que complementam-se mutuamente, é aceite que o comportamento não verbal tem papel primordial na comunicação de emoções e de afinidade interpessoal. No entanto, para compreender como a CMC difere da FaF, é necessário compreender a comunicação FaF e, para tal, procedemos a uma revisão da medição da afinidade verbal, e apresentamos uma demonstração empírica de como várias pistas de canais múltiplos se combinam para a expressão do afecto na interacção FaF. Pistas A crítica principal da teoria SIP é a de que os utilizadores da CMC adaptam-se ao meio social para expressar mensagens sociais. A primeira teoria aplicada às capacidades interpessoais da CMC's foi explícita sobre este assunto. A Teoria da Presença Social sustentou que a redução da disponibilidade de pistas não verbais levou a uma redução na capacidade de transmitir e receber impressões interpessoais e de as acolher. Paralelamente, muitos estudos sobre CMC cedo concluíram que esta nova forma de comunicação era pouco provável ou incapaz de transmitir expressões emocionais positivas e não contribuía para a formação ou a manutenção de relações. Ainda é comum na literatura de investigação actual a perspectiva de que é pouco provável a CMC promover comunicação interpessoal efectiva e relacional. Mas este estudo refuta esta ideia. Uma importante diferença entre a maioria dos teóricos dos média e os teóricos da comunicação FaF é que este último grupo identifica casos em que a importância das pistas não verbais iria diminuir e, por sua vez, as pistas verbais ou vocais ganhariam em importância. S.E. Jones e LeBaron afirmam que os novos paradigmas emergentes incidem sobre a "interacção de mensagens entre os comunicadores", utilizando os dois sistemas, verbal e não verbal, e que o seu alcance não foi alargado a mais abordagens teóricas da CMC . No entanto, um crescente número de pesquisas empíricas da CMC contestaram a presumível diferenciação das pistas de funcionalidades verbal e não verbal, pelo menos, os seus níveis periféricos. A investigação demonstrou que as pessoas lidam com a falta de pistas não verbais on-line no desenvolvimento das relações, ou comunicação dinâmica relacional, numa variedade de campos e contextos. O tempo de duração e a frequência da participação revelaram o desenvolvimento da relação entre as pessoas que se conhecem em ambiente on-line. As competências individuas na utilização da Internet são mais importantes para a criação de amizades on-line, que evoluíam naturalmente em função do tempo e da experiência em ambientes on-line. Teoria do Processamento da Informação Social (PIS) Os indivíduos adaptam as pistas textuais de CMC para encontrarem as suas necessidades quando confrontados com uma situação de comunicação que os priva das pistas audíveis e visuais. • A CMC tem a capacidade de revelar a informação pessoal e relacional requeridas durante a comunicação. • Rejeição da perspectiva que a CMC é inerentemente impessoal e que a informação relacional é consequentemente inacessível aos utilizadores da CMC. • Os utilizadores empregam as características verbais da CMC; a informação relacional é expressa através de pistas não-verbais. • Os utilizadores da CMC dedicam uma proporção maior das suas conversas às revelações e perguntas do que os comunicadores de FaF; as perguntas pessoais feitas por utilizadores da CMC são mais íntimas. Pista de Inter-Permutabilidade · Há permutabilidade entre as expressões não-verbais e verbais da afinidade. · Domínio de proximidade (immediacy) (Mehrabian, 1971; Wiener e Mehrabian, 1968) : composto de participação, afeição e calor humano; entendido como o reflexo da atitude emocional de um indivíduo para com outra pessoa. · Pistas da proximidade (Wiener e Mehrabian, 1968): a) pistas não-verbais: sorriso, olhar, orientação do corpo e postura corporal. b) pistas verbais: indicadores espaço-temporais indicativo-demonstrativos, especificidade denotativa, ênfase selectiva e relações “agente-acção-objecto”. · Teoria do Equilíbrio (Donohue, Diez, Stahle e Burgoon, 1983) : a) os comunicadores adaptam dinamicamente os níveis do olhar, a proximidade física e outros comportamentos indicativos da intimidade aos níveis normativos baseados na cultura e na necessidade para a afiliação. b) na interacção diádica, elevações ou reduções dos níveis baixos por um comunicador através de um canal (por exemplo, a redução proxémica da distância) podem ser compensadas pelo outro inter-actante através de um canal alternativo (por exemplo, o olhar enfraquecido), de forma a manter os níveis desejados de intimidade. c) Estendendo esta dinâmica às pistas verbais e não-verbais, verifica-se que um colega de conversação reduz a proximidade não-verbal (isto é, diminuição da proximidade), o outro colega exibe significativamente maior proximidade verbal (espaço-temporal). · Teoria da Presença Social (Short et al.,1976) : a língua pode substituir ou sobre compensar a falta de informação não-verbal. · O uso da língua permite muita acomodação à CMC: a diferença da afinidade dos comunicadores, devido aos seus objectivos relacionais, tem mais importância do que o meio pelo qual a afinidade é expressa, apesar da ausência de pistas não-verbais na CMC e a ausência de comunicadores intermediários. · Pesquisas da comunicação “tradicional” (isto é, FaF ou escrita) identificam poucas acções ao nível verbal e textual relacionadas com a afinidade, ao passo que há mais acções deste tipo nas pesquisas de CMC. Comunicação Relacional não-verbal Conclusões dos autores com base em vários estudos: Há uma variedade de pistas não-verbais que influenciam as percepções inter-pessoais durante a comunicação relacional. • “Modelo social do sentido”: as pistas interagem com o contexto ou as características do cenário, por exemplo, características do comunicador ou contextos do relacionamento para produzir significado. • Pistas não-verbais associadas à afinidade e à não-afinidade: a expressão simultânea das pistas inter-relacionadas – sorriso, distância mais próxima, olhar dilatado, orientação directa do corpo, a posição corporal para diante, o toque e a postura aberta – estão associadas com uma iminência maior, envolvimento, não-domínio, intimidade e atracção. • Pistas não-verbais do envolvimento conversacional (a iminência incorporada e construída e outras dimensões que sinaliza por sua vez a afeição, a receptividade e outras qualidades): a orientação facial, assentimentos da cabeça, gestos, animação facial, ruídos de voz, discurso mais rápido, tom mais variado, mudanças de ritmo, risadas descontraídas, silêncios mais raros, latências mais curtas e menos adaptadores, que se relacionam com a expressão da afinidade generalizada para outra pessoa. Comunicação Relacional Verbal Nesta fase do estudo, são feitas algumas referências à comunicação relacional verbal, a partir de alguns estudos feitos por alguns autores, procedendo-se assim, a alguma revisão de literatura. As idéiaschave, são as que a seguir se apresentam: - A importância da Comunicação verbal relacional e a análise das interacções processadas ao nível da comunicação. - Revisão de literatura a propósito destes conceitos ( a categorização de Bale, Gallois, Johnson & Oatley). - Mensagens verbais / Mensagens não verbais - impacto na comunicação relacional. - A relação entre emissor / receptor e as dificuldades, apesar da proximidade entre ambos, de estabelecer pistas de afinidade interpessoal e aferir uma verdadeira comunicação relacional. - Os modelos de Cissna e Sieburg ( confirmação e não confirmação inter-relacional). - Categorização de Sheerhorer, a propósito da observação interpessoal estabelecida durante na comunicação. - De acordo com Jablin existem cinco formas de concordância e discordância verbal no relacionamento interpessoal. - (Cotas de acomodação) - técnica de análise interpessoal do comportamento verbal, incluindo a análise dos modelos de retribuição e compensação. - Comunicação relacional em CMC - os ícones de emoção referenciados por Walther e D' Addario. Método Participantes Metade dos participantes na experiência (N total = 56) eram estudantes num curso de comunicação numa universidade nos Estados Unidos. Cada aluno deveria trazer outro indivíduo de um determinado sexo para participar na experiência num determinado horário. Foram criadas quotas para atingir rácios semelhantes quanto a participantes do mesmo sexo e do sexo oposto, díades quanto possível para cada condição. Os alunos do curso agiram como confederados em cada sessão, com o parceiro de um outro estudante, que tem o papel de participante ingénuo. Os alunos confederados foram os sujeitos de estudo, servindo os parceiros ingénuos como parceiros de comunicação e avaliadores. As díades foram divididas aleatoriamente em uma das duas condições: comunicar face-a-face (FaF) ao longo de uma mesa ou comunicar de forma síncrona através de Chat (CMC) em salas separadas. Procedimentos Laboratoriais A todas as díades foi dado um de dois cenários, escolhido dos quatro utilizados em pesquisas anteriores (Burgoon & Hale, 1988), capazes de gerar múltiplas perspectivas em resposta a dilemas sociais ou morais. Aos confederados foram dadas instruções adicionais para expressarem afinidade ou não-afinidade com os seus parceiros ao fim do 1 º minuto de interacção. O nosso objectivo foi identificar os comportamentos que ocorrem naturalmente em resposta a manipulação de afinidades-objectivos. Nas instruções não foram mencionados comportamentos específicos, estas foram no sentido das atitudes afectivas do outro parceiro de conversação, com instruções adaptadas, em parte, daquelas usadas por Coker e Burgoon (1987) para afectar a proximidade e das de Scheerhorn (1991 a 1992) para gerar simpatia ou antipatia no parceiro: Imagine que durante a sua reunião rapidamente se apercebe que gosta realmente duma pessoa e que se importa se ele / ela também gosta de si. Na verdade, descobrirá que gostaria de conhecer melhor essa pessoa. Após o primeiro minuto (quando perguntarmos como está a correr), altere a sua forma de interagir de modo a que possa conduzi-lo a ficar com uma impressão positiva de si. Torne-se o mais amigável possível, sem tornar-se evidente. Então aja naturalmente durante o primeiro minuto. Depois de lhe darmos o sinal, aumente a sua simpatia e envolvimento com a outra pessoa. Ou Imagine que durante a sua reunião rapidamente se apercebe que não gosta dessa pessoa e que não se importa com o que ele / ela pensa de si. Na verdade, essa pessoa é alguém com quem não gostaria de voltar a falar. Depois do primeiro minuto (quando perguntarmos como está a correr), altere a sua forma de interagir para uma que o leve a ele / ela a ficar com uma impressão negativa de si. Seja o mais desagradável possível para a outra pessoa, sem tornar-se evidente. Então, aja naturalmente durante o primeiro minuto. Depois de lhe dar-mos o sinal, diminua a sua simpatia e envolvimento com a outra pessoa. As díades da comunicação FaF foram gravadas por detrás de uma janela usando uma câmara de vídeo digital de ultima geração, e as díades de CMC utilizaram a função de chat do programa Microsoft NetMeeting, instalado em computadores Windows Pentium III. Às díades FaF foram dados um máximo de 10 minutos para a sua interacção, enquanto que as díades de CMC foi-lhe dado um máximo de 40 minutos. O diferencial de tempo reflecte as quantidades estabelecidas na literatura, indicando que (a) 1 minuto na comunicação FAF não é igual a 1 minuto em CMC e pode ser equivalente a 4 ou mais (Siegal et al.,1986; Tidwell & Walther, 2002), a natureza da dactilografia diminui a quantidade de observações gerada por minuto, e (b)a pressão do tempo afecta o comportamento na CMC desproporcionadamente (F. Reid, Malinek, Stott, & Evans, 1996). Aos participantes foi dada a oportunidade de utilizar todo o período de tempo, ou informar aos administradores do laboratório quando a sua discussão estivesse completa. Os confederados foram entrevistados acerca das suas trocas após a interacção, onde foram convidados a indicar, nas suas próprias palavras, o que consideraram ter sido a manipulação. Foi também perguntado aos confederados que comportamentos específicos usaram para transmitir a atitude designada. Cada comportamento mencionado pelos confederados, deveria ser descrito, por ela/ele, do modo mais específico possível. Cada sujeito foi inquirido com a questão "que mais?" para obter tantos comportamentos específicos, verbais e, no caso dos participantes da comunicação FaF, não verbais, quanto possível. Os autores integraram as novas estratégias de comportamento, identificadas com os confederados, na lista existente de codificação de comportamentos, aumentando a abrangência e a exaustividade do esquema de codificação. Os participantes ingénuos foram levados para uma sala de laboratório onde completaram a avaliação do estilo de interacção do parceiro. Esta avaliação foi concluída, por computador, através de um formulário na página Web e incluiu itens generalizados para o valor da proximidade (Andersen, 1979) e da dimensão afectiva da relação comunicacional (Burgoon & Hale, 1988). Na sequência da entrevista e da avaliação dos parceiros, todos os participantes foram esclarecidos quanto à verdadeira natureza da experiência. Verificação da Manipulação As respostas dos confederados acerca da manipulação, pós-interacção, foram revistas por um assistente da investigação que não tinha conhecimento das condições atribuídas a cada confederado. O assistente classificou cada resposta do confederado como reflectindo uma manipulação por afinidade ou não-afinidade. Houve 100% de consistência entre as condições atribuídas e a interpretação do assistente das respostas dadas pelos confederados na entrevista. Segmentação Após a recolha de todas as amostras comportamentais, vídeos e conversas por chat (CMC) foram tratados para identificar segmentos representativos para uma maior codificação. O 1 º minuto de interacção foi isolado em cada vídeo e copiado como filme digital de alta resolução (ficheiro AVI) no servidor do laboratório. Além disso, o minuto do meio e o último minuto (que se seguiu à manipulação da afinidade) foram identificados e copiados. Estes segmentos foram, então, disponibilizados através do servidor Web para os confederados iniciais, que transcreveram as partes verbais das conversas em documentos de texto, assinalados para o orador. Também as conversas verbais da CMC foram armazenadas com marcas de tempo que antecedem cada linha de discurso e foram utilizados para identificar equivalentes secções da transcrição, embora os segmentos da CMC eram cerca de 4 vezes mais longo em tempo real para efectuar transcrições de períodos semelhantes na comunicação FaF. Estes segmentos foram sujeitos a codificação para comportamentos específicos verbais e não verbais. Apenas os segmentos do 3 º minuto são relatados na presente pesquisa. Codificação do Comportamento Os confederados foram recrutados para codificar os segmentos de observação (foram excluídos da codificação das suas próprias díades). Como codificadores, esses 27 indivíduos foram treinados numa sessão de laboratório onde praticaram codificação de segmentos e colocaram questões acerca do procedimento de codificação. De seguida, os codificadores inscreveram-se para três sessões, de uma hora, de codificação. Os codificadores foram limitados a duas sessões consecutivas para evitar a fadiga. As categorias de codificação foram desenvolvidas a partir de medidas e conceitos pré-existentes utilizados nos estudos anteriores de comunicação interpessoal acima referidos, incluindo os de Coker e Burgoon (1987), Cissna e Sieburg (1981), Jablin (1979), elementos de E. Jones et al. (1999), e Scheerhorn (1991 a 1992), bem como as sugeridas pelos confederados nas respostas à entrevista. Foram utilizados um total de 122 códigos, apresentados no apêndice. As codificações foram feitas independentemente do quinésico, vocálico, e dois conjuntos de indicadores verbais. Cada segmento foi codificado por três avaliadores, bem como todas as classificações foram inscritas num formulário numa base Web, com instruções e definições da codificação contidas nas páginas Web como clicáveis, janelas pop-up e/ou como textos "mouse-over" scrolling. Aos codificadores foram apresentados estímulos visuais (quinésico) num laboratório de computadores utilizando os ficheiros de vídeo digital, com as colunas do computador desligadas. As imagens dos participantes ingénuos, no monitor, foram escondidas. Ao codificar o valor das dimensões vocais do discurso, é importante retirar a potencial polarização verbal do discurso, isto é, os efeitos das palavras em si mesmas (ver Scherer, Koivumaki, & Rosenthal, 1972; Starkweather, 1956). Por esta razão, os codificadores vocais utilizaram um filtro de teor low-pass (ver, por exemplo, Rogers, Scherer, & Rosenthal, 1971), que tornaram o conteúdo do discurso verbal indecifrável permitindo que as características do comportamento vocal fossem ouvidas e avaliadas, sem a influência do conteúdo verbal. Aos codificadores foram também mostrados segmentos seleccionados de vídeos da comunicação FaF, com a secção a reduzir o viés quinésico; embora os codificadores não pudessem ver a pessoa cuja voz estavam a avaliar, poderiam dizer quando a pessoa estava a falar, observando quando a outra pessoa na cena não falava (ver Burgoon, Le Poire, & Rosenthal, 1995). Aos codificadores verbais foram dadas por escrito transcrições de segmentos anteriormente seleccionados, de interacções CMC ou comunicação FaF. Estes codificadores foram instruídos para analisar estratégias de conversação específicas que os confederados utilizaram ao longo da interacção. Veracidade Antes de testar as hipóteses e explorar as perguntas da pesquisa, os dados foram submetidas a análises de veracidade. Os dados dos participantes ingénuos sobre as classificações do comportamento dos parceiros foram avaliadas pela veracidade intermitente, a partir da qual o item 4- grau de proximidade alcançado 〈=.84 de Cronbach, a comunicação afectuosa(16 itens)alcançada 〈 = ,95. As avaliações dos codificadores das pistas verbais e não verbais foram submetidas a uma análise de fiabilidade intercodificadores. Em cada caso foi suprimido uma pontuação do codificador suscitada da veracidade de outros dois codificadores, apenas a pontuação de dois codificadores foram mantidas como parte das médias utilizadas para análise. Através de todos os códigos, para os códigos alfas variaram da baixa não interpretação para a muito elevada. Esta variação não é surpreendente, dado que alguns comportamentos que os codificadores avaliaram foram exibidos raramente, (oferecendo pouca ou nenhuma variação) e porque os códigos comportamentais variam em especificidade e subjectividade. Como Baesler e Burgoon (1988) apontam, o nível de abstracção ou concretização associado a um método de codificação não verbal pode ter grande impacto na capacidade de gerar veracidade nos resultados da codificação. Apenas os sinais com veracidade de pelo menos .65 foram retidos para análise completa. Resultados Hipótese 1: a motivação e o esforço para ser simpático/agradável ou ser mal humorado/desagradável teria um efeito maior sobre a afinidade entendida pelos comunicadores (em termos de proximidade/relação e afecto) do que as diferenças no canal de comunicação. As avaliações dos participantes ingénuos da proximidade dos seus parceiros e comunicação relacional estavam sujeitos a 2 (médio) × 2 (manipulação afectiva/da afinidade) ANOVA. O efeito da manipulação da afinidade tinha um efeito significativo sobre a compreensão da proximidade, F(1,22)=21,51,p <.001, η2=0,64, com o desempenho de todos aqueles que tinham recebido instruções para apresentar a variação mais imediata da afinidade (M = 4,28, SD =. 77, n=13) do que os que foram instruídos para expressar a não afinidade (M = 2,38,SD=0,71,n=13). Não houve efeito da média, F(1,22)=0,474, nem uma interacção significativa de afinidade/proximidade e média, F(1,22) = 1,24, p =. 28. Os resultados para afeição foram similares, sem interacção significativa da manipulação da proximidade e média, nem efeitos principais médios. O efeito da exposição da afinidade foi significativo, F(1,22)=46,42, p<001, η2= 0,66, com participantes da afinidade apresentando maior afeição/afecto (M=3,98, SD=0,58) do que as da condição de não-afinidade (M=2,48,DP=0,76). Hipótese 1 foi verificada: a motivação para expressar a afinidade era mais robusta do que os efeitos médios. A questão 2 da pesquisa é qual a combinação das pistas verbais e não-verbais que promovem afinidade na interacção FaF, e a Pergunta 3 repete a questão, mas referindo-se a pistas verbais na CMC. Dentro das conversas FaF, numerosos sinais tinham relações significativas. As pistas quinésicas de proximidade e afecto incluíram: orientação directa do corpo, orientação facial, olhar, agradabilidade facial, animação facial, sorriso, preocupação facial, consentimento, risada (motivo de riso), envolvimento corporal e abertura postural. Além disso, o balanço foi associado com afecto, e rectitude corporal foi inversamente associado com proximidade. Os sinais vocálicos associados a proximidade e afecto foram: felicidade vocal, entusiasmo, agradabilidade, sorriso, receptividade e cooperação; condescendência foi inversamente relacionada com proximidade. Poucos comportamentos verbais foram significativamente associados com afinidade. Os iInsultos foram negativamente relacionados com a proximidade, e oferecer informações pessoais foi positivamente associado, na interacção FaF. Correlações de ordem zero foram encontradas entre comportamentos verbais específicos e afecto. Nas interacções CMC, apenas os comportamentos verbais foram identificados e analisados. Um sinal específico que correlacionado a ambos, proximidade e afecto, consistiu em declarações explícitas de afectividade positiva. A proximidade isolada foi relacionada com monólogo, ainda que outros sinais tenham sido associados com afecto, incluindo expressão de alegria, oferecer informações pessoais e encorajamento. Além disso, a utilização de um smiley foi associada com afectividade em CMC. A um nível superficial e consistente com a teoria SIP, mais pistas verbais foram associadas com afinidade em CMC mais do que em conversas FaF onde numerosas pistas não-verbais possam ter feito a maioria do trabalho relacional. Para obter uma imagem mais completa da natureza da expressão da afinidade na interacção multimodal da FaF, o tratamento preferencial implicaria a análise de regressão múltipla, incluindo ambas as pistas verbais e não-verbais relacionadas com o seu relativo envolvimento em proximidade e afecto. A equação apresentou apenas duas pistas que em simultâneo foram associados com a proximidade: agradabilidade/amabilidade (b=,80, β=1,12), e pausas durante o discurso (b=.41, β=.38). Estas pistas resultaram num ajustado R2=,92, F (2,10)=71,89, p <.001. Os resultados do afecto FaF foram relacionados com agradabilidade vocal (b=,73, β=1,20), brusquidão (b=.26, β=.41), condescendência (b=.47, β=.54) e timbre (queixume whiney para sonoro (b=-. 24, β=-. 23). Estes sinais produziram um ajustado R2 =,92, F(4,8)=36,63, p<.001. As pistas quinésicas que previram variações na proximidade FaF incluíram sorrir (b= 33, β=.66), relaxamento corporal (b=-. 38, β=-. 46) e rectidão do olhar (b=.17, β=.28) para um ajustado R 2=.88, F(3,9)=31,44, p<.001. As pistas quinésicas predizendo comunicação afectuosa FaF incluindo sorriso (b=.28, β=.66), orientação facial directa (b=.55, β=1,02), olhando ao redor da sala (b=-.28, β=-.38 ), movimentos aleatórios da cabeça (b=-.16, β=.26), e olhar fixo (b=.22, β=.42), ajustando R2=.96, F(5,7)=55,98, p<.001. Finalmente, duas pistas verbais tornaram previsíveis a proximidade FaF: insultos (b=-.80, β=-.54), e oferecer informações pessoais (b=.28, β=.45), ajustando R2=.60, F(2,10) =10.14, p=,004. A regressão sobre comunicação afectuosa FaF produziu associações insignificativas. Em contraste com as duas pistas/estímulos verbais na proximidade FaF, proximidade CMC foi associada com quatro pistas verbais específicas que, juntamente alcançados ajustaram R2= 0,73, F (4,10)=10,61, p=,001. Estas eram demonstrações explícitas de afecto positivo (b=,85, β=.61), mudando de assunto (b=,71, β=.67), discordância indirecta (b=.51, β=1,68), e adicionando elogios numa proposta de romance (b=-.48, β=-.35). Considerando que a expressão de afecto FaF foi associada com quinésico e vocálico, mas sem sinais verbais, na CMC os afectos foram expressos através de demonstrações explícitas de afecto positivas (b=,81, β=.67) e mudar de assunto (b=.47, β= 52), ajustado R2 =.61, F(2,12)=11,98, p<.001. Hipótese 2: uma maior proporção da variância em afinidade é mais atribuível ao comportamento verbal em CMC do que na interacção FaF. As tentativas para isolar a contribuição das pistas verbais, numa análise de regressão incluindo todas as pistas verbais e não-verbais, foram infrutíferos. Utilizando um procedimento de entrada precoce para este subconjunto de pistas verbais e não verbais, só a agradabilidade vocálica e as pausas durante a fala, mas sem pistas verbais, foram significativamente associados com a proximidade, ajustado o R2=,98, F(2,10)=71,89, p<.001. A manifestação de afecto incluiu: agradabilidade vocal, nitidez vocal, condescendência vocal, timbre, e as pistas quinésicas de olhar ao redor da sala, o efeito combinado do que foi ajustado R2 =,95, F(5,7)=47,33, p<.001. Assim, para ambos, proximidade e para a comunicação afectiva, quando combinada com pistas não-verbais, não houve efectivamente uma influência da variância explicada unicamente pelos sinais verbais nas configurações FaF que poderiam ser comparadas com as homólogas pistas verbais no CMC. Uma última análise da regressão foi utilizada para permitir às pistas verbais mais liberais a oportunidade de emergir numa análise de múltiplos canais de proximidade e afecto nas interacções FaF. Para a análise da proximidade, variável sinais verbais para proximidade FaF foi calculada como ([.80×insulto]+[,28×oferta de informação pessoal]). Do mesmo modo, as pistas quinésicas para a proximidade foram representados como ([-.38Xrelaxamento corporal]+[,33×sorriso]+[,17×olhar]), e pistas vocálicas para a proximidade ([,79×agradabilidade vocal]+[,41×pausas durante o discurso]). Variáveis compostas também foram calculadas para pistas verbais relacionadas com a proximidade CMC ([,85Xafecto explícito positivo]+[,71X alteração de assunto]+[,67 X desacordo indirecto]+[-.48 X elogios numa proposta de romance]) e pistas verbais em CMC para o afecto ([,81 × afecto explícito positivo]+[,47 × alterando o assunto]). A proximidade FaF, foi analisada utilizando um procedimento de entrada forçada, incluindo simultaneamente termos como verbal, quinésico e vocálico, e o adaptado múltiplo R2 para todo o modelo foi ,94, F(3,9)=68,76, p<.001. A designação para pistas verbais foi associado com uma correlação parcial de .06 e uma proporção não significativa responsável pela variância, F(1,9)=.03; o designação para produções quinésicas F(1,9)=4,99, p=.052 e uma correlação parcial de .59, e a designação para o prazo para produções vocálicas F(1,9)=8,34, p=,02 e uma correlação parcial de ,69. Uma análise similar foi realizada para a proximidade na condição CMC, a correlação parcial associada a este termo foi ,902. Usando a técnica mais liberal, parece que os utilizadores CMC de facto concretizam significativamente mais afecto através do seu comportamento verbal do que comunicadores FaF que, em contrapartida, dependem em grande medida das pistas não-verbais para expressões afectivas, suportando a Hipótese 2, no que respeita a proximidade. Discussão Objectivo da investigação: analisar a transferência de afecto interpessoal, desde a comunicação não verbal à comunicação verbal, comparando os canais de comunicação FaF e CMC. É abordada uma questão da teoria do PIS que afirma que os comunicadores encontram estratégias que lhes permita a transmissão da informação afectiva, que é geralmente trocada não verbalmente em situações FaF, utilizando outros códigos de comunicação, geralmente língua, texto e cronémica. Resultados da pesquisa: 1) O canal de comunicação não influencia a quantidade de subjectividade da afinidade experienciada - medida em termos de proximidade e de comunicação afectuosa, comparando os efeitos de um simples pedido experimental aos participantes que apresentassem o gostar ou não gostar aos seus parceiros de conversação. Esta pesquisa mostra que os comunicadores adaptam eficazmente os seus comportamentos relacionais em todos os canais. 2) Não foi possível demonstrar estatisticamente que as pistas verbais em CMC têm maior impacto sobre a expressão do afecto do que as pistas verbais em comunicação FaF, isto porque os comportamentos verbais do afecto em FaF não tiveram peso suficiente para serem comparáveis. Foi, no entanto, demonstrado, pela análise descritiva, que as pistas verbais são mais importantes na expressão do afecto em CMC do que em situações FaF. Em ambas as configurações observaram-se diversas pistas que se associaram com afinidade, credibilizando estudos anteriores sobre a manifestação de afectos interpessoais em contextos onde todas as pistas, verbais e não verbais, estão disponíveis. Exemplos: a) Olhar em redor da sala poderá transmitir descontracção, relaxamento entre os intervenientes se for uma pista quinésica associada com afinidade. b) A pista vocálica condescendência poderá vocalmente assemelhar-se a amolecimento, afecto exagerado, tom enternecedor. Alguns comportamentos verbais foram associados com afinidade quando existia vantagem em fazêlo. Determinadas estratégias, ousadas ou subtis, são utilizadas como indicadores verbais de entre o conjunto dos indicadores não verbais. Exemplo: Mudar de assunto, ser indirecto em situações de desacordo ou elogiar quando se pretende propor uma ideia diferente são estratégias para se conseguir o que se pretende, mantendo a aceitação por parte dos outros. É importante proceder a uma discussão académica e pública dos efeitos da CMC na interacção interpessoal, tendo em conta estes resultados. As pistas que estão em falta na CMC são o que a diferencia da comunicação FaF pelo que, como argumenta Fussel (2002), uma melhor compreensão da interacção poderá permitir a construção de melhores interfaces de apoio emotivo, ou seja, o texto por si só e os actuais sistemas baseados em texto não são eficazes na troca emocional. Embora a falta de pistas na CMC possa ser preocupante, nomeadamente no que diz respeito à determinação de identidade dos participantes ou à redução da mensagem ambígua, as questões de afinidade podem ser diferentes e traduzíveis de um sistema de indexação para outro. No que diz respeito ao aspecto da interacção social está em causa se, um sistema de chat ou um e-mail, podem ser tão bons como uma videoconferência ou uma reunião, mesmo quando os comunicadores estão pouco motivados em adaptar as suas intenções afectivas em pistas baseadas em texto.