jornal astrológico - Associação Portuguesa de Astrologia

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abril a junho
Primavera 2015 | N.º 1 2
jornal astrológico
INGRESSO VERNAL DE 2015, PARA PORTUGAL E BRASIL
• João Medeiros •
O ETERNO RETORNO
• ivo Miguel Silva •
NODOS LUNARES, ECLIPSES
. Patrícia Azenha Henriques •
ANÁLISE ASTROLÓGICA DE “MAR PORTUGUEZ”
• Alberto Silva •
CÓDIGO DO ASTRÓLOGO HUMANISTA
• Vitorino de Sousa •
O BRANCO MAIS PRETO DO BRASIL
• Nicole Zeghbi •
ESTUDAR ASTROLOGIA
• Jorge Lancinha •
MAPAS ASTROLÓGICOS - IDENTIDADES DE VIDA
• Ricardo Maria Louro •
PLANETAS LENTOS NOS SIGNOS DE FOGO
• Carlos Hollanda •
RUBRICAS HABITUAIS
• Pergunte ao Astrólogo • Efemérides • Previsões Infalíveis•
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Diretora Editorial
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sem prévia autorização dos autores.
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EDITORIAL
BEM VINDOS ao 1º Simpósio Luso –Brasileiro de Astrologia!
A ASPAS - Associação Portuguesa de Astrologia, organiza nos dias 20, 21
e 22 de março o 1º Simpósio Luso-brasileiro de Astrologia, a decorrer no
Centro de Reuniões da Fil, Parque das Nações em Lisboa. A Abertura Solene
será realizada no dia 20 de março na emblemática e histórica Sociedade
de Geografia.
Nele participam 43 destacados astrólogos Portugueses e Brasileiros, que
irão dar o seu contributo para a caracterização do mundo atual à luz das
variantes pessoal, relacional e coletiva da astrologia.
O número 12 do Jornal 4 Estações celebra a Primavera com a análise do
mapa do ingresso do Sol em Carneiro / Áries e com uma reflexão sobre o
“eterno retorno”.
Este número que estará à venda no durante o Simpósio (e posteriormente
por encomenda através dos nossos canais de divulgação, nomeadamente
nosso site e blogue e do nosso parceiro EUEDITO ) cuja inauguração ocorre
num dia muito especial – no dia um eclipse solar. Muito a propósito, Patrícia
Azenha Henriques explica a mecânica dos nodos lunares e a implicação
deste eclipse no mapa da ASPAS.
Por ocasião desta grande realização que é o Simpósio “Navegar as Estrelas”,
a Aspas lançou um concurso Estudante de Astrologia e este numero da
revista contêm os trabalhos que ficaram em primeiro e segundo lugares.
Foi participado por vários trabalhos de qualidade e o júri teve dificuldade
em chegar a esta conclusão. Oportunamente publicaremos os outros
premiados.
Questões de ética e de ensino na astrologia preocuparam Vitorino de Sousa
e Luiza Azancot ( na coluna Pergunte a Astrólogo) e Jorge Lancinha que
descreve a sua transição de estudante para profissional.
A capacidade de antevisão que a astrologia oferece está bem patente
na contribuição de Carlos Hollanda que reflete sobre o grande trígono de
fogo e a sua influência a nível pessoal.
Todos estes temas são temas sérios, e as reflexões profundas. Em contraste
convidámos a inexperiente Raphaela Balday que passará a ser uma
contribuidora regular com a sua coluna “Previsões Infalíveis”. Esperamos
que as suas observações perspicazes façam rir o leitor, pois como disse
Pablo Neruda “ Rir é a linguagem da alma”.
INGRESSO VERNAL DE 2015,
PARA PORTUGAL E BRASIL
• João Medeiros •
7
O ETERNO RETORNO
• Ivo Miguel Silva •
ANÁLISE ASTROLÓGICA
CÓDIGO DO ASTRÓLOGO
DE “MAR PORTUGUEZ”
• Alberto Silva •
HUMANISTA
• Vitorino de Sousa •
29
13
19
PERGUNTE AO ASTRÓLOGO
• Luiza Azancot •
45
O BRANCO MAIS PRETO
DO BRASIL
• Nicole Zeghbi •
NODOS LUNARES, ECLIPSES
• Patrícia A. Henriques •
49
MAPAS ASTROLÓGICOS -
55
ESTUDAR ASTROLOGIA
• Jorge Lancinha •
71
IDENTIDADES DE VIDA
• Ricardo Maria Louro •
77
PLANETAS LENTOS NOS
SIGNOS DE FOGO
• Carlos Hollanda •
81
PREVISÕES INFALÍVEIS
• Raphaela Balday •
87
EFEMÉRIDES
• Inês Miranda •
91
7
Astrólogo profissional desde 2003; coach sistémico
(Talent Manager); economista (Universidade Nova
de Lisboa); formador (certificado pelo IEFP); autor
dos livros ‘Oceano Ascendente’ (Pergaminho
2014) e ‘A Carta’ (Lua de Papel 2013); fundador e
gestor do CEIA - Centro de Estudos e Inovação em
Astrologia; investigador e terapeuta holístico.
Por: João Medeiros
Membro N.º19
www.joaomedeiros.org
O INGRESSO
VERNAL DE 2015
,
PARA PORTUGAL E BRASIL
Em artigos anteriores, explorámos uma das técnicas da
Astrologia clássica para a interpretação de determinado
ano. Em concreto, os astrólogos árabes interpretavam o
mapa ingresso do Sol em Áries/Carneiro como representativo do ciclo anual que começa nesse dia, que corresponde ao equinócio da Primavera (Outono, no hemisfério
sul). Neste artigo, abordamos os mapas do ingresso vernal
de 2015 para Portugal e Brasil.
O CICLO DE 11 ANOS NOS RETORNOS
Tal como acontece com os retornos solares de cada indivíduo,
o retorno do Sol ao grau zero de Carneiro/ Áries calculado
para o mesmo local irá corresponder a uma repetição da
posição do Sol por Casa a cada 33 anos. A sequência é no
sentido Casas Angulares, Casas Sucedentes, Casas Cadentes
– em ciclos de 11 anos para cada grupo.
Os anos de Casas Angulares correspondem a ciclos de
novas formas governativas e de identidade do país – o
último ciclo em Portugal deu-se de 2003 a 2013 inclusive que
correspondeu à entrada do Euro em circulação e crises da
dívida (e antes disso, de 1970 a 1980 – época da revolução
democrática).
O ano astrológico de 2015/2016 corresponde ao 2º ano
do Sol numa Casa Sucedente (o anterior verificou-se na
Casa 8) agora situado na cúspide da Casa 5. O ciclo de
Casas Sucedentes relaciona-se com a gestão dos recursos
financeiros e com a vitalidade/ diversão do país. O último
ciclo deste tipo ocorreu de 1981 a 1991, inclusive, anos que
corresponderam genericamente a um certo desafogo do
país com entrada na UE e acesso a respetivos fundos.
9
O INGRESSO PARA O MUNDO
Diagrama A – Ingresso do Sol em Carneiro/Áries, a 20 Março
2015, calculado para Lisboa
Lembramos que a posição dos planetas
por signo, no ingresso, são as mesmas
para qualquer parte do globo, para
qualquer país. É, portanto, um mapa
que se pode interpretar também
para um tema global de mudança
energética no mundo inteiro. Essa
mudança, quando o mapa é forte,
começa a manifestar-se já cerca de 3
meses antes do ingresso propriamente
dito (ou seja, logo a partir de Janeiro do
mesmo ano civil).
O tema em questão tem claramente
uma assinatura de Fogo uma vez que
temos Júpiter em Leão, Saturno em
Sagitário, e tanto a Lua como Marte em
Áries/Carneiro, seu Domicílio.
Anos em que domina o Fogo são
propícios a afirmação das identidades
nacionais, ao surgimento de novos
líderes e também à exacerbação dos
conflitos. É o que temos assistido desde
o início do ano com os atentados
terroristas na Europa e com a vitória do
partido de esquerda radical na Grécia,
abrindo um novo ciclo de discussão
política da Europa.
A posição da Lua, combusta, e conjunta
à Cauda do Dragão em Áries/ Carneiro
sinaliza a possibilidade de um sentimento
de ira crescente das populações
menos desfavorecidas do globo e uma
tendência rebelde das mesmas. Este
fator, por si, não ajuda à resolução do
problema do terrorismo. Pelo contrário,
avisa para o seu agravamento e para
a probabilidade de maiores tensões
militares no mundo, também.
Por outro lado, o trígono do Sol a Saturno
em Sagitário alimentam a esperança de
uma maior responsabilidade ética dos
governos e maior atenção aos direitos
humanos, para além dos fanatismos
religiosos ou nacionalistas.
Pela positiva, a enorme carga de Fogo
no ingresso também nos chama a
atenção para a importância capital
deste ano para que, em termos
coletivos e individuais, consigamos
romper com zonas de conforto e ousar
ir mais além, arriscando novos padrões
de vida, cortando radicalmente com
um passado que não interessa. O
trígono de Urano a Júpiter reitera esta
proposta progressista, liberal e individual
de coragem.
Em termos climáticos, no entanto,
a assinatura “Fogo” evidencia o
aquecimento global e as temperaturas
extremas.
O INGRESSO PARA PORTUGAL
Para Portugal, a Casa mais destacada é claramente a Casa 5, que em termos
mundanos associamos às classes jovens, ao espetáculo, aos desportos e artes
– bem como a uma atitude de risco e desafio.
Uma vez que tanto o Sol como Marte estão bem colocados (Sol sobre a cúspide)
podemos interpretar como uma atitude guerreira dos grupos jovens este ano
(estudantes ou jovens desempregados, por exemplo) quer pela revolta quer
pela iniciativa profissional, querendo assumir mais liderança.
Também podemos interpretar como a perspetiva de bons resultados de equipas
portuguesas (ou desportistas portugueses) em competições internacionais e o
reconhecimento de artistas nacionais em concursos.
A posição do Sol fortalecido, regente da Casa 10 (o governo em função),
sugere que os partidos PSD e CDS se vão bater relativamente bem nas eleições
(ao contrário do governo espanhol, que no ingresso para Madrid é regido por
Mercúrio, debilitado).
A estrela fixa Zuben El Chamali – da Constelação da Balança (antigamente
considerada como das pinças do Escorpião) – conjunta ao Ascendente parece
confirmar a possibilidade de valorização, reconhecimento e fulgor nacional
neste ano, contra a corrente de grande instabilidade social a nível mundial
(devido à quadratura de Saturno e Júpiter no Verão, e entrada deste último no
seu Exílio – Virgem).
Esta estrela – genericamente benéfica e associada a um bom preço no prato
da “Balança” – sugere a potencialidade para um bom controlo orçamental,
caso haja decisões corajosas.
O Ascendente Escorpião aponta também para que seja um ano intenso e de
grandes confrontações (não só em Portugal, como noutros países europeus
com este Ascendente no ingresso).
Este mapa é válido para o ano inteiro (uma vez que tem um Ascendente fixo),
com ativação maior destas energias confrontativas e de ruptura no 2º terço
do ano (mais astros em Casas Sucedentes) – ou seja, de Agosto a Dezembro.
A soberania nacional poderá ser um dos temas de maior desafio – uma vez
que temos Saturno na Casa 1 – e os setores da justiça, investigação, turismo e
exportações os mais favorecidos, já que temos Júpiter na Casa 9.
Fica a dúvida se se destacarão questões sexuais de personalidades portuguesas,
atendendo à enorme carga sexual do mapa deste ingresso.
O INGRESSO PARA O BRASIL
O mapa do ingresso para Brasília – capital
oficial do Brasil – é bem diferente.
Desde logo, tem um Ascendente
Libra/ Balança o que torna válido
fundamentalmente para o primeiro
trimestre, de Março a Junho de 2015
(segundo as regras tradicionais).
A grande oportunidade prende-se com a
realização de tratados ou acordos com
outros países, em especial, envolvendo
produtos agrícolas ou têxteis, uma vez
que o regente é Vénus em Touro na Casa
7.
Neste tema, o regente governativo é a
Lua que está bastante debilitada (na
Casa 6, combusta e conjunta à Cauda
do Dragão) o que sugere enormes
problemas do governo de Dilma para pôr
em prática a sua liderança no primeiro
trimestre, ainda que Júpiter esteja no fim
da Casa 10.
A presença de muitos astros na Casa
6, alerta para questões de gestão da
saúde, do serviço público, do emprego
e do trabalho, pedindo uma atitude
de coragem e inovação na resolução
das mesmas. As classes trabalhadoras
e mais humildes irão certamente estar
mais em foco neste trimestre, bem
como a situação financeira, atendendo
à posição de Saturno na Casa 2.
Diagrama B – Ingresso do Sol em Carneiro/Áries, a 20 Março
2015, calculado para Brasília
11
Lembramos,
contudo,
que
a
interpretação de eventos coletivos
recorrendo apenas às cartas do
ingresso vernal são sempre limitadas.
Devem ser enquadradas nos mapas
dos respetivos países, bem como nos
grandes ciclos de Júpiter-Saturno ou
de mutação das Estrelas Fixas, como
já falámos em artigos anteriores.
Podemos chamar ao ingresso
português de “Altas Temperaturas”
e ao ingresso brasileiro de “Charme
com Trabalho”.
REFERÊNCIAS
◘ Artigo “Astrologia Mundial: Teoria e
Prática”, por João Medeiros, publicado
na Edição Especial do Jornal Astrológico 4
Estações, de Dezembro de 2012
◘ Artigo “Astrologia Mundial: Portugal e
Brasil”, por João Medeiros, publicado na
Edição Especial do Jornal Astrológico 4
Estações, de Abril de 2013
◘ Mundane Astrology, M. Baigent, N.
Campion e C. Harvey (1989)
◘ The Book of World Horoscopes, Nick
Campion (1995)
◘ Tetrabiblos, de Claudius Ptolomeu (séc. II
d. C.)
◘ De Magnis Coniunctionibus, de Abu
Ma’shar al-Balkhi, tradução de Yamamoto,
Ch. Burnett, Leiden (2000), 2 volumes,
(Textos em árabe e Latim)
◘ Mapas astrológico calculado através do
software Solar Fire
13
Nasceu em 1990, em Vila Nova de Gaia. Fruto de
um interesse crescente pela área da Astrologia
ingressou, em Março de 2013, na Escola FACES Isabel Guimarães, concluindo os 3 níveis do Curso
Profissional de Astrologia em 2015, iniciandose assim nova etapa ligada à atividade como
consultor e investigador.
Por: Ivo Miguel Silva
Membro Estudante N.º70
http://ivomsilva.wix.com/astrologia
O ETERNO
RETORNO
15
Vivemos ao ritmo dos ciclos. A vida é circular. A Astrologia ensina-nos sobre os ciclos
do tempo melhor do que qualquer outra ciência. Desde o movimento de rotação
da Terra que nos dá um signo a ascender em cada duas horas, ao movimento da
precessão dos equinócios em que os signos mais uma vez sucedem-se, um por
um, a cada 2160 anos, marcando as Eras Astrológicas. A Roda do Zodíaco serve
pois como instrumento de medição que funciona de formas análogas, em várias
escalas de tempo. Nestes ciclos existe sempre um ponto de retorno, no qual o
ciclo volta a reiniciar-se novamente. Pelo Zodíaco Natural, a passagem de Peixes
(Passado) para Carneiro (Futuro), o Ponto Vernal (0º), reencontram-se sempre,
num Eterno Retorno. É o símbolo de todos os recomeços.
Poder-se-á associar o ciclo astrológico, a roda do zodíaco natural, a um tempo
sagrado que, pela sua natureza imutável, se repete ciclicamente. Nesse tempo
mítico, os signos sucedem-se e marcam as experiências no Mundo e no Homem.
Todos os anos o Homem revive todas as experiências simbolizadas pelos signos
que compõem o Circulo.
Mircea Eliade, na sua obra “O Sagrado e o Profano”, refere que em “várias línguas
das populações aborígenes da América do Norte, o termo Mundo, idêntico a
Cosmos, é igualmente utilizado no sentido de Ano. Os yokut dizem o mundo
passou para exprimir que um ano passou. Para os Yuki, o Ano é designado pelas
palavras Terra ou Mundo.” O autor afirma “o cosmos é concebido como uma
unidade viva que nasce, se desenvolve e se extingue no último dia do Ano, para
renascer no dia do Ano Novo”. Nisto se depreende que o Cosmos (entendido
desde o infinitamente pequeno para o infinitamente grande) renasce todos os
anos porque a cada ano novo o tempo começa novamente de início.
Isto remete para a natureza dos mitos. Os mitos
são histórias revestidas de uma linguagem
simbólica que procuram dar a explicação às
grandes perguntas da humanidade. Tal como
qualquer história, esta ocorre num determinado
tempo, mas esse tempo não é o tempo linear,
isto é, aquele medido pelo relógio, mas sim,
poderemos dizer, um tempo sagrado, um tempo
eterno. Isto porque o conteúdo da história é
transversal a gerações e culturas e encontra
sempre a sua reactualização no tempo do
Agora, pois todos nós vivemos a menor ou maior
grau o simbolismo das mitologias, entendidas
como a voz do nosso inconsciente.
Assim reparamos que há um tempo para tudo e
que os signos do Zodíaco ritmam as experiencias
de vida, pois para cada experiência existe o
seu tempo, nada pode acontecer fora do seu
tempo. Então verifica-se que Carneiro, como
primeiro signo do Zodíaco, corresponde por
analogia desde ao momento do Big Bang, a
Grande Explosão iniciadora do Cosmos, ao
início da Primavera com o florescimento da vida
(inicio do ano), ao nascer do Sol (ascendente)
… Todas estas experiências remetem ao signo
de Carneiro que reúne no seu arquétipo as
experiências do Nascimento, da Afirmação
da Vida, da Exteriorização da Actividade, do
Impulso Primordial para a Ação… A natureza
do mundo, do Universo, repete-se assim, a par
do simbolismo mitológico associado ao signo.
A entrada no signo de Carneiro, momento
que representa o Ano Novo astrológico,
diferentemente do ano civil, simboliza a vitória
sobre o Dragão (representado pelo caos
aquoso e inconsciente simbolizado pelo signo
colectivo Peixes). Este é um tema recorrente
nas mitologias. Mircea Eliade aborda-o da
seguinte maneira, levando em consideração
um exemplo da cultura da Babilónia, área
geográfica onde nasceu e cresceu a Astrologia:
“Na Babilónia, no decurso da
cerimónia de Akitu, que se desenrolava nos últimos dias do
ano e nos primeiros dias do Ano
Novo, recitava-se solenemente
o “Poema da Criação”, o Enuma-Elish. (…) No último dia do
ano, o Universo dissolvia-se nas
Águas primordiais. O monstro
marinho Tiamat, símbolo das trevas, do amorfo, do não manifestado, ressuscitava e voltava a ser
ameaçador. O Mundo que tinha
existido durante um ano inteiro
desaparecia realmente. Visto
que Tiamat estava lá de novo, o
Cosmos estava anulado, e Marduk (Herói Solar) era forçado a
criá-lo mais uma vez, vencendo de novo Tiamat. O significado dessa regressão periódica
do mundo a uma modalidade
caótica era o seguinte: todos
os “pecados” do ano, tudo o
que o Tempo havia manchado
e consumido era aniquilado, no
sentido físico do termo. Participando simbolicamente do aniquilamento e da recriação do
Mundo, o próprio homem era criado de novo; renascia, porque
começava uma nova existência
(Carneiro). A cada Ano Novo,
o homem sentia-se mais livre e
mais puro, pois se libertara do
fardo de suas faltas e seus pecados (Peixes).
Com isto percebe-se como antes do Ano Novo astrológico é costume se proceder,
em algumas culturas, a “purificações”, à expulsão dos pecados, demónios ou
simplesmente de um bode expiatório. Tais cerimónias precisam ocorrer para que
se possa extinguir com o Passado. Daí que o signo de Peixes seja representante de
uma fase de purificações rituais, de anulação de pecados ou das faltas cometidas,
seja pelo próprio individuo seja pela comunidade como um todo. É o momento
em que, vendo o terminar do ciclo a horizonte, se impõe o sacrifício e a entrega
das experiencias adquiridas ao longo do percurso. É o sacrifício ou a batalha
contra esse estado de caos e também de fusão no colectivo e no amorfo do
tempo obsoleto que leva à ressurreição de um homem novo, de um ciclo novo.
Não será de estranhar, portanto, que a Páscoa e a Ressurreição de Jesus Cristo
sejam celebradas no signo de Carneiro.
Ouroboros: É um símbolo representando uma
serpente ou dragão devorando a própria
cauda, significando a Eternidade. Para alguns
autores, a imagem da serpente mordendo
a cauda, fechando-se sobre o próprio ciclo,
evoca a roda da existência, esta que é um
símbolo solar na maior parte das tradições. A
representação como círculo indica claro está
um perpétuo retorno, a espiral da evolução, a
dança sagrada de morte e reconstrução.
Noutra escala temporal, pode-se ainda considerar o Retorno Solar (a celebração
do aniversário) como análogo a estes significados. O Retorno Solar é uma outra
forma de renascimento em que o Sol retorna à posição exata do seu nascimento. A
festa de aniversário traduz-se assim num novo conjunto de experiências e desafios
a serem vividos ao longo de um ano, repleto de todas as potencialidades. Partimos
com nova vida, novo ânimo que é tão ou mais reforçado quando se sabe que os
40 dias que antecedem o momento da Revolução Solar são chamados de Inferno
Astral e marca, regra geral, um período que pode ser de uma alguma falta de
vitalidade e criatividade.
O Zodíaco é uma expressão da Eternidade. Para tudo existe um começo e um
fim, mas também existe o renascimento constante, gravado no Circulo, na Roda
do Zodíaco. O começo de um ciclo sempre é uma fase pura e santa em que
estamos cheios de expetativas, sonhos, novos objectivos, tal e qual como uma
criança acabada de nascer (liberta do útero escuro e aquoso em que ainda não
é consciente da sua individualidade). Dando-se o nascimento, a criança passa a
reunir em si todas as potencialidades de ser quem devia Ser.
Um novo mundo, um novo ano, um novo ser. A cosmogonia repete-se. A história
volta a ser contada a partir do seu início…
17
19
Nasceu em Coimbra em 1972 e reside no Funchal,
ilha da Madeira. Depois de um longo flirt, rendeuse à astrologia em 1998 e mantem com esta uma
relação permanente e apaixonada. Fundadora
da empresa “Estudante de Astrologia”, exerce a
sua actividade nas áreas do ensino, investigação,
divulgação e consultoria em astrologia.
Por: Patrícia Azenha Henriques
Membro N.º12
www.estudantedeastrologia.com
NODOS LUNARES,
ECLIPSES
E UM MARCO NA HISTÓRIA DA ASPAS
NODOS LUNARES
Os nodos1 lunares são pontos calculados matematicamente obtidos através da
intersecção da órbita da Lua com a eclíptica que, por sua vez, é o movimento
aparente do Sol à volta da Terra.
A Lua, à semelhança dos restantes planetas, tem uma trajetória que não é
coincidente com a eclíptica, a sua trajetória ora tem latitude zodiacal norte,
ora tem latitude zodiacal sul. No caso da Lua, adquire uma latitude, norte e sul,
máximas, de cerca de 5º.
Quando a trajetória da Lua vem da latitude norte, acima da eclíptica e
interseta esta, dirigindo-se para a latitude sul, encontra-se o nodo sul ou nodo
descendente, também designado por Cauda Draconis ou Cauda do Dragão.
No ponto exatamente oposto e quando a trajetória da Lua vem da latitude sul
para a latitude norte, encontra-se o nodo norte ou nodo ascendente, também
designado por Caput Draconis ou Cabeça do Dragão.
O movimento dos dois nodos, a latitude 0º, é sempre retrógrado2 e move-se à
velocidade de cerca de 3’ por dia, completando o seu ciclo zodiacal em 18,6
anos.
Os nodos lunares estão associados à
formação dos eclipses e têm grande
importância desde a antiguidade
na previsão de eventos mundanos,
sendo desde essa altura associados
a
perturbações,
instabilidade,
mudanças inesperadas e repentinas
e, por isso, temidos.
Tradicionalmente os nodos só têm
efeitos sobre um planeta ou ponto
notável de um mapa, por conjunção,
num raio de 12º antes e depois
do nodo. Os seus efeitos são mais
perturbadores em função da maior
proximidade do planeta ou ponto
notável e sobretudo se estiverem no
mesmo signo.
Autores gregos consideravam os
dois nodos lunares maléficos, mas no
período medieval a abordagem é um
pouco diferente. Ao nodo norte está
associada uma natureza benéfica,
como a de Vénus e Júpiter, estando
por isso associado a aumento
e fertilidade. Ao nodo sul está
associada uma natureza maléfica,
como a de Marte e Saturno, estando
por isso associado a diminuição e
esterilidade. Mas estas características
são aplicadas ao Planeta que lhes
esteja conjunto, tendo em conta o seu
estado celeste, que pode ser bom ou
menos bom, significando o aumento
ou diminuição destas características
favoráveis ou desfavoráveis.
ECLIPSES
Quando o Sol se encontra alinhado
com a Lua aproximadamente à
mesma latitude zodiacal e com a
Terra, ocorre um eclipse.
Há dois tipos de eclipses, os eclipses
solares e os eclipses lunares. Ocorrem,
pelo menos, 4 vezes por ano, com
dois eclipses solares e dois lunares,
respetivamente nas luas novas e nas
luas cheias, que estão próximas do
nodo norte e nodo sul.
21
A sequência dos eclipses repete-se
na mesma ordem em cada 18 anos,
11 dias e 8 horas. Ao conjunto desta
sequência de eclipses dá-se o nome
de “Ciclo de Saros”, o qual contém 70
eclipses, dos quais 41 são solares e 29
são lunares.
Os eclipses solares são os que têm
maior impacto, tanto a nível visual
como em termos de interpretação
astrológica,
pois
quando
são
visíveis no local da terra onde nos
encontramos, ocorrem durante o dia,
transformando a luz em escuridão e
por isso temidos desde a antiguidade.
O eclipse solar acontece sempre que
a Lua Nova estiver a menos de 18º de
longitude celestial de um dos nodos,
é quando a Lua se posiciona entre o
Sol e a Terra, ocultando ou eclipsando
o Sol. A ocultação será tanto maior,
quanto maior for a proximidade
da Lua Nova aos nodos lunares.
De acordo com esse afastamento
teremos vários tipos de eclipses, com
intensidades diversas.
O eclipse solar total acontece muito
perto do nodo sul ou norte e a Lua
oculta totalmente o Sol. O eclipse solar
anular acontece quando a Lua, no
seu apogeu, apresenta um disco mais
pequeno e não consegue ocultar o
disco do Sol na totalidade, formando
uma ocultação no centro do Sol,
deixando visível um círculo de luz no
céu. O eclipse solar parcial acontece
quando existe um afastamento maior
entre o nodo e os luminares e por isso
a ocultação não é total.
Como a Terra é maior do que a
Lua, só recebe a sombra desta em
algumas partes do globo, por isso os
eclipses só são visíveis em algumas
zonas e ainda noutras parcialmente.
Os eclipses solares como acontecem
na Lua nova só podem ser observados
durante o dia, com o Sol acima do
horizonte.
Os eclipses lunares têm menor impacto visual e ocorrem sempre que
a Lua cheia estiver a menos de 12º30’ de um dos nodos. Quando a
Terra se posiciona entre o Sol e a Lua, oculta ou eclipsa esta última.
A ocultação será tanto maior, quanto maior for a proximidade
dos luminares ao nodo. Assim, de acordo com esse afastamento,
teremos vários tipos de eclipses, com intensidades diversas. O
eclipse total acontece quando a Lua se encontra totalmente no
cone de sombra da Terra. O eclipse parcial acontece quando a
Lua se encontra parcialmente no cone de sombra da Terra. Ainda
existe o eclipse penumbral que acontece quando a Lua se encontra
no cone de penumbra, e a mais de 12º30’ de um dos nodos, mas
tradicionalmente estes eclipses não são interpretados.
Fundamentalmente os eclipses marcam pontos de viragem,
mudanças súbitas. São interpretados na astrologia mundana
caso sejam visíveis nas regiões em estudo, embora haja quem os
interprete mesmo não sendo visíveis, como é o caso de William Lilly.
Os eclipses lunares estão ligados a eventos de curta duração e
mudanças rápidas, enquanto que os eclipses solares estão ligados
a mudanças com mais impacto e de maior duração.
Em 2015 ocorrem, como habitualmente, vários eclipses, dois eclipses
solares, total a 20 de Março e parcial a 13 de Setembro, e dois
eclipses lunares totais a 4 de Abril e 2 de Setembro.
O eclipse total do Sol3, a 20 de Março será visível parcialmente em
Portugal:
◘ O eclipse começa às 07h41 Longitude 23 12 O Latitude 20 14 N
◘ O eclipse central começa às 09h13 Longitude 45 58 O Latitude 53
38 N
◘ O eclipse central termina às 10h18 Longitude 97 50 E Latitude 89
23 N
◘ O eclipse termina às 11h50 Longitude 94 04 E Latitude 56 06 N
A totalidade do eclipse será visível a partir do norte Atlântico, das
Ilhas Faroé e de Svalbard e será visível parcialmente em Portugal
Continental e nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
Em Lisboa, será observado entre as 07h59 e as 10h08, serão 2h09 de
eclipse solar, que correspondem a uma duração dos seus efeitos de
2 anos e 2 meses4.
Ptolomeu, no livro II do Tetrabiblos, indica os eclipses solares como
o primeiro e mais potente indicador de eventos mundanos no
geral, temos portanto uma contribuição importante para análise
de eventos em Portugal nos próximos 2 anos, com maior incidência
no último trimestre de 2015 e 1º semestre de 2016, que deverá ser
complementado com os ciclos dos planetas lentos, ingressos, mapas
do país e governantes.
23
Como exemplo de interpretação do mapa de um eclipse, podemos
dizer que, neste caso, sendo Portugal um país associado ao signo
Peixes, um eclipse neste signo é mais significativo.
A casa 11, onde ocorre o eclipse, é a casa da Assembleia da
República e outros órgãos do estado, partidos políticos, dos projetos
e esperanças do país, e também dos aliados do país. Haverá
eleições legislativas em 2015 e presidenciais em 2016, que encaixa
no período deste eclipse, que tem a simbologia do final de um ciclo,
sendo sugestivo por isso.
O regente do eclipse é Mercúrio4 e o dispositor do eclipse é Júpiter. A combinação
Mercúrio/Júpiter sugere assuntos com a administração do Estado e outros, ensino,
leis, religião, o conhecimento, escritos e a comunicação em geral. Mercúrio está
muito fraco neste signo e encontra-se na mesma casa 11, reforçando a ênfase nos
assuntos desta casa, com uma tónica menos positiva, sugerindo confusões, ilusões,
enganos, ambiguidades e muita subjetividade. Júpiter dispõe Mercúrio, e apesar de
estar retrógrado, tem triplicidade e está conjunto ao FC, está em receção mútua sem
aspeto com o Sol, trazendo um cariz benéfico e protetor, apesar de alguns reveses em
assuntos da casa 4 – questões territoriais e propriedades do estado ou outras, atividade
exploratória e mineira, tradições e história, origens, por casas derivadas encontra-se
na casa dos opositores ao líder do Governo, sendo mais um indicador de um novo
Líder.
Observamos que o eclipse ocorre conjunto à estrela fixa Scheat, atualmente a
29º34’ Peixes, é uma estrela de 2ª magnitude da natureza de Marte e Mercúrio,
da constelação Pégaso. Marte está em regência mas impedido na casa 12 e
Mercúrio está muito fraco, esta combinação sugere traições, vigarices, mentiras,
espionagem, terrorismo. Esta estrela conjunta ao Sol é prejudicial ao sucesso,
indica perigos devido a água e a motores, sujeito a acidentes e afogamentos,
quando conjunta à Lua indica preocupação, perdas e ganhos de amigos devido
à crítica, perigo de acidentes pela água e mau para ganhos6. A significação
desta estrela conjunta aos luminares tem parte da simbologia apresentada por
William Lilly para os eclipses que ocorrem na triplicidade de água, em Peixes e no
terceiro decanato de Peixes, reforçando o seu significado:
“Um eclipse do Sol ou da Lua na triplicidade de água anuncia a deterioração
ou destruição das pessoas vulgares, boatos, insubordinação, e expectativa de
guerras, destruição de aves aquáticas, grandes inundações e transbordamento
de diques. (...) Em Virgem e Peixes, significa muito dano para as espécies vegetais,
e para as criaturas da água ou que vivem na água, mostra que muitas fontes serão
contaminadas e as correntes dos rios estarão sujas.(…) No terceiro Decanato,
anuncia insubordinação, crueldade, espíritos rancorosos, desumanidade de
soldados, e também muita controvérsia entre teólogos e advogados.” 7
A conjunção do nodo sul ao eclipse, para além da instabilidade implica diminuição,
perda, embora a sua ação seja mitigada pela posição num signo diferente da
conjunção dos luminares. O facto de Peixes ser um signo de inverno, a última
estação, no último grau do signo, representa o fim de um ciclo, trazendo mais
reforçada a ideia de mudanças definitivas, com um cariz totalmente reformador.
Esta é uma abordagem geral no âmbito da Astrologia Mundana, e parcial, como
já referido, mas os eclipses também podem ter efeitos em natividades e mapas
de organizações, embora com impactos muito diversos. É sobretudo de assinalar
quando a conjunção dos luminares eclipsados ocorre no mesmo grau zodiacal
do ascendente, do Sol ou da Lua do mapa de indivíduos ou organizações em
análise, mas também terão efeito quando conjuntos aos restantes planetas do
mapa, estando a sua interpretação relacionada com a significação desses planetas e luminares, podendo ser mais ou menos impactante.
Ainda assim, a ocorrência de um eclipse conjunto a um ponto ou planeta importante num mapa natal não é o bastante para a produção de um evento significativo, mas é um excelente gatilho para que esse evento tenha lugar, se estiver
prometido no mapa natal e indicado para ocorrer na mesma altura, através de
técnicas de previsão de base, como a revolução solar, profeções, progressões,
etc.
25
UM MARCO NA HISTÓRIA DA ASPAS
Foi quando observei a data do eclipse solar e percebi que, além de ser visível
em Lisboa, iria ocorrer no dia de abertura do 1º Simpósio Luso-Brasileiro de
Astrologia, que fiquei curiosa e resolvi procurar o mapa da inauguração da
ASPAS - Associação Portuguesa de Astrologia8, data em que a ASPAS fez o seu
primeiro evento público, e perceber se este eclipse seria um dos marcadores
para a ocorrência deste evento tão significativo na vida, ainda muito jovem, da
primeira Associação de Astrologia em Portugal.
Este eclipse solar, indicador de mudança, acontece na casa 11, do movimento
associativo e das dinâmicas sociais, das esperanças e projetos da ASPAS e dos
seus aliados, em conjunção partil com o regente do ascendente, significador
da própria Aspas e dos seus membros, que é Mercúrio, também regente da
casa 5, trazendo a perspetiva da comunicação, da troca de informações e do
conhecimento em geral, mas também das atividades lúdicas, com um cariz
emocional e profundamente idealista. De notar que também os luminares se
encontram na casa 11, e por isso carregam o seu significado, transportado das
casas 2, 3 e 4.
Poucos dias depois deste evento, a ASPAS celebrará mais um aniversário da sua
inauguração, entramos na profeção da casa 5, em Virgem, que coloca também
o mesmo Mercúrio em destaque como regente do ano. Mercúrio de casa 11
no mapa natal, encontra-se na casa 2 da revolução solar, no mesmo signo de
peixes, onde também cai o eclipse, ligando os assuntos de casa 11 à casa 2,
colocando a dinâmica dos recursos também em destaque e a par com este
grande evento.
Nodo: (astronomia) cada um dos pontos de intersecção da órbita de um corpo
em movimento orbital com um plano de referência. (Definição do Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa). Na literatura astrológica em língua portuguesa
é frequente encontrar-se escrita a palavra nódulo em vez de nodo, o que é
incorreto. O termo nódulo não existe no contexto da astronomia, embora a
palavra nodo e nódulo possam significar o mesmo, no contexto da anatomia e
medicina.
1
O “Mean Node” ou nodo médio é o que é calculado em função da velocidade
média e não tem em conta as perturbações orbitais da Lua e por isso o seu
movimento é sempre retrógrado. O “True Node” ou nodo corrigido é o que
nos dá a posição exacta, este pode ter movimento retrógrado, estacionário
e direto, devido às perturbações orbitais da Lua, provocadas pela interacção
gravitacional do Sol.
2
3
Informações do Observatório Astronómico de Lisboa
O regente do eclipse é o planeta com mais dignidades no ascendente (ângulo
anterior à posição do eclipse) e no local do eclipse, que no caso é Mercúrio, de
acordo com William Lilly, na página 76 da sua obra Annus Tenebrosus or the Dark
Year, Retyped, appended and annotated by Sue Ward
4
“O segundo e cronológico título, pelo qual devemos descobrir as datas dos
acontecimentos significados e a sua duração, será considerado como se segue.
Na medida em que os eclipses que têm lugar na mesma data mas não duram o
mesmo número de horas ordinárias em todas as localidades, e como os mesmos
eclipses solares não têm em todos os lugares o mesmo grau de obscurecimento,
ou o mesmo tempo de duração, determinaremos primeiro a hora do eclipse,
em cada uma das localidades mencionadas e, para a altitude do polo, centros,
tal como numa natividade; em segundo lugar, quantas horas equinociais dura
o obscurecimento do eclipse em cada uma. Pois, quando se examinam estes
dados, se for um eclipse solar, compreendemos que o acontecimento predito
durará tantos anos quantas as horas equinociais que determinarmos e, se for um
eclipse lunar, tantos meses.” Ptolomeu, Tetrabiblos, Livro II, capítulo 6, Biblioteca
Sadalsuud
5
Ronson, Vivian. As Estrelas Fixas e as Constelações na Astrologia, Biblioteca
Sadalsuud
6
Tradução para português do original em inglês da obra de William Lilly. Annus
Tenebrosus or the Dark Year, Retyped, appended and annotated by Sue Ward
Página 85 “An Eclipse of the Sun or Moon in the watery triplicity presages a rot
or consumption of the vulgar sort of people, rumors, seditions, and expectation
of Wars, destruction of Water Foul, great inundations and overflowings of the
Seabanks. (…) In Virgo or Pisces, it signifies much harme to vegetable Plants, and
to such creatures as live in the Water or of the Water, it shews that very many
fountains shall be corrupt and grow impure, and the River Waters not wholesome.”
Página 90 “In the third Decanate, it presages sedition, cruelty, bitternesse of spirits,
and the inhumanity of souldiers, as also much Controversie amongst Divines, and
Lawyers.”
7
8
Fonte dos Dados: ASPAS
27
29
Desde criança despertou o seu interesse pela
Astrologia que foi sempre estudando de forma
autodidata. Licenciou-se em Relações Públicas
pelo Instituto Universitário da Maia em 2002. Em 2010
fez uma Formação Astrológica Avançada com
Nuno Michaels. Desde então tem participado em
várias palestras e workshops relacionados com este
tema. Tem o Curso Básico de PNL - Programação
Neurolinguística ministrado por Miguel Ferreira.
Atualmente é aluno do Nível III do Curso Profissional
de Astrologia na FACES ministrado por Isabel
Guimarães, Presidente da Associação Portuguesa
de Astrologia - ASPAS, tendo sido iniciado pela
mesma no Reiki.
Por: Alberto Silva
Membro Estudante N.º126
ANÁLISE
ASTROLÓGICA
de
“MAR
PORTUGUEZ”
Do livro Mensagem de Fernando Pessoa
INTRODUÇÃO
Como a formação de uma onda no mar, também assim
é constituído este pequeno livro de algumas dezenas de
páginas dividido em três partes chamado “Mensagem”.
A Primeira Parte, “O Brasão”, fala-nos dos heróis históricos
e míticos da Fundação. Na Segunda Parte temos “O
Mar Portuguez” sendo constituído por doze poemas,
relacionado com a parte mais épica da obra, referente
à luta com o mar e à construção do império. Depois
na Terceira Parte, “O Encoberto”, onde em Fernando
Pessoa se nota a esperança e o apelo da vinda do
salvador, dando ênfase ao Sebastianismo depois da
perda da independência em 1580.
Neste trabalho debruçar-me-ei sobre a Segunda Parte
que contém uma mistura de informação astrológica
com um “sumo” espiritual sob uma forma subliminar,
porém, nestes doze poemas não se encontra qualquer
referência explícita ao ocultismo, nem à Astrologia.
Tomar conhecimento do que ultrapassa o nível de leitura
e da análise meramente poética enriquece muito a
fruição deste “Mar Portuguez”. Por isso proponho-me
aqui ajudar o leitor a adquirir uma visão mais mística
incluída nesta parte da Mensagem de Fernando Pessoa,
que era também ele, para além de poeta, astrólogo.
NOTA METODOLÓGICA
Na elaboração deste trabalho
foram feitas pesquisas através da
internet e de algumas obras de
autores que abordam este mesmo
assunto, recorrendo também aos
apontamentos das aulas do nível I e
II do Curso Profissional de Astrologia
do qual sou estudante, ministrado por
Isabel Guimarães, minha professora e
amiga a quem agradeço toda a força
e boa energia que me tem passado
para continuar neste caminho das
estrelas.
Também recebi uma inspiração após
uma palestra sobre este tema a que
assisti durante a Feira Alternativa do
Porto, em 2014, dada pela Astróloga
Libânia Nazareth.
I. O Infante
Deus quer, o homem sonha, a obra
nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a
espuma,
E a orla branca foi de ilha em
continente,
Clareou, correndo, até ao fim do
mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se
desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
O título deste poema refere-se ao
Infante D. Henrique (1394/1460), o
grande obreiro dos descobrimentos
portugueses, pioneiro dessa aventura,
homem destemido e indomável que
se propôs iniciar o projeto que abriu
novos mundos ao mundo.
31
Aqui encontramos o arquétipo
do signo solar Carneiro, signo de
elemento fogo, de polaridade yang,
modalidade cardinal, tem analogia
com a primeira casa astrológica
sendo por isso angular. É um signo
regido pelo planeta Marte que lhe
confere as características descritas
acima. Infante é filho de Rei. O Sol,
regente do signo solar Leão (Rei) tem
exaltação no signo solar Carneiro
(Infante).
Existe aqui portanto um sentido
muito forte do eu, como se pode
verificar por exemplo na utilização
do verbo “querer” e um enfoque em
verbos de ação como por exemplo
o verbo “cumprir”, “criar”, “correr”,
“desvendar”. É no grau zero de
Carneiro (Ponto Vernal) que se dão
todos os inícios. Neste caso dá-se o
equinócio da Primavera no hemisfério
norte.
Parece que Pessoa quis fazer
um paralelismo com os signos
complementares/opostos em todos os
doze poemas. Neste caso encontrase na segunda estrofe referência ao
signo solar Balança quando ele diz
“E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.”
Nota-se neste verso a ideia do
horizonte, significador da sétima casa
astrológica que tem analogia com
este signo.
II. Horizonte
Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
’Splendia sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa —
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp’rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —
Os beijos merecidos da Verdade.
Aqui nota-se de imediato toda uma referência aos elementos típicos da natureza
primaveril com uma descrição bucólica. Tudo isto tem a ver com o arquétipo do
signo solar Touro, signo regido pelo planeta Vénus, deusa do amor e da beleza.
De natureza fixa (que se nota na descrição de permanência e estabilidade
que coexistia na natureza com a Primavera no seu auge), tem polaridade yin
e analogia com a segunda casa astrológica que é sucedente2. Aqui tudo se
fixa e ganha estrutura. Aquilo que começou em Carneiro, agora cria “raízes”
e mantém-se. Sendo este signo do elemento terra, que diz respeito à vertente
prática da vida e à realidade percetível do presente, está pouco interessado no
futuro e verifica-se a presença de termos específicos da vertente material e física
(“Cor”, Terra”, “Flor”, “Aves”, Árvores”, “Praia”, “Fonte”, “Sensíveis”).
O título do poema, Horizonte, também remete-nos para a ideia de que há terra à
vista, algo de concreto e palpável, como é característico deste signo.
O signo oposto, Escorpião, está presente no poema logo na primeira estrofe com
palavras como “medos”, cerração”, “mistério”, “tormentas”, “noite”, “iniciação”.
III. Padrão
O esforço é grande e o homem é pequeno
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus
E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
Padrão é o terceiro poema deste conjunto tal como Gémeos é o
terceiro signo do zodíaco, o qual é o signo solar de Fernando Pessoa
e, talvez por isso, ele utilize a primeira pessoa do singular no segundo
verso da primeira estrofe.
Gémeos, que têm como regência o Planeta Mercúrio, é um signo
do elemento ar, de polaridade yang, modalidade mutável e tem
analogia com a terceira casa astrológica, portanto cadente. Gémeos
é também um signo dual. Percebe-se isso em frases como “O esforço
é grande e o homem é pequeno”, “Que o mar com fim será grego ou
romano”, “A alma é divina e a obra é imperfeita”, “Que o mar com
fim será grego ou romano”.
Padrão, aqui, mostra a forma que os navegadores encontraram
de informar e comunicar que determinadas terras tinham sido
conquistadas. Gémeos relaciona-se com todas as formas de
comunicação e linguagem. Padrão é um símbolo, e um símbolo tem
sempre um significado. A linguagem é feita através de símbolos que
são as letras.
Em “Este Padrão sinala ao vento e aos céus” está bem explícita a
função deste signo, assim como também está presente aqui o
signo oposto, Sagitário, com as palavras “vento” (ar) e céus (fogo).
Então podemos quase ver a imagem de um centauro atirando uma
flecha virada para cima e além (céus). Também em “E para diante
naveguei” e “O porto sempre por achar” está de forma subliminar
implícita a presença deste signo zodiacal, pois Sagitário vê sempre
para a frente, nunca se satisfazendo com qualquer resposta para as
suas questões muitas vezes filosóficas.
33
IV. O mostrengo
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse, “Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?”
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
“De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?”
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Este é o quarto poema assim como Caranguejo é o
quarto signo do zodíaco, tendo este analogia com
a quarta casa astrológica que é angular. Podemos
observar logo no primeiro verso da primeira estrofe a
referência a esse signo do elemento água e polaridade
yin e à quarta casa que corresponde ao Fundo do Céu
(FC) opondo-se ao Meio do céu (MC) na Mandala
Astrológica.
A quarta casa corresponde às 00h e vemos essa
referência em “Na noite de breu ergueu-se a voar”. Esta
casa tem ligação com o mais íntimo do ser, suas raízes,
história, o fim de tudo.
Em Caranguejo (signo regido pela Lua) sente-se tudo
á flor da pele. Existe um grande sentido de pertença,
a pátria e o local onde vivemos tornam-se muito
importantes assim como a nossa família e a necessidade
de nutrir e ser nutrido.
Na casa quatro temos acesso ao inconsciente, onde se guardam os
fundamentos do ser e a infância permanece. Por vezes existe o receio de
mergulhar nessa casa, porque nela está contido o nosso passado. Assim, e
fazendo a analogia com o poema, Pessoa faz uma referência a tudo isto em
“Quem é que ousou entrar nas minhas cavernas que não desvendo, meus
tectos negros do fim do mundo?”.
Caranguejo é um signo de modalidade cardinal, como é o signo de Carneiro
(O Infante). Esta modalidade confere uma energia voltada para o pioneirismo,
início, iniciativas, mudança de panoramas assim como das estações do ano
(O Verão inicia-se a zero graus de Caranguejo no hemisfério norte). Vemos
essa atitude na personagem do El-Rei D. João II.
Assim como Caranguejo, também Capricórnio é um signo de modalidade
cardinal e o paralelo que Pessoa faz desta vez encontra-se na seguinte estrofe:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Está patente aqui a exaltação do Planeta Marte em Capricórnio, regente do
signo de Carneiro (O Infante).
Também se subentende que agora a visão do Rei é já mais vasta, de nível social,
e isso tem relação com a décima casa astrológica, análoga de Capricórnio.
V. Epitáfio de Bartolomeu Dias
Jaz aqui, na pequena praia extrema,
O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro,
O mar é o mesmo: já ninguém o tema!
Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro.
Do ponto de vista astrológico Fernando Pessoa refere-se ao quinto signo
zodiacal, Leão. Signo de elemento fogo, regido pelo Sol, de polaridade
yang, este signo fala-nos de valentia, auto expressão, ligado ao princípio da
identidade. Tem analogia com a quinta casa astrológica, casa sucedente.
Como se trata de um signo de modalidade fixa, a tendência natural é a que
referimos no signo de Touro, ou seja, a de manter, conservar e estabilizar.
Ora, Bartolomeu Dias, representando esse signo, conseguiu tudo isso, ele que
dobrou o Cabo das Tormentas, local por onde ninguém antes ousara passar
e que depois disso já não haveria mais medo, algo que ficara para sempre
ultrapassado graças a sua proeza.
Aquário é visto aqui na figura de Atlas, que passara agora a carregar um
mundo maior, já que em Aquário existe um senso de coletivo e há nesse signo
solar a preocupação maior com a humanidade. Assim, Atlas mostra, bem alto,
esse mundo como se fosse um troféu.
35
VI. Os Colombos
Outros haverão de ter
O que houvermos de perder.
Outros poderão achar
O que, no nosso encontrar,
Foi achado, ou não achado,
Segundo o destino dado.
Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada.
O poema VI de “Mar Portuguez”
faz referência às navegações não
portuguesas. O título faz referência
a Cristóvão Colombo cuja viagem
foi primeiro oferecida a Portugal,
no entanto, não foi aceite seu
plano pelo rei D. João II, indo
depois oferecê-lo à Inglaterra e,
por fim, aos reis católicos espanhóis.
Existe muita especulação sobre
a nacionalidade de Colombo,
sem nunca se ter chegado a uma
conclusão. Existe a tese de que
ele seria Genovês, outra há que
diz ele ser catalão e ainda uma
outra que afirma ele ser português.
Neste sentido, Pessoa refere-se aos
descobrimentos efetuados por estes
“Colombos”.
O signo associado a este poema
é Virgem, regido por Mercúrio,
de polaridade yin, do elemento
terra e modalidade mutável, ou
seja, adaptável (como em Virgem
uma das tónicas é a praticidade
e adaptabilidade, foi dessa forma
que foram levadas a cabo várias
navegações espanholas, inglesas
e holandesas de tal modo, que
em menos de um século já haviam
superado
o
poder
marítimo
português). Tem analogia com
a sexta casa astrológica, casa
cadente.
No que diz respeito ao signo oposto,
Peixes, toda a segunda estrofe faz
referência aos símbolos Piscianos.
Fala-se de magia, de evocar, de
longe, de auréola. A linguagem
já não refere as coisas concretas
(Virgem) como na estrofe anterior.
Há, portanto, uma espécie de
senso de sacrifício (característico
do eixo Virgem/Peixes) por parte
dos
navegadores
portugueses
“missionários”
que
desta
vez
delegam um pouco da sua “missão”
aos outros povos, para que possam
também eles auferir da referida
“Justa auréola dada por uma luz
emprestada”.
VII. Ocidente
Com duas mãos — o Acto e o
Destino —
Desvendámos. No mesmo gesto,
ao céu
Uma ergue o facho trémulo e
divino
E a outra afasta o véu.
Fosse a hora que haver ou a que
havia
A mão que ao Ocidente o véu
rasgou,
Foi a alma a Ciência e corpo a
Ousadia
Da mão que desvendou.
Fosse Acaso, ou Vontade, ou
Temporal
A mão que ergueu o facho que
luziu,
Foi Deus a alma e o corpo Portugal
Da mão que o conduziu.
O Sétimo signo do zodíaco é Balança
e está associado à casa VII, cujo
grau inicial se chama Descendente,
portanto, o grau do signo que
está a descender no horizonte -
37
a Ocidente – nesse mesmo minuto. Deste modo, este
poema de “Mar Portuguez” faz também referência
à posição geográfica privilegiada de Portugal
para a aventura dos descobrimentos marítimos.
País mais ocidental da Europa, era até antes do
descobrimento a terra do Ocidente, do pôr-do-sol.
Deste modo, o sétimo signo e a casa VII referem-se
ao outro, ao par, à complementaridade.
Balança é um signo de modo cardinal, de elemento
ar e polaridade yang. Relaciona-se com a sétima
casa astrológica que é angular.
Como tem sido habitual nos poemas anteriores, o
paralelo com o signo oposto, Carneiro, pode ser
sentido nas seguintes palavras utilizadas no poema:
“ato”, “desvendamos” e “conduziu”.
Pessoa começa por dizer “com duas mãos”… e
prossegue sempre colocando duas ordens de
valores em paralelo: “o ato e o destino” (…) “foi
alma a ciência e corpo a ousadia” (…) “foi Deus a
alma e o corpo Portugal”.
A primeira estrofe reforça a necessidade de
cooperação (imagem de marca do signo de
Balança) onde cada uma das partes da parceria se
encarrega da sua função específica: “uma ergue
o facho trémulo e divino/ e a outra afasta o véu”.
A segunda e terceira estrofes confirmam esta ideia.
Cada mão fez a sua parte: “uma desvendou e a
outra conduziu”.
Noutra perspetiva, Pessoa mais uma vez afirma que
a missão de Portugal tinha um caráter divino: “Foi
Deus a alma e o corpo Portugal” – Deus como a
alma do projeto e Portugal como sendo as mãos
que levariam a cabo o seu projeto. Para isso seria
necessário a cooperação aqui implícita que nos
sugere o signo de Balança.
As palavras “desvendamento” e “iluminação”
usadas por Fernando Pessoa neste poema também
nos remetem para o arquétipo da casa VII –
descendente – momento em que o Sol se põe para
desvelar outras realidades em consequência da
diminuição da luz e a hora em que o Sol parte para
iluminar o outro lado do mundo.
VIII. Fernão de Magalhães
No vale clareia uma fogueira.
Uma dança sacode a terra inteira.
E sombras disformes e descompostas
Em clarões negros do vale vão
Subitamente pelas encostas,
Indo perder-se na escuridão.
De quem é a dança que a noite aterra?
São os Titãs, os filhos da Terra,
Que dançam da morte do marinheiro
Que quis cingir o materno vulto —
Cingi-lo, dos homens, o primeiro —,
Na praia ao longe por fim sepulto.
Dançam, nem sabem que a alma ousada
Do morto ainda comanda a armada,
Pulso sem corpo ao leme a guiar
As naus no resto do fim do espaço:
Que até ausente soube cercar
A terra inteira com seu abraço.
Violou a Terra. Mas eles não
O sabem, e dançam na solidão;
E sombras disformes e descompostas,
Indo perder-se nos horizontes,
Galgam do vale pelas encostas
Dos mudos montes.
É evidente a associação deste poema com o signo de Escorpião, oitavo signo
zodiacal, quando é abordada a morte de Fernão de Magalhães.
Ao longo das quatro estrofes percebe-se a escuridão, a magia, o assombro,
o fantasmagórico, o aterrador, o pesado que tão bem descrevem o mundo
escorpiónico.
Escorpião é um signo do elemento água (emoções fortes neste caso, para o bem
e para o mal e sensibilidade) e das profundidades. Regido por Marte e Plutão,
é um arquétipo telúrico, regente das entranhas da terra e das suas convulsões.
Signo de modalidade fixa, tem polaridade Yin e correspondência com a oitava
casa astrológica que é sucedente.
Todo o vocabulário utilizado neste poema é muito característico deste signo:
“uma dança sacode a terra inteira (…)”, “sombras disformes e descompostas
(…)”, “em clarões negros do vale que vão (…)”, “indo perder-se na escuridão
(…)”, “de quem é a dança que a noite aterra? (…)”, “do morto ainda comanda
a armada”, “as naus no resto do fim do espaço (…)” , “violou a terra. Mas eles
não o sabem e dançaram na solidão (…). É difícil fazer uma melhor descrição
deste signo do zodíaco.
39
Esotericamente o poema faz na dança dos titãs a insinuação de um
ritual de sacrifício sabático. Por outro lado também apresenta a alma
com capacidade de, estando separada do corpo, continuar a agir
no mundo terreno: “pulso sem corpo ao leme a guiar”.
Há também a referência ao signo complementar e oposto, Touro, na
utilização de palavras e expressões como: “terra”, “filhos da terra”,
“praia”, “dançam”, “corpo”, “montes” e “horizontes”.
IX. Ascensão de Vasco da Gama
Os Deuses da tormenta e os gigantes da terra
Suspendem de repente o ódio da sua guerra
E pasmam. Pelo vale onde se ascende aos céus
Surge um silêncio, e vai, da névoa ondeando os véus,
Primeiro um movimento e depois um assombro.
Ladeiam-no, ao durar, os medos, ombro a ombro,
E ao longe o rastro ruge em nuvens e clarões.
Em baixo, onde a terra é, o pastor gela, e a flauta
Cai-lhe, e em êxtase vê, à luz de mil trovões,
O céu abrir o abismo à alma do Argonauta.
Este poema é a continuação do anterior, sendo que é preciso
passarmos por um processo de morte para depois renascermos.
O “Valle” é novamente citado agora definido como “Valle onde se
ascende aos céus”. À morte de Fernão de Magalhães segue-se a
ascensão de Vasco da Gama.
Sagitário, signo de fogo, de modalidade mutável, polaridade yang,
tem analogia com a nona casa astrológica que é cadente, está
implícito neste poema no seguinte verso: “Pelo vale onde se ascende
aos céus”.
“Trovões e “clarões” remete para a figura de Zeus, deus dos deuses,
significador de Júpiter, regente deste signo. Há referência a esse
regente do nono signo do zodíaco também neste verso: “o gigante
da terra”.
Gémeos é aqui identificado por palavras e expressões como:
“movimento”, “ombro a ombro”. O pastor e a flauta também são um
arquétipo de Gémeos já que é necessário o sopro do ar para a flauta
tocar assim como a utilização correta dos dedos da mão.
Fica-se com a ideia de abertura para cima e para o alto, para algo
superior que não se julgava existir após a passagem pelo oitavo setor
astrológico.
X. Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Estas duas estrofes são o exemplo acabado da
polaridade Caranguejo/Capricórnio.
Na primeira estrofe temos uma espécie de lamentação
de caráter íntimo e patriótico, de quem ficou na
praia cheio de saudades e a sofrer por quem partiu
(Caranguejo); na segunda estrofe reside um elevado
sentido realista de quem partiu (com o coração
desfeito, porém indiferente à chora), e que foi bem
sucedido porque sabia ser essa a sua obrigação e
responsabilidade (Capricórnio).
Capricórnio, signo cardinal e do elemento terra aqui
representado pelo sal (matéria sólida resultante
da transformação da lágrima (que está ligada ao
sentimento que caracteriza Caranguejo). Mais uma
vez o paralelismo de Pessoa com os signos opostos e
complementares em seus poemas aqui presente. Este
signo tem polaridade Yin, é angular, regido por Saturno
e tem analogia com a décima casa astrológica que
também é conhecida por ser o MC (Meio do Céu) sendo
esta a área da carreira e missão na vida.
«As “mães choravam” pelos filhos que morreram ao
desaparecerem no mar. Estes “rezaram” pelas suas
vidas e as noivas “ficaram por casar”. Esse é o preço
da operação alquímica que envolve a navegação
marítima.» 1
XI. A Última Nau
Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago
Erma, e entre choros de ânsia e de pressago
Mistério.
Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Voltará da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
E breve.
Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou ’spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna.
Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.
Este poema trata de referenciar o décimo primeiro signo do zodíaco, Aquário,
signo regido por Saturno e Úrano, tem como elemento o ar, polaridade Yang
e modalidade fixa.
Aqui o Rei D. Sebastião é a figura central, cujo desaparecimento abriu a
possibilidade de sua mitificação.
O Termo rei equivale a Leão, signo oposto a Aquário. D. Sebastião era aquariano
(20 de Janeiro de 1554) cuja personalidade rebelde e controversa reflete o seu
arquétipo solar de nascimento.
Podemos interpretar a decisão de D. Sebastião se envolver na aventura de
Alcácer Quibir como uma situação onde as qualidades e atributos do rei
estavam “exiladas”. As consequências desta decisão parecem ser o resultado
de um sol (rei), símbolo da vontade pessoal, decide em função do coletivo
(A expansão do império). Assim, este sol afastou-se, arrefeceu, apagou-se e…
desapareceu!
41
XII. Prece
Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade.
Mas a chama, que a vida em nós criou,
Se ainda há vida ainda não é finda.
O frio morto em cinzas a ocultou:
A mão do vento pode erguê-la ainda.
Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia —
Com que a chama do esforço se remoça,
E outra vez conquistaremos a Distância —
Do mar ou outra, mas que seja nossa!
Logo no título percebe-se o paralelismo que Pessoa faz com o signo de Peixes,
décimo segundo e último signo do zodíaco. É regido por Júpiter e Neptuno, de
polaridade Yin, mutável de modalidade, tendo a água como seu elemento.
Prece significa oração e fé, uma atitude do arquétipo pisciano.
Este signo engloba todos os outros onze signos do zodíaco nele, e como tal, se
repararmos bem, estão englobados no poema todos os quatro elementos dos
doze signos (Fogo, Terra, Ar e Água).
Exemplos:
◘ “Tormenta e vontade” – elemento terra
◘ “Mar universal e saudade” – elemento água
◘ “Mas a chama, que a vida em nós criou” – elemento fogo
◘ “Dá o sopro, a aragem – ou desgraça, ou ânsia” – elemento ar
O último verso da última estrofe mostra a fé (Peixes) que Fernando Pessoa deposita
em Portugal (Peixes) e na sua conquista que pode não ser pelo mar, mas a um nível
superior, espiritual, que Portugal, segundo penso, tem como missão no mundo.
NOTA
◘ 1. LUNA, Jayro, A Chave Esotérica de Mensagem de Fernando Pessoa, Epsilon Volantis,
2005, Op. Cit., P. 79.
BIBLIOGRAFIA
◘ GUIMARÃES, Isabel, Apontamentos Curso Profissional de Astrologia – níveis I e II – Faces,
2014
◘ LUNA, Jayro, A Chave Esotérica de Mensagem de Fernando Pessoa, Epsilon Volantis,
2005
◘ MEDEIROS, João, A Carta, Lua de Papel, 2013
CONCLUSÃO
Finalmente, em jeito de conclusão, é justíssimo neste modesto trabalho,
erguer o meu louvor à obra intemporal de Fernando Pessoa, de quem
a publicação de “Mensagem” celebra o octogésimo aniversário
neste início de Dezembro!
Quando nestes tempos confusos de ideias feitas, há ainda quem
amesquinhe os complexos estudos astrológicos, concretizando a
afirmação de que “quando aponta para a Lua, o tolo só olha para
o dedo”, Fernando Pessoa na sua genial mundividência é bem o
paradigma do estudioso que investiga e realiza na sua obra poética.
Factos e homens transfiguram-se na mítica versão do escritor.
Transmutam-se para além da História, como que navegando
por oceanos novos de estrelas, ao encontro de um futuro império
civilizacional.
Não será por acaso a presença inequívoca da palavra “Deus” em
quase todos os poemas desta segunda parte da “Mensagem” assim
como se nota em vários deles a esperança contida em Pessoa no novo
império. Esse estado de alma é característico do signo/arquétipo de
Peixes, signo solar de Portugal. Parece que, para Fernando Pessoa,
“Mar Portuguez” terá sido de certa forma a descrição histórica dos
factos (à sua maneira muito sui generis, com toda a sua genialidade
poética, literária, histórica e mística que tão bem o caracterizam,
mas sempre incluída nela a vertente espiritual, que a meu ver,
terá sido no fundo onde Pessoa quis chegar com a “Mensagem”.
Por outras palavras, o que Pessoa quis passar, na minha modesta
opinião, é que Portugal, pertencendo ao signo solar Peixes tem uma
missão grandiosa, universal, humanitária. Peixes é o signo regido por
Neptuno (deus dos mares) e por Júpiter (deus dos deuses), ou seja,
expansão (Júpiter) através dos mares (Neptuno), sendo que essa
missão tem como meta final o bem da humanidade tendo como
base a espiritualidade. Portugal conquistou mundo além mar, levou a
língua portuguesa além mar, falta levar a elevação espiritual, ou seja,
falta cumprir-se Portugal. Essa era a preocupação de Pessoa quando
ele se referia ao Quinto Império que já não é material.
Termino com a primeira e última palavras desta segunda parte de
Mensagem “Mar Portuguez” que querem, suponho eu, evidenciar o
que foi exposto neste trabalho e que resume a vontade de Pessoa
descrita na “Mensagem”:
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce (…) do mar ou outra, mas
que seja nossa” …
…a missão de Portugal.”
43
45
Nascido em maio de 1948, em Lisboa, ensinou e
praticou Astrologia entre 1978 e 2001, tendo voltado
à atividade em 2014. Tem 27 livros publicados,
quatro dos quais na área da astrologia: CRÓNICA
DA INCRÍVEL HISTÓRIA DO PATINHO (original de 1994,
publicado em 2015), DICIONÁRIO DE ASTROLOGIA
(3ª reedição em 2014), OS 12 ESTADOS DO SER
(Prosa/poesia astrológica, Ed. Nova Fronteira, Rio de
Janeiro, 1993), A ASTROLOGIA NOS DOZE POEMAS
DE “MAR PORTUGUÊS” DO LIVRO “MENSAGEM” DE
FERNANDO PESSOA (1989, não publicado).
Por: Vitorino de Sousa
www.sistemaanura.com
CÓDIGO DO ASTRÓLOGO
HUMANISTA
É inegável que há excelentes astrólogos em Portugal, que respeitam o código de
ética desta atividade. Mas também há os outros. Refiro-me aos que desrespeitam
a sua função, através do que dizem ao consulente e da forma que o dizem.
Esquecem que, quem os procura, crê estar diante de “quem sabe”, e, muitas
vezes, de quem “lê o futuro”. Portanto, o que ouvirem da boca do astrólogo
é o que vai acontecer! Escusado será dizer que a recorrente falta de tato na
conversa com os consulentes, gera resultados desastrosos: fazem previsões com
ar de “certezas”, o que leva a pessoa a viver em ansiedade, por vezes durante
anos, à espera que chegue a data “prevista”. Por isto – e muito mais havia a
denunciar – torna-se imperioso a divulgação do Código do Astrólogo Humanista.
Assim, considerando que a mais nobre função da Astrologia é destacar aquilo que
transforma uma pessoa comum num ser humano singular, proponho o seguinte:
47
◘ 1. A Astrologia é, essencialmente, uma técnica que favorece o autoconhecimento.
Um astrólogo de consciência, no seu contacto com o consulente, não deve violar
esta premissa.
◘ 2. Um astrólogo de consciência não prediz o futuro. Se referir potenciais, deve
saber que, regra geral, o consulente tende a traduzir “potenciais” por “certezas”.
◘ 3. A função de um astrólogo de consciência é “desembaciar o espelho” da
consciência do consulente, ajudando a considerar muito do que ele não se tinha
apercebido.
◘ 4. Um astrólogo consciente jamais diz ao consulente o que ele deve fazer. A
sua função é ajudar o consulente a fazer tomadas de consciência, as quais lhe
mostrarão, claramente, as decisões que deve tomar.
◘ 5. O foco essencial de um astrólogo de consciência não é o que vai acontecer
ao consulente. É a forma como ele tenderá a reagir ao que lhe pode acontecer.
◘ 6. O mapa natal é um meio que permite ao descodificar os planos físico, mental
e emocional do consulente, assim como decifrar parte da sua complexidade
anímica.
◘ 7. A função da astrologia não é predizer o futuro, pois não há predestinação. Se
um astrólogo sem consciência viola esta lei, comete o erro grave de menosprezar
o livre arbítrio do consulente.
◘ 8. Um astrólogo de consciência, na sua conversa com o consulente, não usa os
termos técnicos da astrologia; fala de forma que ele o entenda.
◘ 9. Um astrólogo de consciência sabe que o consulente não pode sentir medo
ou apreensão durante a consulta e depois de ela acabar.
◘ 10. Um astrólogo de consciência não permite que o consulente ganhe a
liberdade de lhe telefonar por tudo e por nada.
◘ 11. O consulente deve estar ciente de que a função da astrologia e de um
astrólogo consciente não é predizer o futuro.
◘ 12. Um astrólogo de consciência sabe que primeiro está a pessoa e só depois
está o seu mapa natal. Ou seja, o consulente não tem determinada característica
porque o seu mapa natal indica esta ou aquela característica desafiadora.
REFERÊNCIAS
◘ Este código está publicado no livro DICIONÁRIO DE TERMOS E SÍMBOLOS ASTROLÓGICOS
de Vitorino de Sousa
◘ Está disponível no botão “Loja” de www.sistemanaura.com
49
Luiza Azancot dedica-se ao estudo e prática da
Astrologia a tempo inteiro desde 2001. Tendo vivido
nos EUA, foi aí que obteve o título de Consulting
Astrologer NCGR IV. Tem uma abordagem
psicológica e arquetípica da astrologia mas
com clientes espalhados pelo mundo é também
especialista em Astrocartografia.”
Por: Luiza Azancot
Membro N.º15
www.luizaazancot.com
ao
PERGUNTE
ASTRÓLOGO
51
Durante as consultas somos por vezes confrontados com questões éticas
relacionadas com pedidos para fazermos as cartas de pessoas que não estão
presentes. Trata-se normalmente do marido, companheiro, namorado, mas às
vezes é-nos pedido um olhar astrológico sobre os filhos.
Quando os filhos são pequenos, o objetivo da consulta é o de ajudar os pais a
familiarizar-se com a natureza do seu filho ou filha. À medida que o tempo passa
os pais vão-se familiarizando naturalmente com a personalidade da criança.
Por tentativa e erro, vão descobrindo o que funciona e não funciona. A visão
astrológica fornece uma antevisão que permitirá aos pais, desde o início da vida
da criança, ajudá-la no seu desenvolvimento emocional ideal. Debruçamonos sobre questões e possíveis conflitos de comunicação, sugerimos desportos
adequados à personalidade da criança, assim como atividades escolares.
Acalmamos as ansiedades dos pais que querem ser os melhores pais do mundo e
sobretudo reforçamos o conceito que a criança veio ao mundo para desenvolver
as suas próprias qualidades e não para viver uma vida à imagem dos pais. Nunca
se fazem previsões pois podem ter resultados dramáticos.
Quando me é pedido para olhar para a carta de um filho mais velho, adolescente
ou mesmo adulto, as questões éticas são mais complicadas e a resposta
normalmente é: O seu filho tem direito à sua privacidade, explique-me bem a
sua motivação ao fazer este pedido e verei de que forma a posso ajudar.
Muitas vezes o pedido de olhar para um problema do filho é uma projeção do
problema da mãe ou do pai. Mas de vez em quando há exceções. A primeira
vez que fui confrontada com um pedido desse tipo veio de uma mãe após uma
tentativa de suicídio falhada da parte do filho. Estava no início da minha carreira
de astróloga profissional e fiquei muito aflita.
A pergunta era: O meu filho é adulto, vive fora de casa e longe de mim, será
que posso fazer alguma coisa que o ajude a não entrar outra vez num buraco
tão negro?
Pareceu-me uma preocupação legítima e enquadrada dentro da consulta
desta mãe tão preocupada. Depois de me certificar que estava a ser feito um
acompanhamento psicológico resolvi olhar para a carta do filho.
Não tentei saber antecedentes, uma vez que não era o filho o
consulente. Tomei nota de que na época da tentativa de suicídio,
Plutão por trânsito fazia uma conjunção ao meio ponto entre Neptuno
e a Lua, intensificando desilusões e sensibilidade emocional, trazendo
instabilidade.
Debrucei-me sobre os aspetos fundamentais da carta:
◘ 1. Todos os planetas no hemisfério inferior – pessoa que valoriza a
privacidade, naturalmente introvertido.
◘ 2. Ausência do elemento Terra e com Água como elemento dominante,
seguido de Fogo, o que significa tendência para lhe faltar o chão, sentirse desapoiado do elemento essencial ao equilíbrio, e por outro lado com
dificuldade de expressão emocional porque o fogo apaga a água.
◘ 3. Lua no grau anarético, prestes a entrar no seu signo de exílio. O
Astrólogo Richard Idemon compara os planetas no último grau, dito
anarético como uma supra nova, uma estrela prestes a explodir, prestes
a auto destruir-se. Brilha com grande intensidade mas também com
grande fragilidade. Fragilidade essa que pode ainda ser maior por estar
prestes a entrar no seu signo de exílio.
53
◘ 4. Lua e Júpiter em receção mutua para além de uma oposição.
Sentimento exagerados? Enorme necessidade de ter fé, de acreditar. A
Mãe, neste caso a minha cliente como elemento salvador?
◘ 5. Vénus e Plutão em receção mutua. Vénus regente da 5, onde habita,
e da Cabeça de Dragão ou Nodo Lunar Norte. Como não podia fazer
perguntas sobre relacionamentos, que poderiam ter sido a origem da
tentativa de suicídio, orientei-me para Vénus como expressão estética,
uma vez que a casa 5 facilita a sua expressão criativa.
◘ 6. Sol sem aspetos ptolemaicos o que dificulta o acesso ao eu interior
e a processos de transformação que o jovem procurava da forma mais
negativa possível.
Perante este quadro, a minha principal preocupação foi a de sugerir o
reforço ao eu interior de uma forma escorpiónica, sensível, não direta,
através da expressão criativa, o que eventualmente lhe poderia dar mais
sentido à Cabeça do Dragão em Balança, signo regido por Vénus e
conjunto a Plutão. Conceito chave: Criativamente transformo-me.
Sintetizando todas estas informações e deduções, sugeri que a mãe lhe
oferecesse uma máquina fotográfica de muito boa qualidade e que
o incentivasse a tirar fotografias na natureza. A Mãe inicialmente ficou
pouco convencida porque julgava que o que o filho precisava era de
companhia, saídas, atividades extrovertidas.
Expliquei-lhe que o que o filho precisava era de se encontrar através
de uma expressão privada, subtil e de preferência a preto e branco
(escorpião), e que a falta de terra poderia ser minimizada com os passeios
na natureza onde tirasse as ditas fotografias.
A minha cliente assim fez e aos poucos o filho foi dominando a depressão.
Ao fim de um ano deixou o apoio psicológico. Fartou-se de tirar fotografias
e até fez uma exposição de fotografias a preto e branco em que o tema
eram folhas caídas no chão, na água, nos charcos.
A minha cliente vem à consulta todos os anos e assim tenho tido notícias
do filho. Ao longo destes dez anos, mudou-se para uma cidade mais
perto da mãe, fez um outro curso, mudou de profissão, começou um
relacionamento sério com uma jovem esteticista e no último email que
recebi da mãe por alturas do Natal fiquei a saber que compraram uma
casa, casaram e a minha cliente pensa que será avó no próximo ano.
Não sei até que ponto a sugestão da oferta da maquina fotográfica foi
útil. Fiz o melhor que sabia.
A minha cliente considera que o meu conselho astrológico foi a salvação
do filho e por acréscimo dela.
55
Nicole Zeghbi é brasileira, nascida em Curitiba.
Começou a estudar astrologia em 2010 e teve
desde então como professor e formador João
Rodrigues Acuio. Sua linha de estudos é a astrologia
tradicional.
Por: Nicole Zeghbi
O BRANCO MAIS
1
PRETO DO BRASIL
ASTROLOGIA TRADICIONAL E O ALMUTEM FIGURIS
Terei como fio condutor da trama tecida no céu de Vinicius o que se
denomina Almutem Figuris, o senhor da carta. Almutem deriva da palavra
Árabe Almutez que significa o vitorioso. O Almutem é o “espírito” do mapa,
a força propulsora. Aquele que indicará em seus aspectos e silêncios a
energia mobilizadora do mapa.
O Almutem, como é aqui significado, se assemelha ao daímon das obras
de Platão onde é descrito como guia das almas, como aquele que
conduzirá o individuo ao problema do seu destino.
Na República, Livro X Platão escreve que Láquesis, filha da Necessidade,
expõe às almas o critério de escolha da nova existência e que cada
alma escolherá tanto o daímon que a acompanhará, quanto a vida que
levará. Sua função será guardar aquela vida e fazer que se cumpra o
que escolheu. O daímon é descrito em Platão como responsável pelo
cumprimento do destino escolhido, não tendo, no entanto, poder de
alterá-lo ou interrompê-lo o que o diferencia das Moiras.
O daímon, ou o Almutem Figuris, como chamarei aqui, é o intermediário
entre os deuses e os homens.
Mas o que representa o Almutem Figuris no mapa? Ben Ezra descreve
o Almutem Figuris da seguinte forma: “Pero el testimonio más fuerte
es el del planeta que domina sobre todo el círculo, que los árabes
denominan almuten, y hemos de considerar su estado, ya que su
testimonio equivale em la cualidad de su estado a los recibidos de
todos los demás.” E ainda que existam outras possibilidades, é dele o
embasamento utilizado nesse artigo para o cálculo do Almutem Figuris2.
O Almutem da natividade dará o
testemunho mais importante no
mapa, sendo utilizado também
o testemunho do Almutem do
Almutem – o planeta “poderoso”
dentro do Almutem - como
testemunho importante para
análise. Na análise das casas,
será do Almutem de cada uma
delas o primeiro testemunho,
sendo dado aos seus regentes o
papel de segundo testemunho3.
Seguindo
a
Astrologia
Tradicional considero na leitura
do mapa apenas os 7 planetas
clássicos.
Fonte: Tabela para cálculo do Almutem do mapa:
<http://www.astrologiamedieval.com/tabelas/
Tabela_para_calculo_do_Almutem_do_mapa.pdf>
VINICIUS, O CONSTRUTOR DAS MIL IDENTIDADES DO AMOR
Quem poderia imaginar que Vinicius de Moraes, o boêmio mais boêmio
do Brasil, amante do amor pelas mulheres, fosse “filho” de Saturno. Sem
olhar, qualquer um apostaria na sedutora Vênus como a senhora do
seu destino. Mas não, Vinicius de Moraes, diplomata, poeta, amante e
compositor, tinha Saturno como Almutem Figuris. Saturno o senhor do
tempo, que nos ensina “que nada renasce antes que se acabe e o
Sol que desponta tem que anoitecer4”. Saturno é a estrutura, o tempo
das coisas. E como senhor do tempo Saturno se faz música. Da métrica
musical Saturno é o arquiteto.
Saturno em Gêmeos dá engenhosidade com a construção do discurso,
das palavras. Ao vestir-se com as roupas de Gêmeos, Saturno abre o
leque de suas possibilidades, podendo atuar aqui e ali. E Vinicius foi
diplomata, poeta e músico.
Saturno em Gêmeos na Casa IX levou Vinicius a viver boa parte de sua
vida no exterior, tanto a carreira diplomática como a artística, levaram
sua vida para fora do Brasil.
57
A casa em que Saturno se hospeda em seu mapa lhe deu a carreira
diplomática; advogado, representante do Brasil no exterior. A carreira
diplomática sempre lhe serviu de forma estratégica – o Almutem de
Saturno é Mercúrio em Escorpião na Casa 2 – e no princípio era de onde
tirava o sustento.
A necessidade de encontrar algo maior para explicar a vida também
lhe veio da Casa IX. Desde cedo buscou na religião um descanso para
as angústias do viver. Foi fortemente marcado pela formação espiritual
aplicada pelos jesuítas no Colégio Santo Inácio, e seu primeiro poema
publicado, em 1932, “A transfiguração da montanha”, era um poema
bíblico, composto como um reflexo poético dos evangelhos. O poema
foi publicado na revista católica “A ordem”.
A força da religião em Vinicius fica mais clara quando se vê Saturno
como fundador de sua identidade (Saturno Almutem da Casa 1); Vinicius
fundou sua identidade na religião, e num primeiro momento viveu as
angústias e os freios que a religião católica lhe impunha. Apenas mais
tarde e por influência de Gesse Gessy, uma de suas mulheres, foi que
Vinicius encontrou-se no Candomblé, religião que faz da paixão algo
sagrado quando coloca seus Orixás sujeitos à ela.
“O canto da mais difícil
E mais misteriosa das deusas
Do candomblé baiano
Aquela que sabe tudo
Sobre as ervas
Sobre a alquimia do amor”
Canto de Ossanha, composta em parceria com Baden Powell (no violão) em 1966.
Imagem do documentário “Vinicius de Moraes” https://www.youtube.com/watch?v=I7SGgf5vaNc
59
Ele mesmo disse, sobre sua relação com a religião: “fui salvo pela
mulher5”. A mulher aparece em sua vida como um Sol. O Sol em Libra,
que ascendia no horizonte em seu nascimento, surge como o segundo
elemento a marcar sua identidade; triangulando com Saturno parece
lhe dizer que sem o outro (Sol Almutem da Casa VII e XI), ele não seria
ninguém. E Vinicius sabia muito bem disso. Em “Samba em Prelúdio”,
escrito em 1962, fala desse outro que o funda.
“Eu sem você não tenho porque
porque sem você não sei nem chorar
Sou chama sem luz
jardim sem luar
luar sem amor
amor sem se dar
E eu sem você
sou só desamor
um barco sem mar
um campo sem flor
Tristeza que vai
tristeza que vem
Sem você meu amor eu não sou
ninguém”
Há nesse ponto, um segundo testemunho do ponto fundador de sua
identidade dado pelo Sol, que como regente da VII e da XI se hospeda
na Casa I.
Mas Saturno fez dele mais que diplomata; como Almutem da Casa
V deu a ele criatividade na construção das palavras. Criatividade
impulsionada também pela presença da Fortuna em Peixes6, na mesma
Casa V; a fortuna dos músicos, poetas e cineastas.
Ali, no domínio na quinta casa, Saturno fez dele também um Don Juan.
Depois de declarar-se salvo pelas mulheres jamais esteve sozinho por
muito tempo, costumava largar um casamento por outro, tendo se
casado nove vezes e tido cinco filhos. Com o Sol atuando nos termos
de Vênus7 - em Virgem na Casa XII - apaixonou-se sempre por mulheres
que exigiam da paixão o segredo; em quatro de seus nove casamentos,
sempre antecedidos de uma ardente paixão, Vinicius se envolveu com
mulheres muito jovens ou casadas, que precisavam esconder a relação
do mundo.
E apesar dos inúmeros casamentos, Vinicius amava como Saturno que
era: “Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito
siso, muita seriedade e pouco riso.”8
Esse segundo testemunho, dado pelo Sol, como regente da XI aponta
para o fata de que não só os casamentos fizeram de Vinicius o homem
que foi. Sua carreira musical foi marcada por intensas e reconhecidas
parcerias: Tom Jobim, Carlos Lyra, Edu Lobo, Chico Buarque, Baden Powell
e Toquinho. Vinicius jamais foi Vinicius sozinho!
“Eu não ando só,
só ando em boa companhia
com meu violão,
minha canção e a poesia.”9
Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Miúcha e Toquinho, em show no Canecão, em 1977. Fonte: Veja, infográfico,
especial Vinicius de Moraes
Essas associações de Casa XI estão diretamente ligadas a sua profissão,
ao que lhe trouxe reconhecimento, já que o mesmo Sol em Libra que
triangulando com Saturno em Gêmeos lhe faz diplomata, religioso e
amante, ao triangular com a Lua em Gêmeos, conjunta ao seu Almutem,
lhe faz famoso (Lua Almutem da X) por seu talento poético.
Há ainda outro forte aspecto que liga seu Almutem Figuris, Saturno, a
Casa X: Saturno faz antíscia10 com o MC.
A MÚSICA E A POESIA EM SUAS ORIGENS OU O INÍCIO E O FIM
Saturno em Gêmeos nos termos de Marte; a construção de sua fala se dá
como Marte lhe possibilita. É o que lhe move.
Marte é Almutem da IV: Vinicius tem a poesia e a música em suas origens,
em sua família. Da família materna veio-lhe a música, da paterna a poesia.
Marte em Câncer, movido pela emoção, pela memória. Um Marte que se
comporta como Mercúrio determinar (nos termos de Mercúrio). Mercúrio
é aquele com asas nos pés, o que veio ao mundo para fazer do divino,
palavra.
Como Almutem da IV, Marte testemunha também sobre o fim de
Vinicius, fim daquilo que foi, que construiu. Testemunha sobre a memória
que ficará. E com Marte no Meio do Céu Vinicius continuará sempre
reconhecido pelo. Sua morte não o enterra.
Mercúrio, no entanto, é o principal testemunho sobre o inicio e o fim de
Vinicius. Mercúrio é seu início e seu fim! Como Almutem do Almutem
e Almutem da Casa IX, abriga o seu início; já que Saturno se hospeda
ali, ele, o Almutem do mapa e da I. Como Almutem da Casa XII abriga
também o seu fim; estando Vênus hospedada ali, ela, Almutem da VIII.
AS ESTRELAS11 DE VINICIUS
Para que nada lhe faltasse na sinalização da vida artística as Moiras
coloriram o céu de Vinicius com estrelas.
Alpheca, a alfa da coroa, conjunta a Lua por declinação, destinou-lhe
definitivamente o talento poético como profissão. Deu-lhe também a
permissividade erótica dos poemas ao feminino, dos muitos casamentos,
da nudez sem nenhuma vergonha12.
São essas qualidades que lhe trazem reconhecimento (Lua Almutem
da X). A Lua, banhada pela luz de Alpheca, ganha ainda mais força
por ter Saturno, o senhor da métrica e da dor e Almutem do mapa de
Vinicius, segurando-lhe a mão.
Alpheca é a coroa dada por Dionísio para Ariadne, filha de Minos de
Creta. Ariadne representava o amor, a única força capaz de vencer
a fome de paixões do insaciável Minotauro. Teseu sabia que só com
a ajuda dela poderia derrotar o temido monstro, e prometeu-lhe
casamento. Ariadne, então, deu-lhe uma espada e um novelo de linha
(fio de Ariadne), para que ele pudesse achar o caminho de volta, do
qual ficaria segurando uma das pontas. Vitorioso, Teseu esperou que
Ariadne dormisse e a abandonou. Encontrando Ariadne em desespero,
Dionísio a consola e a toma como esposa. Dá-lhe uma linda coroa de
ouro como presente de casamento (Alpheca), cravejada de pedras
preciosas, que, a pedido dela, ele atira ao céu quando Ariadne morre.
De acordo com Ptolomeu é da
natureza de Vênus e Mercúrio.
Alphecca dá honra, dignidade e
capacidade artística. Mas como todas
as estrelas venusianas também pode
ter seus efeitos indesejáveis. Segundo
Firmicus Maternus Alphecca indica
variedade de atividades prazerosas
por um indivíduo que secretamente se
envolve em casos de amor.
61
“E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.
Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.
Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.”13
O dom artístico e mais especificamente musical aparece também
pela conjunção (declinação) de Alphard, a alfa de hydra, com seu
ascendente.
A Hydra tinha corpo de dragão e sete cabeças que se regeneravam se
cortadas. Era tão venenosa que matava os homens apenas com o seu
hálito. Foi derrotada por Hércules em seu segundo trabalho.
Ptolomeu afirma que é da natureza de Saturno. Segundo Vivian E,Robson
dá sabedoria, musical e apreciação artística, o conhecimento da
natureza humana, fortes paixões, a falta de autocontrole, a imoralidade,
atos revoltantes e uma morte súbita por afogamento, envenenamento
ou asfixia.
Rigel, a beta de Órion, também conjunta (declinação) ao seu
ascendente anuncia seu extraordinário talento. Órion o caçador capaz
de dominar todos os animais tem Rigel no pé esquerdo e segundo João
Rodrigues Acuio representa aquela que dará sustento e estrutura ao
gigante.
De acordo com Ptolomeu e Lilly é da natureza de Júpiter e Saturno.
Associo Rigel à importância que Vinicius teve no nascimento da Bossa
Nova, foi ele uma das estruturas desse grande movimento musical que
mudaria para sempre a história da música brasileira.
Vega, ainda que a 3 graus de Júpiter na Casa IV (longitude) parece
pertinente: Vinicius tem sua fala (Casa III que tem Júpiter como Almutem),
na poesia e na música, atrelada ao amor, atrevo-me a dizer que ao
tema de Orfeu. A música e a poesia estavam em suas origens; dizem
que Vinicius aprendeu a cantar antes de falar.
Sua ligação com Vega vai mais longe: Vinicius reescreveu a história de
Orfeu, um Orfeu negro.14 Porque afinal Vinicius era o branco mais preto
do Brasil15. Transportou a história de amor de final trágico entre Orfeu
e Eurídice para as favelas cariocas, para um feriado de carnaval. No
musical, Orfeu, um sambista que vive no morro, filho de um músico e de
uma lavadeira, apaixona-se por Eurídice.
A paixão entre Orfeu e Eurídice desperta o ciúme e o desejo de vingança em Mira,
ex-namorada do sambista, que leva Aristeu, apaixonado por Eurídice, a matá-la.
Numa terça-feira, último dia de Carnaval, Orfeu desce do morro e vai até o Clube
Os Maiorais do Inferno depois de Eurídice estar morta. Já ensandecido, ele vai
procurar Eurídice para ver sua amada, tentar encontrá-la novamente. De volta à
favela, solitário, ele é morto por Mira e pelas outras mulheres açuladas por ela.
No mito original Orfeu apaixonou-se por Eurídice e casou-se com ela. Mas Eurídice
era tão bonita que, pouco tempo depois do casamento, chamou a atenção de
um apicultor chamado Aristeu. Quando ela recusou suas atenções, ele a perseguiu.
Tentando escapar, ela tropeçou em uma serpente que a mordeu e a matou. Orfeu
ficou transtornado de tristeza. Levando sua lira, foi até o Mundo dos Mortos, para
tentar trazê-la de volta. A canção pungente e emocionada de sua lira convenceu
o barqueiro Caronte a levá-lo vivo pelo rio Estige. A canção da lira adormeceu
Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões. Seu tom carinhoso aliviou
os tormentos dos condenados. Encontrou muitos monstros durante sua jornada,
e os encantou com seu canto. Finalmente Orfeu chegou ao trono de Hades. O
rei dos mortos ficou irritado ao ver que um vivo tinha entrado em seu domínio,
mas a agonia na música de Orfeu o comoveu, e ele chorou lágrimas de ferro.
Sua esposa, a deusa Perséfone, implorou-lhe que atendesse o pedido de Orfeu.
Assim, Hades atendeu seu desejo. Eurídice poderia voltar com Orfeu ao mundo
dos vivos. Mas com uma única condição: que ele não olhasse para ela até que
ela, outra vez, estivesse à luz do sol. Orfeu partiu pela trilha íngreme que levava
para fora do escuro reino da morte, tocando músicas de alegria e celebração
enquanto caminhava, para guiar a sombra de Eurídice de volta à vida. Ele não
olhou nenhuma vez para trás, até atingir a luz do sol. Mas então se virou, para se
certificar de que Eurídice o estava seguindo e a perdeu para sempre.
Vinicius foi Orfeu tentando salvar seus amores do
inevitável fim com música e poesia, compondo e
dedicando sua poesia à amada. Vinicius foi Orfeu
em cada uma das oito vezes em que duvidou
que sua amada pudesse segui-lo nos dias escuros,
para só então voltar a emergia à luz da paixão.
Vinicius foi Orfeu em cada uma das oito vezes em
que olhou para trás.
LINHA DO TEMPO - FIRDÁRIA16
As relações entre os planetas e os aspectos da vida de Vinicius, a teia tecida no
céu, que o astrólogo pretensiosamente ouve, ganha nas Firdárias a força do que
houve.
É interessante perceber que Marte e Lua funcionam como um gatilho para os
acidentes e acontecimentos que põe em risco sua vida. Atribuo isso ao fato do
“pequeno maléfico” atuar nos termos de Mercúrio; Almutem da XII e de ter como
Almutem a Lua; planeta Almutem e co-regente da Casa VIII. Já a Lua como
acabei de falar é Almutem e co-regente da Casa VIII além de ter como Almutem
Mercúrio. Os termos da Lua são os de Júpiter, os termos do fim.
63
Já Saturno – como não poderia deixar de ser, tendo em vista ser o Almutem Figuris
, o vitorioso, do mapa - remete a períodos de ascensão como à criação da Bossa
Nova e a produção dos Afrosambas.
◘ 1926 Firdária Saturno Sol: perde a virgindade (na verdade essa Firdária começa
em julho de 27).
◘ 1932 Firdária Saturno Lua: primeiro poema publicado, assim como o primeiro livro.
A poesia de Vinicius ainda está tomada pelas questões do espírito. Ainda nessa
Firdária teve sua formação e carreira diplomática; Vinicius de Moraes graduou-se
em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933, talvez já em uma Firdária Júpiter.
◘ 1938 Firdária Júpiter Vênus: Casa-se pela primeira vez. Beatriz Azevedo de Mello,
a Tati, foi a mulher com quem viveu por mais tempo.
◘ 1940 Firdária Júpiter Mercúrio: Nascimento de sua primeira filha, Suzana.
◘ 1942 Firdária Júpiter Lua: Nasce seu filho Pedro.
◘ 1945 Firdária Marte: Sofre grave desastre de avião na viagem inaugural do hidro
“Leonel de Marnier”, perto da cidade de Rocha, no Uruguai. Em sua companhia
estão Aníbal Machado e Moacyr Werneck de Castro.
◘ 1950 Firdária Marte Saturno: Casa-se, pela segunda vez, com Lila Maria Esquerdo
e Bôscoli.
◘ 1952 Firdária Sol: Nasce sua filha Georgiana.
◘ 1955 Firdária Sol Mercúrio: Nasce sua filha Luciana.
◘ 1957 Firdária Sol Lua: No início de 1958, sofre um grave acidente de automóvel.
◘ 1958 Firdária Sol Saturno: O ano de 1958 marcaria o início de um dos movimentos
mais importantes da música brasileira, a Bossa Nova. Vinicius fez aqui grandes
parcerias, fazendo parte com sua poesia e música do “grupo” da Bossa Nova.
Para muitos críticos o início do movimento aconteceu no lançamento, em
Agosto de 1958, de um compacto simples do violonista baiano João Gilberto
(considerado o papa do movimento), contendo as canções Chega de Saudade
(Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Bim Bom (do próprio cantor). O Casa-se com
Maria Lúcia Proença.
◘1961 Firdária Sol Marte: Inicia novas parcerias com Carlos Lira e Baden Powell.
Dessas parcerias surgirão grandes sucessos.
◘ 1962 Firdária Vênus: Em 1963, inicia uma parceria que produziria grandes sucessos
com Edu Lobo. Casa-se com Nelita Abreu Rocha.
65
◘ 1965 Firdária Vênus Lua: Vinicius de Moraes compôs, com Edu Lobo, Arrastão. A
canção seria defendida por Elis Regina no I Festival de Música Popular Brasileira
(da extinta TV Excelsior), realizado no Guarujá naquele mesmo ano. Era o fim
(Vênus e Lua Almutem da VIII) da bossa nova e o início do que se rotularia MPB.
◘ 1966 Firdária Vênus Saturno: o antológico LP “Os Afro-sambas”, de Vinicius de
Moraes e Baden Powell. (Vênus Almutem da VIII, hospedada na XII e o Saturno
significador de suas crenças religiosas).
◘ 1968 Firdária Vênus Marte: em 30 de abril de 69 foi afastado da carreira
diplomática tendo sido aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional
Número Cinco. Vive as consequências da ditadura no Brasil. Morre sua mãe.
◘ 1969 Firdária Vênus Sol: Casa-se com Cristina Gurjão, com quem tem uma filha
chamada Maria.
◘ 1970 Firdária Mercúrio: Casa-se com a atriz baiana Gesse Gessy, a mulher que
lhe apresentaria o Candomblé. Inicia parceria com o violonista Toquinho. Toda a
Firdária de Mercúrio foi marcada por viagens ao exterior. Em 1971, muda-se para
Salvador, Bahia. Viaja pela Itália, numa espécie de autoexílio. (Mercúrio Almutem
da Casa XII).
◘ 1974 Firdária Mercúrio Saturno: Confirmando os boatos de que o governo o
perseguia, excursiona pela Europa e grava dois discos na Itália com Toquinho,
em 1975.
◘ 1976 Firdária Mercúrio Júpiter: Novo casamento, agora com Marta Rodrigues
Santamaria.
◘ 1978 Firdária Mercúrio Marte: Excursiona com Toquinho pela Europa. Casa-se com
Gilda de Queirós Matoso. Em 1979, participa de leitura de poemas no Sindicato
dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), a convite do líder sindical Luiz
Inácio Lula da Silva. Voltando de viagem à Europa, sofre um derrame cerebral
no avião. Perdem-se, na ocasião, os originais de Roteiro lírico e sentimental da
Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
◘ 1980 Firdária Mercúrio Sol: No dia 17 de abril de 1980, é operado para a instalação
de um dreno cerebral. Morre na manhã de 09 de julho, de edema pulmonar,
em sua casa na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher.
Extraviam-se os originais de seu livro O deve e o haver.
Morre em 9 de julho de 1980 em uma Firdária de Mercúrio Sol. Mercúrio que abriga
seu início e seu fim.
E como se o destino brincasse com Vinicius foi Vênus que lhe segurou a mão no
último momento. O prazer (Vênus) sempre lhe foi mais caro que a saúde (Vênus
Almutem da VI). Vinicius fez do prazer seu cárcere; boêmio inveterado, amante
do amor – viveu e morreu pela paixão.17 O amor guardava a entrada do Hades
(Vênus Almutem da VIII).
NOTAS
◘ 1. Referência à música “Samba da Bênção” composta em 1967 por Baden
Powell e Vinícius de Moraes, sendo a letra de Vinícius de Moraes. “Eu, por exemplo,
o capitão do mato / Vinicius de Moraes / Poeta e diplomata / O branco mais
preto do Brasil”. A letra na íntegra está transcrita no fim do artigo.
◘ 2. “Esto puedes hallarlo sabendo que los lugares principales son cinco: primeiro
el del Sol, segundo el de la Luna, terceiro el lugar de la Conjunción o Prevención
(Oposición) anterior a la natividad.
...
El cuarto grado es el Ascendente, el quinto la Parte de Fortuna, que según Ptolomeo
se há de tomar siempre, de día y de noche, a partir del Sol y la Luna.
Calcula después los valores que tiene el planeta en estos cinco lugares, y el lugar
de su posición, y en la hora del día de la natividad. Asigna al regente de la Casa
um valor de 5 virtudes, al del honor 4, al de la triplicidade 3, cualquiera de los três
que sea, al del Término 2 y al de la Faz una.
Igualmente, al que se halle en la primera Casa, dale 12 virtudes, al de la décima
dale 11 virtudes, em la séptima 10, em la cuarta 9, em la undécima 8, em la quinta
7, em la segunda, 6, em la novena 5, em la octava, 4, em la terceira, 3, em la
duodécima 2 y em la sexta 1 virtud.
Al señor del día has de darle 7 virtudes, al de la hora 6.
De todo ello, el planeta que tenga mayor número de virtudes será el almuten
y según el número de virtudes que cada uno de los demás tiene com relación
a éste, indicará su fuerza em el nativo. Los antigos que trataron de la natividad
procedieron según el orden de las Casas, y no según el orden natural observado
por Ptolomeo en el Tetrabiblos. Nosostros seguiremos el orden de los antiguos.”
Trecho das páginas 168-169 do livro “Textos Astrológicos Medievales” de Bem Ezra
◘ 3. Para o cálculo do Almutem do Almutem utiliza-se a mesma técnica
apresentada por Bem Ezra, isolando-se o planeta em questão na primeira linha da
tabela apresentada para obter o resultado. Para o Almutem das casas segue-se
a mesma lógica utilizando o signo na cúspide da casa para o cálculo.
◘ 4. A vida tem sempre razão. (1977) Composição: Vinícius de Moraes e Toquinho.
◘ 5. Citação da página 99 da biografia “O poeta da paixão” de José Castello
◘ 6. Foi utilizado o cálculo noturno para Fortuna (Ascendente + Sol – Lua)
◘ 7. De acordo com a tabela de dignidades essenciais segundo os Egípcios. Fonte:
Academia Portuguesa de Astrologia. Disponível em: http://minhateca.com.br/
Mateus.DK/Documentos/Astrologia/Tabelas+de+Pesquisa+R*c3*a1pida/Dignida
des+Essenciais+segundo+os+Eg*c3*adpcios+-+Academia+Portuguesa+de+Astrol
ogia,89923127.pdf
◘ 8. Para viver um grande amor, composta em 1972 por Vinícius de Moraes e
Toquinho.
◘ 9.Para viver um grande amor, composta em 1972 por Vinícius de Moraes e
Toquinho.
◘ 10. Antiscias são pontos da roda do zodíaco que possuem a mesma quantidade
de luz. Na prática, equivale dizer que há dois pontos na roda que são siameses,
reflexos um do outro.
◘ 11. O cálculo do posicionamento das estrelas fixas é feito projetando as estrelas
na eclíptica tendo em conta sua ascensão reta e declinação. A catalogação por
nome e localização atribuída às estrelas é a de Ptolomeu.
◘ 12. Vinícius adorava ficar nú em casa; era muito comum sua mulher, ou Toquinho
– quando morou com o poeta e sua esposa - chegar em casa e se deparar com
Vinicius nú deitado no sofá.
◘ 13. Parte do poema “Soneto de Corifeu” publicado no Livro de Sonetos em 1957
◘ 14. Orfeu da Conceição é uma adaptação em forma de peça musical
do mito grego de Orfeu transposto à realidade das favelas cariocas. A
obra marca o encontro artístico do autor Vinicius de Moraes com Antonio
Carlos Jobim que musicou todo espetáculo. O espetáculo estreou no Teatro
Municipal do Rio de Janeiro em 25 de setembro de 1956 com cenários de
Oscar Niemeyer.
◘ 15. É interessante notar que Saturno, Almutem Figuris de Vinicius, segundo
Al Biruni é “da cor de Azeviche, também negro misturado com amarelo, cor
de chumbo, escuro como breu.”
◘ 16. A Firdária é um método de datação que divide em períodos com
“governo” e “sub governo” dos 7 planetas clássicos e nodos lunares. Nesse
arquivo está sendo utilizado o método de Firdária de Al Biruni. A Firdária
foi calculada para um mapa noturno, o que reitera a escolha do cálculo
noturno para estabelecer a fortuna do mapa.
◘ 17. Faço aqui uma alusão à relação de Vinicius com o álcool. Vinicius
tinha uma Vênus em Virgem regendo-lhe a VIII e hospedada na XII, a
mesma de Charles Bucowiski, escritor que da mesma forma levou as últimas
consequências seu prazer pela bebida e que tinha uma relação “estreita”
por assim dizer com o sexo e o amor. Há também o poeta Paulo Leminski,
que tem a mesma Vênus em Virgem, hospedada na VII, não Almutem, mas
regente de sua morte.
BIBLIOGRAFIA
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◘ DA COSTA, Valcicléia Pereira O “daimon” de Sócrates: conselho divino ou
reflexão? Cadernos de Atas da ANPOF, no 1, 2001.
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◘ EZRA, Abraham Ben Meir Textos Astrológicos Medievales Tradução
Demetrio Santos Editor: Barat 1981
◘ FERNANDES, Marcelo Vieira Manílio Astronômicas Tradução, Introdução e
Notas, 2006 286 p Tese (Mestrado em Letras Clássicas) Universidade de São
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◘ GREENE, Liz A astrologia do destino Tradução Carmen Youssef São Paulo:
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◘ MATERNUS, Julius Firmicus Matheseis Libri VIII Tradução CMM, QHP Ed,
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◘ SILVA, Paulo Alexandre Astrologia Medieval em: < http://www.
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◘ VM Cultural Disponível em: <www.viniciusdemoraes.com.br> Acesso em:
22 out 2014
67
SAMBA DA BÊNÇÃO
1967 Baden Powell e Vinícius de Moraes,
letra de Vinícius de Moraes.
“É melhor ser alegre que ser triste / Alegria é a melhor coisa que existe /
É assim como a luz no coração / Mas pra fazer um samba com beleza / É
preciso um bocado de tristeza / É preciso um bocado de tristeza / Senão,
não se faz um samba não / Senão é como amar uma mulher só linda / E
daí? Uma mulher tem que ter / Qualquer coisa além de beleza / Qualquer
coisa de triste / Qualquer coisa que chora / Qualquer coisa que sente
saudade / Um molejo de amor machucado / Uma beleza que vem da
tristeza / De se saber mulher / Feita apenas para amar / Para sofrer pelo
seu amor / E pra ser só perdão Fazer samba não é contar piada / E quem
faz samba assim não é de nada / O bom samba é uma forma de oração
/ Porque o samba é a tristeza que balança / E a tristeza tem sempre uma
esperança / A tristeza tem sempre uma esperança / De um dia não ser
mais triste não / Feito essa gente que anda por aí / Brincando com a vida
/ Cuidado, companheiro! / A vida é pra valer / E não se engane não,
tem uma só / Duas mesmo que é bom / Ninguém vai me dizer que tem
/ Sem provar muito bem provado / Com certidão passada em cartório
do céu / E assinado embaixo: Deus / E com firma reconhecida! / A vida
não é brincadeira, amigo / A vida é arte do encontro / Embora haja tanto
desencontro pela vida / Há sempre uma mulher à sua espera / Com os
olhos cheios de carinho / E as mãos cheias de perdão / Ponha um pouco
de amor na sua vida / Como no seu samba / Ponha um pouco de amor
numa cadência / E vai ver que ninguém no mundo vence / A beleza que
tem um samba, não / Porque o samba nasceu lá na Bahia / E se hoje ele
é branco na poesia / Se hoje ele é branco na poesia / Ele é negro demais
no coração / Eu, por exemplo, o capitão do mato / Vinicius de Moraes
/ Poeta e diplomata / O branco mais preto do Brasil / Na linha direta de
Xangô, saravá! / A bênção, Senhora / A maior ialorixá da Bahia / Terra
de Caymmi e João Gilberto / A bênção, Pixinguinha / Tu que choraste na
flauta / Todas as minhas mágoas de amor / A bênção, Sinhô, a bênção,
Cartola / A bênção, Ismael Silva / Sua bênção, Heitor dos Prazeres A
bênção, Nelson Cavaquinho / A bênção, Geraldo Pereira / A bênção,
meu bom Cyro Monteiro / Você, sobrinho de Nonô / A bênção, Noel, sua
bênção, Ary / A bênção, todos os grandes / Sambistas do Brasil / Branco,
preto, mulato / Lindo como a pele macia de Oxum / A bênção, maestro
Antonio Carlos Jobim / Parceiro e amigo querido / Que já viajaste tantas
canções comigo / E ainda há tantas por viajar / A bênção, Carlinhos Lyra
/ Parceiro cem por cento/ Você que une a ação ao sentimento / E ao
pensamento / A bênção, a bênção, Baden Powell / Amigo novo, parceiro
novo / Que fizeste este samba comigo / A bênção, amigo / A bênção,
maestro Moacir Santos / Não és um só, és tantos como / O meu Brasil de
todos os santos / Inclusive meu São Sebastião / Saravá! A bênção, que eu
vou partir / Eu vou ter que dizer adeus / Ponha um pouco de amor numa
cadência / E vai ver que ninguém no mundo vence / A beleza que tem
um samba, não / Porque o samba nasceu lá na Bahia / E se hoje ele é
branco na poesia / Se hoje ele é branco na poesia / Ele é negro demais
no coração”
69
71
Nasceu em 1975 na cidade de Évora e é formado
em Pintura pela FBAUL. Estuda Astrologia e Esoterismo
desde 2000.
No presente dedica-se prossionalmente à Astrologia
na vertente de consultoria de desenvolvimento pessoal
e à investigação e formação na área da simbologia
astrológica, e da psicologia analítica.
Por: Jorge Lancinha
Membro N.º56
www.astrologia.jorgelancinha.com
ESTUDAR
ASTROLOGIA
TESTEMUNHO DE
U MPERCURSO
A Astrologia é uma linguagem que nos permite aceder a todo um vasto universo
de símbolos e conceitos que nos ajudam a estruturar a realidade interior e exterior,
obtendo maior sentido, propósito e direcção para a nossa existência.
É comum entrar no estudo da Astrologia motivado pela vontade de descobrir
mais sobre si, na sequência de um evento marcante na vida para o qual se busca
entendimento, ex. uma perda, uma ruptura de relacionamento, um impasse
vocacional. De facto, saber astrologia serve não apenas para interpretar mapas,
o nosso e o de outras pessoas, mas é também um caminho de transformação e
consciência – um caminho de descoberta e desenvolvimento psico-espiritual.
Eu comecei a estudar astrologia em 1999, no momento em que li o meu primeiro
livro a sério sobre a matéria. A minha forma de ver o mundo transformou-se
radicalmente, como se um véu se tivesse afastado, permitindo-me olhar para a
realidade com todo um novo conjunto de significados. Felizmente nessa altura já
existiam programas de computador para calcular mapas e adquirir um deles foi o
segundo passo na minha caminhada como estudante. Munido de algumas bases
teóricas e ferramentas de cálculo, a minha sede por dominar esta linguagem
acabou por se deparar com uma resistente barreira: a grande complexidade da
Astrologia.
73
Olhar para um mapa astrológico e interpretar cada
um dos seus elementos é uma tarefa acessível com
a ajuda de um bom manual de interpretação, mas
fazer uma síntese integrada da informação é o
principal desafio que qualquer estudante enfrenta
no início do seu percurso. Como entender o todo
do mapa? Como ver para além dos pedaços soltos
de informação que tantas vezes se contradizem
entre si? Como encontrar o fio da meada? Esta
dificuldade é a que leva muitos estudantes a desistir
dos seus esforços para progredir na Astrologia
e é aqui que julgo ser fundamental o papel do
professor/mentor.
Como em qualquer outra área de conhecimento,
o contacto directo com alguém que tem um
percurso profissional e nos pode transmitir o seu
saber e a sua experiência, é indispensável para
uma formação minimamente consistente. Este foi o
passo seguinte no meu caminho como estudante:
procurar bons professores! Algo que, para quem
não está à partida inserido num meio afim, nem
sempre é fácil de encontrar numa sociedade em
que a Astrologia ainda é vista com preconceito e
desconfiança. Mas felizmente tive a oportunidade
de encontrar pessoas que me orientaram no meu
estudo e que me ajudaram a lançar as bases do
que é hoje em dia a minha actividade profissional.
Após ter encontrado professores e um grupo de pessoas com quem aprendi,
cresci e partilhei o meu fascínio pela Astrologia, o desafio seguinte foi o de iniciar
efectivamente a prática da consulta. Este foi para mim, sem dúvida, um dos
passos mais difíceis no percurso e também dos mais delicados. Isto porque todo
o estudo astrológico do mundo não prepara necessariamente ninguém para
lidar com as questões que a dinâmica interpessoal da consulta levanta. Além
do domínio técnico da linguagem astrológica e da aplicação dos métodos de
análise e previsão, é fundamental conseguir traduzir, de forma simples e eficaz,
toda a informação astrológica, para que quem se senta à nossa frente, e que à
partida nada entende de astrologia, possa compreender e tirar real proveito de
uma leitura do seu mapa.
75
Aqui é quando começamos a contruir sobre a nossa própria
experiência. Inevitavelmente chega o momento em que a prática
é essencial para continuarmos a progredir e a aprofundar. A
aprendizagem passa dos livros e das aulas para o consultório. É
face às pessoas que nos consultam que testamos os conhecimentos
adquiridos e percebemos o que funciona e é útil.
Com a prática consultiva surgiu também no meu percurso a
formação que me abriu por sua vez novos desafios na estruturação
e sistematização dos conhecimentos, no desenvolvimento de
metodologias, na investigação e na produção de conteúdos.
Actualmente sou eu que tenho o privilégio de poder acolher
e procurar corresponder à curiosidade, ao fascínio e à sede de
aprender daqueles que me procuram nos meus cursos e na minha
rede social.
Tem sido um percurso bastante gratificante, com muitos sucessos,
mas também com a sua medida de frustrações, dúvidas e incertezas,
que fazem naturalmente parte de qualquer processo evolutivo.
Hoje é cada vez mais acessível estudar Astrologia devido à internet
e às redes sociais, com as quais podemos chegar facilmente
à informação e às ferramentas, permitindo-nos também a
proximidade com a comunidade e os profissionais de todo o mundo.
Esta abertura tem vindo a mudar o panorama da Astrologia em
Portugal e a criação da ASPAS é sem dúvida um importante marco,
sendo a instituição que mais longe tem ido na estruturação de uma
comunidade crescente de astrólogos e estudantes, contribuindo
como plataforma de divulgação, de legitimação e credibilização.
77
Ricardo Maria Silva Louro nasceu em 1985. Natural
de Monsaraz, onde viveu nos primeiros tempos
da sua vida e onde assentam as raízes e onde
ganhou um Amor e uma devoção aos campos
Alentejanos. Estuda Astrologia no Quiron, Centro
Português de Astrologia, e trabalha diretamente
com Maria Flávia Monsaraz, há cerca de 6 anos.
Desde cedo começou a escrever Poesia. Conta
hoje com diversas obras publicadas no meio
literário.
Por: Ricardo Maria Louro
Membro N.º 160
https://www.facebook.com/pages/RicardoLouro/146426348876512?sk=info
MAPAS
ASTROLÓGICOS
IDENTIDADES DE VIDA
Mapas Astrológicos,
Identidades de Vida!
Escrita-de-Deus
sob Consciência adquirida!
Homem que vive
em potência contida!
Mapas-do-destino,
destino tão sonhado,
Universo de cada um,
por cada um Criado.
Em procura d’uma Meta,
em busca d’um caminho,
de Vida em Vida cada um,
procura a estrada certa!
Que estrada?! Qual estrada?!
- Sagitário - a Seta!
O Mapa está marcado, porém,
a Vida está aberta!
Porque sempre Recomeça!
No Universo nada pára,
o movimento é o destino,
e o destino, a própria Meta ...
79
Deus quer, os Astros alinham,
o Ser-humano incarna
e Tudo Recomeça!
Começa, recomeça e torna a começar ...
E assim eternamente p’la Vida fora sem parar.
É a Lei-de-Deus que neste Mundo nos espera!
Este imenso Universo, que em nós, ora ri,
ora chora...
E nós, com potência de cura,
‘inda somos ferida aberta!
Ferida d’outros Tempos,
ferida d’outras Eras ...
E esse Céu que nos recebe
é o Ponto de partida. Noutra Vida,
consciência adquirida, agora,
inconsciente, vazio que nos habita,
- a própria ferida!
Essa magoa Lunar
que nos prende por um fio
ao fio da Vida…
E p’ra que a Alma não se veja perdida,
Mapas Astrológicos são Cartas do Destino!
Mapas Astrológicos são Identidades de Vida!
81
Astrólogo há 26 anos, autor de “Progressão Lunar
e Kabbalah” (1999), atuante em congressos
internacionais de astrologia, entre eles os
promovidos no Brasil pelo SINARJ (Sindicato dos
Astrólogos do Rio de Janeiro), CNA (Central
Nacional de Astrologia), UnB (Universidade de
Brasília), UNIPAZ-Sul (Universidade da Paz), GEA
(Gente de Astrologia – Buenos Aires), KIRON - Centro
Português de Astrologia (atendendo e dando
cursos no Porto, Lisboa e em Braga). Membro no.
105 da ASPAS. Oferece cursos à distância desde
1999, pela Escola Astroletiva e em 2014 via Skype
em grupos independentes.
Por: Carlos Hollanda
Membro N.º105
www.projetoluminar.wordpress.com
O QUE ESPERAR DO ATUAL
TRÂNSITO DE PLANETAS
LENTOS NOS SIGNOS DE FOGO
Nos próximos meses os trânsitos planetários farão predominar o
elemento Fogo. Já há algum tempo, os signos desse elemento,
Áries1,Leão e Sagitário, têm recebido a visita de Júpiter, Úrano e
Saturno. Este último ingressou em Sagitário em 23 de dezembro
de 2014, enquanto os demais já se encontram há mais tempo nos
outros signos. Marte acaba de ingressar em Áries, juntamente com
Vénus e Lua. Marte permanecerá em Áries cerca de dois meses.
Vénus fará essa passagem em cerca de um mês, enquanto a Lua,
acrescenta “lenha na fogueira” nos próximos dois dias (21 e 22
de fevereiro de 2015). O Sol ingressará em Áries em 20 de março,
juntando-se a Úrano e Marte naquele signo, intensificando ainda
mais a tendência, entre aquele dia e 20 de abril. De fins de março
até fins de abril teremos 5 planetas em Fogo.
Para a coletividade as passagens de planetas lentos nos signos
repercutem tanto em aspetos psicossociais quanto em instâncias
políticas, económicas e profissionais. O trígono que Júpiter
retrógrado em Leão vem tornando a aplicar sobre Úrano em
Áries é um potencializador de projetos pioneiros (Áries), que visam
diferenciação da maioria ao mesmo tempo em que pretendem
promover benefícios ao maior número de pessoas possível. Fogo,
no entanto, é movido por ações individualistas, pelo centro
(Leão) das atenções e por atitudes que os tornam referências em
algo. Os grandes projetos levam, portanto, marcas individuais,
características peculiares das pessoas que os acionam e os
capitaneiam. Há, entretanto, uma tendência muito grande ao
risco, uma intensificação da impulsividade de tocar as ideias
para frente sem que haja um conjunto sólido de alicerces. O risco
(Áries) é bom, os caminhos costumam ganhar aberturas (Júpiter)
inesperadas (Úrano), mas o privilégio às situações presentes ou
de curto prazo desfavorece o planejamento e a durabilidade
das boas ideias. E Úrano continua em quadratura com Plutão em
Capricórnio, aspeto que representa, entre outros fatores, uma
tensão extrema sobre sistemas de poder e arroubos de violência
generalizada.
83
Entre esses arroubos, ações traiçoeiras e competitividade desenfreada - vide
os problemas na região da Rússia, Ucrânia, países bálticos e o acirramento
dos ataques do Egito, por exemplo, ao grupo terrorista Estado Islâmico. De
fato, ações radicais como as de grupos terroristas têm características similares
ao contacto destes dois planetas. Apesar de que estes não precisam estar
em aspeto entre si para haver um ataque, estes últimos são mais frequentes
sob tal contacto planetário (também com Saturno em aspetação crítica).
O elemento Fogo é o elemento dos desportos, das competições, da
velocidade, da força e ousadia. Podemos esperar tanto pelos trânsitos
lentos quanto pelos rápidos, que, individualmente, as pessoas expressem
mais suas identidades, seus egos, suas competitividades, suas crenças e
certezas, sempre de um modo veemente. Quem é normalmente sincero
pode atingir níveis muito altos de “sincericídio”. Quem age mais lateralmente
ou tenta ser diplomático, pode ganhar mais confiança. As pessoas com
planetas em Fogo no mapa ganharão “turbo”: o ânimo retorna, redobra, se
não é possível superar um problema por um lado, encontra-se um outro por
onde resolver. Há uma profusão de novas ideias, mas pouca consistência.
Vale mais a jornada do que a permanência, durante essa aspetação.
Mas não exagere: devido ao acréscimo de confiança e de entusiasmo, a
quantidade de gafes cometidas numa fase assim é imensa. Procure ficar
fora dessa estatística.
Marte regerá por via indireta a maior parte dos planetas. Saturno em
Sagitário é regido por Júpiter, que está em Leão, que é regido pelo Sol, que
está em Áries, que é regido por Marte, que está em seu domicílio, Áries.
Úrano em Áries será regido por Marte. Plutão em Capricórnio é regido por
Saturno, que entra, novamente, no círculo de regência cujo dispositor é
Marte. Isso significa que todos os assuntos regulados por esses planetas e
signos passa pelo âmbito marcial, isto é, o de colocar as coisas em ação, de
enfrentar, de não temer conflito ou até provocar conflitos desnecessários.
O bom de tudo isso é que quem está disposto a agir é recompensado por
movimento e menores interrupções. Todas as energias ficam direcionadas
para construir (Saturno), inovar (Úrano em Áries), criar (Júpiter em Leão). Os
entretenimentos (Leão) sérios (Saturno), isto é, aqueles que visam o aspeto
educacional e a difusão de saberes (Sagitário) ganham bastante fôlego.
Eventos culturais, atividades criativas ao ar livre, livros somados a ação são
beneficiados durante a fase. Ah, sim, claro! Júpiter trígono Úrano é um bom
potencial upgrade em equipamentos sofisticados.
O trígono de Júpiter com Úrano dura até junho de 2015. Pode-se esperar
grandes encontros coletivos visando encontrar soluções para problemas
sociais. Vale dizer que Saturno em Sagitário representa um tom sóbrio o
suficiente durante a fase para minimizar excessos utópicos nas propostas.
Saturno em Sagitário, apesar de entrar na trigonocracia
de Fogo, merece algumas observações. A tendência a
procurar consolidações e evitar que fissuras possam fazer
desmoronar estruturas recrudesce em meios como o
académico, o religioso, nas agências e sistemas ligados
a viagens longas, culturas distantes e diálogos entre
modelos filosóficos e sistemas de crença. Em todos esses
campos, o que estiver com falhas nas estruturas será
obrigado a corrigir, sob pena de ruína. As Universidades,
aliás, precisarão de forte atenção dos governos, sejam
elas do Estado ou privadas. É bom que todas elas se
preparem para fiscalizações, um verdadeiro aperto de
cerco, para resultados e cumprimento de metas sociais.
O mesmo tipo de crises envolverá igrejas, templos,
sacerdotes e agremiações de fiéis ou acólitos. Premiados
são os que trabalham duro, que buscam dar durabilidade
aos novos projetos, que os pensam para médio e longo
prazo sem criar barreiras excessivas para quem não
pertence a suas vias filosóficas ou religiosas. São também
favorecidos aqueles projetos que têm já um certo tempo
de funcionamento. Estes são os que recolhem louros pelas
pequenas vitórias acumuladas, pelos esforços pouco
visíveis, mas fundamentais para o bom funcionamento
das coisas.
Saturno em Sagitário também aumenta a gravidade de
problemas ligados aos fanatismos (Sagitário). Certezas
absolutas impostas são refreadas com força proporcional.
É tempo de racionalizar (Saturno) e de dar firmeza àquilo
que nos entusiasma (Sagitário/Júpiter) de fazer aquilo se
tornar real e não apenas um “não sei se dá, mas pode ser
que tenhamos sorte”. Com Saturno não se conta com a
sorte, mas sim com a dedicação e a competência.
Enquanto Júpiter ingressará em Virgem em 11 de agosto,
teremos Saturno em Sagitário até junho de 2015, quando
retrogradará e voltará para Escorpião. Tornará a transitar
em Sagitário a partir de setembro de 2015, indo até
dezembro de 2017.
Na passagem de Júpiter de Leão para Virgem, o planeta
cruzará a estrela Regulus, o coração do Leão. Essa
passagem é sempre afortunada, caso não haja interesse
em suplantar as pessoas a todo custo. É um indicador
de favorecimento por atos generosos, por firmeza de
propósitos e por boas intenções entre pessoas que
detenham algum grau de poder ou que sejam referência
para terceiros. Os “reis” ou líderes generosos e bondosos,
firmes, carismáticos, mas que trabalham junto a seus
“súbditos” prevalecerão.
85
NOTAS
◘ Neste artigo é utilizado Áries para
designar Carneiro
87
Estudo astrologia há 2 meses, confesso, mas, como
sou um canal, os meus guias de Sírios estão sempre
comigo. Além disso, nasci com Mercúrio em Vénus,
o que faz de mim uma astróloga privilegiada. É
porque tinha de ser! Ainda bem! Um beijinho no
coração.
Por: Raphaela Balday
Membro Ex-officio
PREVISÕES
INFALÍVEIS
(CRÓNICA DE COMÉDIA)
Carneiro | 21 de março a 20 de abril
Não faço a menor ideia por onde anda agora o regente de Carneiro. Isto não
deve ter importância nenhuma para si, até porque eu estou a escrever em Janeiro.
Seja como for, o universo é perfeito e, portanto, pródigo em coisas inexplicáveis.
Assim, em março próximo, a sua forma de agir, habitualmente corajosa e incisiva
(segundo leio aqui no compêndio), vai tornar-se destrambelhada. Cuidado, minha
amiga, você vai ficar muito diferente! Prepare-se! Porquê? Porque, segundo os
meus guias, durante a manhã do dia 2 de Abril... (espere... não estou a perceber o
que eles estão a dizer.... ah!, sim... também pode ser ao fim da tarde do domingo
seguinte), sentirá que algo de muito surpreendente aconteceu. A sua perspicácia
ariana (acho que é assim que se diz) rapidamente lhe revelará que nunca mais –
nunca mais mesmo! - terá vontade de ler previsões astrológicas... Exceto as que
são canalizadas pelos meus guias de Sírios, evidentemente. É natural que sinta
calor, logo seguido de um gelo pela espinha abaixo, o que levará a sua mente
espevitada a duvidar se o fogo é realmente o seu elemento. É, sem dúvida! Isso
eu já aprendi! O problema é que a kundalini, de vez em quando, resolve voltar
a enrocar-se. Se você costuma questionar-se acerca desses episódios biológicos
desagradabilíssimos (piores que os afrontamentos da menopausa), aqui tem
a resposta. Em face da alegria de as previsões astrológicas passarem a ser
descabidas, vai dar-lhe vontade de, na próxima encarnação, ser de Capricórnio,
que faz com que as pessoas andem sempre alegres e satisfeitas. Fique com os
Mestres Ascensionados.
Touro | 20 de abril a 21 de maio
Dizem os meus guias que a doce Vénus anda a passear languidamente por
Aquário, nestes dias gelados de janeiro. Não sei se entre 20 de Abril e 21 de maio,
continuará assim, porque não tenho aqui as efemérides. Seja como for, o passeio
da Vénus (onde está o meu Mercúrio) talvez não seja tão lânguido assim. Digo isto
(atrevendo-me a desdizer os meus guias), porque o homem da bilha a escorrer
água, costuma incutir um frenesim desgraçado nas pessoas, o que gera nelas a
tendência para atitudes inesperadas e surpreendentes. Portanto, você pode ter
a certeza de que no dia 1 de maio, quando estiver na rua a gritar “O povo unido
jamais será vencido” (porque a empresa onde trabalhou 22 anos resolveu reduzir
o pessoal), vai ter a perceção clara de que nunca mais quer saber de previsões,
exceto as que são canalizadas pelos meus guias de Sírios. (Se eles fossem de
Zeta Reticuli não podia garantir nada, porque essa gente não é de confiança,
mas assim garanto.) Se estiver com atenção, minha querida amiga, irá reparar
que o dia, de repente, até ficou mais luminoso. Vai ser muito bom, porque você,
como qualquer nativo de Touro que se preze, adora desfrutar dos prazeres da
vida. Portanto, desfrute. Entretanto, pergunte de que estrela é o seu complemento
divino. Dá imenso jeito. Daqui lhe envio a energia violeta do meu coração.
Gémeos | 21 de maio a 20 de junho
Desde que me entreguei à espiritualidade, fiquei a saber que é preciso viver no
“agora”. Não fazia a mínima ideia. Portanto, escrevo considerando o céu de
janeiro, que foi quando os meus guias me disseram para escrever estas previsões. É
uma forma bem catita de fazer horóscopos – um termo que, segundo os gregos do
tempo em que tinham dinheiro e corriam todos nus com uma coroa de louros na
cabeça, significa, “ver a hora”. Portanto, minha querida leitora, esta sua servidora
está a ver a hora. Assim, fiquei a saber que Mercúrio anda em voo rasante por
Aquário em perseguição de Vénus. Isto faz com que, no dia 10 de Junho (quando
você estiver a ver o PR, com um sorriso amarelo, a condecorar portugueses famosos
antes que eles morram), sinta um arrepio. Ah! E falta dar!... Perdão, de ar! O que é
que se passou? O seu mestre interno fez uma correção genética (no meu caso foi o
Anjo Procopión). Quando conseguir respirar como deve ser, uma nova luz vai levála a reconhecer o seguinte: se um mapa astral individual já dá uma trabalheira
danada, escrever meia dúzia de linhas para o milhão de pessoas que pertencem
a cada signo (12 milhões de portugueses divididos pelos 12 signos), é coisa que
não faz sentido (exceto, evidentemente, se forem ditadas pelas entidades de
Sírios que trabalham comigo). Mas a metamorfose não fica por aqui: no seu dossier
dos Registos Akáshicos ficará registado que o mais extraordinário nesta coisa dos
horóscopos, não é haver quem os escreva (afinal, a vida está difícil, e eu que o
diga), é haver quem os leia. Como seria de esperar, vai sentir um impulso irresistível
de pôr um post no Facebook. Para ficar mais bonito, ilustre com a foto de um
gatinho a esfregar a cabecita na focinheira de um Pit Bull.
Continua em junho, a fim de consolar as queridas leitoras de Caranguejo,
envaidecer as de Leão e complicar a vida das de Virgem.
89
91
Nascida a 26 de Junho de 1982, licenciada em
Educação de Infância. De Setembro de 2011 a
Setembro de 2014 realizou com mérito o curso
de Formação em Astrologia nas Faces de Isabel
Guimarães. A convite de Isabel Guimarães,
acabou por integrar o projeto embrionário da
ASPAS estando presente na sua fundação em
2012, fazendo atualmente parte dos orgãos
sociais da Associação Portuguesa de Astrologia
como Secretária da Direção.
Por: Inês Miranda
Membro N.º6
EFEMÉRIDES
ABRIL
Dia 1 às 00:00
Hora Legal
02° 21’ Virgem
04° 19’ Virgem
01° 39’ Carneiro
01° 58’ Carneiro
17° 24’ Touro
17° 36’ Touro
10° 54’ Carneiro
11° 04’ Carneiro
00° 12’ Touro
00° 19’ Touro
12° 41’ Leão Rx
12° 40’ Leão Rx
04° 40’ Sagitário Rx
04° 40’ Sagitário Rx
16° 08’ Carneiro
16° 08’ Carneiro
08° 29’ Peixes
08° 29’ Peixes
15° 28’ Capricórnio
15° 28’ Capricórnio
93
Principais Aspetos – Abril, Maio e Junho
Tendências Facilitadoras
02/04 ◘ Mercúrio Trígono Saturno – Dia favorável para atividades de organização
e planeamento.
◘ Sol Trígono Júpiter – A sua autoexpressão encontra-se facilitada
principalmente em assuntos relativos às suas ideologias.
06/04 ◘ Mercúrio Trígono Júpiter – Dia propício para expandir a sua mente e
aprofundar os seus conhecimentos.
◘ Sol Conjunção Úrano – Prepare-se para o imprevisível e inesperado.
08/04 ◘ Mercúrio Conjunção Úrano – A sua mente está rápida e desperta para o
diferente e inusitado.
10/04 ◘ Sol Conjunção Mercúrio – Poderá sentir uma marcada necessidade de
comunicar com todos os que o rodeiam.
12/04 ◘ Marte Sextil Neptuno – Confie na sua intuição na tomada de decisões.
19/04 ◘ Mercúrio Sextil Neptuno – Estará mais criativo e recetivo.
21/04 ◘ Marte Trígono Plutão – Determinação e intensa vontade de atingir os seus
objetivos estarão na ordem do dia.
22/04 ◘ Mercúrio Trígono Plutão – Dia favorável a conversas profundas e
transformadoras.
◘ Vénus Sextil Júpiter – Aproveite oportunidades românticas que poderão
surgir.
23/04 ◘ Mercúrio Conjunção Marte – Raciocínio rápido e respostas incisivas
realçados.
26/04 ◘ Vénus Sextil Úrano – Encontros imprevisíveis encontram-se favorecidos.
30/04 ◘ Sol Sextil Neptuno – Dia propício para a reflexão e recolhimento.
06/05 ◘ Sol Trígono Plutão – Poder pessoal em destaque.
16/05 ◘ Vénus Trígono Neptuno – Empatia e compaixão estarão presentes na sua
interação com os que o rodeiam.
27/05 ◘ Mercúrio Conjunção Marte
30/05 ◘ Sol Conjunção Mercúrio
06/06 ◘ Marte Sextil Júpiter – A crença de que “nada é impossível” poderá conduzilo a excitantes aventuras.
◘ Vénus Trígono Saturno – Assumir responsabilidades e compromissos nos
relacionamentos poderá estar na ordem do dia.
08/06 ◘ Sol Sextil Júpiter – Momento favorável para expandir os seus horizontes.
09/06 ◘ Marte Sextil Úrano – Poderá sentir um forte apelo de tomar decisões que
permitam mudar a sua vida.
10/06 ◘ Mercúrio Sextil Vénus – Dia favorável para estabelecer ligações com os
que o rodeiam.
◘ Sol Sextil Úrano – Permita-se a quebrar a rotina e a experimentar algo
novo.
14/06 ◘ Sol Conjunção Marte – Dia marcado por uma forte energia e coragem.
22/06 ◘ Júpiter Trígono Úrano – Aproveite esta energia e expanda os seus
conhecimentos.
29/06 ◘ Vénus Trígono Úrano – Poderá conhecer alguém novo e excitante.
95
Tendências desafiadoras
05/04 ◘ Sol Quadratura Plutão – Tendência a agir de forma impulsiva e controladora.
08/04 ◘ Mercúrio Quadratura Plutão – Questões profundas poderão surgir em
contexto de conversa e poderão gerar alguma tensão.
15/04 ◘ Vénus Oposição a Saturno – Poderá sentir uma certa inibição na expressão
dos seus sentimentos.
18/04 ◘ Marte Quadratura Júpiter – Evite agir de forma precipitada.
19/04 ◘Vénus Quadratura Neptuno – Esteja atento pois ilusões românticas poderão
conduzi-lo a conclusões erradas.
21/04 ◘ Mercúrio Quadratura Júpiter – Tendência a exageros e a pensamentos
megalómanos e demasiado otimistas.
03/05 ◘ Mercúrio Oposição Saturno – A comunicação poderá ser desafiante
dada a dificuldade de expressar o seu ponto de vista.
04/05 ◘ Sol Quadratura Júpiter – Atitudes exageradas e vontades irrealistas estarão
na ordem do dia.
09/05 ◘ Mercúrio Quadratura Neptuno – Poderá sentir alguma dificuldade de
concentração.
15/05 ◘ Marte Oposição Saturno – Possíveis confrontos com figuras de poder.
22/05 ◘ Vénus Oposição Plutão – Situações de manipulação e de abuso de poder
são expectáveis.
23/05 ◘ Sol Oposição Saturno – Tendência a algum pessimismo e baixa
autoconfiança.
25/05 ◘ Vénus Quadratura Úrano – Instabilidade e dificuldade de comprometimento.
26/05 ◘ Marte Quadratura Neptuno – Poderá sentir alguma dificuldade em
terminar as tarefas que inicia.
29/05 ◘ Mercúrio Quadratura Neptuno – Tendência a distrair-se com facilidade
dificultando o processo de pensamento.
31/05 ◘ Sol Quadratura Neptuno – Evite atitudes irresponsáveis.
23/06 ◘ Mercúrio Quadratura Neptuno.
Movimentos Retrógrados e Diretos
Hora Legal
Data
Movimento
08/04
17/04
19/05
11/06
12/06
Estação Direta de Júpiter 12°35’ Leão
Estação Retrógrada de Plutão 15°32’ Capricórnio
Estação Retrógrada de Mercúrio 13°08’ Gémeos
Estação Direta de Mercúrio 04°33’ Gémeos
Estação Retrógrada de Neptuno 09°49’ Peixes
17:56
04:54
02:49
23:32
10:07
13:56
00:54
22:49 (dia 18/05)
19:32
06:07
Ingressos
Hora Legal
Data
Ingresso
11/04
14/04
20/04
01/05
07/05
12/05
21/05
05/06
15/06
21/06
24/06
Vénus em Gémeos
Mercúrio em Touro
Sol em Touro
Mercúrio em Gémeos
Vénus em Caranguejo
Marte em Gémeos
Sol em Gémeos
Vénus em Leão
Saturno em Escorpião
Sol em Caranguejo
Marte em Caranguejo
12:28
19:51
06:41
22:59 (30/04)
19:51
23:40 (11/05)
05:44
12:32
21:35 (14/06)
13:37
10:32
16:28
23:51
10:41
02:59
23:51
03:40
09:44
16:32
01:35
17:37
14:32
97
Luas
Hora Legal
Data
Face da Lua
04/04 Lua Cheia 14º24’ Balança | Eclipse Lunar Total
18/04
Lua Nova 28º25’ Carneiro
Lua Cheia 13º22’ Escorpião
04/05
Lua Nova 26º55´ Touro
18/05
Lua Cheia 11º49’ Sagitário
02/06
Lua Nova 25º07´Gémeos
16/06
09:05
15:56
00:42
01:13
13:18
11:05
13:05
19:56
04:42
05:13
17:18
15:05
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Antes de tudo, a Associação Portuguesa de Astrologia é um
tributo ao trabalho do Astrólogo. Tentamos aperfeiçoar os
ensinamentos e princípios, sabendo que nada é nosso mas
sim de Todos.
Uma associação é feita por todos aqueles que a constituem,
é isso que a honra e é isso que nos faz dizer “Juntos fazemos
a diferença”.
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