abril a junho Primavera 2015 | N.º 1 2 jornal astrológico INGRESSO VERNAL DE 2015, PARA PORTUGAL E BRASIL • João Medeiros • O ETERNO RETORNO • ivo Miguel Silva • NODOS LUNARES, ECLIPSES . Patrícia Azenha Henriques • ANÁLISE ASTROLÓGICA DE “MAR PORTUGUEZ” • Alberto Silva • CÓDIGO DO ASTRÓLOGO HUMANISTA • Vitorino de Sousa • O BRANCO MAIS PRETO DO BRASIL • Nicole Zeghbi • ESTUDAR ASTROLOGIA • Jorge Lancinha • MAPAS ASTROLÓGICOS - IDENTIDADES DE VIDA • Ricardo Maria Louro • PLANETAS LENTOS NOS SIGNOS DE FOGO • Carlos Hollanda • RUBRICAS HABITUAIS • Pergunte ao Astrólogo • Efemérides • Previsões Infalíveis• Propriedade da ASPAS Diretora Isabel Guimarães Diretora Editorial Luiza Azancot Edição Isabel Guimarães Conselheiros Astrológicos Orgãos Sociais da ASPAS Direção Isabel Guimarães (Presidente) Inês Miranda (Secretária) Patrícia Almeida (Vogal) Realização Gráfica Ana Cláudia http://www.on-marketing.pt/ Assembleia Geral Miguel Soares (Presidente) Vânia Rodrigues (Secretária) Ivo Silva (Vogal) Redação e Administração Av.da República-1226-6ºFrente Mafamude - V.N. deGaia t. 919 284 281 Email: Conselho Fiscal Pedro Torres (Presidente) João Soares (Vogal) Marta Castro (Tesoureira) [email protected] Website: http://www.associacaoportuguesadeastrologia.com Blog: http://associacaoportuguesastrologia. blogspot.pt Facebook: https://www.facebook.com/AspasAssociacaoPortuguesaD eAstrologia Periodicidade Trimestral Distribuição: Gratuita via link no site da Aspas Conselheiros Astrológicos João Medeiros Luís Resina Luiza Azancot Direitos Este jornal em formato digital não pode ser reproduzido, no todo ou em parte, por qualquer processo mecânico, fotográfico ou electrónico, nem ser introduzido numa base de dados, difundido ou de qualquer forma copiado para uso público ou privado – além do uso legal como breve citação em artigos e críticas – sem prévia autorização dos autores. Decreto Lei nº 334/97 EDITORIAL BEM VINDOS ao 1º Simpósio Luso –Brasileiro de Astrologia! A ASPAS - Associação Portuguesa de Astrologia, organiza nos dias 20, 21 e 22 de março o 1º Simpósio Luso-brasileiro de Astrologia, a decorrer no Centro de Reuniões da Fil, Parque das Nações em Lisboa. A Abertura Solene será realizada no dia 20 de março na emblemática e histórica Sociedade de Geografia. Nele participam 43 destacados astrólogos Portugueses e Brasileiros, que irão dar o seu contributo para a caracterização do mundo atual à luz das variantes pessoal, relacional e coletiva da astrologia. O número 12 do Jornal 4 Estações celebra a Primavera com a análise do mapa do ingresso do Sol em Carneiro / Áries e com uma reflexão sobre o “eterno retorno”. Este número que estará à venda no durante o Simpósio (e posteriormente por encomenda através dos nossos canais de divulgação, nomeadamente nosso site e blogue e do nosso parceiro EUEDITO ) cuja inauguração ocorre num dia muito especial – no dia um eclipse solar. Muito a propósito, Patrícia Azenha Henriques explica a mecânica dos nodos lunares e a implicação deste eclipse no mapa da ASPAS. Por ocasião desta grande realização que é o Simpósio “Navegar as Estrelas”, a Aspas lançou um concurso Estudante de Astrologia e este numero da revista contêm os trabalhos que ficaram em primeiro e segundo lugares. Foi participado por vários trabalhos de qualidade e o júri teve dificuldade em chegar a esta conclusão. Oportunamente publicaremos os outros premiados. Questões de ética e de ensino na astrologia preocuparam Vitorino de Sousa e Luiza Azancot ( na coluna Pergunte a Astrólogo) e Jorge Lancinha que descreve a sua transição de estudante para profissional. A capacidade de antevisão que a astrologia oferece está bem patente na contribuição de Carlos Hollanda que reflete sobre o grande trígono de fogo e a sua influência a nível pessoal. Todos estes temas são temas sérios, e as reflexões profundas. Em contraste convidámos a inexperiente Raphaela Balday que passará a ser uma contribuidora regular com a sua coluna “Previsões Infalíveis”. Esperamos que as suas observações perspicazes façam rir o leitor, pois como disse Pablo Neruda “ Rir é a linguagem da alma”. INGRESSO VERNAL DE 2015, PARA PORTUGAL E BRASIL • João Medeiros • 7 O ETERNO RETORNO • Ivo Miguel Silva • ANÁLISE ASTROLÓGICA CÓDIGO DO ASTRÓLOGO DE “MAR PORTUGUEZ” • Alberto Silva • HUMANISTA • Vitorino de Sousa • 29 13 19 PERGUNTE AO ASTRÓLOGO • Luiza Azancot • 45 O BRANCO MAIS PRETO DO BRASIL • Nicole Zeghbi • NODOS LUNARES, ECLIPSES • Patrícia A. Henriques • 49 MAPAS ASTROLÓGICOS - 55 ESTUDAR ASTROLOGIA • Jorge Lancinha • 71 IDENTIDADES DE VIDA • Ricardo Maria Louro • 77 PLANETAS LENTOS NOS SIGNOS DE FOGO • Carlos Hollanda • 81 PREVISÕES INFALÍVEIS • Raphaela Balday • 87 EFEMÉRIDES • Inês Miranda • 91 7 Astrólogo profissional desde 2003; coach sistémico (Talent Manager); economista (Universidade Nova de Lisboa); formador (certificado pelo IEFP); autor dos livros ‘Oceano Ascendente’ (Pergaminho 2014) e ‘A Carta’ (Lua de Papel 2013); fundador e gestor do CEIA - Centro de Estudos e Inovação em Astrologia; investigador e terapeuta holístico. Por: João Medeiros Membro N.º19 www.joaomedeiros.org O INGRESSO VERNAL DE 2015 , PARA PORTUGAL E BRASIL Em artigos anteriores, explorámos uma das técnicas da Astrologia clássica para a interpretação de determinado ano. Em concreto, os astrólogos árabes interpretavam o mapa ingresso do Sol em Áries/Carneiro como representativo do ciclo anual que começa nesse dia, que corresponde ao equinócio da Primavera (Outono, no hemisfério sul). Neste artigo, abordamos os mapas do ingresso vernal de 2015 para Portugal e Brasil. O CICLO DE 11 ANOS NOS RETORNOS Tal como acontece com os retornos solares de cada indivíduo, o retorno do Sol ao grau zero de Carneiro/ Áries calculado para o mesmo local irá corresponder a uma repetição da posição do Sol por Casa a cada 33 anos. A sequência é no sentido Casas Angulares, Casas Sucedentes, Casas Cadentes – em ciclos de 11 anos para cada grupo. Os anos de Casas Angulares correspondem a ciclos de novas formas governativas e de identidade do país – o último ciclo em Portugal deu-se de 2003 a 2013 inclusive que correspondeu à entrada do Euro em circulação e crises da dívida (e antes disso, de 1970 a 1980 – época da revolução democrática). O ano astrológico de 2015/2016 corresponde ao 2º ano do Sol numa Casa Sucedente (o anterior verificou-se na Casa 8) agora situado na cúspide da Casa 5. O ciclo de Casas Sucedentes relaciona-se com a gestão dos recursos financeiros e com a vitalidade/ diversão do país. O último ciclo deste tipo ocorreu de 1981 a 1991, inclusive, anos que corresponderam genericamente a um certo desafogo do país com entrada na UE e acesso a respetivos fundos. 9 O INGRESSO PARA O MUNDO Diagrama A – Ingresso do Sol em Carneiro/Áries, a 20 Março 2015, calculado para Lisboa Lembramos que a posição dos planetas por signo, no ingresso, são as mesmas para qualquer parte do globo, para qualquer país. É, portanto, um mapa que se pode interpretar também para um tema global de mudança energética no mundo inteiro. Essa mudança, quando o mapa é forte, começa a manifestar-se já cerca de 3 meses antes do ingresso propriamente dito (ou seja, logo a partir de Janeiro do mesmo ano civil). O tema em questão tem claramente uma assinatura de Fogo uma vez que temos Júpiter em Leão, Saturno em Sagitário, e tanto a Lua como Marte em Áries/Carneiro, seu Domicílio. Anos em que domina o Fogo são propícios a afirmação das identidades nacionais, ao surgimento de novos líderes e também à exacerbação dos conflitos. É o que temos assistido desde o início do ano com os atentados terroristas na Europa e com a vitória do partido de esquerda radical na Grécia, abrindo um novo ciclo de discussão política da Europa. A posição da Lua, combusta, e conjunta à Cauda do Dragão em Áries/ Carneiro sinaliza a possibilidade de um sentimento de ira crescente das populações menos desfavorecidas do globo e uma tendência rebelde das mesmas. Este fator, por si, não ajuda à resolução do problema do terrorismo. Pelo contrário, avisa para o seu agravamento e para a probabilidade de maiores tensões militares no mundo, também. Por outro lado, o trígono do Sol a Saturno em Sagitário alimentam a esperança de uma maior responsabilidade ética dos governos e maior atenção aos direitos humanos, para além dos fanatismos religiosos ou nacionalistas. Pela positiva, a enorme carga de Fogo no ingresso também nos chama a atenção para a importância capital deste ano para que, em termos coletivos e individuais, consigamos romper com zonas de conforto e ousar ir mais além, arriscando novos padrões de vida, cortando radicalmente com um passado que não interessa. O trígono de Urano a Júpiter reitera esta proposta progressista, liberal e individual de coragem. Em termos climáticos, no entanto, a assinatura “Fogo” evidencia o aquecimento global e as temperaturas extremas. O INGRESSO PARA PORTUGAL Para Portugal, a Casa mais destacada é claramente a Casa 5, que em termos mundanos associamos às classes jovens, ao espetáculo, aos desportos e artes – bem como a uma atitude de risco e desafio. Uma vez que tanto o Sol como Marte estão bem colocados (Sol sobre a cúspide) podemos interpretar como uma atitude guerreira dos grupos jovens este ano (estudantes ou jovens desempregados, por exemplo) quer pela revolta quer pela iniciativa profissional, querendo assumir mais liderança. Também podemos interpretar como a perspetiva de bons resultados de equipas portuguesas (ou desportistas portugueses) em competições internacionais e o reconhecimento de artistas nacionais em concursos. A posição do Sol fortalecido, regente da Casa 10 (o governo em função), sugere que os partidos PSD e CDS se vão bater relativamente bem nas eleições (ao contrário do governo espanhol, que no ingresso para Madrid é regido por Mercúrio, debilitado). A estrela fixa Zuben El Chamali – da Constelação da Balança (antigamente considerada como das pinças do Escorpião) – conjunta ao Ascendente parece confirmar a possibilidade de valorização, reconhecimento e fulgor nacional neste ano, contra a corrente de grande instabilidade social a nível mundial (devido à quadratura de Saturno e Júpiter no Verão, e entrada deste último no seu Exílio – Virgem). Esta estrela – genericamente benéfica e associada a um bom preço no prato da “Balança” – sugere a potencialidade para um bom controlo orçamental, caso haja decisões corajosas. O Ascendente Escorpião aponta também para que seja um ano intenso e de grandes confrontações (não só em Portugal, como noutros países europeus com este Ascendente no ingresso). Este mapa é válido para o ano inteiro (uma vez que tem um Ascendente fixo), com ativação maior destas energias confrontativas e de ruptura no 2º terço do ano (mais astros em Casas Sucedentes) – ou seja, de Agosto a Dezembro. A soberania nacional poderá ser um dos temas de maior desafio – uma vez que temos Saturno na Casa 1 – e os setores da justiça, investigação, turismo e exportações os mais favorecidos, já que temos Júpiter na Casa 9. Fica a dúvida se se destacarão questões sexuais de personalidades portuguesas, atendendo à enorme carga sexual do mapa deste ingresso. O INGRESSO PARA O BRASIL O mapa do ingresso para Brasília – capital oficial do Brasil – é bem diferente. Desde logo, tem um Ascendente Libra/ Balança o que torna válido fundamentalmente para o primeiro trimestre, de Março a Junho de 2015 (segundo as regras tradicionais). A grande oportunidade prende-se com a realização de tratados ou acordos com outros países, em especial, envolvendo produtos agrícolas ou têxteis, uma vez que o regente é Vénus em Touro na Casa 7. Neste tema, o regente governativo é a Lua que está bastante debilitada (na Casa 6, combusta e conjunta à Cauda do Dragão) o que sugere enormes problemas do governo de Dilma para pôr em prática a sua liderança no primeiro trimestre, ainda que Júpiter esteja no fim da Casa 10. A presença de muitos astros na Casa 6, alerta para questões de gestão da saúde, do serviço público, do emprego e do trabalho, pedindo uma atitude de coragem e inovação na resolução das mesmas. As classes trabalhadoras e mais humildes irão certamente estar mais em foco neste trimestre, bem como a situação financeira, atendendo à posição de Saturno na Casa 2. Diagrama B – Ingresso do Sol em Carneiro/Áries, a 20 Março 2015, calculado para Brasília 11 Lembramos, contudo, que a interpretação de eventos coletivos recorrendo apenas às cartas do ingresso vernal são sempre limitadas. Devem ser enquadradas nos mapas dos respetivos países, bem como nos grandes ciclos de Júpiter-Saturno ou de mutação das Estrelas Fixas, como já falámos em artigos anteriores. Podemos chamar ao ingresso português de “Altas Temperaturas” e ao ingresso brasileiro de “Charme com Trabalho”. REFERÊNCIAS ◘ Artigo “Astrologia Mundial: Teoria e Prática”, por João Medeiros, publicado na Edição Especial do Jornal Astrológico 4 Estações, de Dezembro de 2012 ◘ Artigo “Astrologia Mundial: Portugal e Brasil”, por João Medeiros, publicado na Edição Especial do Jornal Astrológico 4 Estações, de Abril de 2013 ◘ Mundane Astrology, M. Baigent, N. Campion e C. Harvey (1989) ◘ The Book of World Horoscopes, Nick Campion (1995) ◘ Tetrabiblos, de Claudius Ptolomeu (séc. II d. C.) ◘ De Magnis Coniunctionibus, de Abu Ma’shar al-Balkhi, tradução de Yamamoto, Ch. Burnett, Leiden (2000), 2 volumes, (Textos em árabe e Latim) ◘ Mapas astrológico calculado através do software Solar Fire 13 Nasceu em 1990, em Vila Nova de Gaia. Fruto de um interesse crescente pela área da Astrologia ingressou, em Março de 2013, na Escola FACES Isabel Guimarães, concluindo os 3 níveis do Curso Profissional de Astrologia em 2015, iniciandose assim nova etapa ligada à atividade como consultor e investigador. Por: Ivo Miguel Silva Membro Estudante N.º70 http://ivomsilva.wix.com/astrologia O ETERNO RETORNO 15 Vivemos ao ritmo dos ciclos. A vida é circular. A Astrologia ensina-nos sobre os ciclos do tempo melhor do que qualquer outra ciência. Desde o movimento de rotação da Terra que nos dá um signo a ascender em cada duas horas, ao movimento da precessão dos equinócios em que os signos mais uma vez sucedem-se, um por um, a cada 2160 anos, marcando as Eras Astrológicas. A Roda do Zodíaco serve pois como instrumento de medição que funciona de formas análogas, em várias escalas de tempo. Nestes ciclos existe sempre um ponto de retorno, no qual o ciclo volta a reiniciar-se novamente. Pelo Zodíaco Natural, a passagem de Peixes (Passado) para Carneiro (Futuro), o Ponto Vernal (0º), reencontram-se sempre, num Eterno Retorno. É o símbolo de todos os recomeços. Poder-se-á associar o ciclo astrológico, a roda do zodíaco natural, a um tempo sagrado que, pela sua natureza imutável, se repete ciclicamente. Nesse tempo mítico, os signos sucedem-se e marcam as experiências no Mundo e no Homem. Todos os anos o Homem revive todas as experiências simbolizadas pelos signos que compõem o Circulo. Mircea Eliade, na sua obra “O Sagrado e o Profano”, refere que em “várias línguas das populações aborígenes da América do Norte, o termo Mundo, idêntico a Cosmos, é igualmente utilizado no sentido de Ano. Os yokut dizem o mundo passou para exprimir que um ano passou. Para os Yuki, o Ano é designado pelas palavras Terra ou Mundo.” O autor afirma “o cosmos é concebido como uma unidade viva que nasce, se desenvolve e se extingue no último dia do Ano, para renascer no dia do Ano Novo”. Nisto se depreende que o Cosmos (entendido desde o infinitamente pequeno para o infinitamente grande) renasce todos os anos porque a cada ano novo o tempo começa novamente de início. Isto remete para a natureza dos mitos. Os mitos são histórias revestidas de uma linguagem simbólica que procuram dar a explicação às grandes perguntas da humanidade. Tal como qualquer história, esta ocorre num determinado tempo, mas esse tempo não é o tempo linear, isto é, aquele medido pelo relógio, mas sim, poderemos dizer, um tempo sagrado, um tempo eterno. Isto porque o conteúdo da história é transversal a gerações e culturas e encontra sempre a sua reactualização no tempo do Agora, pois todos nós vivemos a menor ou maior grau o simbolismo das mitologias, entendidas como a voz do nosso inconsciente. Assim reparamos que há um tempo para tudo e que os signos do Zodíaco ritmam as experiencias de vida, pois para cada experiência existe o seu tempo, nada pode acontecer fora do seu tempo. Então verifica-se que Carneiro, como primeiro signo do Zodíaco, corresponde por analogia desde ao momento do Big Bang, a Grande Explosão iniciadora do Cosmos, ao início da Primavera com o florescimento da vida (inicio do ano), ao nascer do Sol (ascendente) … Todas estas experiências remetem ao signo de Carneiro que reúne no seu arquétipo as experiências do Nascimento, da Afirmação da Vida, da Exteriorização da Actividade, do Impulso Primordial para a Ação… A natureza do mundo, do Universo, repete-se assim, a par do simbolismo mitológico associado ao signo. A entrada no signo de Carneiro, momento que representa o Ano Novo astrológico, diferentemente do ano civil, simboliza a vitória sobre o Dragão (representado pelo caos aquoso e inconsciente simbolizado pelo signo colectivo Peixes). Este é um tema recorrente nas mitologias. Mircea Eliade aborda-o da seguinte maneira, levando em consideração um exemplo da cultura da Babilónia, área geográfica onde nasceu e cresceu a Astrologia: “Na Babilónia, no decurso da cerimónia de Akitu, que se desenrolava nos últimos dias do ano e nos primeiros dias do Ano Novo, recitava-se solenemente o “Poema da Criação”, o Enuma-Elish. (…) No último dia do ano, o Universo dissolvia-se nas Águas primordiais. O monstro marinho Tiamat, símbolo das trevas, do amorfo, do não manifestado, ressuscitava e voltava a ser ameaçador. O Mundo que tinha existido durante um ano inteiro desaparecia realmente. Visto que Tiamat estava lá de novo, o Cosmos estava anulado, e Marduk (Herói Solar) era forçado a criá-lo mais uma vez, vencendo de novo Tiamat. O significado dessa regressão periódica do mundo a uma modalidade caótica era o seguinte: todos os “pecados” do ano, tudo o que o Tempo havia manchado e consumido era aniquilado, no sentido físico do termo. Participando simbolicamente do aniquilamento e da recriação do Mundo, o próprio homem era criado de novo; renascia, porque começava uma nova existência (Carneiro). A cada Ano Novo, o homem sentia-se mais livre e mais puro, pois se libertara do fardo de suas faltas e seus pecados (Peixes). Com isto percebe-se como antes do Ano Novo astrológico é costume se proceder, em algumas culturas, a “purificações”, à expulsão dos pecados, demónios ou simplesmente de um bode expiatório. Tais cerimónias precisam ocorrer para que se possa extinguir com o Passado. Daí que o signo de Peixes seja representante de uma fase de purificações rituais, de anulação de pecados ou das faltas cometidas, seja pelo próprio individuo seja pela comunidade como um todo. É o momento em que, vendo o terminar do ciclo a horizonte, se impõe o sacrifício e a entrega das experiencias adquiridas ao longo do percurso. É o sacrifício ou a batalha contra esse estado de caos e também de fusão no colectivo e no amorfo do tempo obsoleto que leva à ressurreição de um homem novo, de um ciclo novo. Não será de estranhar, portanto, que a Páscoa e a Ressurreição de Jesus Cristo sejam celebradas no signo de Carneiro. Ouroboros: É um símbolo representando uma serpente ou dragão devorando a própria cauda, significando a Eternidade. Para alguns autores, a imagem da serpente mordendo a cauda, fechando-se sobre o próprio ciclo, evoca a roda da existência, esta que é um símbolo solar na maior parte das tradições. A representação como círculo indica claro está um perpétuo retorno, a espiral da evolução, a dança sagrada de morte e reconstrução. Noutra escala temporal, pode-se ainda considerar o Retorno Solar (a celebração do aniversário) como análogo a estes significados. O Retorno Solar é uma outra forma de renascimento em que o Sol retorna à posição exata do seu nascimento. A festa de aniversário traduz-se assim num novo conjunto de experiências e desafios a serem vividos ao longo de um ano, repleto de todas as potencialidades. Partimos com nova vida, novo ânimo que é tão ou mais reforçado quando se sabe que os 40 dias que antecedem o momento da Revolução Solar são chamados de Inferno Astral e marca, regra geral, um período que pode ser de uma alguma falta de vitalidade e criatividade. O Zodíaco é uma expressão da Eternidade. Para tudo existe um começo e um fim, mas também existe o renascimento constante, gravado no Circulo, na Roda do Zodíaco. O começo de um ciclo sempre é uma fase pura e santa em que estamos cheios de expetativas, sonhos, novos objectivos, tal e qual como uma criança acabada de nascer (liberta do útero escuro e aquoso em que ainda não é consciente da sua individualidade). Dando-se o nascimento, a criança passa a reunir em si todas as potencialidades de ser quem devia Ser. Um novo mundo, um novo ano, um novo ser. A cosmogonia repete-se. A história volta a ser contada a partir do seu início… 17 19 Nasceu em Coimbra em 1972 e reside no Funchal, ilha da Madeira. Depois de um longo flirt, rendeuse à astrologia em 1998 e mantem com esta uma relação permanente e apaixonada. Fundadora da empresa “Estudante de Astrologia”, exerce a sua actividade nas áreas do ensino, investigação, divulgação e consultoria em astrologia. Por: Patrícia Azenha Henriques Membro N.º12 www.estudantedeastrologia.com NODOS LUNARES, ECLIPSES E UM MARCO NA HISTÓRIA DA ASPAS NODOS LUNARES Os nodos1 lunares são pontos calculados matematicamente obtidos através da intersecção da órbita da Lua com a eclíptica que, por sua vez, é o movimento aparente do Sol à volta da Terra. A Lua, à semelhança dos restantes planetas, tem uma trajetória que não é coincidente com a eclíptica, a sua trajetória ora tem latitude zodiacal norte, ora tem latitude zodiacal sul. No caso da Lua, adquire uma latitude, norte e sul, máximas, de cerca de 5º. Quando a trajetória da Lua vem da latitude norte, acima da eclíptica e interseta esta, dirigindo-se para a latitude sul, encontra-se o nodo sul ou nodo descendente, também designado por Cauda Draconis ou Cauda do Dragão. No ponto exatamente oposto e quando a trajetória da Lua vem da latitude sul para a latitude norte, encontra-se o nodo norte ou nodo ascendente, também designado por Caput Draconis ou Cabeça do Dragão. O movimento dos dois nodos, a latitude 0º, é sempre retrógrado2 e move-se à velocidade de cerca de 3’ por dia, completando o seu ciclo zodiacal em 18,6 anos. Os nodos lunares estão associados à formação dos eclipses e têm grande importância desde a antiguidade na previsão de eventos mundanos, sendo desde essa altura associados a perturbações, instabilidade, mudanças inesperadas e repentinas e, por isso, temidos. Tradicionalmente os nodos só têm efeitos sobre um planeta ou ponto notável de um mapa, por conjunção, num raio de 12º antes e depois do nodo. Os seus efeitos são mais perturbadores em função da maior proximidade do planeta ou ponto notável e sobretudo se estiverem no mesmo signo. Autores gregos consideravam os dois nodos lunares maléficos, mas no período medieval a abordagem é um pouco diferente. Ao nodo norte está associada uma natureza benéfica, como a de Vénus e Júpiter, estando por isso associado a aumento e fertilidade. Ao nodo sul está associada uma natureza maléfica, como a de Marte e Saturno, estando por isso associado a diminuição e esterilidade. Mas estas características são aplicadas ao Planeta que lhes esteja conjunto, tendo em conta o seu estado celeste, que pode ser bom ou menos bom, significando o aumento ou diminuição destas características favoráveis ou desfavoráveis. ECLIPSES Quando o Sol se encontra alinhado com a Lua aproximadamente à mesma latitude zodiacal e com a Terra, ocorre um eclipse. Há dois tipos de eclipses, os eclipses solares e os eclipses lunares. Ocorrem, pelo menos, 4 vezes por ano, com dois eclipses solares e dois lunares, respetivamente nas luas novas e nas luas cheias, que estão próximas do nodo norte e nodo sul. 21 A sequência dos eclipses repete-se na mesma ordem em cada 18 anos, 11 dias e 8 horas. Ao conjunto desta sequência de eclipses dá-se o nome de “Ciclo de Saros”, o qual contém 70 eclipses, dos quais 41 são solares e 29 são lunares. Os eclipses solares são os que têm maior impacto, tanto a nível visual como em termos de interpretação astrológica, pois quando são visíveis no local da terra onde nos encontramos, ocorrem durante o dia, transformando a luz em escuridão e por isso temidos desde a antiguidade. O eclipse solar acontece sempre que a Lua Nova estiver a menos de 18º de longitude celestial de um dos nodos, é quando a Lua se posiciona entre o Sol e a Terra, ocultando ou eclipsando o Sol. A ocultação será tanto maior, quanto maior for a proximidade da Lua Nova aos nodos lunares. De acordo com esse afastamento teremos vários tipos de eclipses, com intensidades diversas. O eclipse solar total acontece muito perto do nodo sul ou norte e a Lua oculta totalmente o Sol. O eclipse solar anular acontece quando a Lua, no seu apogeu, apresenta um disco mais pequeno e não consegue ocultar o disco do Sol na totalidade, formando uma ocultação no centro do Sol, deixando visível um círculo de luz no céu. O eclipse solar parcial acontece quando existe um afastamento maior entre o nodo e os luminares e por isso a ocultação não é total. Como a Terra é maior do que a Lua, só recebe a sombra desta em algumas partes do globo, por isso os eclipses só são visíveis em algumas zonas e ainda noutras parcialmente. Os eclipses solares como acontecem na Lua nova só podem ser observados durante o dia, com o Sol acima do horizonte. Os eclipses lunares têm menor impacto visual e ocorrem sempre que a Lua cheia estiver a menos de 12º30’ de um dos nodos. Quando a Terra se posiciona entre o Sol e a Lua, oculta ou eclipsa esta última. A ocultação será tanto maior, quanto maior for a proximidade dos luminares ao nodo. Assim, de acordo com esse afastamento, teremos vários tipos de eclipses, com intensidades diversas. O eclipse total acontece quando a Lua se encontra totalmente no cone de sombra da Terra. O eclipse parcial acontece quando a Lua se encontra parcialmente no cone de sombra da Terra. Ainda existe o eclipse penumbral que acontece quando a Lua se encontra no cone de penumbra, e a mais de 12º30’ de um dos nodos, mas tradicionalmente estes eclipses não são interpretados. Fundamentalmente os eclipses marcam pontos de viragem, mudanças súbitas. São interpretados na astrologia mundana caso sejam visíveis nas regiões em estudo, embora haja quem os interprete mesmo não sendo visíveis, como é o caso de William Lilly. Os eclipses lunares estão ligados a eventos de curta duração e mudanças rápidas, enquanto que os eclipses solares estão ligados a mudanças com mais impacto e de maior duração. Em 2015 ocorrem, como habitualmente, vários eclipses, dois eclipses solares, total a 20 de Março e parcial a 13 de Setembro, e dois eclipses lunares totais a 4 de Abril e 2 de Setembro. O eclipse total do Sol3, a 20 de Março será visível parcialmente em Portugal: ◘ O eclipse começa às 07h41 Longitude 23 12 O Latitude 20 14 N ◘ O eclipse central começa às 09h13 Longitude 45 58 O Latitude 53 38 N ◘ O eclipse central termina às 10h18 Longitude 97 50 E Latitude 89 23 N ◘ O eclipse termina às 11h50 Longitude 94 04 E Latitude 56 06 N A totalidade do eclipse será visível a partir do norte Atlântico, das Ilhas Faroé e de Svalbard e será visível parcialmente em Portugal Continental e nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Em Lisboa, será observado entre as 07h59 e as 10h08, serão 2h09 de eclipse solar, que correspondem a uma duração dos seus efeitos de 2 anos e 2 meses4. Ptolomeu, no livro II do Tetrabiblos, indica os eclipses solares como o primeiro e mais potente indicador de eventos mundanos no geral, temos portanto uma contribuição importante para análise de eventos em Portugal nos próximos 2 anos, com maior incidência no último trimestre de 2015 e 1º semestre de 2016, que deverá ser complementado com os ciclos dos planetas lentos, ingressos, mapas do país e governantes. 23 Como exemplo de interpretação do mapa de um eclipse, podemos dizer que, neste caso, sendo Portugal um país associado ao signo Peixes, um eclipse neste signo é mais significativo. A casa 11, onde ocorre o eclipse, é a casa da Assembleia da República e outros órgãos do estado, partidos políticos, dos projetos e esperanças do país, e também dos aliados do país. Haverá eleições legislativas em 2015 e presidenciais em 2016, que encaixa no período deste eclipse, que tem a simbologia do final de um ciclo, sendo sugestivo por isso. O regente do eclipse é Mercúrio4 e o dispositor do eclipse é Júpiter. A combinação Mercúrio/Júpiter sugere assuntos com a administração do Estado e outros, ensino, leis, religião, o conhecimento, escritos e a comunicação em geral. Mercúrio está muito fraco neste signo e encontra-se na mesma casa 11, reforçando a ênfase nos assuntos desta casa, com uma tónica menos positiva, sugerindo confusões, ilusões, enganos, ambiguidades e muita subjetividade. Júpiter dispõe Mercúrio, e apesar de estar retrógrado, tem triplicidade e está conjunto ao FC, está em receção mútua sem aspeto com o Sol, trazendo um cariz benéfico e protetor, apesar de alguns reveses em assuntos da casa 4 – questões territoriais e propriedades do estado ou outras, atividade exploratória e mineira, tradições e história, origens, por casas derivadas encontra-se na casa dos opositores ao líder do Governo, sendo mais um indicador de um novo Líder. Observamos que o eclipse ocorre conjunto à estrela fixa Scheat, atualmente a 29º34’ Peixes, é uma estrela de 2ª magnitude da natureza de Marte e Mercúrio, da constelação Pégaso. Marte está em regência mas impedido na casa 12 e Mercúrio está muito fraco, esta combinação sugere traições, vigarices, mentiras, espionagem, terrorismo. Esta estrela conjunta ao Sol é prejudicial ao sucesso, indica perigos devido a água e a motores, sujeito a acidentes e afogamentos, quando conjunta à Lua indica preocupação, perdas e ganhos de amigos devido à crítica, perigo de acidentes pela água e mau para ganhos6. A significação desta estrela conjunta aos luminares tem parte da simbologia apresentada por William Lilly para os eclipses que ocorrem na triplicidade de água, em Peixes e no terceiro decanato de Peixes, reforçando o seu significado: “Um eclipse do Sol ou da Lua na triplicidade de água anuncia a deterioração ou destruição das pessoas vulgares, boatos, insubordinação, e expectativa de guerras, destruição de aves aquáticas, grandes inundações e transbordamento de diques. (...) Em Virgem e Peixes, significa muito dano para as espécies vegetais, e para as criaturas da água ou que vivem na água, mostra que muitas fontes serão contaminadas e as correntes dos rios estarão sujas.(…) No terceiro Decanato, anuncia insubordinação, crueldade, espíritos rancorosos, desumanidade de soldados, e também muita controvérsia entre teólogos e advogados.” 7 A conjunção do nodo sul ao eclipse, para além da instabilidade implica diminuição, perda, embora a sua ação seja mitigada pela posição num signo diferente da conjunção dos luminares. O facto de Peixes ser um signo de inverno, a última estação, no último grau do signo, representa o fim de um ciclo, trazendo mais reforçada a ideia de mudanças definitivas, com um cariz totalmente reformador. Esta é uma abordagem geral no âmbito da Astrologia Mundana, e parcial, como já referido, mas os eclipses também podem ter efeitos em natividades e mapas de organizações, embora com impactos muito diversos. É sobretudo de assinalar quando a conjunção dos luminares eclipsados ocorre no mesmo grau zodiacal do ascendente, do Sol ou da Lua do mapa de indivíduos ou organizações em análise, mas também terão efeito quando conjuntos aos restantes planetas do mapa, estando a sua interpretação relacionada com a significação desses planetas e luminares, podendo ser mais ou menos impactante. Ainda assim, a ocorrência de um eclipse conjunto a um ponto ou planeta importante num mapa natal não é o bastante para a produção de um evento significativo, mas é um excelente gatilho para que esse evento tenha lugar, se estiver prometido no mapa natal e indicado para ocorrer na mesma altura, através de técnicas de previsão de base, como a revolução solar, profeções, progressões, etc. 25 UM MARCO NA HISTÓRIA DA ASPAS Foi quando observei a data do eclipse solar e percebi que, além de ser visível em Lisboa, iria ocorrer no dia de abertura do 1º Simpósio Luso-Brasileiro de Astrologia, que fiquei curiosa e resolvi procurar o mapa da inauguração da ASPAS - Associação Portuguesa de Astrologia8, data em que a ASPAS fez o seu primeiro evento público, e perceber se este eclipse seria um dos marcadores para a ocorrência deste evento tão significativo na vida, ainda muito jovem, da primeira Associação de Astrologia em Portugal. Este eclipse solar, indicador de mudança, acontece na casa 11, do movimento associativo e das dinâmicas sociais, das esperanças e projetos da ASPAS e dos seus aliados, em conjunção partil com o regente do ascendente, significador da própria Aspas e dos seus membros, que é Mercúrio, também regente da casa 5, trazendo a perspetiva da comunicação, da troca de informações e do conhecimento em geral, mas também das atividades lúdicas, com um cariz emocional e profundamente idealista. De notar que também os luminares se encontram na casa 11, e por isso carregam o seu significado, transportado das casas 2, 3 e 4. Poucos dias depois deste evento, a ASPAS celebrará mais um aniversário da sua inauguração, entramos na profeção da casa 5, em Virgem, que coloca também o mesmo Mercúrio em destaque como regente do ano. Mercúrio de casa 11 no mapa natal, encontra-se na casa 2 da revolução solar, no mesmo signo de peixes, onde também cai o eclipse, ligando os assuntos de casa 11 à casa 2, colocando a dinâmica dos recursos também em destaque e a par com este grande evento. Nodo: (astronomia) cada um dos pontos de intersecção da órbita de um corpo em movimento orbital com um plano de referência. (Definição do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). Na literatura astrológica em língua portuguesa é frequente encontrar-se escrita a palavra nódulo em vez de nodo, o que é incorreto. O termo nódulo não existe no contexto da astronomia, embora a palavra nodo e nódulo possam significar o mesmo, no contexto da anatomia e medicina. 1 O “Mean Node” ou nodo médio é o que é calculado em função da velocidade média e não tem em conta as perturbações orbitais da Lua e por isso o seu movimento é sempre retrógrado. O “True Node” ou nodo corrigido é o que nos dá a posição exacta, este pode ter movimento retrógrado, estacionário e direto, devido às perturbações orbitais da Lua, provocadas pela interacção gravitacional do Sol. 2 3 Informações do Observatório Astronómico de Lisboa O regente do eclipse é o planeta com mais dignidades no ascendente (ângulo anterior à posição do eclipse) e no local do eclipse, que no caso é Mercúrio, de acordo com William Lilly, na página 76 da sua obra Annus Tenebrosus or the Dark Year, Retyped, appended and annotated by Sue Ward 4 “O segundo e cronológico título, pelo qual devemos descobrir as datas dos acontecimentos significados e a sua duração, será considerado como se segue. Na medida em que os eclipses que têm lugar na mesma data mas não duram o mesmo número de horas ordinárias em todas as localidades, e como os mesmos eclipses solares não têm em todos os lugares o mesmo grau de obscurecimento, ou o mesmo tempo de duração, determinaremos primeiro a hora do eclipse, em cada uma das localidades mencionadas e, para a altitude do polo, centros, tal como numa natividade; em segundo lugar, quantas horas equinociais dura o obscurecimento do eclipse em cada uma. Pois, quando se examinam estes dados, se for um eclipse solar, compreendemos que o acontecimento predito durará tantos anos quantas as horas equinociais que determinarmos e, se for um eclipse lunar, tantos meses.” Ptolomeu, Tetrabiblos, Livro II, capítulo 6, Biblioteca Sadalsuud 5 Ronson, Vivian. As Estrelas Fixas e as Constelações na Astrologia, Biblioteca Sadalsuud 6 Tradução para português do original em inglês da obra de William Lilly. Annus Tenebrosus or the Dark Year, Retyped, appended and annotated by Sue Ward Página 85 “An Eclipse of the Sun or Moon in the watery triplicity presages a rot or consumption of the vulgar sort of people, rumors, seditions, and expectation of Wars, destruction of Water Foul, great inundations and overflowings of the Seabanks. (…) In Virgo or Pisces, it signifies much harme to vegetable Plants, and to such creatures as live in the Water or of the Water, it shews that very many fountains shall be corrupt and grow impure, and the River Waters not wholesome.” Página 90 “In the third Decanate, it presages sedition, cruelty, bitternesse of spirits, and the inhumanity of souldiers, as also much Controversie amongst Divines, and Lawyers.” 7 8 Fonte dos Dados: ASPAS 27 29 Desde criança despertou o seu interesse pela Astrologia que foi sempre estudando de forma autodidata. Licenciou-se em Relações Públicas pelo Instituto Universitário da Maia em 2002. Em 2010 fez uma Formação Astrológica Avançada com Nuno Michaels. Desde então tem participado em várias palestras e workshops relacionados com este tema. Tem o Curso Básico de PNL - Programação Neurolinguística ministrado por Miguel Ferreira. Atualmente é aluno do Nível III do Curso Profissional de Astrologia na FACES ministrado por Isabel Guimarães, Presidente da Associação Portuguesa de Astrologia - ASPAS, tendo sido iniciado pela mesma no Reiki. Por: Alberto Silva Membro Estudante N.º126 ANÁLISE ASTROLÓGICA de “MAR PORTUGUEZ” Do livro Mensagem de Fernando Pessoa INTRODUÇÃO Como a formação de uma onda no mar, também assim é constituído este pequeno livro de algumas dezenas de páginas dividido em três partes chamado “Mensagem”. A Primeira Parte, “O Brasão”, fala-nos dos heróis históricos e míticos da Fundação. Na Segunda Parte temos “O Mar Portuguez” sendo constituído por doze poemas, relacionado com a parte mais épica da obra, referente à luta com o mar e à construção do império. Depois na Terceira Parte, “O Encoberto”, onde em Fernando Pessoa se nota a esperança e o apelo da vinda do salvador, dando ênfase ao Sebastianismo depois da perda da independência em 1580. Neste trabalho debruçar-me-ei sobre a Segunda Parte que contém uma mistura de informação astrológica com um “sumo” espiritual sob uma forma subliminar, porém, nestes doze poemas não se encontra qualquer referência explícita ao ocultismo, nem à Astrologia. Tomar conhecimento do que ultrapassa o nível de leitura e da análise meramente poética enriquece muito a fruição deste “Mar Portuguez”. Por isso proponho-me aqui ajudar o leitor a adquirir uma visão mais mística incluída nesta parte da Mensagem de Fernando Pessoa, que era também ele, para além de poeta, astrólogo. NOTA METODOLÓGICA Na elaboração deste trabalho foram feitas pesquisas através da internet e de algumas obras de autores que abordam este mesmo assunto, recorrendo também aos apontamentos das aulas do nível I e II do Curso Profissional de Astrologia do qual sou estudante, ministrado por Isabel Guimarães, minha professora e amiga a quem agradeço toda a força e boa energia que me tem passado para continuar neste caminho das estrelas. Também recebi uma inspiração após uma palestra sobre este tema a que assisti durante a Feira Alternativa do Porto, em 2014, dada pela Astróloga Libânia Nazareth. I. O Infante Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma, E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo. Quem te sagrou criou-te português. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal! O título deste poema refere-se ao Infante D. Henrique (1394/1460), o grande obreiro dos descobrimentos portugueses, pioneiro dessa aventura, homem destemido e indomável que se propôs iniciar o projeto que abriu novos mundos ao mundo. 31 Aqui encontramos o arquétipo do signo solar Carneiro, signo de elemento fogo, de polaridade yang, modalidade cardinal, tem analogia com a primeira casa astrológica sendo por isso angular. É um signo regido pelo planeta Marte que lhe confere as características descritas acima. Infante é filho de Rei. O Sol, regente do signo solar Leão (Rei) tem exaltação no signo solar Carneiro (Infante). Existe aqui portanto um sentido muito forte do eu, como se pode verificar por exemplo na utilização do verbo “querer” e um enfoque em verbos de ação como por exemplo o verbo “cumprir”, “criar”, “correr”, “desvendar”. É no grau zero de Carneiro (Ponto Vernal) que se dão todos os inícios. Neste caso dá-se o equinócio da Primavera no hemisfério norte. Parece que Pessoa quis fazer um paralelismo com os signos complementares/opostos em todos os doze poemas. Neste caso encontrase na segunda estrofe referência ao signo solar Balança quando ele diz “E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo.” Nota-se neste verso a ideia do horizonte, significador da sétima casa astrológica que tem analogia com este signo. II. Horizonte Ó mar anterior a nós, teus medos Tinham coral e praias e arvoredos. Desvendadas a noite e a cerração, As tormentas passadas e o mistério, Abria em flor o Longe, e o Sul sidério ’Splendia sobre as naus da iniciação. Linha severa da longínqua costa — Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta Em árvores onde o Longe nada tinha; Mais perto, abre-se a terra em sons e cores: E, no desembarcar, há aves, flores, Onde era só, de longe a abstracta linha. O sonho é ver as formas invisíveis Da distância imprecisa, e, com sensíveis Movimentos da esp’rança e da vontade, Buscar na linha fria do horizonte A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte — Os beijos merecidos da Verdade. Aqui nota-se de imediato toda uma referência aos elementos típicos da natureza primaveril com uma descrição bucólica. Tudo isto tem a ver com o arquétipo do signo solar Touro, signo regido pelo planeta Vénus, deusa do amor e da beleza. De natureza fixa (que se nota na descrição de permanência e estabilidade que coexistia na natureza com a Primavera no seu auge), tem polaridade yin e analogia com a segunda casa astrológica que é sucedente2. Aqui tudo se fixa e ganha estrutura. Aquilo que começou em Carneiro, agora cria “raízes” e mantém-se. Sendo este signo do elemento terra, que diz respeito à vertente prática da vida e à realidade percetível do presente, está pouco interessado no futuro e verifica-se a presença de termos específicos da vertente material e física (“Cor”, Terra”, “Flor”, “Aves”, Árvores”, “Praia”, “Fonte”, “Sensíveis”). O título do poema, Horizonte, também remete-nos para a ideia de que há terra à vista, algo de concreto e palpável, como é característico deste signo. O signo oposto, Escorpião, está presente no poema logo na primeira estrofe com palavras como “medos”, cerração”, “mistério”, “tormentas”, “noite”, “iniciação”. III. Padrão O esforço é grande e o homem é pequeno Eu, Diogo Cão, navegador, deixei Este padrão ao pé do areal moreno E para diante naveguei. A alma é divina e a obra é imperfeita. Este padrão sinala ao vento e aos céus Que, da obra ousada, é minha a parte feita: O por-fazer é só com Deus E ao imenso e possível oceano Ensinam estas Quinas, que aqui vês, Que o mar com fim será grego ou romano: O mar sem fim é português. E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma E faz a febre em mim de navegar Só encontrará de Deus na eterna calma O porto sempre por achar. Padrão é o terceiro poema deste conjunto tal como Gémeos é o terceiro signo do zodíaco, o qual é o signo solar de Fernando Pessoa e, talvez por isso, ele utilize a primeira pessoa do singular no segundo verso da primeira estrofe. Gémeos, que têm como regência o Planeta Mercúrio, é um signo do elemento ar, de polaridade yang, modalidade mutável e tem analogia com a terceira casa astrológica, portanto cadente. Gémeos é também um signo dual. Percebe-se isso em frases como “O esforço é grande e o homem é pequeno”, “Que o mar com fim será grego ou romano”, “A alma é divina e a obra é imperfeita”, “Que o mar com fim será grego ou romano”. Padrão, aqui, mostra a forma que os navegadores encontraram de informar e comunicar que determinadas terras tinham sido conquistadas. Gémeos relaciona-se com todas as formas de comunicação e linguagem. Padrão é um símbolo, e um símbolo tem sempre um significado. A linguagem é feita através de símbolos que são as letras. Em “Este Padrão sinala ao vento e aos céus” está bem explícita a função deste signo, assim como também está presente aqui o signo oposto, Sagitário, com as palavras “vento” (ar) e céus (fogo). Então podemos quase ver a imagem de um centauro atirando uma flecha virada para cima e além (céus). Também em “E para diante naveguei” e “O porto sempre por achar” está de forma subliminar implícita a presença deste signo zodiacal, pois Sagitário vê sempre para a frente, nunca se satisfazendo com qualquer resposta para as suas questões muitas vezes filosóficas. 33 IV. O mostrengo O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; À roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse, “Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?” E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!» “De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?” Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso. «Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse: «El-Rei D. João Segundo!» Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!» Este é o quarto poema assim como Caranguejo é o quarto signo do zodíaco, tendo este analogia com a quarta casa astrológica que é angular. Podemos observar logo no primeiro verso da primeira estrofe a referência a esse signo do elemento água e polaridade yin e à quarta casa que corresponde ao Fundo do Céu (FC) opondo-se ao Meio do céu (MC) na Mandala Astrológica. A quarta casa corresponde às 00h e vemos essa referência em “Na noite de breu ergueu-se a voar”. Esta casa tem ligação com o mais íntimo do ser, suas raízes, história, o fim de tudo. Em Caranguejo (signo regido pela Lua) sente-se tudo á flor da pele. Existe um grande sentido de pertença, a pátria e o local onde vivemos tornam-se muito importantes assim como a nossa família e a necessidade de nutrir e ser nutrido. Na casa quatro temos acesso ao inconsciente, onde se guardam os fundamentos do ser e a infância permanece. Por vezes existe o receio de mergulhar nessa casa, porque nela está contido o nosso passado. Assim, e fazendo a analogia com o poema, Pessoa faz uma referência a tudo isto em “Quem é que ousou entrar nas minhas cavernas que não desvendo, meus tectos negros do fim do mundo?”. Caranguejo é um signo de modalidade cardinal, como é o signo de Carneiro (O Infante). Esta modalidade confere uma energia voltada para o pioneirismo, início, iniciativas, mudança de panoramas assim como das estações do ano (O Verão inicia-se a zero graus de Caranguejo no hemisfério norte). Vemos essa atitude na personagem do El-Rei D. João II. Assim como Caranguejo, também Capricórnio é um signo de modalidade cardinal e o paralelo que Pessoa faz desta vez encontra-se na seguinte estrofe: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo, Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!» Está patente aqui a exaltação do Planeta Marte em Capricórnio, regente do signo de Carneiro (O Infante). Também se subentende que agora a visão do Rei é já mais vasta, de nível social, e isso tem relação com a décima casa astrológica, análoga de Capricórnio. V. Epitáfio de Bartolomeu Dias Jaz aqui, na pequena praia extrema, O Capitão do Fim. Dobrado o Assombro, O mar é o mesmo: já ninguém o tema! Atlas, mostra alto o mundo no seu ombro. Do ponto de vista astrológico Fernando Pessoa refere-se ao quinto signo zodiacal, Leão. Signo de elemento fogo, regido pelo Sol, de polaridade yang, este signo fala-nos de valentia, auto expressão, ligado ao princípio da identidade. Tem analogia com a quinta casa astrológica, casa sucedente. Como se trata de um signo de modalidade fixa, a tendência natural é a que referimos no signo de Touro, ou seja, a de manter, conservar e estabilizar. Ora, Bartolomeu Dias, representando esse signo, conseguiu tudo isso, ele que dobrou o Cabo das Tormentas, local por onde ninguém antes ousara passar e que depois disso já não haveria mais medo, algo que ficara para sempre ultrapassado graças a sua proeza. Aquário é visto aqui na figura de Atlas, que passara agora a carregar um mundo maior, já que em Aquário existe um senso de coletivo e há nesse signo solar a preocupação maior com a humanidade. Assim, Atlas mostra, bem alto, esse mundo como se fosse um troféu. 35 VI. Os Colombos Outros haverão de ter O que houvermos de perder. Outros poderão achar O que, no nosso encontrar, Foi achado, ou não achado, Segundo o destino dado. Mas o que a eles não toca É a Magia que evoca O Longe e faz dele história. E por isso a sua glória É justa auréola dada Por uma luz emprestada. O poema VI de “Mar Portuguez” faz referência às navegações não portuguesas. O título faz referência a Cristóvão Colombo cuja viagem foi primeiro oferecida a Portugal, no entanto, não foi aceite seu plano pelo rei D. João II, indo depois oferecê-lo à Inglaterra e, por fim, aos reis católicos espanhóis. Existe muita especulação sobre a nacionalidade de Colombo, sem nunca se ter chegado a uma conclusão. Existe a tese de que ele seria Genovês, outra há que diz ele ser catalão e ainda uma outra que afirma ele ser português. Neste sentido, Pessoa refere-se aos descobrimentos efetuados por estes “Colombos”. O signo associado a este poema é Virgem, regido por Mercúrio, de polaridade yin, do elemento terra e modalidade mutável, ou seja, adaptável (como em Virgem uma das tónicas é a praticidade e adaptabilidade, foi dessa forma que foram levadas a cabo várias navegações espanholas, inglesas e holandesas de tal modo, que em menos de um século já haviam superado o poder marítimo português). Tem analogia com a sexta casa astrológica, casa cadente. No que diz respeito ao signo oposto, Peixes, toda a segunda estrofe faz referência aos símbolos Piscianos. Fala-se de magia, de evocar, de longe, de auréola. A linguagem já não refere as coisas concretas (Virgem) como na estrofe anterior. Há, portanto, uma espécie de senso de sacrifício (característico do eixo Virgem/Peixes) por parte dos navegadores portugueses “missionários” que desta vez delegam um pouco da sua “missão” aos outros povos, para que possam também eles auferir da referida “Justa auréola dada por uma luz emprestada”. VII. Ocidente Com duas mãos — o Acto e o Destino — Desvendámos. No mesmo gesto, ao céu Uma ergue o facho trémulo e divino E a outra afasta o véu. Fosse a hora que haver ou a que havia A mão que ao Ocidente o véu rasgou, Foi a alma a Ciência e corpo a Ousadia Da mão que desvendou. Fosse Acaso, ou Vontade, ou Temporal A mão que ergueu o facho que luziu, Foi Deus a alma e o corpo Portugal Da mão que o conduziu. O Sétimo signo do zodíaco é Balança e está associado à casa VII, cujo grau inicial se chama Descendente, portanto, o grau do signo que está a descender no horizonte - 37 a Ocidente – nesse mesmo minuto. Deste modo, este poema de “Mar Portuguez” faz também referência à posição geográfica privilegiada de Portugal para a aventura dos descobrimentos marítimos. País mais ocidental da Europa, era até antes do descobrimento a terra do Ocidente, do pôr-do-sol. Deste modo, o sétimo signo e a casa VII referem-se ao outro, ao par, à complementaridade. Balança é um signo de modo cardinal, de elemento ar e polaridade yang. Relaciona-se com a sétima casa astrológica que é angular. Como tem sido habitual nos poemas anteriores, o paralelo com o signo oposto, Carneiro, pode ser sentido nas seguintes palavras utilizadas no poema: “ato”, “desvendamos” e “conduziu”. Pessoa começa por dizer “com duas mãos”… e prossegue sempre colocando duas ordens de valores em paralelo: “o ato e o destino” (…) “foi alma a ciência e corpo a ousadia” (…) “foi Deus a alma e o corpo Portugal”. A primeira estrofe reforça a necessidade de cooperação (imagem de marca do signo de Balança) onde cada uma das partes da parceria se encarrega da sua função específica: “uma ergue o facho trémulo e divino/ e a outra afasta o véu”. A segunda e terceira estrofes confirmam esta ideia. Cada mão fez a sua parte: “uma desvendou e a outra conduziu”. Noutra perspetiva, Pessoa mais uma vez afirma que a missão de Portugal tinha um caráter divino: “Foi Deus a alma e o corpo Portugal” – Deus como a alma do projeto e Portugal como sendo as mãos que levariam a cabo o seu projeto. Para isso seria necessário a cooperação aqui implícita que nos sugere o signo de Balança. As palavras “desvendamento” e “iluminação” usadas por Fernando Pessoa neste poema também nos remetem para o arquétipo da casa VII – descendente – momento em que o Sol se põe para desvelar outras realidades em consequência da diminuição da luz e a hora em que o Sol parte para iluminar o outro lado do mundo. VIII. Fernão de Magalhães No vale clareia uma fogueira. Uma dança sacode a terra inteira. E sombras disformes e descompostas Em clarões negros do vale vão Subitamente pelas encostas, Indo perder-se na escuridão. De quem é a dança que a noite aterra? São os Titãs, os filhos da Terra, Que dançam da morte do marinheiro Que quis cingir o materno vulto — Cingi-lo, dos homens, o primeiro —, Na praia ao longe por fim sepulto. Dançam, nem sabem que a alma ousada Do morto ainda comanda a armada, Pulso sem corpo ao leme a guiar As naus no resto do fim do espaço: Que até ausente soube cercar A terra inteira com seu abraço. Violou a Terra. Mas eles não O sabem, e dançam na solidão; E sombras disformes e descompostas, Indo perder-se nos horizontes, Galgam do vale pelas encostas Dos mudos montes. É evidente a associação deste poema com o signo de Escorpião, oitavo signo zodiacal, quando é abordada a morte de Fernão de Magalhães. Ao longo das quatro estrofes percebe-se a escuridão, a magia, o assombro, o fantasmagórico, o aterrador, o pesado que tão bem descrevem o mundo escorpiónico. Escorpião é um signo do elemento água (emoções fortes neste caso, para o bem e para o mal e sensibilidade) e das profundidades. Regido por Marte e Plutão, é um arquétipo telúrico, regente das entranhas da terra e das suas convulsões. Signo de modalidade fixa, tem polaridade Yin e correspondência com a oitava casa astrológica que é sucedente. Todo o vocabulário utilizado neste poema é muito característico deste signo: “uma dança sacode a terra inteira (…)”, “sombras disformes e descompostas (…)”, “em clarões negros do vale que vão (…)”, “indo perder-se na escuridão (…)”, “de quem é a dança que a noite aterra? (…)”, “do morto ainda comanda a armada”, “as naus no resto do fim do espaço (…)” , “violou a terra. Mas eles não o sabem e dançaram na solidão (…). É difícil fazer uma melhor descrição deste signo do zodíaco. 39 Esotericamente o poema faz na dança dos titãs a insinuação de um ritual de sacrifício sabático. Por outro lado também apresenta a alma com capacidade de, estando separada do corpo, continuar a agir no mundo terreno: “pulso sem corpo ao leme a guiar”. Há também a referência ao signo complementar e oposto, Touro, na utilização de palavras e expressões como: “terra”, “filhos da terra”, “praia”, “dançam”, “corpo”, “montes” e “horizontes”. IX. Ascensão de Vasco da Gama Os Deuses da tormenta e os gigantes da terra Suspendem de repente o ódio da sua guerra E pasmam. Pelo vale onde se ascende aos céus Surge um silêncio, e vai, da névoa ondeando os véus, Primeiro um movimento e depois um assombro. Ladeiam-no, ao durar, os medos, ombro a ombro, E ao longe o rastro ruge em nuvens e clarões. Em baixo, onde a terra é, o pastor gela, e a flauta Cai-lhe, e em êxtase vê, à luz de mil trovões, O céu abrir o abismo à alma do Argonauta. Este poema é a continuação do anterior, sendo que é preciso passarmos por um processo de morte para depois renascermos. O “Valle” é novamente citado agora definido como “Valle onde se ascende aos céus”. À morte de Fernão de Magalhães segue-se a ascensão de Vasco da Gama. Sagitário, signo de fogo, de modalidade mutável, polaridade yang, tem analogia com a nona casa astrológica que é cadente, está implícito neste poema no seguinte verso: “Pelo vale onde se ascende aos céus”. “Trovões e “clarões” remete para a figura de Zeus, deus dos deuses, significador de Júpiter, regente deste signo. Há referência a esse regente do nono signo do zodíaco também neste verso: “o gigante da terra”. Gémeos é aqui identificado por palavras e expressões como: “movimento”, “ombro a ombro”. O pastor e a flauta também são um arquétipo de Gémeos já que é necessário o sopro do ar para a flauta tocar assim como a utilização correta dos dedos da mão. Fica-se com a ideia de abertura para cima e para o alto, para algo superior que não se julgava existir após a passagem pelo oitavo setor astrológico. X. Mar Português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Estas duas estrofes são o exemplo acabado da polaridade Caranguejo/Capricórnio. Na primeira estrofe temos uma espécie de lamentação de caráter íntimo e patriótico, de quem ficou na praia cheio de saudades e a sofrer por quem partiu (Caranguejo); na segunda estrofe reside um elevado sentido realista de quem partiu (com o coração desfeito, porém indiferente à chora), e que foi bem sucedido porque sabia ser essa a sua obrigação e responsabilidade (Capricórnio). Capricórnio, signo cardinal e do elemento terra aqui representado pelo sal (matéria sólida resultante da transformação da lágrima (que está ligada ao sentimento que caracteriza Caranguejo). Mais uma vez o paralelismo de Pessoa com os signos opostos e complementares em seus poemas aqui presente. Este signo tem polaridade Yin, é angular, regido por Saturno e tem analogia com a décima casa astrológica que também é conhecida por ser o MC (Meio do Céu) sendo esta a área da carreira e missão na vida. «As “mães choravam” pelos filhos que morreram ao desaparecerem no mar. Estes “rezaram” pelas suas vidas e as noivas “ficaram por casar”. Esse é o preço da operação alquímica que envolve a navegação marítima.» 1 XI. A Última Nau Levando a bordo El-Rei D. Sebastião, E erguendo, como um nome, alto o pendão Do Império, Foi-se a última nau, ao sol aziago Erma, e entre choros de ânsia e de pressago Mistério. Não voltou mais. A que ilha indescoberta Aportou? Voltará da sorte incerta Que teve? Deus guarda o corpo e a forma do futuro, Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro E breve. Ah, quanto mais ao povo a alma falta, Mais a minha alma atlântica se exalta E entorna, E em mim, num mar que não tem tempo ou ’spaço, Vejo entre a cerração teu vulto baço Que torna. Não sei a hora, mas sei que há a hora, Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora Mistério. Surges ao sol em mim, e a névoa finda: A mesma, e trazes o pendão ainda Do Império. Este poema trata de referenciar o décimo primeiro signo do zodíaco, Aquário, signo regido por Saturno e Úrano, tem como elemento o ar, polaridade Yang e modalidade fixa. Aqui o Rei D. Sebastião é a figura central, cujo desaparecimento abriu a possibilidade de sua mitificação. O Termo rei equivale a Leão, signo oposto a Aquário. D. Sebastião era aquariano (20 de Janeiro de 1554) cuja personalidade rebelde e controversa reflete o seu arquétipo solar de nascimento. Podemos interpretar a decisão de D. Sebastião se envolver na aventura de Alcácer Quibir como uma situação onde as qualidades e atributos do rei estavam “exiladas”. As consequências desta decisão parecem ser o resultado de um sol (rei), símbolo da vontade pessoal, decide em função do coletivo (A expansão do império). Assim, este sol afastou-se, arrefeceu, apagou-se e… desapareceu! 41 XII. Prece Senhor, a noite veio e a alma é vil. Tanta foi a tormenta e a vontade! Restam-nos hoje, no silêncio hostil, O mar universal e a saudade. Mas a chama, que a vida em nós criou, Se ainda há vida ainda não é finda. O frio morto em cinzas a ocultou: A mão do vento pode erguê-la ainda. Dá o sopro, a aragem — ou desgraça ou ânsia — Com que a chama do esforço se remoça, E outra vez conquistaremos a Distância — Do mar ou outra, mas que seja nossa! Logo no título percebe-se o paralelismo que Pessoa faz com o signo de Peixes, décimo segundo e último signo do zodíaco. É regido por Júpiter e Neptuno, de polaridade Yin, mutável de modalidade, tendo a água como seu elemento. Prece significa oração e fé, uma atitude do arquétipo pisciano. Este signo engloba todos os outros onze signos do zodíaco nele, e como tal, se repararmos bem, estão englobados no poema todos os quatro elementos dos doze signos (Fogo, Terra, Ar e Água). Exemplos: ◘ “Tormenta e vontade” – elemento terra ◘ “Mar universal e saudade” – elemento água ◘ “Mas a chama, que a vida em nós criou” – elemento fogo ◘ “Dá o sopro, a aragem – ou desgraça, ou ânsia” – elemento ar O último verso da última estrofe mostra a fé (Peixes) que Fernando Pessoa deposita em Portugal (Peixes) e na sua conquista que pode não ser pelo mar, mas a um nível superior, espiritual, que Portugal, segundo penso, tem como missão no mundo. NOTA ◘ 1. LUNA, Jayro, A Chave Esotérica de Mensagem de Fernando Pessoa, Epsilon Volantis, 2005, Op. Cit., P. 79. BIBLIOGRAFIA ◘ GUIMARÃES, Isabel, Apontamentos Curso Profissional de Astrologia – níveis I e II – Faces, 2014 ◘ LUNA, Jayro, A Chave Esotérica de Mensagem de Fernando Pessoa, Epsilon Volantis, 2005 ◘ MEDEIROS, João, A Carta, Lua de Papel, 2013 CONCLUSÃO Finalmente, em jeito de conclusão, é justíssimo neste modesto trabalho, erguer o meu louvor à obra intemporal de Fernando Pessoa, de quem a publicação de “Mensagem” celebra o octogésimo aniversário neste início de Dezembro! Quando nestes tempos confusos de ideias feitas, há ainda quem amesquinhe os complexos estudos astrológicos, concretizando a afirmação de que “quando aponta para a Lua, o tolo só olha para o dedo”, Fernando Pessoa na sua genial mundividência é bem o paradigma do estudioso que investiga e realiza na sua obra poética. Factos e homens transfiguram-se na mítica versão do escritor. Transmutam-se para além da História, como que navegando por oceanos novos de estrelas, ao encontro de um futuro império civilizacional. Não será por acaso a presença inequívoca da palavra “Deus” em quase todos os poemas desta segunda parte da “Mensagem” assim como se nota em vários deles a esperança contida em Pessoa no novo império. Esse estado de alma é característico do signo/arquétipo de Peixes, signo solar de Portugal. Parece que, para Fernando Pessoa, “Mar Portuguez” terá sido de certa forma a descrição histórica dos factos (à sua maneira muito sui generis, com toda a sua genialidade poética, literária, histórica e mística que tão bem o caracterizam, mas sempre incluída nela a vertente espiritual, que a meu ver, terá sido no fundo onde Pessoa quis chegar com a “Mensagem”. Por outras palavras, o que Pessoa quis passar, na minha modesta opinião, é que Portugal, pertencendo ao signo solar Peixes tem uma missão grandiosa, universal, humanitária. Peixes é o signo regido por Neptuno (deus dos mares) e por Júpiter (deus dos deuses), ou seja, expansão (Júpiter) através dos mares (Neptuno), sendo que essa missão tem como meta final o bem da humanidade tendo como base a espiritualidade. Portugal conquistou mundo além mar, levou a língua portuguesa além mar, falta levar a elevação espiritual, ou seja, falta cumprir-se Portugal. Essa era a preocupação de Pessoa quando ele se referia ao Quinto Império que já não é material. Termino com a primeira e última palavras desta segunda parte de Mensagem “Mar Portuguez” que querem, suponho eu, evidenciar o que foi exposto neste trabalho e que resume a vontade de Pessoa descrita na “Mensagem”: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce (…) do mar ou outra, mas que seja nossa” … …a missão de Portugal.” 43 45 Nascido em maio de 1948, em Lisboa, ensinou e praticou Astrologia entre 1978 e 2001, tendo voltado à atividade em 2014. Tem 27 livros publicados, quatro dos quais na área da astrologia: CRÓNICA DA INCRÍVEL HISTÓRIA DO PATINHO (original de 1994, publicado em 2015), DICIONÁRIO DE ASTROLOGIA (3ª reedição em 2014), OS 12 ESTADOS DO SER (Prosa/poesia astrológica, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1993), A ASTROLOGIA NOS DOZE POEMAS DE “MAR PORTUGUÊS” DO LIVRO “MENSAGEM” DE FERNANDO PESSOA (1989, não publicado). Por: Vitorino de Sousa www.sistemaanura.com CÓDIGO DO ASTRÓLOGO HUMANISTA É inegável que há excelentes astrólogos em Portugal, que respeitam o código de ética desta atividade. Mas também há os outros. Refiro-me aos que desrespeitam a sua função, através do que dizem ao consulente e da forma que o dizem. Esquecem que, quem os procura, crê estar diante de “quem sabe”, e, muitas vezes, de quem “lê o futuro”. Portanto, o que ouvirem da boca do astrólogo é o que vai acontecer! Escusado será dizer que a recorrente falta de tato na conversa com os consulentes, gera resultados desastrosos: fazem previsões com ar de “certezas”, o que leva a pessoa a viver em ansiedade, por vezes durante anos, à espera que chegue a data “prevista”. Por isto – e muito mais havia a denunciar – torna-se imperioso a divulgação do Código do Astrólogo Humanista. Assim, considerando que a mais nobre função da Astrologia é destacar aquilo que transforma uma pessoa comum num ser humano singular, proponho o seguinte: 47 ◘ 1. A Astrologia é, essencialmente, uma técnica que favorece o autoconhecimento. Um astrólogo de consciência, no seu contacto com o consulente, não deve violar esta premissa. ◘ 2. Um astrólogo de consciência não prediz o futuro. Se referir potenciais, deve saber que, regra geral, o consulente tende a traduzir “potenciais” por “certezas”. ◘ 3. A função de um astrólogo de consciência é “desembaciar o espelho” da consciência do consulente, ajudando a considerar muito do que ele não se tinha apercebido. ◘ 4. Um astrólogo consciente jamais diz ao consulente o que ele deve fazer. A sua função é ajudar o consulente a fazer tomadas de consciência, as quais lhe mostrarão, claramente, as decisões que deve tomar. ◘ 5. O foco essencial de um astrólogo de consciência não é o que vai acontecer ao consulente. É a forma como ele tenderá a reagir ao que lhe pode acontecer. ◘ 6. O mapa natal é um meio que permite ao descodificar os planos físico, mental e emocional do consulente, assim como decifrar parte da sua complexidade anímica. ◘ 7. A função da astrologia não é predizer o futuro, pois não há predestinação. Se um astrólogo sem consciência viola esta lei, comete o erro grave de menosprezar o livre arbítrio do consulente. ◘ 8. Um astrólogo de consciência, na sua conversa com o consulente, não usa os termos técnicos da astrologia; fala de forma que ele o entenda. ◘ 9. Um astrólogo de consciência sabe que o consulente não pode sentir medo ou apreensão durante a consulta e depois de ela acabar. ◘ 10. Um astrólogo de consciência não permite que o consulente ganhe a liberdade de lhe telefonar por tudo e por nada. ◘ 11. O consulente deve estar ciente de que a função da astrologia e de um astrólogo consciente não é predizer o futuro. ◘ 12. Um astrólogo de consciência sabe que primeiro está a pessoa e só depois está o seu mapa natal. Ou seja, o consulente não tem determinada característica porque o seu mapa natal indica esta ou aquela característica desafiadora. REFERÊNCIAS ◘ Este código está publicado no livro DICIONÁRIO DE TERMOS E SÍMBOLOS ASTROLÓGICOS de Vitorino de Sousa ◘ Está disponível no botão “Loja” de www.sistemanaura.com 49 Luiza Azancot dedica-se ao estudo e prática da Astrologia a tempo inteiro desde 2001. Tendo vivido nos EUA, foi aí que obteve o título de Consulting Astrologer NCGR IV. Tem uma abordagem psicológica e arquetípica da astrologia mas com clientes espalhados pelo mundo é também especialista em Astrocartografia.” Por: Luiza Azancot Membro N.º15 www.luizaazancot.com ao PERGUNTE ASTRÓLOGO 51 Durante as consultas somos por vezes confrontados com questões éticas relacionadas com pedidos para fazermos as cartas de pessoas que não estão presentes. Trata-se normalmente do marido, companheiro, namorado, mas às vezes é-nos pedido um olhar astrológico sobre os filhos. Quando os filhos são pequenos, o objetivo da consulta é o de ajudar os pais a familiarizar-se com a natureza do seu filho ou filha. À medida que o tempo passa os pais vão-se familiarizando naturalmente com a personalidade da criança. Por tentativa e erro, vão descobrindo o que funciona e não funciona. A visão astrológica fornece uma antevisão que permitirá aos pais, desde o início da vida da criança, ajudá-la no seu desenvolvimento emocional ideal. Debruçamonos sobre questões e possíveis conflitos de comunicação, sugerimos desportos adequados à personalidade da criança, assim como atividades escolares. Acalmamos as ansiedades dos pais que querem ser os melhores pais do mundo e sobretudo reforçamos o conceito que a criança veio ao mundo para desenvolver as suas próprias qualidades e não para viver uma vida à imagem dos pais. Nunca se fazem previsões pois podem ter resultados dramáticos. Quando me é pedido para olhar para a carta de um filho mais velho, adolescente ou mesmo adulto, as questões éticas são mais complicadas e a resposta normalmente é: O seu filho tem direito à sua privacidade, explique-me bem a sua motivação ao fazer este pedido e verei de que forma a posso ajudar. Muitas vezes o pedido de olhar para um problema do filho é uma projeção do problema da mãe ou do pai. Mas de vez em quando há exceções. A primeira vez que fui confrontada com um pedido desse tipo veio de uma mãe após uma tentativa de suicídio falhada da parte do filho. Estava no início da minha carreira de astróloga profissional e fiquei muito aflita. A pergunta era: O meu filho é adulto, vive fora de casa e longe de mim, será que posso fazer alguma coisa que o ajude a não entrar outra vez num buraco tão negro? Pareceu-me uma preocupação legítima e enquadrada dentro da consulta desta mãe tão preocupada. Depois de me certificar que estava a ser feito um acompanhamento psicológico resolvi olhar para a carta do filho. Não tentei saber antecedentes, uma vez que não era o filho o consulente. Tomei nota de que na época da tentativa de suicídio, Plutão por trânsito fazia uma conjunção ao meio ponto entre Neptuno e a Lua, intensificando desilusões e sensibilidade emocional, trazendo instabilidade. Debrucei-me sobre os aspetos fundamentais da carta: ◘ 1. Todos os planetas no hemisfério inferior – pessoa que valoriza a privacidade, naturalmente introvertido. ◘ 2. Ausência do elemento Terra e com Água como elemento dominante, seguido de Fogo, o que significa tendência para lhe faltar o chão, sentirse desapoiado do elemento essencial ao equilíbrio, e por outro lado com dificuldade de expressão emocional porque o fogo apaga a água. ◘ 3. Lua no grau anarético, prestes a entrar no seu signo de exílio. O Astrólogo Richard Idemon compara os planetas no último grau, dito anarético como uma supra nova, uma estrela prestes a explodir, prestes a auto destruir-se. Brilha com grande intensidade mas também com grande fragilidade. Fragilidade essa que pode ainda ser maior por estar prestes a entrar no seu signo de exílio. 53 ◘ 4. Lua e Júpiter em receção mutua para além de uma oposição. Sentimento exagerados? Enorme necessidade de ter fé, de acreditar. A Mãe, neste caso a minha cliente como elemento salvador? ◘ 5. Vénus e Plutão em receção mutua. Vénus regente da 5, onde habita, e da Cabeça de Dragão ou Nodo Lunar Norte. Como não podia fazer perguntas sobre relacionamentos, que poderiam ter sido a origem da tentativa de suicídio, orientei-me para Vénus como expressão estética, uma vez que a casa 5 facilita a sua expressão criativa. ◘ 6. Sol sem aspetos ptolemaicos o que dificulta o acesso ao eu interior e a processos de transformação que o jovem procurava da forma mais negativa possível. Perante este quadro, a minha principal preocupação foi a de sugerir o reforço ao eu interior de uma forma escorpiónica, sensível, não direta, através da expressão criativa, o que eventualmente lhe poderia dar mais sentido à Cabeça do Dragão em Balança, signo regido por Vénus e conjunto a Plutão. Conceito chave: Criativamente transformo-me. Sintetizando todas estas informações e deduções, sugeri que a mãe lhe oferecesse uma máquina fotográfica de muito boa qualidade e que o incentivasse a tirar fotografias na natureza. A Mãe inicialmente ficou pouco convencida porque julgava que o que o filho precisava era de companhia, saídas, atividades extrovertidas. Expliquei-lhe que o que o filho precisava era de se encontrar através de uma expressão privada, subtil e de preferência a preto e branco (escorpião), e que a falta de terra poderia ser minimizada com os passeios na natureza onde tirasse as ditas fotografias. A minha cliente assim fez e aos poucos o filho foi dominando a depressão. Ao fim de um ano deixou o apoio psicológico. Fartou-se de tirar fotografias e até fez uma exposição de fotografias a preto e branco em que o tema eram folhas caídas no chão, na água, nos charcos. A minha cliente vem à consulta todos os anos e assim tenho tido notícias do filho. Ao longo destes dez anos, mudou-se para uma cidade mais perto da mãe, fez um outro curso, mudou de profissão, começou um relacionamento sério com uma jovem esteticista e no último email que recebi da mãe por alturas do Natal fiquei a saber que compraram uma casa, casaram e a minha cliente pensa que será avó no próximo ano. Não sei até que ponto a sugestão da oferta da maquina fotográfica foi útil. Fiz o melhor que sabia. A minha cliente considera que o meu conselho astrológico foi a salvação do filho e por acréscimo dela. 55 Nicole Zeghbi é brasileira, nascida em Curitiba. Começou a estudar astrologia em 2010 e teve desde então como professor e formador João Rodrigues Acuio. Sua linha de estudos é a astrologia tradicional. Por: Nicole Zeghbi O BRANCO MAIS 1 PRETO DO BRASIL ASTROLOGIA TRADICIONAL E O ALMUTEM FIGURIS Terei como fio condutor da trama tecida no céu de Vinicius o que se denomina Almutem Figuris, o senhor da carta. Almutem deriva da palavra Árabe Almutez que significa o vitorioso. O Almutem é o “espírito” do mapa, a força propulsora. Aquele que indicará em seus aspectos e silêncios a energia mobilizadora do mapa. O Almutem, como é aqui significado, se assemelha ao daímon das obras de Platão onde é descrito como guia das almas, como aquele que conduzirá o individuo ao problema do seu destino. Na República, Livro X Platão escreve que Láquesis, filha da Necessidade, expõe às almas o critério de escolha da nova existência e que cada alma escolherá tanto o daímon que a acompanhará, quanto a vida que levará. Sua função será guardar aquela vida e fazer que se cumpra o que escolheu. O daímon é descrito em Platão como responsável pelo cumprimento do destino escolhido, não tendo, no entanto, poder de alterá-lo ou interrompê-lo o que o diferencia das Moiras. O daímon, ou o Almutem Figuris, como chamarei aqui, é o intermediário entre os deuses e os homens. Mas o que representa o Almutem Figuris no mapa? Ben Ezra descreve o Almutem Figuris da seguinte forma: “Pero el testimonio más fuerte es el del planeta que domina sobre todo el círculo, que los árabes denominan almuten, y hemos de considerar su estado, ya que su testimonio equivale em la cualidad de su estado a los recibidos de todos los demás.” E ainda que existam outras possibilidades, é dele o embasamento utilizado nesse artigo para o cálculo do Almutem Figuris2. O Almutem da natividade dará o testemunho mais importante no mapa, sendo utilizado também o testemunho do Almutem do Almutem – o planeta “poderoso” dentro do Almutem - como testemunho importante para análise. Na análise das casas, será do Almutem de cada uma delas o primeiro testemunho, sendo dado aos seus regentes o papel de segundo testemunho3. Seguindo a Astrologia Tradicional considero na leitura do mapa apenas os 7 planetas clássicos. Fonte: Tabela para cálculo do Almutem do mapa: <http://www.astrologiamedieval.com/tabelas/ Tabela_para_calculo_do_Almutem_do_mapa.pdf> VINICIUS, O CONSTRUTOR DAS MIL IDENTIDADES DO AMOR Quem poderia imaginar que Vinicius de Moraes, o boêmio mais boêmio do Brasil, amante do amor pelas mulheres, fosse “filho” de Saturno. Sem olhar, qualquer um apostaria na sedutora Vênus como a senhora do seu destino. Mas não, Vinicius de Moraes, diplomata, poeta, amante e compositor, tinha Saturno como Almutem Figuris. Saturno o senhor do tempo, que nos ensina “que nada renasce antes que se acabe e o Sol que desponta tem que anoitecer4”. Saturno é a estrutura, o tempo das coisas. E como senhor do tempo Saturno se faz música. Da métrica musical Saturno é o arquiteto. Saturno em Gêmeos dá engenhosidade com a construção do discurso, das palavras. Ao vestir-se com as roupas de Gêmeos, Saturno abre o leque de suas possibilidades, podendo atuar aqui e ali. E Vinicius foi diplomata, poeta e músico. Saturno em Gêmeos na Casa IX levou Vinicius a viver boa parte de sua vida no exterior, tanto a carreira diplomática como a artística, levaram sua vida para fora do Brasil. 57 A casa em que Saturno se hospeda em seu mapa lhe deu a carreira diplomática; advogado, representante do Brasil no exterior. A carreira diplomática sempre lhe serviu de forma estratégica – o Almutem de Saturno é Mercúrio em Escorpião na Casa 2 – e no princípio era de onde tirava o sustento. A necessidade de encontrar algo maior para explicar a vida também lhe veio da Casa IX. Desde cedo buscou na religião um descanso para as angústias do viver. Foi fortemente marcado pela formação espiritual aplicada pelos jesuítas no Colégio Santo Inácio, e seu primeiro poema publicado, em 1932, “A transfiguração da montanha”, era um poema bíblico, composto como um reflexo poético dos evangelhos. O poema foi publicado na revista católica “A ordem”. A força da religião em Vinicius fica mais clara quando se vê Saturno como fundador de sua identidade (Saturno Almutem da Casa 1); Vinicius fundou sua identidade na religião, e num primeiro momento viveu as angústias e os freios que a religião católica lhe impunha. Apenas mais tarde e por influência de Gesse Gessy, uma de suas mulheres, foi que Vinicius encontrou-se no Candomblé, religião que faz da paixão algo sagrado quando coloca seus Orixás sujeitos à ela. “O canto da mais difícil E mais misteriosa das deusas Do candomblé baiano Aquela que sabe tudo Sobre as ervas Sobre a alquimia do amor” Canto de Ossanha, composta em parceria com Baden Powell (no violão) em 1966. Imagem do documentário “Vinicius de Moraes” https://www.youtube.com/watch?v=I7SGgf5vaNc 59 Ele mesmo disse, sobre sua relação com a religião: “fui salvo pela mulher5”. A mulher aparece em sua vida como um Sol. O Sol em Libra, que ascendia no horizonte em seu nascimento, surge como o segundo elemento a marcar sua identidade; triangulando com Saturno parece lhe dizer que sem o outro (Sol Almutem da Casa VII e XI), ele não seria ninguém. E Vinicius sabia muito bem disso. Em “Samba em Prelúdio”, escrito em 1962, fala desse outro que o funda. “Eu sem você não tenho porque porque sem você não sei nem chorar Sou chama sem luz jardim sem luar luar sem amor amor sem se dar E eu sem você sou só desamor um barco sem mar um campo sem flor Tristeza que vai tristeza que vem Sem você meu amor eu não sou ninguém” Há nesse ponto, um segundo testemunho do ponto fundador de sua identidade dado pelo Sol, que como regente da VII e da XI se hospeda na Casa I. Mas Saturno fez dele mais que diplomata; como Almutem da Casa V deu a ele criatividade na construção das palavras. Criatividade impulsionada também pela presença da Fortuna em Peixes6, na mesma Casa V; a fortuna dos músicos, poetas e cineastas. Ali, no domínio na quinta casa, Saturno fez dele também um Don Juan. Depois de declarar-se salvo pelas mulheres jamais esteve sozinho por muito tempo, costumava largar um casamento por outro, tendo se casado nove vezes e tido cinco filhos. Com o Sol atuando nos termos de Vênus7 - em Virgem na Casa XII - apaixonou-se sempre por mulheres que exigiam da paixão o segredo; em quatro de seus nove casamentos, sempre antecedidos de uma ardente paixão, Vinicius se envolveu com mulheres muito jovens ou casadas, que precisavam esconder a relação do mundo. E apesar dos inúmeros casamentos, Vinicius amava como Saturno que era: “Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso.”8 Esse segundo testemunho, dado pelo Sol, como regente da XI aponta para o fata de que não só os casamentos fizeram de Vinicius o homem que foi. Sua carreira musical foi marcada por intensas e reconhecidas parcerias: Tom Jobim, Carlos Lyra, Edu Lobo, Chico Buarque, Baden Powell e Toquinho. Vinicius jamais foi Vinicius sozinho! “Eu não ando só, só ando em boa companhia com meu violão, minha canção e a poesia.”9 Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Miúcha e Toquinho, em show no Canecão, em 1977. Fonte: Veja, infográfico, especial Vinicius de Moraes Essas associações de Casa XI estão diretamente ligadas a sua profissão, ao que lhe trouxe reconhecimento, já que o mesmo Sol em Libra que triangulando com Saturno em Gêmeos lhe faz diplomata, religioso e amante, ao triangular com a Lua em Gêmeos, conjunta ao seu Almutem, lhe faz famoso (Lua Almutem da X) por seu talento poético. Há ainda outro forte aspecto que liga seu Almutem Figuris, Saturno, a Casa X: Saturno faz antíscia10 com o MC. A MÚSICA E A POESIA EM SUAS ORIGENS OU O INÍCIO E O FIM Saturno em Gêmeos nos termos de Marte; a construção de sua fala se dá como Marte lhe possibilita. É o que lhe move. Marte é Almutem da IV: Vinicius tem a poesia e a música em suas origens, em sua família. Da família materna veio-lhe a música, da paterna a poesia. Marte em Câncer, movido pela emoção, pela memória. Um Marte que se comporta como Mercúrio determinar (nos termos de Mercúrio). Mercúrio é aquele com asas nos pés, o que veio ao mundo para fazer do divino, palavra. Como Almutem da IV, Marte testemunha também sobre o fim de Vinicius, fim daquilo que foi, que construiu. Testemunha sobre a memória que ficará. E com Marte no Meio do Céu Vinicius continuará sempre reconhecido pelo. Sua morte não o enterra. Mercúrio, no entanto, é o principal testemunho sobre o inicio e o fim de Vinicius. Mercúrio é seu início e seu fim! Como Almutem do Almutem e Almutem da Casa IX, abriga o seu início; já que Saturno se hospeda ali, ele, o Almutem do mapa e da I. Como Almutem da Casa XII abriga também o seu fim; estando Vênus hospedada ali, ela, Almutem da VIII. AS ESTRELAS11 DE VINICIUS Para que nada lhe faltasse na sinalização da vida artística as Moiras coloriram o céu de Vinicius com estrelas. Alpheca, a alfa da coroa, conjunta a Lua por declinação, destinou-lhe definitivamente o talento poético como profissão. Deu-lhe também a permissividade erótica dos poemas ao feminino, dos muitos casamentos, da nudez sem nenhuma vergonha12. São essas qualidades que lhe trazem reconhecimento (Lua Almutem da X). A Lua, banhada pela luz de Alpheca, ganha ainda mais força por ter Saturno, o senhor da métrica e da dor e Almutem do mapa de Vinicius, segurando-lhe a mão. Alpheca é a coroa dada por Dionísio para Ariadne, filha de Minos de Creta. Ariadne representava o amor, a única força capaz de vencer a fome de paixões do insaciável Minotauro. Teseu sabia que só com a ajuda dela poderia derrotar o temido monstro, e prometeu-lhe casamento. Ariadne, então, deu-lhe uma espada e um novelo de linha (fio de Ariadne), para que ele pudesse achar o caminho de volta, do qual ficaria segurando uma das pontas. Vitorioso, Teseu esperou que Ariadne dormisse e a abandonou. Encontrando Ariadne em desespero, Dionísio a consola e a toma como esposa. Dá-lhe uma linda coroa de ouro como presente de casamento (Alpheca), cravejada de pedras preciosas, que, a pedido dela, ele atira ao céu quando Ariadne morre. De acordo com Ptolomeu é da natureza de Vênus e Mercúrio. Alphecca dá honra, dignidade e capacidade artística. Mas como todas as estrelas venusianas também pode ter seus efeitos indesejáveis. Segundo Firmicus Maternus Alphecca indica variedade de atividades prazerosas por um indivíduo que secretamente se envolve em casos de amor. 61 “E se ao luar que atua desvairado Vem se unir uma música qualquer Aí então é preciso ter cuidado Porque deve andar perto uma mulher. Deve andar perto uma mulher que é feita De música, luar e sentimento E que a vida não quer, de tão perfeita. Uma mulher que é como a própria Lua: Tão linda que só espalha sofrimento Tão cheia de pudor que vive nua.”13 O dom artístico e mais especificamente musical aparece também pela conjunção (declinação) de Alphard, a alfa de hydra, com seu ascendente. A Hydra tinha corpo de dragão e sete cabeças que se regeneravam se cortadas. Era tão venenosa que matava os homens apenas com o seu hálito. Foi derrotada por Hércules em seu segundo trabalho. Ptolomeu afirma que é da natureza de Saturno. Segundo Vivian E,Robson dá sabedoria, musical e apreciação artística, o conhecimento da natureza humana, fortes paixões, a falta de autocontrole, a imoralidade, atos revoltantes e uma morte súbita por afogamento, envenenamento ou asfixia. Rigel, a beta de Órion, também conjunta (declinação) ao seu ascendente anuncia seu extraordinário talento. Órion o caçador capaz de dominar todos os animais tem Rigel no pé esquerdo e segundo João Rodrigues Acuio representa aquela que dará sustento e estrutura ao gigante. De acordo com Ptolomeu e Lilly é da natureza de Júpiter e Saturno. Associo Rigel à importância que Vinicius teve no nascimento da Bossa Nova, foi ele uma das estruturas desse grande movimento musical que mudaria para sempre a história da música brasileira. Vega, ainda que a 3 graus de Júpiter na Casa IV (longitude) parece pertinente: Vinicius tem sua fala (Casa III que tem Júpiter como Almutem), na poesia e na música, atrelada ao amor, atrevo-me a dizer que ao tema de Orfeu. A música e a poesia estavam em suas origens; dizem que Vinicius aprendeu a cantar antes de falar. Sua ligação com Vega vai mais longe: Vinicius reescreveu a história de Orfeu, um Orfeu negro.14 Porque afinal Vinicius era o branco mais preto do Brasil15. Transportou a história de amor de final trágico entre Orfeu e Eurídice para as favelas cariocas, para um feriado de carnaval. No musical, Orfeu, um sambista que vive no morro, filho de um músico e de uma lavadeira, apaixona-se por Eurídice. A paixão entre Orfeu e Eurídice desperta o ciúme e o desejo de vingança em Mira, ex-namorada do sambista, que leva Aristeu, apaixonado por Eurídice, a matá-la. Numa terça-feira, último dia de Carnaval, Orfeu desce do morro e vai até o Clube Os Maiorais do Inferno depois de Eurídice estar morta. Já ensandecido, ele vai procurar Eurídice para ver sua amada, tentar encontrá-la novamente. De volta à favela, solitário, ele é morto por Mira e pelas outras mulheres açuladas por ela. No mito original Orfeu apaixonou-se por Eurídice e casou-se com ela. Mas Eurídice era tão bonita que, pouco tempo depois do casamento, chamou a atenção de um apicultor chamado Aristeu. Quando ela recusou suas atenções, ele a perseguiu. Tentando escapar, ela tropeçou em uma serpente que a mordeu e a matou. Orfeu ficou transtornado de tristeza. Levando sua lira, foi até o Mundo dos Mortos, para tentar trazê-la de volta. A canção pungente e emocionada de sua lira convenceu o barqueiro Caronte a levá-lo vivo pelo rio Estige. A canção da lira adormeceu Cérbero, o cão de três cabeças que vigiava os portões. Seu tom carinhoso aliviou os tormentos dos condenados. Encontrou muitos monstros durante sua jornada, e os encantou com seu canto. Finalmente Orfeu chegou ao trono de Hades. O rei dos mortos ficou irritado ao ver que um vivo tinha entrado em seu domínio, mas a agonia na música de Orfeu o comoveu, e ele chorou lágrimas de ferro. Sua esposa, a deusa Perséfone, implorou-lhe que atendesse o pedido de Orfeu. Assim, Hades atendeu seu desejo. Eurídice poderia voltar com Orfeu ao mundo dos vivos. Mas com uma única condição: que ele não olhasse para ela até que ela, outra vez, estivesse à luz do sol. Orfeu partiu pela trilha íngreme que levava para fora do escuro reino da morte, tocando músicas de alegria e celebração enquanto caminhava, para guiar a sombra de Eurídice de volta à vida. Ele não olhou nenhuma vez para trás, até atingir a luz do sol. Mas então se virou, para se certificar de que Eurídice o estava seguindo e a perdeu para sempre. Vinicius foi Orfeu tentando salvar seus amores do inevitável fim com música e poesia, compondo e dedicando sua poesia à amada. Vinicius foi Orfeu em cada uma das oito vezes em que duvidou que sua amada pudesse segui-lo nos dias escuros, para só então voltar a emergia à luz da paixão. Vinicius foi Orfeu em cada uma das oito vezes em que olhou para trás. LINHA DO TEMPO - FIRDÁRIA16 As relações entre os planetas e os aspectos da vida de Vinicius, a teia tecida no céu, que o astrólogo pretensiosamente ouve, ganha nas Firdárias a força do que houve. É interessante perceber que Marte e Lua funcionam como um gatilho para os acidentes e acontecimentos que põe em risco sua vida. Atribuo isso ao fato do “pequeno maléfico” atuar nos termos de Mercúrio; Almutem da XII e de ter como Almutem a Lua; planeta Almutem e co-regente da Casa VIII. Já a Lua como acabei de falar é Almutem e co-regente da Casa VIII além de ter como Almutem Mercúrio. Os termos da Lua são os de Júpiter, os termos do fim. 63 Já Saturno – como não poderia deixar de ser, tendo em vista ser o Almutem Figuris , o vitorioso, do mapa - remete a períodos de ascensão como à criação da Bossa Nova e a produção dos Afrosambas. ◘ 1926 Firdária Saturno Sol: perde a virgindade (na verdade essa Firdária começa em julho de 27). ◘ 1932 Firdária Saturno Lua: primeiro poema publicado, assim como o primeiro livro. A poesia de Vinicius ainda está tomada pelas questões do espírito. Ainda nessa Firdária teve sua formação e carreira diplomática; Vinicius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933, talvez já em uma Firdária Júpiter. ◘ 1938 Firdária Júpiter Vênus: Casa-se pela primeira vez. Beatriz Azevedo de Mello, a Tati, foi a mulher com quem viveu por mais tempo. ◘ 1940 Firdária Júpiter Mercúrio: Nascimento de sua primeira filha, Suzana. ◘ 1942 Firdária Júpiter Lua: Nasce seu filho Pedro. ◘ 1945 Firdária Marte: Sofre grave desastre de avião na viagem inaugural do hidro “Leonel de Marnier”, perto da cidade de Rocha, no Uruguai. Em sua companhia estão Aníbal Machado e Moacyr Werneck de Castro. ◘ 1950 Firdária Marte Saturno: Casa-se, pela segunda vez, com Lila Maria Esquerdo e Bôscoli. ◘ 1952 Firdária Sol: Nasce sua filha Georgiana. ◘ 1955 Firdária Sol Mercúrio: Nasce sua filha Luciana. ◘ 1957 Firdária Sol Lua: No início de 1958, sofre um grave acidente de automóvel. ◘ 1958 Firdária Sol Saturno: O ano de 1958 marcaria o início de um dos movimentos mais importantes da música brasileira, a Bossa Nova. Vinicius fez aqui grandes parcerias, fazendo parte com sua poesia e música do “grupo” da Bossa Nova. Para muitos críticos o início do movimento aconteceu no lançamento, em Agosto de 1958, de um compacto simples do violonista baiano João Gilberto (considerado o papa do movimento), contendo as canções Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e Bim Bom (do próprio cantor). O Casa-se com Maria Lúcia Proença. ◘1961 Firdária Sol Marte: Inicia novas parcerias com Carlos Lira e Baden Powell. Dessas parcerias surgirão grandes sucessos. ◘ 1962 Firdária Vênus: Em 1963, inicia uma parceria que produziria grandes sucessos com Edu Lobo. Casa-se com Nelita Abreu Rocha. 65 ◘ 1965 Firdária Vênus Lua: Vinicius de Moraes compôs, com Edu Lobo, Arrastão. A canção seria defendida por Elis Regina no I Festival de Música Popular Brasileira (da extinta TV Excelsior), realizado no Guarujá naquele mesmo ano. Era o fim (Vênus e Lua Almutem da VIII) da bossa nova e o início do que se rotularia MPB. ◘ 1966 Firdária Vênus Saturno: o antológico LP “Os Afro-sambas”, de Vinicius de Moraes e Baden Powell. (Vênus Almutem da VIII, hospedada na XII e o Saturno significador de suas crenças religiosas). ◘ 1968 Firdária Vênus Marte: em 30 de abril de 69 foi afastado da carreira diplomática tendo sido aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco. Vive as consequências da ditadura no Brasil. Morre sua mãe. ◘ 1969 Firdária Vênus Sol: Casa-se com Cristina Gurjão, com quem tem uma filha chamada Maria. ◘ 1970 Firdária Mercúrio: Casa-se com a atriz baiana Gesse Gessy, a mulher que lhe apresentaria o Candomblé. Inicia parceria com o violonista Toquinho. Toda a Firdária de Mercúrio foi marcada por viagens ao exterior. Em 1971, muda-se para Salvador, Bahia. Viaja pela Itália, numa espécie de autoexílio. (Mercúrio Almutem da Casa XII). ◘ 1974 Firdária Mercúrio Saturno: Confirmando os boatos de que o governo o perseguia, excursiona pela Europa e grava dois discos na Itália com Toquinho, em 1975. ◘ 1976 Firdária Mercúrio Júpiter: Novo casamento, agora com Marta Rodrigues Santamaria. ◘ 1978 Firdária Mercúrio Marte: Excursiona com Toquinho pela Europa. Casa-se com Gilda de Queirós Matoso. Em 1979, participa de leitura de poemas no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), a convite do líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Voltando de viagem à Europa, sofre um derrame cerebral no avião. Perdem-se, na ocasião, os originais de Roteiro lírico e sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. ◘ 1980 Firdária Mercúrio Sol: No dia 17 de abril de 1980, é operado para a instalação de um dreno cerebral. Morre na manhã de 09 de julho, de edema pulmonar, em sua casa na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher. Extraviam-se os originais de seu livro O deve e o haver. Morre em 9 de julho de 1980 em uma Firdária de Mercúrio Sol. Mercúrio que abriga seu início e seu fim. E como se o destino brincasse com Vinicius foi Vênus que lhe segurou a mão no último momento. O prazer (Vênus) sempre lhe foi mais caro que a saúde (Vênus Almutem da VI). Vinicius fez do prazer seu cárcere; boêmio inveterado, amante do amor – viveu e morreu pela paixão.17 O amor guardava a entrada do Hades (Vênus Almutem da VIII). NOTAS ◘ 1. Referência à música “Samba da Bênção” composta em 1967 por Baden Powell e Vinícius de Moraes, sendo a letra de Vinícius de Moraes. “Eu, por exemplo, o capitão do mato / Vinicius de Moraes / Poeta e diplomata / O branco mais preto do Brasil”. A letra na íntegra está transcrita no fim do artigo. ◘ 2. “Esto puedes hallarlo sabendo que los lugares principales son cinco: primeiro el del Sol, segundo el de la Luna, terceiro el lugar de la Conjunción o Prevención (Oposición) anterior a la natividad. ... El cuarto grado es el Ascendente, el quinto la Parte de Fortuna, que según Ptolomeo se há de tomar siempre, de día y de noche, a partir del Sol y la Luna. Calcula después los valores que tiene el planeta en estos cinco lugares, y el lugar de su posición, y en la hora del día de la natividad. Asigna al regente de la Casa um valor de 5 virtudes, al del honor 4, al de la triplicidade 3, cualquiera de los três que sea, al del Término 2 y al de la Faz una. Igualmente, al que se halle en la primera Casa, dale 12 virtudes, al de la décima dale 11 virtudes, em la séptima 10, em la cuarta 9, em la undécima 8, em la quinta 7, em la segunda, 6, em la novena 5, em la octava, 4, em la terceira, 3, em la duodécima 2 y em la sexta 1 virtud. Al señor del día has de darle 7 virtudes, al de la hora 6. De todo ello, el planeta que tenga mayor número de virtudes será el almuten y según el número de virtudes que cada uno de los demás tiene com relación a éste, indicará su fuerza em el nativo. Los antigos que trataron de la natividad procedieron según el orden de las Casas, y no según el orden natural observado por Ptolomeo en el Tetrabiblos. Nosostros seguiremos el orden de los antiguos.” Trecho das páginas 168-169 do livro “Textos Astrológicos Medievales” de Bem Ezra ◘ 3. Para o cálculo do Almutem do Almutem utiliza-se a mesma técnica apresentada por Bem Ezra, isolando-se o planeta em questão na primeira linha da tabela apresentada para obter o resultado. Para o Almutem das casas segue-se a mesma lógica utilizando o signo na cúspide da casa para o cálculo. ◘ 4. A vida tem sempre razão. (1977) Composição: Vinícius de Moraes e Toquinho. ◘ 5. Citação da página 99 da biografia “O poeta da paixão” de José Castello ◘ 6. Foi utilizado o cálculo noturno para Fortuna (Ascendente + Sol – Lua) ◘ 7. De acordo com a tabela de dignidades essenciais segundo os Egípcios. Fonte: Academia Portuguesa de Astrologia. Disponível em: http://minhateca.com.br/ Mateus.DK/Documentos/Astrologia/Tabelas+de+Pesquisa+R*c3*a1pida/Dignida des+Essenciais+segundo+os+Eg*c3*adpcios+-+Academia+Portuguesa+de+Astrol ogia,89923127.pdf ◘ 8. Para viver um grande amor, composta em 1972 por Vinícius de Moraes e Toquinho. ◘ 9.Para viver um grande amor, composta em 1972 por Vinícius de Moraes e Toquinho. ◘ 10. Antiscias são pontos da roda do zodíaco que possuem a mesma quantidade de luz. Na prática, equivale dizer que há dois pontos na roda que são siameses, reflexos um do outro. ◘ 11. O cálculo do posicionamento das estrelas fixas é feito projetando as estrelas na eclíptica tendo em conta sua ascensão reta e declinação. A catalogação por nome e localização atribuída às estrelas é a de Ptolomeu. ◘ 12. Vinícius adorava ficar nú em casa; era muito comum sua mulher, ou Toquinho – quando morou com o poeta e sua esposa - chegar em casa e se deparar com Vinicius nú deitado no sofá. ◘ 13. Parte do poema “Soneto de Corifeu” publicado no Livro de Sonetos em 1957 ◘ 14. Orfeu da Conceição é uma adaptação em forma de peça musical do mito grego de Orfeu transposto à realidade das favelas cariocas. A obra marca o encontro artístico do autor Vinicius de Moraes com Antonio Carlos Jobim que musicou todo espetáculo. O espetáculo estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 25 de setembro de 1956 com cenários de Oscar Niemeyer. ◘ 15. É interessante notar que Saturno, Almutem Figuris de Vinicius, segundo Al Biruni é “da cor de Azeviche, também negro misturado com amarelo, cor de chumbo, escuro como breu.” ◘ 16. A Firdária é um método de datação que divide em períodos com “governo” e “sub governo” dos 7 planetas clássicos e nodos lunares. Nesse arquivo está sendo utilizado o método de Firdária de Al Biruni. A Firdária foi calculada para um mapa noturno, o que reitera a escolha do cálculo noturno para estabelecer a fortuna do mapa. ◘ 17. Faço aqui uma alusão à relação de Vinicius com o álcool. Vinicius tinha uma Vênus em Virgem regendo-lhe a VIII e hospedada na XII, a mesma de Charles Bucowiski, escritor que da mesma forma levou as últimas consequências seu prazer pela bebida e que tinha uma relação “estreita” por assim dizer com o sexo e o amor. Há também o poeta Paulo Leminski, que tem a mesma Vênus em Virgem, hospedada na VII, não Almutem, mas regente de sua morte. BIBLIOGRAFIA ◘ ACUIO, João Saturnália: Astrologia e cidade Disponível em: <http:// saturnalia.com.br/antiscia/> Acesso em: 22 out 2014 ◘ AL-BIRUNI, Abu´l-Rayhan Muhammad Ibn Ahman O Livro de instrução nos elementos da arte da astrologia Tradução CMM, QHP Ed, Biblioteca Sadalsuud ◘ Ano 1154 Constellations of words Disponível em: <www.constellationsofwords. com> Acesso em: 01 out 2014 ◘ CASTELLO, José O Poeta da Paixão Uma biografia. 2 ed. São Paulo: Companhia das letras,1994. ◘ DA COSTA, Valcicléia Pereira O “daimon” de Sócrates: conselho divino ou reflexão? Cadernos de Atas da ANPOF, no 1, 2001. ◘ Dicionário de mitologia Greco-Romana. Abril Cultural 1973 ◘ EZRA, Abraham Ben Meir Textos Astrológicos Medievales Tradução Demetrio Santos Editor: Barat 1981 ◘ FERNANDES, Marcelo Vieira Manílio Astronômicas Tradução, Introdução e Notas, 2006 286 p Tese (Mestrado em Letras Clássicas) Universidade de São Paulo ◘ GREENE, Liz A astrologia do destino Tradução Carmen Youssef São Paulo: Editora Cultrix 1984,1985 ◘ MATERNUS, Julius Firmicus Matheseis Libri VIII Tradução CMM, QHP Ed, Biblioteca Sadalsuud ◘ MENEZES, Cynara Disponível em: <www.socialistamorena.cartacapital. com.br/vinicius-de-moraes-e-o-golpe-militar> Acesso em: 22 out 2014 ◘ PTOLOMEU, Claudio Tetrabiblos Ed Londres Davis and Dickson, 1822 ◘ ROBSON, E, Vivian, Las estrelas fijas y las constelaciones, Tradução do Inglês por Manuel algora Corbi, Ed Editorial Sirio. Original The aquiarian press, 1969 ◘ SILVA, Paulo Alexandre Astrologia Medieval em: < http://www. astrologiamedieval.com/Acesso em: 31 out 2014 ◘ VM Cultural Disponível em: <www.viniciusdemoraes.com.br> Acesso em: 22 out 2014 67 SAMBA DA BÊNÇÃO 1967 Baden Powell e Vinícius de Moraes, letra de Vinícius de Moraes. “É melhor ser alegre que ser triste / Alegria é a melhor coisa que existe / É assim como a luz no coração / Mas pra fazer um samba com beleza / É preciso um bocado de tristeza / É preciso um bocado de tristeza / Senão, não se faz um samba não / Senão é como amar uma mulher só linda / E daí? Uma mulher tem que ter / Qualquer coisa além de beleza / Qualquer coisa de triste / Qualquer coisa que chora / Qualquer coisa que sente saudade / Um molejo de amor machucado / Uma beleza que vem da tristeza / De se saber mulher / Feita apenas para amar / Para sofrer pelo seu amor / E pra ser só perdão Fazer samba não é contar piada / E quem faz samba assim não é de nada / O bom samba é uma forma de oração / Porque o samba é a tristeza que balança / E a tristeza tem sempre uma esperança / A tristeza tem sempre uma esperança / De um dia não ser mais triste não / Feito essa gente que anda por aí / Brincando com a vida / Cuidado, companheiro! / A vida é pra valer / E não se engane não, tem uma só / Duas mesmo que é bom / Ninguém vai me dizer que tem / Sem provar muito bem provado / Com certidão passada em cartório do céu / E assinado embaixo: Deus / E com firma reconhecida! / A vida não é brincadeira, amigo / A vida é arte do encontro / Embora haja tanto desencontro pela vida / Há sempre uma mulher à sua espera / Com os olhos cheios de carinho / E as mãos cheias de perdão / Ponha um pouco de amor na sua vida / Como no seu samba / Ponha um pouco de amor numa cadência / E vai ver que ninguém no mundo vence / A beleza que tem um samba, não / Porque o samba nasceu lá na Bahia / E se hoje ele é branco na poesia / Se hoje ele é branco na poesia / Ele é negro demais no coração / Eu, por exemplo, o capitão do mato / Vinicius de Moraes / Poeta e diplomata / O branco mais preto do Brasil / Na linha direta de Xangô, saravá! / A bênção, Senhora / A maior ialorixá da Bahia / Terra de Caymmi e João Gilberto / A bênção, Pixinguinha / Tu que choraste na flauta / Todas as minhas mágoas de amor / A bênção, Sinhô, a bênção, Cartola / A bênção, Ismael Silva / Sua bênção, Heitor dos Prazeres A bênção, Nelson Cavaquinho / A bênção, Geraldo Pereira / A bênção, meu bom Cyro Monteiro / Você, sobrinho de Nonô / A bênção, Noel, sua bênção, Ary / A bênção, todos os grandes / Sambistas do Brasil / Branco, preto, mulato / Lindo como a pele macia de Oxum / A bênção, maestro Antonio Carlos Jobim / Parceiro e amigo querido / Que já viajaste tantas canções comigo / E ainda há tantas por viajar / A bênção, Carlinhos Lyra / Parceiro cem por cento/ Você que une a ação ao sentimento / E ao pensamento / A bênção, a bênção, Baden Powell / Amigo novo, parceiro novo / Que fizeste este samba comigo / A bênção, amigo / A bênção, maestro Moacir Santos / Não és um só, és tantos como / O meu Brasil de todos os santos / Inclusive meu São Sebastião / Saravá! A bênção, que eu vou partir / Eu vou ter que dizer adeus / Ponha um pouco de amor numa cadência / E vai ver que ninguém no mundo vence / A beleza que tem um samba, não / Porque o samba nasceu lá na Bahia / E se hoje ele é branco na poesia / Se hoje ele é branco na poesia / Ele é negro demais no coração” 69 71 Nasceu em 1975 na cidade de Évora e é formado em Pintura pela FBAUL. Estuda Astrologia e Esoterismo desde 2000. No presente dedica-se prossionalmente à Astrologia na vertente de consultoria de desenvolvimento pessoal e à investigação e formação na área da simbologia astrológica, e da psicologia analítica. Por: Jorge Lancinha Membro N.º56 www.astrologia.jorgelancinha.com ESTUDAR ASTROLOGIA TESTEMUNHO DE U MPERCURSO A Astrologia é uma linguagem que nos permite aceder a todo um vasto universo de símbolos e conceitos que nos ajudam a estruturar a realidade interior e exterior, obtendo maior sentido, propósito e direcção para a nossa existência. É comum entrar no estudo da Astrologia motivado pela vontade de descobrir mais sobre si, na sequência de um evento marcante na vida para o qual se busca entendimento, ex. uma perda, uma ruptura de relacionamento, um impasse vocacional. De facto, saber astrologia serve não apenas para interpretar mapas, o nosso e o de outras pessoas, mas é também um caminho de transformação e consciência – um caminho de descoberta e desenvolvimento psico-espiritual. Eu comecei a estudar astrologia em 1999, no momento em que li o meu primeiro livro a sério sobre a matéria. A minha forma de ver o mundo transformou-se radicalmente, como se um véu se tivesse afastado, permitindo-me olhar para a realidade com todo um novo conjunto de significados. Felizmente nessa altura já existiam programas de computador para calcular mapas e adquirir um deles foi o segundo passo na minha caminhada como estudante. Munido de algumas bases teóricas e ferramentas de cálculo, a minha sede por dominar esta linguagem acabou por se deparar com uma resistente barreira: a grande complexidade da Astrologia. 73 Olhar para um mapa astrológico e interpretar cada um dos seus elementos é uma tarefa acessível com a ajuda de um bom manual de interpretação, mas fazer uma síntese integrada da informação é o principal desafio que qualquer estudante enfrenta no início do seu percurso. Como entender o todo do mapa? Como ver para além dos pedaços soltos de informação que tantas vezes se contradizem entre si? Como encontrar o fio da meada? Esta dificuldade é a que leva muitos estudantes a desistir dos seus esforços para progredir na Astrologia e é aqui que julgo ser fundamental o papel do professor/mentor. Como em qualquer outra área de conhecimento, o contacto directo com alguém que tem um percurso profissional e nos pode transmitir o seu saber e a sua experiência, é indispensável para uma formação minimamente consistente. Este foi o passo seguinte no meu caminho como estudante: procurar bons professores! Algo que, para quem não está à partida inserido num meio afim, nem sempre é fácil de encontrar numa sociedade em que a Astrologia ainda é vista com preconceito e desconfiança. Mas felizmente tive a oportunidade de encontrar pessoas que me orientaram no meu estudo e que me ajudaram a lançar as bases do que é hoje em dia a minha actividade profissional. Após ter encontrado professores e um grupo de pessoas com quem aprendi, cresci e partilhei o meu fascínio pela Astrologia, o desafio seguinte foi o de iniciar efectivamente a prática da consulta. Este foi para mim, sem dúvida, um dos passos mais difíceis no percurso e também dos mais delicados. Isto porque todo o estudo astrológico do mundo não prepara necessariamente ninguém para lidar com as questões que a dinâmica interpessoal da consulta levanta. Além do domínio técnico da linguagem astrológica e da aplicação dos métodos de análise e previsão, é fundamental conseguir traduzir, de forma simples e eficaz, toda a informação astrológica, para que quem se senta à nossa frente, e que à partida nada entende de astrologia, possa compreender e tirar real proveito de uma leitura do seu mapa. 75 Aqui é quando começamos a contruir sobre a nossa própria experiência. Inevitavelmente chega o momento em que a prática é essencial para continuarmos a progredir e a aprofundar. A aprendizagem passa dos livros e das aulas para o consultório. É face às pessoas que nos consultam que testamos os conhecimentos adquiridos e percebemos o que funciona e é útil. Com a prática consultiva surgiu também no meu percurso a formação que me abriu por sua vez novos desafios na estruturação e sistematização dos conhecimentos, no desenvolvimento de metodologias, na investigação e na produção de conteúdos. Actualmente sou eu que tenho o privilégio de poder acolher e procurar corresponder à curiosidade, ao fascínio e à sede de aprender daqueles que me procuram nos meus cursos e na minha rede social. Tem sido um percurso bastante gratificante, com muitos sucessos, mas também com a sua medida de frustrações, dúvidas e incertezas, que fazem naturalmente parte de qualquer processo evolutivo. Hoje é cada vez mais acessível estudar Astrologia devido à internet e às redes sociais, com as quais podemos chegar facilmente à informação e às ferramentas, permitindo-nos também a proximidade com a comunidade e os profissionais de todo o mundo. Esta abertura tem vindo a mudar o panorama da Astrologia em Portugal e a criação da ASPAS é sem dúvida um importante marco, sendo a instituição que mais longe tem ido na estruturação de uma comunidade crescente de astrólogos e estudantes, contribuindo como plataforma de divulgação, de legitimação e credibilização. 77 Ricardo Maria Silva Louro nasceu em 1985. Natural de Monsaraz, onde viveu nos primeiros tempos da sua vida e onde assentam as raízes e onde ganhou um Amor e uma devoção aos campos Alentejanos. Estuda Astrologia no Quiron, Centro Português de Astrologia, e trabalha diretamente com Maria Flávia Monsaraz, há cerca de 6 anos. Desde cedo começou a escrever Poesia. Conta hoje com diversas obras publicadas no meio literário. Por: Ricardo Maria Louro Membro N.º 160 https://www.facebook.com/pages/RicardoLouro/146426348876512?sk=info MAPAS ASTROLÓGICOS IDENTIDADES DE VIDA Mapas Astrológicos, Identidades de Vida! Escrita-de-Deus sob Consciência adquirida! Homem que vive em potência contida! Mapas-do-destino, destino tão sonhado, Universo de cada um, por cada um Criado. Em procura d’uma Meta, em busca d’um caminho, de Vida em Vida cada um, procura a estrada certa! Que estrada?! Qual estrada?! - Sagitário - a Seta! O Mapa está marcado, porém, a Vida está aberta! Porque sempre Recomeça! No Universo nada pára, o movimento é o destino, e o destino, a própria Meta ... 79 Deus quer, os Astros alinham, o Ser-humano incarna e Tudo Recomeça! Começa, recomeça e torna a começar ... E assim eternamente p’la Vida fora sem parar. É a Lei-de-Deus que neste Mundo nos espera! Este imenso Universo, que em nós, ora ri, ora chora... E nós, com potência de cura, ‘inda somos ferida aberta! Ferida d’outros Tempos, ferida d’outras Eras ... E esse Céu que nos recebe é o Ponto de partida. Noutra Vida, consciência adquirida, agora, inconsciente, vazio que nos habita, - a própria ferida! Essa magoa Lunar que nos prende por um fio ao fio da Vida… E p’ra que a Alma não se veja perdida, Mapas Astrológicos são Cartas do Destino! Mapas Astrológicos são Identidades de Vida! 81 Astrólogo há 26 anos, autor de “Progressão Lunar e Kabbalah” (1999), atuante em congressos internacionais de astrologia, entre eles os promovidos no Brasil pelo SINARJ (Sindicato dos Astrólogos do Rio de Janeiro), CNA (Central Nacional de Astrologia), UnB (Universidade de Brasília), UNIPAZ-Sul (Universidade da Paz), GEA (Gente de Astrologia – Buenos Aires), KIRON - Centro Português de Astrologia (atendendo e dando cursos no Porto, Lisboa e em Braga). Membro no. 105 da ASPAS. Oferece cursos à distância desde 1999, pela Escola Astroletiva e em 2014 via Skype em grupos independentes. Por: Carlos Hollanda Membro N.º105 www.projetoluminar.wordpress.com O QUE ESPERAR DO ATUAL TRÂNSITO DE PLANETAS LENTOS NOS SIGNOS DE FOGO Nos próximos meses os trânsitos planetários farão predominar o elemento Fogo. Já há algum tempo, os signos desse elemento, Áries1,Leão e Sagitário, têm recebido a visita de Júpiter, Úrano e Saturno. Este último ingressou em Sagitário em 23 de dezembro de 2014, enquanto os demais já se encontram há mais tempo nos outros signos. Marte acaba de ingressar em Áries, juntamente com Vénus e Lua. Marte permanecerá em Áries cerca de dois meses. Vénus fará essa passagem em cerca de um mês, enquanto a Lua, acrescenta “lenha na fogueira” nos próximos dois dias (21 e 22 de fevereiro de 2015). O Sol ingressará em Áries em 20 de março, juntando-se a Úrano e Marte naquele signo, intensificando ainda mais a tendência, entre aquele dia e 20 de abril. De fins de março até fins de abril teremos 5 planetas em Fogo. Para a coletividade as passagens de planetas lentos nos signos repercutem tanto em aspetos psicossociais quanto em instâncias políticas, económicas e profissionais. O trígono que Júpiter retrógrado em Leão vem tornando a aplicar sobre Úrano em Áries é um potencializador de projetos pioneiros (Áries), que visam diferenciação da maioria ao mesmo tempo em que pretendem promover benefícios ao maior número de pessoas possível. Fogo, no entanto, é movido por ações individualistas, pelo centro (Leão) das atenções e por atitudes que os tornam referências em algo. Os grandes projetos levam, portanto, marcas individuais, características peculiares das pessoas que os acionam e os capitaneiam. Há, entretanto, uma tendência muito grande ao risco, uma intensificação da impulsividade de tocar as ideias para frente sem que haja um conjunto sólido de alicerces. O risco (Áries) é bom, os caminhos costumam ganhar aberturas (Júpiter) inesperadas (Úrano), mas o privilégio às situações presentes ou de curto prazo desfavorece o planejamento e a durabilidade das boas ideias. E Úrano continua em quadratura com Plutão em Capricórnio, aspeto que representa, entre outros fatores, uma tensão extrema sobre sistemas de poder e arroubos de violência generalizada. 83 Entre esses arroubos, ações traiçoeiras e competitividade desenfreada - vide os problemas na região da Rússia, Ucrânia, países bálticos e o acirramento dos ataques do Egito, por exemplo, ao grupo terrorista Estado Islâmico. De fato, ações radicais como as de grupos terroristas têm características similares ao contacto destes dois planetas. Apesar de que estes não precisam estar em aspeto entre si para haver um ataque, estes últimos são mais frequentes sob tal contacto planetário (também com Saturno em aspetação crítica). O elemento Fogo é o elemento dos desportos, das competições, da velocidade, da força e ousadia. Podemos esperar tanto pelos trânsitos lentos quanto pelos rápidos, que, individualmente, as pessoas expressem mais suas identidades, seus egos, suas competitividades, suas crenças e certezas, sempre de um modo veemente. Quem é normalmente sincero pode atingir níveis muito altos de “sincericídio”. Quem age mais lateralmente ou tenta ser diplomático, pode ganhar mais confiança. As pessoas com planetas em Fogo no mapa ganharão “turbo”: o ânimo retorna, redobra, se não é possível superar um problema por um lado, encontra-se um outro por onde resolver. Há uma profusão de novas ideias, mas pouca consistência. Vale mais a jornada do que a permanência, durante essa aspetação. Mas não exagere: devido ao acréscimo de confiança e de entusiasmo, a quantidade de gafes cometidas numa fase assim é imensa. Procure ficar fora dessa estatística. Marte regerá por via indireta a maior parte dos planetas. Saturno em Sagitário é regido por Júpiter, que está em Leão, que é regido pelo Sol, que está em Áries, que é regido por Marte, que está em seu domicílio, Áries. Úrano em Áries será regido por Marte. Plutão em Capricórnio é regido por Saturno, que entra, novamente, no círculo de regência cujo dispositor é Marte. Isso significa que todos os assuntos regulados por esses planetas e signos passa pelo âmbito marcial, isto é, o de colocar as coisas em ação, de enfrentar, de não temer conflito ou até provocar conflitos desnecessários. O bom de tudo isso é que quem está disposto a agir é recompensado por movimento e menores interrupções. Todas as energias ficam direcionadas para construir (Saturno), inovar (Úrano em Áries), criar (Júpiter em Leão). Os entretenimentos (Leão) sérios (Saturno), isto é, aqueles que visam o aspeto educacional e a difusão de saberes (Sagitário) ganham bastante fôlego. Eventos culturais, atividades criativas ao ar livre, livros somados a ação são beneficiados durante a fase. Ah, sim, claro! Júpiter trígono Úrano é um bom potencial upgrade em equipamentos sofisticados. O trígono de Júpiter com Úrano dura até junho de 2015. Pode-se esperar grandes encontros coletivos visando encontrar soluções para problemas sociais. Vale dizer que Saturno em Sagitário representa um tom sóbrio o suficiente durante a fase para minimizar excessos utópicos nas propostas. Saturno em Sagitário, apesar de entrar na trigonocracia de Fogo, merece algumas observações. A tendência a procurar consolidações e evitar que fissuras possam fazer desmoronar estruturas recrudesce em meios como o académico, o religioso, nas agências e sistemas ligados a viagens longas, culturas distantes e diálogos entre modelos filosóficos e sistemas de crença. Em todos esses campos, o que estiver com falhas nas estruturas será obrigado a corrigir, sob pena de ruína. As Universidades, aliás, precisarão de forte atenção dos governos, sejam elas do Estado ou privadas. É bom que todas elas se preparem para fiscalizações, um verdadeiro aperto de cerco, para resultados e cumprimento de metas sociais. O mesmo tipo de crises envolverá igrejas, templos, sacerdotes e agremiações de fiéis ou acólitos. Premiados são os que trabalham duro, que buscam dar durabilidade aos novos projetos, que os pensam para médio e longo prazo sem criar barreiras excessivas para quem não pertence a suas vias filosóficas ou religiosas. São também favorecidos aqueles projetos que têm já um certo tempo de funcionamento. Estes são os que recolhem louros pelas pequenas vitórias acumuladas, pelos esforços pouco visíveis, mas fundamentais para o bom funcionamento das coisas. Saturno em Sagitário também aumenta a gravidade de problemas ligados aos fanatismos (Sagitário). Certezas absolutas impostas são refreadas com força proporcional. É tempo de racionalizar (Saturno) e de dar firmeza àquilo que nos entusiasma (Sagitário/Júpiter) de fazer aquilo se tornar real e não apenas um “não sei se dá, mas pode ser que tenhamos sorte”. Com Saturno não se conta com a sorte, mas sim com a dedicação e a competência. Enquanto Júpiter ingressará em Virgem em 11 de agosto, teremos Saturno em Sagitário até junho de 2015, quando retrogradará e voltará para Escorpião. Tornará a transitar em Sagitário a partir de setembro de 2015, indo até dezembro de 2017. Na passagem de Júpiter de Leão para Virgem, o planeta cruzará a estrela Regulus, o coração do Leão. Essa passagem é sempre afortunada, caso não haja interesse em suplantar as pessoas a todo custo. É um indicador de favorecimento por atos generosos, por firmeza de propósitos e por boas intenções entre pessoas que detenham algum grau de poder ou que sejam referência para terceiros. Os “reis” ou líderes generosos e bondosos, firmes, carismáticos, mas que trabalham junto a seus “súbditos” prevalecerão. 85 NOTAS ◘ Neste artigo é utilizado Áries para designar Carneiro 87 Estudo astrologia há 2 meses, confesso, mas, como sou um canal, os meus guias de Sírios estão sempre comigo. Além disso, nasci com Mercúrio em Vénus, o que faz de mim uma astróloga privilegiada. É porque tinha de ser! Ainda bem! Um beijinho no coração. Por: Raphaela Balday Membro Ex-officio PREVISÕES INFALÍVEIS (CRÓNICA DE COMÉDIA) Carneiro | 21 de março a 20 de abril Não faço a menor ideia por onde anda agora o regente de Carneiro. Isto não deve ter importância nenhuma para si, até porque eu estou a escrever em Janeiro. Seja como for, o universo é perfeito e, portanto, pródigo em coisas inexplicáveis. Assim, em março próximo, a sua forma de agir, habitualmente corajosa e incisiva (segundo leio aqui no compêndio), vai tornar-se destrambelhada. Cuidado, minha amiga, você vai ficar muito diferente! Prepare-se! Porquê? Porque, segundo os meus guias, durante a manhã do dia 2 de Abril... (espere... não estou a perceber o que eles estão a dizer.... ah!, sim... também pode ser ao fim da tarde do domingo seguinte), sentirá que algo de muito surpreendente aconteceu. A sua perspicácia ariana (acho que é assim que se diz) rapidamente lhe revelará que nunca mais – nunca mais mesmo! - terá vontade de ler previsões astrológicas... Exceto as que são canalizadas pelos meus guias de Sírios, evidentemente. É natural que sinta calor, logo seguido de um gelo pela espinha abaixo, o que levará a sua mente espevitada a duvidar se o fogo é realmente o seu elemento. É, sem dúvida! Isso eu já aprendi! O problema é que a kundalini, de vez em quando, resolve voltar a enrocar-se. Se você costuma questionar-se acerca desses episódios biológicos desagradabilíssimos (piores que os afrontamentos da menopausa), aqui tem a resposta. Em face da alegria de as previsões astrológicas passarem a ser descabidas, vai dar-lhe vontade de, na próxima encarnação, ser de Capricórnio, que faz com que as pessoas andem sempre alegres e satisfeitas. Fique com os Mestres Ascensionados. Touro | 20 de abril a 21 de maio Dizem os meus guias que a doce Vénus anda a passear languidamente por Aquário, nestes dias gelados de janeiro. Não sei se entre 20 de Abril e 21 de maio, continuará assim, porque não tenho aqui as efemérides. Seja como for, o passeio da Vénus (onde está o meu Mercúrio) talvez não seja tão lânguido assim. Digo isto (atrevendo-me a desdizer os meus guias), porque o homem da bilha a escorrer água, costuma incutir um frenesim desgraçado nas pessoas, o que gera nelas a tendência para atitudes inesperadas e surpreendentes. Portanto, você pode ter a certeza de que no dia 1 de maio, quando estiver na rua a gritar “O povo unido jamais será vencido” (porque a empresa onde trabalhou 22 anos resolveu reduzir o pessoal), vai ter a perceção clara de que nunca mais quer saber de previsões, exceto as que são canalizadas pelos meus guias de Sírios. (Se eles fossem de Zeta Reticuli não podia garantir nada, porque essa gente não é de confiança, mas assim garanto.) Se estiver com atenção, minha querida amiga, irá reparar que o dia, de repente, até ficou mais luminoso. Vai ser muito bom, porque você, como qualquer nativo de Touro que se preze, adora desfrutar dos prazeres da vida. Portanto, desfrute. Entretanto, pergunte de que estrela é o seu complemento divino. Dá imenso jeito. Daqui lhe envio a energia violeta do meu coração. Gémeos | 21 de maio a 20 de junho Desde que me entreguei à espiritualidade, fiquei a saber que é preciso viver no “agora”. Não fazia a mínima ideia. Portanto, escrevo considerando o céu de janeiro, que foi quando os meus guias me disseram para escrever estas previsões. É uma forma bem catita de fazer horóscopos – um termo que, segundo os gregos do tempo em que tinham dinheiro e corriam todos nus com uma coroa de louros na cabeça, significa, “ver a hora”. Portanto, minha querida leitora, esta sua servidora está a ver a hora. Assim, fiquei a saber que Mercúrio anda em voo rasante por Aquário em perseguição de Vénus. Isto faz com que, no dia 10 de Junho (quando você estiver a ver o PR, com um sorriso amarelo, a condecorar portugueses famosos antes que eles morram), sinta um arrepio. Ah! E falta dar!... Perdão, de ar! O que é que se passou? O seu mestre interno fez uma correção genética (no meu caso foi o Anjo Procopión). Quando conseguir respirar como deve ser, uma nova luz vai levála a reconhecer o seguinte: se um mapa astral individual já dá uma trabalheira danada, escrever meia dúzia de linhas para o milhão de pessoas que pertencem a cada signo (12 milhões de portugueses divididos pelos 12 signos), é coisa que não faz sentido (exceto, evidentemente, se forem ditadas pelas entidades de Sírios que trabalham comigo). Mas a metamorfose não fica por aqui: no seu dossier dos Registos Akáshicos ficará registado que o mais extraordinário nesta coisa dos horóscopos, não é haver quem os escreva (afinal, a vida está difícil, e eu que o diga), é haver quem os leia. Como seria de esperar, vai sentir um impulso irresistível de pôr um post no Facebook. Para ficar mais bonito, ilustre com a foto de um gatinho a esfregar a cabecita na focinheira de um Pit Bull. Continua em junho, a fim de consolar as queridas leitoras de Caranguejo, envaidecer as de Leão e complicar a vida das de Virgem. 89 91 Nascida a 26 de Junho de 1982, licenciada em Educação de Infância. De Setembro de 2011 a Setembro de 2014 realizou com mérito o curso de Formação em Astrologia nas Faces de Isabel Guimarães. A convite de Isabel Guimarães, acabou por integrar o projeto embrionário da ASPAS estando presente na sua fundação em 2012, fazendo atualmente parte dos orgãos sociais da Associação Portuguesa de Astrologia como Secretária da Direção. Por: Inês Miranda Membro N.º6 EFEMÉRIDES ABRIL Dia 1 às 00:00 Hora Legal 02° 21’ Virgem 04° 19’ Virgem 01° 39’ Carneiro 01° 58’ Carneiro 17° 24’ Touro 17° 36’ Touro 10° 54’ Carneiro 11° 04’ Carneiro 00° 12’ Touro 00° 19’ Touro 12° 41’ Leão Rx 12° 40’ Leão Rx 04° 40’ Sagitário Rx 04° 40’ Sagitário Rx 16° 08’ Carneiro 16° 08’ Carneiro 08° 29’ Peixes 08° 29’ Peixes 15° 28’ Capricórnio 15° 28’ Capricórnio 93 Principais Aspetos – Abril, Maio e Junho Tendências Facilitadoras 02/04 ◘ Mercúrio Trígono Saturno – Dia favorável para atividades de organização e planeamento. ◘ Sol Trígono Júpiter – A sua autoexpressão encontra-se facilitada principalmente em assuntos relativos às suas ideologias. 06/04 ◘ Mercúrio Trígono Júpiter – Dia propício para expandir a sua mente e aprofundar os seus conhecimentos. ◘ Sol Conjunção Úrano – Prepare-se para o imprevisível e inesperado. 08/04 ◘ Mercúrio Conjunção Úrano – A sua mente está rápida e desperta para o diferente e inusitado. 10/04 ◘ Sol Conjunção Mercúrio – Poderá sentir uma marcada necessidade de comunicar com todos os que o rodeiam. 12/04 ◘ Marte Sextil Neptuno – Confie na sua intuição na tomada de decisões. 19/04 ◘ Mercúrio Sextil Neptuno – Estará mais criativo e recetivo. 21/04 ◘ Marte Trígono Plutão – Determinação e intensa vontade de atingir os seus objetivos estarão na ordem do dia. 22/04 ◘ Mercúrio Trígono Plutão – Dia favorável a conversas profundas e transformadoras. ◘ Vénus Sextil Júpiter – Aproveite oportunidades românticas que poderão surgir. 23/04 ◘ Mercúrio Conjunção Marte – Raciocínio rápido e respostas incisivas realçados. 26/04 ◘ Vénus Sextil Úrano – Encontros imprevisíveis encontram-se favorecidos. 30/04 ◘ Sol Sextil Neptuno – Dia propício para a reflexão e recolhimento. 06/05 ◘ Sol Trígono Plutão – Poder pessoal em destaque. 16/05 ◘ Vénus Trígono Neptuno – Empatia e compaixão estarão presentes na sua interação com os que o rodeiam. 27/05 ◘ Mercúrio Conjunção Marte 30/05 ◘ Sol Conjunção Mercúrio 06/06 ◘ Marte Sextil Júpiter – A crença de que “nada é impossível” poderá conduzilo a excitantes aventuras. ◘ Vénus Trígono Saturno – Assumir responsabilidades e compromissos nos relacionamentos poderá estar na ordem do dia. 08/06 ◘ Sol Sextil Júpiter – Momento favorável para expandir os seus horizontes. 09/06 ◘ Marte Sextil Úrano – Poderá sentir um forte apelo de tomar decisões que permitam mudar a sua vida. 10/06 ◘ Mercúrio Sextil Vénus – Dia favorável para estabelecer ligações com os que o rodeiam. ◘ Sol Sextil Úrano – Permita-se a quebrar a rotina e a experimentar algo novo. 14/06 ◘ Sol Conjunção Marte – Dia marcado por uma forte energia e coragem. 22/06 ◘ Júpiter Trígono Úrano – Aproveite esta energia e expanda os seus conhecimentos. 29/06 ◘ Vénus Trígono Úrano – Poderá conhecer alguém novo e excitante. 95 Tendências desafiadoras 05/04 ◘ Sol Quadratura Plutão – Tendência a agir de forma impulsiva e controladora. 08/04 ◘ Mercúrio Quadratura Plutão – Questões profundas poderão surgir em contexto de conversa e poderão gerar alguma tensão. 15/04 ◘ Vénus Oposição a Saturno – Poderá sentir uma certa inibição na expressão dos seus sentimentos. 18/04 ◘ Marte Quadratura Júpiter – Evite agir de forma precipitada. 19/04 ◘Vénus Quadratura Neptuno – Esteja atento pois ilusões românticas poderão conduzi-lo a conclusões erradas. 21/04 ◘ Mercúrio Quadratura Júpiter – Tendência a exageros e a pensamentos megalómanos e demasiado otimistas. 03/05 ◘ Mercúrio Oposição Saturno – A comunicação poderá ser desafiante dada a dificuldade de expressar o seu ponto de vista. 04/05 ◘ Sol Quadratura Júpiter – Atitudes exageradas e vontades irrealistas estarão na ordem do dia. 09/05 ◘ Mercúrio Quadratura Neptuno – Poderá sentir alguma dificuldade de concentração. 15/05 ◘ Marte Oposição Saturno – Possíveis confrontos com figuras de poder. 22/05 ◘ Vénus Oposição Plutão – Situações de manipulação e de abuso de poder são expectáveis. 23/05 ◘ Sol Oposição Saturno – Tendência a algum pessimismo e baixa autoconfiança. 25/05 ◘ Vénus Quadratura Úrano – Instabilidade e dificuldade de comprometimento. 26/05 ◘ Marte Quadratura Neptuno – Poderá sentir alguma dificuldade em terminar as tarefas que inicia. 29/05 ◘ Mercúrio Quadratura Neptuno – Tendência a distrair-se com facilidade dificultando o processo de pensamento. 31/05 ◘ Sol Quadratura Neptuno – Evite atitudes irresponsáveis. 23/06 ◘ Mercúrio Quadratura Neptuno. Movimentos Retrógrados e Diretos Hora Legal Data Movimento 08/04 17/04 19/05 11/06 12/06 Estação Direta de Júpiter 12°35’ Leão Estação Retrógrada de Plutão 15°32’ Capricórnio Estação Retrógrada de Mercúrio 13°08’ Gémeos Estação Direta de Mercúrio 04°33’ Gémeos Estação Retrógrada de Neptuno 09°49’ Peixes 17:56 04:54 02:49 23:32 10:07 13:56 00:54 22:49 (dia 18/05) 19:32 06:07 Ingressos Hora Legal Data Ingresso 11/04 14/04 20/04 01/05 07/05 12/05 21/05 05/06 15/06 21/06 24/06 Vénus em Gémeos Mercúrio em Touro Sol em Touro Mercúrio em Gémeos Vénus em Caranguejo Marte em Gémeos Sol em Gémeos Vénus em Leão Saturno em Escorpião Sol em Caranguejo Marte em Caranguejo 12:28 19:51 06:41 22:59 (30/04) 19:51 23:40 (11/05) 05:44 12:32 21:35 (14/06) 13:37 10:32 16:28 23:51 10:41 02:59 23:51 03:40 09:44 16:32 01:35 17:37 14:32 97 Luas Hora Legal Data Face da Lua 04/04 Lua Cheia 14º24’ Balança | Eclipse Lunar Total 18/04 Lua Nova 28º25’ Carneiro Lua Cheia 13º22’ Escorpião 04/05 Lua Nova 26º55´ Touro 18/05 Lua Cheia 11º49’ Sagitário 02/06 Lua Nova 25º07´Gémeos 16/06 09:05 15:56 00:42 01:13 13:18 11:05 13:05 19:56 04:42 05:13 17:18 15:05 PUBLICIDADE www.basepoint.pt www.on-marketing.pt http://simposioaspas2015.wix.com/aspas http://simposioaspas2015.wix.com/aspas Encomende nosso jornal em formato de papel, para o nosso e-mail [email protected], e inteire-se de todas as informações. 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