50 INSETOS DO BRASIL condido no antepenúltimo, que é bilobado) e pelo 1.° artículo dos tarsos posteriores longos, geralmente tão longo quanto os seguintes reunidos. Abdome aparentemente com 4 urosternitos, por serem os 2 primeiros soldados. Há cêrca de 200 espécies, das quais mais de 120 são da Região Neotrópica, quase tôdas dos gênero Aderus Westwood. Encontram-se Larvas 31. e em adultos flôres e em predadores detritos ou vegetais. saprófagos. Bibliografia. CORELLA, L. B. 1948 - Estudio sobre los Aderidae (Coleópteros Heterómeros, Xylophilidae, Hylophilidae sive E u g l e n i d a e ) . Cons. Sup. I n v . C i e n t . , M a d r i d : 457p., 134 figs. PIC, M. 1902 1903 - Hylophilidae. G e n . I n s . , 8 : 1 4 p., 1 est. col. C o n t r i b u t i o n à l ' é t u d e g é n é r a l des H y l o p h i l i d e s A n n . Soc. E n t . F r . , 72:65-107. 1905 - Idem, ibidem, 74:181-286. 1910 - Hylophilidae. Col. C a t a l . , 17(14):25p. Família MORDELLIDAE¹ (Mordellonae Latreille, 1802; MordelIides Leach, 1815; Mordelladae Leach, 1817; Mordellidae Stephens, 1829; Mordelloidea Leng & Mutchler, 1933). 32. Caracteres, etc. - Insetos pequenos ou de tamanho médio, fàcilmente reconhecíveis pelo aspecto cuneiforme do corpo. Visto de cima, apresenta-se gradualmente estreitado do torax até o ápice do abdome (excepto em Anaspidinae²) ¹ De (?) mordeo, eu mordo. ² De acordo com os estudos de BÖVING a subfamilia Anaspidinae (De privativo e (aspis), escudo, escutelo), pelos caracteres larvais, deve ser ferida para Anthicidae ou talvez para Languridae. (a), trans- 51 COLEOPTERA com o pigídio prolongado em processo mais ou menos alongado, agudo ou rombo (fig. 41). Visto de lado, fortemente curvado da cabeça para trás e com a face ventral bem convexa. Fig. 41 - Mordelidae (Lacerda fot.). Cabeça hipognata, querenada atrás, em repouso apoiando-se sôbre os quadris anteriores, bruscamente estreitada em pescoço, que fica escondido no protorax. Antenas filiformes, serradas, pectinadas ou mesmo flabeladas. Segmento apical dos palpos mais ou menos securifor- Fig. 42 - 1 e 2 Mordellistena cattleyana Champion, 1913 (Mordellidae), fêmea adulta; vista de cima e de lado; 3) fôlha de Cattleya labiata com galerias abertas pelo inseto (De Lepage & Figueiredo, 1943). me; em Calyce cardinalis Blair 1922, na fêmea, no macho com processo brevemente lamelado. cultriforme, Protorax, lateralmente élitros na base. quanto marginado, tão largo Élitros estreitando-se para trás, sempre deixando o pigídio descoberto não (7.° truncados, urotergito). os porém 52 INSETOS DO BRASIL Asas, em geral, bem desenvolvidas, não raro, porém, ausentes. Garras simples em Anaspidinae, em Mordellinae de aspecto característico, apresentando, além da garra pròpriamente dita, em geral denteada ou pectinada em baixo, espécie de garra adicional, laminada e pouco esclerosada. Cavidades cotilóides anteriores abertas atrás; quadris anteriores grandes e cônicos; pernas posteriores bem mais desenvolvidas que as anteriores. Para perfeita distinção desta família de Ripiphoridae, ver o trababalho de FRANCISCOLO (1952). Larvas moles, de corpo alongado, providas de pernas curtas e de um Fig. 43 - Larva (1, vista de cima, 2, de baixo e 3, de lado) e pupa (vista de lado) de Morou dois urogomphi fixos; dellistena cattleyana (De Lepage & Figueiredo, 1943). geralmente são encontradas nos tecidos das plantas. Algumas espécies são cecidógenas, outras fungívoras. Carece de confirmação a notícia de que haja larvas de Mordelideos predadoras. Os adultos, em geral, são florícolas. A família compreende umas 800 espécies das quais cêrca de 420 são da Região Neotrópica, distribuídas nas subfamílias Anaspidinae (sem espécies observadas no Brasil) e Mordeliinae. Desta subfamília interessa-nos uma do gênero Mordellistena Costa, o qual se distingue de Mordella L. por terem as suas espécies a tíbia e o 1.° tarsômero posterior providos de rugas oblíquas, mais ou menos numerosas e armadas de pequenos espinhos COLEOPTERA 53 33. Mordellistena cattleyana Champion, 1913 (figs. 42 e 43). Nas linhas que se seguem transcrevo as observações de LEPAGE e FIGUEIREDO JR. (1943) relativas à biologia e ao combate dêste inseto: "Biologia A postura realiza-se quase sempre na pagina superior das folhas. Com o seu ovipositor, a fêmea pratica um orificio colocando sôbre o mesmo o ovo. Sôbre o ovo nota-se um fino e delicado tecido branco com cêrca de 1 mm. de diâmetro que o oculta quase totalmente. Após o periodo de incubação, a larvinha sai do ovo, penetrando diretamente na folha pelo orificio feito pela f ê m e a n a ocasião da p o s t u r a . A l a r v i n h a nova, c o m c ê r c a de 1 m i l í m e t r o de c o m primento, de côr branca, perfura a folha, caminhando no p a r ê n c h y m a , g e r a l m e n t e e m d i r e ção das n e r v u r a s . Da galeria principal partem derivações, porém aquela é sempre procurada pela larva. Nas galerias encontramos fézes pardacentas e particulas muito refrigentes, de natureza desconhecida. Já verificamos até 22 larvas em uma só folha. As larvas, quando completamente desenvolvidas, chegando a medir 7 milimetros, fazem um berço pupal. O adulto parece não dispor de dispositivo para roer, pois a larva, antes da pupação, róe uma tampinha que é apenas empurrada pelo adulto após a emergência. A pupa tem cêrca de 4 mm. de comprimento, é de côr clara-creme e caracteriza-se por um espinho longo, dorsal, no 8.° segmento. Após a eclosão da pupa o adulto permanece alguns dias no berço pupal para endurecer os tegumentos. O adulto é um besourinho pubescente de 3 milímetros de comprimento. De dia está ativo e à noite repousa sôbre as folhas. Tem o corpo cônico e abdomen prolongado em um apêndice em forma de ponta de lança. Quando em movimento o adulto tem a cabeça unida verticalmente contra o tórax. Côxas traseiras alargadas e achatadas. Tarsos anteriores e médios de 5 artículos, os posteriores com 4. Cavidades coxais anteriores abertas atrás. O dano é causado apenas nas folhas - depreciando consideravelmente a planta. Combate - Nas plantas que apresentam algumas folhas com galerias da larva, a medida mais aconselhavel seria o seu córte e queima. 54 INSETOS DO BRASIL Os tratamentos indicados por meio de picadas com alfinetes, na parte final das galerias, são completamente ineficientes, porque as larvas não estão obrigatoriamente no final das galerias, como temos verificado constantemente. Também já foram indicados tratamentos por meio de injeções de inseticidas nas galerias, por meio de seringa. Esta operação seria apenas aconselhavel no caso de se tratar de alguma orquídea rara e com poucas folhas. Nas plantas pouco atacadas, onde é possivel cortar as folhas com galerias sem prejuizo da planta, é sempre o processo mais recomendável. Nas plantas totalmente infestadas, como tivemos ocasião de observar uma Cattleya warneri, na qual constatamos até 22 larvas numa só folha, o único meio aconselhavel seria o tratamento por meio de fumigantes ou inseticidas gasosos, em ambiente fechado. Um ponto importante a ser encarado é que multas vezes as folhas apresentam numerosos galerias, porém os insetos adultos já saíram e, portanto, nestes casos, não há necessidade de qualquer tratamento. Verifica-se facilmente se o inseto já abandonou a planta pela presença, nas folhas, dos orifícios feitos pelos adultos ao sairem, ou examinando algumas folhas com uma lupa. Nos tratamentos por meio de fumigantes, podemos empregar o gaz cianhidrico, o brometo de metila ou a nicotina. Nas estufas, na Alemanha, foram usados o gaz cianhidrico e a nicotina, sendo que o primeiro não deu resultados satisfatórios, emquanto que o segundo foi eficás no combate à Mordellistena." 34. Bibliografia. BLAIR, K. G. 1922 - A new genus and some new species of Mordellidae. Ent. Mo. Mag., 58:221-226, 5 figs. CHAMPION, J. C. 1891 - Mordellidae. Biol. Centr. Amer., Coleopt., CZIKI, E. 1915 - Mordellidae. Col. Catal., 17 (63):84p. 4(2):250-350, 5 ests. COLEOPTERA 55 ERMISCH, K. 1950 - Die Gattungen der Mordelliden der Welt. E n t . Bl., 45-46 (1949-1950):34-92. FRANCISCOLO, M. 195 - On the systematic position of the genus Ctenidia C a s t e l n a u , 1840 (Coleoptera) ( C o n t r i b u t i o n X X X I V to the knowledge of the M o r d e l l i d a e ) . Proc. R. E n t . Soc. L o n d . , 21(B):155-163. 51 figs. LENGERKEN, H. VON 1920 - Eine neue Mordellistena aus Columbien als Schädling an Orchideen-Kulturen. Zeits. Angew. E n t . , 6:409-411. LEPAGE, H. S. & E. R. FIGUEIREDO JR. 1943 - A Mordellistena cattleyana Champ., 1913, mineira das folhas de orquídeas (Coleoptera, Mordellidae). Bol. Soc. Bras. A g r o n . , 6:175-182, 2 figs. - Monograph of the family Mordellidae (Coleoptera) of North America, N o r t h of Mexico. Misc. P u b l . Zool. U n i v . Mich., 6 2 : 2 2 9 p., 125 figs. - Some hypermetamorphic beetles. Nebr. U n i v . S t u d . , 4:1-38, ests. LILJEBLAD, E. 1945 PIERCE, W. D. 1904 RAY, E. 1930 1936 - 1937 - 1937 - A s t u d y of S o u t h A m e r i c a Mordellidae. Coleopt. C o n t r i b . , 1(3):161-171, 1 est. The Neotropical Mordellidae of the Deutsches Entomologisches Institut, with descriptions of new species. Arb. Morph. Taxon. Ent., Brelin-Dahlem, 3:142-150; 215-221, 8 figs. Two new beetles of the family Mordellidae from orchids. Proc. U. S. N a t . M u s . , 84(3016):239-241. Synopsis of the Puerto-Rican beetles of the genus Mordellistena, w i t h d e s c r i p t i o n s of n e w species. Proc. U. S. Nat. Mus., 84(3020):389-399, 1 fig. 56 INSETOS DO BRASIL RAY, E. 1939 - A taxonomic study of Neotropical beetles of the family Mordellidae with descriptions of new species. Proc. U. S. Nat. Mus., 87:271-314, 19 figs. SCHOEVERS, T. A. C. 1921 - Een voor Cattleya's schadelijk Kevertze. Tijds. Plantenzickten, 27:65-71, 1 fig. XAMBEAU, P. 1908 - Moeurs et métamorphoses des Coléoptères du groupe des Mordellides. Le Natural., 30:238-240; 249-251; 263-264; 272-273; 284-285. Família RIPIPHORIDAE¹ (Rhipiphoridi Costa, 1850; Rhipiphorides Gerstaecker, 1855; Lacordaire, 1859; Rhipiphoridae Thomson, 1859; Ripiphoridae Barber, 1939 (incl. Anaspididae Jeannel & Paulian, 1949 (Anaspides Lacordaire, 1859); Anaspidae Jeannel & Paulian, 1944). 35. Caracteres, etc. - Insetos de porte médio ou pequeno, incluídos outrora em Mordellidae. A separação das duas famílias baseia-se principalmente no aspecto das antenas e das peças bucais. Estas são freqüentemente atrofiadas, aquelas serriformes ou unipectinadas nas fêmeas; nos machos pectinadas ou mais ou menos longamente biflabeladas. Cabeça fortemente estrangulada na base do pescoço. O torax ou não é marginado lateralmente ou o é indistintamente. Os élitros geralmente cobrem o abdome e as asas nas fêmeas; nos machos são mais ou menos reduzidos, atenuados e deiscentes ou esquamiformes, deixando em grande parte des1 De (rhipis, idos), leque e (phoros), que leva ou traz. Como ficou cabalmente demonstrado por BARBER (1939), BOSC (1792) e THUNBERG (1806) criaram, respectivamente, Os gêneros Ripiphorus (sic) e Ripidius (sic). AGASSIZ, seguindo O mau vezo dos autores da sua época, corrigiu a grafia dêsses nomes realmente mal construídos usando Rhipiphorus e Rhipidius. GISTLER (1847) e GEMMINGER & HAROLD (1870) foram ainda mais longe na correção do primeiro nome, emendando-o para Rhipidophorus. Portanto o nome da família deve ter a grafia indicada por BARBER - Ripiphoridae e não Rhipiphoridae ou Rhipidophoridae.