UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS E AMBIENTAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA PROCESSO DE EXTRAÇÃO DO MARMÓRE E SUAS APLICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE SÃO RAFAEL-RN Carlito de Charles da Silva Vasconcelos Orientador Prof. Dr. Sc. Marcelo Tavares Gurgel MOSSORÓ – RN 2013 CARLITO DE CHARLES DA SILVA VASCONCELOS PROCESSO DE EXTRAÇÃO DO MÁRMORE E SUAS APLICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE SÃO RAFAEL – RN Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas para obtenção do título de Bacharel em Ciência e Tecnologia. Orientador: Prof. Dr. Sc. Marcelo Tavares Gurgel MOSSORÓ – RN 2013 Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA V331e Vasconcelos, Carlito de Charles da Silva. Bibliotecária: Vanessa de Oliveira Pessoa CRB15/453 Estudo do processo de extração do mármore na cidade de São RafaelRN e das suas aplicabilidades na construção civil. / Carlito de Charles da Silva Vasconcelos. -- Mossoró, 2013. 53 f.: il. Monografia (Graduação em Ciência e Tecnologia) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Orientador: Dr. Sc. Marcelo Tavares Gurgel. 1. Extração de mármore. 2. Impacto ambiental. 3. Aplicação na construção civil. I.Título. CDD: 622.35 CARLITO DE CHARLES DA SILVA VASCONCELOS PROCESSO DE EXTRAÇÃO DO MARMÓRE E SUAS AAPLICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL NA CIDADE DE SÃO RAFAEL-RN Parecer dos Professores: _________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Data da Defesa: ____ / ____ / ____ _____________________________________________ Prof. Dr. Sc. Marcelo Tavares Gurgel – UFERSA Orientador - Presidente _____________________________________________ Eng.º Agrônomo Silvio Roberto Fernandes Soares Mestrando em Ciência dos Solos Primeiro membro _____________________________________________ Andygley Fernandes Mota Mestrando em manejo de solo e água Segundo membro DEDICATÓRIA À Pai e Mãe. As pessoas que mais Acreditaram em mim, me possibilitando Essa vitoria. Ofereço à minha família, sobretudo a meu pai Raimundo Carlos Lins Vasconcelos e à minha mãe Katia Maria Calixto Da Silva. AGRADECIMENTOS A Deus, pela saude e felicidade que ele me deu ao me enviar anjos em forma de amigos e familiares. A meu Pai, Raimundo Carlos Lins Vasconcelos (o lindo), que sempre me apoiou desde sempre me incentivando com palavras de amizade, me cobrando sempre a ser o primeiro lugar da classe. Acho que tudo que conquistei até agora devo a você, pois foi o senhor que me mostrou que eu poderia estar aqui e conseguir. Muitas vezes pensei em desistir, mas lembrava que o senhor, mesmo passando por problemas infinitamentes maiores que os meus sempre enfrentava tudo sorrindo, sei o quanto essa formatura é importante, por isso dedico essa vitória a você que sempre esteve ao meu lado me dando conselhos e me fazendo rir com as histórias do pica pau. Quero dizer ao senhor que tudo que eu sou hoje devo a ti, que me mostrou o que é ser um homem de bem, honrado e verdadeiro. Pai, conseguimos e tudo isso é seu te amo muito. Meu Pai acima de tudo o meu melhor amigo e meu heroi, meu referencial do que é ser um homem. A minha Mãe que me deu a vida, cuidou e cuida de mim, todos os dias da minha vida, me mostrando o que é um amor incondicional, que atrás de gritos e brigas existe um amor verdadeiro de mãe, que sempre que eu realmente precisei esteve ali ao meu lado me abraçando para eu poder chorar a vontade. Queria agradecer por todo amor e carinho que a senhora me deu me mostrando o caminho certo e me passando confiança na vida. Queria te falar que eu te amo e tudo isso que vivo hoje devo a você. A meu avô, Francisco Teles da Silva (in memorian), que foi um homem de coragem e determinação que superava problemas com o coração e respeito ao próximo. Quero dizer “vô” que estou aqui, mais um integrante da familia Calixto que se forma. Lembro-me dele sempre feliz por ter uma filha “doutora”, como ele falava (risos), imagino agora o seu primeiro neto se formando, sei que ele esta lá em cima olhando e torcendo por mim. Te amo “vô”, obrigado por tudo. A minha avó materna, Maria Calixto da Silva, que sempre me encheu de amor fazendo da minha infância uma fase maravilhosa, sendo uma segunda mãe pra mim, ou melhor, ela foi minha mãe duas vezes. Uma mulher que é referência de calma e serenidade para mim, mostrando-me que nada com pressa na vida ira dá certo e que sempre terei uma família que me ama ao meu lado em todos os momentos. Aos meus avós paternos, os quais tive pouco tempo para conviver, mas por terem criados 8 filhos, todos homens e mulheres de bem, só podem ter sido ótimas pessoas. Queria ter tido mais tempo com vocês, mas sei que estão todos ai reunidos comemorando juntos essa alegria na minha vida. A minha irmã, Adriana Carla da Silva Vasconcelos, que sempre do seu jeito diferente de ser, torceu para eu chegar até aqui. Sei que sofremos com a distância, mas o amor e o carinho que sinto por você vai além disto. Quero sempre você na minha vida. Te amo maninha. Ao meu amigo (irmão), Jeann Lázzaro Rodrigues Dantas dos Santos, por está comigo durante esses 3 anos de curso, sempre me apoiando em todas as decisões, seja da vida acadêmica ou privada. Quero falar que a palavra amigo é pouca pra te descrever, acho que irmão seria mais adequado. Irmãozinho, essa é a primeira vitória que conseguimos juntos, tenho certeza que comemoraremos muitas ainda. Seremos amigos por toda a vida!. Ao meu amigo Bruno Noronha Rodriguez, que me aguentou durante 3 anos o aperreando atrás de ajuda em matérias ou simplesmente um conselho amigo, sem você não estaria aqui me formando. Você sempre diz que não sabe por que somos amigos, já que pensamos de formas tão diferentes, a resposta é simples, Deus coloca pessoas nas nossas vidas por algum motivo que só ele sabe. Ao meu amigo Selinton Rodrigues de Macedo, que me incentivou em momentos difíceis, ensinando que as coisas ruins, colocamos no bolso furado e as coisa boas devemos guardar no bolso próximo ao peito. Primo, quero te dizer que em pouco tempo você se tornou uma pessoa importante na minha vida, podemos ser um pouco diferentes, mas temos uma mesma linha de pensamentos e por isso nos tornamos grandes amigos. Ao meu amigo Wlardson Dantas, que sempre esteve presente nesses últimos acontecimentos da minha vida, com seu apoio, falando palavras amigas ou simplesmente me ajudando a fazer bulling com alguém, me ajudando a me distrair. Obrigado por tudo, o que precisar estarei aqui sempre. Aos meus amigos e amigas, Lincon, Ailton, Daniel, Madson, Talita e Ticiane, quero agradecer a vocês por tudo, desde um conselho até um sorriso. Posso dizer de coração que tudo o que vocês fizeram, de uma forma ou de outra, contribuiu para eu chegar aqui. Desde já, espero que vocês estejam presentes na defesa do meu doutorado em 2017. Ao meu amigo José Ivo Matos Dias, por ter me dado carona para casa durante esses três anos de curso, me possibilitando esquecer um pouco dessa vida acadêmica, pois sem isso acho que teria ficado meio louco. Mas, acima de tudo, gostaria de agradecer pelas palavras amigas e pelos conselhos dados. Lembro-me do primeiro semestre quando eu reprovei uma cadeira e o senhor disse que tudo na vida é questão de querer e que com calma tudo daria certo. Muito obrigado por tudo. A minha namorada Jéssica Bruna, por estar ao meu lado incentivando e mostrando que a vida pode ser mais fácil e mais bela se quisermos. Gostaria de te agradecer por existir na minha vida, você apareceu no momento certo, tornando-me uma pessoa melhor. Quero dizer que essa vitória é nossa, a primeira que conquistamos juntos, o primeiro degrau de muitos que subiremos juntos nesta vida. Em cada um deles, quero você ao meu lado, com esses lindos olhos cheios de determinação, felicidade e paixão, os olhos mais lindos que eu já vi. Resumindo, eu te amo menina e logo logo quero ver você escrevendo os seus agradecimentos. Ao meu amigo e professor Junior (TI JUNIOR PARAÚ), de mecânica dos solos, ao mostrar que um professor pode ser mais que um simples transmissor de conhecimento e sim um moldador de mentes, nos fazendo realmente raciocinar sobre a matéria e sobre a vida. Espero encontrar mais professores como o senhor na minha vida acadêmica e social, muito obrigado por mudar o meu modo de ver o curso e a vida. A Ady Canário, pelas experiências proporcionadas nessa graduação, dando a oportunidade de participar do projeto PET-conexões, o qual eu tenho muito orgulho de ter feito parte, além de ter dado vários conselhos que só uma mãe poderia dar. Muito obrigado do fundo do coração. Gostaria de agradecer aos participantes da banca Silvio Fernandes e Andygley Fernandes, por aceitarem participar desse momento tão especial. Podem ter certeza que guardarei esse momento pelo resto da minha vida. Desde já, muito obrigado por cada palavra dita nessa apresentação. Por ultimo, não menos importante, ao meu orientador Marcelo Tavares Gurgel, por ter tido grande paciência comigo, me orientando em cada passo que eu dei. Além de orientador um amigo que espero levá-lo para além da minha vida acadêmica. Obrigado por tudo, que Deus lhe abençoe hoje e sempre. “Quem caminha sozinho, pode até chegar mais rápido. Mas aquele que vai acompanhado, com certeza, chegará mais longe, e terá a indescritível alegria de compartilhar alegria… alegria esta, que a solidão nega a todos que a possuem”. Diego Oliveira RESUMO A extração de rochas ornamentais é uma atividade que aumentou consideravelmente nos últimos 20 anos no Brasil, um dos setores que impulsionou esse aumento foi o da construção civil. O mármore é um exemplo bem de rocha ornamental, bastante utilizada na construção civil devido possuir uma ampla gama de cores, proporcionando aos especificadores um abrangente leque de soluções estéticas, bem como a garantia de alta durabilidade. Nesse contexto, objetivo-se realizar um estudo acerca da exploração de mármore no município de São Rafael, no Estado do Rio Grande do Norte (RN). Para isso foi feito um levantamento bibliográfico e uma aplicação de questionários com os mineradores da região, onde foram abordados vários aspectos, como métodos de extração, beneficiamento e principais impactos ambientais provocados, entre outros. A cidade de São Rafael–RN mostrou-se com grande potencial para a indústria do mármore precisando apenas de um incentivo financeiro para o desenvolvimento tecnológico do setor marmoreio. PALAVRAS CHAVE: DURABILIDADE. ROCHA ORNAMENTAL, IMPACTOS AMBIENTAIS, ABSTRACT The extraction of ornamental is an activity that has increased considerably in the last 20 years in Brazil, one of the sectors that drove this increase was the construction. The marble is a fine example of ornamental stone, widely used in construction because owning a wide range of colors, providing specifiers an extensive range of aesthetic solutions, as well as ensuring high durability. In this context, aim to conduct a study on the exploitation of marble in the municipality of San Rafael, in the state of Rio Grande do Norte (RN). To this was done a literature and questionnaires with the miners in the region, where they discussed several aspects, such as extraction methods, improvement and major environmental impacts, among others. The city of San Rafael-RN showed up with great potential for the marble industry needing only a financial incentive for technological development sector marbling. KEYWORDS: ROCK ORNAMENTAL, ENVIRONMENTAL IMPACTS, DURABILITY. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................16 2. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................................17 2.1 HISTÓRIAS DA EXPLORAÇÃO DO MÁRMORE .................................................18 2.2 TIPOLOGIA DAS ROCHAS ................................................................................ 19 2.2.1 Rochas ígneas ....................................................................................................... 19 2.2.2 Rochas sedimentares ........................................................................................... 20 2.2.3 Rochas metamórficas .......................................................................................... 20 2.3 ASPECTOS GEOLÓGICOS DO MÁRMORE. .................................................. 21 2.4 ROCHAS ORNAMENTAIS .................................................................................. 21 2.4.1 Conceitos e propriedades .................................................................................... 21 2.4.2 Propriedades tecnológicas ................................................................................... 22 2.5 ANÁLISE PETROGRAFICA ............................................................................... 23 2.5.1 Índices físicos ....................................................................................................... 23 2.5.2 Congelamento e degelo ........................................................................................ 24 2.5.3 Tração na flexão ................................................................................................... 24 2.5.4 Dilatação térmica linear ...................................................................................... 24 2.5.5 Desgaste abrasivo de Amsler .............................................................................. 24 2.5.6 Impacto do corpo duro ........................................................................................ 25 2.5.7 Flexão .................................................................................................................... 25 2.5.8 Velocidade de propagação de ondas ultrassónicas longituinaidais ................. 25 2.6 MÉTODOS DE LAVRAGEM DO MÁRMORE ................................................. 25 2.6.1 Lavra por desabamento ...................................................................................... 26 2.6.2 Lavra de matacões ............................................................................................... 26 2.6.3 Lavra por bancada alta ....................................................................................... 27 2.6.4 Lavra subterrânea ............................................................................................... 27 2.6.5 Lavra método de Jet-flame ................................................................................. 27 2.6.6 Agentes explosivos ............................................................................................... 28 2.6.7 Massa expansiva .................................................................................................. 28 2.7 RISCOS DE ESTRAÇÃO DE ROCHAS ORNAMENTAIS .............................. 29 2.8 TRANSPORTE……………………………………………………………..……..30 2.9 CORTE .................................................................................................................... 30 2.9.1 Corte com tear de lâminas .................................................................................. 30 2.9.2 Corte com fio diamantado .................................................................................. 31 2.10 BENEFICIAMENTO ........................................................................................... 32 2.11 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELA EXTRAÇÃO DO MÁRMORE,CONCEITOS GERAIS. ........................................................................ 34 2.12 APLICAÇÕES DO MÁRMORE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ........................ 35 2.13 INDÚSTRIA DE MÁRMORE EM SÃO RAFAEL-RN ................................... 37 3. METODOLOGIA .......................................................................... Erro! Indicador não definido. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................. Erro! Indicador não definido. 4.1 JAZIDA ...................................................................... Erro! Indicador não definido. 4.1.1 Extração……………………………...…………………………………………..42 4.2 BENEFICIAMENTO PRIMÁRIO ..................................................................................41 4.3 BENEFICIAMENTO FINAL DO MÁRMORE. ................................................. 45 5. CONCLUSÕES............................................................................. Erro! Indicador não definido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................49 ANEXOS .........................................................................................................................................52 1. INTRODUÇÃO A extração mineral no Brasil é historicamente favorecida pela sua formação geológica e pela extensão territorial, tendo inúmeros minerais de interesse econômico no rol de minérios extraídos provenientes de embasamento cristalino e bacias sedimentares. Segundo Neves; Da Silva, (2007) a exploração é classificada em classes, sejam metálicas, não metálicas, gemas e diamantes e energéticos, dentre as quais cerca de 90% das minas existentes no país se dedicavam à exploração de minerais não metálicos. Desse total, aproximadamente 80% foram de minas voltadas aos minerais usados na construção civil, como areias, argilas, rochas britadas e ornamentais. Esse grande conjunto merece destaque pelo aquecimento da construção civil que a cada ano intensifica-se no Brasil. As rochas ornamentais ganham ênfase pela demanda existente por novos tipos de rochas exóticas quartzíticas e calciossilicáticas para uso na construção civil, por terem várias tonalidades e texturas. Essas rochas requerem uma atenção especial quanto à sua extração e beneficiamento devido a sua importância e valor ao mercado imobiliário. É importante se utilizar técnicas que visem o melhor aproveitamento do material, o que é ignorado na maioria dos casos, onde não existe sequer o menor estudo de impacto ambiental da atividade no ambiente de extração WEBMARMORES (2013). A utilização do mármore na construção civil já vem sendo feita desde os primórdios da civilização. A pedra foi usada, primeiramente, em sua forma bruta. Hoje em dia é empregada nas mais variadas formas: bruta, britada, moída, apicoada, levigada, polida, lustrada, flameada, etc. O tratamento da rocha ornamental, mármore, divide-se em três fases: extração, desdobramento e beneficiamento. O advento das construções metálicas no século XIX e o desenvolvimento da tecnologia do concreto no início do século XX impuseram muitas restrições ao seu emprego, principalmente pelo seu alto custo em relação aos outros materiais. No entanto, anos mais tarde, observou-se um retorno de sua utilização mais generalizada, principalmente para revestir estruturas metálicas, de concreto e de outros materiais, proporcionando um aspecto estético mais agradável e de qualidade mais duradoura. O crescimento da produção e comercialização dos materiais tipo mármore. Na composição de preços observa-se que o índice de agregação de valor na venda de blocos é equivalente a três vezes o seu custo de produção. No mercado externo as transações comerciais, proporcionadas pela venda de chapas polidas, geram uma receita três a quatro vezes maiores, por metro cúbico, enquanto a venda em bloco e a venda de produtos finais permite gerar uma receita seis a dez vezes maiores, por metro cúbico, que a venda em bloco (CHIODI FILHO, 2003). O estudo da mineração é de suma importância à região, onde sua extração torna favorável a economia local e regional, gerando empregos a população local que necessita de oportunidades de sobrevivência, no entanto esses benefícios não omitem a responsabilidade de uma extração menos nociva ao meio ambiente, observando as ações envolvidas nesse processo. Nesse contexto, objetivou-se com este trabalho realizar um estudo sobre o processo extrativo do mármore e suas aplicações na construção civil da cidade de São Rafael- RN. 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 HISTÓRIA DA EXPLORAÇÃO DO MÁRMORE Há registros do ano de 2560 a. C. relativamente à construção da Pirâmide Queops num bloco de calcário. Os Egípcios foram os primeiros a extrair e a utilizar a pedra natural na construção de seus monumentos e túmulos faraónicos. A maior parte destes monumentos foi construída em mármore e granito. Os egípcios se preocupavam com a estética e podem ser considerados grandes gênios da arquitetura antiga, as pirâmides foram construídas com extrema precisão que entre os seus blocos não se consegue colocar nem uma folha de papel WEBMARMORES (2013). Por volta do século VI A.C, os Gregos realizaram obras de grande magnitude em mármore, como o Parthenon, o Templo de Zeus e como o Templo de Artêmis com 127 colunas inteiramente de mármore. Durante a época do Império Romano, o uso de rochas para construções urbanas foi explosivamente ampliado, havendo muitas obras de arquiteturas e construções civis, tais como: Maison Carree, um santuário; Pont Du Gard, uma ponte para transporte de água; Anfiteatro; Pantheon; Coliseu; etc. A pavimentação decorativa das calçadas feitas de rochas brancas e pretas, denominada mosaico, apareceu naquela época (PACHECO, 2009). Já na Idade Média, com melhores condições de transformação, o mármore passou a ser usando largamente nos interiores de casas, igrejas, pisos e cozinhas. Na era moderna da Europa, o mármore passou a ser utilizado como matéria prima para confecções de móveis luxuosos. Nesta época, houve o aparecimento de indústrias modernas, que logo se espalhou por toda a Europa, mas foi apenas no século XIX que esses produtos luxuosos foram exportados para o Brasil. No século XX, ocorreu uma grande evolução na tecnologia de corte, polimento, reformas e aplicações das rochas. O corte utilizando diamante permitiu que as rochas tomassem formas inovadoras, como chapas polidas de espessura e tamanhos definidos que foram utilizados para revestimento de paredes, pilares, pavimentos, colunas, peitoris, etc. Atualmente, as rochas ornamentais exercem um papel indispensável para a beleza de construção urbana, constituindo recurso natural importante na mineração, aplicação à construção civil e na economia. O mármore é uma rocha metamórfica, isso significa que começou como outro tipo de rocha e foi mudada fisicamente e quimicamente por aumento de pressão e calor. Em outro tempo, o mármore começou como pedra calcária, uma pedra sedimentar formada pelos esqueletos ricos em cálcio de criaturas do mar. Uma vez a pedra calcária foi enterrada, a pressão e calor recristalizaram o carbonato de cálcio, e o mármore nasceu. WEBMARMORES (2013). No Brasil existem inúmeras jazidas de rochas ornamentais de excelente qualidade e imensa reserva. Entretanto, só a partir do século XXI que começou a introdução dos equipamentos com tecnologia necessária para extração e produção destas rochas. Assim o Brasil passou a ser um dos grandes exportadores de mármore do mundo (PACHECO, 2009). 2.2TIPOLOGIA DAS ROCHAS As rochas são divididas em três grandes grupos, todos eles aplicados de formas diferentes na construção civil. As propriedades das rochas são regidas por quatro aspectos: composição mineralógica, estrutura, textura e granulometria, de acordo com IFES (2013). Composição mineralógica referente à composição química, à formação e às alterações na estrutura de cada mineral componente. Influencia em propriedades da rocha e na sua durabilidade. A estrutura está relacionada com a orientação, as posições de massas rochosas em uma determinada área, as feições resultantes de processos geológicos. (falhamentos, dobramentos, intrusões ígneas, etc.). A textura está ligada a mineralogia e as condições físicas durante a formação de cada rocha e diz respeito ao arranjo microscópico dos minerais que a formam. A granulometria diferencia as rochas macroscopicamente de acordo com o tamanho dos seus grãos. IFES (2013) 2.2.1 Rochas ígneas Resultantes da solidificação de material magmático, no interior da crosta terrestre, as rochas ígneas são subdivididas de acordo com o local de sua formação: intrusivas ou plutônicas, e extrusivas ou vulcânicas. As rochas intrusivas recebem essa classificação, pois foram formadas a partir de lentos processos de resfriamento e solidificação do magma em localizações profundas da crosta terrestre. Geralmente constituem material cristalino de granulação grossa. Já as rochas extrusivas são aquelas que foram formadas na superfície terrestre ou em suas proximidades, devido ao extravasamento de material magmático por orifícios vulcânicos. Devido ao seu rápido resfriamento não houve tempo para a completa formação dos minerais, resultando em materiais vítreos ou cristalinos de granulação fina. São compostas por feldspatos, quartzo, piroxênios, anfibólios e feldspatóides e são classificadas de acordo com a quantidade e proporção desses constituintes. O tipo e a variedade (de 50% a 70% do volume) do componente feldspato são o que influenciam na cor das rochas ígneas, do rosa-claro, ao vermelho-escuro, cinza, verde-claro ao escuro. Devido a alterações interpéricas pode ocorrer à presença de hidróxidos de ferro, em clivagens ou fissuras, que confere cores amarelo-ferruginosas às rochas ígneas (IFES, 2013). Comercialmente, independente do tipo e nomenclatura, as rochas ígneas são denominadas "granitos" e são muito utilizadas na construção civil. 2.2.2 Rochas sedimentares São formadas por meio da erosão, transporte (fluvial, marítimo ou eólico) e decomposição de sedimentos (clastos ou detritos) derivados da desagregação e decomposição de rochas na superfície terrestre, da precipitação química ou, ainda, do acúmulo de fragmentos orgânicos. (Materiais de Construção Civil, Vol 1, IBRACON 2004) O processo de transformação de sedimentos em rochas é chamado de latificação que consiste em vários processos químicos. A classificação desses sedimentos detríticos e das rochas derivadas, é o tamanho dos grãos segundo a escala de Wentworth. Estas são: ruditos ou psefitos, arenitos ou psamitose lutitos ou pelitos. Essas rochas possuem a propriedade de separação em placas devido a orientação dos minerais filossilicáticos. Os calcários e dolomitos são as rochas sedimentares de origem química e bioquímica (rochas carbonáticas formadas de por mais de 50% de calcita ou dolomita) de acordo com ABIROCHAS (2004). Os calcários são formados em ambiente marinho, possuem geralmente cor clara e os dolomitos apresentam granulação fina e cor cinza-claro e são gerados a partir do calcário. As rochas sedimentares são bem utilizadas em revestimentos europeus, porém no Brasil seu uso é relativamente baixo. 2.2.3 Rochas metamórficas São derivadas de outras preexistentes que, no decorrer dos processos geológicos, exibem mudanças mineralógicas, químicas e estruturais, no estado sólido, em resposta a alterações nas condições físicas e químicas impostas em grandes profundidades. (Materiais de construção Civil, Vol 1, IBRACON 2004) A composição original da rocha, a temperatura, a pressão e os fluidos envolvidos são fatores que determinam a rocha resultante de um processo metamórfico. O metamorfismo é classificado de acordo com o ambiente geológico e com e a extensão geográfica em locas, regional de dinâmico. O metamorfismo regional é caracterizado pelo predomínio da temperatura sobre a pressão, o que gera rochas com estruturas maciças e levemente orientadas. Os mármores e os quartzitos são exemplos. Já no metamorfismo dinâmico a pressão predomina a temperatura, além de novos minerais serem formados. ABIROCHAS (2004). No Nordeste é encontrado o metamorfismo regional, segundo Mariano (2012) o metamorfismo regional é caracterizado pela ocorrência de rochas metamórficas. A distribuição das rochas metamórficas permite a determinação da intensidade do metamorfismo e a sua variação de um lugar para outro. Este tipo de metamorfismo atua sob uma gama de rochas distintas, um exemplo seria o mármore , formando rochas metamórficas também distintas. 2.3 ASPECTOS GEOLÓGICOS DO MÁRMORE. Para iniciar o estudo sobre as rochas ornamentais, como o mármore, deve-se ter conhecimento sobre alguns conceitos fundamentais. Pode-se partir do fato que o mármore é uma rocha ornamental metamórfica proveniente do calcário. Este tipo de rocha contém mais de 50% de calcita e/ou dolomita, ou seja, são formadas a partir do metamorfismo de calcários (rochas sedimentares compostas principalmente de calcita) e dolomitos (rochas também sedimentares formadas, sobretudo carbonato de cálcio e magnésio). Apresenta estrutura maciça e granulação variada. 2.4 ROCHAS ORNAMENTAIS 2.4.1 Conceitos e propriedades Alguns conceitos de rochas ornamentais seriam A ASTM (2003) apud Menezes; Larizzatti, (2005) define rocha ornamental como um material rochoso natural serrado, cortado em chapas e fatiado em placas, com ou sem acabamento mecânico. Em coerência com os conceitos da ABNT e da ASTM, Frascá (2002) apud Menezes; Larizzatti, (2005) elaborou o seu: rocha ornamental é o produto de desmonte de materiais rochosos e, consequentemente desdobramento em chapas, posteriormente beneficiadas (polimento) e cortadas em placas A ABNT (1995) apud Menezes; Larizzatti, (2005) entende que há uma diferença entre rocha ornamental e rocha de revestimento: ornamental seria aquela substância rochosa natural que, submetida ao beneficiamento, pode ser usada com função estética; e de revestimento seria o material rochoso onde existe a possibilidade de desdobramento e beneficiamento de diversas formas para uso em superfícies de paredes e/ou pisos na construção civil. De acordo com o ABI Rochas (2004), as rochas ornamentais podem ser chamadas também de pedras naturais, rochas de revestimento, rochas lapídeas, rochas dimensionais, materiais de cantaria, entre outras nomenclaturas. Afirma ainda que as rochas ornamentais são todos os aglomerados minerais que são extraídos de blocos ou placas e cortados sob as formas desejadas para que haja o seu beneficiamento através de técnicas como esquadrejamento, polimento, lustro entre várias outras. As rochas ornamentais são utilizadas de diversas maneiras e a indicação do melhor tipo se dá de acordo com suas propriedades físicas e químicas e de acordo com suas feições estéticas, que são as propriedades que vão definir qual a mais adequada pra ser utilizada em determinada função. Rochas ornamentais são definidas como todos os materiais rochosos aproveitados pela sua aparência estética e utilizados como elementos decorativos, em trabalhos artísticos e como material de construção. O mármore é uma espécie de rocha metamórfica, assim, originada pela exposição da rocha calcaria e altas temperaturas e pressão. Devido a estes fatores, as maiores jazidas de pedra mármore estão em regiões de rocha matriz calcaria e atividade vulcânica. Em função da grande variedade de tipos, composições, cores, caracteres estruturais e texturas, os denominados granitos são as rochas mais utilizadas no revestimento, seguidas dos mármores nacionais e importados, utilizados notadamente no acabamento de interiores FIEC (2012). 2.4.2 Propriedades tecnológicas A escolha da melhor rocha como uso estrutural ou para revestimento, para um pretenso projeto arquitetônico ou de engenharia, precede o conhecimento de suas propriedades intrínsecas, que, conjugado ao conhecimento do meio físico no qual ficará submetida a rocha e às suas solicitações de uso, definem sua qualificação e viabilidade de emprego. O uso inadequado dos materiais pétreos pode levar ao comprometimento da durabilidade e da estética, e, consequentemente, implicações de ordem econômica e de segurança. De acordo com Chiodi Filho (2004), a qualidade da rocha é verificada quanto menores forem a presença e os teores de minerais alterados que possam comprometer seu uso e durabilidade. Segundo o geólogo, as características das rochas, assim como a previsão do seu desempenho em serviço, são obtidas através de análises e ensaios executados segundo procedimentos rigorosos, normatizados por entidades nacionais, como a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), ou internacionais, como a American Society for Testing and. Materiais (ASTM). Os ensaios procuram representar as diversas solicitações às quais a rocha estará submetida durante todo o processamento até seu uso final, quais sejam, extração, esquadrejamento, serragem dos blocos em chapas, polimento das placas, recorte em ladrilhos etc. Ainda são muito raros os ensaios em rochas beneficiadas (ladrilhos ou chapas polidas), que visem parâmetros para dimensionamento e de previsão de desempenho e durabilidade de rochas para revestimento de fachadas e pisos. A caracterização tecnológica de rochas é realizada por meio de ensaios e análises, cujo principal objetivo é a obtenção de parâmetros petrográficos, químicos, físicos e mecânicos do material, que permitam a qualificação da rocha para uso no revestimento de edificações. O conjunto básico de ensaios para a caracterização tecnológica de rochas são FIEC(2012): 2.5 ANÁLISE PETROGRÁFICA O ensaio Petrograáfico fornece a natureza, mineralogia e classificação da rocha, com ênfase às feições que poderão comprometer suas resistências mecânica e química, e afetar sua durabilidade e estética. A análise fundamenta-se na observação de seções delgadas das amostras, estudadas ao microscópio óptico de luz transmitida. 2.5.1 Índices físicos Referem-se às propriedades de massas específicas aparentes seca e saturada (kg/m 3), porosidade aparente (%) e absorção d'água (%), que permitem avaliar, indiretamente, o estado de alteração e de coesão das rochas. Compressão uniaxial: determina a tensão (MPa) que provoca a ruptura da rocha quando submetida a esforços compressivos. Sua finalidade é avaliar a resistência da rocha quando utilizada como elemento estrutural e obter um parâmetro indicativo de sua integridade física. 2.5.2 Congelamento e degelo Consiste em submeter a amostra a 25 ciclos de congelamento e de degelo, e verificar a eventual queda de resistência por meio da execução de ensaios de compressão uniaxial ao natural e após os ensaios de congelamento e degelo. Calcula-se, então, o coeficiente de enfraquecimento (K), pela relação entre a resistência após os ciclos de congelamento e degelo e a resistência no estado natural. É um ensaio recomendado para as rochas ornamentais que se destinam à exportação para países de clima temperado, nos quais é importante o conhecimento prévio da susceptibilidade da rocha a este processo de alteração. 2.5.3 Tração na flexão O ensaio de tração na flexão (ou flexão por carregamento em três pontos, ou ainda, módulo de ruptura) determina a tensão (MPa) que provoca a ruptura da rocha quando submetida a esforços flexores. Permite avaliar sua aptidão para uso em revestimento, ou elemento estrutural, e também fornece um parâmetro indicativo de sua resistência à tração. (FIEC, 2013) 2.5.4 Dilatação térmica linear O -3 coeficiente de dilatação térmica linear o (10 mm/m. C) é determinado ao se submeter as rochas a variações de temperatura em um intervalo entre 0oC e 50oC. É importante para o dimensionamento do espaçamento das juntas em revestimentos. 2.5.5 Desgaste abrasivo de Amsler Indica a redução de espessura (mm) que placas de rocha apresentam após um percurso abrasivo de 1.000 m, na máquina Amsler.O abrasivo utilizado é areia essencialmente quartzosa. Este ensaio procura simular, em laboratório, a solicitação por atrito devida ao tráfego de pessoas ou veículos. 2.5.6 Impacto do corpo duro Fornece a resistência da rocha ao impacto, através da determinação da altura de queda (m) de uma esfera de aço que provoca o fraturamento e quebra de placas de rocha. É um indicativo da tenacidade da rocha. 2.5.7 Flexão O único ensaio rotineiro que é realizado obrigatoriamente em rocha beneficiada é o de resistência à flexão (ou flexão por carregamento em quatro pontos). Nesse, simula-se os esforços flexores (MPa) em placas de rocha, com espessura predeterminada, apoiadas em dois cutelos de suporte e com dois cutelos de carregamento . É particularmente importante para dimensionamento de placas a serem utilizadas no revestimento de fachadas com o uso de sistemas de ancoragem metálica para a sua fixação. 2.5.8 Velocidade de propagação de ondas ultrassônicas longitudinais A determinação da velocidade de propagação de ondas ultrassônicas longitudinais (m/s) permite avaliar, indiretamente, o grau de alteração e de coesão das rochas. É realizada, complementarmente, em todos os corpos-de-prova destinados aos ensaios de compressão uniaxial e de tração na flexão, e auxilia a interpretação dos resultados obtidos nestes ensaios. 2.6 MÉTODOS DE LAVRAGEM DO MÁRMORE As jazidas de rochas ornamentais podem ser lavradas em maciços rochosos e em matacões, utilizando-se métodos e técnicas que possibilitam resultados satisfatórios em termos da relação custo/benefício. Os métodos de lavra consistem num conjunto específico dos trabalhos de planejamento, dimensionamento e execução de tarefas, devendo existir uma harmonia entre essas tarefas e os equipamentos dimensionados. O planejamento inclui a individualização dos blocos com dimensões adequadas à etapa seguinte da cadeia produtiva, representada pelo desdobramento dos blocos em chapas. É importante verificar, durante a fase do planejamento, se o maciço rochoso ou o matacão possuem características ideais para serem lavrados, como a verificação da existência de impurezas, trincas, alterações, topografia local, etc. A lavra em matacões é de concepção mais simples, exigindo, na maioria dos casos, equipamentos pouco sofisticados e mão-de-obra pouco qualificada. Nos países subdesenvolvidos, onde é difícil a obtenção de crédito para adquirir equipamentos sofisticados e para treinar mão-de-obra especializada, estas jazidas de fácil acesso são lavradas com o uso de técnicas rudimentares. Tais técnicas proporcionam rendimento baixo e produtos de valor agregado igualmente baixo (MORAES, 2006). 2.6.1 Lavra por desabamento O desabamento pode ser feito por painéis horizontais ou verticais. O primeiro caso é recomendado quando o relevo tem inclinação baixa, enquanto que, para se fazer a lavra com painéis verticais, o relevo necessariamente deve ser íngreme. É um método que exige pouco conhecimento técnico. Algumas das principais vantagens são os baixos custos de operação e o investimento inicial baixo. Geralmente se utiliza um colchão de areia para amortecer a queda da prancha com o objetivo de diminuir o impacto no solo. Nesse método observa-se um custo semelhante ao custo da lavra de matacões, mas com o uso de equipamentos de maior porte para limpeza das praças. 2.6.2 Lavra de matacões Os matacões consistem em partes específicas do maciço rochoso, individualizadas a partir da atuação de agentes intempéricos (DESTRO, 2000; CHIODI FILHO, 1998 apud REIS E SOUSA, 2003). Quando os matacões são deslocados por rolamento, adquirem formas arredondadas conhecidas por acebolamento. A lavra de matacões consiste em um método menos oneroso por apresentar custos baixos para abertura de acessos, mão-de-obra pouco qualificada e custos operacionais reduzidos, mas com grandes problemas ambientais. O esquadrejamento dos blocos é feito através de cunhas manuais ou cunhas pneumáticas, sendo que, no primeiro caso, o processo é mais lento e é recomendado para matacões de até 100 m³. No segundo caso, ocorre a utilização de explosivos em furos coplanares e paralelos. As vantagens principais do método são: implantação rápida do empreendimento, As desvantagens principais estão relacionadas ao volume grande de estéril produzido, recuperação baixa e dificuldades em um planejamento mais abrangente. 2.6.3 Lavra por bancada alta O método de bancada alta é geralmente usado quando o maciço possui uma altura de 6,0 a 16,0 m. Consiste na abertura de bancadas variando de 3,0 a 6,0 m de largura e 40,0 m de comprimento, podendo-se utilizar diferentes tecnologias de corte, em especial o fio diamantado. É caracterizado pela grande incidência de perfuração para fazer a subdivisão em blocos com dimensões adequadas à serragem. É mais oneroso que o método de lavra por bancadas baixas, uma vez que requer uma maior quantidade de mão-de-obra e equipamento (REVISTA ESCOLA, 2003). 2.6.4 Lavra subterrânea Devido à existência, em todo mundo, de inúmeros depósitos de rochas ornamentais aflorantes ou próximos à superfície, a lavra subterrânea é ainda pouco utilizada. Seu uso é justificado em casos de jazidas de rochas de qualidade excepcional, com alto valor no mercado. Segundo Duarte (1998), citado por Reis e Sousa (2003), a principal mina subterrânea localiza-se nos EUA, no Estado de Vermont. Sua operação foi iniciada em 1870 a céu aberto, passando a subterrânea em 1907. Consiste em uma camada horizontal de mármore com cerca de 500 m de profundidade, lavrada pelo método de câmaras e pilares, com câmaras e pilares de 15,0 a 20,0 m de largura cada uma. A lavra subterrânea tem como maior vantagem um impacto ambiental na superfície pequeno. Por outro lado, na lavra subterrânea verificar-se grandes dificuldades operacionais, problemas geomecânicos, maior probabilidade de ocorrer acidentes e ainda custo de lavra mais alto que a lavra a céu aberto. 2.6.5 Lavra método de Jet-flame Corte com maçarico jet flame. Corte feito através de uma lança com a chama na temperatura de 1.600 ºC; isto provoca dilatação diferencial dos minerais (principalmente quartzo) que vão se soltando e são soprados sob forma de areia. Forma-se assim uma fenda de 10 a 20 cm de largura e de até 6 m de profundidade. Várias fendas formam o corte em forma de gaveta composto de 2 fendas laterais, verticais, distanciadas de 1,2 m, de lado e outro, e da fenda, também vertical, de fundo. Observe-se que o exemplo é apenas para rochas graníticas, pois o jet flame é limitado às rochas com quartzo. Técnica de linha de furos. Execução de furos horizontais de levante de com cerca de 0,8m de comprimento, espaçados de 8-10 cm, na base da gaveta; carregamento e detonação destes furos de levante. Para a perfuração destes furos, espaçados de 10 cm, utilizam-se marteletes pneumáticos leves, individuais ou vários marteletes montados em paralelo em suporte que os dirija. Os furos podem ser expandidos por madeira encharcada, cunhas ou por expansores hidráulicos ao invés de explosivos (REVISTA ESCOLA, 2003). A lavra de rochas como mármore é feita de várias formas. Porém em alguns métodos observa-se alto custo sem garantir grande eficácia, tais como o método do jato de água e o método de Jet-Flame (maçaricos). As mais comuns são através de agentes explosivos e através de massa expansiva. O processo de retirada do material propriamente dito possui várias formas de ser realizado. Por exemplo, a garimpagem, que é aplicada na busca por minerais de maior valor, pode ser feita de forma manual ou por uso de equipamentos mecânicos. O garimpo manual é mais utilizado para separação de minérios encontrados em pequenas quantidades e com pequenas dimensões, enquanto o mecânico é mais recomendado para lavra em grandes proporções e para alta produtividade. 2.6.6 Agentes explosivos Primeiramente são estabelecidos furos verticais, de 7m a 8m de profundidade cada, sobre as rochas através de máquinas perfuratrizes. Em seguida, tais furos são preenchidos com explosivos especificados com “potência” adequada para cada tipo de rocha. Esta etapa é importante para que se evitem desperdícios na hora da explosão. Depois de preenchidos os furos, os detonadores são acionados e assim acorre a fragmentação do minério. Logo após, vem a etapa do transporte da rocha fragmentada até o local do corte e beneficiamento. Este transporte se faz através de correias transportadoras de longa distância, carregadeiras ou caminhões fora de estrada. 2.6.7 Massa expansiva Este método consiste na aplicação de argamassa expansiva nos furos estabelecidos nas rochas. Esta argamassa é uma substância em pó, composta principalmente por cal virgem, que consiste em um agente de fragmentação não explosiva. Quando misturada com água, ela sofre um processo de hidratação, aumentando de volume e causando grande pressão sobre as paredes que esta em contato. Estas pressões, que podem chegar até a 80MPa, causam fissuras ao longo da rocha. Assim os furos permitem um corte mais controlado se comparados com os outros métodos. 2.7 RISCOS DE EXTRAÇÃO DE ROCHAS ORNAMENTAIS A extração é uma etapa do ciclo de exploração das rochas na qual podem ocorrer diversos tipos de acidentes. Muitos são os registros de mortes, mutilamento, perda de visão e audição dos operários que trabalham nas pedreiras. Isto porque o ambiente nas lavras oferece grandes ricos devido ao maquinário utilizado que emite grande barulho, o peso exorbitante das rochas, os métodos de extração por explosivos que dispersam lascas de rocha e etc. (GONÇALVES, 2009). Apesar da NR-22 (Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração) exigir a adoção de um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), muitas empresas elaboram o documento como mera formalidade, sem atender o objetivo principal: Traçar recomendações e cronogramas de ação para minimizar ou neutralizar riscos. As empresas não têm grande preocupação em fornecer, regularizar e fiscalizar a utilização de EPI (Equipamento de Proteção Individual) de seus funcionários (PACHECO, 2009). 2.8 TRANSPORTE Após a extração os blocos já identificados são encaminhados para as empresas de corte e beneficiamento. Esse transporte é na maioria das vezes rodoviário ou via fluvial para exportação. O transporte de blocos de mármore e granitos é muito delicado, pois envolve riscos tais como a queda de blocos de rochas ornamentais dos caminhões e os danos causados no pavimento das rodovias e pontes. Um dos principais problemas é o excesso de peso, isso ocorre na maioria das vezes em função das poucas balanças de pesagem dos veículos funcionando. A fiscalização é feita de forma muito precária, com base na nota fiscal da carga, o que é um risco, pois a informação relativa ao peso da carga pode ser adulterada, permitindo a possibilidade de ser declarado um peso inferior ao realmente transportado. A solução é a instalação de mais balanças, a regularidade das fiscalizações para conter abusos e a especificação do equipamento adequado para fazer o transporte de blocos. O veículo adequado ao transporte de blocos de rochas ornamentais é uma carreta, semirreboque, do tipo "carrega tudo", rebaixada. A carreta rebaixada é a alternativa mais segura, pois o centro de gravidade fica mais baixo, o que reduz a possibilidade de tombamento, com isso, torna o veículo mais estável na estrada. Os caminhões bi trem convencionais só poderão circular levando dois blocos, um em cada semirreboque (POR NTC & LOGISTICA, 2007). Durante o transporte a amarração correta dos blocos é fundamental. São definidas duas opções de amarração da rocha que basicamente preveem travas de segurança, tanto laterais quanto frontais, e a amarração da carga tanto longitudinal quanto transversal, por meio de corrente de meio esticada. Outro aspecto importante é a qualificação dos motoristas que transportam blocos de rochas ornamentais. São realizados cursos teóricos e práticos com a carga horária mínima de 50 horas que incluem direção defensiva, primeiros socorros, mecânica básica, legislação de trânsito, o acondicionamento e a amarração da carga, entre outros (PACHECO, 2009). 2.9 CORTE Nesta etapa os blocos são cortados verticalmente em finas espessuras, que serão chamadas de chapas, mostrado na figura 3. Esta espessura normalmente é entre 3 a 5 cm, dependendo do interesse do cliente (MINISTERIO DA EDUCAÇÃO,2012). O corte é feito em máquinas especializadas, que podem variar de acordo com o material utilizado para o corte. Atualmente, as mais utilizadas são as maquinas de corte com tear de lâminas mostrado na Figura 1 e o corte com fio diamantado apresentado na figura 2. Apesar dos diferentes tipos de máquinas, o processo de corte sempre será feito em conjunto com um líquido que tem como finalidade facilitar o corte. Este líquido é chamado de lama abrasiva ou granalha e são compostas por água, cal e granalha, suas propriedades permitem que o material usado para o corte tenha um atrito maior com o bloco, tornando mais rápido o corte. 2.9.1 Corte com tear de lâminas As máquinas de corte utilizam lâminas de ferro com um comprimento longitudinal grande e espessura de aproximadamente de 1 cm. Estas lâminas são colocas em um quadro “porta-lâmina”, e afastadas entre si a distância que terá a espessura das chapas. O quadro porta-lâmina é acionado por motor elétrico, com auxílio de um volante, através de um mecanismo biela-manivela, fazendo um movimento de vai e volta nas lâminas. Este movimento, com auxílio da lama abrasiva citada anteriormente, é feito o corte. O corte demora em entre 4 a 5 dias (VIDAL, 2009), dependendo da dureza da rocha, e a máquina comporta em média três blocos por corte. É um processo demorado, mas de grande eficácia. Figura 1 Maquina de tear de lâminas – São Rafael-RN Fonte: Carlito de Charles da Silva Vasconcelos 2.9.2 Corte com fio diamantado O corte de rochas ornamentais com o tear a fio diamantado (figura 2) é o mais moderna para a serragem de blocos hoje em dia. Neste processo de corte, um conjunto de fios de aproximadamente 19m de comprimento é ligado a polias e acionadas por um motor elétrico, fazendo com que os fios funcionem como uma espécie de serra-fita. Este conjunto de serra-fita tenciona o bloco de modo a fazer o corte. Ao longo dos fios contém grãos diamantes que permite a serragem das rochas. Figura 2 Maquina de tear de fio diamantado – São Rafael-RN Fonte: Carlito de Charles da Silva Vasconcelos Os teares com fio diamantado são máquinas recentemente inseridas no mercado, mas já se tornou a opção preferencial das empresas que procuram soluções e tragam ganho de tempo além da redução dos custos, possibilitando assim maior eficiência no cumprimento dos compromissos com os clientes(CHOIDI FILHO, 2004) 2.10 BENEFICIAMENTO O beneficiamento é o processo de industrialização de rochas ornamentais é dividido em duas etapas. O beneficiamento primário que consiste nas serragens ou desdobramento de blocos, que são os cortes feitos nos blocos. E o beneficiamento secundário, que abrange todos os processos de caracterização dimensional, de conformação e especificação do produto final. Nessa etapa da produção as placas, que já foram cortadas, passam pela seguinte ordem de acabamento: inicialmente é feito o levigamento das chapas (1º polimento), em seguida a placa vai ao forno para secagem, e é imediatamente seguido pela resinagem a vácuo, passa novamente pelo forno para secagem da resina, e depois a placa é polida, só então é feito o recorte nas bordas da chapa para aparar as pontas, e o processo é finalizado com a enceragem. Esse acabamento superficial é o que ressalta a coloração, a textura e a aparência do material. As operações do processo de polimento e lustro das placas de rochas reduzem a rugosidade da superfície serrada para intensificar e ressaltar o brilho. Isso é feito por meio de elementos abrasivos que, conduzidos em movimentos de fricção sobre o material vão desgastando o mesmo até que o polimento atinja a aparência desejada. FONTE Esta atividade produz o fechamento dos grãos minerais ou cristais que formam as rochas criando uma superfície lisa, brilhosa, opaca e mais impermeável, comparado a uma face natural da mesma rocha. O processo é todo realizado em meio úmido, utilizando água como elemento de refrigeração. A vazão desta água é importante, pois ela determina o consumo de abrasivos e pode evitar, e até minimizar, a perda da qualidade do polimento. As politrizes manuais composta por um cabeçote, politrizes de ponte com um a dois cabeçotes e politrizes multicabeçotes, cinco a vinte cabeçotes, são os equipamentos mais utilizados no polimento, por serem linhas de politrizes mais modernas e eficientes, que possibilitam o processamento de chapas de até 10-15 cm de espessura e 2 m de largura (GOMEZ, 2009). O lustro é aplicado no sentido de se imprimir brilho à superfície da chapa, produzido pelo espelhamento das faces dos cristais constituintes da rocha.Outros dois tipos de acabamento superficial são o apicoamento e flameamento. Essa técnica produz um efeito estético diferente do polimento buscando explorar as várias características das rochas ornamentais através de diferentes tratamentos. O apicoamento é o processo que submete a chapa ao impacto de um martelo pneumático de percussão, com uma ferramenta específica na sua extremidade que, dependendo do seu desenho, confere um tipo de rugosidade e, consequentemente, uma aparência diferente à superfície trabalhada (PACHECO, 2009). Já o flameamento é obtido através de um processo de choque térmico a que o material é submetido, mediante uma chama de alta temperatura (cerca de 3000 °C) dirigida a sua superfície por um maçarico a gás, com chamas simples ou múltiplas, seguida, instantaneamente, de um resfriamento com água. Este choque térmico provoca uma espécie de descamação e vitrificação da superfície, conferindolhe um aspecto muito particular. Observa-se que, para muitos tipos de materiais, os resultados do flameamento não são satisfatórios e que esta técnica é mais indicada para granitos. O flameamento não é recomendável em chapas com menos de 3 cm de espessura, a não ser que a aplicação de água seja efetuada na face oposta à da chama. Esses acabamentos são fundamentais na exploração das características de coloração, beleza e aplicação do material como rocha ornamental. Em resumo, os acabamentos finais podem ser destacados assim: Polido - Liso e brilhante, feito a partir de lustração tanto em mármores como granitos. É escorregadio em contato com a água. Bruto - Sem nenhum tipo de acabamento, observa-se com as características naturais. É serrado nas dimensões e espessuras usuais ou sob encomenda. Flamejado - Feito a base de fogo, dá um aspecto rugoso e ondulado. É indicado somente para granitos com espessura igual ou superior a 2,0 cm . Por isso, é indicado para áreas externas devido à propriedades antiderrapantes. Apicoado - Feito a partir de impactos, dá um aspecto poroso e uniforme às pedras. É indicado somente para granitos com espessura igual ou superior a 2,0 cm e para áreas externas devido à propriedades antiderrapantes. Jateado - É feito a partir de jatos de areia, que dão aspecto opaco às pedras. Usado tanto em mármores e granitos e indicado para áreas externas. Levigado - Usado tanto em mármores como em granitos, trata-se de um acabamento semi-polido, adequado a áreas internas e externas.(CHOIDI FILHO, 2004) 2.11 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELA EXTRAÇÃO DO MARMORE, CONCEITOS GERAIS. A indústria de rochas ornamentais tem um consumo médio por empresa da ordem de 10.000 L/dia de efluentes e gera cerca de 48.000 toneladas de resíduos sólidos por ano (SBRT, 2004). Segundo Angélica (2008), a exploração mineral é uma atividade insustentável, pois retira os recursos que serão transformados em bens e para determinados fins. Esse material não é reposto à natureza (de onde foi extraído) para equilibrar o meio ambiente, uma vez que quase todos os processos pelos quais passam são irreversíveis. Ainda não há, também, uma consciência plena da reciclagem do resíduo e, antes mesmo, do destino correto que o resíduo deve ter, que também gera impactos ambientais, positivos e negativos. A mineração a céu aberto gera diversos impactos ao meio ambiente. Destrói completamente as áreas da jazida, as bacias de rejeito e as áreas utilizadas para o depósito estéril. Tais impactos provocam danos e desequilíbrios no ciclo da água, no solo, no ar, no subsolo e na paisagem em geral, e são perceptíveis por toda a população, visto que as áreas destruídas jamais voltarão a ser como eram. Segundo CPRM (2002), os principais problemas oriundos da mineração podem ser englobados em cinco categorias: poluição da água, poluição do ar, poluição sonora, subsidência do terreno, incêndios causados pelo carvão e rejeitos radioativos. Os danos também podem ser de ordem direta e indireta. Os diretos modificam as características físicas, químicas e biológicas do ambiente, que originam um forte impacto visual, já que a fauna, a flora, o relevo e o solo são completamente transformados. Os indiretos proporcionam mudanças na diversidade das espécies, no ciclo natural dos nutrientes, instabilidade no ecossistema, alterações no nível do lençol freático e no volume de água encontrado na superfície. As alterações na topografia podem causar mudanças na direção das águas de escoamento superficial, fazendo com que áreas que anteriormente eram atingidas pela erosão tornem-se áreas de deposição e vice-versa. Contaminações com produtos químicos no solo decorrentes do derramamento de óleos e graxas das máquinas que são operadas na área também ocorrem com grande frequência.(FIEC, 2004) 2.12 APLICAÇÕES DO MÁRMORE NA CONSTRUÇÃO CIVIL O mármore é um produto natural de qualidade superior, uma vez que não sofre alterações com as condições climatéricas, é durável, isolante e de fácil limpeza. Constitui, portanto, um material nobre para a construção civil, devido não só às características mencionadas, mas também à beleza do resultado final (CRISTOVÃO, 2012). O Mármore é muito utilizado pela construção civil e empresas de decoração, por possuir excelente grau de acabamento, uma vez que quase não se percebe o rejunte entre uma peça e outra, como também pela durabilidade do material, além de ser um belo material de revestimento. FOTO 3 O mármore também pode ser usado como substituto da areia para a fabricação de concreto, segundo a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), um estudo revelou que a substituição de areia por sobras de mármore branco melhora em 16% as propriedades do concreto, conforme o cimento usado. O mármore utilizado passou por processo de britagem mostrado na Figura 3 para chegar à granulação próxima à da areia mostrado na Figura 4. Em seguida, o material foi aplicado à mistura de cimento para produzir o concreto. O resultado disso é que diminui o impacto sobre a natureza, aumenta a durabilidade da construção, melhorando a vida útil, e proporciona economia. As marmorarias correspondem ao elo final da cadeia produtiva de rochas ornamentais e de revestimento, sendo responsáveis pelo acabamento e repasse ao consumidor dos produtos finais. É o setor que cria e transforma chapas brutas ou polidas de mármore, em produtos com maior valor agregado, prontos para comercialização, tais como: mesas em geral, placas para revestimento vertical, ladrilhos, bancadas, balcões, suportes, pias, divisórias, estatuetas, soleiras, peitoris e artigos para arte funerária. Desta forma, as marmorarias direcionam a maior parte da sua produção para o setor da construção civil, através das construtoras e das residências particulares em parceiras com arquitetos, engenheiros e decoradores. Figura 3 - Imagem do britador, onde Fonte: Carlito de Charles da Silva Vasconcelos é produzido o pó do mármore Figura 4 - Imagem do pó do mármore já em sacos Fonte: Carlito de Charles da Silva Vasconcelos 2.13 INDÚSTRIA DE MÁRMORE EM SÃO RAFAEL-RN As indústrias de mármore tem um grande papel na economia de São Rafael, pois conta com seis, que geram mais de 120 empregos diretos, fazendo movimentar uma boa parte do dinheiro dentro do município, ativando grande impacto a economia local, que é basicamente de aposentados e comércios de pequeno porte. As industrias de mármore fazem com que o dinheiro circule por todas as instancias da cidade desde a padaria até a prefeitura pagando impostos e tributos para o funcionamento. 3. METODOLOGIA A presente pesquisa se caracteriza pelo levantamento bibliográfico e coleta de dados em campo sobre o processo de exploração do mármore na cidade de São Rafael no estado de Rio Grande do Norte no período de fevereiro a março de 2013. Nessa região verifica-se terreno de geomorfologia plana, com delgado capeamento de solos, inseridos no contexto geológico do Grupo Seridó, composto por xistos e mármores da Formação Jucurutú (Siqueira, 1981). A fundamentação teórica necessária para o presente estudo foi obtida através de pesquisas bibliográficas em artigos científicos, teses de mestrado e doutorado sobre conceitos ambientais e métodos de processo de extração, beneficiamento de rochas caracterização tecnológica, disponíveis em livros, sites, órgãos públicos federais e outros. Também foi elaborado dois questionários (ANEXO) no qual foi levado em consideração os pontos principais encontrados durante o levantamento bibliográfico, focando no modo de extração do mármore. Os referidos questionários foram aplicados nos dias 8 e 9 de março de 2013 em 50% das empresas que extraem o mármore na região de São Rafael e para as pessoas que moram próximos ao local de exploração. Além disso, foram tiradas fotos de todo o processo e ter sido feito um levantamento de dados junto a classe trabalhadora através de um questionário e de visitas ao local de extração e beneficiamento. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO O processo de produção do mármore em São Rafael – RN baseia-s em dois processos, extração e beneficiamento. A extração trata-se da retirada da rocha diretamente do seu local de origem na natureza, na sua forma natural, enquanto que o beneficiamento é conjunto de processo que modifica o material para ele adquirir as propriedades desejadas para uso. No fluxograma abaixo (Figura 5) encontra-se as etapas pelas quais o mármore passa na mineração em São Rafael – RN. Figura 5 Fonte: Peiter ET al. (2001) O processo começa na jazida, onde é feito a extração pelo método de massa expansiva. Os blocos de rocha são levados em caminhões de pequeno e médio porte até as pedreiras, lá são retiradas dos caminhões através de guinchos mostrados na Figura 9, após isso são colocados nas máquinas de tear (Figura 10) para serem transformados em tiras, chapas e espessores dependendo do seu produto final. 4.1 JAZIDAS A extração inicia-se com um estudo da viabilidade da jazida (FIGURA 6), vendo a sua capacidade de produção, esse estudo é feito mais através de senso comum, pois não a tecnologia nem dinheiro para ser feito uma pesquisa mais técnica para mensurar a quantidade de rocha que contém em uma determinada jazida, a escolha do local para início da lavra leva em consideração o terreno do local, a facilidade de começar a lavra em relação à morfologia do terreno. Após o estudo sendo constatada viável inicia-se a extração. Figura 6 - Início da jazida e verificação de viabilidade Fonte: Carlito de Charles da Silva Vasconcelos 4.1.1 Extração Da jazida são extraidos blocos de rocha através do método de massa expansiva (Figura 7) que consiste em serem feitos furos nas rochas onde é aplicado a argamassa expansiva que é um material proveniente do cal virgem que quando misturada com água sofre um processo de hidratação aumentando o seu tamanho e volume, pressionando as paredes do maciço rochoso efetuando o corte. Esse método possui muitas vantagens em relação ao uso de explosivos, pois não requer permissão especial para seu manejo, não há vibrações, explosões ou emanação de gases, não há poluição acústica e obtém-se ganho de recuperação, pois há minimização de microfissuras interiores ao maciço Figura 7 - Bloco de Mármore, obtido através do método de inchamento Fonte: Carlito de Charles da Silva Vasconcelos 4.2 BENEFICIAMENTO PRIMÁRIO Após a extração da lavra, os blocos de maciços rochosos serão levados em caminhões de médio e grande porte para as pedreiras, onde é feito o beneficiamento. Ao chegarem, os blocos são laçados por cabos de aço e puxados por um guincho mecânico mostrado na (FIGURA 8} e levados para armazenamento ou colocados direto nos carros de transferencia(carrinhos chamandos por eles) para em seguida serem levados aos teares. Figura 8 - Blocos de rochas, após serem retirados dos caminhões pelo guincho Fonte: Carlito de Charles da Silva Vasconcelos O beneficiamento primário compreende o corte de blocos brutos em chapas de 3 cm a 5 cm, mostado na figura 10, por meio de equipamentos denominados teares de lâminas (Figura 9). Durante a teagem é jogado agua no maciço rochoso para facilitar o corte , a cada metro cúbico de rocha bruta gera certa quantidade de chapas de acordo com a espessura da chapa e qualidade do material. Nesse processo, como em todos os outros, também gera um impacto ambiental, sendo este causado por fragmentos do bloco rochoso mostrado na figura 11 e líquidos que contaminam o solo durante o corte, emissão de ruído que causa poluição sonora, além do consumo de abrasivos e lâminas de aço (Figura 12) que tem que ser trocadas constantemente. Figura 9 - Máquina de tear de lâminas Fonte: Carlito de Charles da Silva Vasconcelos Figura 10 - Chapas de mármore após o corte Fonte: Carlito de Charles da Silva Vasconcelos Figura 11 - Resíduos sólidos gerados pelo corte Fonte: Carlito de Charles da Silva Vasconcelos Figura 12 - Lâminas de tear desgastadas Fonte: Carlito de Charles da Silva Vasconcelos Após o corte, as chapas de mármore são levantadas pelos guinchos e transportadas até os caminhões, deles são levadas até o local onde as chapas receberão o polimento. Primeiramente ocorre o processo de estucamento, que tem a função de fechar os poros existentes na superfície da chapa bruta através de resinas especiais. Em seguida é feito o polimento que dá brilho e lustre ao material. O principal equipamento utilizado é a politriz (figura 13), cujos principais tipos são o manual de cabeça fixa, e a multicabeça com esteira transportadora. Na primeira as chapas ficam deitadas em um balcão de concreto, para serem polidas por um cabeçote que contem abrasivos e é conduzido por um trabalhador. Existem máquinas automáticas que otimizam essa operação. Porém, este polimento é feito tradicionalmente de forma manual: o operador trabalha sobre a placa horizontal com uma politriz de mão e o controle do acabamento depende da prática do operador. Figura 13 - Politriz manual para acabamento das placas Fonte: Carlito de Charles da Silva Vasconcelos 4.3 BENEFICIAMENTO FINAL DO MÁRMORE. O beneficiamento final do mármore acontece em marmorarias na cidade de São Rafael onde é feita a etapa final do processo de beneficiamento e compreende a industrialização do mármore para o mercado, a fim de obter os produtos finais desejados. Os processos envolvidos constituem basicamente de corte das chapas de mármore, acabamento das bordas e montagem das peças finais da rocha ornamental. 4.4 CUSTOS DA MASSA EXPANSIVA E OUTROS MÉTODOS Empregando-se argamassa expansiva, estima-se o custo operacional médio de aproximadamente US$ 16.00/m², para aplicação industrial em pedreiras de rochas ornamentais (apud Villaschi Filho & Sabadini, 2000). Considerando-se somente o consumo unitário de material expansivo, essa rubrica fica em torno de 80 kg/m3, para desmonte industrial em pedreiras (Pinheiro, 1999). A seguir são apresentados dois quadros (quadro 01e 02) com valores comparativos entre algumas técnicas de exploração de mármores. Quadro 01 – Comparação de valores na exploração de mármores 4.5 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELA EXTRAÇÃO DO MÁRMORE Apesar do grande incentivo gerado pelas indústrias de mármore na economia local, vários são os impactos negativos que o uso inadequado dos resíduos pode causar. O primeiro impacto já começa na jazida onde é feito a retirada da mata nativa para facilitar a extração do mármore, a passagem dos carros e pedestres. Nessa atividade extrativista a geração de resíduos e em grande escala proporcionada pelos restos de rocha, que não tem uma grande periculosidade por ser despejada dentro das próprias empresas, tendo apenas uma modificação no visual do terreno. Durante a extração e beneficiamento são desperdiçados pequenos pedaços da rocha, virando resíduo solido mostrado na figura 11. No corte é usada uma mistura abrasiva que serve para lubrificar as lâminas de tear, essa mistura após certo período é despejada em um terreno próximo a pedreira, poluindo o solo. Nesse processo ainda temos os resíduos gerados pelos pedaços das sobras dos cortes mostrados na figura 11 onde são espalhados por toda a pedreira cobrindo a mata local dificultando o desenvolvimento de plantas nativas. As lâminas usadas para o corte possuem uma vida útil pequena, sendo necessária a troca regularmente. As lâminas mostradas na figura 12 são dejetos jogados ao redor da pedreira. No polimento é usado cabeçotes para polir a chapa, esses cabeçotes são trocados regularmente a cada 15 dias gerando mais um resíduo solido, esse resíduo é despejado junto com os restos da rocha em terrenos próximos a pedreira. 5. CONCLUSÕES As praticas extrativista e de beneficiamento adotadas na cidade de São Rafael – RN são minimamente nocivos ao meio ambiente. As técnicas de extração ainda são simples, o que tem o lado positivo de causar poucos danos ambientais, assim como o beneficiamento que é feito de forma rudimentar. A cidade de São Rafael possui potencial para se revigorar como importante região produtora de rochas ornamentais Há necessidade de superar vários obstáculos, ainda existentes, tais como: melhorias nos aspectos: econômicos, gerenciais, financeiros, competitivos e estratégicos das empresas que atuam no setor. Caberia ao setor público o incentivo para o incremento do segmento de rochas ornamentais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIODI FILHO, C. (1995) Aspectos técnicos e econômicos do setor de rochas ornamentais. (série estudos e documentos – 28) CNPq/CETEM – Rio de Janeiro. Marmore Cristovão,Ltd. Disponível em:<http://www.mcristovao.com/1/Marmores_Cristovao.pdf?phpMyAdmin=TJkxb0j 6AI7DF5LlWM%2CWJau5TH6>. Acesso em: 20 fev. 2013. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14.001: sistemas de gestão ambiental: diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio: Rio de Janeiro; 1996 2004. 32p. Brasil. Ministério de Minas e Energia. CPRM. Perspectivas do meio ambiente do Brasil: uso do Subsolo. Brasília, DF; 2002. Marmoraria São Pedro. São Paulo. Disponivel em: <http://www.marmorariasaopedro.com.br/?c=dicas&dicas=historia>. Acesso em: 20 fev. 2013. Temos registro. Disponível em: <http://www.sobre.com.pt/marmores-e-granitos> Acesso em: 21 fev. 2013. Frascá, Maria H. B. de O. Caracterização tecnológica de rochas ornamentais e de revestimento: estudo por meio de ensaios e análises e das patologias associadas ao uso. São Paulo. Instituto de Pesquizas Tecnologicas do Estado de São Paulo. Disponivem em: <http://www.fiec.org.br/sindicatos/simagran/artigos_palestras/Curso_Caracterizacao_ TecndeRochas.htm>. Acesso em: 21 fev. 2013. Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais. São Paulo. Disponivem em:<http://www.abirochas.com.br/busca.php?param=m%E1rmore&btnBusca=Ok>. Acesso em: 22 fev. 2013. Mendes, V.A.; Vidal, F.W.H. 2002. Controle de qualidade no emprego das rochas ornamentais na construção civil. In: III Simpósio sobre Rochas Ornamentais do Nordeste, Anais Recife, PE. GRAMIL. Disponivem em:<http://www.gramil.com.br/equipamentos.htm>. Acesso em 28 fev. 2013. mármore e o granito na história. 2011. Disponivel em:<http://webmarmores.wordpress.com/2010/06/01/o-marmore-e-o-granito-nahistoria/>. Acesso em: 1 mar. 2013. VIDAL, F.W.H. A indústria extrativa de rochas ornamentais no Ceará. São Paulo, 1995. 178 p. Dissertação de Mestrado em Engenharia mineral, Universidade de São Paulo. MENDES, Henrique. Disponível em:<www.ebah.com.br/content/ABAAABB38AH/rochas-ornamentais>. Acesso em: 05 mar. 2013. Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais. São Paulo. 2004. Disponivel em:<http://www.abirochas.com.br/rochas_ornamentais_02_2.php>. Acesso em: 6 mar. 2013. MENDES, Vanilo Almeida; VIDALL, F. W.H. Controle de Qualidade no Emprego das Rochas Ornamentais na Construção Civil. 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Qual a capacidade estimada da jazida? 9. A retirada do material para o transporte é realizado de que forma? ( ) carroçamento ( ) uso de guincho ( ) outro tipo de recurso 10. O transporte até o local de beneficiamento é realizado de que forma? ( ) estratégia lógica de transporte coletivo ( ) individualidade de transporte ( ) outro meio de transporte 11. Qual a demanda e qual a extração média de mármore? 12. Já foi detectada alguma alteração ambiental devido à exploração? 13. Os resíduos já ocasionaram algum efeito indesejado no ambiente? 14. Cite as aplicações conhecidas do mármore. 15. Existe mais alguma informação relevante não contemplada? QUESTIONÁRIO DESTINADO ÀS INDÚSTRIAS DE BENEFICIAMENTO 1. Como é feito o beneficiamento da matéria-prima (mármore)? 2. Quais são os produtos finais obtidos nesse processo? 3. Quais os tipos de resíduos gerados na produção de cada um deles? 4. Qual a demanda e a quantidade usada de mármore na produção? 5. O que é feito com o resíduo do processo de beneficiamento do mármore? 6. A prática de consciência ambiental é adotada? 7. O que é feito para amenizar compensando os danos à natureza? 8. Já foi detectada alguma alteração ambiental consequente do processo? 9. Cite as aplicações conhecidas do mármore. 10. Existe mais alguma informação relevante não contemplada?