Caracterização sócio-ambiental da área de proteção ambiental do Iraí/PR Luiz Gilberto Bertoƫ1 Ariodari Francisco dos Santos2 Resumo: A Área de Proteção Ambiental (APA) do Iraí, localizada na Região Metropolitana de CuriƟba (RMC) abrange parte dos municípios de Colombo, Pinhais, Piraquara, Quatro Barras e Campina Grande do Sul, a nordeste do Município de CuriƟba-PR, em áreas marcadas, predominantemente, pelas baixas alƟtudes, exceção à porção leste, cujas cotas máximas aƟngem 1.420 metros sobre o nível do mar. Ocupa uma área aproximada de 11.536 hectares e é parte integrante do Plano de Recursos Hídricos da bacia hidrográfica do Alto Iguaçu e do Sistema Integrado de Proteção dos Mananciais da Região Metropolitana de CuriƟba/PR. O estabelecimento desta Unidade de Conservação tem por meta a garanƟa da potabilidade da água de abastecimento público de parte da Região Metropolitana de CuriƟba. Nesta Unidade de Conservação há aƟvidades agrícolas (milho, feijão e olerícolas) em pequenas e médias propriedades com uso intensivo do solo e agroquímicos e aƟvidades pecuárias com criação de animais de elite, destacando eqüinos e bovinos leiteiros. Associado a isso, grande especulação imobiliária devido a sua localização na RMC e grandes propriedades de domínio do Estado do Paraná. Essa APA possui inúmeras aƟvidades com possibilidades poluidoras destacando: indústrias, aƟvidades agropecuárias e urbanização. Considerando que é uma área ambientalmente frágil e diante dos diversos usos e ocupação dos solos idenƟficados, essa APA vem passando por um processo de degradação ambiental acentuado, promovendo a deteorioração da qualidade de suas águas, tornando, assim, eminente o risco da perda como abastecimento público, pois as aƟvidades desenvolvidas nessa APA com manejo intensivo dos solos o uso de agroquímicos, dejetos industriais e urbanização, geram impactos ambientais, tanto em termo de processos erosivos quanto em risco de contaminação dos recursos hídricos. Palavras-chave: Bacia hidrográfica, APA do Iraí, mudanças ambientais. 1 Introdução A degradação ambiental consƟtui um dos mais inquietantes problemas que vem afetando a Região Metropolitana de CuriƟba. Para Tricart (1977), a degradação ambiental deve ser examinada simultaneamente sob diferentes aspectos que condicionam uns aos outros: 1 Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela UFPR. Pesquisador do Núcleo de Pesquisas Ambientais. Professor adjunto do Departamento de Geografia da UNICENTRO. E-mail: bertoƫ@unicentro.br. 2 Eng Agrônomo, Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela UFPR. Pesquisador do Núcleo de Pesquisas Ambientais. Professor adjunto do Departamento de Ciências Biológicas da UNICENTRO. E-mail: [email protected]. cobertura vegetal, solos, processos morfogenéƟcos e condições hídricas. Acrescenta, ainda, que se torna necessário destacar os mecanismos de degradação, suas modalidades, evidenciando sua lógica própria, considerando a possibilidade de definir uma escala de graus de degradação que seja fundamental para determinar as medidas conservacionistas que devem constar num programa de organização ou reorganização do espaço. Nos estudos de degradação ambiental o meio natural não deve ser separado dos aspectos ecológicos do contexto humano. Desse modo, é necessário o conhecimento das caracterísƟcas İsicas de uma região e das relações ecológicas e sociais nos estudos que visem demonstrar as mudanças ocorridas no meio ambiente. A análise dos fatores condicionantes da degradação é imprescindível para que se possa dispor de um diagnósƟco a respeito das modificações ambientais que vêm se processando na APA Estadual da APA do Iraí. É muito importante que se conheça o meio natural e as formas de ocupação do solo urbano e rural para constatar os efeitos da degradação do meio ambiente na região. As condições apresentadas pelo clima, geomorfologia, vegetação, solo e hidrologia deveriam ser devidamente conhecidas juntamente com a ação dos fatores antropogenéƟcos para melhor serem detectadas as modalidades do processo de degradação na área. Nas diversas áreas urbanas e rurais percebe-se que o uso irracional do solo tem propiciado a erosão acelerada de solos hidromorficos, latossolos e cambissolos. O Lago Iraí tem uma importância muito grande para a Região Metropolitana de CuriƟba. Nota-se que o assoreamento e a qualidade de água são problemas que estão afetando seriamente o referido lago e outros cursos de drenagem existentes na região. O desequilíbrio provocado no meio ambiente pela erosão advém das alterações nos cursos d’água (assoreamento), na qualidade da água, nas condições do solo, no desenvolvimento da fauna terrestre e aquáƟca, no regime da água subterrânea e, ainda, no risco de vida da população. Dentre os usos que têm contribuído para contaminar o meio ambiente na região destacam-se o lançamento de lixo, ação dos agentes agroquímicos (agricultura), as aƟvidades poluidoras do ar, o sistema de tratamento de esgoto, o lançamento de esgoto no subsolo e os resíduos industriais. O presente trabalho tem por objeƟvo a caracterização ambiental da Área de Preservação Ambiental do Iraí-Paraná (APA do Iraí-PR), pertencente à bacia do Alto Iguaçu. 1.1 Caracterização da bacia hidrográfica do Rio Iraí A bacia hidrográfica do Rio Iraí localiza-se entre os paralelos 25º 25’e 25º 15’de laƟtude Sul e os meridianos 49º10’ e 48º50’ de longitude Oeste de Greenwich, (figura 1) a APA Estadual do Rio Iraí abrange parte dos municípios de Colombo, Pinhais, Piraquara, Quatro Barras e Campina Grande do Sul, a nordeste do Município de CuriƟba, em áreas marcadas, predominantemente, pelas baixas alƟtudes, exceção à porção leste, cujas cotas máximas aƟngem 1.420 metros sobre o nível do mar. 104 I Workshop regional de Geografia e mudanças ambientais ISBN: 978-85-89346-55-9 Ocupa uma área aproximada de 11.536 ha e sendo parte integrante do Plano de Recursos Hídricos da bacia hidrográfica do Alto Iguaçu e do Sistema Integrado de Proteção dos Mananciais da Região Metropolitana de CuriƟba (Lei Estadual 12.248/98), o estabelecimento desta unidade de conservação tem por meta a garanƟa da potabilidade da água de abastecimento público de parte da região metropolitana de CuriƟba. 1.1.1 Clima No Primeiro Planalto a temperatura média anual é de 16,5ºC e a máxima média 22,6ºC, sendo 20,4ºC a temperatura média do mês mais quente, 12,7ºC, a do mês mais frio, A precipitação máxima ocorre no mês de janeiro (190,7mm) e a mínima no mês de agosto (78,2mm), apresentando 12 meses úmidos e uma precipitação anual 1451,8mm. A classificação segundo Köppen é: Cĩ, sempre úmido, clima pluvial quente-temperado, mês mais quente inferior a 22ºC, onze meses superior a 10ºC, mais de 5 geadas ao ano e raramente ocorre neve (MAACK, 1981). Os dados pluviométricos sofrem o efeito da orografia e da meridionalidade: o aumento das precipitações sofre o efeito dos grandes desníveis topográficos e o posicionamento destes em relação ao avanço da Frente Polar AntárƟca. O aumento da pluviosidade do centro do planalto para o oeste deve-se ao efeito orográfico da Escarpa Devoniana de São Luiz do Purunã e para leste pelo efeito orográfico da Serra do Mar; o seu aumento do norte para o sul se deve aos efeitos da meridionalidade (IAPAR, 2000). Figura 1 – Localização da área de preservação ambiental do Iraí/PR Segundo o Relatório Ambiental da RMC (COMEC, 1997), em CuriƟba predominam os ventos dos quadrantes meridionais que asseguram o bom I Workshop regional de Geografia e mudanças ambientais ISBN: 978-85-89346-55-9 105 tempo no semestre hibernal, alternadamente frio e quente. No semestre de verão predominam ventos dos quadrantes setentrionais, que impelem as massas de ar quente sobre a frente sul de ar frio, isso ocasiona nebulosidade e chuva (MAACK, 1981). Segundo Maack (1981), na escala Beaufort, a força do vento aƟnge em média 3,1 de agosto a janeiro e 2,8 de fevereiro a julho, e sua média anual é de 2,9 m/s. 1.1.2 Solos O quadro 1 e a figura 2 mostram os solos encontrados na Área de Proteção Ambiental do Iraí - Paraná. Quadro 1 – Área e percentagem dos solos da APA do Iraí Tipo de solo Afloramentos de Rocha e Litólicos Cambissolos Gleissolos Organossolos Latossolos Argissolos Área (ha) 1.034,98 2.051,06 505,10 1.995,10 5.100,97 145,46 Percentagem 9,55 18,94 4,67 18,41 47,09 1,34 Fonte: EMBRAPA, 1999. Figura 2 – Mapa de solos da área de proteção ambiental do Iraí/PR 1.1.3 Vegetação O quadro 2, apresenta a vegetação da Área de Proteção Ambiental do Iraí – Paraná. 106 I Workshop regional de Geografia e mudanças ambientais ISBN: 978-85-89346-55-9 Quadro 2 – Vegetação da área de proteção ambiental do Iraí/PR Vegetação Estepe Gramíneo – Lenhoso / seco e úmido Floresta Ombrofila Mista de Montana Floresta Ombrofila Mista / Vegetação Secundária Floresta Ombrofila Mista Aluvial Área (ha) % 3.515,44 1.582,25 1.440,14 798,17 32,45 14,61 10,53 7,37 Fonte: COMEC, 2002. 1.1.4 Geologia As principais formações geológicas (figura 3) que consƟtuem a APA do Iraí são: Complexo Gnáissico MigmáƟco Costeiro, Granitos subalcalinos e alcalinos, Formação Guabirotuba, Sedimentos Recentes (MINEROPAR, 2001). Figura 3 – Mapa geológico da área de proteção ambiental do Iraí/PR 1.1.5 Hidrografia A bacia do rio Iraí a montante da barragem (área da APA do Iraí) pode ser dividida em 07 sub-bacias e suas informações básicas podem ser observadas no Quadro 3. I Workshop regional de Geografia e mudanças ambientais ISBN: 978-85-89346-55-9 107 Quadro 3 – Área de vazão das sub-bacias do Iraí Sub-bacia Timbú Canguiri Cerrado Curralinho Curralinho Jusante Iraí Montante Iraí Área (ha) 2.569,45 1.848,42 930,50 2.960,00 502,30 45,20 864,50 Vazão (m³/s) 0,43 0,30 0,17 0,55 0,10 0,03 0,23 Fonte: COBRAPE, 1999. 1.1.6 Geomorfologia A APA do Iraí está situada no comparƟmento geomorfológico idenƟficado como planalto sedimentar. A morfologia atual do planalto sedimentar é relaƟvamente complexa e as unidades pedológicas desenvolvidas sobre as diversas superİcies são heterogêneas. Compreende desde unidades bem evoluídas, latossolos anƟgos relacionados a anƟgos colúvios, distribuídos sobre o nível Pd1 até solos rasos pouco desenvolvidos das encostas mais dissecadas das superİcies sedimentares P2 e P1, além de unidades relacionadas aos ambientes de sedimentação atual e sub atual; solos hidromórficos. Face às caracterísƟcas morfodinâmicas, edáficas e geológicas, disƟngue-se o planalto sedimentar, com três subunidades disƟntas, (MAACK, 1981): 1 – A subunidade central onde se encontra a calha do rio, com ocorrência de diques marginais, barras de meandros e meandros abandonados recentes; 2 – A marginal inferior, com predomínio da planície de inundação, que abrange um setor mais deprimido; 3 – A marginal superior, localizada junto as vertentes e com ocorrência das baixas rampas de colúvio, os leques aluviais e terraços de soleira. 2 Resultados e discussão 2.1 Agropecuária e uƟlização das terras Os municípios envolvidos diferem dos outros da RMC, pois não Ɵveram suas estruturas produƟvas integradas ao setor primário, a não ser pela agricultura de subsistência, como o planƟo de milho e feijão, associados a algumas criações de animais e extração de lenha. A maioria das terras dos estabelecimentos agrícolas não era trabalhada, indicador de sub-ocupação, ou mesmo de uso alternaƟvos, como chácaras e áreas de lazer. Por outro lado, ainda exisƟam muitas áreas não incorporadas a estabelecimento que em alguns casos chega a 50% da área rural, ou seja, são áreas de reservas públicas ou de imóveis rurais, como laƟfúndio sem exploração, áreas essas que sem dúvida tem forte peso no indicador que aponta a RMC ainda com mais de 80% de área rural, embora com índices de urbanização de mais de 90%. 108 I Workshop regional de Geografia e mudanças ambientais ISBN: 978-85-89346-55-9 A agricultura na APA do Iraí ocupa área de 467,59 ha correspondendo a 4,32%, o reflorestamento (bracaƟnga e pinus) tem área de 270,50 ha correspondendo a 2,50% da área. 2.2 Sistema de produção a) Milho e Feijão: freqüentemente aliada à pecuária de leite, encontram nas pequenas, médias e grandes propriedades, consƟtuindo sistema dominante. Nesses ambientes há pouco uso de agroquímicos (defensivos) e pouca adubação química. O revolvimento do solo é feito com tratores e em menor escala a tração animal. A mecanização é em áreas planas e/ou várzeas drenadas, já nas meias encostas com solos cambissolicos ou latossolicos ocorre erosão acentuada, pois não há trabalhos conservacionistas adequados, quando muito os produtores limitam-se ao planƟo em nível, não adotando práƟcas de conservação de solo. b) Criação de animais de elite: na região há concentração de imóveis desƟnados à criação de animais de elite, destacando eqüinos e em menor escala bovinocultura leiteira, com animais registrados junto a associações de criadores, obedecendo a padrões de qualidade. c) Olericultura: em escala comercial produtor com uso intensivo de capital e insumos, com roƟna de uƟlização de inseƟcidas, fungicidas e adubação química pesada, além do revolvimento excessivo do solo, com área menor que 1,5 ha, adotando irrigação por aspersão em 50% das áreas. Destacando as culturas de couve-flor e o tomate, seguido de pepino, beterraba, feijão vagem e outros. Também ocorre a olericultura orgânica. d) Pequenas produções artesanais: como ocorrem áreas de lazer, clubes campestres, há procura por leite e seus derivados simples, verduras em geral, ovos, aves e pequenos animais para consumo e recria. e) Outras explorações: fruƟcultura de clima temperado e granjas de animais de pequeno e médio porte como aves, suínos e caprinos. 2.3 Tipos de propriedades rurais a) Pequenas propriedades agrícolas: exploradas por pequenos produtores com tradição na agricultura, tendo a única fonte de renda à produção rural, dominando milho, feijão e pecuária de leite; b) Pequenas propriedades de lazer: pertencem a profissionais sem tradição agrícola e que tem renda de outras aƟvidades na zona urbana, sendo a maioria “absenteístas”. A agricultura é reduzida e as aƟvidades bastante diversificadas, destacando criação de animais de pequeno e médio porte, usando trabalho de mão de obra assalariada. c) Médias propriedades: a aƟvidade agrícola é mais intensa que a anterior, assumindo caráter gerador de emprego, sem sistema de produção definido, ou seja, muito variado. A pecuária com animais de raças puras é crescente, destacando eqüinocultura. I Workshop regional de Geografia e mudanças ambientais ISBN: 978-85-89346-55-9 109 d) Grandes propriedades: são áreas de domínio do Estado: Secretaria da agricultura; IAPAR - InsƟtuto Agronômico do Paraná; CODAPAR – Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná; EMATER – Parque Castelo Branco; SEMA – Parque Florestal Metropolitano; Secretaria da Saúde – Hospital Adauto Botelho; UFPR – Fazenda de Agronomia. Na Colônia Penal Agrícola sobressai milho, feijão, pecuária leiteira, com aƟvidades paralelas de suinocultura, produção de tabletes de gramíneas para jardinagem, olericultura para consumo interno. 2.4 AƟvidades produƟvas e serviços poluidores da Bacia do Iraí AƟvidades agropecuárias, industriais e dos serviços desenvolvidos nos postos ao longo da BR-116 ou nas redes urbanas de Quatro Barras e Piraquara, tem relaƟvo significado como fontes poluidoras das águas da bacia do Iraí. a) Indústrias: Sub-bacia do Canguiri –Timbu: amianto (asbesto), indústrias moveleiras, Ɵntas e de reciclagem de papel. Sub-bacia Curralinho: pouco expressiva, restringindo a exploração e corte de pedras de maciços aflorantes na região da Borda do Campo. Sub-bacia do Iraí: extração de areia, mobilização de sílica e argila em suspensão, indústria de cerâmica entre o rio Iraizinho e o Iraí, no Sistema Penitenciário do Estado. b) AƟvidades Agropecuárias: Sub-bacia Canguiri – Colônia Faria, com aƟvidade agrícola de subsistência, com uso de agrotóxicos em larga escala, culƟvando tomate, alface e cenoura. Área do IAPAR – 110 ha, onde quase metade da área é desƟnada a experimentos perenes, com milho, forragens, o restante da área com gado leiteiro. A FASPAR (Fundação de Ação Social do Paraná), unidade Queiroz Filho é parte do Complexo Penitenciário do Estado com 30 ha, ocupados com fruƟcultura e olericultura, com área de drenagem direta para o rio Canguiri dos insumos, ferƟlizantes e agrotóxicos. Hospital Adauto Botelho, com planƟo de hortaliças para consumo próprio. Sistema Penitenciário entre as sub-bacias do rio Curralinho Iraí e Iraizinho, com parte da área usado em agricultura. Hospital São Roque da Fundação Caetano Munhoz da Rocha, na margem esquerda do rio Iraizinho, com área principalmente com soja e manutenção de cavalos uƟlizados para ensaios imunobiológico. Entre Quatro Barras e Piraquara, há grande número de proprietários com criação de cavalos, sob regime de semiconfinamento e manejo intensivo de reprodução e/ou adestramento, também ovinos, aves, coelhos e suínos, que são as espécies com criação mais intensiva. 2.5 Efeitos do uso e ocupação da bacia na qualidade da água A desadequação do uso do solo conduz à poluição por sedimentos erodidos, alterando a turbidez, cor e DBO. Da mesma forma, o uso indiscriminado 110 I Workshop regional de Geografia e mudanças ambientais ISBN: 978-85-89346-55-9 de insumos leva ao transporte de nutrientes e biocidas, através do processo erosivo. Contribuem também para comprometer a qualidade da águas, o carreamento de matéria orgânica da camada superficial do solo e principalmente de dejetos animais, humanos e industriais em especial as descargas líquidas de granjas esgotos. No quadro 5, estão assinaladas as áreas afetadas pela degradação, os fatores que a propiciam e os atuais e os prováveis impactos. Quadro 5 – Áreas afetadas e fatores de degradação atuais e prováveis Áreas afetadas Áreas urbanas Áreas rurais Fatores que propiciam a degradação Uso desordenado do solo urbano. Construção de estradas. Lixo exposto a céu aberto. Fontes móveis, ruídos e contaminação. Canalizações arƟficiais Ação da água superficial e subterrânea. Descargas de esgotos domésƟcos e galerias de águas pluviais. Erosão superficial do solo. Águas do escoamento superficial contendo poluentes. Resíduo industrial. Impactos atuais ou prováveis Risco de vida para a população. Aspecto estéƟco desagradável. Prejuízos à saúde pública. Assoreamento de cursos d’água e do Lago do Iraí. Erosão acelerada afetando estradas e edificações. Eutrofização. Prejuízos para a produƟvidade. Uso inadequado do solo rural. Assoreamento e eutrofiCulƟvo irracional das encostas. zação de cursos d’água. ReƟrada da cobertura vegetal. Prejuízos à saúde pública. Uso de defensivos agrícolas e Danos ecológicos à vegeagrotóxicos. tação e fauna aquáƟca e Exploração mineral. terrestre. Construção de estradas Erosão acelerada prejudicando áreas agricultáveis. 3 Conclusões Os problemas ambientais relacionados à coleta de lixo e à rede de drenagem afetam sensivelmente o reservatório do Lago do Iraí; A caracterização sócio-ambiental da APA do Iraí permiƟu idenƟficar os fatores que propiciaram a degradação e os impactos atuais ou prováveis. Assim, essa caracterização fornece informações que podem ser uƟlizadas para elaboração de um plano de organização ou reorganização do espaço, à medida que considera os mecanismos de degradação, suas modalidades, evidenciando sua lógica própria como o resultado de um conjunto de mudanças devido à intervenção de vários fatores, tanto sociais quanto naturais. I Workshop regional de Geografia e mudanças ambientais ISBN: 978-85-89346-55-9 111 As APAS são unidades de preservação com manejo restrito, mas em função da necessidade de industrialização da região passaram para unidades técnicas de planejamento para possibilitar a instalação de indústrias nestas áreas, o que contribuiu para a degradação ambiental. Há um movimento no senƟdo de promover o crescimento da região metropolitana para leste da RMC, o que implicaria a desaƟvação da barragem como manancial de abastecimento de água e conseqüentemente a busca de outras fontes alternaƟvas para suprir o fornecimento de água para a região sendo onerosa em virtude da derivação de outras bacias. Referências COORDENAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – COMEC. Relatório ambiental da região metropolitana de CuriƟba. CuriƟba: Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral, 1997. COORDENAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – COMEC. PDI – Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de CuriƟba, 2002. CuriƟba, PDI Bloco A/1.1, 2002. 124 p. EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília: EMBRAPA, Produção de Informação, 1999. 412 p. INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR. Cartas climáƟcas do Estado do Paraná. Londrina: InsƟtuto Agronômico do Paraná, 2000. MAACK, R. Geografia İsica do Estado do Paraná. CuriƟba: Secretaria da Cultura e do Esporte do Governo do Estado do Paraná, 1981. 449 p. MINÉRIOS DO PARANÁ – MINEROPAR. Atlas geológico do Estado do Paraná. CuriƟba: 2001. (Disponível em CD-ROM, versão pdf). PARANÁ. Lei Estadual nº 12.248 de 31 de julho de 1998. Que insƟtui o Sistema Integrado de Gestão e Proteção dos Mananciais da Região Metropolitana de CuriƟba – SIGPROM/RMC, Diário Oficial do Estado do Paraná, CuriƟba, 1998. TRICART, J. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE-SUPREN, (Recursos Naturais e Meio Ambiente), 1977. 91 p. 112 I Workshop regional de Geografia e mudanças ambientais ISBN: 978-85-89346-55-9