ANÁLISE MINERALÓGICA, PETROGRÁFICA E QUÍMICA DOS CHARNOCKITOS DA REGIÃO DE ALFENAS, SUL DE MINAS GERAIS VINICIUS ARCANJO FERRAZ1 e LINEO APARECIDO GASPAR JUNIOR2 [email protected], [email protected] 1 Orientado de estágio curricular do curso de Geografia – Unifal-MG 2 Professor do curso de Geografia – Unifal-MG Palavras-chave: mineralogia, petrologia, charnockitos. Introdução Desde os primórdios das sociedades, as rochas desempenham diferentes funções na vida dos seres humanos. Com o decorrer do tempo e de maneira natural, alguns tipos de rochas passaram a ser selecionadas devido a alguns aspectos, e tornaram-se mais importantes nas funções decorativas, estas receberam o nome de rochas ornamentais. Atualmente denominam-se rochas ornamentais aquelas que estão envolvidas em processos decorativos, ou melhor explicando: As rochas chamadas “ornamentais” são aquelas submetidas ao polimento e utilizadas com fins decorativos na superfície de objetos, diferentes daquelas utilizadas como materiais de construção em geral, cuja importância principal é a firmeza física. Neste sentido, o alto brilho da superfície polida é um fator de extrema importância. São incluídas as rochas não polidas para usos decorativos, consideradas “rochas semiornamentais” (Vargas, et al., 2003). Além de seus atributos estéticos, as rochas ornamentais tem passado por uma série de testes e ensaios para serem empregadas nos seus respectivos usos, com o intuito de garantir o melhor desempenho de cada rocha de acordo com suas características físicas e estruturais. Quem mais se utiliza dos resultados destes experimentos, é o setor da construção civil, uma vez que eles recorrem freqüentemente à esse tipo de rocha 1 principalmente para revestimentos, tendo que garantir assim a durabilidade e a certeza da estética dos materiais rochosos empregados. Uma das rochas ornamentais mais utilizadas e também com ocorrência muito freqüente em algumas regiões do Brasil, é o charnockito, no qual tem definição no Dicionário de Mineralogia e Gemologia de Branco (2008) como “variação de granito com hiperstênio, usada como pedra ornamental. Emprega-se muito, no Brasil, o charnockito e é conhecido comercialmente como Verde Ubatuba (Branco, 2008). As rochas charnockiticas magmáticas plutônicas, possuem na maioria das vezes alguns minerais cristalizados com granulometria grossa, além de ser encontrado na coloração verde escura. Sendo uma variação granítica, os charnockitos “são fisicamente difíceis de serem explotados e beneficiados, entretanto, tem alto brilho no polimento e alta durabilidade mecânica” (Vargas, et al., 2003), características estas que fazem o charnockito ter uma grande importância nas classificações como rochas ornamentais. A região de Alfenas, no sul de Minas Gerais, segundo Almeida (1997), possui em seu território afloramentos rochosos de gnaisses charnockítos, dispostos em uma pedreira abandonada perto da zona urbana do município, sendo este material o objeto de estudo deste trabalho, no qual pretende-se realizar as devidas analises (mineralógicas, petrográficas e químicas) para a identificação da ocorrência e melhor adequação para o uso desta rocha ornamental nesta área. Objetivos Com a realização deste projeto, os seguintes objetivos serão atingidos: • Levantamento bibliográfico da geologia da região e de trabalhos sobre análise de rochas charnockíticas. • Análise por aerofotogrametria dos principais corpos charnockíticos da área em questão. • Mapeamento das principais formações rochosas. 2 • Caracterização, mineralógica (Difração de raios-X), petrográfica (análise em microscópio óptico das lâminas delgadas), e química (fluorescência de raios-X) das amostras de rochas charnockíticas coletadas. Metodologia A execução deste projeto consistirá de: 1) Trabalhos de escritório para levantamento bibliográfico e para fazer um estudo preliminar de processamento digital de imagens, visando delimitar os “corpos” ou “compartimentos morfológicos” onde ocorram as rochas charnockíticas; 2) Trabalhos de Campo para descrição geológica e coleta de amostras; 3) Análise Mineralógica dos materiais coletados (Difração de Raios X); 4) Análise Petrográfica (Macroscopia de amostras de mão e Microscopia de lâmina delgada) e 5) Química (elementos maiores por Fluorescência por Raios X). A descrição macroscópica das amostras consistirá simplesmente na observação das amostras de mão à vista desarmada e com lupa para analisar os seguintes aspectos: mineralogia, coloração, estrutura e textura das amostras de rocha. O estudo ao microscópio óptico, deverá envolver as amostras charnokíticas sem alteração. As lâminas delgadas das rochas coletadas serão confeccionadas no Laboratório de Laminação da UNESP – Rio Claro-SP. Estas serão analisadas usando o microscópio Zeiss do Laboratório de Geociências do Instituto da Natureza da UNIFAL, determinando-se a mineralogia, estrutura, textura, tipos de alteração, etc. Após serem determinados esses parâmetros as lâminas delgadas serão fotografadas num microscópio óptico com câmera de vídeo acoplada, sendo estas imagens trabalhadas em computador em um programa específico. Para a identificação dos diferentes tipos de minerais presentes nas amostras será utilizado o método de difração de raios X, segundo Universidade Louis Pasteur (1978). Inicialmente as amostras serão preparadas de forma integral, ou seja, estas serão moídas em moinho de martelo do Laboratório de Moagem da UNESP-Rio Claro-SP, abaixo de 200 mesh, sendo submetidas à análise por difração de raios X. 3 O equipamento utilizado será o difratômetro de raios X RIGAKU – Modelo Geigerflex CN D/MAX-B do Departamento de Geologia da ESCOLA DE MINAS/ UFOP – MG. Em relação a análise de fluorescência de raios-X será determinada a composição de elementos maiores nas amostras coletadas, segundo Gomes (1984). As amostras serão acopladas em pastilhas e analisadas no espectrômetro de fluorescência de Raios X, PHILIPS PW 2510 da ESCOLA DE MINAS / UFOP - MG. Resultados Esperados Após todos os procedimentos realizados durante a pesquisa, a finalização deve apresentar os seguintes resultados: • Análise desses materiais (gnaisses charnokíticos) para serem utilizados na indústria da construção civil da região; • Mapa Geológico da região estudada, caracterizando a ocorrência dos gnaisses charnokíticos. • Esse projeto contribuir de referência para novos estudos em outras regiões do país com os mesmo tipos rochas presentes; • Esses resultados deverão ser publicados em eventos e principalmente em periódicos nacionais e internacionais, ou bem disponibilizados conforme a demanda da sociedade. Bibliografia ALMEIDA, S. H. S. Estruturação Tectônica da Borda Norte da Cunha de Guaxupé na Região de Alfenas (MG). Rio Claro: UNESP, 1997, 156p. TESE (Mestrado em Geologia Regional) Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista-UNESP, 1997. 4 BRANCO, P. M. Dicionário de Mineralogia e Gemologia 1ª. Ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. 608p. GOMES, C. B. Técnicas Analíticas Instrumentais à Geologia. São Paulo: Edgard Blücher: PROMINÉRIO, 1984. 218p. UNIVERSIDADE LOUIS PASTEUR (1978) - Technique de Préparation des minéraux argileux en vue de l' analyse par diffraction des rayons-X. Strasbourg, 1978. CNRS, 34p. VARGAS, T.; MOTOKI, A.; ZUCCO, L.L.; SILVA, M.; MELO, D.P.; SILVA, A.F.; ADRIANO, L.; MOTTA, C.E. Rochas ornamentais, um estudo para o ensino fundamental. Livro de Resumos da 7 Mostra de Extensão da UERJ, Sub-reitoria de a Extensão e Cultura, SR-3 da UERJ, p. 151-152, 2003. 5