petrologia do stock granítico glória sul, faixa sergipana

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PETROLOGIA DO STOCK GRANÍTICO GLÓRIA
SUL, FAIXA SERGIPANA, SETOR SUL DA
PROVÍNCIA BORBOREMA, SERGIPE
Joane Almeida da Conceição
Orientadora: Profa. Dra. Maria de Lourdes da Silva Rosa
Coorientador: Prof. Dr. Herbet Conceição
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Programa de Pós-Graduação em Geociências e Análise de Bacias
São Cristóvão-SE
2014
Joane Almeida da Conceição
PETROLOGIA DO STOCK GRANÍTICO GLÓRIA SUL, FAIXA
SERGIPANA, SETOR SUL DA PROVÍNCIA BORBOREMA,
SERGIPE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Geociências e Análise de Bacias da Universidade Federal de
Sergipe, como requisito para obtenção do título de Mestre
em Geociências.
Orientadora: Dra. Maria de Lourdes da Silva Rosa
Coorientador: Dr. Herbet Conceição
São Cristóvão–SE
2014
PETROLOGIA DO STOCK GRANÍTICO GLÓRIA SUL, FAIXA
SERGIPANA, SETOR SUL DA PROVÍNCIA BORBOREMA,
SERGIPE
por:
Joane Almeida da Conceição
(Geóloga, Universidade Federal de Sergipe – 2011)
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Submetida em satisfação parcial dos requisitos ao grau de:
MESTRE EM GEOCIÊNCIAS
Data Defesa: 27/02/2014
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Conceição, Joane Almeida da
Petrologia do stock granítico Glória Sul, Faixa Sergipana, setor
sul da Província Borborema, Sergipe
/ Joane Almeida da
Conceição ; orientadora Maria de Lourdes da Silva Rosa. – São
Cristóvão, 2014.
123 f. : il.
C744p
Dissertação (mestrado em Geociências e Análise de Bacias) –
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2014.
O
1.
Geociências. 2. Stock granítico Glória Sul. 3. Petrografia.
4. Geoquímica. 5. Sergipe (SE). I. Rosa, Maria de Lourdes da
Silva, orient. II. Título.
CDU: 550.4(813.7)
A minha família e aos meus amigos. I E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Apocalipse 21:1 II AGRADECIMENTOS ______________________________________________________________________
A concretização desse trabalho só foi possível graças ao empenho e dedicação dos professores Herbet Conceição e Maria de Lourdes da Silva Rosa a frente do Projeto Granitogênese da Faixa de Dobramentos Sergipana. A CAPES (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo apoio financeiro através da concessão da bolsa sem a qual não poderia me dedicar a esta pesquisa. A Universidade Federal de Sergipe, Programa de Pós-­‐Graduação em Geociências e Análise de Bacias e ao Departamento de Geologia por toda infraestrutura necessária ao desenvolvimento deste trabalho. Aos professores Maria de Lourdes da Silva Rosa e Herbet Conceição pelo estímulo, apoio e cuja orientação em todas as fases de desenvolvimento do presente trabalho, foram de importância primordial para a elaboração e estabelecimento das ideias agora apresentadas. A CPRM (Superintendência Salvador) pelo acesso aos laboratórios e equipamentos para preparação das amostras, nas pessoas de Teobaldo Rodrigues de Oliveira Júnior, Ivanaldo Vieira Gomes da Costa e em especial as geólogas Rita Cunha Leal e Cristina Burgos. A SEPLAG/SE por fornecer as fotografias aéreas e foto-­‐índice para elaboração dos mapas nas pessoas de Edson Magalhães Bastos, Simone Soraia Silva Sardeiro e Márcio dos Reis Santos. Ao Pronex/CNPq/Fapitec/UFS. Aos amigos Carol, Vinícius e Cleverton que conviveram comigo durante a pós-­‐graduação, agradeço o grande apoio, incentivo, estímulo e discussões, na elaboração dos mapas, nas fotografias, microfotografias. Aos amigos Jailson Alves pelo auxílio na contagem modal e Adjanine Pimenta na separação das fotografias aéreas. A minha família pela compreensão e apoio. Meus agradecimentos a todos que de alguma forma colaboraram, orientando, apoiando e me incentivaram a acreditar e lutar pelos objetivos ao longo deste trabalho. Joane Almeida da Conceição III RESUMO
Na Faixa Sergipana existe um grande volume de rochas graníticas, com expressividade
no Domínio Macururé. Nesse domínio os corpos graníticos são classificados como Tipo
Glória. O Stock Granítico Glória Sul intrudido no Domínio Macururé apresenta uma
área de aproximadamente 41 km2, com geometria levemente arredondada, com rochas
exibindo uma grande homogeneidade composicional e textural, sendo constituídas por
granitos leucocráticos de coloração esbranquiçada na maior parte do stock, exibindo
tipos de coloração acinzentada, textura equigranular. É evidente a presença de enclaves
máficos microgranulares e por vezes percebe-se que as rochas exibem anisotropismo
marcado pela orientação dos cristais de micas. Modalmente as rochas do stock são
classificadas como granitos e seus enclaves como álcali-feldspato quartzo sienito. As
rochas apresentam como mineralogia essencial constituída por quartzo, feldspato
alcalino, plagioclásio (albita–oligoclásio), muscovita, biotita, diopsídio e hornblenda, e
como minerais acessórios epídoto magmático, titanita, zircão, apatita, carbonato. A
química de elementos maiores é caracterizada por teores de SiO2 entre 56,38–73,19%,
Al2O3 entre 13,82–15,86%, TiO2 entre 0,07–0,98%, K2O entre 1,57–7,05%, Na2O entre
2,48–4,67%, CaO entre 0,69–5,46%, Fe2O3 entre 0,64–5,76%, MgO entre 0,10–4,5%,
MnO entre 0,01–0,12% e P2O5 entre 0,02–0,58%. Os valores dos elementos traços
mostram-se bem diferenciados, evidenciando que os enclaves máficos microgranulares
apresentam valores mais elevados em comparação aos granitos, com teores de Ba
variação entre 319–1179 ppm, Rb variando entre 55,3–351 ppm, Sr variando entre
183,6–693,5 ppm, Zr variando entre 54,2–224,2 ppm, Nb variando entre 3,4–20,8 ppm
e Y variando entre 1,6–16,7 ppm. Estas rochas mostram valores de ETR (ΣETR 38,58–
299,21 ppm), Lan/Ybn variando entre 12,57–137,22 ppm e Eu/Eu* variando entre 0,72–
1,94 ppm. Para uma classificação do ambiente geotectônico o diagrama utilizando os
parâmetros de Y+Nb versus Rb, as rochas estudadas posicionam-se no campo dos
granitoides sin-colisionais com exceção dos granitos com granada.
Palavras-chaves: Stock Granítico Glória Sul, Domínio Macururé, Faixa Sergipana
IV ABSTRACT
In Sergipana range exists a large volume of granitic rocks, with expression in the
Macururé Domain. In this field the granitic bodies are classified as Type Gloria. The
Stock Granitic Gloria Sul intruded into the Macururé Domain has an area of
approximately 41 km2, with slightly rounded geometry, with rocks showing a large
compositional and textural homogeneity, and consist of leucocratic granites whitish
mostly stock, showing types of staining gray, equigranular texture. The presence of
mafic microgranular enclaves and sometimes it is noticed that the rocks exhibit
anisotropic behavior marked by the orientation of mica crystals is evident. Modally
rocks of the stock are classified as granites and their enclaves as alkali-feldspar quartz
syenite. The rocks have an essential mineralogy consists of quartz, alkali feldspar,
plagioclase (albite-oligoclase), muscovite, biotite, diopside and hornblende and
magmatic epidote as accessory minerals, sphene, zircon, apatite, carbonate. The
chemistry of major elements is characterized by SiO2 contents between 56,38 to
73,19%, Al2O3 from 13,82 to 15,86%, TiO2 from 0,07 to 0,98%, K2O from 1,57 to
7,05%, Na2O between 2,48 to 4,67%, CaO from 0,69 to 5,46%, Fe2O3 from 0,64 to
5,76%, MgO from 0,10 to 4,5%, MnO between 0,01 to 0,12% of P2O5, and 0,02 to
0,58%. The values of the traces show up well differentiated, showing microgranular
mafic enclaves that have higher values compared to granite, with levels of Ba variation
between 319-1179 ppm, Rb ranging from 55,3 to 351 ppm, Sr ranging from 183,6 to
693,5 ppm, Zr ranging from 54,2 to 224,2 ppm, Nb ranging from 3,4 to 20,8 ppm and Y
ranging from 1,6 to 16,7 ppm. These rocks show ETR (ΣETR 38,58 to 299,21 ppm),
Lan/Ybn ranging from 12,57 to 137,22 ppm and Eu/Eu* ranging from 0,72 to 1,94 ppm.
For a classification of tectonic setting diagram using the parameters Y+Nb versus Rb,
studied rocks are positioning themselves in the field of syn-collisional granitoids with
the exception of granite with garnet.
Keyswords: Stock Granitic Gloria Sul, Domain Macururé, Belt Sergipana
V SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... II
RESUMO........................................................................................................................ III
ABSTRACT ................................................................................................................... IV
LISTA DE SIGLAS........................................................................................................ IX
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... X
LISTA DE TABELAS................................................................................................. XIV
LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS ............................................................................XV
CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES GERAIS................................................................ 2
I.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 2
I.2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ................................................................................. 3
I.3. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS ............................................................................. 3
I.4. OBJETIVOS ........................................................................................................... 3
I.5. MÉTODOS EMPREGADOS ................................................................................. 4
I.5.1. Trabalhos de Pré-Campo.................................................................................. 4
I.5.2. Trabalhos de Campo ........................................................................................ 6
I.5.3. Trabalhos de Laboratório ................................................................................. 6
I.5.3.1. Petrografia ..................................................................................................... 6
I.5.3.2. Geoquímica ................................................................................................... 7
I.5.3.3. Terminologias Técnicas Utilizadas ............................................................... 7
A. Critério de cores em mapas geológicos ................................................................ 7
B. Abreviação dos nomes dos minerais em fotomicrografias ................................... 8
VI CAPÍTULO II – GEOLOGIA REGIONAL ................................................................... 10
II.1. PROVÍNCIA BORBOREMA ............................................................................. 10
II.1.2. MAGMATISMO NA PROVÍNCIA BORBOREMA .................................. 12
II.2. ARCABOUÇO GEOLÓGICO DO ESTADO DE SERGIPE ............................ 14
II.2.1. Embasamento Gnáissico ............................................................................... 14
II.2.1.1. Complexo Gnáissico-Migmatítico e Domo de Itabaiana e Simão Dias .... 17
II.2.2. Faixa Sergipana ............................................................................................ 18
II.2.2.1. Domínio Estância ...................................................................................... 20
II.2.2.2. Domínio Vaza-Barris ................................................................................. 21
II.2.2.3. Domínio Macururé .................................................................................... 21
II.2.2.4. Domínio Marancó ...................................................................................... 22
II.2.2.5. Domínio Poço Redondo............................................................................. 22
II.2.2.6. Domínio Canindé ....................................................................................... 23
II.2.2.7. Granitoides na Faixa Sergipana ................................................................. 23
II.2.3. Bacias Sedimentares ..................................................................................... 25
CAPÍTULO III – GEOLOGIA LOCAL ........................................................................ 27
III.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 27
III.2. Geologia do Stock Granítico Glória Sul............................................................. 29
III.2.1. Fácies Granito com Muscovita e Biotita ..................................................... 31
III.2.2. Fácies Muscovita Granito............................................................................ 31
III.2.3. Fácies Biotita Granito.................................................................................. 31
III.2.4. Fácies Granito com Granada ....................................................................... 31
III.2.5. Enclaves Máficos Microgranulares ............................................................. 35
III.3. Geologia das Rochas Encaixantes ..................................................................... 39
VII CAPÍTULO IV – PETROGRAFIA ................................................................................ 44
IV.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 44
IV.2. Classificação e Nomenclatura das Rochas ........................................................ 45
IV.2.1. Fácies Granito com Muscovita e Biotita ..................................................... 45
IV.2.1.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 45
IV.2.2. Fácies Muscovita Granito ........................................................................... 52
IV.2.2.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 52
IV.2.3. Fácies Biotita Granito ................................................................................. 55
IV.2.3.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 58
IV.2.4. Fácies Granito com Granada ....................................................................... 63
IV.2.4.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 66
IV.2.5. Enclaves Máficos Microgranulares ............................................................. 70
IV.2.5.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 70
IV.2.6. Considerações Petrográficas ........................................................................... 73
IV.2.6.1. Sequência de Cristalização....................................................................... 76
IV.2.6.2. Ocorrência de Epídoto Magmático .......................................................... 78
IV.2.6.3. Texturas ....................................................................................................... 79
IV.2.6.3.1. Geminação dos Feldspatos .................................................................... 79
IV.2.6.3.2. Mirmequita ............................................................................................ 80
IV.2.6.3.3. Pertita e Antipertita ............................................................................... 81
IV.2.6.3.4. Extinção Ondulante ............................................................................... 82
IV.3. Petrografia das Rochas Encaixantes .................................................................. 83
IV.3.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos ..................................................... 83
IV.3.1.1. Muscovita Biotita Granada Xisto ............................................................. 83
VIII CAPÍTULO V – GEOQUÍMICA ................................................................................... 87
V.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 87
V.2. Elementos Maiores .............................................................................................. 87
V.3. Tipologia e Classificação .................................................................................... 90
V.3.1. Diagrama Total Álcalis versus SiO2 ............................................................. 90
V.3.2. Diagrama K2O versus SiO2 .......................................................................... 90
V.3.3. Diagrama de Saturação em Alumina ............................................................ 92
V.4. Diagramas Harker ............................................................................................... 92
V.5. Composição Normativa CIPW............................................................................ 96
V.5.1. Diagrama Ternário Qz-Ab-Or ...................................................................... 98
V.5.2. Elementos Traços ......................................................................................... 98
V.6. Diagramas de Elementos Terras Raras ............................................................. 102
V.7. Diagrama Multi-Elementar Expandido ............................................................. 105
V.8. Diagrama para classificação em granitos Tipo-I e Tipo-S ................................ 107
V.9. Diagrama Discriminante de Ambiente Geotectônico ....................................... 107
V.10. Considerações Geoquímicas ........................................................................... 109
CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES ............................................................................... 114
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 117
IX LISTA DE SIGLAS
CAPES
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CIPW
Cross, Iddings, Pirsson e Washington
CPRM
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
DGeol
Departamento de Geologia
DNIT
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
ETR
Elementos Terras Raras
ETRL
Elementos Terras Raras Leves
ETRP
Elementos Terras Raras Pesadas
FDS
Faixa de Dobramentos Sergipana
GPS
Global Positioning System
HFS
High-Field Strenght
ICP-MS
Inductively Coupled Plasma Microespectrometry
ICP-OES
Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry
IUGS
International Union Geological Sciences
LILE
Large-Ion Lithophile Elements
ORG
Ocean Ridge Granites
PB
Província Borborema
QAP
Quartzo, Feldspato Alcalino e Plagioclásio
Q(A+P)M
Quartzo, (Feldspato Alcalino + Plagioclásio) e Minerais Opacos
SEPLAG/SE
Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão
SGS
Stock Granítico Glória Sul
SHRIMP
Sensitive High Resolution Ion Microprobe
SUDENE
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
TAS
Total álcalis versus SiO2
UFS
Universidade Federal de Sergipe
UTM
Universal Transversal Mercator
X LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização geográfica do Estado de Sergipe (área em vermelho) no Brasil e
contorno geográfico do Estado de Sergipe, apresentando a principal via de acesso à área
em estudo demarcado no retângulo preto; a área tracejada corresponde à capital Aracaju
[A]. Mapa de localização e acessos da região do estudo com as rodovias estaduais e
drenagens [B]. ................................................................................................................... 5
Figura 2. Reconstituição geológica dos blocos cratônicos do NE Brasil e W da África.
Fonte: Caby et al. (1991). ............................................................................................... 11
Figura 3. Mapa esquemático mostrando o sistema de zonas de cisalhamento da
Província Borborema (Vauchez et al. 1995). ................................................................. 13
Figura 4. Províncias estruturais do Brasil (Almeida et al. 1977). .................................. 15
Figura 5. Esboço tectono-estratigráfico do Estado de Sergipe ...................................... 16
Figura 6. Mapa geológico da Faixa Sergipana e áreas adjacentes (D’el-Rey Silva 1992),
dividida em seis domínios litotectônicos: Estância, Vaza-Barris, Macururé, Marancó,
Poço Redondo e Canindé, separados por grandes sistemas de falhas que são: Falha de
Itaporanga (FI), Falha de São Miguel do Aleixo (FSMA), Falha de Belo MonteJeremoabo (FBMJ) e Falha de Macururé (FMS)............................................................ 19
Figura 7. Mapa do Estado de Sergipe no contexto dos estados vizinhos com a
localização do Domínio Macururé (área na cor cinza) (A). Esboço geológico do
Domínio Macururé apresentando, em rosa, as intrusões de granito (B). A área em
destaque, delimitada pelo retângulo preto corresponde ao corpo granítico objeto deste
estudo.. ............................................................................................................................ 28
Figura 8. Mapa faciológico e afloramentos estudados no Stock Granítico Glória Sul e
encaixante.. ..................................................................................................................... 30
Figura 9. Aspecto geral de um afloramento do Stock Granítico Glória Sul, apresentandose comumente sob a forma de grandes lajedos. .............................................................. 32
Figura 10. Textura geral característica da Fácies Granito com Muscovita e Biotita.
Observar no canto superior direito da figura a presença de dois pequenos enclaves
máficos microgranulares................................................................................................. 32
Figura 11. Textura geral da Fácies Granito com Muscovita e Biotita, observando-se no
centro da figura a presença de enclave máfico microgranular estirado. ......................... 33
XI Figura 12. Visão geral da Fácies Muscovita Granito, que ocorre sob a forma de lajedo.
........................................................................................................................................ 33
Figura 13. Textura geral da Fácies Muscovita Granito. Notar o grande volume de
cristais de muscovita (pontuações marrom claro), o que confere a rocha um sutil
anisotropismo.................................................................................................................. 34
Figura 14. Lajedo da Fácies Muscovita Granito, representada por uma rocha de
coloração clara e textura equigranular. ........................................................................... 34
Figura 15. Textura característica da Fácies Biotita Granito em que se observa a presença
de enclaves máficos microgranulares. Esta fácies é que apresenta a maior concentração
de enclaves do stock. ...................................................................................................... 36
Figura 16. Zona de contato da Fácies Granito com Granada com o embasamento,
observando-se injeções graníticas (coloração bege clara) nos metassedimentos do
Domínio Macururé. Observar que o contato entre o granito e a rocha encaixante
assemelha-se a um material “amassado”. ....................................................................... 36
Figura 17. Diversas formas dos Enclaves Máficos Microgranulares presentes no SGS.
[A] Enclave máfico microgranular estirado; [B] Enclave máfico microgranular
anguloso; [C] Enclave máfico microgranular anguloso; [D] Enclave máfico
microgranular múltiplo e em formato de coração; [E] Enclave máfico microgranular
aparentemente oval; [F] Enclave máfico microgranular arredondado múltiplo. ............ 37
Figura 18. Esquema ilustrativo da interação entre o magma máfico e félsico durante a
cristalização do magma félsico segundo Barbarin & Didier (1992). ............................. 38
Figura 19. Enclave máfico microgranular arredondado localizado na Fácies Biotita
Granito, exibindo uma borda mais escura em decorrência da acumulação de biotita e
diopsídio. ........................................................................................................................ 38
Figura 20. Textura típica do xisto do Domínio Macururé. Observar o grande volume dos
cristais de muscovita (pontuações exibindo brilho) e de granada que ocorre como
porfiroblastos (pontuações em coloração rosada). ......................................................... 40
Figura 21. Injeções graníticas leucocráticas dobradas ocorrendo dentro do xisto
(coloração cinza), no Domínio Macururé. ...................................................................... 40
Figura 22. Afloramento nas margens do riacho da Lagoa. Notar que a rocha encaixante
(coloração cinza) ocorre de forma fragmentada como brechas, em contato com o granito
(coloração bege). ............................................................................................................ 41
Figura 23. Dique de granito leucocrático cortando o xisto do Domínio Macururé. Notar
diversas injeções graníticas leucocráticas, por vezes dobradas na rocha encaixante. .... 41
XII Figura 24. Estrutura em “boudin” presente de forma pontual no xisto do Domínio
Macururé. ........................................................................................................................ 42
Figura 25. Metarenito presente no Domínio Macururé. É possível observar estrutura
primária preservada (S0). ................................................................................................ 42
Figura 26. Diagramas de nomenclatura. Diagrama QAP de Streckeisen (1976, in Le
Maître et al. 2002) aplicado as rochas do Stock Granítico Glória Sul. Q= Quartzo; A=
Feldspato Alcalino e albita (<5%An); P= Plagioclásio (>5%An). ................................. 47
Figura 27. Diagrama QAP de Streckeisen (1976, in Le Maître et al. 2002) aplicado as
rochas do Stock Granítico Glória Sul. As linhas tracejadas representam trends segundo
Lameyre & Bowden (1982). T = Séries Toleiíticas, A = Séries Alcalinas, a = CálcioAlcalinas de baixo K (Cálcio-Alcalinas trondhjemíticas), b = Cálcio-Alcalinas de médio
K (Cálcio-Alcalinas granodioríticas), c = Cálcio-Alcalinas de alto K (Cálcio-Alcalinas
monzoníticas).................................................................................................................. 75
Figura 28. Sequência de cristalização proposta para as rochas do SGS. As letras
representam a ordem cronológica de precipitação mineral. ........................................... 77
Figura 29. Diagrama TAS (Na2O+K2O versus SiO2) para a classificação das rochas
plutônicas segundo Middlemost (1985), aplicado às rochas do SGS. A curva tracejada
divide o domínio das rochas alcalinas e sub-alcalina segundo Myashiro (1978). .......... 91
Figura 30. Diagrama Na2O versus K2O de Peccerillo & Taylor (1976) com as amostras
do SGS. As linhas A e B definidas por Corriveau & Gorton (1993) para o campo das
rochas ultrapotássicas. .................................................................................................... 93
Figura 31. Índices de Shand (1927), expressos em diagrama de Maniar & Piccoli
(1989), usados para o grau de saturação em alumina das amostras do SGS. Legenda:
A/CNK - Al2O3/(CaO+Na2O+K2O), A/NK - Al2O3/(Na2O+K2O)................................. 94
Figura 32. Diagramas de Harker para as rochas estudadas. ........................................... 97
Figura 33. Diagrama Albita (Ab) – Quartzo (Qz) – Ortoclásio (Or) com PH2O = 500,
3000 e 5000 bar, segundo Tuttle & Bowen (1958). ....................................................... 99
Figura 34. Diagramas de Elementos Traços versus SiO2 para as rochas do SGS. ....... 101
Figura 35. Padrão de elementos terras rara normalizados para o condrito (Evensen et al.
1978) para as rochas da área estudada.. ........................................................................ 104
Figura 36. Diagramas multi-elementar com valores normalizados para o ORG (ocean
ridge granites) de Pearce et al. 1984, para as rochas do SGS.. .................................... 106
XIII Figura 37. Diagrama K2O versus Na2O segundo Chappell & White (1974), aplicado às
rochas do Stock Granítico Glória Sul. .......................................................................... 108
Figura 38. Diagrama discriminante de ambiente tectônico de Pearce et al. (1984) com as
amostras do Stock Granítico Glória Sul. Legenda: sin-COLG – sin-colisional, VAG –
granitos de arco vulcânico, WPG – granitos intra-placa, ORG – granitos de cadeias
oceânicas. ...................................................................................................................... 110
XIV LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Tipos de granitoides da Faixa Sergipana. Fonte: Santos et al. 1998. ............. 24
Tabela 2. Análises modais das rochas pertencentes ao Stock Granítico Glória Sul.
Legenda: FMG - Fácies Muscovita Granito; FBG – Fácies Biotita Granito; FGMB –
Fácies Granito com Muscovita e Biotita. FGG – Fácies Granito com Granada; FE –
Fácies Enclaves. Qz – Quartzo; Pl – Plagioclásio; Kfs – Feldspato Alcalino; Ms –
Muscovita; Bt – Biotita; Hbl – Hornblenda; Di – Diopsídio; Grt – Granada; Ttn –
Titanita; Ep – Epídoto; Ap – Apatita; Zrn – Zircão; Cb – Carbonato; Opq – Mineral
opaco. .............................................................................................................................. 46
Tabela 3. Análises geoquímicas para elementos maiores (em % de peso) e cálculo
normativo CIPW para as rochas do Stock Granítico Glória Sul, seus enclaves e rochas
encaixantes. Legenda: FMG-Fácies Muscovita Granito; FBG-Fácies Biotita Granito;
FGMB-Fácies Granito com Muscovita e Biotita; FGG-Fácies Granito com Granada;
FE-Fácies Enclaves; RE-Rochas Encaixantes. L.O.I.-Loss on Ignition (Perda ao fogo).
Q-Quartzo; C-Coríndon; Or-Ortoclásio; Ab-Albita; An-Anortita; Di-Diopsídio; HyHiperstênio; Ol-Olivina; Il-Ilmenita; Hm-Hematita; Tn-Titanita; Ru-Rutilo; Ap-Apatita.
........................................................................................................................................ 88
Tabela 4. Análises geoquímicas para elementos traços (em ppm) para as rochas do Stock
Granítico Glória Sul, seus enclaves e rochas encaixantes. Legenda: FMG-Fácies
Muscovita Granito; FBG-Fácies Biotita Granito; FGMB-Fácies Granito com Muscovita
e Biotita. FGG-Fácies Granito com Granada; FE-Fácies Enclaves; RE-Rochas
Encaixantes. .................................................................................................................... 89
XV LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS
Fotomicrografia 1. Foto-mosaico apresentando textura hipidiomórfica da Fácies Granito
com Muscovita e Biotita. Observação realizada com sistema em luz polarizada.
Aumento 4X. .................................................................................................................. 48
Fotomicrografia 2. Cristais de biotita em contato com muscovita e titanita da Fácies
Granito com Muscovita e Biotita. Observação realizada com sistema em luz natural.
Aumento 4X. .................................................................................................................. 51
Fotomicrografia 3. Foto-mosaico representativo da Fácies Muscovita Granito podendose observar a textura predominante hipidiomórfica. Observação realizada com sistema
em luz polarizada. Aumento 4X. .................................................................................... 53
Fotomicrografia 4. Cristal de plagioclásio saussuritizado e cristais de muscovita,
quartzo, feldspato alcalino, epídoto e mineral opaco (A). Cristal de biotita cloritizado
(B). Cristais de biotita com inclusão de zircão (C). Cristais de carbonato, quartzo,
plagioclásio, feldspato alcalino, muscovita, titanita e epídoto (D). Observação realizada
com sistema em luz polarizada (A e D) e em luz natural (B e C). Observação realizada
com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. ............................................................... 56
Fotomicrografia 5. Foto-mosaico apresentando a textura geral da Fácies Biotita Granito.
Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma estrutura
isotrópica. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. .......... 57
Fotomicrografia 6. Cristal de feldspato alcalino com textura pertita, quartzo,
plagioclásio e biotita. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento
10X. ................................................................................................................................ 59
Fotomicrografia 7. Foto-mosaico apresentando plagioclásio com zonação múltipla
característico da Fácies Biotita Granito. Observação realizada com sistema em luz
polarizada. Aumento 4X. ................................................................................................ 60
Fotomicrografia 8. Foto-mosaico apresentando cristais de biotita, quartzo, plagioclásio e
epídoto. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 10X. ............ 62
Fotomicrografia 9. Cristais de biotita, quartzo, epídoto e feldspato alcalino. Observação
realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 10X. .............................................. 62
Fotomicrografia 10. Cristais de biotita com inclusões de zircão e apatita. Observação
realizada com sistema em luz natural. Aumento 10X. ................................................... 64
XVI Fotomicrografia 11. Foto-mosaico apresentando textura hipidiomórfica da Fácies
Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento
4X. .................................................................................................................................. 65
Fotomicrografia 12. Cristais de biotita com inclusões de zircão e apatita da Fácies
Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 10X.
........................................................................................................................................ 68
Fotomicrografia 13. Cristais de biotita em contato com cristais de muscovita da Fácies
Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X.
........................................................................................................................................ 68
Fotomicrografia 14. Foto-mosaico apresentando cristais de diopsídio, biotita e mineral
opaco da Fácies Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz
natural. Aumento 4X. ..................................................................................................... 69
Fotomicrografia 15. Foto-mosaico apresentando cristais de biotita e granada da Fácies
Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X.
........................................................................................................................................ 69
Fotomicrografia 16. Foto-mosaico apresentando a textura geral da Fácies Enclave.
Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma textura
levemente anisotrópica. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento
4X. .................................................................................................................................. 71
Fotomicrografia 17. Cristais de biotita em contato reto, titanita euédrica e apatita.
Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 20X. ............................... 74
Fotomicrografia 18. Cristais idiomórficos de apatita com presença de inclusões de
minerais opacos. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 40X .... 74
Fotomicrografia 19. Foto-mosaico apresentando a textura geral da rocha encaixante.
Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma textura
levemente anisotrópica. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento
4X. .................................................................................................................................. 84 CAPÍTULO I CONSIDERAÇÕES GERAIS Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES GERAIS
I.1. INTRODUÇÃO
As rochas graníticas são as mais abundantes na crosta continental e podem se
originar a partir de fontes diversas, como manto, crosta, ou mistas, com contribuição em
proporções variadas de crosta e manto (Barbarin 1990, 1999, Pitcher 1993, Pearce et al.
1984, Pearce 1996, Frost et al. 2001, Vigneresse 2004).
Na Faixa Sergipana existe um grande volume de granitos, com expressividade no
Domínio Macururé que foram classificados inicialmente como Tipo Glória. Diversos
trabalhos foram desenvolvidos nesses granitos com destaque para Fujimori (1989),
Chaves (1991), Santos et al. (1998), Conceição et al. (2012), Lisboa et al. (2012),
Oliveira et al. (2012) e Silva et al. (2013).
A Faixa de Dobramentos Sergipana situa-se entre o Cráton do São Francisco, ao
sul, e o Maciço Pernambuco-Alagoas ao norte (Mascarenhas et al. 1984, Santos & Brito
Neves 1984). A faixa compreende seis domínios litotectônicos: Domínio Estância,
Domínio Vaza Barris, Domínio Macururé, Domínio Poço Redondo, Domínio Marancó
e Domínio Canindé (Santos et al. 1988, Davison & Santos 1989, D'el-Rey Silva 1992).
Uma das feições características da Faixa de Dobramentos Sergipana é a presença de um
volumoso plutonismo granítico.
Esta dissertação traz uma abordagem da geologia, petrografia e geoquímica do
Stock Granítico Glória Sul, localizado no Domínio Macururé da Faixa Sergipana.
Para esta pesquisa foram utilizadas diversas ferramentas que serão descritas a
seguir. No capítulo 2 será apresentado uma síntese a respeito da geologia regional, com
uma abordagem sobre a Província Borborema e a Faixa de Dobramentos Sergipana. Os
dados de campo, petrografia e geoquímica serão apresentados e discutidos
respectivamente nos capítulos 3, 4 e 5. Estes dados permitirão uma interação e
caracterização da geologia local em estudo, bem como uma abordagem detalhada do
ponto de vista textural, mineralógico e químico da área.
2 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) I.2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA
A área estudada está situada na porção nordeste do Estado de Sergipe, entre as
coordenadas geográficas 10º12’ – 10º20’ de latitude sul e 37º50’ – 37º41’ de longitude
oeste (Fig. 1). Ela aloca-se na folha topográfica Gracho Cardoso (SC.24-Z-B-I) da
SUDENE (1971), elaborada para escala de 1:100.000, onde consta o município de
Nossa Senhora da Glória.
A região estudada dista aproximadamente 113 km da capital Aracaju. O acesso a
ela, partindo-se de Aracaju, é feito através da BR-235 até a cidade Itabaiana, e de
Itabaiana até o município de Nossa Senhora da Glória é feito pela rodovia estadual SE175. A partir dessa cidade o acesso aos afloramentos é feito pelas estradas secundárias.
I.3. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
O município de Nossa Senhora da Glória está inserido no Polígono das Secas. Ele
apresenta clima do tipo Megatérmico Semi-Árido, com temperatura média anual de
24,2º C, precipitação pluviométrica média de 702,4 mm e período chuvoso de março a
agosto. O relevo é caracterizado por uma superfície pediplana e dissecada, com formas
do tipo colina e tabuleiros, existindo aprofundamento em regiões de drenagem. Os solos
são Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico, Litólicos Eutróficos e
Planosol, com uma vegetação de capoeira, caatinga, campos limpos, campos sujos e
com vestígios de mata (Bomfim et al. 2002).
I.4. OBJETIVOS
A ocorrência de corpos graníticos na Faixa Sergipana é consideravelmente
expressiva e o Domínio Macururé apresenta um volume significativo deste
magmatismo. Alguns estudos anteriores apresentaram dados sobre geologia regional,
merecendo destaque para os trabalhos de Humphrey & Allard (1969), Silva Filho et al.
(1979) e Santos et al. (1988, 1998). Chaves (1991) aborda uma temática local estudando
3 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) alguns corpos graníticos e individualizando-os e Conceição (2011) apresenta o Maciço
Granítico Glória Sul presente no Domínio Macururé.
A presente dissertação de mestrado aborda o estudo específico do Stock Granítico
Glória Sul (SGS), tendo em vista os principais objetivos:
! Melhorar a cartografia geológica do SGS e definir sua faciologia e as relações com
as rochas encaixantes;
! Caracterizar o SGS quanto aos seus aspectos petrográficos, determinando a
composição modal de suas amostras, bem como atribuir-lhes os nomes utilizando-se
dos parâmetros estabelecidos pela International Union Geological Sciences (IUGS);
! Interpretar os dados geoquímicos de elementos maiores, menores e traços.
I.5. MÉTODOS EMPREGADOS
As técnicas apresentadas neste trabalho envolveram a obtenção, análise e a
interpretação dos dados obtidos. Para tanto, o trabalho constou de três etapas de
atividades: i) trabalhos de pré-campo; ii) trabalhos de campo e iii) trabalhos de
laboratório.
I.5.1. Trabalhos de Pré-Campo
Inicialmente realizou-se uma seleção de material bibliográfico sobre a área e
temas afins, como petrografia e geoquímica de rochas graníticas. Essa coleta envolveu a
consulta a teses, dissertações, artigos científicos, projetos na área de interesse, resumos
em anais de eventos, entre outros, permitindo reunir o acervo bibliográfico. Durante a
pesquisa na rede da internet, destaca-se a utilização do Portal de Periódicos da CAPES
(http://www.periodicos.capes.gov.br.ez20.periodicos.capes.gov.br).
4 5 Figura 1. Localização geográfica do Estado de Sergipe (área em vermelho) no Brasil e contorno geográfico do Estado de Sergipe, apresentando a
principal via de acesso à área em estudo demarcado no retângulo preto; a área tracejada corresponde à capital Aracaju [A]. Mapa de localização e
acessos da região do estudo com as rodovias estaduais e drenagens [B]. Fonte: Santos et al. (1997) [A] e DNIT (2009) [B]. Os números 1, 2, 3 e
4 na figura A correspondem aos municípios respectivos de Itabaiana, Nossa Senhora da Glória, Monte Alegre de Sergipe e Canindé de São
Francisco.
Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Ainda nessa etapa selecionou-se as fotografias aéreas da região que recobrem o
SGS. Elas foram escolhidas a partir do foto-índice 3 na escala de 1:70.000 da Força
Aérea Brasileira (1984). As fotografias correspondem às faixas 10 (1058-1063; 10711075; 1088-1092) e 11 (1102-1105) cedidas pela SEPLAG/SE.
I.5.2. Trabalhos de Campo
O mapeamento detalhado foi realizado no SGS e nas suas encaixantes. A
localização dos afloramentos visitados foi realizada utilizando-se o sistema de
coordenadas Universal Transversal Mercator (UTM), determinadas por Global
Positioning System (GPS) da marca Garmin, modelo GPSMAP, 62 stc.
O mapeamento permitiu a aquisição de dados dos principais elementos estruturais
das rochas da região e realização de amostragem sistemática para estudos posteriores
em laboratório. Para tanto, utilizou-se das seguintes ferramentas: bússola tipo Brunton,
lupa de bolso (20X), martelo de geólogo, marreta, máquina fotográfica digital, sacos
plásticos para acondicionar as amostras, e fita adesiva.
Foram realizadas um total de cinco missões a campo, totalizando 94 pontos
visitados e 28 pontos amostrados.
I.5.3. Trabalhos de Laboratório
Os trabalhos de laboratório consistiram na descrição petrográfica e análises
químicas e isotópicas das amostras representativas do stock. Os métodos empregados
estão sumariados abaixo.
I.5.3.1. Petrografia
Os estudos petrográficos foram realizados a partir da descrição de amostras
macroscópicas e de lâminas delgadas destas mesmas rochas.
6 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A descrição das 22 lâminas delgadas foi realizada em um microscópio
petrográfico – XJP200 Kozo Optical. A contagem modal foi realizada com contador de
pontos automático de marca SWIFT, modelo F acoplado em um microscópio
petrográfico Leitz modelo Laborlux 12 Pol 15, contando cerca de 2.500 pontos por
lâmina. Com isto, realizou-se uma classificação petrográfica, caracterizando os
diferentes aspectos texturais nas rochas estudadas.
A obtenção das imagens microscópicas deu-se através de um microscópio da
marca Olympus BX 41 com uma câmera acoplada Olympus SC30, utilizando-se o
software Cell^B Olympus (2008). Todas as atividades petrográficas foram
desenvolvidas Laboratório de Microscopia e Lupas do DGeol da UFS.
I.5.3.2. Geoquímica
As análises geoquímicas das rochas foram realizadas nos laboratórios do Acme
Labs no Canadá num total de 17 amostras. As análises para os elementos maiores foram
realizadas pelo método de Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry
(ICP-OES) enquanto que os elementos menores e traços foram dosados por Inductively
Coupled Plasma Microespectrometry (ICP-MS). As amostras foram preparadas no
Laboratório de Geoquímica e Sedimentologia do DGeol. Os diagramas para as amostras
analisadas foram elaborados com o auxílio do programa Geochemical Data Toolkit for
Windows 2.3 (Janoušek et al. 2006) através de tabelas em Microsoft Office Excel® 2007
contendo os dados analíticos.
I.5.3.3. Terminologias Técnicas Utilizadas
A. Critério de cores em mapas geológicos
Para a elaboração dos mapas geológicos apresentados neste trabalho, as cores
utilizadas na confecção foram adotadas a partir das convenções geológicas da U.S.
Geological Survey (2005) contidas na publicação “Selection of colors and patterns for
geologic maps of the U.S. Geological Survey”.
7 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) B. Abreviação dos nomes dos minerais em fotomicrografias
As abreviações dos nomes dos minerais nas fotomicrografias seguiram as
recomendações de Whitney & Evans (2010).
8 CAPÍTULO II GEOLOGIA REGIONAL Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) CAPÍTULO II – GEOLOGIA REGIONAL
II.1. PROVÍNCIA BORBOREMA
A Província Borborema (PB), como definida por Almeida et al. (1977), é uma
unidade geotectônica essencialmente Brasiliana (550-700 Ma), compreende a parte
central de uma larga faixa orogenética Pan-Africana-Brasiliana formada como
consequência de convergência e colisão dos crátons São Luís-Oeste da África e São
Francisco-Congo-Kasai durante o Neoproterozoico tardio (Fig. 2), envolvendo vários
processos orogenéticos mais antigos, onde rifteamento e fragmentação há 1,0 Ga foi um
importante evento de formação crustal (Van Schmus et al. 1995).
A PB cobre uma área de cerca de 380.000 km2, que coincide com a Faixa de
Dobramentos do Nordeste. É limitada pelas províncias São Francisco e Parnaíba, bem
como pelas bacias costeiras e margem continental (Almeida et al. 1981). Ela estende-se
por grande parte do Nordeste brasileiro, desde o estado de Sergipe até a parte oriental do
Piauí.
A Província Borborema do Nordeste do Brasil (Brito Neves et al. 2000) apresenta
uma complexidade estratigráfica e geocronológica, sendo marcada por uma intensa
atividade magmática e extensas zonas de cisalhamentos transcorrentes relacionadas ao
evento Brasiliano. Os seus principais traços estruturais foram estabelecidos por Brito
Neves (1975), que a definiu como um arcabouço tectônico constituído por sistemas ou
faixas de dobramentos, maciços medianos e lineamentos.
Autores, como Barbosa (1970) e Brito Neves (1975), distinguiram as faixas de
dobramentos: Sergipana, Riacho do Pontal, Pajeú, Piancó-Alto Brígida, Seridó,
Jaguaribe e Médio Coreaú, que são separadas pelos maciços Pernambuco-Alagoas, Rio
Piranhas, Tróia e Granja, estes incluindo alguns núcleos de embasamento, bem como os
lineamentos de Pernambuco, Patos, Senador Pompeu e Sobral Pedro II, entre outros.
Brito Neves (1975), Jardim de Sá & Hackspacher (1980), Jardim de Sá (1984) e
Santos et al. (1984), elaboraram diversos modelos de compartimentação tectônica para
PB. Van Schmus et al. (1994, 1995) dividiram a Província Borborema em três
10 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 2. Reconstituição geológica dos blocos cratônicos do NE Brasil e W da África.
Fonte: Caby et al. (1991).
11 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) domínios geotectônicos distintos: o primeiro, localizado a norte do lineamento Patos, é
constituído pelos maciços Rio Piranhas, Caldas Brandão e as supracrustais de idade
supostamente Paleoproterozoica; o segundo, localizado a sul da PB, é constituído pelo
embasamento Paleoproterozoico e Arqueano do Cráton São Francisco; o terceiro,
central (sul do Lineamento Patos), é composto por blocos de embasamento
Paleoproterozoico
a
Arqueano,
alternados
com
faixas
móveis
de
idade
mesoproterozoica e neoproterozoica (Fig. 3).
A PB trata-se de uma província estrutural da Plataforma Sul-Americana,
caracterizada pela riqueza e diversidade do magmatismo granítico, o qual perfaz, em
termos gerais, cerca de 30% de todo o conjunto territorial em apreço (Brito Neves et al.
2003).
II.1.2. MAGMATISMO NA PROVÍNCIA BORBOREMA
O magmatismo granítico é uma das feições mais expressivas da orogênese
Brasiliana na Província da Borborema. Ele está representado por inúmeros corpos com
dimensões e formas variadas. Estas manifestações graníticas se encontram permeando
as faixas de supracrustais (Eo-Neoproterozoica/Cariris Velhos e Neoproterozoicas/
Brasilianas), os fragmentos do embasamento paleoproterozoico retrabalhados
(intrafaixas e interfaixas de supracrustais), e as zonas de cisalhamento que deram a
forma final geométrico-estrutural da província (Brito Neves et al. 2003).
Os trabalhos regionais foram realizados por Almeida et al. (1967), Brito Neves &
Pessoa (1974) e Santos & Melo (1978).
Almeida et al. (1967) identificaram quatro tipos de granitóides, os quais foram
designados como tipos: Conceição (tonalitos a granodioritos), Itaporanga (granodioritos
porfiríticos com megacristais de feldspato atingindo até 10 cm de comprimento),
Itapetim (biotita granitos) e Catingueira (granitoides peralcalinos).
Com base em dados geoquímicos e determinações geocronológicas U-Pb em
zircão e dados isotópicos Sm-Nd de parte destes granitos, Guimarães et al. (1998)
apresentaram uma classificação considerando composição mineralógica, afinidade
12 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 3. Mapa esquemático mostrando o sistema de zonas de cisalhamento da Província
Borborema (Vauchez et al. 1995). ZCCG: zona de cisalhamento Campina Grande; ZCPE:
zona de cisalhamento Pernambuco Leste; ZCPW: zona de cisalhamento Pernambuco Oeste;
ZCFN: zona de cisalhamento Fazenda Nova; ZCG: zona de cisalhamento Granja; ZCPO:
zona de cisalhamento Portalegre; ZCPA: zona de cisalhamento Patos; ZCSP: zona de
cisalhamento Senador Pompeu; ZCS: zona de cisalhamento Sobral; ZCT: zona de
cisalhamento Tauá; ZCTT: zona de cisalhamento Tatajuba.
13 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) geoquímica, natureza das encaixantes e dos possíveis protólitos, principalmente no
domínio central da província, a Zona Transversal. Estes autores subdividiram os
granitoides em cinco grupos: 1. Cálcio-alcalinos Normais; 2. Cálcio-alcalinos de Alto
Potássio (com afinidades shoshoníticas); 3. Sienogranitos, quartzo sienitos e sienitos
com afinidades shoshoníticas; 4. Biotita granitos (transicionais entre alcalinos e
shoshoníticos);
5.
Biotita
sienogranitos
leucocráticos;
biotita
sienogranitos
comagmáticos com basalto e dacitos (idades mais jovens).
O grande volume de granitoides Brasilianos sincrônicos e tardi-tectônicos mostra
que a Orogenia Brasiliana representa o mais intenso evento tectono-térmico na
Província Borborema (Caby et al. 1991). A grande maioria dos plútons referidos fica
localizada nos terrenos da Zona Transversal, com destaque especial para o terreno Alto
Pajeú que concentra grande parte das intrusões, que são caracterizadas por batólitos
compostos ou complexos batolíticos, muitas vezes associados a maciços migmatíticos.
II.2. ARCABOUÇO GEOLÓGICO DO ESTADO DE SERGIPE
O arcabouço geológico do Estado de Sergipe é caracterizado por pertencer a três
províncias estruturais definidas por Almeida et al. 1977: Cráton do São Francisco,
Província Borborema e a Província Costeira e Margem Continental (Fig. 4). Santos et
al. (1998) expõe que as principais unidades geológicas do Estado de Sergipe são
representadas pelo embasamento gnáissico, a Faixa de Dobramentos Sergipana e as
Bacias Sedimentares e formações superficiais (Fig. 5).
II.2.1. Embasamento Gnáissico
O embasamento gnáissico no Estado de Sergipe compreende duas unidades
distintas pertencentes ao Cráton do São Francisco: o complexo gnáissico-migmatítico e
o complexo gnáissico-migmatítico do domo estrutural de Itabaiana e a janela tectônica
em Simão Dias (Santos et al. 1998).
14 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 4. Províncias estruturais do Brasil (Almeida et al. 1977).
15 Figura 5. Esboço tectono-estratigráfico do Estado de Sergipe após Santos et al. (1998).
16 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) O Cráton do São Francisco como as outras províncias geológicas brasilianas (~
600 Ma), foi definido com o nome de plataforma do São Francisco por Almeida (1967,
1969) é um bloco crustal consolidado durante o Paleoproterozoico Inferior, que tem os
seus limites estruturados no Neoproterozoico. Do ponto de vista geotectônico, o Cráton
do São Francisco, pode ser descrito como um mosaico de unidades estruturais, gerado
por sucessivos mecanismos tectônicos que podem ser expressos por acresções crustais
e/ou colisões continentais do final do Paleoproterozoico (Barbosa et al. 2003).
II.2.1.1. Complexo Gnáissico-Migmatítico e Domo de Itabaiana e Simão Dias
O Complexo Gnáissico-Migmatítico compreende duas faixas divergentes em
direção ao norte, constituída por gnaisses, migmatitos e rochas granitoides que afloram
na porção meridional do Estado de Sergipe, separadas pela cunha constituída pelo
Complexo Granulítico, o qual compreende ortognaisses charnoenderbíticos a
charnoquíticos, gnaisses kinzigíticos, rochas calcissilicáticas, metanoritos e biotita
gnaisses migmatizados, além de níveis pouco espessos de quartzitos (Santos et al.
1998).
O Domo de Itabaiana é alongado na direção N50ºE, se expõe com um
comprimento de cerca de 45 km e uma largura máxima de 30 km, aproximadamente. O
núcleo da estrutura é constituído de gnaisse, ao qual se sobrepõem rochas
metassedimentares miogeossinclinais que, por erosão da parte central, formam uma
borda topográfica ao redor do gnaisse (Humphrey & Allard 1969).
O Domo de Simão Dias é muito menor e continua para o leste ao longo de uma
faixa muito estreita de gnaisses miloníticos (D’el-Rey Silva & McClay 1995). O gnaisse
exposto no núcleo do domo estrutural e numa janela tectônica em Simão Dias é
predominantemente um gnaisse quartzo-feldspático, que tem como minerais
característicos mica e hornblenda, e é cortado por diques e/ou soleiras de rochas básicas.
Estes dois corpos de gnaisse estão conectados por uma estreita faixa de gnaisse
cisalhado e milonitizado, que inclui lentes de quartzito milonitizado. Esta faixa se acha
17 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) exposta, por causa de deslocamentos sofridos pelas rochas cavalgantes, por falhamento
normal ao longo de zonas de cisalhamento mais antigas (Humphrey & Allard 1969).
II.2.2. Faixa Sergipana
A Faixa de Dobramentos Sergipana situa-se entre os granulitos e os gnaisses de
grau anfibolito da parte norte do Cráton do São Francisco, ao sul, e o Maciço
Pernambuco-Alagoas ao norte (Mascarenhas et al. 1984, Santos & Brito Neves 1984).
A faixa exibe uma forma triangular e é seccionada por diversas falhas de empurrão e
transcorrentes ESE-WNW (D’el-Rey Silva 1992), estendendo-se do litoral dos estados
de Sergipe e Alagoas, onde alcança uma largura da ordem de 200 km, até o sul da
cidade de Curaçá, no norte do Estado da Bahia (Brito Neves et al. 1977).
O conhecimento geológico a cerca da Faixa Sergipana foi baseado em diversos
trabalhos realizados por universidades, bem como por companhias federais e estaduais,
como PETROBRÁS, CPRM entre outras.
Humphrey & Allard (1969), em estudos iniciais descreveram sobre a
Geossinclinal de Propriá, detalhando as principais unidades litoestratigráficas e
estabeleceram os elementos básicos da geologia da área. Brito Neves et al. (1977)
advogaram o Sistema de Dobramentos Sergipano como um choque de duas placas
litosféricas rígidas, correspondentes ao Cráton do São Francisco, ao sul, e o Maciço
Pernambuco-Alagoas, ao norte, com uma zona de subducção dirigida para sul.
Silva Filho et al. (1979) mapearam sistematicamente a “Geossinclinal Sergipana”,
a qual consta do Supergrupo Canudos, que engloba os Grupos Inferior e Superior,
correspondendo aos Grupos Miaba e Vaza Barris, respectivamente, e representando à
fácies miogeossinclinal; o Grupo Macururé representa à fácies eugeossinclinal e
apresenta ocorrência de granitoides tardi a pós-tectônicos.
A Faixa Sergipana (Fig. 6) compreende seis domínios litotectônicos separados
pelas falhas de Itaporanga, São Miguel do Aleixo, Belo Monte-Jeremoabo e Macururé
(Davison & Santos 1989). O Domínio Estância é a parte sedimentar depositada sobre o
cráton, o Domínio Vaza Barris é a parte meta (vulcano) sedimentar, o Domínio
18 19 Figura 6. Mapa geológico da Faixa Sergipana e áreas adjacentes (D’el-Rey Silva 1992), dividida em seis domínios litotectônicos: Estância, VazaBarris, Macururé, Marancó, Poço Redondo e Canindé, separados por grandes sistemas de falhas que são: Falha de Itaporanga (FI), Falha de São
Miguel do Aleixo (FSMA), Falha de Belo Monte-Jeremoabo (FBMJ) e Falha de Macururé (FMS). Além dessas estruturas, também são
ressaltadas as janelas estruturais dos Domos de Itabaiana e Simão Dias, no Domínio Vaza-Barris e o Domo de Jirau do Ponciano, na porção
setentrional do Domínio Macururé.
Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Macururé é a parte (meta) vulcanossedimentar depositada em torno do domo de Jirau do
Ponciano. Neste último domínio, além dos migmatitos de Poço Redondo, os domínios
Marancó e Canindé são derivados principalmente de rochas ígneas, que formam a parte
norte da faixa, que é limitada a sul pela falha de São Miguel do Aleixo (Santos et al.
1988, Davison & Santos 1989, D'el-Rey Silva 1992).
A compartimentação adotada para a Faixa Sergipana, nesta dissertação, segue a
estabelecida por Santos et al. (1988) e complementada por Davison & Santos (1989),
em que são reconhecidos domínios limitados por descontinuidades estruturais profundas
e com feições geológicas distintas. Estes domínios foram denominados de Estância,
Vaza-Barris, Macururé, Marancó, Poço Redondo e Canindé.
Brito Neves & Cordani (1973) atribuem uma idade relativa de 673 ± 20 Ma. para
a fase principal do metamorfismo regional que afetou a Faixa Sergipana, tendo sido
perturbada pela ocorrência de corpos graníticos com idade máxima de 630 ± 23 Ma. e
idade mínima de 590 ± 30 Ma., todos eles inseridos durante o Ciclo Brasiliano.
II.2.2.1. Domínio Estância
Inicialmente denominada de Formação Estância (Humphrey & Allard 1969)
compreende os arenitos finos e siltitos não deformados que afloram abundantemente na
área ao sul de Lagarto e Simão Dias, até Tobias Barreto, incluindo-se, também,
afloramentos esparsos a leste de Itaporanga, Estância, e ao longo do Rio Real.
O Grupo Estância é uma pilha de rochas sedimentares quase não deformadas, que
foi depositada na borda do cráton. Essas rochas correspondem a típicos sedimentos de
plataforma estável e estilo idiomórfico de dobramento (fraco e descontínuo) e é
provavelmente de idade neoproterozoica, com base em algumas correlações regionais
(Brito Neves 1998).
20 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) II.2.2.2. Domínio Vaza-Barris
O Domínio Vaza-Barris localiza-se na parte central do Estado de Sergipe,
prolongando-se para oeste, além do limite estadual, e, para leste, até a Bacia de Sergipe
(Santos et al. 1998). Humphrey & Allard (1969) descreveram o Grupo Vaza-Barris
como sendo constituído de filitos, metagrauvacas e metagrauvacas seixosas,
metacalcários e metadolomitos, metarenitos, metassiltitos e lentes finas e descontínuas
de rochas metavulcânicas.
D’el-Rey Silva (1999) descreveu o Domínio Vaza-Barris como uma cunha de 1-4
km de espessura de metassedimentos siliciclásticos e carbonatos plataformais marinho
raso (miogeoclinal) e pequenas ocorrências de rochas vulcânicas em torno dos domos
do embasamento. É constituído principalmente de rochas sedimentares clásticas e
químicas submetidas às condições da Fácies Xisto Verde.
II.2.2.3. Domínio Macururé
O Domínio Macururé é uma cunha com <13 km de espessura que constituído pelo
Grupo Macururé (metassedimentos siliciclásticos, carbonato e metavulcânicas), um
conjunto de granitos cálcio-alcalinos sin- a pós-tectônicos (D’el-Rey Silva 1999).
Davison & Santos (1989) estudaram o Domínio Macururé e o descreveram sua
estratigrafia como sendo dominado por uma espessa sequência de grauvaca, siltitos e
folhelhos, que são, por vezes, ritmicamente acamadados em uma escala centimétrica.
O metamorfismo atinge a Fácies Anfibolito.
Uma característica marcante neste domínio é a presença de abundantes corpos de
granitoides intrusivos, tardios a pós-tectônicos. Estes plútons ocupam cerca de 25% da
área de superfície e são referidos como Tipo Glória, observando-se granodioritos com
fenocristais de anfibólio e biotita, e ricos em enclaves máficos (Davison & Santos
1989). Estas intrusões provocam metamorfismo de contato nos metassedimentos
encaixantes e modificações nas estruturas pretéritas (Santos et al. 1998).
21 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) II.2.2.4. Domínio Marancó
Esse domínio ocorre apenas a leste da Bacia do Tucano. Ele é composto
principalmente (80% por área) por lavas riolíticas e dacíticas com termos básicos
anfibolitizados inter-bandados subordinados, pelitos, conglomerados de derivação
vulcânica, quartzitos e carbonatos (Davison & Santos 1989). O domínio caracteriza-se
pela presença de rochas do Complexo Marancó, de natureza vulcanossedimentar,
imbricado tectonicamente com granitoides Tipo Serra Negra. Tanto o complexo como
os granitoides Tipo Serra Negra mostram-se intensamente cisalhados, com foliações
subverticais, subparalelas a zonas de cisalhamento dúctil contracionais oblíquas de alto
ângulo, e com transcorrências rúpteis transversais superpostas (Santos et al. 1998). O
metamorfismo é de Fácies Anfibolito.
II.2.2.5. Domínio Poço Redondo
O Domínio Poço Redondo ocupa a área delimitada na falha entre os municípios
de Canindé e Poço Redondo e o limite com a Bacia de Tucano (D’el-Rey Silva 1992). A
complexa sequência de ortognaisses e paragnaisses, migmatizados, e injetada por
granitos e granodioritos sincrônicos e pós-tectônicos indicam que o nível de exposição
crustal desta área é mais profundo do que o Domínio Macururé e o Domínio Marancó
(Davison & Santos 1989).
Carvalho (2005) descreve esse domínio sendo constituído por migmatitos, biotita
gnaisses e várias intrusões graníticas, tais como Serra Negra, granodiorito Sítios Novos.
Limita-se com o Domínio Macururé através da falha Belo Monte-Jeremoabo e o
metamorfismo atinge a Fácies Anfibolito Alto (Santos et al. 1998).
Esse domínio caracteriza-se pela presença de granitos diversos dos tipos Glória,
Xingó e Serra do Catu. Observa-se a ocorrência de enclaves de anfibolitos bandados, e,
por vezes, de rochas cálcio-silicáticas e de mármores, estes últimos mais frequentes na
região de Paulo Afonso, na Bahia (Santos et al. 1998).
22 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) II.2.2.6. Domínio Canindé
É o domínio mais setentrional da faixa, constituindo uma faixa de direção NWSE, paralela ao Rio São Francisco (Santos et al. 1998). O Domínio Canindé consiste de
gabros (Complexo Canindé), basaltos, xistos ultrabásicos, lavas félsicas, mármores,
xistos pelíticos, acompanhados por intrusões graníticas (Silva Filho et al. 1981). Os
gabros são intrusivos em metassedimentos e variam de leucogabro a composição
ultrabásica, mas domina a presença de gabro isotrópico com clinopiroxênio,
plagioclásio e raros fenocristais de ortopiroxênio (Davison & Santos 1989).
Oliveira et al. (2010) descreveram que o Complexo Canindé Gabróico
compreende camadas maciças de olivina-gabronorito, leucogabro, anortosito, troctolito
e em menor volume tem-se gabro pegmatítico, norito e peridotito, onde estas unidades
são atravessadas por granitos, granodioritos e granitos rapakivi. O metamorfismo varia
da Fácies Xisto Verde até a Fácies Anfibolito. Desse modo, nas rochas supracrustais
foram individualizadas as unidades Mulungu, Garrote, Novo Gosto e Gentileza,
encaixantes do plutonismo gabróico denominado de Suíte Intrusiva Canindé (Santos et
al. 1998).
A Suíte Intrusiva Canindé apresenta grande variedade composicional, onde são
identificados gabros normais, noritos, micrograbos, olivina gabros, leucogabros,
anortositos, troctolitos e rochas ultramáficas, por vezes com texturas de cumulus e
intercumulus, indicativas de processos de diferenciação magmática (Santos et al. 1998).
O Domínio Canindé apresenta granitos dos tipos Garrote, Tipo Curralinho, Xingó e
Serra do Catu (Santos et al. 1998).
II.2.2.7. Granitoides na Faixa Sergipana
A Faixa Sergipana apresenta ampla distribuição de corpos graníticos no Estado de
Sergipe, tendo sido caracterizados e agrupados tomando-se como referência a época de
colocação (em relação aos principais eventos tectônicos tangenciais) e suas
características petrogenéticas (Santos et al. 1998).
23 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fujimori (1989) estudou granitoides Tipo Glória, tendo como principais corpos
analisados Coronel João Sá, Itabi, Nossa Senhora da Glória e Propriá. Enquadrou essas
rochas a uma origem possivelmente mantélica para sua colocação num ambiente de
arcos vulcânicos.
Santos et al. (1998) denominaram esses granitos como tipos Garrote, Serra Negra,
Curralinho, Glória, Xingó, Serra do Catu e Propriá. Alguns tipos são comuns aos
domínios Macururé, Poço Redondo, Canindé e Marancó, enquanto outros são restritos
apenas a determinados domínios (Tab. 1). A distribuição geográfica mostra, grosso
modo, que existe um zoneamento composicional, indicando que a alcalinidade cresce no
sentido norte.
Silva Filho et al. (1997) dividiram os granitos da Faixa Sergipana em quatro tipos:
(i) granitoides cálcio-alcalinos normais caracterizados pelos granitos Coronel João Sá,
Glória e Macururé, pertencentes ao Domínio Macururé; (ii) granitoides cálcio-alcalinos
de alto K, representados pelo granito Sítios Novos, nos domínios Canindé, Marancó e
Poço Redondo; (iii) granitoides de afinidade shoshonítica, localizados no Domínio
Canindé-Marancó e Maciço Pernambuco-Alagoas, e representados pelos granitos
Curituba e Serra do Catú; e (iv) leucogranitos que ocorrem na parte sudeste do granito
Sítios Novos, no Maciço Pernambuco- Alagoas e no Domínio Macururé (granito
Carira).
Tabela 1. Tipos de granitoides da Faixa Sergipana. Fonte: Santos et al. 1998.
Tipos de Granitoides
Domínios
Composição
Garrote
Canindé
Granítica
Serra Negra
Marancó
Granodiorítica a quartzo-monzonítica
Curralinho
Canindé
Granítica a granodiorítica
Glória
Macururé, Poço Redondo
Granodiorítica,
e Marancó
monzodiorítica e granítica
Marancó, Poço Redondo
Granítica
Xingó
monzonítica,
quartzo-
e Canindé
Serra do Catu
Marancó, Poço Redondo
Sienítica e Monzonítica
e Canindé
Propriá
Macururé
Granítica
24 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) II.2.3. Bacias Sedimentares
As bacias sedimentares do Estado de Sergipe estão situadas nas seguintes regiões:
a leste do Estado, avançando sobre a plataforma continental (Bacia de Sergipe); e a
noroeste e sudoeste do Estado, respectivamente nas regiões dos riachos Curituba e da
Barra, e da cidade de Poço Verde, no limite com o Estado da Bahia (Bacia de Tucano
Central e Norte). A sua origem está relacionada ao sistema de riftes precursores da
separação entre a América do Sul e a África: o rifte de Tucano representando as fases
iniciais da separação e o de Sergipe, a separação definitiva (Santos et al. 1998).
Santos et al. (1998) descrevem que as formações superficiais cenozoicas que
ocorrem no Estado de Sergipe abrangem o Grupo Barreiras, as coberturas tércioquaternárias e as coberturas quaternárias (pleistocênicas e holocênicas).
Os sedimentos do Grupo Barreiras estão distribuídos amplamente no leste do
Estado de Sergipe separados da linha de costa pelas coberturas continentais
pleistocênicas e holocênicas (Santos et al. 1998). O Grupo Barreiras é constituído por
sedimentos terrígenos (cascalhos, conglomerados, areias finas e grossas e níveis de
argila), pouco ou não consolidados, de cores variegadas e estratificação irregular,
normalmente indistinta (Vilas Boas 1996).
25 CAPÍTULO III GEOLOGIA LOCAL Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) CAPÍTULO III – GEOLOGIA LOCAL
III.1. INTRODUÇÃO
No Domínio Macururé existem vários corpos graníticos (Fig. 7). Inicialmente os
estudos de Humphrey & Allard (1969) reconheceram a presença de granitos presentes
neste domínio, os quais foram reunidos sob a denominação de batólito de Glória.
Nos trabalhos de Santos et al. (1988, 1998) foram descritos de granitoides Tipo
Glória. Entretanto o trabalho abordou uma temática mais generalizada dos corpos.
Até o momento, os granitos que ocorrem no Domínio Macururé só haviam sido
estudados de forma generalizada, sem uma caracterização individualizada dos corpos
sob o ponto de vista petrogenético e geoquímico. Chaves (1991) realizou um estudo
detalhado do ponto de vista petrográfico e geoquímico dos maciços Cel. Coronel João
Sá e Glória, e também descreveu de forma geral outros corpos pequenos, como por
exemplo, Veneza, Boa Sorte, Monte Alegre de Sergipe, Carira, Santa Helena, Tanque
Novo, Lagoa do Roçado e Lagoa Bonita.
Estudos recentes ampliaram o conhecimento sobre algumas das intrusões
graníticas do Tipo Glória presentes no Domínio Macururé. Conceição et al. (2012)
descreveram o Maciço Granítico Glória Sul como sendo caracterizado por exibir
texturas granular e inequigranular, coloração cinza claro e esbranquiçada, presença de
enclaves máficos microgranulares e vários tipos petrográficos. Lisboa et al. (2012)
estudaram o Maciço Glória Norte que apresenta formato circular, sendo constituído por
granodioritos e monzonitos. Oliveira et al. (2012) realizaram estudos sobre o Stock
Monte Alegre, que exibe uma área de aproximadamente de ±10 km2, exibindo
geometria elipsoidal e constituído por granitos e quartzo monzonitos. Silva et al. (2013)
descreve o Stock Lagoa do Roçado como um corpo de aproximadamente 7 km2, forma
alongada, com rochas inequigranulares e presença de enclaves máficos microgranulares.
27 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 7. Mapa do Estado de Sergipe no contexto dos estados vizinhos com a
localização do Domínio Macururé (área na cor cinza) (A). Esboço geológico do
Domínio Macururé apresentando, em rosa, as intrusões de granito (B). A área em
destaque, delimitada pelo retângulo preto corresponde ao corpo granítico objeto deste
estudo. Fonte: Santos et al. (1998).
28 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) As rochas graníticas estudadas neste trabalho pertencem ao Stock Granítico Glória
Sul, bem como enclaves que ocorrem associados ao mesmo e as rochas encaixantes.
Neste capítulo serão apresentadas as características de campo das rochas estudadas.
III.2. Geologia do Stock Granítico Glória Sul
O Stock Granítico Glória Sul está localizado aproximadamente na porção central
do Domínio Macururé, a norte da cidade de Nossa Senhora da Glória, no Estado de
Sergipe. Esta intrusão exibe uma forma levemente arredondada, ocupando uma área de
aproximadamente de 41 km2 (Fig. 8).
A região apresenta um relevo bastante aplainado, onde os afloramentos se
apresentam sob a forma de lajedos (Fig. 9), com acesso facilitado pela boa malha
rodoviária de estradas secundárias.
As rochas que constituem este stock exibem uma grande homogeneidade
composicional e textural, sendo constituídas por granitos leucocráticos de coloração
esbranquiçada na maior parte do stock, localmente exibindo tipos de coloração
acinzentada e textura equigranular. É evidente a presença de enclaves máficos
microgranulares e por vezes percebe-se que as rochas exibem anisotropismo marcado
pela orientação dos cristais de micas.
O mapeamento das rochas permitiu identificar que predominam no SGS granitos,
podendo-se delimitar no corpo a ocorrência de quatro fácies petrográficas: Fácies
Granito com Muscovita e Biotita, Fácies Muscovita Granito, Fácies Biotita Granito, e
Fácies Granito com Granada. Enclaves máficos microgranulares de composição álcalifeldspato quartzo sienito ocorrem localmente localizados nas fácies Biotita Granito e
Granito com Muscovita Biotita.
Foram visitados e descritos 56 afloramentos no stock sendo que em 23
afloramentos foram coletadas amostras. Na encaixante foram visitados um total de 38
pontos com 5 pontos amostrados (Fig. 8).
29 30 Figura 8. Mapa faciológico e afloramentos estudados no Stock Granítico Glória Sul e encaixante. Legenda: círculos brancos correspondem a
pontos não amostrados e círculos pretos a pontos amostrados.
Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) III.2.1. Fácies Granito com Muscovita e Biotita
Esta fácies é a mais representativa do stock (Fig. 8) ocupando a região central e
leste do corpo. Seus afloramentos constituem-se em lajedos e/ou blocos, e suas rochas
apresentam uma coloração clara, granulação média, textura equigranular e mais
raramente anisotrópica (Fig. 10). Uma feição característica é a ocorrência de enclaves
máficos microgranulares (Fig. 11).
III.2.2. Fácies Muscovita Granito
Esta fácies localiza-se na porção oeste/sudoeste do corpo (Fig. 8). Os
afloramentos normalmente ocorrem como lajedos e/ou blocos com boas exposições, e
raramente a rocha mostra alguma alteração (Fig.12). Os cristais de muscovita nessa
fácies materializam a presença de foliação tectônica N100º/65ºSW (Fig. 13). Essas
rochas são de coloração clara, granulação fina a média, equigranular (Fig. 14).
III.2.3. Fácies Biotita Granito
Essa fácies ocorre de forma localizada na parte noroeste do stock (Fig. 8), onde
seus afloramentos distribuem-se como lajedos e/ou blocos, exibindo uma coloração
cinza, granulação fina, textura equigranular, isotrópica, e apresentando um expressivo
volume de enclaves máficos microgranulares (Fig. 15).
III.2.4. Fácies Granito com Granada
Esta fácies ocorre na porção norte do stock (Fig. 8). Os seus afloramentos
apresentam-se como lajedos e/ou blocos, com rochas exibindo uma coloração cinza,
mas em algumas áreas a coloração alterna para bege clara. Apresenta granulação grossa,
textura inequigranular e estrutura isotrópica.
31 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 9. Aspecto geral de um afloramento do Stock Granítico Glória Sul, apresentandose comumente sob a forma de grandes lajedos.
Figura 10. Textura geral característica da Fácies Granito com Muscovita e Biotita.
Observar no canto superior direito da figura a presença de dois pequenos enclaves
máficos microgranulares.
32 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 11. Textura geral da Fácies Granito com Muscovita e Biotita, observando-se no
centro da figura a presença de enclave máfico microgranular estirado.
Figura 12. Visão geral da Fácies Muscovita Granito, que ocorre sob a forma de lajedo.
33 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 13. Textura geral da Fácies Muscovita Granito. Notar o grande volume de
cristais de muscovita (pontuações marrom claro), o que confere a rocha um sutil
anisotropismo.
Figura 14. Lajedo da Fácies Muscovita Granito, representada por uma rocha de
coloração clara e textura equigranular.
34 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Nesta fácies encontra-se uma zona de contato com a rocha encaixante bastante
proeminente, sendo possível observar a ocorrência de injeções graníticas de coloração
bege clara. Os contatos entre esta fácies e os metassedimentos são comumente bruscos,
sinuosos ou amebóides, exibindo em algumas regiões um aspecto de material
“amassado” (Fig. 16). Cristais de granada apresentam-se em determinadas regiões como
fenocristais no granito e é possível observar a ocorrência de xenólitos da rocha
encaixante.
III.2.5. Enclaves Máficos Microgranulares
Os enclaves máficos microgranulares ocorrem de forma restrita nas fácies Biotita
Granito e Granito com Muscovita e Biotita. Eles são leucocráticos e apresentam uma
textura equigranular fina, coloração cinza escuro, além de formas, tamanhos e
distribuição variáveis (elípticas, arredondadas ou alongadas). Raramente se apresentam
como enclaves múltiplos (Fig. 17).
O termo “enclave” é uma denominação genérica aplicada a todo e qualquer
agregado mineral ou poliminerálico incluído em rochas ígneas (Barbarin & Didier
1991). Incluem xenólitos do material encaixante, autólitos (cumulatos fragmentados),
xenocristais, enclaves micáceos (resíduos de fusão), enclaves félsicos (fragmentos
félsicos de margens resfriadas) e enclaves microgranulares félsicos ou máficos
(usualmente resultantes de processos de mistura de magmas). Segundo a classificação
de Barbarin & Didier (1992) (Fig. 18), os enclaves microgranulares que ocorrem no
SGS podem ser relacionados ao estágio 2, que representa o estágio de mingling.
Os
enclaves
máficos
microgranulares
do
SGS
apresentam
dimensões
centimétricas a decimétricas. Possuem contatos comumente bem definidos. É possível
observar a formação de uma borda escura com poucos milímetros de largura
enriquecida em minerais máficos (biotita e anfibólio) de granulação mais fina cuja
transição para a porção interna do enclave é gradacional (Fig. 19). Segundo Didier
(1973) o escurecimento na borda dos enclaves é devido à diminuição da granulometria e
tem sido interpretada como resultante de resfriamento rápido de um magma máfico ao
entrar em contato com um magma félsico mais frio.
35 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 15. Textura característica da Fácies Biotita Granito em que se observa a presença
de enclaves máficos microgranulares. Esta fácies é que apresenta a maior concentração
de enclaves do stock.
Figura 16. Zona de contato da Fácies Granito com Granada com o embasamento,
observando-se injeções graníticas (coloração bege clara) nos metassedimentos do
Domínio Macururé. Observar que o contato entre o granito e a rocha encaixante
assemelha-se a um material “amassado”.
36 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A
B
C
D
E
F
Figura 17. Diversas formas dos Enclaves Máficos Microgranulares presentes no SGS.
[A] Enclave máfico microgranular estirado; [B] Enclave máfico microgranular
anguloso; [C] Enclave máfico microgranular anguloso; [D] Enclave máfico
microgranular múltiplo e em formato de coração; [E] Enclave máfico microgranular
aparentemente oval; [F] Enclave máfico microgranular arredondado múltiplo.
37 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 18. Esquema ilustrativo da interação entre o magma máfico e félsico durante a
cristalização do magma félsico segundo Barbarin & Didier (1992).
Figura 19. Enclave máfico microgranular arredondado localizado na Fácies Biotita
Granito, exibindo uma borda mais escura em decorrência da acumulação de biotita e
diopsídio.
38 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) III.3. Geologia das Rochas Encaixantes
As rochas encaixantes correspondem a muscovita biotita granada xisto, cálciosilicáticas e metarenitos, ocorrendo sob a forma de lajedos, blocos, exposições nas
estradas e as margens de drenagens. Muscovita Biotita Granada Xisto representa a rocha dominante no Domínio
Macururé, dispondo-se comumente como lajedos e/ou exposições ao longo de estradas,
por vezes às margens de drenagens. Ela exibe uma coloração cinza escura, granulação
fina a média e textura inequigranular. A granada em algumas regiões aparecem como
porfiroblastos (Fig. 20). Os contatos com as rochas do stock são bruscos, sinuosos ou
ameboides. Nas zonas de contato são observadas injeções graníticas leucocráticas
dobradas (Fig. 21) ou mais raramente a rocha encaixante apresenta-se sob a forma de
brecha com o granito leucocrático (Fig. 22). Foram observadas feições localizadas em
determinadas áreas da encaixante, como diques de granito leucocrático (Fig. 23) e
estrutura em “boudin” (Fig. 24).
Cálcio-silicáticas ocorrem de forma restrita no Domínio Macururé, como camadas
centimétricas nos metassedimentos.
Metarenitos correspondem a exposições em corte de estrada, apresentando-se
como uma rocha de coloração bege, granulação fina, textura equigranular (Fig. 25).
Nessas rochas é possível observar estruturas primárias preservadas (S0).
39 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 20. Textura típica do xisto do Domínio Macururé. Observar o grande volume dos
cristais de muscovita (pontuações exibindo brilho) e de granada que ocorre como
porfiroblastos (pontuações em coloração rosada).
Figura 21. Injeções graníticas leucocráticas dobradas ocorrendo dentro do xisto
(coloração cinza), no Domínio Macururé.
40 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 22. Afloramento nas margens do riacho da Lagoa. Notar que a rocha encaixante
(coloração cinza) ocorre de forma fragmentada como brechas, em contato com o granito
(coloração bege).
Figura 23. Dique de granito leucocrático cortando o xisto do Domínio Macururé. Notar
diversas injeções graníticas leucocráticas, por vezes dobradas na rocha encaixante.
41 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 24. Estrutura em “boudin” presente de forma pontual no xisto do Domínio
Macururé.
Figura 25. Metarenito presente no Domínio Macururé. É possível observar estrutura
primária preservada (S0).
42 CAPÍTULO IV PETROGRAFIA Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) CAPÍTULO IV – PETROGRAFIA
IV.1. INTRODUÇÃO
Uma retrospectiva histórica revela que estudos texturais e petrográficos, com o
uso extensivo do microscópio no início do século 19, levaram à distinção de diferentes
tipos de rochas e à definição de províncias ígneas (Young 2003). A análise petrográfica
é fundamental para o desenvolvimento de investigações petrológicas e geoquímicas. A
identificação e quantificação das fases minerais e relações texturais/estruturais em
rochas fornecem indicações sobre a evolução magmática e prováveis fontes.
A análise textural é um fator imprescindível. O termo textura está relacionado à
maneira como um mineral se relaciona com os demais ao seu redor, considerando
fatores como grau de cristalinidade, tamanho, forma e relações mútuas com outros
cristais e/ou vidro, quando presentes. As revisões dos fatores mais relevantes na
formação de texturas nas rochas ígneas podem ser vistas em MacKenzie et al. (1982),
Conceição (1986), Bard (1987), Shelley (1992), Hibbard (1995), Winter (2001) e
Vernon (2004).
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos através de estudos
petrográficos em lâminas delgadas pertencentes ao Stock Granítico Glória Sul,
compreendendo descrições mineralógicas e texturais de suas rochas. O stock apresenta
tipos distintos de rochas em campo as quais foram agrupadas nas fácies petrográficas:
(i) Fácies Granito com Muscovita e Biotita; (ii) Fácies Muscovita Granito; (iii) Fácies
Biotita Granito; (iv) Fácies Granito com Granada e os (v) Enclaves Máficos
Microgranulares. Igualmente foram descritas lâminas delgadas de rochas encaixantes
pertencentes ao Domínio Macururé.
O stock estudado apresenta uma composição predominantemente granítica, com
textura equigranular, exibindo uma discreta variação composicional na assembleia
mineral. Nas fácies identificadas, percebe-se que as diferenças ocorrem em função da
presença de muscovita ou biotita, ou na ocorrência dos dois minerais, bem como na
ocorrência de enclaves máficos microgranulares.
44 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2. Classificação e Nomenclatura das Rochas
Foram estudadas 22 lâminas delgadas e os resultados da análise modal (Tab. 2).
Quatorze delas foram de granitos, duas de enclaves e seis dos metamorfitos encaixantes.
A nomenclatura utilizada para à caracterização destas rochas foi aquela
recomendada pela Internacional Union of Geology Sciences (Le Maître et al. 2002),
onde as composições modais foram lançadas nos diagramas QAP e Q(A+P)M de
Streckeisen (Fig. 26).
As composições modais foram obtidas através de contagem de pontos. As
amostras do Stock Granítico Glória Sul alocaram-se no campo das rochas graníticas e as
amostras dos enclaves no campo do álcali-feldspato quartzo sienito (Fig. 26). Quanto ao
índice de cor, quando lançadas no diagrama Q-(A+P)-M (Fig. 26), as rochas graníticas
do Stock Granítico Glória Sul alocam-se nos campos das rochas hololeucocráticas e
leucocráticas, enquanto que, os seus enclaves ocupam o campo das rochas leucocráticas.
IV.2.1. Fácies Granito com Muscovita e Biotita
Um total de duas lâminas delgadas foram analisadas para esta fácies. Amostras:
FDS-07 e FDS-60.
As rochas desta fácies representam a parte mais representativa do stock ocorrendo
na região central e leste do corpo. A mineralogia essencial é constituída por feldspato
alcalino, quartzo, plagioclásio, muscovita e biotita. Os minerais acessórios presentes são
titanita, epídoto, zircão, apatita e minerais opacos.
Em linhas gerais as rochas desta fácies caracterizam-se por exibirem textura
hipidiomórfica (Fotomic. 1), apresentando presença de texturas pertítica, antipertítica e
mirmequítica.
IV.2.1.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos
O feldspato alcalino é o mineral mais abundante nessa fácies, correspondendo
entre 40,5 e 55,4% do volume (Tab. 2). Apresenta-se geminado segundo as leis Albita45 10,4
44,2
7,4
-
-
-
-
-
2,2
0,5
-
-
-
100
Pl
Kfs
Ms
Bt
Hbl
Di
Grt
Ttn
Ep
Ap
Zrn
Cb
Opq
Total
35,3
Qz
FDS-04
100
-
-
-
0,1
1,5
0,2
-
-
-
-
10,9
55,2
9,6
22,5
FDS-61
100
-
-
0,1
0,1
1,4
0,2
-
-
-
-
8,0
40,5
10,1
39,6
FDS-64
FMG
100
0,1
-
0,1
0,1
2,6
0,2
-
-
-
1,0
11,3
34,1
10,3
40,2
FDS-65
100
-
0,1-
0,1
0,1
0,3
0,2
-
-
-
0,5
8,3
50,4
10,5
29,5
FDS-66
100
-
-
0,1
0,1
0,5
0,3
-
-
-
-
7,5
46,5
10,5
34,5
FDS-69
100,1
0,1
0,2
0,2
0,3
0,9
0,3
-
1,2
-
8,0
0,7
38,5
16,5
33,2
FDS-10A
99,9
0,1
-
0,1
0,1
0,7
0,2
-
-
0,2
6,5
-
50,3
13,3
28,4
FDS-11
100
0,1
-
-
0,2
1,7
-
-
-
-
7,5
-
42,5
11,5
36,5
FDS-57A
FBG
100
0,1
-
0,1
0,1
0,3
0,2
-
-
-
22,5
1,0
37,6
15,5
22,6
FDS-213
100
0,1
-
-
0,2
0,3
0,4
-
-
-
4,0
4,8
40,5
12,5
37,2
FDS-07
100
-
-
0,1
0,1
0,2
0,2
-
-
-
3,5
2,3
55,4
9,7
28,5
FDS-60
FGMB
100
0,1
-
0,1
0,2
-
-
-
-
0,5
9,4
2,0
26,9
24,8
36,0
FDS-09B
FGG
100
0,1
-
0,1
0,1
0,9
0,2
1,3
-
-
19,7
4,3
25,0
23,8
24,5
FDS-67
100
0,2
0,1
0,2
0,7
1,6
1,3
-
7,6
0,6
18,9
-
51,8
4,8
12,2
FDS-10B
FE
46 100
0,5
0,2
0,1
0,5
1,1
1,4
-
10,8
0,4
16,2
-
52,1
2,1
14,6
FDS-58
Tabela 2. Análises modais das rochas pertencentes ao Stock Granítico Glória Sul. Legenda: FMG-Fácies Muscovita Granito; FBG–Fácies Biotita
Granito; FGMB–Fácies Granito com Muscovita e Biotita. FGG–Fácies Granito com Granada; FE–Fácies Enclaves. Qz–Quartzo; Pl–
Plagioclásio; Kfs–Feldspato Alcalino; Ms–Muscovita; Bt–Biotita; Hbl–Hornblenda; Di–Diopsídio; Grt–Granada; Ttn–Titanita; Ep–Epídoto; Ap–
Apatita; Zrn–Zircão; Cb–Carbonato; Opq–Mineral opaco.
Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) 47 Figura 26. Diagramas de nomenclatura. Diagrama QAP de Streckeisen (1976, in Le Maître et al. 2002) aplicado as rochas do Stock Granítico
Glória Sul. Q= Quartzo; A= Feldspato Alcalino e albita (<5%An); P= Plagioclásio (>5%An). Quartzo Diorito/Quartzo Gabro [1]; Quartzo
Monzodiorito [2]; Quartzo Monzonito [3]; Quartzo Sienito [4]; Álcali-feldspato Quartzo Sienito [5]; Tonalito [6]; Granodiorito [7]; Granito [8];
Álcali Granito [9]. Diagrama Q-(A+P)-M aplicado às rochas do Stock Granítico Glória Sul. Q = Quartzo; A+P = Feldspato Alcalino e
Plagioclásio; M = Minerais Máficos. Legenda: Muscovita Granito (círculo), Biotita Granito (hexágono), Granito com Muscovita e Biotita
(quadrado), Granito com Granada (losango) e Enclaves (estrela).
Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) 48 Fotomicrografia 1. Foto-mosaico apresentando textura hipidiomórfica da Fácies Granito com Muscovita e Biotita. Nessa imagem tem-se os
seguintes minerais presentes: muscovita (Ms), plagioclásio (Pl), feldspato alcalino (Kfs), biotita (Bt) e quartzo (Qz). Observação realizada com
sistema em luz polarizada. Aumento 4X.
Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Periclina. Ocorrem como cristais xenomórficos, apresentando-se como fenocristais com
dimensões variando de 0,8 a 2,3 mm com predominância de indivíduos de 1,2 mm e os
demais cristais variando nos tamanhos de 0,04 a 0,9 mm com predominância de
indivíduos de 0,6 mm. Alguns indivíduos exibem textura pertítica e tipo mirmequítica
bem como extinção ondulante difusa. Exibem contatos normalmente irregulares com os
demais minerais da rocha e exibem inclusões de epídoto, muscovita, apatita, titanita,
zircão e minerais opacos. A maioria dos cristais exibe uma feição com aspecto de
“sujeira” sugerindo uma provável alteração.
O quartzo corresponde entre 28,5 e 37,2% do volume (Tab. 2), apresentando-se
como cristais xenomórficos, com dimensões variando de 0,1 a 1 mm com
predominância de indivíduos de 0,3 mm. Alguns cristais exibem extinção ondulante do
tipo em setor e os contatos apresentam-se como irregulares (curvos, ameboides) com os
demais minerais da rocha. Estes cristais apresentam inclusões de apatita, biotita e
feldspato alcalino.
O plagioclásio (albita) apresenta uma variação de 9,7 a 12,5% do volume (Tab.
2). Exibem geminação polissintética segundo as leis Albita e Albita-Carlsbad. Ocorrem
normalmente como indivíduos xenomórficos, de dimensão variando entre 0,06 a 1,3
mm com predominância de indivíduos de 0,4 mm. Em alguns cristais identifica-se
textura antipertítica, mirmequítica e extinção ondulante concêntrica. Os contatos são
irregulares (tipo reentrante, ameboide) com os demais cristais da rocha. Encontram-se
inclusões de feldspato alcalino, quartzo, biotita, muscovita, apatita e minerais opacos.
A muscovita apresenta percentual variando de 2,3 a 4,8% do volume (Tab. 2).
Apresentam-se como cristais hipidiomórficos, ocorrendo como fenocristais com
dimensões variando de 0,8 a 2,2 mm, com predominância de indivíduos de 0,8 mm, e os
demais cristais variando nos tamanhos de 0,05 a 0,7 mm, com predominância de
indivíduos de 0,3 mm. Observam-se contatos retos e irregulares com feldspato alcalino,
quartzo, plagioclásio e biotita (Fotomic. 10). Observam-se inclusões de feldspato
alcalino, biotita, titanita, apatita e minerais opacos.
49 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A biotita exibe cor marrom com pleocroísmo variando de marrom claro a marrom
escuro. Apresenta um percentual variando de 3,5 a 4,0% do volume (Tab. 2).
Apresentam-se como indivíduos hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,1 a 1,5
mm com predominância de indivíduos de 0,4 mm. Os contatos são comumente
irregulares com cristais de quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino e muscovita.
Observam-se em alguns cristais inclusões de epídoto, titanita, zircão, apatita e minerais
opacos. É possível observar que alguns cristais apresentam manchas escuras que
correspondem a halos pleocróicos em decorrência da presença de zircão.
A titanita apresenta-se como cristais hipidiomórficos, variando com percentual de
0,2 a 0,4% do volume (Tab. 2) e dimensões variando de 0,01 a 0,5 mm com
predominância de indivíduos de 0,2 mm. Observam-se em alguns cristais inclusões de
muscovita, epídoto e minerais opacos. Os cristais de titanita ocorrendo comumente
associados aos cristais de biotita (Fotomic. 2).
O epídoto ocorre como cristais xenomórficos, apresentando percentual variando
de 0,2 a 0,3% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,05 a 0,3 mm com
predominância de indivíduos de 0,1 mm. Esses cristais fazem contatos irregulares com
os demais minerais.
O zircão apresenta-se como cristais idiomórficos, com percentual de 0,1% do
volume (Tab. 2). Observa-se que alguns deles exibem por vezes um zoneamento.
A apatita ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,1 a
0,2% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,01 a 0,1 mm com
predominância de cristais com 0,03 mm.
Os minerais opacos ocorrem comumente como cristais xenomórficos, com
percentual não superior a 0,1% do volume (Tab. 2), e dimensões não superiores a 0,1
mm e ocorrendo associados aos cristais de biotita.
50 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 2. Cristais de biotita em contato com muscovita e titanita da Fácies
Granito com Muscovita e Biotita. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais
presentes: muscovita (Ms), biotita (Bt) e titanita (Ttn). Observação realizada com
sistema em luz natural. Aumento 4X.
51 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2.2. Fácies Muscovita Granito
Um total de seis lâminas delgadas foram analisadas para esta fácies. Amostras:
FDS-04, FDS-61, FDS-64, FDS-65, FDS-66 e FDS-69.
As rochas desta fácies localizam-se na porção oeste/sudoeste do stock,
apresentando como mineralogia essencial feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio,
muscovita e mais raramente biotita. Os minerais acessórios comumente observados são
titanita, epídoto, apatita, zircão e de forma menos expressiva carbonato.
Em termos gerais as rochas desta fácies exibem uma textura hipidiomórfica (Fotomic.
3), podendo-se observar texturas típicas pertítica, antipertítica, mirmequítica e processo
de saussuritização.
IV.2.2.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos
O feldspato alcalino é o mineral dominante, correspondendo entre 34,1 a 55,2%
do volume (Tab. 2) ocorrendo, comumente geminados segundo as leis Albita-Periclina e
mais raramente geminados segundo a Lei Carlsbad. Apresentam-se como cristais
xenomórficos, com dimensões variando de 0,03 a 2,9 mm com predominância de
indivíduos de 0,6 mm. Observa-se que alguns dos cristais exibem textura pertítica e
extinção ondulante difusa. Os contatos observados são comumente irregulares
(ameboides e reentrantes) com quartzo, plagioclásio, muscovita, biotita, epídoto e com o
próprio feldspato alcalino. Observam-se inclusões de quartzo, muscovita, biotita,
epídoto, titanita, apatita e zircão.
O quartzo ocupa de 22,5 a 40,2% do volume (Tab. 2), ocorrendo como cristais
xenomórficos, com dimensões variando de 0,13 a 1,75 mm com predominância de
indivíduos de 0,5 mm. Alguns cristais exibem extinção ondulante em setor,
apresentando contatos irregulares (sinuosos) com os demais minerais da rocha. São
evidenciadas inclusões de cristais de muscovita, feldspato alcalino, apatita e epídoto.
O plagioclásio (albita) corresponde a uma variação entre 9,6 a 10,5% do volume
(Tab. 2). Estes cristais exibem geminação polissintética segundo as leis Albita e AlbitaCarlsbad. Ocorrem como cristais xenomórficos, de dimensões variando de 0,05 a 2,3
52 53 Fotomicrografia 3. Foto-mosaico representativo da Fácies Muscovita Granito podendo-se observar a textura predominante hipidiomórfica. Nessa
imagem tem-se os seguintes minerais presentes: feldspato alcalino (Kfs), quartzo (Qz), plagioclásio (Pl) e epídoto (Ep). Observação realizada
com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) mm com predominância de indivíduos de 0,6 mm. Alguns indivíduos exibem textura
antipertítica, mirmequita e extinção ondulante concêntrica. Estes cristais exibem
contatos irregulares com cristais de feldspato alcalino, quartzo e muscovita. É possível
observar indivíduos saussuritizados (Fotomic. 4A), evidenciando a formação de epídoto
secundário. Apresentam inclusões de muscovita, feldspato alcalino, quartzo, epídoto,
apatita e mais raramente minerais opacos.
A muscovita apresenta percentual variando de 7,4 e 11,3% do volume (Tab. 2).
Apresentam-se como cristais hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,03 a 2 mm
com predominância de indivíduos de 0,5 mm. Mostram-se com contatos irregulares com
cristais de feldspato alcalino, plagioclásio, quartzo, biotita e minerais opacos e com
contatos retos com biotita, quartzo, plagioclásio, titanita e muscovita. Alguns indivíduos
apresentam-se como bastões finos, sendo produto de saussuritização. Apresentam
inclusões de quartzo, feldspato alcalino, plagioclásio, biotita, epídoto, titanita, zircão e
minerais opacos.
A biotita apresenta-se nas cores marrom ou esverdeado, exibindo pleocroísmo
variando entre marrom claro, marrom escuro e marrom esverdeado (Fotomic. 4B). A
distribuição deste mineral nesta fácies ocorre de forma reduzida, com um percentual
variando de 0,5 a 1,0% do volume (Tab. 2). Ocorre como cristais hipidiomórficos, com
dimensões variando de 0,07 a 1,6 mm com predominância de indivíduos de 0,25 mm.
Mostra contato irregular com cristais de feldspato alcalino, quartzo, muscovita e titanita
e contatos retos com muscovita e minerais opacos. Alguns indivíduos exibem inclusões
de muscovita, epídoto, apatita, minerais opacos e zircão (Fotomic. 4C).
A titanita ocorre como cristais xenomórficos, com percentual variando de 0,2 e
0,3% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,03 a 0,7 mm com
predominância de indivíduos de 0,3 mm. Alguns indivíduos exibem inclusões de
epídoto, apatita e minerais opacos.
O epídoto ocorre como cristais xenomórficos, de percentual variando de 0,3 a
2,6% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,03 a 1,1 mm com
predominância de indivíduos de 0,25 mm. Faz contatos retos e irregulares com a
maioria dos minerais da rocha, apresentando inclusões de feldspato alcalino.
54 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A apatita ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,1 a
0,5% do volume (Tab. 2) e com dimensões não superiores a 0,2 mm. É o mineral
acessório mais comum nas rochas do stock. Apresenta-se frequentemente inclusa em
cristais de feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e nas micas.
O zircão ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,1 a
0,2% do volume (Tab. 2) e dimensão não superior a 0,1 mm.
O carbonato apresenta-se como cristais xenomórficos, observando que alguns
indivíduos são produto de saussuritização. O percentual não é superior a 0,1% do
volume (Tab. 2) e dimensões entre de 0,12 a 0,9 mm com predominância de indivíduos
de 0,4 mm. Exibem contatos irregulares com os demais minerais da rocha apresentando
inclusões de titanita (Fotomic. 4D).
Os minerais opacos ocorrem comumente como cristais xenomórficos, com
percentual não superior a 0,1% do volume (Tab. 2) e dimensões de 0,1 mm.
IV.2.3. Fácies Biotita Granito
Um total de quatro lâminas delgadas foram analisadas para esta fácies. Amostras:
FDS-10A, FDS-11, FDS-57A e FDS-213.
As rochas desta fácies localizam-se de forma mais expressiva na parte noroeste do
stock. A sua mineralogia essencial é constituída por feldspato alcalino, quartzo,
plagioclásio, biotita e mais raramente muscovita, hornblenda e diopsídio. Os minerais
acessórios presentes são titanita, epídoto magmático, zircão, apatita e menos expressivo
carbonato e minerais opacos.
Em linhas gerais as rochas desta fácies exibem uma textura hipidiomórfica
(Fotomic. 5), ocorrendo presença de texturas pertítica e antipertítica. 55 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A
C
B
D
Fotomicrografia 4. Cristal de plagioclásio saussuritizado e cristais de muscovita,
quartzo, feldspato alcalino, epídoto e mineral opaco (A). Cristal de biotita cloritizado
(B). Cristais de biotita com inclusão de zircão (C). Cristais de carbonato, quartzo,
plagioclásio, feldspato alcalino, muscovita, titanita e epídoto (D). Nessa imagem tem-se
os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), plagioclásio (Pl), quartzo (Qz), muscovita
(Ms), feldspato alcalino (Kfs), titanita (Ttn), epídoto (Ep) e mineral opaco (Opq).
Observação realizada com sistema em luz polarizada (A e D) e em luz natural (B e C).
Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. 56 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 5. Foto-mosaico apresentando a textura geral da Fácies Biotita Granito.
Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: feldspato alcalino (Kfs), biotita
(Bt), quartzo (Qz), plagioclásio (Pl) e epídoto (Ep). Observa-se que os cristais são
hipidiomórficos e estão organizados em uma estrutura isotrópica. Observação realizada
com sistema em luz polarizada. Aumento 4X.
57 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2.3.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos
O feldspato alcalino é o mineral mais abundante na rocha, correspondendo entre
37,6 e 50,3% do volume (Tab. 2), ocorrendo geminados segundo as leis Carlsbad e
Albita-Periclina. Apresentam-se como cristais xenomórficos, ocorrendo como
fenocristais com dimensões variando de 0,8 a 4,25 mm com predominância de
indivíduos de 1,5 mm e os demais cristais variando nas dimensões de 0,05 a 0,7 mm
com predominância de 0,4 mm. Alguns indivíduos exibem extinção ondulante difusa e
apresentam textura pertítica (Fotomic. 6). Esses cristais exibem contatos irregulares com
os demais minerais da rocha e exibe inclusões de biotita, plagioclásio, epídoto, titanita,
apatita, zircão e minerais opacos. Em alguns cristais destaca-se uma feição com aspecto
de “sujeira”, sugerindo uma provável alteração para argilominerais.
O quartzo ocupa de 22,6 a 36,5% do volume (Tab. 2), apresentando-se como
cristais xenomórficos, com dimensões variando de 0,05 a 2,5 mm com predominância
de 0,6 mm. Alguns indivíduos exibem extinção ondulante em setor e contatos
irregulares com os demais minerais da rocha. Podem ser encontradas inclusões de
cristais de feldspato alcalino, biotita, titanita, epídoto, apatita, zircão e minerais opacos.
O plagioclásio (albita) corresponde a uma variação de 11,5 a 16,5% do volume
(Tab. 2). Estes cristais exibem geminação polissintética segundo as leis Albita e AlbitaCarlsbad. Ocorrem comumente como cristais xenomórficos, com dimensões nos
fenocristais variando de 1,5 a 4,6 mm, com predominância de indivíduos de 1,9 mm, e
os demais cristais variando nos tamanhos de 0,05 a 1,4 mm com predominância de
indivíduos de 0,5 mm. É possível observar que alguns indivíduos exibem textura
antipertítica, extinção ondulante concêntrica e zoneamento composicional (Fotomic. 7).
Estes cristais exibem contatos irregulares (sinuosos, reentrantes) com cristais de
feldspato alcalino, quartzo, biotita e epídoto e inclusões de feldspato alcalino, biotita,
muscovita, epídoto, carbonato, apatita, titanita, zircão e minerais opacos.
A biotita é o máfico mais dominante da rocha, exibindo cor marrom e
pleocroísmo variando de marrom claro a marrom escuro. Apresenta um percentual
variando 6,5 a 23,5% do volume (Tab. 2). Esses indivíduos ocorrem comumente como
cristais hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,05 a 2 mm com predominância
58 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 6. Cristal de feldspato alcalino com textura pertita, quartzo,
plagioclásio e biotita. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes:
plagioclásio (Pl), feldspato alcalino (Kfs), biotita (Bt) e quartzo (Qz). Observação
realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 10X.
59 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 7. Foto-mosaico apresentando plagioclásio com zonação múltipla
característico da Fácies Biotita Granito. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais
presentes: plagioclásio (Pl), feldspato alcalino (Kfs), biotita (Bt) e quartzo (Qz).
Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X.
60 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) de cristais com 0,6 mm. Observam-se contatos retos e irregulares (curvos, ameboides)
com os demais minerais. Apresentam inclusões de muscovita, feldspato alcalino, zircão,
apatita, titanita, epídoto e minerais opacos (Fotomic. 8).
A muscovita apresenta percentual variando de 0,7 e 1,0% do volume (Tab. 2).
Apresentam-se como cristais hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,07 a 1,3
mm com predominância de indivíduos de 0,4 mm. Alguns deles exibem a presença de
textura tipo mirmequita. Mostram-se com contatos irregulares com feldspato alcalino,
quartzo e biotita e apresenta inclusões de feldspato alcalino, biotita, apatita e minerais
opacos.
A hornblenda exibe cor verde e pleocroísmo variando em verde claro, verde
amarronzado e verde escuro. Apresenta percentual não superior a 0,2% do volume (Tab.
2), apresentando-se como cristais hipidiomórficos com dimensões variando de 0,05 a 2
mm com predominância de indivíduos de 0,2 mm. Exibe contatos com diopsídio,
feldspato alcalino e quartzo e inclusões de cristais de feldspato alcalino, biotita e
minerais opacos.
O diopsídio é um mineral raro, exibe cor verde, com suave pleocroísmo variando
em verde claro a pálido. Apresenta percentual de 1,2% do volume (Tab. 2), ocorrendo
como cristais hipidiomórficos com dimensões variando de 0,2 a 1,3 mm com
predominância de cristais de 0,3 mm. Exibem contatos irregulares (sinuosos) com
cristais de feldspato alcalino, quartzo e hornblenda e inclusões de feldspato alcalino,
biotita, epídoto, carbonato e minerais opacos.
O epídoto é uma fase acessória, ocorrendo como cristais hipidiomórficos
(Fotomic. 9) apresentando percentual variando de 0,3 e 1,7% do volume (Tab. 2) e com
dimensões variando de 0,04 a 1,1 mm com predominância de indivíduos de 0,25 mm.
Alguns cristais exibem textura tipo mirmequita e ocorrem comumente associados aos
cristais de biotita. É possível observar inclusões de quartzo, titanita, biotita e de
minerais opacos.
A titanita ocorre comumente cristais idiomórficos, variando com percentual de
0,2 a 0,3% do volume (Tab. 2) e dimensões variando de 0,03 a 0,8 mm com
predominância de indivíduos de 0,3 mm. Os cristais ocorrem comumente associados aos 61 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 8. Foto-mosaico apresentando cristais de biotita, quartzo, plagioclásio e
epídoto. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), plagioclásio
(Pl), quartzo (Qz) e epídoto (Ep). Observação realizada com sistema em luz polarizada.
Aumento 10X.
Fotomicrografia 9. Cristais de biotita, quartzo, epídoto e feldspato alcalino. Nessa
imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), quartzo (Qz), epídoto (Ep)
e feldspato alcalino (Kfs). Observação realizada com sistema em luz polarizada.
Aumento 10X.
62 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) cristais de biotita. Apresentam inclusões de quartzo, biotita, epídoto, apatita e minerais
opacos.
O zircão ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando 0,1 a 0,2%
do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,02 a 0,13 mm com predominância
de 0,03 mm. Observa-se que alguns indivíduos apresentam-se zoneados (Fotomic. 10) e
com inclusões de apatita e minerais opacos. Observam-se halos pleocróicos na biotita,
gerados pela presença de elementos radioativos nesta fase.
A apatita ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,1 a
0,3% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,01 a 0,2 mm com
predominância de indivíduos de 0,03 mm. Apresenta-se frequentemente inclusa em
cristais de feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e nas micas e apresenta inclusão de
minerais opacos.
O carbonato ocorre como cristais xenomórficos, com percentual não superior a
0,2% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,07 a 0,5 mm com
predominância de indivíduos de 0,15 mm.
Os minerais opacos ocorrem comumente como cristais xenomórficos, com
percentual não superior a 0,1% (Tab. 2) e dimensões de 0,1 mm.
IV.2.4. Fácies Granito com Granada
Um total de duas lâminas delgadas foram analisadas para esta fácies. Amostras:
FDS-09B e FDS-67.
As rochas desta fácies ocorrem de forma mais expressiva na porção norte do
stock, apresentando como mineralogia essencial constituída por feldspato alcalino,
quartzo, plagioclásio, biotita, muscovita e hornblenda. Os minerais acessórios
comumente observados são granada, titanita, epídoto, apatita, zircão e minerais opacos.
Em termos gerais as rochas desta fácies exibem uma textura hipidiomórfica (Fotomic.
11).
63 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 10. Cristais de biotita com inclusões de zircão e apatita. Nessa imagem
tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), zircão (Zrn) e apatita (Ap).
Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 10X.
64 65 Fotomicrografia 11. Foto-mosaico apresentando textura hipidiomórfica da Fácies Granito com Granada. Nessa imagem tem-se os seguintes
minerais presentes: plagioclásio (Pl), feldspato alcalino (Kfs), muscovita (Ms), biotita (Bt) e epídoto (Ep). Observação realizada com sistema em
luz polarizada. Aumento 4X.
Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2.4.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos
O feldspato alcalino é o principal mineral dominante, correspondendo entre 25,0
e 26,9% do volume (Tab. 2), ocorrendo comumente geminado segundo as leis Carlsbad
e Albita-Periclina. Apresentam-se como cristais xenomórficos, ocorrendo como
fenocristais com dimensões variando de 1,0 a 4,25 mm, com predominância de
indivíduos de 1,5 mm, e os demais cristais variam nas dimensões de 0,13 a 0,9 mm,
com predominância de cristais de 0,7 mm. Alguns indivíduos exibem extinção
ondulante do tipo difusa. Estes cristais exibem contatos irregulares do tipo reentrante,
curvos e amebóides com cristais de quartzo, plagioclásio, muscovita e biotita. São
evidenciadas inclusões de cristais de quartzo, muscovita, biotita e apatita.
O quartzo corresponde entre 24,5 e 36,0% do volume (Tab. 2), ocorrendo como
cristais xenomórficos, com dimensões variando de 0,08 a 2,5 mm, com predominância
de indivíduos com 0,6 mm. Alguns cristais exibem extinção ondulante do tipo em setor
e contatos irregulares (sinuosos) com feldspato alcalino, plagioclásio, muscovita e
biotita. Observam-se inclusões anédricas de feldspato alcalino.
O plagioclásio (oligoclásio) corresponde a uma variação entre 23,8 e 24,8% do
volume (Tab. 2). Estes cristais exibem geminação segundo as leis Albita e AlbitaCarlsbad. Ocorrem como cristais comumente xenomórficos, apresentando-se como
fenocristais de dimensões variando de 1,5 a 3 mm, com predominância de indivíduos de
2,25 mm, e os demais cristais variam nas dimensões de 0,25 a 1,4 mm, com
predominância de cristais de 0,9 mm. Alguns indivíduos exibem extinção ondulante
concêntrica e zoneamento. Estes cristais exibem contatos irregulares do tipo sinuosos
com cristais de feldspato alcalino, quartzo, biotita, muscovita e epídoto. Observam-se
inclusões de cristais de feldspato alcalino, biotita, muscovita, epídoto, apatita e zircão.
A biotita é o mineral máfico mais dominante, exibindo cor marrom e pleocroísmo
variando entre marrom claro a marrom escuro. Apresenta uma variação de 9,4 e 19,7%
do volume (Tab. 2), ocorrendo como cristais hipidiomórficos, com dimensões variando
de 0,05 a 2 mm com predominância de indivíduos de 0,7 mm. Os contatos observados
são tipo irregular com cristais de feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio, muscovita,
66 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) epídoto e titanita. Os cristais de biotita apresentam inclusões euédricas de zircão e
apatita (Fotomic. 12) e inclusões anédricas de muscovita, epídoto e minerais opacos.
A muscovita apresenta percentual variando de 2,0 e 4,3% do volume (Tab. 2).
Ocorre como cristais hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,07 a 2 mm com
predominância de cristais de 0,8 mm. Exibem contatos irregulares com cristais de
feldspato alcalino, plagioclásio, biotita e titanita (Fotomic. 13). Observam-se inclusões
de biotita, epídoto, apatita, zircão e minerais opacos.
O diopsídio exibe cor verde e pleocroísmo variando de verde amarronzado à
verde mais claro. Apresenta um percentual de 0,5% do volume (Tab. 2), ocorrendo sob
a forma de cristais hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,07 a 2,1 mm e
predominância de indivíduos de 0,2 mm. Exibem contatos irregulares com feldspato
alcalino, biotita, quartzo e minerais opacos (Fotomic. 14). Em alguns indivíduos
observa-se a presença de inclusão de feldspato alcalino.
A granada ocorre como cristais xenomórficos, com percentual de 1,3% do
volume (Tab. 2) e dimensões variando de 0,2 a 0,9 mm. Exibe contato irregular com
feldspato alcalino e biotita. Apresenta inclusões anédricas de feldspato alcalino,
minerais opacos (Fotomic. 15).
O epídoto ocorre como cristais xenomórficos, com percentual de 0,9% do volume
(Tab. 2) e com dimensões variando de 0,01 a 0,6 mm, predominando indivíduos com
0,1 mm. Exibe contatos irregulares com cristais de feldspato alcalino, plagioclásio,
biotita e muscovita. Apresenta inclusões euédricas de zircão e apatita na região central,
bem como inclusões anédricas de minerais opacos e biotita na região central do cristal e
inclusões anédricas de quartzo em sua periferia.
A titanita ocorre como cristais xenomórficos, com percentual máximo de 0,2%
do volume (Tab. 2), com dimensões variando de 0,03 a 0,8 mm, com predomínio de
cristais com 0,12 mm. Exibe contatos irregulares com biotita, muscovita, epídoto e
feldspato alcalino. Os cristais ocorrem comumente associados a cristais de biotita.
67 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 12. Cristais de biotita com inclusões de zircão e apatita da Fácies
Granito com Granada. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita
(Bt), zircão (Zrn) e apatita (Ap). Observação realizada com sistema em luz natural.
Aumento 10X.
Fotomicrografia 13. Cristais de biotita em contato com cristais de muscovita da Fácies
Granito com Granada. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita
(Bt) e muscovita (Ms). Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X.
68 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 14. Foto-mosaico apresentando cristais de diopsídio, biotita e mineral
opaco da Fácies Granito com Granada. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais
presentes: diopsídio (Di), biotita (Bt) e mineral opaco (Opq). Observação realizada com
sistema em luz natural. Aumento 4X.
Fotomicrografia 15. Foto-mosaico apresentando cristais de biotita e granada da Fácies
Granito com Granada. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita
(Bt) e granada (Grt). Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X.
69 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A apatita ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,1 a
0,2% do volume (Tab. 2) e com dimensões vaiando de 0,01 a 0,12 mm com
predominância de indivíduos de 0,06 mm. Apresenta-se frequentemente inclusa em
cristais de feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e nas micas.
O zircão ocorre como cristais idiomórficos, com percentual de 0,1% do volume
(Tab. 2) e dimensões variando de 0,01 a 0,2 mm e predominância de indivíduos de 0,05
mm. É muito frequente como inclusão em biotita e em alguns cristais de feldspato
alcalino e plagioclásio.
Os minerais opacos ocorrem comumente como cristais xenomórficos, com
percentual não superior a 0,1% do volume (Tab. 2) e dimensões variando de 0,03 a 0,3
mm com predominância de indivíduos de 0,08 mm. Exibem contatos irregulares com
biotita e muscovita. Estão geralmente associados a cristais de biotita.
IV.2.5. Enclaves Máficos Microgranulares
Um total de duas lâminas delgadas foram analisadas para esta fácies. Amostras:
FDS-10B e FDS-58.
Essas rochas localizam-se nas fácies Biotita Granito e Granito com Muscovita e
Biotita. A mineralogia essencial é constituída por feldspato alcalino, quartzo,
plagioclásio, biotita, diopsídio e mais raramente hornblenda. Os minerais acessórios
encontrados são titanita, epídoto, apatita, zircão, carbonato e minerais opacos.
Em linhas gerais essas rochas caracterizam-se por exibirem textura hipidiomórfica
(Fotomic. 16), apresentando cristais com presença de textura antipertítica.
IV.2.5.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos
O feldspato alcalino é o mineral mais abundante da rocha, correspondendo de
51,8 a 52,1% do volume (Tab. 2). Alguns indivíduos apresentam-se geminados segundo
a Lei Albita-Periclina e extinção ondulante do tipo difusa. Apresentam-se como cristais
xenomórficos, com dimensões variando de 0,03 a 2 mm, com predominância de
70 71 Fotomicrografia 16. Foto-mosaico apresentando a textura geral da Fácies Enclave. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita
(Bt), quartzo (Qz), feldspato alcalino (Kfs) e epídoto (Ep). Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma textura
levemente anisotrópica. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X.
Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) indivíduos de 0,4 mm. Os contatos são irregulares do tipo reentrantes e ameboides com
os demais minerais da rocha. Alguns cristais apresentam inclusões de euédricas de
apatita, biotita, titanita, zircão e inclusões anédricas de biotita.
O quartzo corresponde entre 12,2 e 14,6% do volume (Tab. 2), ocorrendo como
cristais xenomórficos e dimensões variando de 0,05 a 0,9 mm e predominância de
indivíduos de 0,3 mm. Alguns cristais apresentam extinção ondulante do tipo em setor e
os contatos são irregulares com os demais minerais da rocha. São observadas inclusões
euédricas de apatita.
O plagioclásio (albita) corresponde a uma variação entre 2,1 e 4,8% do volume
(Tab. 2). Estes cristais apresentam-se geminados segundo as leis Albita e AlbitaCarlsbad. Ocorrem como cristais xenomórficos, com dimensões variando de 0,09 a 0,6
mm e predominância de indivíduos de 0,2 mm. Observa-se que alguns cristais exibem
textura antipertítica e extinção ondulante concêntrica. Os contatos são irregulares do
tipo sinuosos e reentrantes com os demais minerais da rocha. Alguns indivíduos exibem
inclusões de apatita, carbonato, biotita e minerais opacos.
A biotita apresenta cor marrom com pleocroísmo variando de marrom claro a
marrom escuro. Corresponde a uma variação entre 16,2 e 18,9% do volume (Tab. 2),
ocorrendo como cristais hipidiomórficos e dimensões variando de 0,05 a 2,5 mm com
predominância de indivíduos de 0,3 mm. Exibem contatos irregulares com os demais
minerais da rocha. Alguns cristais exibem inclusões de feldspato alcalino, titanita,
epídoto, zircão, minerais opacos, apatita e diopsídio.
O diopsídio apresenta cor verde com pleocroísmo suave de cor verde pálido.
Corresponde a uma variação entre 7,6 e 10,8% do volume (Tab. 2), ocorrendo como
cristais hipidiomórficos e dimensões variando de 0,08 a 0,8 mm, com predominância de
indivíduos de 0,5 mm. Exibem contatos retos e irregulares com os demais minerais da
rocha e alguns cristais apresentam inclusões de biotita, apatita, opaco, feldspato alcalino
e titanita.
A hornblenda exibe cor verde, com suave pleocroismo, correspondendo a uma
variação entre 0,4 a 0,6% do volume (Tab. 2), ocorrendo como cristais xenomórficos, de
72 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) dimensões de aproximadamente 0,1 mm. Estes cristais ocorrem comumente associados
a cristais de diopsídio, apresentando inclusões anédricas de minerais opacos.
A titanita corresponde a um volume da rocha variando de 1,3 a 1,5% (Tab. 2),
ocorrendo como cristais idiomórficos (Fotomic. 17), com dimensões variando de 0,05 a
0,25 mm, com predominância de indivíduos de 0,1 mm. Alguns cristais exibem
inclusões de minerais opacos, ocorrendo comumente associada a minerais máficos.
O epídoto apresenta percentual variando de 1,1 e 1,6% do volume (Tab. 2),
ocorrendo predominantemente como cristais hipidiomórficos e dimensões variando
entre 0,06 a 0,7 mm, com predominância de indivíduos de 0,3 mm. Exibem contatos
irregulares com feldspato alcalino, diopsídio, plagioclásio e biotita.
A apatita ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,5 e
0,7% do volume (Tab. 2) e com dimensões não superiores a 0,2 mm. É comum a
presença de inclusões de minerais opacos (Fotomic. 18).
O zircão também ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de
0,1 e 0,2% do volume (Tab. 2) e dimensão não superior a 0,1 mm. Geralmente
apresenta-se incluso em feldspatos e quartzo, podendo ocorrer incluso em cristais de
biotita.
Os minerais opacos ocorrem xenomórficos, com percentual variando entre 0,2 e
0,5% do volume (Tab. 2) e dimensões de aproximadamente 0,1 mm.
IV.2.6. Considerações Petrográficas
No diagrama QAP foram inseridos tendências de diferenciação para séries
magmáticas, segundo Lameyre & Bowden (1982), verificando que as rochas estudadas
posicionam-se no campo dos leucogranitos, e os enclaves na região dos termos mais
diferenciados da Série Alcalina (Fig. 27).
73 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 17. Cristais de biotita em contato reto, titanita euédrica e apatita. Nessa
imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), titanita (Ttn) e apatita
(Ap). Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 20X.
Fotomicrografia 18. Cristais idiomórficos de apatita com presença de inclusões de
minerais opacos. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 40X
74 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 27. Diagrama QAP de Streckeisen (1976, in Le Maître et al. 2002) aplicado as
rochas do Stock Granítico Glória Sul. Q= Quartzo; A= Feldspato Alcalino e albita
(<5%An); P= Plagioclásio (>5%An). Quartzo Diorito/Quartzo Gabro [1]; Quartzo
Monzodiorito [2]; Quartzo Monzonito [3]; Quartzo Sienito [4]; Álcali-feldspato Quartzo
Sienito [5]; Tonalito [6]; Granodiorito [7]; Granito [8]; Álcali Granito [9]. As linhas
tracejadas representam trends segundo Lameyre & Bowden (1982). T = Séries
Toleiíticas, A = Séries Alcalinas, a = Cálcio-Alcalinas de baixo K (Cálcio-Alcalinas
trondhjemíticas), b = Cálcio-Alcalinas de médio K (Cálcio-Alcalinas granodioríticas), c
= Cálcio-Alcalinas de alto K (Cálcio-Alcalinas monzoníticas). Legenda: Muscovita
Granito (círculo), Biotita Granito (hexágono), Granito com Muscovita e Biotita
(quadrado), Granito com Granada (losango) e Enclaves (estrela).
75 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2.6.1. Sequência de Cristalização
A partir do estudo petrográfico realizado nas rochas pertencentes ao SGS foi
possível estabelecer uma sequência de cristalização para esse corpo. Esse estudo foi
desenvolvido através das relações mútuas entre as fases minerais, as inclusões e a
morfologia dos cristais (Fig. 28). Optou-se por estabelecer a ordem de cristalização para
dois grupos de rochas: as graníticas e os enclaves.
Para a proposição desta sequência de cristalização, optou-se por estabelecer esta
sequência em dois estágios distintos: magmático e tardio. Utilizando-se como parâmetro
o grau de euedralismo e as inclusões presentes, propõe-se que num estágio magmático,
minerais acessórios como zircão, epídoto, apatita e titanita cristalizaram-se
precocemente e podem constituir marcadores potenciais do inicio da cristalização destes
magmas.
Dentre os principais minerais ferromagnesianos (presentes na Fácies Biotita
Granito e Enclaves), segue-se a cristalização do diopsídio no estágio magmático e
posteriormente cristaliza-se a hornblenda, este último por corresponder a uma fase
mineral hidratada. A fase mineral biotita segue a cristalização da hornblenda.
A próxima fase se cristalizar corresponde ao plagioclásio, incluindo indivíduos
zonados, sugerindo uma história de crescimento relativamente lenta, em meio a um
líquido de composição modificando e/ou variando parâmetros intensivos (pressão e
temperatura) durante a evolução magmática. Concomitante a cristalização do
plagioclásio há a cristalização do feldspato alcalino e subseqüente o quartzo. A
muscovita aparece nos dois estágios, sendo que no estágio magmático ela aparece como
mineral de alteração do plagioclásio (sericitização). No estágio tardio há a cristalização
das fases minerais epídoto, titanita, clorita e carbonato, este último surgindo comumente
como alteração do plagioclásio.
76 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 28. Sequência de cristalização proposta para as rochas do SGS. As letras
representam a ordem cronológica de precipitação mineral.
77 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2.6.2. Ocorrência de Epídoto Magmático
O epídoto magmático, utilizando em conjunto morfologia e textura, torna-se uma
ferramenta para monitorar ƒO2, registrar o comportamento da cristalização e do
posicionamento do magma (Brasilino 2003).
Epídoto primário têm sido observados por diversos autores. Grande parte deles
considera que a presença de epídoto indica que o granito formou-se em condições de
alta pressão (base da crosta), haja vista serem estas condições próprias para a
cristalização do epídoto (Zen & Hammarstrom 1984, Sial 1986).
Sial (1990) descreve quatro tipos diferentes texturais de epídoto magmático e que
ocorre comumente associado à biotita, formando agregados, cujo tamanho, em alguns
casos, chega a cerca de 1 mm de diâmetro. Zen & Hammarstrom (1984), abordaram que
a presença de epídoto magmático em rochas graníticas sugere uma cristalização sob
condições litostática em torno 6 Kbar.
Sial (1990) descreve quatro tipos de epídoto magmático encontrado em rochas
graníticas:
• Tipo I corresponde a cristais de epídoto euédricos a subédricos, às vezes,
alongados incluso no núcleo de fenocristais de plagioclásio.
• Tipo II ocorre como cristais euédricos a subédricos, é comum um núcleo
zoneado oscilatoriamente de allanita.
• Tipo III ocorre como cristais euédricos a subédricos, bordejando ou incluído na
biotita, sem o núcleo da allanita, representando a forma mais comum da ocorrência do
epídoto.
• Tipo IV é o mais raro e é representado por epídoto granular ao longo dos limites
da hornblenda ou menos frequentemente da biotita em contato com plagioclásio.
Os tipos II e III parecem ser de origem magmática, enquanto sugere que o tipo IV
resultou da reação subsolidus da hornblenda com plagioclásio e o tipo I resultou da
quebra de núcleos de plagioclásio cálcico.
78 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Nas rochas estudadas do SGS, a ocorrência de epídoto magmático é restrita as
rochas da Fácies Biotita Granito e raramente na Fácies Granito com Muscovita e
Biotita, sendo representados por cristais do tipo III segundo a classificação de Sial
(1990).
IV.2.6.3. Texturas
A partir dos dados petrográficos descritos das rochas pertencentes ao SGS, foi
possível observar a ocorrência de determinadas texturas em algumas fases minerais:
geminações nos feldspatos, mirmequita, pertita e antipertita e extinção ondulante. Esse
tópico apresentará um sumário das principais características e evidências dessas
texturas.
IV.2.6.3.1. Geminação dos Feldspatos
A geminação é reconhecida como a maneira mais comum de inter-relação entre
dois cristais ou indivíduos de mesma espécie. São similares no senso de que um
indivíduo é a repetição do outro por uma operação geométrica (Buerger 1945 in
Conceição 1986).
Conceição (1986) aborda ideias de diversos autores sobre a geminação de um
mineral e descreve a classificação da geminação em primária e secundária. A
geminação primária é aquela desenvolvida em ambiência ortomagmática, ou seja,
durante o crescimento do cristal. A geminação secundária desenvolve-se após a
cristalização da fase mineral, podendo ter como fatores promotores a atuação de
esforços (stress), transformação polimórfica, junção de cristais em ambiente líquido
(magmático), também denominada de synneusis.
Deer et al. (1983) descrevem que a geminação dos feldspatos pode ocorrer por
três mecanismos diferentes: (a) como um fenômeno primário durante o crescimento do
cristal; (b) como geminação de deslizamento induzida por deformação; (c) por
transformação térmica para uma simetria inferior.
79 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) As leis de geminações que se encontram mais frequentemente nos feldspatos estão
divididas em três grupos: normais, paralelas e complexas. As geminações normais são
aquelas que têm seu eixo de macla perpendicular a uma face possível do cristal, (e que
esta face) é paralela ao plano de composição, como exemplo, as geminações Albita,
Manebach e Baveno. As geminações paralelas têm como eixo de macla uma aresta
possível do cristal e o plano de composição é paralelo ao eixo de macla e não necessita
definir uma face possível do cristal; como exemplo, as geminações Carlsbad e Periclina.
A geminação complexa resulta de uma combinação das geminações anteriores; como
exemplo, as geminações Albita-Carlsbad Manebach-Periclina (Deer et al. 1983).
No conjunto das rochas estudadas do stock, as geminações mais frequentes
observadas nos feldspatos são do tipo normal e paralela, onde os indivíduos apresentamse comumente geminados segundo as leis Albita e Periclina, e, mais raramente, AlbitaCarlsbad.
IV.2.6.3.2. Mirmequita
O termo Mirmequita foi utilizado pela primeira vez por Michel-Levy (1875) e
nomeado por Sederholm (1899, ambos citados em Phillips 1974) como um
intercrescimento entre quartzo vermicular em plagioclásio (sódico) situado próximo ao
feldspato potássico.
Em rochas plutônicas félsicas ocorre como coroas no limite com plagioclásio
granular, bolhas intergranular entre cristais de micropertita adjacentes, lóbulos
associados com muscovita em megacristais de feldspato alcalino ou como crescimento
em bulbos nas bordas e em inclusões nas bordas de plagioclásio em megacristais de
ortoclásio.
Mirmequita pode ser encontrada em pequenas quantidades ou como acessória em
qualquer rocha plutônica (‘granítica’ ou ‘gnáissica’) que contém quartzo, plagioclásio e
feldspato alcalino pertítico. É um arranjo parcialmente diferente envolvendo quartzo
vermicular (tamanho variando em diâmetro de cerca de 0,01 a 0,02 mm até um tamanho
praticamente submicroscópica) e plagioclásio sódico (Phillip 1974).
80 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Neste trabalho adota-se como definição de mirmequita o intercrescimento de
quartzo com forma vermicular, não superior a 0,1 mm, no plagioclásio sódico em
contato ou não com o feldspato potássico ou qualquer outro mineral. As mirmequitas
que ocorrem nas rochas do SGS são encontradas predominantemente nas fácies
Muscovita Granito e Granito com Muscovita e Biotita.
IV.2.6.3.3. Pertita e Antipertita
Pertitas, mesopertitas e antipertitas correspondem ao intercrescimento entre
feldspato potássico e albita ou plagioclásio sódico e são comumente observados ao
microscópio (Vlach 2002).
Os
intercrescimentos
originados
pelos
mecanismos
de
desmistura
são
denominados pertitas, quando a molécula Or (ortoclásio) é predominante e forma a fase
feldspática hospedeira, com Albita (ou plagioclásio sódico no sistema genérico An-AbOr) subordinados - formando a fase hospedada - e antipertitas, em que a abundância de
Or e Ab/plagioclásio sódico é inversa ao caso anterior. Finalmente, denominam-se
mesopertitas aqueles intercrescimentos em que a abundância das fases potássica e
albítica é comparável (Vlach 2002).
Segundo este mesmo autor, pertitas e antipertitas podem ser facilmente
contrastadas uma vez que albita ou plagioclásio sódico têm sempre índices de refração e
birrefringências superiores a qualquer feldspato potássico. Os intercrescimentos
pertíticos mais comuns são originados por processos de exsolução, porém, existem
casos em que intercrescimentos morfologicamente similares se originam por processos
de substituição em condições subsólidas de plagioclásios por feldspatos potássicos ou
de feldspatos potássicos por albita, fenômenos frequentemente referidos na literatura
como “metassomatismo” potássico e sódico, respectivamente.
Nas rochas do SGS são comuns a textura pertita em cristais de feldspato alcalino
nas fácies Muscovita Granito, Biotita Granito e Granito com Muscovita e Biotita e
antipertita nos cristais de plagioclásio nas fácies Muscovita Granito, Biotita Granito,
Granito com Muscovita e Biotita e enclaves.
81 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2.6.3.4. Extinção Ondulante
A extinção ondulante é uma feição de textura mineral comum nos minerais usuais
formadores das rochas e podem ser agrupadas em quatro grupos segundo Conceição
(1986):
1.
Tipo em barra: A porção interna e extinta do grão apresenta geometria de uma
barra, que se locomove pelo grão mineral ao giro da platina. O percurso da barra
desdobra um leque ou prograda em translação paralela a subparalela a região do seu
aparecimento.
2.
Tipo difusa: Denomina-se assim a extinção ondulante que se distribui em
microporções do cristal sem determinar uma forma geométrica nítida nas partes extintas
e com o giro da platina essas porções migram de forma desordenada no interior do grão
mineral conotando o aspecto ondulante difuso. É o tipo de extinção mais comum dos
feldspatos.
3.
Tipo por setor: Denomina-se assim a extinção ondulante de um grão mineral que
se extingue em porções localizadas, geralmente com geometria aproximadamente
poligoide, que com giro da platina troca de posição. É a extinção característica dos
cristais de quartzo de maior tamanho e os cristais que compõe a matriz essencialmente
feldspática.
4.
Tipo concêntrica: é a extinção que prograda de determinada região do grão com
movimento em anel. Com o giro da platina o raio do "anel" decresce ou aumenta a
depender do movimento, sempre convergente a determinada porção do grão. É o tipo
essencialmente limitada a plagioclásios com "coroas albíticas".
Nas rochas estudadas do SGS observou-se nos cristais de feldspato alcalino
apresentam extinção do tipo difusa, os cristais de quartzo exibem extinção comumente
do tipo por setor e nos cristais de plagioclásio são encontradas extinção do tipo
concêntrica.
82 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.3. Petrografia das Rochas Encaixantes
As rochas encaixantes constituem-se de xistos e calciossilicáticas pertencentes ao
Domínio Macururé. Elas são descritas na literatura segundo Humphrey & Allard (1969)
como hornfels, as quais ocorrem preferencialmente em contato com os granitos.
A análise petrográfica das rochas encaixantes constituiu-se na descrição de seis
lâminas delgadas. A paragênese é constituída por quartzo, feldspato alcalino, biotita,
muscovita e granada. Os minerais acessórios observados são titanita, epídoto, apatita,
zircão e minerais opacos.
IV.3.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos
Um total de seis lâminas delgadas foram analisadas para esta fácies. Amostras:
FDS-09C, FDS-57-B, FDS-59, FDS-63, FDS-68A e FDS-68B.
Essas rochas apresentam como mineralogia essencial é constituída por quartzo,
feldspato alcalino,biotita, muscovita, granada e plagioclásio. Os minerais acessórios
encontrados são apatita e minerais opacos.
Em linhas gerais essas rochas caracterizam-se por exibirem textura hipioblástica
(Fotomic. 19).
IV.3.1.1. Muscovita Biotita Granada Xisto
O quartzo é a fase mineral mais abundante da rocha ocorrendo como cristais
xenoblásticos com dimensões variando de 0,2 a 0,9 mm, com predominância de
indivíduos de 0,4 mm. É possível observar que alguns cristais exibem por vezes
extinção ondulante, contatos irregulares (curvos, reentrantes, amebóides) com os demais
minerais da rocha. São observadas inclusões de biotita, epídoto e apatita.
O feldspato alcalino ocorre como cristais xenoblásticos, com dimensões
variando de 0,15 e 0,9 mm, com predominância de indivíduos com 0,4 mm. Exibem
contatos irregulares com os demais minerais da rocha e inclusões de cristais quartzo,
biotita, apatita e epídoto. Percebe-se que indivíduos exibem uma feição com aspecto de
“sujeira”.
83 84 Fotomicrografia 19. Foto-mosaico apresentando a textura geral da rocha encaixante. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes:
biotita (Bt), granada (Grt) e muscovita (Ms). Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma textura levemente
anisotrópica. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X.
Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A biotita apresenta cor marrom exibindo pleocroísmo variando de marrom claro
a marrom escuro. Ocorrem como cristais hipidioblásticos e dimensões variando de 0,06
a 1,7 mm, com predominância de indivíduos de 0,6 mm. Exibem contatos retos e
irregulares com biotita e muscovita e contatos irregulares com os demais minerais da
rocha. Alguns cristais exibem inclusões anédricas de muscovita e minerais opacos e
euédricas de apatita. Os cristais de biotita apresentam uma orientação preferencial bem
marcada.
A muscovita ocorre como cristais hipidioblásticos e dimensões variando de 0,13
a 1 mm, com predominância de cristais de 0,6 mm. Exibem contatos retos e irregulares
com biotita e irregulares com os demais minerais, ocorrendo comumente associados aos
cristais de biotita.
A granada ocorre como cristais xenoblásticos com dimensões variando de 0,2 e
1,7 mm, com predominância de indivíduos de 0,25 mm. Exibe contatos irregulares com
biotita, feldspato alcalino e quartzo. Alguns indivíduos apresentam inclusões de biotita,
titanita e minerais opacos.
O plagioclásio ocorre como cristais hipidioblásticos, com dimensões variando
de 0,2 a 0,6 mm, com predominância de indivíduos de 0,4 mm. Exibem contatos
irregulares com biotita, quartzo e feldspato alcalino.
A apatita ocorre como cristais idioblásticos observando que em determinadas
regiões os cristais aparecem como aglomerados.
Os minerais opacos ocorrem como cristais xenoblásticos comumente
associados aos cristais de biotita e muscovita. É possível perceber que alguns indivíduos
opacos aparecem se transformando em cristais de titanita.
85 CAPÍTULO V GEOQUÍMICA Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) CAPÍTULO V – GEOQUÍMICA
V.1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo são apresentados e discutidos os dados geoquímicos de rocha total
obtidos para os granitos e encaixantes da área estudada. As tendências evolutivas gerais
e possíveis controles e processos responsáveis pelas variações geoquímicas são
apresentados.
Para as análises geoquímicas foram selecionadas 17 amostras para determinação
de elementos maiores (SiO2, TiO2, Al2O3, Fe2O3, MnO, MgO, CaO, Na2O, K2O e P2O5,
expressos em porcentagem de peso), elementos traços (Ba, Rb, Sr, Zr dentre outros, em
ppm) e os elementos terras rara (La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb e
Lu).
Na
utilização
dos
diagramas
procurou-se
obedecer
rigorosamente
às
especificações de aplicação deles feita por seus autores, razão pela qual poderá ser
observado que nem todas as amostras encontram-se lançadas em todos eles.
Os dados analíticos correspondentes aos dados de elementos maiores e dados
normativos estão presentes na tabela 3 e os dados dos elementos traços e elementos
terras rara encontram-se na tabela 4.
V.2. Elementos Maiores
Observando-se as análises geoquímicas do SGS tem-se que os teores de SiO2
variam de 56,38 e 73,19%. Os enclaves máficos microgranulares apresentam os teores
mais baixos de SiO2 (56,38 e 59,40%) e os granitos os valores variam de 66,01 e
73,19% de SiO2.
Estas rochas apresentam teores de Al2O3 variando de 13,82% a 15,86%, TiO2
variando entre 0,07% e 0,98%, K2O oscilando 1,57% até 7,05%, teores de Na2O
variando de 2,48% e 4,67%. Os teores de CaO variam de 0,69% a 5,46%, os de Fe2O3
de 0,64% a 5,76%, os de MgO entre 0,10% e 4,5%, os teores de MnO de 0,01% a
0,12% e os de P2O5 de 0,02% e 0,58%.
87 11.41
3.61
0.93
0.23
5.65
2.10
0.00
1.37
97.29
Di
Hy
Ol
Il
Hm
Tn
Ru
Ap
Total
29.84
36.47
5.65
2,30
99,56
L.O.I
Total
Or
Ab
An
4,31
5,05
0,58
Na2O
K2 O
P2 O5
0.00
0.00
0,11
4,11
5,46
MnO
MgO
CaO
Q
C
56,38
0,98
14,63
5,65
SiO2
TiO2
Al2O3
Fe2O3
58-FE
0.71
0.52
98.15
0.36
8.98
0.00
0.00
9.78
0.00
28.54
25.38
6.05
12.11
5.68
1,60
99,74
3,00
4,83
0,22
0,17
3,93
1,51
56,52
0,91
18,07
8,98
63-RE
0.00
1.23
98.70
0.25
5.76
1.82
8.23
6.52
0.00
41.66
20.98
5.75
6.47
0.00
0,90
99,58
2,48
7,05
0,52
0,12
4,15
4,50
59,40
0,88
13,82
5,76
10B-FE
0.57
0.61
98.90
0.19
4.96
0.00
0.00
6.22
0.00
13.29
28.93
13.97
27.74
2.37
0,80
99,69
3,42
2,25
0,26
0,09
2,50
3,16
66,01
0,68
15,56
4,96
67-FGG
0.03
0.33
99.06
0.08
2.47
0.56
0.00
2.74
0.00
28.83
35.03
8.69
20.27
0.00
0,70
99,76
4,14
4,88
0,14
0,04
1,10
2,10
68,60
0,31
15,28
2,47
10A-FBG
0.56
0.42
99.12
0.23
5.46
0.00
0.00
6.27
0.00
10.93
29.44
8.79
33.77
3.20
0,70
99,81
3,48
1,85
0,18
0,11
2,52
2,01
68,65
0,69
14,16
5,46
68A-RE
0.71
0.40
99.41
0.25
6.19
0.00
0.00
5.75
0.00
10.93
29.61
8.96
33.92
2.65
0,40
99,80
3,50
1,85
0,17
0,12
2,31
2,03
68,68
0,85
13,70
6,19
09C-RE
1,00
99,75
4,53
5,02
0,07
0,02
0,32
1,18
70,62
0,20
15,43
1,36
66-FMG
0,90
99,77
4,32
4,95
0,09
0,02
0,38
1,14
70,97
0,22
15,81
0,97
65-FMG
0.25
0.33
99.31
0.08
2.30
0.00
0.00
2.61
0.00
28.24
35.62
8.51
21.12
0.22
0.17
0.16
98.75
0.04
1.36
0.00
0.00
0.79
0.00
29.66
38.33
5.39
22.25
0.56
0.19
0.21
98.87
0.04
0.97
0.00
0.00
0.94
0.00
29.25
36.55
5.06
24.14
1.48
Cálculo Normativo CIPW
0,40
99,71
4,21
4,78
0,14
0,04
1,05
1,90
69,15
0,30
15,44
2,30
11-FBG
0.17
0.16
99.48
0.02
1.23
0.00
0.00
0.72
0.00
30.43
39.00
4.70
22.25
0.76
0,30
99,78
4,61
5,15
0,07
0,01
0,29
1,04
71,24
0,19
15,65
1,23
07-FGMB
0.16
0.18
99.50
0.02
1.02
0.00
0.00
0.64
0.00
30.49
39.51
4.19
22.20
1.05
0,30
99,80
4,67
5,16
0,08
0,01
0,26
0,95
71,31
0,18
15,86
1,02
60-FGMB
0.07
0.11
99.17
0.02
0.64
0.00
0.00
0.29
0.00
28.60
38.24
3.64
26.16
1.36
0,70
99,87
4,52
4,84
0,05
0,01
0,12
0,80
72,73
0,09
15,37
0,64
69-FMG
0.29
0.14
99.06
0.04
2.57
0.00
0.00
2.24
0.00
9.27
38.58
9.53
34.80
1.56
0,80
99,86
4,56
1,57
0,06
0,02
0,90
2,00
72,80
0,32
14,26
2,57
09B-FGG
0.05
0.04
99.23
0.04
0.85
0.00
0.00
0.34
0.00
26.12
38.33
4.63
27.49
1.30
0,70
99,93
4,53
4,42
0,02
0,02
0,14
0,96
72,97
0,08
15,24
0,85
04-FMG
0.05
0.04
99.37
0.02
0.79
0.00
0.00
0.27
0.00
26.00
36.21
5.37
28.81
1.76
0,50
99,87
4,28
4,40
0,02
0,01
0,11
1,11
73,04
0,07
15,54
0,79
61-FMG
88 0.05
0.07
99.18
0.02
1.02
0.00
0.00
0.24
0.00
27.30
38.07
3.22
27.79
1.36
0,70
99,88
4,50
4,62
0,03
0,01
0,10
0,69
73,19
0,07
14,95
1,02
64-FMG
Tabela 3. Análises geoquímicas para elementos maiores (em % de peso) e cálculo normativo CIPW para as rochas do Stock Granítico Glória Sul, seus
enclaves e rochas encaixantes. Legenda: FMG-Fácies Muscovita Granito; FBG-Fácies Biotita Granito; FGMB-Fácies Granito com Muscovita e Biotita; FGGFácies Granito com Granada; FE-Fácies Enclaves; RE-Rochas Encaixantes. L.O.I.-Loss on Ignition (Perda ao fogo). Q-Quartzo; C-Coríndon; Or-Ortoclásio;
Ab-Albita; An-Anortita; Di-Diopsídio; Hy-Hiperstênio; Ol-Olivina; Il-Ilmenita; Hm-Hematita; Tn-Titanita; Ru-Rutilo; Ap-Apatita.
Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) 10,13
2,52
6,74
0,79
3,53
0,52
1,33
1,19
0,17
0,6
6,0
17,6
Sm
Eu
Gd
Tb
Dy
Ho
Er
Yb
Lu
Ta
Hf
Th
66,1
130,3
60,4
La
Ce
Nd
299,21
37,03
0,94
15,8
26,1
11,6
Y
Cs
Nb
∑ ETR
(La/Yb)N
Eu/Eu*
58-FE
1155
281,1
589,7
224,2
Ba
Rb
Sr
Zr
111,21
3,56
0,63
0,8
4,8
11,1
3,14
3,54
0,51
0,70
4,71
1,02
4,33
0,86
4,05
18,9
43,1
20,8
27,1
18,4
11,8
63-RE
595
180,3
162,4
167,7
257,82
26,61
0,97
0,7
6,3
17,9
1,48
1,28
0,17
0,82
3,45
0,55
8,92
2,35
6,22
51,1
113,6
54,2
16,7
28,2
12,8
10B-FE
1179
351
503,1
222,3
129,69
16,2
0,94
0,5
4,4
10,3
1,43
1,14
0,16
0,57
3,27
0,55
4,69
1,30
3,88
27,7
54,1
24,5
15,3
6,2
8,3
67-FGG
944
99,6
504,5
172,9
139,98
30,51
0,94
0,5
4,4
16,1
0,61
0,66
0,08
0,38
1,53
0,24
4,39
1,08
2,85
30,2
63,1
27,7
7,8
15,1
7,6
10A-FBG
1052
207,1
668,3
145,1
89,41
4,06
0,78
0,5
4,2
5,5
2,57
2,43
0,35
0,66
4,19
0,86
3,76
0,94
3,68
14,8
34,5
16,2
24,2
3,40
7,3
68A-RE
480
61,8
287,6
152,7
121,82
5,19
0,74
0,8
6,4
7,1
2,84
2,76
0,42
0,75
4,62
0,96
4,39
1,03
4,2
21,5
50,1
22,2
26,4
4,20
12,6
09C-RE
438
55,6
210,5
223,5
177,24
44,34
0,89
0,5
4,6
13,4
0,69
0,63
0,09
0,4
1,76
0,25
5,2
1,20
3,28
41,9
78,6
33,9
8,2
12,8
7,3
11-FBG
1060
191,8
693,5
144,8
126,27
57,45
0,80
0,4
4,9
19,7
0,32
0,34
0,04
0,26
1,05
0,13
3,82
0,79
2,43
29,3
58,1
23,3
4,40
8,40
4,4
66-FMG
944
204,8
491,1
146,3
132,35
38,53
0,79
0,5
4,6
14,2
0,58
0,5
0,06
0,34
1,45
0,2
4,86
1,01
3,19
28,9
57,9
26,6
7,10
6,70
5,0
65-FMG
1018
209,4
528,7
135,7
101,51
137,22
1,11
0,3
3,9
18,7
0,11
0,12
0,02
0,12
0,37
0,05
2,71
0,66
1,23
24,7
48,2
18,0
1,8
13,4
4,6
07-FGMB
911
241,2
466,6
129,3
70,57
76,19
1,06
0,3
3,4
15,2
0,12
0,14
0,01
0,1
0,4
0,04
2,14
0,53
1,11
16,
34,1
12,4
1,6
9,9
3,4
60-FGMB
940
227,8
443,9
120,8
46,79
40,78
0,91
0,5
3,2
10,1
0,21
0,17
0,01
0,13
0,62
0,07
1,95
0,47
1,28
10,4
20,0
9,1
2,7
19,5
4,8
69-FMG
631
238,9
293,3
76,4
75,38
12,57
1,94
0,8
3,5
5,7
0,81
0,79
0,12
0,35
1,76
0,31
2,5
1,47
2,18
14,9
32,6
13,9
9,6
1,6
20,8
09B-FGG
490
55,3
394,6
109,8
44,61
23,08
0,72
0,7
2,4
7,5
0,31
0,26
0,04
0,21
0,88
0,12
2,13
0,43
1,58
9,0
18,3
9,1
4,4
9,4
6,7
04- FMG
319
235,5
183,6
54,2
38,58
13,33
0,90
0,4
2,7
6,3
0,43
0,4
0,05
0,21
1,21
0,18
1,97
0,53
1,66
8,0
14,1
7,8
5,5
13,5
5,0
61-FMG
567
187,0
313,5
58,8
89 Tabela 4. Análises geoquímicas para elementos traços (em ppm) para as rochas do Stock Granítico Glória Sul, seus enclaves e rochas
encaixantes. Legenda: FMG-Fácies Muscovita Granito; FBG-Fácies Biotita Granito; FGMB-Fácies Granito com Muscovita e Biotita. FGGFácies Granito com Granada; FE-Fácies Enclaves; RE-Rochas Encaixantes.
Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) 40,73
58,00
0,96
0,4
3,6
8,4
0,12
0,1
0,01
0,13
0,42
0,07
1,72
0,43
1,11
8,7
19,3
6,7
2,4
16,0
4,4
64-FMG
511
220,3
270,8
67,9
Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Os xistos os teores de SiO2 estão compreendidos entre 56,52% e 68,68%,
apresentam os seguintes teores Al2O3 (13,7% a 18,07%), TiO2 (0,69% a 0,91%), K2O
(1,85% a 4,83%%), CaO (1,51% a 2,03%), Na2O (3,0% a 3,5%), MgO (2,52% a
3,93%), MnO (0,11% a 0,17%), Fe2O3 (5,46% a 8,98%) e P2O5 (0,17% a 0,22%).
V.3. Tipologia e Classificação
V.3.1. Diagrama Total Álcalis versus SiO2
Utilizou-se para nomenclatura de rochas plutônicas o diagrama TAS (Na2O+K2O
versus SiO2) proposto por Middlemost (1985) com a subdivisão dos campos entre suítes
alcalinas e sub-alcalinas (Myashiro 1978). É possível observar que as rochas do SGS
posicionam-se no campo dos granitos com exceção de uma amostra do granito com
granada que alocou-se no campo do Granodiorito. As amostras dos enclaves máficos
microgranulares posicionaram-se nos campos dos sienitos e monzonitos (Fig. 29).
Observa-se que as amostras podem ser separadas em três conjuntos distintos,
sendo um conjunto representado pelo Muscovita Granito e Granito com Muscovita e
Biotita, outro grupo pelo Granito com Granada e um último conjunto representado pelos
enclaves e o Biotita Granito. Este último grupo exibe características similares e ressaltase que esses enclaves encontram-se presentes unicamente nessa fácies.
Um volume expressivo dessas rochas situam-se no campo das rochas subalcalinas e que todas as rochas apresentam conteúdos elevados de álcalis para um
intervalo relativamente restrito de sílica.
V.3.2. Diagrama K2O versus SiO2
O diagrama binário K2O versus SiO2 idealizado por Peccerillo & Taylor (1976)
define os campos para as séries Shoshonítica; Cálcio-alcalina (cálcio-alcalina com alto
potássio, cálcio-alcalina de médio potássio), e Toleítica. Os limites de Corriveau &
Gorton (1993), no mesmo diagrama estabelece um campo para as rochas da Série
Ultrapotássica.
90 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 29. Diagrama TAS (Na2O+K2O versus SiO2) para a classificação das rochas
plutônicas segundo Middlemost (1985), aplicado às rochas do SGS. A curva tracejada
divide o domínio das rochas alcalinas e sub-alcalina segundo Myashiro (1978).
91 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) As amostras do SGS (Fig. 30) apresentam-se dispostas em três grupos distintos.
As amostras do Granito com Granada posicionam-se no campo da Série Cálcio-Alcalina
de médio potássio, as amostras do Muscovita Granito e Granito com Muscovita e
Biotita posicionam-se no campo da Série Cálcio-Alcalina de alto potássio. As amostras
do Biotita Granito estão dispostas na Série Cálcio-Alcalina de alto potássio, um enclave
na Série Shoshonítica e a outra amostra do enclave (FDS-10B) exibe afinidade
Ultrapotássica.
V.3.3. Diagrama de Saturação em Alumina
As rochas segundo Shand (1927) podem ser classificadas quanto à saturação em
alumínio
nos
seguintes
grupos:
peraluminosas
{Al2O3>(CaO+Na2O+K2O)},
metaluminosas {Al2O3<(CaO+Na2O+K2O)} e peralcalinas {Al2O3>(Na2O+K2O)}.
Maniar & Piccoli (1989) utilizando o índice proposto por Shand elaboraram um
diagrama
correlacionando
os
valores
Al2O3/(Na2O+K2O)
versus
Al2O3/(CaO+Na2O+K2O). De acordo com esses sistemas as rochas do SGS apresentamse variando entre metaluminosas a peraluminosas (Fig. 31).
As rochas pertencentes à Fácies Biotita Granito e os enclaves máficos
microgranulares apresentam natureza metaluminosa, enquanto que as demais rochas
exibem caráter peraluminoso. As amostras pertencentes à Fácies Granito com Granada
apresentam-se mais peraluminosa que as demais amostras, o que pode ser observado na
norma CIPW (Tab. 2), onde essas amostras exibem quantidade de coríndon normativo
variando de 1,56 a 2,37.
V.4. Diagramas Harker
Os diagramas de variação Harker (1909) são utilizados para apresentar uma
variabilidade das rochas visando caracterizar tendências entre grupo de amostras
cogenéticas permitindo evidenciar a presença de pulsos magmáticos ou séries
magmáticas ou mesmo anomalias.
92 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 30. Diagrama Na2O versus K2O de Peccerillo & Taylor (1976) com as amostras
do SGS. As linhas A e B definidas por Corriveau & Gorton (1993) para o campo das
rochas ultrapotássicas.
93 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 31. Índices de Shand (1927), expressos em diagrama de Maniar & Piccoli
(1989), usados para o grau de saturação em alumina das amostras do SGS. Legenda:
A/CNK - Al2O3/(CaO+Na2O+K2O), A/NK - Al2O3/(Na2O+K2O).
94 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A figura 32 apresenta os diagramas de Harker para as rochas do SGS. As amostras
dos enclaves são as rochas menos evoluídas, como percentual de SiO2 abaixo de 60% e
as amostras da Fácies Muscovita Granito representam as rochas mais evoluídas.
Tendência geral negativa são visualizadas para TiO2, MgO, CaO, P2O5, FeOt e MnO,
indicando um fracionamento dos minerais máficos (hornblenda, diopsídio, biotita,
titanita, epídoto, minerais opacos e apatita), durante a evolução dessas rochas.
O MgO, CaO e FeOt comportam-se como um grupo com características
semelhantes, uma vez que as rochas que apresentam baixa SiO2 são ricas nestes três
componentes (Cox et al. 1979).
O Al2O3 apresenta uma tendência pouco definida, podendo ser notado que as
amostras dos enclaves máficos microgranulares exibem valores abaixo das demais
amostras, sendo isso corroborado pelo percentual modal de plagioclásio presente nestas
amostras. Essa tendência do Al2O3 juntamente com o CaO exibindo uma correlação
negativa, indica fracionamento de plagioclásio, o que também pode ser corroborado
pela presença da textura de zonação presente em cristais de plagioclásio.
Os teores de Na2O e K2O mantêm-se constantes ou pouco variam com o aumento
de SiO2. As amostras dos enclaves exibem altos valores de K2O, o que foi evidenciado
por sua afinidade ultrapotássica.
Os Muscovita Granito e Granito com Muscovita e Biotita não descrevem uma
tendência nítida, apresentando-se como uma concentração de pontos, diferentemente
contrário ao comportamento das demais rochas. Estas rochas exibem um
empobrecimento em TiO2, MgO, CaO, P2O5, FeOt, e MnO, enriquecimento em Na2O e
leve enriquecimento em Al2O3 e K2O.
Os Biotita Granito exibem uma boa correlação, com uma tendência positiva com
o Al2O3 e Na2O e uma tendência levemente negativa para TiO2, MgO, CaO, K2O e
FeOt. O P2O5 e o MnO exibem valores em equilíbrio. Observa-se que essas rochas
apresentam um comportamento semelhante aos enclaves máficos microgranulares,
podendo ser traçado uma tendência evolutiva entre esses dois grupos. São observadas
tendências negativas com TiO2, MgO, CaO, P2O5, FeOt e MnO sugerindo
95 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) fracionamento de minerais máficos presentes, tais como, biotita, titanita, diopsídio e
minerais opacos.
V.5. Composição Normativa CIPW
Os minerais normativos são minerais de existência real ou teórica em rochas
ígneas, calculados a partir da sua composição química (Fujimori 1990). De acordo com
Rollinson (1993) o cálculo da norma é uma forma de trabalhar a mineralogia de uma
rocha a partir de uma análise química e, no contexto da classificação de rochas, permite
uma classificação pseudomineralógica. Os cálculos da composição normativa foram
realizados para todas as rochas do SGS e encontram-se na tabela 3.
Os valores do quartzo normativo variam entre 6,47% e 34,80%, observando-se
que uma amostra de enclave (FDS-58) não apresenta valor de quartzo normativo. Os
valores normativos para ortoclásio variam de 9,27% e 41,66%, enquanto os valores da
albita variam entre 20,98% e 39,51%. A amostra do enclave FDS-10B exibe o maior
percentual de ortoclásio e o menor percentual de albita o que é confirmado pelos valores
modais descritos no capítulo da petrografia. O percentual de coríndon normativo varia
de 0,22% e 2,37%, indicando de acordo com o índice de Shand que as rochas do SGS
são de natureza metaluminosas a levemente peraluminosas, sendo que as rochas do
Granito com Granada são as exibem os valores mais elevados de coríndon normativo.
A presença de diopsídio normativo somente é observada nas amostras dos
enclaves, apresentando valores de 8,23% (FDS-10B) e 11,41% (FDS-58), o que também
pode ser confirmado através dos dados modais. Nota-se também que os enclaves
apresentam altos valores de hiperstênio normativo. O Granito com Granada apresenta os
valores mais elevados de quartzo normativo variando entre 27,74% e 34,80%, o que
pode permitir classificar essas rochas como saturadas em sílica.
96 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 32. Diagramas de Harker para as rochas estudadas.
97 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) V.5.1. Diagrama Ternário Qz-Ab-Or
É o diagrama clássico experimental que apresenta o sistema quartzo, albita,
ortoclásio, normativos, estudado por Tuttle & Bowen (1958), admitindo ser granito
magmático aquele gerado nas condições do vale termal. O diagrama foi construído para
altas pressões de P=H2O, permitindo indicar as condições de pressão sob as quais
determinada rocha granítica se formou. As rochas graníticas apresentam como
componentes essenciais dois tipos de feldspatos (plagioclásio sódico e feldspato
alcalino) e quartzo. O sistema ternário Qz-Ab-An é um sistema altamente suscetível aos
efeitos da pressão úmida P=PH2O (Sial & McReath 1984).
Utilizando-se o diagrama ternário Qz-Ab–Or para as amostras do SGS (Fig. 33),
observa-se que, as rochas da Fácies Muscovita Granito alocaram-se na interface entre as
curvas de 3000 e 5000 bar, as rochas das fácies Biotita Granito e Granito com
Muscovita e Biotita situaram-se abaixo da curva de 5000 bar e as rochas da Fácies
Granito com Granada alocaram-se na curva de 500 bar.
V.5.2. Elementos Traços
As rochas do SGS exibem valores bem distintos de elementos traços evidenciando
que os enclaves máficos microgranulares apresentam valores mais elevados em
comparação aos granitos.
Os teores de Ba nos granitos variam entre 319 ppm e 1060 ppm enquanto que os
enclaves máficos microgranulares apresentam valores entre 1155 ppm e 1179 ppm.
Os granitos exibem valores de Rb entre 55,3 ppm e 241,2 ppm e os enclaves
máficos microgranulares exibem valores entre 281,1 ppm e 351 ppm.
Os valores de Sr nos granitos variam entre 183,6 ppm e 693,5 ppm e nos enclaves
máficos microgranulares variam entre 503,1 ppm e 589,7 ppm.
O Zr exibe valores entre 54,2 ppm e 172,9 ppm nos granitos e valores entre 222,3
e 224,2 ppm nos enclaves máficos microgranulares.
98 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 33. Diagrama Albita (Ab) – Quartzo (Qz) – Ortoclásio (Or) com PH2O = 500,
3000 e 5000 bar, segundo Tuttle & Bowen (1958).
99 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Os granitos apresentam valores em ppm de Nb variando entre 3,4 e 20,8 ppm e os
enclaves máficos microgranulares variam entre 11,6 ppm e 12,8 ppm.
O Y exibe valores entre 1,6 ppm e 15,3 ppm nos granitos e valores entre 15,8 ppm
e 16,7 ppm nos enclaves máficos microgranulares.
Nos granitos os valores mais baixos correspondem as rochas da Fácies Muscovita
Granito, com exceção para o valor correspondente ao Rb (55,3 ppm) que corresponde a
amostra 09B representante da Fácies Granito com Granada.
As rochas encaixantes apresentam valores de Ba variando entre 438 ppm e 595
ppm, o Rb variando entre 55,6 ppm e 180,3 ppm, o Sr variando entre 162,4 ppm e 287,6
ppm, o Zr variando entre 152,7 ppm e 223,5 ppm, o Nb variando entre 7,3 ppm e 12,6
ppm e o Y variando entre 24,2 ppm e 27,1 ppm.
A análise dos elementos traços constitui uma ferramenta importante no
modelamento de processos magmáticos. Para uma avaliação sobre a importância destes
processos é necessário que se tenha informações precisas sobre a distribuição de
elementos traços sobre as fases cristalinas de magmas silicatados.
No estudo das rochas do SGS elaborou-se diagramas binários utilizando os
parâmetros da SiO2 e elementos traços Ba, Rb, Sr, Zr, Y e Nb.
Os dados de elementos traços obtidos para as rochas do SGS, quando projetadas
em diagramas do tipo Harker (Fig. 34), definem linhas de tendência semelhantes aos
elementos maiores. As rochas das Fácies Biotita Granito são as que se apresentam mais
enriquecidas em Ba em relação as demais fácies que exibem um decréscimo nos valores
de Ba, com exceção para os enclaves máficos microgranulares que exibem altos valores
(1155-1179 ppm).
O Rb é um elemento que apresenta altos valores para os enclaves máficos
microgranulares (281,1-351 ppm), enquanto que os Granitos com Granada exibem os
menores valores deste elemento, as demais rochas exibem valores medianos de Rb
(187-241,2 ppm).
Os valores de Sr mostram que as amostras do Biotita Granito e os enclaves
máficos microgranulares são enriquecidas nesse elemento, mas as amostras apresentam100 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 34. Diagramas de Elementos Traços versus SiO2 para as rochas do SGS.
101 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) se de forma dispersa observando-se que as amostras do Muscovita Granito mostram-se
mais empobrecidas.
O Zr apresenta um padrão semelhante ao Ba e Rb, com os enclaves máficos
microgranulares exibindo um enriquecimento desse elemento. O comportamento do Y e
Nb são bem semelhantes.
V.6. Diagramas de Elementos Terras Raras
Os Elementos Terras Raras (ETR) são utilizados como indicadores de processos
petrogenéticos, como a cristalização fracionada em rochas ígneas (Figueiredo 1985).
O enriquecimento ou empobrecimento destes elementos está relacionado com as
fases minerais cristalizadas durante a evolução do magma e com as características da
fonte (Sial et al. 1981).
De acordo com Figueiredo (1985), os ETR são fortemente fracionados nas rochas
ígneas. Há um aumento gradual no conteúdo de ETR e um enriquecimento relativo dos
Elementos Terras Raras Leves (ETRL) das rochas ultrabásicas para as básicas,
intermediárias, ácidas e alcalinas. O enriquecimento relativo dos ETRL é característico
em rochas crustais e é devido à incorporação preferencial dos ETR de maiores raios
iônicos na fração líquida, nos equilíbrios em sistemas silicáticos cristal/líquido (Buma et
al. 1971).
Nas rochas básicas-ultrabásicas, os ETR estão dominantemente distribuídas nos
minerais essenciais, enquanto que nas rochas ácidas e especialmente nas alca1inas esses
elementos estão concentrados nos minerais acessórios (Ronov et al. 1967).
Os valores dos ETR, obtidos das análises geoquímicas, foram normalizados pelo
condrito de Evensen et al. (1978). As análises dos padrões ETR para o SGS exibem
valores totais ETR de 38,58 ppm a 299,21 ppm (Tab. 4). Eles são marcados por um
enriquecimento em ETRL e um empobrecimento em ETRP, indicando um importante
fracionamento confirmado pelas variações nas razões Lan/Ybn (12,57–137,22). Observase a ausência de uma anomalia significativa de Eu que varia de 0,72 a 1,94 (Fig. 35).
102 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) As rochas da Fácies Muscovita Granito apresentam conteúdo total de ETR de
38,58 ppm a 132,35 ppm (Tab. 4). O diagrama de ETR normalizado seguinte (Fig. 35
A) apresenta um padrão bastante fracionado com Lan/Ybn variando de 13,33 a 58,0 com
uma discreta anomalia de Eu variando de 0,72 a 0,96. As rochas da Fácies Biotita
Granito apresentam um comportamento similar a fácies anterior, mostrando-se mais
enriquecido em ETR com um conteúdo total de 139,98 ppm a 177,24 ppm (Tab. 4),
pequenas variações nas razões razão Lan/Ybn (30,51 a 44,34) e sem anomalia de
Eu variando de 0,89 a 0,94 (Fig. 35 B).
As rochas da Fácies Granito com Muscovita e Biotita exibem um padrão
de enriquecimento mais pronunciado dos ETRL em comparação aos ETRP (Fig.
35 C), com um conteúdo total de ETR de 70,57 ppm a 101,51 ppm (Tab. 4).
Exibem igualmente altas razões Lan/Ybn, variando de 76,19 a 137,22, com fracas
anomalias positivas em Eu variando de 1,06 a 1,11.
As rochas pertencentes da Fácies Granito com granada exibem um
conteúdo total de ETR variando de 75,38 ppm a 129,69 ppm (Tab. 4), mostram
baixas razões Lan/Ybn (12,57 a 16,2) e uma anomalia positiva do Eu variando de
negativa (0,94) a positiva (1,94 para a amostra FDS-09B; Fig. 35 D).
Os enclaves máficos microgranulares têm um comportamento muito similar a
rochas da Fácies Biotita Granito (Fig. 35 E). Eles apresentam as maiores concentrações
total de ETR (257,82 ppm e 299,21 ppm; Tab. 4), variações nas razões Lan/Ybn de
26,61 e 37,08 e não apresentam anomalia em Eu fracas (0,94 a 0,97).
Os xistos apresentam comportamento diferente das rochas graníticas e enclaves,
exibindo um fracionamento entre os ETRL e ETRP bastante homogêneo e com um
conteúdo total de terras rara variando de 89,41 ppm a 121,82 ppm (Tab. 4). Essas
amostras pequenas variações nas razões Lan/Ybn de 3,56 e 5,19 e forte anomalia
negativa em Eu (0,63 a 0,78; Fig. 35 F).
103 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 35. Padrão de elementos terras rara normalizados para o condrito (Evensen et al.
1978) para as rochas da área estudada. Legenda: [A] Rochas da Fácies Muscovita
Granito, [B] Rochas da Fácies Biotita Granito, [C] Rochas da Fácies Granito com
Muscovita e Biotita, [D] Rochas da Fácies Granito com Granada, [E] Rochas da Fácies
Enclaves e [F] Xistos do Macururé.
104 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) V.7. Diagrama Multi-Elementar Expandido
Inicialmente os diagramas de elementos normalizados em relação a um padrão
foram utilizados por Wood et al. (1979) e Sun (1980, 1982). Esses diagramas são
amplamente empregados na literatura, pois possibilitam mais facilmente reconhecer a
atuação de determinados processos petrogenéticos (Sun 1982, Pearce 1983, Thompson
et al. 1984, Anderson & Bender 1989). Estes padrões foram denominados spidergrams
por Thompson et al. (1984).
Nestes diagramas multi-elementares os diversos elementos têm sua abundância
normalizada, convenientemente, em relação a qualquer um dos seguintes parâmetros de
referência: manto primitivo (Wood et al. 1979); condrito (Thompson et al. 1984 ou Sun
1980) ou ORG (ocean ridge granites) (Pearce et al. 1984), etc.
Para este trabalho, os elementos estão dispostos na ordem estabelecida por Pearce
et al. (1984), com abundância normalizada em relação ao ORG. Para as rochas
estudadas observamos que as diferentes fácies apresentam um comportamento
homogêneo, apresentam-se enriquecidas nos LILE (large-ion lithophile elements) e
empobrecidas em relação aos HFS (high-field strength).
Para as rochas da Fácies Muscovita Granito os padrões apresentam anomalias
negativas Nb, Y e Ba e anomalias positivas em Th, Rb e Ce (Fig. 36 A) em comparação
as demais fácies. Esses padrões podem sugerir uma contribuição de placa subductada na
geração dos magmas, podendo refletir também o fracionamento de apatita.
Nas demais fácies destacam-se teores elevados de Ba, Rb, Ta e Ce em oposição a
concentrações baixas de Nb, e Th e em alguns casos em Yb, o Zr define em geral, uma
anomalia levemente negativa. Anomalias negativas de Nb, Y, e Yb é uma feição
característica de magmas relacionados a zonas de subducção tendo sido atribuída a
retenção desses elementos em resíduo rico em granada durante a fusão parcial (Pearce
1982, Pearce et. al. 1984, Wilson 1989). Processos semelhantes poderiam ter ocorrido
com o Zr retendo esse elemento na fonte em fases minerais com o rutilo.
105 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 36. Diagramas multi-elementar com valores normalizados para o ORG (ocean
ridge granites) de Pearce et al. 1984, para as rochas do SGS. Legenda: [A] Rochas da
Fácies Muscovita Granito, [B] Rochas da Fácies Biotita Granito, [C] Rochas da Fácies
Granito com Muscovita e Biotita, [D] Rochas da Fácies Granito com Granada, [E]
Rochas da Fácies Enclaves e [F] Xistos do Macururé.
106 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) V.8. Diagrama para classificação em granitos Tipo-I e Tipo-S
Alguns trabalhos classificam as rochas graníticas com base em sua fonte, levando
em consideração a sua origem e o ambiente que se formaram. Chappell & White (1974)
e colaboradores a partir do estudo de granitos do Cinturão Lachlan na Austrália
introduziram o conceito de séries granitóides tipos I, S, A e M.
Chappell & White (1974) definiram o conceito de granitos tipo I e tipo S,
relacionando-os com sua origem: tipo I (ígneo) e tipo S (sedimentar) e mostrando as
características mineralógicas e químicas de cada um deles. A terminologia de granito
tipo A foi introduzida por Loiselle & Wones (1979) para designar granitos de natureza
alcalina e anorogênicos.
O modelo proposto por White (1979), White & Chappell (1983) e Chappell &
Stephens (1987) considera que os dois tipos de granitos resultam da fusão parcial de
rochas na crosta inferior (Chappell & White 1974). A diferenciação destes magmas
(fusão+cristalização+resíduo) é controlada pela variação dos graus de separação da
fração félsica do resíduo mais máfico da rocha original (restito).
As rochas do SGS podem ser separadas em dois grupos distintos ao utilizar-se o
diagrama de Chappell & White (1974), podendo ser observado que as amostras
referentes ao granito com granada e os enclaves alocaram-se no campo dos granitos do
Tipo-I e as demais amostras alocaram-se no campo dos granitos do Tipo-S (Fig. 37).
V.9. Diagrama Discriminante de Ambiente Geotectônico
Os estudos das relações entre composição modal, a geoquímica de elementos
maiores, menores, traços e os regimes tectônicos resultou na caracterização de
diferentes series e/ou associações granitóides.
Os elementos traços do tipo HFS e LILE têm sido amplamente utilizados na
discriminação de ambientes tectônicos, devido a sua imobilidade durante os processos
de fracionamento. Eles foram inicialmente utilizados apenas para rochas basálticas
(Pearce & Cann 1973, Pearce & Norry 1979).
107 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 37. Diagrama K2O versus Na2O segundo Chappell & White (1974), aplicado às
rochas do Stock Granítico Glória Sul.
108 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) No princípio estes diagramas não foram utilizados no estudo de rochas graníticas
pelo fato deste apresentarem uma evolução petrogenética complexa, abrangendo
processos tais como acumulação de cristais, envolvimento da crosta, fracionamento de
elementos traços, que embora seja de pouca relevância na gênese de basaltos poderia
mascarar as feições geoquímicas em granitos (Hanson 1978).
Pearce et al. (1984) demonstraram que esses fatores podiam ser minimizados pelo
menor grau de alteração sofrido pelas rochas graníticas, tanto para elementos móveis
quanto imóveis e, desta forma, introduziram alguns diagramas que relacionam as
características das rochas graníticas ao ambiente tectônico na qual foram geradas.
No diagrama discriminante Y+Nb versus Rb (Fig. 38) de Pearce et al. (1984),
observa-se que as rochas estudadas posicionam-se no campo dos granitoides sincolisionais com exceção dos granitos com granada.
V.10. Considerações Geoquímicas
As rochas do SGS foram classificadas no diagrama TAS como granitos, enquanto
que os enclaves foram classificados como sienito e monzonito. As rochas do SGS
classificaram-se em três grupos distintos, em função de características semelhantes
como na petrografia e a química. Os grupos propostos foram: um grupo com Muscovita
Granito e Granito com Muscovita e Biotita, outro grupo com Granito com Granada e o
último pelo Biotita Granito e os enclaves.
Na classificação das séries magmáticas, utilizou-se o diagrama proposto por
Peccerillo & Taylor (1976) que mostrou a afinidade com as séries Cálcio-Alcalina de
médio e alto potássio. As amostras dos enclaves por exibirem um caráter mais
potássico, optou-se a utilização do diagrama com as divisórias propostas por Corriveau
& Gorton (1993) onde é estabelecido um caráter ultrapotássico para os enclaves.
Analisando-se a saturação da alumina com índices definidos por Shand (1927), as
rochas do SGS apresentam caráter metaluninoso a peraluminoso.
109 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 38. Diagrama discriminante de ambiente tectônico de Pearce et al. (1984) com as
amostras do Stock Granítico Glória Sul. Legenda: sin-COLG–sin-colisional, VAG–
granitos de arco vulcânico, WPG–granitos intra-placa, ORG–granitos de cadeias
oceânicas.
110 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A evolução dessas rochas pode-se ser compreendida na análise dos diagramas de
Harker para elementos maiores e traços. Foram visualizados uma correlação negativa
para TiO2, MgO, CaO, P2O5, FeOt e MnO, indicando um fracionamento dos minerais
máficos (hornblenda, diopsídio, biotita, titanita, epídoto, minerais opacos e apatita),
durante a evolução dessas rochas.
As correlações observadas descritas por estas rochas foram interpretadas na
literatura como processo de mistura entre magmas no SGS. Há uma dificuldade na
observação a cerca das rochas das fácies Muscovita Granito e Granito com muscovita e
biotita que por apresentarem-se como um aglomerado de pontos não exibindo um
comportamento nítido. As rochas da Fácies Biotita Granito exibem uma boa tendência
com os enclaves máficos microgranulares, apresentando uma evolução entre si.
Analisando os espectros dos ETR, observam-se que em linhas gerais as rochas
apresentam uma homogeneidade nos padrões, sem a evidência de anomalia pronunciada
em Eu. As geometrias dos espectros apresentados pelos enclaves, Biotita Granito e
Muscovita Granito apresentam um bom paralelismo, sugerindo cogeneticidade. Por
outro lado, a hipótese de mistura entre magmas com composições similares as dos
enclaves e o Muscovita Granito poderiam explicar os espectros de ETR observado para
o Biotita Granito.
A ausência de uma anomalia significativa de Eu pode significar que o plagioclásio
foi pouco fracionado durante o processo de evolução magmática. Isto também pode ser
atribuído a uma fugacidade de oxigênio média a alta, que não permitiu o ingresso de Eu
na estrutura dos feldspatos. O empobrecimento do Eu em direção aos termos mais
evoluídos sugere o fracionamento de feldspato com a diferenciação magmática. Este
fracionamento também pode ser visto através da correlação negativa do CaO e Na2O
com SiO2. A predominância do padrão ETRP negativo, com a ausência de granada,
indica que possivelmente esta era uma fase residual na origem destes magmas.
O forte enriquecimento em ETRL (La até Gd) indica que a fonte era já
enriquecida nestes elementos, pois nenhum fracionamento cristal-líquido poderia
enriquecer o líquido em ETRL desta forma. Os elementos traços Ba, Rb, Sr, Zr, Y e Nb
apresentam correlações negativas com SiO2 para boa parte das associações, indicando
111 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) compatibilidade destes elementos na evolução magmática. No caso dos elementos Zr e
Y estas correlações negativas com a SiO2 sugerem o fracionamento de apatita (Y) e
zircão (Y, Zr).
Utilizando-se da classificação de Chappell & White (1974) em relação à fonte de
origem das rochas graníticas, as rochas do SGS foram separadas em dois grupos
distintos, onde as amostras referentes ao granito com granada e os enclaves alocaram-se
no campo dos granitos do Tipo-I e as demais amostras, no campo dos granitos do TipoS.
Para uma classificação do ambiente geotectônico optou-se pelo diagrama proposto
por Pearce et al. (1984), que utiliza os parâmetros de Y+Nb versus Rb, e as rochas
estudadas posicionam-se no campo dos granitoides sin-colisionais com exceção dos
granitos com granada.
112 CAPÍTULO VI CONCLUSÕES Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES
As principais conclusões podem ser traçadas a partir deste estudo:
• O Stock Granítico Glória Sul compreende uma intrusão de aproximadamente 41
km2, exibindo uma geometria levemente arredondada, constituída por rochas com uma
boa homogeneidade composicional e textural, coloração esbranquiçada e acinzentada,
textura equigranular e presença de enclaves máficos microgranulares.
• O mapeamento das rochas permitiu identificar que predomina no stock granitos,
podendo-se delimitar no corpo a ocorrência de quatro fácies petrográficas: Fácies
Muscovita Granito, Fácies Biotita Granito, Fácies Granito com Muscovita Biotita e
Fácies Granito com Granada.
• Na análise petrográfica foram analisadas 14 lâminas delgadas referentes a
granitos, duas de enclaves e seis referentes à encaixante. Os granitos e os enclaves
máficos microgranulares estudados apresentam como mineralogia essencial constituída
por quartzo, feldspato alcalino, plagioclásio, muscovita, biotita, diopsídio, hornblenda e
granada. A mineralogia acessória constitui-se de titanita, epídoto magmático, apatita,
zircão, carbonato e minerais opacos.
• O estudo geoquímico realizado mostrou que as rochas estudadas exibem caráter
metaluminoso a peraluminoso. Os teores de SiO2 variam entre 56,38% a 73,19%, sendo
os enclaves as rochas menos evoluídas.
• Tendência geral negativa são visualizadas para TiO2, MgO, CaO, P2O5, FeOt e
MnO, indicando um fracionamento dos minerais máficos (hornblenda, diopsídio,
biotita, titanita, epídoto, minerais opacos e apatita), durante a evolução dessas rochas.
114 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) • Os espectros dos ETR apresentam uma homogeneidade nos padrões, sem a
evidência de anomalia pronunciada em Eu. A ausência de uma anomalia significativa de
Eu pode significar que o plagioclásio foi pouco fracionado durante o processo de
evolução magmática.
• Classificando-se as rochas estudadas em relação à fonte de origem das rochas
graníticas, as rochas do SGS foram separadas em dois grupos distintos, onde as
amostras referentes ao granito com granada e os enclaves alocaram-se no campo dos
granitos do Tipo-I e as demais amostras alocaram-se no campo dos granitos do Tipo-S.
• Para uma classificação do ambiente geotectônico, utilizando-se os parâmetros de
Y+Nb versus Rb, e as rochas estudadas posicionam-se no campo dos granitoides sincolisionais com exceção dos granitos com granada.
115 REFERÊNCIAS Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) REFERÊNCIAS
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