SEPI - Sistema de Ensino Presencial Integrado

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Economia de Mercado
Módulo 17 – A ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
Examinemos as duas curvas de demanda dispostas abaixo. Qual a diferença entre uma e
outra?
A forma e a inclinação de uma curva de demanda constituem um fato de mercado e são
determinadas por fatores subjacentes, como a natureza das preferências do consumidor e a
disponibilidade de outros bens que desempenham papéis semelhantes no processo de
consumo, conhecidos como bens substitutos. Ou, ainda, de bens complementares, ou seja,
bens, cuja demanda de um provoca a demanda de outro, como automóvel e combustível.
Ou café e açúcar, como regra geral.
A seguir, destaca-se a inclinação da curva. Você já deve ter percebido que esta é a
diferença entre as duas curvas de demanda A e B: o seu grau de inclinação. Com atenção,
percebe-se que as variações de preço no caso da curva A provocam variações de
quantidade demandada em menor intensidade. Já na curva de demanda B, as variações
eventuais do preço provocariam variações mais do que proporcionais na quantidade
demandada.
Então, é isso! A elasticidade-preço da demanda é uma medida da sensibilidade da
quantidade demandada em relação às variações do preço do bem ou serviço. Ou seja: a
elasticidade-preço da demanda mede a variação percentual da quantidade demandada em
relação à variação percentual do preço. É designada por:
Vê-se, portanto, que a elasticidade é um útil resumo descritivo das características das
relações entre duas variáveis: quantidade e preço. Vale lembrar a frase mnemônica:
“quantidade sobre preço”.
Note que o valor que resulta da relação acima, ou seja, o valor de Ed, relaciona-se a um
determinado ponto da curva. Espera-se que a curva da demanda mostre diferentes
elasticidades em pontos diferentes, embora isso não ocorra necessariamente. Altas
elasticidades significam alto grau de resposta à alteração do preço. Por sua vez, baixas
elasticidades indicam relativa insensibilidade à alteração de preço.
Dada a sua importância no estudo das diversas situações relacionadas ao equilíbrio da
firma, maximização do lucro, formação do preço de venda e outros conceitos, destaca-se
como se calcula o valor da elasticidade-preço da demanda e o impacto da elasticidadepreço da demanda na receita total da firma.
a) O cálculo da elasticidade-preço da demanda
Para achar o valor da elasticidade-preço da demanda, é preciso conhecer os preços iniciais
e finais, bem como as quantidades iniciais e finais. Ou seja: como se trata de uma variação
percentual ocorrida nessas variáveis, supõe-se que existia um preço inicial Po associado a
uma quantidade demandada inicial Qo. Uma variação no preço do bem de Po para P1
provoca uma variação na quantidade demandada de ordem inversa, ou seja, quando o
preço aumenta, a quantidade demandada diminui de Qo para Q1. Da mesma forma, quando
o preço diminui, a quantidade demandada aumenta.
A variação percentual na quantidade demandada é indicada pela relação entre a diferença
absoluta verificada entre a quantidade Qo e a quantidade Q1 — que chamaremos de Δq —
e a sua comparação com a quantidade inicial Qo. A variação percentual no preço é indicada
pela relação entre a diferença absoluta verificada entre o preço Po e o preço P1 — que
chamaremos de Δp — e a sua comparação com o preço inicial Po. Então:
Δq = Q1 – Qo
Δp = P1 – Po
Daí decorre que:
Dado que a quantidade demandada e o preço variam em um sentido inverso, o sinal
resultante de Ed será sempre negativo. Para a determinação de elasticidade-preço da
demanda, considera-se o resultado absoluto da divisão, motivo pelo qual se despreza o
sinal negativo, utilizando o módulo, cuja notação é dada por uma barra no lado esquerdo e
outra no lado direito do valor obtido.
O valor de Ed poderá resultar igual a |1|, menor do que |1| ou maior do que |1|. Nos casos
extremos, tenderá para zero ou para o infinito. E será esse valor que determinará o tipo de
elasticidade-preço da demanda:
• Demanda elástica em relação a preço:
Quando o aumento percentual da quantidade demandada é relativamente maior — mais do
que proporcional — à queda percentual dos preços, ou, de outra forma, quando a
diminuição percentual da quantidade demandada é relativamente maior do que o aumento
percentual dos preços. Nesse caso, o valor de Ed será maior do que |1|;
• Demanda inelástica em relação a preço:
Quando o aumento percentual da quantidade demandada é relativamente menor do que à
queda percentual dos preços, ou, de outra forma, quando a diminuição percentual da
quantidade demandada é relativamente menor do que o aumento percentual dos preços.
Assim, o valor de Ed será menor do que
|1|.
• Demanda de elasticidade unitária em relação a preço:
Quando o aumento percentual da quantidade demandada é rigorosamente igual à queda
percentual dos preços, ou, de outra forma, quando a diminuição percentual da quantidade
demandada é rigorosamente igual ao aumento percentual dos preços. Assim, o valor de Ed
será igual a |1|;
• Demanda perfeitamente elástica em relação a preço:
É uma situação extrema, em que a curva de demanda posiciona-se paralelamente ao eixo
horizontal. Logo, a resposta da quantidade demandada é extremamente maior do que a
queda percentual dos preços, com o valor de Ed tendendo para o infinito;
• Demanda plenamente inelástica em relação a preço:
Também retrata uma situação extrema, com a curva de demanda posicionando-se
paralelamente ao eixo vertical, isto é: a resposta da quantidade demandada à variação
percentual do preço é praticamente nula. Então, o valor de Ed tende a zero.
Vejamos graficamente cada um desses tipos de elasticidade preço da demanda. Observe,
em especial, o ângulo formado pelas retas de demanda e a diferença entre quantidades e
preços, indicadas pelo Δq e Δp:
b) O conceito de elasticidade-preço da demanda e sua relação com a receita total da
firma
Conhecida a elasticidade-preço da demanda de determinado produto, verifica-se qual a
repercussão de medidas relacionadas à formação do preço de venda, ou mesmo à adoção
de certos descontos em campanhas promocionais sobre a receita total da firma.
Por trás da adoção de preços menores, acredita-se que haverá uma expansão da
quantidade vendida, porque a demanda reage positivamente a reduções de preço. Mas, se
as experimentações realizadas comprovaram que a demanda é inelástica em relação a
preço, então, fatalmente, haverá uma redução na receita total da firma, com todos os
aspectos negativos que esse fato acarreta no fluxo de caixa da organização.
Conforme visto, a receita total RT da firma é dada pela multiplicação do preço unitário P pela
quantidade vendida Q, tal que:
RT = P x Q
Dos movimentos de preços e quantidades deduz-se
uma situação inicial:
RTo = Po x Qo
e uma situação após os movimentos de preços e quantidades dada por:
RT1 = P1 x Q1
No estudo dessas relações, destacam-se duas situações distintas:
a) a demanda é elástica em relação a preço
Quando uma diminuição no preço do produto ocasionará um aumento da quantidade
vendida mais do que proporcionalmente à redução verificada no preço. Assim, haverá uma
elevação da receita total da firma. Por outro lado, aumentos no preço de venda do produto
poderão provocar uma contração da receita da firma — vide gráfico abaixo —, dado que a
diminuição da quantidade demandada será proporcionalmente maior do que o aumento
verificado no preço do produto, o que exigirá uma atenção especial por parte do formulador
do preço do bem;
b) a demanda é inelástica em relação a preço
Uma variação percentual no preço do produto não provocará variações percentuais na
quantidade demandada em mesma intensidade. Em ocorrendo uma diminuição do preço do
produto, o aumento da quantidade demandada será proporcionalmente inferior à redução
percentual no preço. Com isso, a receita total da firma diminuirá. Por sua vez, um aumento
no preço do produto provocará uma redução na quantidade demandada menos do que
proporcionalmente, o que poderá ampliar a receita total da firma, conforme demonstrado no
gráfico abaixo:
Para finalizar esses tópicos referentes à elasticidade, atentemos para dois outros tipos de
elasticidade: a elasticidade preço cruzada da demanda e a elasticidade-renda da demanda.
O estudo desses dois outros tipos de elasticidade da demanda possibilita, adicionalmente, o
tipo de bem relacionado em certos casos.
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