UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PETROLOGIA DO STOCK GRANÍTICO GLÓRIA SUL, FAIXA SERGIPANA, SETOR SUL DA PROVÍNCIA BORBOREMA, SERGIPE Joane Almeida da Conceição Orientadora: Profa. Dra. Maria de Lourdes da Silva Rosa Coorientador: Prof. Dr. Herbet Conceição DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Programa de Pós-Graduação em Geociências e Análise de Bacias São Cristóvão-SE 2014 Joane Almeida da Conceição PETROLOGIA DO STOCK GRANÍTICO GLÓRIA SUL, FAIXA SERGIPANA, SETOR SUL DA PROVÍNCIA BORBOREMA, SERGIPE Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geociências e Análise de Bacias da Universidade Federal de Sergipe, como requisito para obtenção do título de Mestre em Geociências. Orientadora: Dra. Maria de Lourdes da Silva Rosa Coorientador: Dr. Herbet Conceição São Cristóvão–SE 2014 PETROLOGIA DO STOCK GRANÍTICO GLÓRIA SUL, FAIXA SERGIPANA, SETOR SUL DA PROVÍNCIA BORBOREMA, SERGIPE por: Joane Almeida da Conceição (Geóloga, Universidade Federal de Sergipe – 2011) DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Submetida em satisfação parcial dos requisitos ao grau de: MESTRE EM GEOCIÊNCIAS Data Defesa: 27/02/2014 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE Conceição, Joane Almeida da Petrologia do stock granítico Glória Sul, Faixa Sergipana, setor sul da Província Borborema, Sergipe / Joane Almeida da Conceição ; orientadora Maria de Lourdes da Silva Rosa. – São Cristóvão, 2014. 123 f. : il. C744p Dissertação (mestrado em Geociências e Análise de Bacias) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2014. O 1. Geociências. 2. Stock granítico Glória Sul. 3. Petrografia. 4. Geoquímica. 5. Sergipe (SE). I. Rosa, Maria de Lourdes da Silva, orient. II. Título. CDU: 550.4(813.7) A minha família e aos meus amigos. I E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Apocalipse 21:1 II AGRADECIMENTOS ______________________________________________________________________ A concretização desse trabalho só foi possível graças ao empenho e dedicação dos professores Herbet Conceição e Maria de Lourdes da Silva Rosa a frente do Projeto Granitogênese da Faixa de Dobramentos Sergipana. A CAPES (Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo apoio financeiro através da concessão da bolsa sem a qual não poderia me dedicar a esta pesquisa. A Universidade Federal de Sergipe, Programa de Pós-­‐Graduação em Geociências e Análise de Bacias e ao Departamento de Geologia por toda infraestrutura necessária ao desenvolvimento deste trabalho. Aos professores Maria de Lourdes da Silva Rosa e Herbet Conceição pelo estímulo, apoio e cuja orientação em todas as fases de desenvolvimento do presente trabalho, foram de importância primordial para a elaboração e estabelecimento das ideias agora apresentadas. A CPRM (Superintendência Salvador) pelo acesso aos laboratórios e equipamentos para preparação das amostras, nas pessoas de Teobaldo Rodrigues de Oliveira Júnior, Ivanaldo Vieira Gomes da Costa e em especial as geólogas Rita Cunha Leal e Cristina Burgos. A SEPLAG/SE por fornecer as fotografias aéreas e foto-­‐índice para elaboração dos mapas nas pessoas de Edson Magalhães Bastos, Simone Soraia Silva Sardeiro e Márcio dos Reis Santos. Ao Pronex/CNPq/Fapitec/UFS. Aos amigos Carol, Vinícius e Cleverton que conviveram comigo durante a pós-­‐graduação, agradeço o grande apoio, incentivo, estímulo e discussões, na elaboração dos mapas, nas fotografias, microfotografias. Aos amigos Jailson Alves pelo auxílio na contagem modal e Adjanine Pimenta na separação das fotografias aéreas. A minha família pela compreensão e apoio. Meus agradecimentos a todos que de alguma forma colaboraram, orientando, apoiando e me incentivaram a acreditar e lutar pelos objetivos ao longo deste trabalho. Joane Almeida da Conceição III RESUMO Na Faixa Sergipana existe um grande volume de rochas graníticas, com expressividade no Domínio Macururé. Nesse domínio os corpos graníticos são classificados como Tipo Glória. O Stock Granítico Glória Sul intrudido no Domínio Macururé apresenta uma área de aproximadamente 41 km2, com geometria levemente arredondada, com rochas exibindo uma grande homogeneidade composicional e textural, sendo constituídas por granitos leucocráticos de coloração esbranquiçada na maior parte do stock, exibindo tipos de coloração acinzentada, textura equigranular. É evidente a presença de enclaves máficos microgranulares e por vezes percebe-se que as rochas exibem anisotropismo marcado pela orientação dos cristais de micas. Modalmente as rochas do stock são classificadas como granitos e seus enclaves como álcali-feldspato quartzo sienito. As rochas apresentam como mineralogia essencial constituída por quartzo, feldspato alcalino, plagioclásio (albita–oligoclásio), muscovita, biotita, diopsídio e hornblenda, e como minerais acessórios epídoto magmático, titanita, zircão, apatita, carbonato. A química de elementos maiores é caracterizada por teores de SiO2 entre 56,38–73,19%, Al2O3 entre 13,82–15,86%, TiO2 entre 0,07–0,98%, K2O entre 1,57–7,05%, Na2O entre 2,48–4,67%, CaO entre 0,69–5,46%, Fe2O3 entre 0,64–5,76%, MgO entre 0,10–4,5%, MnO entre 0,01–0,12% e P2O5 entre 0,02–0,58%. Os valores dos elementos traços mostram-se bem diferenciados, evidenciando que os enclaves máficos microgranulares apresentam valores mais elevados em comparação aos granitos, com teores de Ba variação entre 319–1179 ppm, Rb variando entre 55,3–351 ppm, Sr variando entre 183,6–693,5 ppm, Zr variando entre 54,2–224,2 ppm, Nb variando entre 3,4–20,8 ppm e Y variando entre 1,6–16,7 ppm. Estas rochas mostram valores de ETR (ΣETR 38,58– 299,21 ppm), Lan/Ybn variando entre 12,57–137,22 ppm e Eu/Eu* variando entre 0,72– 1,94 ppm. Para uma classificação do ambiente geotectônico o diagrama utilizando os parâmetros de Y+Nb versus Rb, as rochas estudadas posicionam-se no campo dos granitoides sin-colisionais com exceção dos granitos com granada. Palavras-chaves: Stock Granítico Glória Sul, Domínio Macururé, Faixa Sergipana IV ABSTRACT In Sergipana range exists a large volume of granitic rocks, with expression in the Macururé Domain. In this field the granitic bodies are classified as Type Gloria. The Stock Granitic Gloria Sul intruded into the Macururé Domain has an area of approximately 41 km2, with slightly rounded geometry, with rocks showing a large compositional and textural homogeneity, and consist of leucocratic granites whitish mostly stock, showing types of staining gray, equigranular texture. The presence of mafic microgranular enclaves and sometimes it is noticed that the rocks exhibit anisotropic behavior marked by the orientation of mica crystals is evident. Modally rocks of the stock are classified as granites and their enclaves as alkali-feldspar quartz syenite. The rocks have an essential mineralogy consists of quartz, alkali feldspar, plagioclase (albite-oligoclase), muscovite, biotite, diopside and hornblende and magmatic epidote as accessory minerals, sphene, zircon, apatite, carbonate. The chemistry of major elements is characterized by SiO2 contents between 56,38 to 73,19%, Al2O3 from 13,82 to 15,86%, TiO2 from 0,07 to 0,98%, K2O from 1,57 to 7,05%, Na2O between 2,48 to 4,67%, CaO from 0,69 to 5,46%, Fe2O3 from 0,64 to 5,76%, MgO from 0,10 to 4,5%, MnO between 0,01 to 0,12% of P2O5, and 0,02 to 0,58%. The values of the traces show up well differentiated, showing microgranular mafic enclaves that have higher values compared to granite, with levels of Ba variation between 319-1179 ppm, Rb ranging from 55,3 to 351 ppm, Sr ranging from 183,6 to 693,5 ppm, Zr ranging from 54,2 to 224,2 ppm, Nb ranging from 3,4 to 20,8 ppm and Y ranging from 1,6 to 16,7 ppm. These rocks show ETR (ΣETR 38,58 to 299,21 ppm), Lan/Ybn ranging from 12,57 to 137,22 ppm and Eu/Eu* ranging from 0,72 to 1,94 ppm. For a classification of tectonic setting diagram using the parameters Y+Nb versus Rb, studied rocks are positioning themselves in the field of syn-collisional granitoids with the exception of granite with garnet. Keyswords: Stock Granitic Gloria Sul, Domain Macururé, Belt Sergipana V SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... II RESUMO........................................................................................................................ III ABSTRACT ................................................................................................................... IV LISTA DE SIGLAS........................................................................................................ IX LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... X LISTA DE TABELAS................................................................................................. XIV LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS ............................................................................XV CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES GERAIS................................................................ 2 I.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 2 I.2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ................................................................................. 3 I.3. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS ............................................................................. 3 I.4. OBJETIVOS ........................................................................................................... 3 I.5. MÉTODOS EMPREGADOS ................................................................................. 4 I.5.1. Trabalhos de Pré-Campo.................................................................................. 4 I.5.2. Trabalhos de Campo ........................................................................................ 6 I.5.3. Trabalhos de Laboratório ................................................................................. 6 I.5.3.1. Petrografia ..................................................................................................... 6 I.5.3.2. Geoquímica ................................................................................................... 7 I.5.3.3. Terminologias Técnicas Utilizadas ............................................................... 7 A. Critério de cores em mapas geológicos ................................................................ 7 B. Abreviação dos nomes dos minerais em fotomicrografias ................................... 8 VI CAPÍTULO II – GEOLOGIA REGIONAL ................................................................... 10 II.1. PROVÍNCIA BORBOREMA ............................................................................. 10 II.1.2. MAGMATISMO NA PROVÍNCIA BORBOREMA .................................. 12 II.2. ARCABOUÇO GEOLÓGICO DO ESTADO DE SERGIPE ............................ 14 II.2.1. Embasamento Gnáissico ............................................................................... 14 II.2.1.1. Complexo Gnáissico-Migmatítico e Domo de Itabaiana e Simão Dias .... 17 II.2.2. Faixa Sergipana ............................................................................................ 18 II.2.2.1. Domínio Estância ...................................................................................... 20 II.2.2.2. Domínio Vaza-Barris ................................................................................. 21 II.2.2.3. Domínio Macururé .................................................................................... 21 II.2.2.4. Domínio Marancó ...................................................................................... 22 II.2.2.5. Domínio Poço Redondo............................................................................. 22 II.2.2.6. Domínio Canindé ....................................................................................... 23 II.2.2.7. Granitoides na Faixa Sergipana ................................................................. 23 II.2.3. Bacias Sedimentares ..................................................................................... 25 CAPÍTULO III – GEOLOGIA LOCAL ........................................................................ 27 III.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 27 III.2. Geologia do Stock Granítico Glória Sul............................................................. 29 III.2.1. Fácies Granito com Muscovita e Biotita ..................................................... 31 III.2.2. Fácies Muscovita Granito............................................................................ 31 III.2.3. Fácies Biotita Granito.................................................................................. 31 III.2.4. Fácies Granito com Granada ....................................................................... 31 III.2.5. Enclaves Máficos Microgranulares ............................................................. 35 III.3. Geologia das Rochas Encaixantes ..................................................................... 39 VII CAPÍTULO IV – PETROGRAFIA ................................................................................ 44 IV.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 44 IV.2. Classificação e Nomenclatura das Rochas ........................................................ 45 IV.2.1. Fácies Granito com Muscovita e Biotita ..................................................... 45 IV.2.1.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 45 IV.2.2. Fácies Muscovita Granito ........................................................................... 52 IV.2.2.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 52 IV.2.3. Fácies Biotita Granito ................................................................................. 55 IV.2.3.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 58 IV.2.4. Fácies Granito com Granada ....................................................................... 63 IV.2.4.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 66 IV.2.5. Enclaves Máficos Microgranulares ............................................................. 70 IV.2.5.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos .................................................. 70 IV.2.6. Considerações Petrográficas ........................................................................... 73 IV.2.6.1. Sequência de Cristalização....................................................................... 76 IV.2.6.2. Ocorrência de Epídoto Magmático .......................................................... 78 IV.2.6.3. Texturas ....................................................................................................... 79 IV.2.6.3.1. Geminação dos Feldspatos .................................................................... 79 IV.2.6.3.2. Mirmequita ............................................................................................ 80 IV.2.6.3.3. Pertita e Antipertita ............................................................................... 81 IV.2.6.3.4. Extinção Ondulante ............................................................................... 82 IV.3. Petrografia das Rochas Encaixantes .................................................................. 83 IV.3.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos ..................................................... 83 IV.3.1.1. Muscovita Biotita Granada Xisto ............................................................. 83 VIII CAPÍTULO V – GEOQUÍMICA ................................................................................... 87 V.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 87 V.2. Elementos Maiores .............................................................................................. 87 V.3. Tipologia e Classificação .................................................................................... 90 V.3.1. Diagrama Total Álcalis versus SiO2 ............................................................. 90 V.3.2. Diagrama K2O versus SiO2 .......................................................................... 90 V.3.3. Diagrama de Saturação em Alumina ............................................................ 92 V.4. Diagramas Harker ............................................................................................... 92 V.5. Composição Normativa CIPW............................................................................ 96 V.5.1. Diagrama Ternário Qz-Ab-Or ...................................................................... 98 V.5.2. Elementos Traços ......................................................................................... 98 V.6. Diagramas de Elementos Terras Raras ............................................................. 102 V.7. Diagrama Multi-Elementar Expandido ............................................................. 105 V.8. Diagrama para classificação em granitos Tipo-I e Tipo-S ................................ 107 V.9. Diagrama Discriminante de Ambiente Geotectônico ....................................... 107 V.10. Considerações Geoquímicas ........................................................................... 109 CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES ............................................................................... 114 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 117 IX LISTA DE SIGLAS CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CIPW Cross, Iddings, Pirsson e Washington CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais DGeol Departamento de Geologia DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes ETR Elementos Terras Raras ETRL Elementos Terras Raras Leves ETRP Elementos Terras Raras Pesadas FDS Faixa de Dobramentos Sergipana GPS Global Positioning System HFS High-Field Strenght ICP-MS Inductively Coupled Plasma Microespectrometry ICP-OES Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry IUGS International Union Geological Sciences LILE Large-Ion Lithophile Elements ORG Ocean Ridge Granites PB Província Borborema QAP Quartzo, Feldspato Alcalino e Plagioclásio Q(A+P)M Quartzo, (Feldspato Alcalino + Plagioclásio) e Minerais Opacos SEPLAG/SE Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão SGS Stock Granítico Glória Sul SHRIMP Sensitive High Resolution Ion Microprobe SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste TAS Total álcalis versus SiO2 UFS Universidade Federal de Sergipe UTM Universal Transversal Mercator X LISTA DE FIGURAS Figura 1. Localização geográfica do Estado de Sergipe (área em vermelho) no Brasil e contorno geográfico do Estado de Sergipe, apresentando a principal via de acesso à área em estudo demarcado no retângulo preto; a área tracejada corresponde à capital Aracaju [A]. Mapa de localização e acessos da região do estudo com as rodovias estaduais e drenagens [B]. ................................................................................................................... 5 Figura 2. Reconstituição geológica dos blocos cratônicos do NE Brasil e W da África. Fonte: Caby et al. (1991). ............................................................................................... 11 Figura 3. Mapa esquemático mostrando o sistema de zonas de cisalhamento da Província Borborema (Vauchez et al. 1995). ................................................................. 13 Figura 4. Províncias estruturais do Brasil (Almeida et al. 1977). .................................. 15 Figura 5. Esboço tectono-estratigráfico do Estado de Sergipe ...................................... 16 Figura 6. Mapa geológico da Faixa Sergipana e áreas adjacentes (D’el-Rey Silva 1992), dividida em seis domínios litotectônicos: Estância, Vaza-Barris, Macururé, Marancó, Poço Redondo e Canindé, separados por grandes sistemas de falhas que são: Falha de Itaporanga (FI), Falha de São Miguel do Aleixo (FSMA), Falha de Belo MonteJeremoabo (FBMJ) e Falha de Macururé (FMS)............................................................ 19 Figura 7. Mapa do Estado de Sergipe no contexto dos estados vizinhos com a localização do Domínio Macururé (área na cor cinza) (A). Esboço geológico do Domínio Macururé apresentando, em rosa, as intrusões de granito (B). A área em destaque, delimitada pelo retângulo preto corresponde ao corpo granítico objeto deste estudo.. ............................................................................................................................ 28 Figura 8. Mapa faciológico e afloramentos estudados no Stock Granítico Glória Sul e encaixante.. ..................................................................................................................... 30 Figura 9. Aspecto geral de um afloramento do Stock Granítico Glória Sul, apresentandose comumente sob a forma de grandes lajedos. .............................................................. 32 Figura 10. Textura geral característica da Fácies Granito com Muscovita e Biotita. Observar no canto superior direito da figura a presença de dois pequenos enclaves máficos microgranulares................................................................................................. 32 Figura 11. Textura geral da Fácies Granito com Muscovita e Biotita, observando-se no centro da figura a presença de enclave máfico microgranular estirado. ......................... 33 XI Figura 12. Visão geral da Fácies Muscovita Granito, que ocorre sob a forma de lajedo. ........................................................................................................................................ 33 Figura 13. Textura geral da Fácies Muscovita Granito. Notar o grande volume de cristais de muscovita (pontuações marrom claro), o que confere a rocha um sutil anisotropismo.................................................................................................................. 34 Figura 14. Lajedo da Fácies Muscovita Granito, representada por uma rocha de coloração clara e textura equigranular. ........................................................................... 34 Figura 15. Textura característica da Fácies Biotita Granito em que se observa a presença de enclaves máficos microgranulares. Esta fácies é que apresenta a maior concentração de enclaves do stock. ...................................................................................................... 36 Figura 16. Zona de contato da Fácies Granito com Granada com o embasamento, observando-se injeções graníticas (coloração bege clara) nos metassedimentos do Domínio Macururé. Observar que o contato entre o granito e a rocha encaixante assemelha-se a um material “amassado”. ....................................................................... 36 Figura 17. Diversas formas dos Enclaves Máficos Microgranulares presentes no SGS. [A] Enclave máfico microgranular estirado; [B] Enclave máfico microgranular anguloso; [C] Enclave máfico microgranular anguloso; [D] Enclave máfico microgranular múltiplo e em formato de coração; [E] Enclave máfico microgranular aparentemente oval; [F] Enclave máfico microgranular arredondado múltiplo. ............ 37 Figura 18. Esquema ilustrativo da interação entre o magma máfico e félsico durante a cristalização do magma félsico segundo Barbarin & Didier (1992). ............................. 38 Figura 19. Enclave máfico microgranular arredondado localizado na Fácies Biotita Granito, exibindo uma borda mais escura em decorrência da acumulação de biotita e diopsídio. ........................................................................................................................ 38 Figura 20. Textura típica do xisto do Domínio Macururé. Observar o grande volume dos cristais de muscovita (pontuações exibindo brilho) e de granada que ocorre como porfiroblastos (pontuações em coloração rosada). ......................................................... 40 Figura 21. Injeções graníticas leucocráticas dobradas ocorrendo dentro do xisto (coloração cinza), no Domínio Macururé. ...................................................................... 40 Figura 22. Afloramento nas margens do riacho da Lagoa. Notar que a rocha encaixante (coloração cinza) ocorre de forma fragmentada como brechas, em contato com o granito (coloração bege). ............................................................................................................ 41 Figura 23. Dique de granito leucocrático cortando o xisto do Domínio Macururé. Notar diversas injeções graníticas leucocráticas, por vezes dobradas na rocha encaixante. .... 41 XII Figura 24. Estrutura em “boudin” presente de forma pontual no xisto do Domínio Macururé. ........................................................................................................................ 42 Figura 25. Metarenito presente no Domínio Macururé. É possível observar estrutura primária preservada (S0). ................................................................................................ 42 Figura 26. Diagramas de nomenclatura. Diagrama QAP de Streckeisen (1976, in Le Maître et al. 2002) aplicado as rochas do Stock Granítico Glória Sul. Q= Quartzo; A= Feldspato Alcalino e albita (<5%An); P= Plagioclásio (>5%An). ................................. 47 Figura 27. Diagrama QAP de Streckeisen (1976, in Le Maître et al. 2002) aplicado as rochas do Stock Granítico Glória Sul. As linhas tracejadas representam trends segundo Lameyre & Bowden (1982). T = Séries Toleiíticas, A = Séries Alcalinas, a = CálcioAlcalinas de baixo K (Cálcio-Alcalinas trondhjemíticas), b = Cálcio-Alcalinas de médio K (Cálcio-Alcalinas granodioríticas), c = Cálcio-Alcalinas de alto K (Cálcio-Alcalinas monzoníticas).................................................................................................................. 75 Figura 28. Sequência de cristalização proposta para as rochas do SGS. As letras representam a ordem cronológica de precipitação mineral. ........................................... 77 Figura 29. Diagrama TAS (Na2O+K2O versus SiO2) para a classificação das rochas plutônicas segundo Middlemost (1985), aplicado às rochas do SGS. A curva tracejada divide o domínio das rochas alcalinas e sub-alcalina segundo Myashiro (1978). .......... 91 Figura 30. Diagrama Na2O versus K2O de Peccerillo & Taylor (1976) com as amostras do SGS. As linhas A e B definidas por Corriveau & Gorton (1993) para o campo das rochas ultrapotássicas. .................................................................................................... 93 Figura 31. Índices de Shand (1927), expressos em diagrama de Maniar & Piccoli (1989), usados para o grau de saturação em alumina das amostras do SGS. Legenda: A/CNK - Al2O3/(CaO+Na2O+K2O), A/NK - Al2O3/(Na2O+K2O)................................. 94 Figura 32. Diagramas de Harker para as rochas estudadas. ........................................... 97 Figura 33. Diagrama Albita (Ab) – Quartzo (Qz) – Ortoclásio (Or) com PH2O = 500, 3000 e 5000 bar, segundo Tuttle & Bowen (1958). ....................................................... 99 Figura 34. Diagramas de Elementos Traços versus SiO2 para as rochas do SGS. ....... 101 Figura 35. Padrão de elementos terras rara normalizados para o condrito (Evensen et al. 1978) para as rochas da área estudada.. ........................................................................ 104 Figura 36. Diagramas multi-elementar com valores normalizados para o ORG (ocean ridge granites) de Pearce et al. 1984, para as rochas do SGS.. .................................... 106 XIII Figura 37. Diagrama K2O versus Na2O segundo Chappell & White (1974), aplicado às rochas do Stock Granítico Glória Sul. .......................................................................... 108 Figura 38. Diagrama discriminante de ambiente tectônico de Pearce et al. (1984) com as amostras do Stock Granítico Glória Sul. Legenda: sin-COLG – sin-colisional, VAG – granitos de arco vulcânico, WPG – granitos intra-placa, ORG – granitos de cadeias oceânicas. ...................................................................................................................... 110 XIV LISTA DE TABELAS Tabela 1. Tipos de granitoides da Faixa Sergipana. Fonte: Santos et al. 1998. ............. 24 Tabela 2. Análises modais das rochas pertencentes ao Stock Granítico Glória Sul. Legenda: FMG - Fácies Muscovita Granito; FBG – Fácies Biotita Granito; FGMB – Fácies Granito com Muscovita e Biotita. FGG – Fácies Granito com Granada; FE – Fácies Enclaves. Qz – Quartzo; Pl – Plagioclásio; Kfs – Feldspato Alcalino; Ms – Muscovita; Bt – Biotita; Hbl – Hornblenda; Di – Diopsídio; Grt – Granada; Ttn – Titanita; Ep – Epídoto; Ap – Apatita; Zrn – Zircão; Cb – Carbonato; Opq – Mineral opaco. .............................................................................................................................. 46 Tabela 3. Análises geoquímicas para elementos maiores (em % de peso) e cálculo normativo CIPW para as rochas do Stock Granítico Glória Sul, seus enclaves e rochas encaixantes. Legenda: FMG-Fácies Muscovita Granito; FBG-Fácies Biotita Granito; FGMB-Fácies Granito com Muscovita e Biotita; FGG-Fácies Granito com Granada; FE-Fácies Enclaves; RE-Rochas Encaixantes. L.O.I.-Loss on Ignition (Perda ao fogo). Q-Quartzo; C-Coríndon; Or-Ortoclásio; Ab-Albita; An-Anortita; Di-Diopsídio; HyHiperstênio; Ol-Olivina; Il-Ilmenita; Hm-Hematita; Tn-Titanita; Ru-Rutilo; Ap-Apatita. ........................................................................................................................................ 88 Tabela 4. Análises geoquímicas para elementos traços (em ppm) para as rochas do Stock Granítico Glória Sul, seus enclaves e rochas encaixantes. Legenda: FMG-Fácies Muscovita Granito; FBG-Fácies Biotita Granito; FGMB-Fácies Granito com Muscovita e Biotita. FGG-Fácies Granito com Granada; FE-Fácies Enclaves; RE-Rochas Encaixantes. .................................................................................................................... 89 XV LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS Fotomicrografia 1. Foto-mosaico apresentando textura hipidiomórfica da Fácies Granito com Muscovita e Biotita. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. .................................................................................................................. 48 Fotomicrografia 2. Cristais de biotita em contato com muscovita e titanita da Fácies Granito com Muscovita e Biotita. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. .................................................................................................................. 51 Fotomicrografia 3. Foto-mosaico representativo da Fácies Muscovita Granito podendose observar a textura predominante hipidiomórfica. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. .................................................................................... 53 Fotomicrografia 4. Cristal de plagioclásio saussuritizado e cristais de muscovita, quartzo, feldspato alcalino, epídoto e mineral opaco (A). Cristal de biotita cloritizado (B). Cristais de biotita com inclusão de zircão (C). Cristais de carbonato, quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino, muscovita, titanita e epídoto (D). Observação realizada com sistema em luz polarizada (A e D) e em luz natural (B e C). Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. ............................................................... 56 Fotomicrografia 5. Foto-mosaico apresentando a textura geral da Fácies Biotita Granito. Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma estrutura isotrópica. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. .......... 57 Fotomicrografia 6. Cristal de feldspato alcalino com textura pertita, quartzo, plagioclásio e biotita. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 10X. ................................................................................................................................ 59 Fotomicrografia 7. Foto-mosaico apresentando plagioclásio com zonação múltipla característico da Fácies Biotita Granito. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. ................................................................................................ 60 Fotomicrografia 8. Foto-mosaico apresentando cristais de biotita, quartzo, plagioclásio e epídoto. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 10X. ............ 62 Fotomicrografia 9. Cristais de biotita, quartzo, epídoto e feldspato alcalino. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 10X. .............................................. 62 Fotomicrografia 10. Cristais de biotita com inclusões de zircão e apatita. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 10X. ................................................... 64 XVI Fotomicrografia 11. Foto-mosaico apresentando textura hipidiomórfica da Fácies Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. .................................................................................................................................. 65 Fotomicrografia 12. Cristais de biotita com inclusões de zircão e apatita da Fácies Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 10X. ........................................................................................................................................ 68 Fotomicrografia 13. Cristais de biotita em contato com cristais de muscovita da Fácies Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. ........................................................................................................................................ 68 Fotomicrografia 14. Foto-mosaico apresentando cristais de diopsídio, biotita e mineral opaco da Fácies Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. ..................................................................................................... 69 Fotomicrografia 15. Foto-mosaico apresentando cristais de biotita e granada da Fácies Granito com Granada. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. ........................................................................................................................................ 69 Fotomicrografia 16. Foto-mosaico apresentando a textura geral da Fácies Enclave. Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma textura levemente anisotrópica. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. .................................................................................................................................. 71 Fotomicrografia 17. Cristais de biotita em contato reto, titanita euédrica e apatita. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 20X. ............................... 74 Fotomicrografia 18. Cristais idiomórficos de apatita com presença de inclusões de minerais opacos. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 40X .... 74 Fotomicrografia 19. Foto-mosaico apresentando a textura geral da rocha encaixante. Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma textura levemente anisotrópica. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. .................................................................................................................................. 84 CAPÍTULO I CONSIDERAÇÕES GERAIS Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) CAPÍTULO I – CONSIDERAÇÕES GERAIS I.1. INTRODUÇÃO As rochas graníticas são as mais abundantes na crosta continental e podem se originar a partir de fontes diversas, como manto, crosta, ou mistas, com contribuição em proporções variadas de crosta e manto (Barbarin 1990, 1999, Pitcher 1993, Pearce et al. 1984, Pearce 1996, Frost et al. 2001, Vigneresse 2004). Na Faixa Sergipana existe um grande volume de granitos, com expressividade no Domínio Macururé que foram classificados inicialmente como Tipo Glória. Diversos trabalhos foram desenvolvidos nesses granitos com destaque para Fujimori (1989), Chaves (1991), Santos et al. (1998), Conceição et al. (2012), Lisboa et al. (2012), Oliveira et al. (2012) e Silva et al. (2013). A Faixa de Dobramentos Sergipana situa-se entre o Cráton do São Francisco, ao sul, e o Maciço Pernambuco-Alagoas ao norte (Mascarenhas et al. 1984, Santos & Brito Neves 1984). A faixa compreende seis domínios litotectônicos: Domínio Estância, Domínio Vaza Barris, Domínio Macururé, Domínio Poço Redondo, Domínio Marancó e Domínio Canindé (Santos et al. 1988, Davison & Santos 1989, D'el-Rey Silva 1992). Uma das feições características da Faixa de Dobramentos Sergipana é a presença de um volumoso plutonismo granítico. Esta dissertação traz uma abordagem da geologia, petrografia e geoquímica do Stock Granítico Glória Sul, localizado no Domínio Macururé da Faixa Sergipana. Para esta pesquisa foram utilizadas diversas ferramentas que serão descritas a seguir. No capítulo 2 será apresentado uma síntese a respeito da geologia regional, com uma abordagem sobre a Província Borborema e a Faixa de Dobramentos Sergipana. Os dados de campo, petrografia e geoquímica serão apresentados e discutidos respectivamente nos capítulos 3, 4 e 5. Estes dados permitirão uma interação e caracterização da geologia local em estudo, bem como uma abordagem detalhada do ponto de vista textural, mineralógico e químico da área. 2 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) I.2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA A área estudada está situada na porção nordeste do Estado de Sergipe, entre as coordenadas geográficas 10º12’ – 10º20’ de latitude sul e 37º50’ – 37º41’ de longitude oeste (Fig. 1). Ela aloca-se na folha topográfica Gracho Cardoso (SC.24-Z-B-I) da SUDENE (1971), elaborada para escala de 1:100.000, onde consta o município de Nossa Senhora da Glória. A região estudada dista aproximadamente 113 km da capital Aracaju. O acesso a ela, partindo-se de Aracaju, é feito através da BR-235 até a cidade Itabaiana, e de Itabaiana até o município de Nossa Senhora da Glória é feito pela rodovia estadual SE175. A partir dessa cidade o acesso aos afloramentos é feito pelas estradas secundárias. I.3. ASPECTOS FISIOGRÁFICOS O município de Nossa Senhora da Glória está inserido no Polígono das Secas. Ele apresenta clima do tipo Megatérmico Semi-Árido, com temperatura média anual de 24,2º C, precipitação pluviométrica média de 702,4 mm e período chuvoso de março a agosto. O relevo é caracterizado por uma superfície pediplana e dissecada, com formas do tipo colina e tabuleiros, existindo aprofundamento em regiões de drenagem. Os solos são Podzólico Vermelho Amarelo Equivalente Eutrófico, Litólicos Eutróficos e Planosol, com uma vegetação de capoeira, caatinga, campos limpos, campos sujos e com vestígios de mata (Bomfim et al. 2002). I.4. OBJETIVOS A ocorrência de corpos graníticos na Faixa Sergipana é consideravelmente expressiva e o Domínio Macururé apresenta um volume significativo deste magmatismo. Alguns estudos anteriores apresentaram dados sobre geologia regional, merecendo destaque para os trabalhos de Humphrey & Allard (1969), Silva Filho et al. (1979) e Santos et al. (1988, 1998). Chaves (1991) aborda uma temática local estudando 3 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) alguns corpos graníticos e individualizando-os e Conceição (2011) apresenta o Maciço Granítico Glória Sul presente no Domínio Macururé. A presente dissertação de mestrado aborda o estudo específico do Stock Granítico Glória Sul (SGS), tendo em vista os principais objetivos: ! Melhorar a cartografia geológica do SGS e definir sua faciologia e as relações com as rochas encaixantes; ! Caracterizar o SGS quanto aos seus aspectos petrográficos, determinando a composição modal de suas amostras, bem como atribuir-lhes os nomes utilizando-se dos parâmetros estabelecidos pela International Union Geological Sciences (IUGS); ! Interpretar os dados geoquímicos de elementos maiores, menores e traços. I.5. MÉTODOS EMPREGADOS As técnicas apresentadas neste trabalho envolveram a obtenção, análise e a interpretação dos dados obtidos. Para tanto, o trabalho constou de três etapas de atividades: i) trabalhos de pré-campo; ii) trabalhos de campo e iii) trabalhos de laboratório. I.5.1. Trabalhos de Pré-Campo Inicialmente realizou-se uma seleção de material bibliográfico sobre a área e temas afins, como petrografia e geoquímica de rochas graníticas. Essa coleta envolveu a consulta a teses, dissertações, artigos científicos, projetos na área de interesse, resumos em anais de eventos, entre outros, permitindo reunir o acervo bibliográfico. Durante a pesquisa na rede da internet, destaca-se a utilização do Portal de Periódicos da CAPES (http://www.periodicos.capes.gov.br.ez20.periodicos.capes.gov.br). 4 5 Figura 1. Localização geográfica do Estado de Sergipe (área em vermelho) no Brasil e contorno geográfico do Estado de Sergipe, apresentando a principal via de acesso à área em estudo demarcado no retângulo preto; a área tracejada corresponde à capital Aracaju [A]. Mapa de localização e acessos da região do estudo com as rodovias estaduais e drenagens [B]. Fonte: Santos et al. (1997) [A] e DNIT (2009) [B]. Os números 1, 2, 3 e 4 na figura A correspondem aos municípios respectivos de Itabaiana, Nossa Senhora da Glória, Monte Alegre de Sergipe e Canindé de São Francisco. Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Ainda nessa etapa selecionou-se as fotografias aéreas da região que recobrem o SGS. Elas foram escolhidas a partir do foto-índice 3 na escala de 1:70.000 da Força Aérea Brasileira (1984). As fotografias correspondem às faixas 10 (1058-1063; 10711075; 1088-1092) e 11 (1102-1105) cedidas pela SEPLAG/SE. I.5.2. Trabalhos de Campo O mapeamento detalhado foi realizado no SGS e nas suas encaixantes. A localização dos afloramentos visitados foi realizada utilizando-se o sistema de coordenadas Universal Transversal Mercator (UTM), determinadas por Global Positioning System (GPS) da marca Garmin, modelo GPSMAP, 62 stc. O mapeamento permitiu a aquisição de dados dos principais elementos estruturais das rochas da região e realização de amostragem sistemática para estudos posteriores em laboratório. Para tanto, utilizou-se das seguintes ferramentas: bússola tipo Brunton, lupa de bolso (20X), martelo de geólogo, marreta, máquina fotográfica digital, sacos plásticos para acondicionar as amostras, e fita adesiva. Foram realizadas um total de cinco missões a campo, totalizando 94 pontos visitados e 28 pontos amostrados. I.5.3. Trabalhos de Laboratório Os trabalhos de laboratório consistiram na descrição petrográfica e análises químicas e isotópicas das amostras representativas do stock. Os métodos empregados estão sumariados abaixo. I.5.3.1. Petrografia Os estudos petrográficos foram realizados a partir da descrição de amostras macroscópicas e de lâminas delgadas destas mesmas rochas. 6 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A descrição das 22 lâminas delgadas foi realizada em um microscópio petrográfico – XJP200 Kozo Optical. A contagem modal foi realizada com contador de pontos automático de marca SWIFT, modelo F acoplado em um microscópio petrográfico Leitz modelo Laborlux 12 Pol 15, contando cerca de 2.500 pontos por lâmina. Com isto, realizou-se uma classificação petrográfica, caracterizando os diferentes aspectos texturais nas rochas estudadas. A obtenção das imagens microscópicas deu-se através de um microscópio da marca Olympus BX 41 com uma câmera acoplada Olympus SC30, utilizando-se o software Cell^B Olympus (2008). Todas as atividades petrográficas foram desenvolvidas Laboratório de Microscopia e Lupas do DGeol da UFS. I.5.3.2. Geoquímica As análises geoquímicas das rochas foram realizadas nos laboratórios do Acme Labs no Canadá num total de 17 amostras. As análises para os elementos maiores foram realizadas pelo método de Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry (ICP-OES) enquanto que os elementos menores e traços foram dosados por Inductively Coupled Plasma Microespectrometry (ICP-MS). As amostras foram preparadas no Laboratório de Geoquímica e Sedimentologia do DGeol. Os diagramas para as amostras analisadas foram elaborados com o auxílio do programa Geochemical Data Toolkit for Windows 2.3 (Janoušek et al. 2006) através de tabelas em Microsoft Office Excel® 2007 contendo os dados analíticos. I.5.3.3. Terminologias Técnicas Utilizadas A. Critério de cores em mapas geológicos Para a elaboração dos mapas geológicos apresentados neste trabalho, as cores utilizadas na confecção foram adotadas a partir das convenções geológicas da U.S. Geological Survey (2005) contidas na publicação “Selection of colors and patterns for geologic maps of the U.S. Geological Survey”. 7 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) B. Abreviação dos nomes dos minerais em fotomicrografias As abreviações dos nomes dos minerais nas fotomicrografias seguiram as recomendações de Whitney & Evans (2010). 8 CAPÍTULO II GEOLOGIA REGIONAL Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) CAPÍTULO II – GEOLOGIA REGIONAL II.1. PROVÍNCIA BORBOREMA A Província Borborema (PB), como definida por Almeida et al. (1977), é uma unidade geotectônica essencialmente Brasiliana (550-700 Ma), compreende a parte central de uma larga faixa orogenética Pan-Africana-Brasiliana formada como consequência de convergência e colisão dos crátons São Luís-Oeste da África e São Francisco-Congo-Kasai durante o Neoproterozoico tardio (Fig. 2), envolvendo vários processos orogenéticos mais antigos, onde rifteamento e fragmentação há 1,0 Ga foi um importante evento de formação crustal (Van Schmus et al. 1995). A PB cobre uma área de cerca de 380.000 km2, que coincide com a Faixa de Dobramentos do Nordeste. É limitada pelas províncias São Francisco e Parnaíba, bem como pelas bacias costeiras e margem continental (Almeida et al. 1981). Ela estende-se por grande parte do Nordeste brasileiro, desde o estado de Sergipe até a parte oriental do Piauí. A Província Borborema do Nordeste do Brasil (Brito Neves et al. 2000) apresenta uma complexidade estratigráfica e geocronológica, sendo marcada por uma intensa atividade magmática e extensas zonas de cisalhamentos transcorrentes relacionadas ao evento Brasiliano. Os seus principais traços estruturais foram estabelecidos por Brito Neves (1975), que a definiu como um arcabouço tectônico constituído por sistemas ou faixas de dobramentos, maciços medianos e lineamentos. Autores, como Barbosa (1970) e Brito Neves (1975), distinguiram as faixas de dobramentos: Sergipana, Riacho do Pontal, Pajeú, Piancó-Alto Brígida, Seridó, Jaguaribe e Médio Coreaú, que são separadas pelos maciços Pernambuco-Alagoas, Rio Piranhas, Tróia e Granja, estes incluindo alguns núcleos de embasamento, bem como os lineamentos de Pernambuco, Patos, Senador Pompeu e Sobral Pedro II, entre outros. Brito Neves (1975), Jardim de Sá & Hackspacher (1980), Jardim de Sá (1984) e Santos et al. (1984), elaboraram diversos modelos de compartimentação tectônica para PB. Van Schmus et al. (1994, 1995) dividiram a Província Borborema em três 10 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 2. Reconstituição geológica dos blocos cratônicos do NE Brasil e W da África. Fonte: Caby et al. (1991). 11 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) domínios geotectônicos distintos: o primeiro, localizado a norte do lineamento Patos, é constituído pelos maciços Rio Piranhas, Caldas Brandão e as supracrustais de idade supostamente Paleoproterozoica; o segundo, localizado a sul da PB, é constituído pelo embasamento Paleoproterozoico e Arqueano do Cráton São Francisco; o terceiro, central (sul do Lineamento Patos), é composto por blocos de embasamento Paleoproterozoico a Arqueano, alternados com faixas móveis de idade mesoproterozoica e neoproterozoica (Fig. 3). A PB trata-se de uma província estrutural da Plataforma Sul-Americana, caracterizada pela riqueza e diversidade do magmatismo granítico, o qual perfaz, em termos gerais, cerca de 30% de todo o conjunto territorial em apreço (Brito Neves et al. 2003). II.1.2. MAGMATISMO NA PROVÍNCIA BORBOREMA O magmatismo granítico é uma das feições mais expressivas da orogênese Brasiliana na Província da Borborema. Ele está representado por inúmeros corpos com dimensões e formas variadas. Estas manifestações graníticas se encontram permeando as faixas de supracrustais (Eo-Neoproterozoica/Cariris Velhos e Neoproterozoicas/ Brasilianas), os fragmentos do embasamento paleoproterozoico retrabalhados (intrafaixas e interfaixas de supracrustais), e as zonas de cisalhamento que deram a forma final geométrico-estrutural da província (Brito Neves et al. 2003). Os trabalhos regionais foram realizados por Almeida et al. (1967), Brito Neves & Pessoa (1974) e Santos & Melo (1978). Almeida et al. (1967) identificaram quatro tipos de granitóides, os quais foram designados como tipos: Conceição (tonalitos a granodioritos), Itaporanga (granodioritos porfiríticos com megacristais de feldspato atingindo até 10 cm de comprimento), Itapetim (biotita granitos) e Catingueira (granitoides peralcalinos). Com base em dados geoquímicos e determinações geocronológicas U-Pb em zircão e dados isotópicos Sm-Nd de parte destes granitos, Guimarães et al. (1998) apresentaram uma classificação considerando composição mineralógica, afinidade 12 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 3. Mapa esquemático mostrando o sistema de zonas de cisalhamento da Província Borborema (Vauchez et al. 1995). ZCCG: zona de cisalhamento Campina Grande; ZCPE: zona de cisalhamento Pernambuco Leste; ZCPW: zona de cisalhamento Pernambuco Oeste; ZCFN: zona de cisalhamento Fazenda Nova; ZCG: zona de cisalhamento Granja; ZCPO: zona de cisalhamento Portalegre; ZCPA: zona de cisalhamento Patos; ZCSP: zona de cisalhamento Senador Pompeu; ZCS: zona de cisalhamento Sobral; ZCT: zona de cisalhamento Tauá; ZCTT: zona de cisalhamento Tatajuba. 13 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) geoquímica, natureza das encaixantes e dos possíveis protólitos, principalmente no domínio central da província, a Zona Transversal. Estes autores subdividiram os granitoides em cinco grupos: 1. Cálcio-alcalinos Normais; 2. Cálcio-alcalinos de Alto Potássio (com afinidades shoshoníticas); 3. Sienogranitos, quartzo sienitos e sienitos com afinidades shoshoníticas; 4. Biotita granitos (transicionais entre alcalinos e shoshoníticos); 5. Biotita sienogranitos leucocráticos; biotita sienogranitos comagmáticos com basalto e dacitos (idades mais jovens). O grande volume de granitoides Brasilianos sincrônicos e tardi-tectônicos mostra que a Orogenia Brasiliana representa o mais intenso evento tectono-térmico na Província Borborema (Caby et al. 1991). A grande maioria dos plútons referidos fica localizada nos terrenos da Zona Transversal, com destaque especial para o terreno Alto Pajeú que concentra grande parte das intrusões, que são caracterizadas por batólitos compostos ou complexos batolíticos, muitas vezes associados a maciços migmatíticos. II.2. ARCABOUÇO GEOLÓGICO DO ESTADO DE SERGIPE O arcabouço geológico do Estado de Sergipe é caracterizado por pertencer a três províncias estruturais definidas por Almeida et al. 1977: Cráton do São Francisco, Província Borborema e a Província Costeira e Margem Continental (Fig. 4). Santos et al. (1998) expõe que as principais unidades geológicas do Estado de Sergipe são representadas pelo embasamento gnáissico, a Faixa de Dobramentos Sergipana e as Bacias Sedimentares e formações superficiais (Fig. 5). II.2.1. Embasamento Gnáissico O embasamento gnáissico no Estado de Sergipe compreende duas unidades distintas pertencentes ao Cráton do São Francisco: o complexo gnáissico-migmatítico e o complexo gnáissico-migmatítico do domo estrutural de Itabaiana e a janela tectônica em Simão Dias (Santos et al. 1998). 14 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 4. Províncias estruturais do Brasil (Almeida et al. 1977). 15 Figura 5. Esboço tectono-estratigráfico do Estado de Sergipe após Santos et al. (1998). 16 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) O Cráton do São Francisco como as outras províncias geológicas brasilianas (~ 600 Ma), foi definido com o nome de plataforma do São Francisco por Almeida (1967, 1969) é um bloco crustal consolidado durante o Paleoproterozoico Inferior, que tem os seus limites estruturados no Neoproterozoico. Do ponto de vista geotectônico, o Cráton do São Francisco, pode ser descrito como um mosaico de unidades estruturais, gerado por sucessivos mecanismos tectônicos que podem ser expressos por acresções crustais e/ou colisões continentais do final do Paleoproterozoico (Barbosa et al. 2003). II.2.1.1. Complexo Gnáissico-Migmatítico e Domo de Itabaiana e Simão Dias O Complexo Gnáissico-Migmatítico compreende duas faixas divergentes em direção ao norte, constituída por gnaisses, migmatitos e rochas granitoides que afloram na porção meridional do Estado de Sergipe, separadas pela cunha constituída pelo Complexo Granulítico, o qual compreende ortognaisses charnoenderbíticos a charnoquíticos, gnaisses kinzigíticos, rochas calcissilicáticas, metanoritos e biotita gnaisses migmatizados, além de níveis pouco espessos de quartzitos (Santos et al. 1998). O Domo de Itabaiana é alongado na direção N50ºE, se expõe com um comprimento de cerca de 45 km e uma largura máxima de 30 km, aproximadamente. O núcleo da estrutura é constituído de gnaisse, ao qual se sobrepõem rochas metassedimentares miogeossinclinais que, por erosão da parte central, formam uma borda topográfica ao redor do gnaisse (Humphrey & Allard 1969). O Domo de Simão Dias é muito menor e continua para o leste ao longo de uma faixa muito estreita de gnaisses miloníticos (D’el-Rey Silva & McClay 1995). O gnaisse exposto no núcleo do domo estrutural e numa janela tectônica em Simão Dias é predominantemente um gnaisse quartzo-feldspático, que tem como minerais característicos mica e hornblenda, e é cortado por diques e/ou soleiras de rochas básicas. Estes dois corpos de gnaisse estão conectados por uma estreita faixa de gnaisse cisalhado e milonitizado, que inclui lentes de quartzito milonitizado. Esta faixa se acha 17 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) exposta, por causa de deslocamentos sofridos pelas rochas cavalgantes, por falhamento normal ao longo de zonas de cisalhamento mais antigas (Humphrey & Allard 1969). II.2.2. Faixa Sergipana A Faixa de Dobramentos Sergipana situa-se entre os granulitos e os gnaisses de grau anfibolito da parte norte do Cráton do São Francisco, ao sul, e o Maciço Pernambuco-Alagoas ao norte (Mascarenhas et al. 1984, Santos & Brito Neves 1984). A faixa exibe uma forma triangular e é seccionada por diversas falhas de empurrão e transcorrentes ESE-WNW (D’el-Rey Silva 1992), estendendo-se do litoral dos estados de Sergipe e Alagoas, onde alcança uma largura da ordem de 200 km, até o sul da cidade de Curaçá, no norte do Estado da Bahia (Brito Neves et al. 1977). O conhecimento geológico a cerca da Faixa Sergipana foi baseado em diversos trabalhos realizados por universidades, bem como por companhias federais e estaduais, como PETROBRÁS, CPRM entre outras. Humphrey & Allard (1969), em estudos iniciais descreveram sobre a Geossinclinal de Propriá, detalhando as principais unidades litoestratigráficas e estabeleceram os elementos básicos da geologia da área. Brito Neves et al. (1977) advogaram o Sistema de Dobramentos Sergipano como um choque de duas placas litosféricas rígidas, correspondentes ao Cráton do São Francisco, ao sul, e o Maciço Pernambuco-Alagoas, ao norte, com uma zona de subducção dirigida para sul. Silva Filho et al. (1979) mapearam sistematicamente a “Geossinclinal Sergipana”, a qual consta do Supergrupo Canudos, que engloba os Grupos Inferior e Superior, correspondendo aos Grupos Miaba e Vaza Barris, respectivamente, e representando à fácies miogeossinclinal; o Grupo Macururé representa à fácies eugeossinclinal e apresenta ocorrência de granitoides tardi a pós-tectônicos. A Faixa Sergipana (Fig. 6) compreende seis domínios litotectônicos separados pelas falhas de Itaporanga, São Miguel do Aleixo, Belo Monte-Jeremoabo e Macururé (Davison & Santos 1989). O Domínio Estância é a parte sedimentar depositada sobre o cráton, o Domínio Vaza Barris é a parte meta (vulcano) sedimentar, o Domínio 18 19 Figura 6. Mapa geológico da Faixa Sergipana e áreas adjacentes (D’el-Rey Silva 1992), dividida em seis domínios litotectônicos: Estância, VazaBarris, Macururé, Marancó, Poço Redondo e Canindé, separados por grandes sistemas de falhas que são: Falha de Itaporanga (FI), Falha de São Miguel do Aleixo (FSMA), Falha de Belo Monte-Jeremoabo (FBMJ) e Falha de Macururé (FMS). Além dessas estruturas, também são ressaltadas as janelas estruturais dos Domos de Itabaiana e Simão Dias, no Domínio Vaza-Barris e o Domo de Jirau do Ponciano, na porção setentrional do Domínio Macururé. Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Macururé é a parte (meta) vulcanossedimentar depositada em torno do domo de Jirau do Ponciano. Neste último domínio, além dos migmatitos de Poço Redondo, os domínios Marancó e Canindé são derivados principalmente de rochas ígneas, que formam a parte norte da faixa, que é limitada a sul pela falha de São Miguel do Aleixo (Santos et al. 1988, Davison & Santos 1989, D'el-Rey Silva 1992). A compartimentação adotada para a Faixa Sergipana, nesta dissertação, segue a estabelecida por Santos et al. (1988) e complementada por Davison & Santos (1989), em que são reconhecidos domínios limitados por descontinuidades estruturais profundas e com feições geológicas distintas. Estes domínios foram denominados de Estância, Vaza-Barris, Macururé, Marancó, Poço Redondo e Canindé. Brito Neves & Cordani (1973) atribuem uma idade relativa de 673 ± 20 Ma. para a fase principal do metamorfismo regional que afetou a Faixa Sergipana, tendo sido perturbada pela ocorrência de corpos graníticos com idade máxima de 630 ± 23 Ma. e idade mínima de 590 ± 30 Ma., todos eles inseridos durante o Ciclo Brasiliano. II.2.2.1. Domínio Estância Inicialmente denominada de Formação Estância (Humphrey & Allard 1969) compreende os arenitos finos e siltitos não deformados que afloram abundantemente na área ao sul de Lagarto e Simão Dias, até Tobias Barreto, incluindo-se, também, afloramentos esparsos a leste de Itaporanga, Estância, e ao longo do Rio Real. O Grupo Estância é uma pilha de rochas sedimentares quase não deformadas, que foi depositada na borda do cráton. Essas rochas correspondem a típicos sedimentos de plataforma estável e estilo idiomórfico de dobramento (fraco e descontínuo) e é provavelmente de idade neoproterozoica, com base em algumas correlações regionais (Brito Neves 1998). 20 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) II.2.2.2. Domínio Vaza-Barris O Domínio Vaza-Barris localiza-se na parte central do Estado de Sergipe, prolongando-se para oeste, além do limite estadual, e, para leste, até a Bacia de Sergipe (Santos et al. 1998). Humphrey & Allard (1969) descreveram o Grupo Vaza-Barris como sendo constituído de filitos, metagrauvacas e metagrauvacas seixosas, metacalcários e metadolomitos, metarenitos, metassiltitos e lentes finas e descontínuas de rochas metavulcânicas. D’el-Rey Silva (1999) descreveu o Domínio Vaza-Barris como uma cunha de 1-4 km de espessura de metassedimentos siliciclásticos e carbonatos plataformais marinho raso (miogeoclinal) e pequenas ocorrências de rochas vulcânicas em torno dos domos do embasamento. É constituído principalmente de rochas sedimentares clásticas e químicas submetidas às condições da Fácies Xisto Verde. II.2.2.3. Domínio Macururé O Domínio Macururé é uma cunha com <13 km de espessura que constituído pelo Grupo Macururé (metassedimentos siliciclásticos, carbonato e metavulcânicas), um conjunto de granitos cálcio-alcalinos sin- a pós-tectônicos (D’el-Rey Silva 1999). Davison & Santos (1989) estudaram o Domínio Macururé e o descreveram sua estratigrafia como sendo dominado por uma espessa sequência de grauvaca, siltitos e folhelhos, que são, por vezes, ritmicamente acamadados em uma escala centimétrica. O metamorfismo atinge a Fácies Anfibolito. Uma característica marcante neste domínio é a presença de abundantes corpos de granitoides intrusivos, tardios a pós-tectônicos. Estes plútons ocupam cerca de 25% da área de superfície e são referidos como Tipo Glória, observando-se granodioritos com fenocristais de anfibólio e biotita, e ricos em enclaves máficos (Davison & Santos 1989). Estas intrusões provocam metamorfismo de contato nos metassedimentos encaixantes e modificações nas estruturas pretéritas (Santos et al. 1998). 21 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) II.2.2.4. Domínio Marancó Esse domínio ocorre apenas a leste da Bacia do Tucano. Ele é composto principalmente (80% por área) por lavas riolíticas e dacíticas com termos básicos anfibolitizados inter-bandados subordinados, pelitos, conglomerados de derivação vulcânica, quartzitos e carbonatos (Davison & Santos 1989). O domínio caracteriza-se pela presença de rochas do Complexo Marancó, de natureza vulcanossedimentar, imbricado tectonicamente com granitoides Tipo Serra Negra. Tanto o complexo como os granitoides Tipo Serra Negra mostram-se intensamente cisalhados, com foliações subverticais, subparalelas a zonas de cisalhamento dúctil contracionais oblíquas de alto ângulo, e com transcorrências rúpteis transversais superpostas (Santos et al. 1998). O metamorfismo é de Fácies Anfibolito. II.2.2.5. Domínio Poço Redondo O Domínio Poço Redondo ocupa a área delimitada na falha entre os municípios de Canindé e Poço Redondo e o limite com a Bacia de Tucano (D’el-Rey Silva 1992). A complexa sequência de ortognaisses e paragnaisses, migmatizados, e injetada por granitos e granodioritos sincrônicos e pós-tectônicos indicam que o nível de exposição crustal desta área é mais profundo do que o Domínio Macururé e o Domínio Marancó (Davison & Santos 1989). Carvalho (2005) descreve esse domínio sendo constituído por migmatitos, biotita gnaisses e várias intrusões graníticas, tais como Serra Negra, granodiorito Sítios Novos. Limita-se com o Domínio Macururé através da falha Belo Monte-Jeremoabo e o metamorfismo atinge a Fácies Anfibolito Alto (Santos et al. 1998). Esse domínio caracteriza-se pela presença de granitos diversos dos tipos Glória, Xingó e Serra do Catu. Observa-se a ocorrência de enclaves de anfibolitos bandados, e, por vezes, de rochas cálcio-silicáticas e de mármores, estes últimos mais frequentes na região de Paulo Afonso, na Bahia (Santos et al. 1998). 22 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) II.2.2.6. Domínio Canindé É o domínio mais setentrional da faixa, constituindo uma faixa de direção NWSE, paralela ao Rio São Francisco (Santos et al. 1998). O Domínio Canindé consiste de gabros (Complexo Canindé), basaltos, xistos ultrabásicos, lavas félsicas, mármores, xistos pelíticos, acompanhados por intrusões graníticas (Silva Filho et al. 1981). Os gabros são intrusivos em metassedimentos e variam de leucogabro a composição ultrabásica, mas domina a presença de gabro isotrópico com clinopiroxênio, plagioclásio e raros fenocristais de ortopiroxênio (Davison & Santos 1989). Oliveira et al. (2010) descreveram que o Complexo Canindé Gabróico compreende camadas maciças de olivina-gabronorito, leucogabro, anortosito, troctolito e em menor volume tem-se gabro pegmatítico, norito e peridotito, onde estas unidades são atravessadas por granitos, granodioritos e granitos rapakivi. O metamorfismo varia da Fácies Xisto Verde até a Fácies Anfibolito. Desse modo, nas rochas supracrustais foram individualizadas as unidades Mulungu, Garrote, Novo Gosto e Gentileza, encaixantes do plutonismo gabróico denominado de Suíte Intrusiva Canindé (Santos et al. 1998). A Suíte Intrusiva Canindé apresenta grande variedade composicional, onde são identificados gabros normais, noritos, micrograbos, olivina gabros, leucogabros, anortositos, troctolitos e rochas ultramáficas, por vezes com texturas de cumulus e intercumulus, indicativas de processos de diferenciação magmática (Santos et al. 1998). O Domínio Canindé apresenta granitos dos tipos Garrote, Tipo Curralinho, Xingó e Serra do Catu (Santos et al. 1998). II.2.2.7. Granitoides na Faixa Sergipana A Faixa Sergipana apresenta ampla distribuição de corpos graníticos no Estado de Sergipe, tendo sido caracterizados e agrupados tomando-se como referência a época de colocação (em relação aos principais eventos tectônicos tangenciais) e suas características petrogenéticas (Santos et al. 1998). 23 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fujimori (1989) estudou granitoides Tipo Glória, tendo como principais corpos analisados Coronel João Sá, Itabi, Nossa Senhora da Glória e Propriá. Enquadrou essas rochas a uma origem possivelmente mantélica para sua colocação num ambiente de arcos vulcânicos. Santos et al. (1998) denominaram esses granitos como tipos Garrote, Serra Negra, Curralinho, Glória, Xingó, Serra do Catu e Propriá. Alguns tipos são comuns aos domínios Macururé, Poço Redondo, Canindé e Marancó, enquanto outros são restritos apenas a determinados domínios (Tab. 1). A distribuição geográfica mostra, grosso modo, que existe um zoneamento composicional, indicando que a alcalinidade cresce no sentido norte. Silva Filho et al. (1997) dividiram os granitos da Faixa Sergipana em quatro tipos: (i) granitoides cálcio-alcalinos normais caracterizados pelos granitos Coronel João Sá, Glória e Macururé, pertencentes ao Domínio Macururé; (ii) granitoides cálcio-alcalinos de alto K, representados pelo granito Sítios Novos, nos domínios Canindé, Marancó e Poço Redondo; (iii) granitoides de afinidade shoshonítica, localizados no Domínio Canindé-Marancó e Maciço Pernambuco-Alagoas, e representados pelos granitos Curituba e Serra do Catú; e (iv) leucogranitos que ocorrem na parte sudeste do granito Sítios Novos, no Maciço Pernambuco- Alagoas e no Domínio Macururé (granito Carira). Tabela 1. Tipos de granitoides da Faixa Sergipana. Fonte: Santos et al. 1998. Tipos de Granitoides Domínios Composição Garrote Canindé Granítica Serra Negra Marancó Granodiorítica a quartzo-monzonítica Curralinho Canindé Granítica a granodiorítica Glória Macururé, Poço Redondo Granodiorítica, e Marancó monzodiorítica e granítica Marancó, Poço Redondo Granítica Xingó monzonítica, quartzo- e Canindé Serra do Catu Marancó, Poço Redondo Sienítica e Monzonítica e Canindé Propriá Macururé Granítica 24 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) II.2.3. Bacias Sedimentares As bacias sedimentares do Estado de Sergipe estão situadas nas seguintes regiões: a leste do Estado, avançando sobre a plataforma continental (Bacia de Sergipe); e a noroeste e sudoeste do Estado, respectivamente nas regiões dos riachos Curituba e da Barra, e da cidade de Poço Verde, no limite com o Estado da Bahia (Bacia de Tucano Central e Norte). A sua origem está relacionada ao sistema de riftes precursores da separação entre a América do Sul e a África: o rifte de Tucano representando as fases iniciais da separação e o de Sergipe, a separação definitiva (Santos et al. 1998). Santos et al. (1998) descrevem que as formações superficiais cenozoicas que ocorrem no Estado de Sergipe abrangem o Grupo Barreiras, as coberturas tércioquaternárias e as coberturas quaternárias (pleistocênicas e holocênicas). Os sedimentos do Grupo Barreiras estão distribuídos amplamente no leste do Estado de Sergipe separados da linha de costa pelas coberturas continentais pleistocênicas e holocênicas (Santos et al. 1998). O Grupo Barreiras é constituído por sedimentos terrígenos (cascalhos, conglomerados, areias finas e grossas e níveis de argila), pouco ou não consolidados, de cores variegadas e estratificação irregular, normalmente indistinta (Vilas Boas 1996). 25 CAPÍTULO III GEOLOGIA LOCAL Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) CAPÍTULO III – GEOLOGIA LOCAL III.1. INTRODUÇÃO No Domínio Macururé existem vários corpos graníticos (Fig. 7). Inicialmente os estudos de Humphrey & Allard (1969) reconheceram a presença de granitos presentes neste domínio, os quais foram reunidos sob a denominação de batólito de Glória. Nos trabalhos de Santos et al. (1988, 1998) foram descritos de granitoides Tipo Glória. Entretanto o trabalho abordou uma temática mais generalizada dos corpos. Até o momento, os granitos que ocorrem no Domínio Macururé só haviam sido estudados de forma generalizada, sem uma caracterização individualizada dos corpos sob o ponto de vista petrogenético e geoquímico. Chaves (1991) realizou um estudo detalhado do ponto de vista petrográfico e geoquímico dos maciços Cel. Coronel João Sá e Glória, e também descreveu de forma geral outros corpos pequenos, como por exemplo, Veneza, Boa Sorte, Monte Alegre de Sergipe, Carira, Santa Helena, Tanque Novo, Lagoa do Roçado e Lagoa Bonita. Estudos recentes ampliaram o conhecimento sobre algumas das intrusões graníticas do Tipo Glória presentes no Domínio Macururé. Conceição et al. (2012) descreveram o Maciço Granítico Glória Sul como sendo caracterizado por exibir texturas granular e inequigranular, coloração cinza claro e esbranquiçada, presença de enclaves máficos microgranulares e vários tipos petrográficos. Lisboa et al. (2012) estudaram o Maciço Glória Norte que apresenta formato circular, sendo constituído por granodioritos e monzonitos. Oliveira et al. (2012) realizaram estudos sobre o Stock Monte Alegre, que exibe uma área de aproximadamente de ±10 km2, exibindo geometria elipsoidal e constituído por granitos e quartzo monzonitos. Silva et al. (2013) descreve o Stock Lagoa do Roçado como um corpo de aproximadamente 7 km2, forma alongada, com rochas inequigranulares e presença de enclaves máficos microgranulares. 27 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 7. Mapa do Estado de Sergipe no contexto dos estados vizinhos com a localização do Domínio Macururé (área na cor cinza) (A). Esboço geológico do Domínio Macururé apresentando, em rosa, as intrusões de granito (B). A área em destaque, delimitada pelo retângulo preto corresponde ao corpo granítico objeto deste estudo. Fonte: Santos et al. (1998). 28 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) As rochas graníticas estudadas neste trabalho pertencem ao Stock Granítico Glória Sul, bem como enclaves que ocorrem associados ao mesmo e as rochas encaixantes. Neste capítulo serão apresentadas as características de campo das rochas estudadas. III.2. Geologia do Stock Granítico Glória Sul O Stock Granítico Glória Sul está localizado aproximadamente na porção central do Domínio Macururé, a norte da cidade de Nossa Senhora da Glória, no Estado de Sergipe. Esta intrusão exibe uma forma levemente arredondada, ocupando uma área de aproximadamente de 41 km2 (Fig. 8). A região apresenta um relevo bastante aplainado, onde os afloramentos se apresentam sob a forma de lajedos (Fig. 9), com acesso facilitado pela boa malha rodoviária de estradas secundárias. As rochas que constituem este stock exibem uma grande homogeneidade composicional e textural, sendo constituídas por granitos leucocráticos de coloração esbranquiçada na maior parte do stock, localmente exibindo tipos de coloração acinzentada e textura equigranular. É evidente a presença de enclaves máficos microgranulares e por vezes percebe-se que as rochas exibem anisotropismo marcado pela orientação dos cristais de micas. O mapeamento das rochas permitiu identificar que predominam no SGS granitos, podendo-se delimitar no corpo a ocorrência de quatro fácies petrográficas: Fácies Granito com Muscovita e Biotita, Fácies Muscovita Granito, Fácies Biotita Granito, e Fácies Granito com Granada. Enclaves máficos microgranulares de composição álcalifeldspato quartzo sienito ocorrem localmente localizados nas fácies Biotita Granito e Granito com Muscovita Biotita. Foram visitados e descritos 56 afloramentos no stock sendo que em 23 afloramentos foram coletadas amostras. Na encaixante foram visitados um total de 38 pontos com 5 pontos amostrados (Fig. 8). 29 30 Figura 8. Mapa faciológico e afloramentos estudados no Stock Granítico Glória Sul e encaixante. Legenda: círculos brancos correspondem a pontos não amostrados e círculos pretos a pontos amostrados. Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) III.2.1. Fácies Granito com Muscovita e Biotita Esta fácies é a mais representativa do stock (Fig. 8) ocupando a região central e leste do corpo. Seus afloramentos constituem-se em lajedos e/ou blocos, e suas rochas apresentam uma coloração clara, granulação média, textura equigranular e mais raramente anisotrópica (Fig. 10). Uma feição característica é a ocorrência de enclaves máficos microgranulares (Fig. 11). III.2.2. Fácies Muscovita Granito Esta fácies localiza-se na porção oeste/sudoeste do corpo (Fig. 8). Os afloramentos normalmente ocorrem como lajedos e/ou blocos com boas exposições, e raramente a rocha mostra alguma alteração (Fig.12). Os cristais de muscovita nessa fácies materializam a presença de foliação tectônica N100º/65ºSW (Fig. 13). Essas rochas são de coloração clara, granulação fina a média, equigranular (Fig. 14). III.2.3. Fácies Biotita Granito Essa fácies ocorre de forma localizada na parte noroeste do stock (Fig. 8), onde seus afloramentos distribuem-se como lajedos e/ou blocos, exibindo uma coloração cinza, granulação fina, textura equigranular, isotrópica, e apresentando um expressivo volume de enclaves máficos microgranulares (Fig. 15). III.2.4. Fácies Granito com Granada Esta fácies ocorre na porção norte do stock (Fig. 8). Os seus afloramentos apresentam-se como lajedos e/ou blocos, com rochas exibindo uma coloração cinza, mas em algumas áreas a coloração alterna para bege clara. Apresenta granulação grossa, textura inequigranular e estrutura isotrópica. 31 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 9. Aspecto geral de um afloramento do Stock Granítico Glória Sul, apresentandose comumente sob a forma de grandes lajedos. Figura 10. Textura geral característica da Fácies Granito com Muscovita e Biotita. Observar no canto superior direito da figura a presença de dois pequenos enclaves máficos microgranulares. 32 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 11. Textura geral da Fácies Granito com Muscovita e Biotita, observando-se no centro da figura a presença de enclave máfico microgranular estirado. Figura 12. Visão geral da Fácies Muscovita Granito, que ocorre sob a forma de lajedo. 33 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 13. Textura geral da Fácies Muscovita Granito. Notar o grande volume de cristais de muscovita (pontuações marrom claro), o que confere a rocha um sutil anisotropismo. Figura 14. Lajedo da Fácies Muscovita Granito, representada por uma rocha de coloração clara e textura equigranular. 34 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Nesta fácies encontra-se uma zona de contato com a rocha encaixante bastante proeminente, sendo possível observar a ocorrência de injeções graníticas de coloração bege clara. Os contatos entre esta fácies e os metassedimentos são comumente bruscos, sinuosos ou amebóides, exibindo em algumas regiões um aspecto de material “amassado” (Fig. 16). Cristais de granada apresentam-se em determinadas regiões como fenocristais no granito e é possível observar a ocorrência de xenólitos da rocha encaixante. III.2.5. Enclaves Máficos Microgranulares Os enclaves máficos microgranulares ocorrem de forma restrita nas fácies Biotita Granito e Granito com Muscovita e Biotita. Eles são leucocráticos e apresentam uma textura equigranular fina, coloração cinza escuro, além de formas, tamanhos e distribuição variáveis (elípticas, arredondadas ou alongadas). Raramente se apresentam como enclaves múltiplos (Fig. 17). O termo “enclave” é uma denominação genérica aplicada a todo e qualquer agregado mineral ou poliminerálico incluído em rochas ígneas (Barbarin & Didier 1991). Incluem xenólitos do material encaixante, autólitos (cumulatos fragmentados), xenocristais, enclaves micáceos (resíduos de fusão), enclaves félsicos (fragmentos félsicos de margens resfriadas) e enclaves microgranulares félsicos ou máficos (usualmente resultantes de processos de mistura de magmas). Segundo a classificação de Barbarin & Didier (1992) (Fig. 18), os enclaves microgranulares que ocorrem no SGS podem ser relacionados ao estágio 2, que representa o estágio de mingling. Os enclaves máficos microgranulares do SGS apresentam dimensões centimétricas a decimétricas. Possuem contatos comumente bem definidos. É possível observar a formação de uma borda escura com poucos milímetros de largura enriquecida em minerais máficos (biotita e anfibólio) de granulação mais fina cuja transição para a porção interna do enclave é gradacional (Fig. 19). Segundo Didier (1973) o escurecimento na borda dos enclaves é devido à diminuição da granulometria e tem sido interpretada como resultante de resfriamento rápido de um magma máfico ao entrar em contato com um magma félsico mais frio. 35 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 15. Textura característica da Fácies Biotita Granito em que se observa a presença de enclaves máficos microgranulares. Esta fácies é que apresenta a maior concentração de enclaves do stock. Figura 16. Zona de contato da Fácies Granito com Granada com o embasamento, observando-se injeções graníticas (coloração bege clara) nos metassedimentos do Domínio Macururé. Observar que o contato entre o granito e a rocha encaixante assemelha-se a um material “amassado”. 36 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A B C D E F Figura 17. Diversas formas dos Enclaves Máficos Microgranulares presentes no SGS. [A] Enclave máfico microgranular estirado; [B] Enclave máfico microgranular anguloso; [C] Enclave máfico microgranular anguloso; [D] Enclave máfico microgranular múltiplo e em formato de coração; [E] Enclave máfico microgranular aparentemente oval; [F] Enclave máfico microgranular arredondado múltiplo. 37 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 18. Esquema ilustrativo da interação entre o magma máfico e félsico durante a cristalização do magma félsico segundo Barbarin & Didier (1992). Figura 19. Enclave máfico microgranular arredondado localizado na Fácies Biotita Granito, exibindo uma borda mais escura em decorrência da acumulação de biotita e diopsídio. 38 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) III.3. Geologia das Rochas Encaixantes As rochas encaixantes correspondem a muscovita biotita granada xisto, cálciosilicáticas e metarenitos, ocorrendo sob a forma de lajedos, blocos, exposições nas estradas e as margens de drenagens. Muscovita Biotita Granada Xisto representa a rocha dominante no Domínio Macururé, dispondo-se comumente como lajedos e/ou exposições ao longo de estradas, por vezes às margens de drenagens. Ela exibe uma coloração cinza escura, granulação fina a média e textura inequigranular. A granada em algumas regiões aparecem como porfiroblastos (Fig. 20). Os contatos com as rochas do stock são bruscos, sinuosos ou ameboides. Nas zonas de contato são observadas injeções graníticas leucocráticas dobradas (Fig. 21) ou mais raramente a rocha encaixante apresenta-se sob a forma de brecha com o granito leucocrático (Fig. 22). Foram observadas feições localizadas em determinadas áreas da encaixante, como diques de granito leucocrático (Fig. 23) e estrutura em “boudin” (Fig. 24). Cálcio-silicáticas ocorrem de forma restrita no Domínio Macururé, como camadas centimétricas nos metassedimentos. Metarenitos correspondem a exposições em corte de estrada, apresentando-se como uma rocha de coloração bege, granulação fina, textura equigranular (Fig. 25). Nessas rochas é possível observar estruturas primárias preservadas (S0). 39 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 20. Textura típica do xisto do Domínio Macururé. Observar o grande volume dos cristais de muscovita (pontuações exibindo brilho) e de granada que ocorre como porfiroblastos (pontuações em coloração rosada). Figura 21. Injeções graníticas leucocráticas dobradas ocorrendo dentro do xisto (coloração cinza), no Domínio Macururé. 40 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 22. Afloramento nas margens do riacho da Lagoa. Notar que a rocha encaixante (coloração cinza) ocorre de forma fragmentada como brechas, em contato com o granito (coloração bege). Figura 23. Dique de granito leucocrático cortando o xisto do Domínio Macururé. Notar diversas injeções graníticas leucocráticas, por vezes dobradas na rocha encaixante. 41 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 24. Estrutura em “boudin” presente de forma pontual no xisto do Domínio Macururé. Figura 25. Metarenito presente no Domínio Macururé. É possível observar estrutura primária preservada (S0). 42 CAPÍTULO IV PETROGRAFIA Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) CAPÍTULO IV – PETROGRAFIA IV.1. INTRODUÇÃO Uma retrospectiva histórica revela que estudos texturais e petrográficos, com o uso extensivo do microscópio no início do século 19, levaram à distinção de diferentes tipos de rochas e à definição de províncias ígneas (Young 2003). A análise petrográfica é fundamental para o desenvolvimento de investigações petrológicas e geoquímicas. A identificação e quantificação das fases minerais e relações texturais/estruturais em rochas fornecem indicações sobre a evolução magmática e prováveis fontes. A análise textural é um fator imprescindível. O termo textura está relacionado à maneira como um mineral se relaciona com os demais ao seu redor, considerando fatores como grau de cristalinidade, tamanho, forma e relações mútuas com outros cristais e/ou vidro, quando presentes. As revisões dos fatores mais relevantes na formação de texturas nas rochas ígneas podem ser vistas em MacKenzie et al. (1982), Conceição (1986), Bard (1987), Shelley (1992), Hibbard (1995), Winter (2001) e Vernon (2004). Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos através de estudos petrográficos em lâminas delgadas pertencentes ao Stock Granítico Glória Sul, compreendendo descrições mineralógicas e texturais de suas rochas. O stock apresenta tipos distintos de rochas em campo as quais foram agrupadas nas fácies petrográficas: (i) Fácies Granito com Muscovita e Biotita; (ii) Fácies Muscovita Granito; (iii) Fácies Biotita Granito; (iv) Fácies Granito com Granada e os (v) Enclaves Máficos Microgranulares. Igualmente foram descritas lâminas delgadas de rochas encaixantes pertencentes ao Domínio Macururé. O stock estudado apresenta uma composição predominantemente granítica, com textura equigranular, exibindo uma discreta variação composicional na assembleia mineral. Nas fácies identificadas, percebe-se que as diferenças ocorrem em função da presença de muscovita ou biotita, ou na ocorrência dos dois minerais, bem como na ocorrência de enclaves máficos microgranulares. 44 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2. Classificação e Nomenclatura das Rochas Foram estudadas 22 lâminas delgadas e os resultados da análise modal (Tab. 2). Quatorze delas foram de granitos, duas de enclaves e seis dos metamorfitos encaixantes. A nomenclatura utilizada para à caracterização destas rochas foi aquela recomendada pela Internacional Union of Geology Sciences (Le Maître et al. 2002), onde as composições modais foram lançadas nos diagramas QAP e Q(A+P)M de Streckeisen (Fig. 26). As composições modais foram obtidas através de contagem de pontos. As amostras do Stock Granítico Glória Sul alocaram-se no campo das rochas graníticas e as amostras dos enclaves no campo do álcali-feldspato quartzo sienito (Fig. 26). Quanto ao índice de cor, quando lançadas no diagrama Q-(A+P)-M (Fig. 26), as rochas graníticas do Stock Granítico Glória Sul alocam-se nos campos das rochas hololeucocráticas e leucocráticas, enquanto que, os seus enclaves ocupam o campo das rochas leucocráticas. IV.2.1. Fácies Granito com Muscovita e Biotita Um total de duas lâminas delgadas foram analisadas para esta fácies. Amostras: FDS-07 e FDS-60. As rochas desta fácies representam a parte mais representativa do stock ocorrendo na região central e leste do corpo. A mineralogia essencial é constituída por feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio, muscovita e biotita. Os minerais acessórios presentes são titanita, epídoto, zircão, apatita e minerais opacos. Em linhas gerais as rochas desta fácies caracterizam-se por exibirem textura hipidiomórfica (Fotomic. 1), apresentando presença de texturas pertítica, antipertítica e mirmequítica. IV.2.1.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos O feldspato alcalino é o mineral mais abundante nessa fácies, correspondendo entre 40,5 e 55,4% do volume (Tab. 2). Apresenta-se geminado segundo as leis Albita45 10,4 44,2 7,4 - - - - - 2,2 0,5 - - - 100 Pl Kfs Ms Bt Hbl Di Grt Ttn Ep Ap Zrn Cb Opq Total 35,3 Qz FDS-04 100 - - - 0,1 1,5 0,2 - - - - 10,9 55,2 9,6 22,5 FDS-61 100 - - 0,1 0,1 1,4 0,2 - - - - 8,0 40,5 10,1 39,6 FDS-64 FMG 100 0,1 - 0,1 0,1 2,6 0,2 - - - 1,0 11,3 34,1 10,3 40,2 FDS-65 100 - 0,1- 0,1 0,1 0,3 0,2 - - - 0,5 8,3 50,4 10,5 29,5 FDS-66 100 - - 0,1 0,1 0,5 0,3 - - - - 7,5 46,5 10,5 34,5 FDS-69 100,1 0,1 0,2 0,2 0,3 0,9 0,3 - 1,2 - 8,0 0,7 38,5 16,5 33,2 FDS-10A 99,9 0,1 - 0,1 0,1 0,7 0,2 - - 0,2 6,5 - 50,3 13,3 28,4 FDS-11 100 0,1 - - 0,2 1,7 - - - - 7,5 - 42,5 11,5 36,5 FDS-57A FBG 100 0,1 - 0,1 0,1 0,3 0,2 - - - 22,5 1,0 37,6 15,5 22,6 FDS-213 100 0,1 - - 0,2 0,3 0,4 - - - 4,0 4,8 40,5 12,5 37,2 FDS-07 100 - - 0,1 0,1 0,2 0,2 - - - 3,5 2,3 55,4 9,7 28,5 FDS-60 FGMB 100 0,1 - 0,1 0,2 - - - - 0,5 9,4 2,0 26,9 24,8 36,0 FDS-09B FGG 100 0,1 - 0,1 0,1 0,9 0,2 1,3 - - 19,7 4,3 25,0 23,8 24,5 FDS-67 100 0,2 0,1 0,2 0,7 1,6 1,3 - 7,6 0,6 18,9 - 51,8 4,8 12,2 FDS-10B FE 46 100 0,5 0,2 0,1 0,5 1,1 1,4 - 10,8 0,4 16,2 - 52,1 2,1 14,6 FDS-58 Tabela 2. Análises modais das rochas pertencentes ao Stock Granítico Glória Sul. Legenda: FMG-Fácies Muscovita Granito; FBG–Fácies Biotita Granito; FGMB–Fácies Granito com Muscovita e Biotita. FGG–Fácies Granito com Granada; FE–Fácies Enclaves. Qz–Quartzo; Pl– Plagioclásio; Kfs–Feldspato Alcalino; Ms–Muscovita; Bt–Biotita; Hbl–Hornblenda; Di–Diopsídio; Grt–Granada; Ttn–Titanita; Ep–Epídoto; Ap– Apatita; Zrn–Zircão; Cb–Carbonato; Opq–Mineral opaco. Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) 47 Figura 26. Diagramas de nomenclatura. Diagrama QAP de Streckeisen (1976, in Le Maître et al. 2002) aplicado as rochas do Stock Granítico Glória Sul. Q= Quartzo; A= Feldspato Alcalino e albita (<5%An); P= Plagioclásio (>5%An). Quartzo Diorito/Quartzo Gabro [1]; Quartzo Monzodiorito [2]; Quartzo Monzonito [3]; Quartzo Sienito [4]; Álcali-feldspato Quartzo Sienito [5]; Tonalito [6]; Granodiorito [7]; Granito [8]; Álcali Granito [9]. Diagrama Q-(A+P)-M aplicado às rochas do Stock Granítico Glória Sul. Q = Quartzo; A+P = Feldspato Alcalino e Plagioclásio; M = Minerais Máficos. Legenda: Muscovita Granito (círculo), Biotita Granito (hexágono), Granito com Muscovita e Biotita (quadrado), Granito com Granada (losango) e Enclaves (estrela). Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) 48 Fotomicrografia 1. Foto-mosaico apresentando textura hipidiomórfica da Fácies Granito com Muscovita e Biotita. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: muscovita (Ms), plagioclásio (Pl), feldspato alcalino (Kfs), biotita (Bt) e quartzo (Qz). Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Periclina. Ocorrem como cristais xenomórficos, apresentando-se como fenocristais com dimensões variando de 0,8 a 2,3 mm com predominância de indivíduos de 1,2 mm e os demais cristais variando nos tamanhos de 0,04 a 0,9 mm com predominância de indivíduos de 0,6 mm. Alguns indivíduos exibem textura pertítica e tipo mirmequítica bem como extinção ondulante difusa. Exibem contatos normalmente irregulares com os demais minerais da rocha e exibem inclusões de epídoto, muscovita, apatita, titanita, zircão e minerais opacos. A maioria dos cristais exibe uma feição com aspecto de “sujeira” sugerindo uma provável alteração. O quartzo corresponde entre 28,5 e 37,2% do volume (Tab. 2), apresentando-se como cristais xenomórficos, com dimensões variando de 0,1 a 1 mm com predominância de indivíduos de 0,3 mm. Alguns cristais exibem extinção ondulante do tipo em setor e os contatos apresentam-se como irregulares (curvos, ameboides) com os demais minerais da rocha. Estes cristais apresentam inclusões de apatita, biotita e feldspato alcalino. O plagioclásio (albita) apresenta uma variação de 9,7 a 12,5% do volume (Tab. 2). Exibem geminação polissintética segundo as leis Albita e Albita-Carlsbad. Ocorrem normalmente como indivíduos xenomórficos, de dimensão variando entre 0,06 a 1,3 mm com predominância de indivíduos de 0,4 mm. Em alguns cristais identifica-se textura antipertítica, mirmequítica e extinção ondulante concêntrica. Os contatos são irregulares (tipo reentrante, ameboide) com os demais cristais da rocha. Encontram-se inclusões de feldspato alcalino, quartzo, biotita, muscovita, apatita e minerais opacos. A muscovita apresenta percentual variando de 2,3 a 4,8% do volume (Tab. 2). Apresentam-se como cristais hipidiomórficos, ocorrendo como fenocristais com dimensões variando de 0,8 a 2,2 mm, com predominância de indivíduos de 0,8 mm, e os demais cristais variando nos tamanhos de 0,05 a 0,7 mm, com predominância de indivíduos de 0,3 mm. Observam-se contatos retos e irregulares com feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e biotita (Fotomic. 10). Observam-se inclusões de feldspato alcalino, biotita, titanita, apatita e minerais opacos. 49 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A biotita exibe cor marrom com pleocroísmo variando de marrom claro a marrom escuro. Apresenta um percentual variando de 3,5 a 4,0% do volume (Tab. 2). Apresentam-se como indivíduos hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,1 a 1,5 mm com predominância de indivíduos de 0,4 mm. Os contatos são comumente irregulares com cristais de quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino e muscovita. Observam-se em alguns cristais inclusões de epídoto, titanita, zircão, apatita e minerais opacos. É possível observar que alguns cristais apresentam manchas escuras que correspondem a halos pleocróicos em decorrência da presença de zircão. A titanita apresenta-se como cristais hipidiomórficos, variando com percentual de 0,2 a 0,4% do volume (Tab. 2) e dimensões variando de 0,01 a 0,5 mm com predominância de indivíduos de 0,2 mm. Observam-se em alguns cristais inclusões de muscovita, epídoto e minerais opacos. Os cristais de titanita ocorrendo comumente associados aos cristais de biotita (Fotomic. 2). O epídoto ocorre como cristais xenomórficos, apresentando percentual variando de 0,2 a 0,3% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,05 a 0,3 mm com predominância de indivíduos de 0,1 mm. Esses cristais fazem contatos irregulares com os demais minerais. O zircão apresenta-se como cristais idiomórficos, com percentual de 0,1% do volume (Tab. 2). Observa-se que alguns deles exibem por vezes um zoneamento. A apatita ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,1 a 0,2% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,01 a 0,1 mm com predominância de cristais com 0,03 mm. Os minerais opacos ocorrem comumente como cristais xenomórficos, com percentual não superior a 0,1% do volume (Tab. 2), e dimensões não superiores a 0,1 mm e ocorrendo associados aos cristais de biotita. 50 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 2. Cristais de biotita em contato com muscovita e titanita da Fácies Granito com Muscovita e Biotita. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: muscovita (Ms), biotita (Bt) e titanita (Ttn). Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. 51 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2.2. Fácies Muscovita Granito Um total de seis lâminas delgadas foram analisadas para esta fácies. Amostras: FDS-04, FDS-61, FDS-64, FDS-65, FDS-66 e FDS-69. As rochas desta fácies localizam-se na porção oeste/sudoeste do stock, apresentando como mineralogia essencial feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio, muscovita e mais raramente biotita. Os minerais acessórios comumente observados são titanita, epídoto, apatita, zircão e de forma menos expressiva carbonato. Em termos gerais as rochas desta fácies exibem uma textura hipidiomórfica (Fotomic. 3), podendo-se observar texturas típicas pertítica, antipertítica, mirmequítica e processo de saussuritização. IV.2.2.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos O feldspato alcalino é o mineral dominante, correspondendo entre 34,1 a 55,2% do volume (Tab. 2) ocorrendo, comumente geminados segundo as leis Albita-Periclina e mais raramente geminados segundo a Lei Carlsbad. Apresentam-se como cristais xenomórficos, com dimensões variando de 0,03 a 2,9 mm com predominância de indivíduos de 0,6 mm. Observa-se que alguns dos cristais exibem textura pertítica e extinção ondulante difusa. Os contatos observados são comumente irregulares (ameboides e reentrantes) com quartzo, plagioclásio, muscovita, biotita, epídoto e com o próprio feldspato alcalino. Observam-se inclusões de quartzo, muscovita, biotita, epídoto, titanita, apatita e zircão. O quartzo ocupa de 22,5 a 40,2% do volume (Tab. 2), ocorrendo como cristais xenomórficos, com dimensões variando de 0,13 a 1,75 mm com predominância de indivíduos de 0,5 mm. Alguns cristais exibem extinção ondulante em setor, apresentando contatos irregulares (sinuosos) com os demais minerais da rocha. São evidenciadas inclusões de cristais de muscovita, feldspato alcalino, apatita e epídoto. O plagioclásio (albita) corresponde a uma variação entre 9,6 a 10,5% do volume (Tab. 2). Estes cristais exibem geminação polissintética segundo as leis Albita e AlbitaCarlsbad. Ocorrem como cristais xenomórficos, de dimensões variando de 0,05 a 2,3 52 53 Fotomicrografia 3. Foto-mosaico representativo da Fácies Muscovita Granito podendo-se observar a textura predominante hipidiomórfica. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: feldspato alcalino (Kfs), quartzo (Qz), plagioclásio (Pl) e epídoto (Ep). Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) mm com predominância de indivíduos de 0,6 mm. Alguns indivíduos exibem textura antipertítica, mirmequita e extinção ondulante concêntrica. Estes cristais exibem contatos irregulares com cristais de feldspato alcalino, quartzo e muscovita. É possível observar indivíduos saussuritizados (Fotomic. 4A), evidenciando a formação de epídoto secundário. Apresentam inclusões de muscovita, feldspato alcalino, quartzo, epídoto, apatita e mais raramente minerais opacos. A muscovita apresenta percentual variando de 7,4 e 11,3% do volume (Tab. 2). Apresentam-se como cristais hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,03 a 2 mm com predominância de indivíduos de 0,5 mm. Mostram-se com contatos irregulares com cristais de feldspato alcalino, plagioclásio, quartzo, biotita e minerais opacos e com contatos retos com biotita, quartzo, plagioclásio, titanita e muscovita. Alguns indivíduos apresentam-se como bastões finos, sendo produto de saussuritização. Apresentam inclusões de quartzo, feldspato alcalino, plagioclásio, biotita, epídoto, titanita, zircão e minerais opacos. A biotita apresenta-se nas cores marrom ou esverdeado, exibindo pleocroísmo variando entre marrom claro, marrom escuro e marrom esverdeado (Fotomic. 4B). A distribuição deste mineral nesta fácies ocorre de forma reduzida, com um percentual variando de 0,5 a 1,0% do volume (Tab. 2). Ocorre como cristais hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,07 a 1,6 mm com predominância de indivíduos de 0,25 mm. Mostra contato irregular com cristais de feldspato alcalino, quartzo, muscovita e titanita e contatos retos com muscovita e minerais opacos. Alguns indivíduos exibem inclusões de muscovita, epídoto, apatita, minerais opacos e zircão (Fotomic. 4C). A titanita ocorre como cristais xenomórficos, com percentual variando de 0,2 e 0,3% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,03 a 0,7 mm com predominância de indivíduos de 0,3 mm. Alguns indivíduos exibem inclusões de epídoto, apatita e minerais opacos. O epídoto ocorre como cristais xenomórficos, de percentual variando de 0,3 a 2,6% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,03 a 1,1 mm com predominância de indivíduos de 0,25 mm. Faz contatos retos e irregulares com a maioria dos minerais da rocha, apresentando inclusões de feldspato alcalino. 54 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A apatita ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,1 a 0,5% do volume (Tab. 2) e com dimensões não superiores a 0,2 mm. É o mineral acessório mais comum nas rochas do stock. Apresenta-se frequentemente inclusa em cristais de feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e nas micas. O zircão ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,1 a 0,2% do volume (Tab. 2) e dimensão não superior a 0,1 mm. O carbonato apresenta-se como cristais xenomórficos, observando que alguns indivíduos são produto de saussuritização. O percentual não é superior a 0,1% do volume (Tab. 2) e dimensões entre de 0,12 a 0,9 mm com predominância de indivíduos de 0,4 mm. Exibem contatos irregulares com os demais minerais da rocha apresentando inclusões de titanita (Fotomic. 4D). Os minerais opacos ocorrem comumente como cristais xenomórficos, com percentual não superior a 0,1% do volume (Tab. 2) e dimensões de 0,1 mm. IV.2.3. Fácies Biotita Granito Um total de quatro lâminas delgadas foram analisadas para esta fácies. Amostras: FDS-10A, FDS-11, FDS-57A e FDS-213. As rochas desta fácies localizam-se de forma mais expressiva na parte noroeste do stock. A sua mineralogia essencial é constituída por feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio, biotita e mais raramente muscovita, hornblenda e diopsídio. Os minerais acessórios presentes são titanita, epídoto magmático, zircão, apatita e menos expressivo carbonato e minerais opacos. Em linhas gerais as rochas desta fácies exibem uma textura hipidiomórfica (Fotomic. 5), ocorrendo presença de texturas pertítica e antipertítica. 55 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A C B D Fotomicrografia 4. Cristal de plagioclásio saussuritizado e cristais de muscovita, quartzo, feldspato alcalino, epídoto e mineral opaco (A). Cristal de biotita cloritizado (B). Cristais de biotita com inclusão de zircão (C). Cristais de carbonato, quartzo, plagioclásio, feldspato alcalino, muscovita, titanita e epídoto (D). Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), plagioclásio (Pl), quartzo (Qz), muscovita (Ms), feldspato alcalino (Kfs), titanita (Ttn), epídoto (Ep) e mineral opaco (Opq). Observação realizada com sistema em luz polarizada (A e D) e em luz natural (B e C). Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. 56 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 5. Foto-mosaico apresentando a textura geral da Fácies Biotita Granito. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: feldspato alcalino (Kfs), biotita (Bt), quartzo (Qz), plagioclásio (Pl) e epídoto (Ep). Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma estrutura isotrópica. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. 57 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2.3.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos O feldspato alcalino é o mineral mais abundante na rocha, correspondendo entre 37,6 e 50,3% do volume (Tab. 2), ocorrendo geminados segundo as leis Carlsbad e Albita-Periclina. Apresentam-se como cristais xenomórficos, ocorrendo como fenocristais com dimensões variando de 0,8 a 4,25 mm com predominância de indivíduos de 1,5 mm e os demais cristais variando nas dimensões de 0,05 a 0,7 mm com predominância de 0,4 mm. Alguns indivíduos exibem extinção ondulante difusa e apresentam textura pertítica (Fotomic. 6). Esses cristais exibem contatos irregulares com os demais minerais da rocha e exibe inclusões de biotita, plagioclásio, epídoto, titanita, apatita, zircão e minerais opacos. Em alguns cristais destaca-se uma feição com aspecto de “sujeira”, sugerindo uma provável alteração para argilominerais. O quartzo ocupa de 22,6 a 36,5% do volume (Tab. 2), apresentando-se como cristais xenomórficos, com dimensões variando de 0,05 a 2,5 mm com predominância de 0,6 mm. Alguns indivíduos exibem extinção ondulante em setor e contatos irregulares com os demais minerais da rocha. Podem ser encontradas inclusões de cristais de feldspato alcalino, biotita, titanita, epídoto, apatita, zircão e minerais opacos. O plagioclásio (albita) corresponde a uma variação de 11,5 a 16,5% do volume (Tab. 2). Estes cristais exibem geminação polissintética segundo as leis Albita e AlbitaCarlsbad. Ocorrem comumente como cristais xenomórficos, com dimensões nos fenocristais variando de 1,5 a 4,6 mm, com predominância de indivíduos de 1,9 mm, e os demais cristais variando nos tamanhos de 0,05 a 1,4 mm com predominância de indivíduos de 0,5 mm. É possível observar que alguns indivíduos exibem textura antipertítica, extinção ondulante concêntrica e zoneamento composicional (Fotomic. 7). Estes cristais exibem contatos irregulares (sinuosos, reentrantes) com cristais de feldspato alcalino, quartzo, biotita e epídoto e inclusões de feldspato alcalino, biotita, muscovita, epídoto, carbonato, apatita, titanita, zircão e minerais opacos. A biotita é o máfico mais dominante da rocha, exibindo cor marrom e pleocroísmo variando de marrom claro a marrom escuro. Apresenta um percentual variando 6,5 a 23,5% do volume (Tab. 2). Esses indivíduos ocorrem comumente como cristais hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,05 a 2 mm com predominância 58 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 6. Cristal de feldspato alcalino com textura pertita, quartzo, plagioclásio e biotita. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: plagioclásio (Pl), feldspato alcalino (Kfs), biotita (Bt) e quartzo (Qz). Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 10X. 59 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 7. Foto-mosaico apresentando plagioclásio com zonação múltipla característico da Fácies Biotita Granito. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: plagioclásio (Pl), feldspato alcalino (Kfs), biotita (Bt) e quartzo (Qz). Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. 60 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) de cristais com 0,6 mm. Observam-se contatos retos e irregulares (curvos, ameboides) com os demais minerais. Apresentam inclusões de muscovita, feldspato alcalino, zircão, apatita, titanita, epídoto e minerais opacos (Fotomic. 8). A muscovita apresenta percentual variando de 0,7 e 1,0% do volume (Tab. 2). Apresentam-se como cristais hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,07 a 1,3 mm com predominância de indivíduos de 0,4 mm. Alguns deles exibem a presença de textura tipo mirmequita. Mostram-se com contatos irregulares com feldspato alcalino, quartzo e biotita e apresenta inclusões de feldspato alcalino, biotita, apatita e minerais opacos. A hornblenda exibe cor verde e pleocroísmo variando em verde claro, verde amarronzado e verde escuro. Apresenta percentual não superior a 0,2% do volume (Tab. 2), apresentando-se como cristais hipidiomórficos com dimensões variando de 0,05 a 2 mm com predominância de indivíduos de 0,2 mm. Exibe contatos com diopsídio, feldspato alcalino e quartzo e inclusões de cristais de feldspato alcalino, biotita e minerais opacos. O diopsídio é um mineral raro, exibe cor verde, com suave pleocroísmo variando em verde claro a pálido. Apresenta percentual de 1,2% do volume (Tab. 2), ocorrendo como cristais hipidiomórficos com dimensões variando de 0,2 a 1,3 mm com predominância de cristais de 0,3 mm. Exibem contatos irregulares (sinuosos) com cristais de feldspato alcalino, quartzo e hornblenda e inclusões de feldspato alcalino, biotita, epídoto, carbonato e minerais opacos. O epídoto é uma fase acessória, ocorrendo como cristais hipidiomórficos (Fotomic. 9) apresentando percentual variando de 0,3 e 1,7% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,04 a 1,1 mm com predominância de indivíduos de 0,25 mm. Alguns cristais exibem textura tipo mirmequita e ocorrem comumente associados aos cristais de biotita. É possível observar inclusões de quartzo, titanita, biotita e de minerais opacos. A titanita ocorre comumente cristais idiomórficos, variando com percentual de 0,2 a 0,3% do volume (Tab. 2) e dimensões variando de 0,03 a 0,8 mm com predominância de indivíduos de 0,3 mm. Os cristais ocorrem comumente associados aos 61 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 8. Foto-mosaico apresentando cristais de biotita, quartzo, plagioclásio e epídoto. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), plagioclásio (Pl), quartzo (Qz) e epídoto (Ep). Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 10X. Fotomicrografia 9. Cristais de biotita, quartzo, epídoto e feldspato alcalino. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), quartzo (Qz), epídoto (Ep) e feldspato alcalino (Kfs). Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 10X. 62 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) cristais de biotita. Apresentam inclusões de quartzo, biotita, epídoto, apatita e minerais opacos. O zircão ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando 0,1 a 0,2% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,02 a 0,13 mm com predominância de 0,03 mm. Observa-se que alguns indivíduos apresentam-se zoneados (Fotomic. 10) e com inclusões de apatita e minerais opacos. Observam-se halos pleocróicos na biotita, gerados pela presença de elementos radioativos nesta fase. A apatita ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,1 a 0,3% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,01 a 0,2 mm com predominância de indivíduos de 0,03 mm. Apresenta-se frequentemente inclusa em cristais de feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e nas micas e apresenta inclusão de minerais opacos. O carbonato ocorre como cristais xenomórficos, com percentual não superior a 0,2% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,07 a 0,5 mm com predominância de indivíduos de 0,15 mm. Os minerais opacos ocorrem comumente como cristais xenomórficos, com percentual não superior a 0,1% (Tab. 2) e dimensões de 0,1 mm. IV.2.4. Fácies Granito com Granada Um total de duas lâminas delgadas foram analisadas para esta fácies. Amostras: FDS-09B e FDS-67. As rochas desta fácies ocorrem de forma mais expressiva na porção norte do stock, apresentando como mineralogia essencial constituída por feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio, biotita, muscovita e hornblenda. Os minerais acessórios comumente observados são granada, titanita, epídoto, apatita, zircão e minerais opacos. Em termos gerais as rochas desta fácies exibem uma textura hipidiomórfica (Fotomic. 11). 63 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 10. Cristais de biotita com inclusões de zircão e apatita. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), zircão (Zrn) e apatita (Ap). Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 10X. 64 65 Fotomicrografia 11. Foto-mosaico apresentando textura hipidiomórfica da Fácies Granito com Granada. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: plagioclásio (Pl), feldspato alcalino (Kfs), muscovita (Ms), biotita (Bt) e epídoto (Ep). Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2.4.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos O feldspato alcalino é o principal mineral dominante, correspondendo entre 25,0 e 26,9% do volume (Tab. 2), ocorrendo comumente geminado segundo as leis Carlsbad e Albita-Periclina. Apresentam-se como cristais xenomórficos, ocorrendo como fenocristais com dimensões variando de 1,0 a 4,25 mm, com predominância de indivíduos de 1,5 mm, e os demais cristais variam nas dimensões de 0,13 a 0,9 mm, com predominância de cristais de 0,7 mm. Alguns indivíduos exibem extinção ondulante do tipo difusa. Estes cristais exibem contatos irregulares do tipo reentrante, curvos e amebóides com cristais de quartzo, plagioclásio, muscovita e biotita. São evidenciadas inclusões de cristais de quartzo, muscovita, biotita e apatita. O quartzo corresponde entre 24,5 e 36,0% do volume (Tab. 2), ocorrendo como cristais xenomórficos, com dimensões variando de 0,08 a 2,5 mm, com predominância de indivíduos com 0,6 mm. Alguns cristais exibem extinção ondulante do tipo em setor e contatos irregulares (sinuosos) com feldspato alcalino, plagioclásio, muscovita e biotita. Observam-se inclusões anédricas de feldspato alcalino. O plagioclásio (oligoclásio) corresponde a uma variação entre 23,8 e 24,8% do volume (Tab. 2). Estes cristais exibem geminação segundo as leis Albita e AlbitaCarlsbad. Ocorrem como cristais comumente xenomórficos, apresentando-se como fenocristais de dimensões variando de 1,5 a 3 mm, com predominância de indivíduos de 2,25 mm, e os demais cristais variam nas dimensões de 0,25 a 1,4 mm, com predominância de cristais de 0,9 mm. Alguns indivíduos exibem extinção ondulante concêntrica e zoneamento. Estes cristais exibem contatos irregulares do tipo sinuosos com cristais de feldspato alcalino, quartzo, biotita, muscovita e epídoto. Observam-se inclusões de cristais de feldspato alcalino, biotita, muscovita, epídoto, apatita e zircão. A biotita é o mineral máfico mais dominante, exibindo cor marrom e pleocroísmo variando entre marrom claro a marrom escuro. Apresenta uma variação de 9,4 e 19,7% do volume (Tab. 2), ocorrendo como cristais hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,05 a 2 mm com predominância de indivíduos de 0,7 mm. Os contatos observados são tipo irregular com cristais de feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio, muscovita, 66 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) epídoto e titanita. Os cristais de biotita apresentam inclusões euédricas de zircão e apatita (Fotomic. 12) e inclusões anédricas de muscovita, epídoto e minerais opacos. A muscovita apresenta percentual variando de 2,0 e 4,3% do volume (Tab. 2). Ocorre como cristais hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,07 a 2 mm com predominância de cristais de 0,8 mm. Exibem contatos irregulares com cristais de feldspato alcalino, plagioclásio, biotita e titanita (Fotomic. 13). Observam-se inclusões de biotita, epídoto, apatita, zircão e minerais opacos. O diopsídio exibe cor verde e pleocroísmo variando de verde amarronzado à verde mais claro. Apresenta um percentual de 0,5% do volume (Tab. 2), ocorrendo sob a forma de cristais hipidiomórficos, com dimensões variando de 0,07 a 2,1 mm e predominância de indivíduos de 0,2 mm. Exibem contatos irregulares com feldspato alcalino, biotita, quartzo e minerais opacos (Fotomic. 14). Em alguns indivíduos observa-se a presença de inclusão de feldspato alcalino. A granada ocorre como cristais xenomórficos, com percentual de 1,3% do volume (Tab. 2) e dimensões variando de 0,2 a 0,9 mm. Exibe contato irregular com feldspato alcalino e biotita. Apresenta inclusões anédricas de feldspato alcalino, minerais opacos (Fotomic. 15). O epídoto ocorre como cristais xenomórficos, com percentual de 0,9% do volume (Tab. 2) e com dimensões variando de 0,01 a 0,6 mm, predominando indivíduos com 0,1 mm. Exibe contatos irregulares com cristais de feldspato alcalino, plagioclásio, biotita e muscovita. Apresenta inclusões euédricas de zircão e apatita na região central, bem como inclusões anédricas de minerais opacos e biotita na região central do cristal e inclusões anédricas de quartzo em sua periferia. A titanita ocorre como cristais xenomórficos, com percentual máximo de 0,2% do volume (Tab. 2), com dimensões variando de 0,03 a 0,8 mm, com predomínio de cristais com 0,12 mm. Exibe contatos irregulares com biotita, muscovita, epídoto e feldspato alcalino. Os cristais ocorrem comumente associados a cristais de biotita. 67 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 12. Cristais de biotita com inclusões de zircão e apatita da Fácies Granito com Granada. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), zircão (Zrn) e apatita (Ap). Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 10X. Fotomicrografia 13. Cristais de biotita em contato com cristais de muscovita da Fácies Granito com Granada. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt) e muscovita (Ms). Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. 68 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 14. Foto-mosaico apresentando cristais de diopsídio, biotita e mineral opaco da Fácies Granito com Granada. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: diopsídio (Di), biotita (Bt) e mineral opaco (Opq). Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. Fotomicrografia 15. Foto-mosaico apresentando cristais de biotita e granada da Fácies Granito com Granada. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt) e granada (Grt). Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. 69 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A apatita ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,1 a 0,2% do volume (Tab. 2) e com dimensões vaiando de 0,01 a 0,12 mm com predominância de indivíduos de 0,06 mm. Apresenta-se frequentemente inclusa em cristais de feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio e nas micas. O zircão ocorre como cristais idiomórficos, com percentual de 0,1% do volume (Tab. 2) e dimensões variando de 0,01 a 0,2 mm e predominância de indivíduos de 0,05 mm. É muito frequente como inclusão em biotita e em alguns cristais de feldspato alcalino e plagioclásio. Os minerais opacos ocorrem comumente como cristais xenomórficos, com percentual não superior a 0,1% do volume (Tab. 2) e dimensões variando de 0,03 a 0,3 mm com predominância de indivíduos de 0,08 mm. Exibem contatos irregulares com biotita e muscovita. Estão geralmente associados a cristais de biotita. IV.2.5. Enclaves Máficos Microgranulares Um total de duas lâminas delgadas foram analisadas para esta fácies. Amostras: FDS-10B e FDS-58. Essas rochas localizam-se nas fácies Biotita Granito e Granito com Muscovita e Biotita. A mineralogia essencial é constituída por feldspato alcalino, quartzo, plagioclásio, biotita, diopsídio e mais raramente hornblenda. Os minerais acessórios encontrados são titanita, epídoto, apatita, zircão, carbonato e minerais opacos. Em linhas gerais essas rochas caracterizam-se por exibirem textura hipidiomórfica (Fotomic. 16), apresentando cristais com presença de textura antipertítica. IV.2.5.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos O feldspato alcalino é o mineral mais abundante da rocha, correspondendo de 51,8 a 52,1% do volume (Tab. 2). Alguns indivíduos apresentam-se geminados segundo a Lei Albita-Periclina e extinção ondulante do tipo difusa. Apresentam-se como cristais xenomórficos, com dimensões variando de 0,03 a 2 mm, com predominância de 70 71 Fotomicrografia 16. Foto-mosaico apresentando a textura geral da Fácies Enclave. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), quartzo (Qz), feldspato alcalino (Kfs) e epídoto (Ep). Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma textura levemente anisotrópica. Observação realizada com sistema em luz polarizada. Aumento 4X. Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) indivíduos de 0,4 mm. Os contatos são irregulares do tipo reentrantes e ameboides com os demais minerais da rocha. Alguns cristais apresentam inclusões de euédricas de apatita, biotita, titanita, zircão e inclusões anédricas de biotita. O quartzo corresponde entre 12,2 e 14,6% do volume (Tab. 2), ocorrendo como cristais xenomórficos e dimensões variando de 0,05 a 0,9 mm e predominância de indivíduos de 0,3 mm. Alguns cristais apresentam extinção ondulante do tipo em setor e os contatos são irregulares com os demais minerais da rocha. São observadas inclusões euédricas de apatita. O plagioclásio (albita) corresponde a uma variação entre 2,1 e 4,8% do volume (Tab. 2). Estes cristais apresentam-se geminados segundo as leis Albita e AlbitaCarlsbad. Ocorrem como cristais xenomórficos, com dimensões variando de 0,09 a 0,6 mm e predominância de indivíduos de 0,2 mm. Observa-se que alguns cristais exibem textura antipertítica e extinção ondulante concêntrica. Os contatos são irregulares do tipo sinuosos e reentrantes com os demais minerais da rocha. Alguns indivíduos exibem inclusões de apatita, carbonato, biotita e minerais opacos. A biotita apresenta cor marrom com pleocroísmo variando de marrom claro a marrom escuro. Corresponde a uma variação entre 16,2 e 18,9% do volume (Tab. 2), ocorrendo como cristais hipidiomórficos e dimensões variando de 0,05 a 2,5 mm com predominância de indivíduos de 0,3 mm. Exibem contatos irregulares com os demais minerais da rocha. Alguns cristais exibem inclusões de feldspato alcalino, titanita, epídoto, zircão, minerais opacos, apatita e diopsídio. O diopsídio apresenta cor verde com pleocroísmo suave de cor verde pálido. Corresponde a uma variação entre 7,6 e 10,8% do volume (Tab. 2), ocorrendo como cristais hipidiomórficos e dimensões variando de 0,08 a 0,8 mm, com predominância de indivíduos de 0,5 mm. Exibem contatos retos e irregulares com os demais minerais da rocha e alguns cristais apresentam inclusões de biotita, apatita, opaco, feldspato alcalino e titanita. A hornblenda exibe cor verde, com suave pleocroismo, correspondendo a uma variação entre 0,4 a 0,6% do volume (Tab. 2), ocorrendo como cristais xenomórficos, de 72 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) dimensões de aproximadamente 0,1 mm. Estes cristais ocorrem comumente associados a cristais de diopsídio, apresentando inclusões anédricas de minerais opacos. A titanita corresponde a um volume da rocha variando de 1,3 a 1,5% (Tab. 2), ocorrendo como cristais idiomórficos (Fotomic. 17), com dimensões variando de 0,05 a 0,25 mm, com predominância de indivíduos de 0,1 mm. Alguns cristais exibem inclusões de minerais opacos, ocorrendo comumente associada a minerais máficos. O epídoto apresenta percentual variando de 1,1 e 1,6% do volume (Tab. 2), ocorrendo predominantemente como cristais hipidiomórficos e dimensões variando entre 0,06 a 0,7 mm, com predominância de indivíduos de 0,3 mm. Exibem contatos irregulares com feldspato alcalino, diopsídio, plagioclásio e biotita. A apatita ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,5 e 0,7% do volume (Tab. 2) e com dimensões não superiores a 0,2 mm. É comum a presença de inclusões de minerais opacos (Fotomic. 18). O zircão também ocorre como cristais idiomórficos, com percentual variando de 0,1 e 0,2% do volume (Tab. 2) e dimensão não superior a 0,1 mm. Geralmente apresenta-se incluso em feldspatos e quartzo, podendo ocorrer incluso em cristais de biotita. Os minerais opacos ocorrem xenomórficos, com percentual variando entre 0,2 e 0,5% do volume (Tab. 2) e dimensões de aproximadamente 0,1 mm. IV.2.6. Considerações Petrográficas No diagrama QAP foram inseridos tendências de diferenciação para séries magmáticas, segundo Lameyre & Bowden (1982), verificando que as rochas estudadas posicionam-se no campo dos leucogranitos, e os enclaves na região dos termos mais diferenciados da Série Alcalina (Fig. 27). 73 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Fotomicrografia 17. Cristais de biotita em contato reto, titanita euédrica e apatita. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), titanita (Ttn) e apatita (Ap). Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 20X. Fotomicrografia 18. Cristais idiomórficos de apatita com presença de inclusões de minerais opacos. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 40X 74 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 27. Diagrama QAP de Streckeisen (1976, in Le Maître et al. 2002) aplicado as rochas do Stock Granítico Glória Sul. Q= Quartzo; A= Feldspato Alcalino e albita (<5%An); P= Plagioclásio (>5%An). Quartzo Diorito/Quartzo Gabro [1]; Quartzo Monzodiorito [2]; Quartzo Monzonito [3]; Quartzo Sienito [4]; Álcali-feldspato Quartzo Sienito [5]; Tonalito [6]; Granodiorito [7]; Granito [8]; Álcali Granito [9]. As linhas tracejadas representam trends segundo Lameyre & Bowden (1982). T = Séries Toleiíticas, A = Séries Alcalinas, a = Cálcio-Alcalinas de baixo K (Cálcio-Alcalinas trondhjemíticas), b = Cálcio-Alcalinas de médio K (Cálcio-Alcalinas granodioríticas), c = Cálcio-Alcalinas de alto K (Cálcio-Alcalinas monzoníticas). Legenda: Muscovita Granito (círculo), Biotita Granito (hexágono), Granito com Muscovita e Biotita (quadrado), Granito com Granada (losango) e Enclaves (estrela). 75 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2.6.1. Sequência de Cristalização A partir do estudo petrográfico realizado nas rochas pertencentes ao SGS foi possível estabelecer uma sequência de cristalização para esse corpo. Esse estudo foi desenvolvido através das relações mútuas entre as fases minerais, as inclusões e a morfologia dos cristais (Fig. 28). Optou-se por estabelecer a ordem de cristalização para dois grupos de rochas: as graníticas e os enclaves. Para a proposição desta sequência de cristalização, optou-se por estabelecer esta sequência em dois estágios distintos: magmático e tardio. Utilizando-se como parâmetro o grau de euedralismo e as inclusões presentes, propõe-se que num estágio magmático, minerais acessórios como zircão, epídoto, apatita e titanita cristalizaram-se precocemente e podem constituir marcadores potenciais do inicio da cristalização destes magmas. Dentre os principais minerais ferromagnesianos (presentes na Fácies Biotita Granito e Enclaves), segue-se a cristalização do diopsídio no estágio magmático e posteriormente cristaliza-se a hornblenda, este último por corresponder a uma fase mineral hidratada. A fase mineral biotita segue a cristalização da hornblenda. A próxima fase se cristalizar corresponde ao plagioclásio, incluindo indivíduos zonados, sugerindo uma história de crescimento relativamente lenta, em meio a um líquido de composição modificando e/ou variando parâmetros intensivos (pressão e temperatura) durante a evolução magmática. Concomitante a cristalização do plagioclásio há a cristalização do feldspato alcalino e subseqüente o quartzo. A muscovita aparece nos dois estágios, sendo que no estágio magmático ela aparece como mineral de alteração do plagioclásio (sericitização). No estágio tardio há a cristalização das fases minerais epídoto, titanita, clorita e carbonato, este último surgindo comumente como alteração do plagioclásio. 76 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 28. Sequência de cristalização proposta para as rochas do SGS. As letras representam a ordem cronológica de precipitação mineral. 77 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2.6.2. Ocorrência de Epídoto Magmático O epídoto magmático, utilizando em conjunto morfologia e textura, torna-se uma ferramenta para monitorar ƒO2, registrar o comportamento da cristalização e do posicionamento do magma (Brasilino 2003). Epídoto primário têm sido observados por diversos autores. Grande parte deles considera que a presença de epídoto indica que o granito formou-se em condições de alta pressão (base da crosta), haja vista serem estas condições próprias para a cristalização do epídoto (Zen & Hammarstrom 1984, Sial 1986). Sial (1990) descreve quatro tipos diferentes texturais de epídoto magmático e que ocorre comumente associado à biotita, formando agregados, cujo tamanho, em alguns casos, chega a cerca de 1 mm de diâmetro. Zen & Hammarstrom (1984), abordaram que a presença de epídoto magmático em rochas graníticas sugere uma cristalização sob condições litostática em torno 6 Kbar. Sial (1990) descreve quatro tipos de epídoto magmático encontrado em rochas graníticas: • Tipo I corresponde a cristais de epídoto euédricos a subédricos, às vezes, alongados incluso no núcleo de fenocristais de plagioclásio. • Tipo II ocorre como cristais euédricos a subédricos, é comum um núcleo zoneado oscilatoriamente de allanita. • Tipo III ocorre como cristais euédricos a subédricos, bordejando ou incluído na biotita, sem o núcleo da allanita, representando a forma mais comum da ocorrência do epídoto. • Tipo IV é o mais raro e é representado por epídoto granular ao longo dos limites da hornblenda ou menos frequentemente da biotita em contato com plagioclásio. Os tipos II e III parecem ser de origem magmática, enquanto sugere que o tipo IV resultou da reação subsolidus da hornblenda com plagioclásio e o tipo I resultou da quebra de núcleos de plagioclásio cálcico. 78 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Nas rochas estudadas do SGS, a ocorrência de epídoto magmático é restrita as rochas da Fácies Biotita Granito e raramente na Fácies Granito com Muscovita e Biotita, sendo representados por cristais do tipo III segundo a classificação de Sial (1990). IV.2.6.3. Texturas A partir dos dados petrográficos descritos das rochas pertencentes ao SGS, foi possível observar a ocorrência de determinadas texturas em algumas fases minerais: geminações nos feldspatos, mirmequita, pertita e antipertita e extinção ondulante. Esse tópico apresentará um sumário das principais características e evidências dessas texturas. IV.2.6.3.1. Geminação dos Feldspatos A geminação é reconhecida como a maneira mais comum de inter-relação entre dois cristais ou indivíduos de mesma espécie. São similares no senso de que um indivíduo é a repetição do outro por uma operação geométrica (Buerger 1945 in Conceição 1986). Conceição (1986) aborda ideias de diversos autores sobre a geminação de um mineral e descreve a classificação da geminação em primária e secundária. A geminação primária é aquela desenvolvida em ambiência ortomagmática, ou seja, durante o crescimento do cristal. A geminação secundária desenvolve-se após a cristalização da fase mineral, podendo ter como fatores promotores a atuação de esforços (stress), transformação polimórfica, junção de cristais em ambiente líquido (magmático), também denominada de synneusis. Deer et al. (1983) descrevem que a geminação dos feldspatos pode ocorrer por três mecanismos diferentes: (a) como um fenômeno primário durante o crescimento do cristal; (b) como geminação de deslizamento induzida por deformação; (c) por transformação térmica para uma simetria inferior. 79 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) As leis de geminações que se encontram mais frequentemente nos feldspatos estão divididas em três grupos: normais, paralelas e complexas. As geminações normais são aquelas que têm seu eixo de macla perpendicular a uma face possível do cristal, (e que esta face) é paralela ao plano de composição, como exemplo, as geminações Albita, Manebach e Baveno. As geminações paralelas têm como eixo de macla uma aresta possível do cristal e o plano de composição é paralelo ao eixo de macla e não necessita definir uma face possível do cristal; como exemplo, as geminações Carlsbad e Periclina. A geminação complexa resulta de uma combinação das geminações anteriores; como exemplo, as geminações Albita-Carlsbad Manebach-Periclina (Deer et al. 1983). No conjunto das rochas estudadas do stock, as geminações mais frequentes observadas nos feldspatos são do tipo normal e paralela, onde os indivíduos apresentamse comumente geminados segundo as leis Albita e Periclina, e, mais raramente, AlbitaCarlsbad. IV.2.6.3.2. Mirmequita O termo Mirmequita foi utilizado pela primeira vez por Michel-Levy (1875) e nomeado por Sederholm (1899, ambos citados em Phillips 1974) como um intercrescimento entre quartzo vermicular em plagioclásio (sódico) situado próximo ao feldspato potássico. Em rochas plutônicas félsicas ocorre como coroas no limite com plagioclásio granular, bolhas intergranular entre cristais de micropertita adjacentes, lóbulos associados com muscovita em megacristais de feldspato alcalino ou como crescimento em bulbos nas bordas e em inclusões nas bordas de plagioclásio em megacristais de ortoclásio. Mirmequita pode ser encontrada em pequenas quantidades ou como acessória em qualquer rocha plutônica (‘granítica’ ou ‘gnáissica’) que contém quartzo, plagioclásio e feldspato alcalino pertítico. É um arranjo parcialmente diferente envolvendo quartzo vermicular (tamanho variando em diâmetro de cerca de 0,01 a 0,02 mm até um tamanho praticamente submicroscópica) e plagioclásio sódico (Phillip 1974). 80 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Neste trabalho adota-se como definição de mirmequita o intercrescimento de quartzo com forma vermicular, não superior a 0,1 mm, no plagioclásio sódico em contato ou não com o feldspato potássico ou qualquer outro mineral. As mirmequitas que ocorrem nas rochas do SGS são encontradas predominantemente nas fácies Muscovita Granito e Granito com Muscovita e Biotita. IV.2.6.3.3. Pertita e Antipertita Pertitas, mesopertitas e antipertitas correspondem ao intercrescimento entre feldspato potássico e albita ou plagioclásio sódico e são comumente observados ao microscópio (Vlach 2002). Os intercrescimentos originados pelos mecanismos de desmistura são denominados pertitas, quando a molécula Or (ortoclásio) é predominante e forma a fase feldspática hospedeira, com Albita (ou plagioclásio sódico no sistema genérico An-AbOr) subordinados - formando a fase hospedada - e antipertitas, em que a abundância de Or e Ab/plagioclásio sódico é inversa ao caso anterior. Finalmente, denominam-se mesopertitas aqueles intercrescimentos em que a abundância das fases potássica e albítica é comparável (Vlach 2002). Segundo este mesmo autor, pertitas e antipertitas podem ser facilmente contrastadas uma vez que albita ou plagioclásio sódico têm sempre índices de refração e birrefringências superiores a qualquer feldspato potássico. Os intercrescimentos pertíticos mais comuns são originados por processos de exsolução, porém, existem casos em que intercrescimentos morfologicamente similares se originam por processos de substituição em condições subsólidas de plagioclásios por feldspatos potássicos ou de feldspatos potássicos por albita, fenômenos frequentemente referidos na literatura como “metassomatismo” potássico e sódico, respectivamente. Nas rochas do SGS são comuns a textura pertita em cristais de feldspato alcalino nas fácies Muscovita Granito, Biotita Granito e Granito com Muscovita e Biotita e antipertita nos cristais de plagioclásio nas fácies Muscovita Granito, Biotita Granito, Granito com Muscovita e Biotita e enclaves. 81 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.2.6.3.4. Extinção Ondulante A extinção ondulante é uma feição de textura mineral comum nos minerais usuais formadores das rochas e podem ser agrupadas em quatro grupos segundo Conceição (1986): 1. Tipo em barra: A porção interna e extinta do grão apresenta geometria de uma barra, que se locomove pelo grão mineral ao giro da platina. O percurso da barra desdobra um leque ou prograda em translação paralela a subparalela a região do seu aparecimento. 2. Tipo difusa: Denomina-se assim a extinção ondulante que se distribui em microporções do cristal sem determinar uma forma geométrica nítida nas partes extintas e com o giro da platina essas porções migram de forma desordenada no interior do grão mineral conotando o aspecto ondulante difuso. É o tipo de extinção mais comum dos feldspatos. 3. Tipo por setor: Denomina-se assim a extinção ondulante de um grão mineral que se extingue em porções localizadas, geralmente com geometria aproximadamente poligoide, que com giro da platina troca de posição. É a extinção característica dos cristais de quartzo de maior tamanho e os cristais que compõe a matriz essencialmente feldspática. 4. Tipo concêntrica: é a extinção que prograda de determinada região do grão com movimento em anel. Com o giro da platina o raio do "anel" decresce ou aumenta a depender do movimento, sempre convergente a determinada porção do grão. É o tipo essencialmente limitada a plagioclásios com "coroas albíticas". Nas rochas estudadas do SGS observou-se nos cristais de feldspato alcalino apresentam extinção do tipo difusa, os cristais de quartzo exibem extinção comumente do tipo por setor e nos cristais de plagioclásio são encontradas extinção do tipo concêntrica. 82 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) IV.3. Petrografia das Rochas Encaixantes As rochas encaixantes constituem-se de xistos e calciossilicáticas pertencentes ao Domínio Macururé. Elas são descritas na literatura segundo Humphrey & Allard (1969) como hornfels, as quais ocorrem preferencialmente em contato com os granitos. A análise petrográfica das rochas encaixantes constituiu-se na descrição de seis lâminas delgadas. A paragênese é constituída por quartzo, feldspato alcalino, biotita, muscovita e granada. Os minerais acessórios observados são titanita, epídoto, apatita, zircão e minerais opacos. IV.3.1. Aspectos Mineralógicos e Petrográficos Um total de seis lâminas delgadas foram analisadas para esta fácies. Amostras: FDS-09C, FDS-57-B, FDS-59, FDS-63, FDS-68A e FDS-68B. Essas rochas apresentam como mineralogia essencial é constituída por quartzo, feldspato alcalino,biotita, muscovita, granada e plagioclásio. Os minerais acessórios encontrados são apatita e minerais opacos. Em linhas gerais essas rochas caracterizam-se por exibirem textura hipioblástica (Fotomic. 19). IV.3.1.1. Muscovita Biotita Granada Xisto O quartzo é a fase mineral mais abundante da rocha ocorrendo como cristais xenoblásticos com dimensões variando de 0,2 a 0,9 mm, com predominância de indivíduos de 0,4 mm. É possível observar que alguns cristais exibem por vezes extinção ondulante, contatos irregulares (curvos, reentrantes, amebóides) com os demais minerais da rocha. São observadas inclusões de biotita, epídoto e apatita. O feldspato alcalino ocorre como cristais xenoblásticos, com dimensões variando de 0,15 e 0,9 mm, com predominância de indivíduos com 0,4 mm. Exibem contatos irregulares com os demais minerais da rocha e inclusões de cristais quartzo, biotita, apatita e epídoto. Percebe-se que indivíduos exibem uma feição com aspecto de “sujeira”. 83 84 Fotomicrografia 19. Foto-mosaico apresentando a textura geral da rocha encaixante. Nessa imagem tem-se os seguintes minerais presentes: biotita (Bt), granada (Grt) e muscovita (Ms). Observa-se que os cristais são hipidiomórficos e estão organizados em uma textura levemente anisotrópica. Observação realizada com sistema em luz natural. Aumento 4X. Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A biotita apresenta cor marrom exibindo pleocroísmo variando de marrom claro a marrom escuro. Ocorrem como cristais hipidioblásticos e dimensões variando de 0,06 a 1,7 mm, com predominância de indivíduos de 0,6 mm. Exibem contatos retos e irregulares com biotita e muscovita e contatos irregulares com os demais minerais da rocha. Alguns cristais exibem inclusões anédricas de muscovita e minerais opacos e euédricas de apatita. Os cristais de biotita apresentam uma orientação preferencial bem marcada. A muscovita ocorre como cristais hipidioblásticos e dimensões variando de 0,13 a 1 mm, com predominância de cristais de 0,6 mm. Exibem contatos retos e irregulares com biotita e irregulares com os demais minerais, ocorrendo comumente associados aos cristais de biotita. A granada ocorre como cristais xenoblásticos com dimensões variando de 0,2 e 1,7 mm, com predominância de indivíduos de 0,25 mm. Exibe contatos irregulares com biotita, feldspato alcalino e quartzo. Alguns indivíduos apresentam inclusões de biotita, titanita e minerais opacos. O plagioclásio ocorre como cristais hipidioblásticos, com dimensões variando de 0,2 a 0,6 mm, com predominância de indivíduos de 0,4 mm. Exibem contatos irregulares com biotita, quartzo e feldspato alcalino. A apatita ocorre como cristais idioblásticos observando que em determinadas regiões os cristais aparecem como aglomerados. Os minerais opacos ocorrem como cristais xenoblásticos comumente associados aos cristais de biotita e muscovita. É possível perceber que alguns indivíduos opacos aparecem se transformando em cristais de titanita. 85 CAPÍTULO V GEOQUÍMICA Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) CAPÍTULO V – GEOQUÍMICA V.1. INTRODUÇÃO Neste capítulo são apresentados e discutidos os dados geoquímicos de rocha total obtidos para os granitos e encaixantes da área estudada. As tendências evolutivas gerais e possíveis controles e processos responsáveis pelas variações geoquímicas são apresentados. Para as análises geoquímicas foram selecionadas 17 amostras para determinação de elementos maiores (SiO2, TiO2, Al2O3, Fe2O3, MnO, MgO, CaO, Na2O, K2O e P2O5, expressos em porcentagem de peso), elementos traços (Ba, Rb, Sr, Zr dentre outros, em ppm) e os elementos terras rara (La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb e Lu). Na utilização dos diagramas procurou-se obedecer rigorosamente às especificações de aplicação deles feita por seus autores, razão pela qual poderá ser observado que nem todas as amostras encontram-se lançadas em todos eles. Os dados analíticos correspondentes aos dados de elementos maiores e dados normativos estão presentes na tabela 3 e os dados dos elementos traços e elementos terras rara encontram-se na tabela 4. V.2. Elementos Maiores Observando-se as análises geoquímicas do SGS tem-se que os teores de SiO2 variam de 56,38 e 73,19%. Os enclaves máficos microgranulares apresentam os teores mais baixos de SiO2 (56,38 e 59,40%) e os granitos os valores variam de 66,01 e 73,19% de SiO2. Estas rochas apresentam teores de Al2O3 variando de 13,82% a 15,86%, TiO2 variando entre 0,07% e 0,98%, K2O oscilando 1,57% até 7,05%, teores de Na2O variando de 2,48% e 4,67%. Os teores de CaO variam de 0,69% a 5,46%, os de Fe2O3 de 0,64% a 5,76%, os de MgO entre 0,10% e 4,5%, os teores de MnO de 0,01% a 0,12% e os de P2O5 de 0,02% e 0,58%. 87 11.41 3.61 0.93 0.23 5.65 2.10 0.00 1.37 97.29 Di Hy Ol Il Hm Tn Ru Ap Total 29.84 36.47 5.65 2,30 99,56 L.O.I Total Or Ab An 4,31 5,05 0,58 Na2O K2 O P2 O5 0.00 0.00 0,11 4,11 5,46 MnO MgO CaO Q C 56,38 0,98 14,63 5,65 SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3 58-FE 0.71 0.52 98.15 0.36 8.98 0.00 0.00 9.78 0.00 28.54 25.38 6.05 12.11 5.68 1,60 99,74 3,00 4,83 0,22 0,17 3,93 1,51 56,52 0,91 18,07 8,98 63-RE 0.00 1.23 98.70 0.25 5.76 1.82 8.23 6.52 0.00 41.66 20.98 5.75 6.47 0.00 0,90 99,58 2,48 7,05 0,52 0,12 4,15 4,50 59,40 0,88 13,82 5,76 10B-FE 0.57 0.61 98.90 0.19 4.96 0.00 0.00 6.22 0.00 13.29 28.93 13.97 27.74 2.37 0,80 99,69 3,42 2,25 0,26 0,09 2,50 3,16 66,01 0,68 15,56 4,96 67-FGG 0.03 0.33 99.06 0.08 2.47 0.56 0.00 2.74 0.00 28.83 35.03 8.69 20.27 0.00 0,70 99,76 4,14 4,88 0,14 0,04 1,10 2,10 68,60 0,31 15,28 2,47 10A-FBG 0.56 0.42 99.12 0.23 5.46 0.00 0.00 6.27 0.00 10.93 29.44 8.79 33.77 3.20 0,70 99,81 3,48 1,85 0,18 0,11 2,52 2,01 68,65 0,69 14,16 5,46 68A-RE 0.71 0.40 99.41 0.25 6.19 0.00 0.00 5.75 0.00 10.93 29.61 8.96 33.92 2.65 0,40 99,80 3,50 1,85 0,17 0,12 2,31 2,03 68,68 0,85 13,70 6,19 09C-RE 1,00 99,75 4,53 5,02 0,07 0,02 0,32 1,18 70,62 0,20 15,43 1,36 66-FMG 0,90 99,77 4,32 4,95 0,09 0,02 0,38 1,14 70,97 0,22 15,81 0,97 65-FMG 0.25 0.33 99.31 0.08 2.30 0.00 0.00 2.61 0.00 28.24 35.62 8.51 21.12 0.22 0.17 0.16 98.75 0.04 1.36 0.00 0.00 0.79 0.00 29.66 38.33 5.39 22.25 0.56 0.19 0.21 98.87 0.04 0.97 0.00 0.00 0.94 0.00 29.25 36.55 5.06 24.14 1.48 Cálculo Normativo CIPW 0,40 99,71 4,21 4,78 0,14 0,04 1,05 1,90 69,15 0,30 15,44 2,30 11-FBG 0.17 0.16 99.48 0.02 1.23 0.00 0.00 0.72 0.00 30.43 39.00 4.70 22.25 0.76 0,30 99,78 4,61 5,15 0,07 0,01 0,29 1,04 71,24 0,19 15,65 1,23 07-FGMB 0.16 0.18 99.50 0.02 1.02 0.00 0.00 0.64 0.00 30.49 39.51 4.19 22.20 1.05 0,30 99,80 4,67 5,16 0,08 0,01 0,26 0,95 71,31 0,18 15,86 1,02 60-FGMB 0.07 0.11 99.17 0.02 0.64 0.00 0.00 0.29 0.00 28.60 38.24 3.64 26.16 1.36 0,70 99,87 4,52 4,84 0,05 0,01 0,12 0,80 72,73 0,09 15,37 0,64 69-FMG 0.29 0.14 99.06 0.04 2.57 0.00 0.00 2.24 0.00 9.27 38.58 9.53 34.80 1.56 0,80 99,86 4,56 1,57 0,06 0,02 0,90 2,00 72,80 0,32 14,26 2,57 09B-FGG 0.05 0.04 99.23 0.04 0.85 0.00 0.00 0.34 0.00 26.12 38.33 4.63 27.49 1.30 0,70 99,93 4,53 4,42 0,02 0,02 0,14 0,96 72,97 0,08 15,24 0,85 04-FMG 0.05 0.04 99.37 0.02 0.79 0.00 0.00 0.27 0.00 26.00 36.21 5.37 28.81 1.76 0,50 99,87 4,28 4,40 0,02 0,01 0,11 1,11 73,04 0,07 15,54 0,79 61-FMG 88 0.05 0.07 99.18 0.02 1.02 0.00 0.00 0.24 0.00 27.30 38.07 3.22 27.79 1.36 0,70 99,88 4,50 4,62 0,03 0,01 0,10 0,69 73,19 0,07 14,95 1,02 64-FMG Tabela 3. Análises geoquímicas para elementos maiores (em % de peso) e cálculo normativo CIPW para as rochas do Stock Granítico Glória Sul, seus enclaves e rochas encaixantes. Legenda: FMG-Fácies Muscovita Granito; FBG-Fácies Biotita Granito; FGMB-Fácies Granito com Muscovita e Biotita; FGGFácies Granito com Granada; FE-Fácies Enclaves; RE-Rochas Encaixantes. L.O.I.-Loss on Ignition (Perda ao fogo). Q-Quartzo; C-Coríndon; Or-Ortoclásio; Ab-Albita; An-Anortita; Di-Diopsídio; Hy-Hiperstênio; Ol-Olivina; Il-Ilmenita; Hm-Hematita; Tn-Titanita; Ru-Rutilo; Ap-Apatita. Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) 10,13 2,52 6,74 0,79 3,53 0,52 1,33 1,19 0,17 0,6 6,0 17,6 Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Yb Lu Ta Hf Th 66,1 130,3 60,4 La Ce Nd 299,21 37,03 0,94 15,8 26,1 11,6 Y Cs Nb ∑ ETR (La/Yb)N Eu/Eu* 58-FE 1155 281,1 589,7 224,2 Ba Rb Sr Zr 111,21 3,56 0,63 0,8 4,8 11,1 3,14 3,54 0,51 0,70 4,71 1,02 4,33 0,86 4,05 18,9 43,1 20,8 27,1 18,4 11,8 63-RE 595 180,3 162,4 167,7 257,82 26,61 0,97 0,7 6,3 17,9 1,48 1,28 0,17 0,82 3,45 0,55 8,92 2,35 6,22 51,1 113,6 54,2 16,7 28,2 12,8 10B-FE 1179 351 503,1 222,3 129,69 16,2 0,94 0,5 4,4 10,3 1,43 1,14 0,16 0,57 3,27 0,55 4,69 1,30 3,88 27,7 54,1 24,5 15,3 6,2 8,3 67-FGG 944 99,6 504,5 172,9 139,98 30,51 0,94 0,5 4,4 16,1 0,61 0,66 0,08 0,38 1,53 0,24 4,39 1,08 2,85 30,2 63,1 27,7 7,8 15,1 7,6 10A-FBG 1052 207,1 668,3 145,1 89,41 4,06 0,78 0,5 4,2 5,5 2,57 2,43 0,35 0,66 4,19 0,86 3,76 0,94 3,68 14,8 34,5 16,2 24,2 3,40 7,3 68A-RE 480 61,8 287,6 152,7 121,82 5,19 0,74 0,8 6,4 7,1 2,84 2,76 0,42 0,75 4,62 0,96 4,39 1,03 4,2 21,5 50,1 22,2 26,4 4,20 12,6 09C-RE 438 55,6 210,5 223,5 177,24 44,34 0,89 0,5 4,6 13,4 0,69 0,63 0,09 0,4 1,76 0,25 5,2 1,20 3,28 41,9 78,6 33,9 8,2 12,8 7,3 11-FBG 1060 191,8 693,5 144,8 126,27 57,45 0,80 0,4 4,9 19,7 0,32 0,34 0,04 0,26 1,05 0,13 3,82 0,79 2,43 29,3 58,1 23,3 4,40 8,40 4,4 66-FMG 944 204,8 491,1 146,3 132,35 38,53 0,79 0,5 4,6 14,2 0,58 0,5 0,06 0,34 1,45 0,2 4,86 1,01 3,19 28,9 57,9 26,6 7,10 6,70 5,0 65-FMG 1018 209,4 528,7 135,7 101,51 137,22 1,11 0,3 3,9 18,7 0,11 0,12 0,02 0,12 0,37 0,05 2,71 0,66 1,23 24,7 48,2 18,0 1,8 13,4 4,6 07-FGMB 911 241,2 466,6 129,3 70,57 76,19 1,06 0,3 3,4 15,2 0,12 0,14 0,01 0,1 0,4 0,04 2,14 0,53 1,11 16, 34,1 12,4 1,6 9,9 3,4 60-FGMB 940 227,8 443,9 120,8 46,79 40,78 0,91 0,5 3,2 10,1 0,21 0,17 0,01 0,13 0,62 0,07 1,95 0,47 1,28 10,4 20,0 9,1 2,7 19,5 4,8 69-FMG 631 238,9 293,3 76,4 75,38 12,57 1,94 0,8 3,5 5,7 0,81 0,79 0,12 0,35 1,76 0,31 2,5 1,47 2,18 14,9 32,6 13,9 9,6 1,6 20,8 09B-FGG 490 55,3 394,6 109,8 44,61 23,08 0,72 0,7 2,4 7,5 0,31 0,26 0,04 0,21 0,88 0,12 2,13 0,43 1,58 9,0 18,3 9,1 4,4 9,4 6,7 04- FMG 319 235,5 183,6 54,2 38,58 13,33 0,90 0,4 2,7 6,3 0,43 0,4 0,05 0,21 1,21 0,18 1,97 0,53 1,66 8,0 14,1 7,8 5,5 13,5 5,0 61-FMG 567 187,0 313,5 58,8 89 Tabela 4. Análises geoquímicas para elementos traços (em ppm) para as rochas do Stock Granítico Glória Sul, seus enclaves e rochas encaixantes. Legenda: FMG-Fácies Muscovita Granito; FBG-Fácies Biotita Granito; FGMB-Fácies Granito com Muscovita e Biotita. FGGFácies Granito com Granada; FE-Fácies Enclaves; RE-Rochas Encaixantes. Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) 40,73 58,00 0,96 0,4 3,6 8,4 0,12 0,1 0,01 0,13 0,42 0,07 1,72 0,43 1,11 8,7 19,3 6,7 2,4 16,0 4,4 64-FMG 511 220,3 270,8 67,9 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Os xistos os teores de SiO2 estão compreendidos entre 56,52% e 68,68%, apresentam os seguintes teores Al2O3 (13,7% a 18,07%), TiO2 (0,69% a 0,91%), K2O (1,85% a 4,83%%), CaO (1,51% a 2,03%), Na2O (3,0% a 3,5%), MgO (2,52% a 3,93%), MnO (0,11% a 0,17%), Fe2O3 (5,46% a 8,98%) e P2O5 (0,17% a 0,22%). V.3. Tipologia e Classificação V.3.1. Diagrama Total Álcalis versus SiO2 Utilizou-se para nomenclatura de rochas plutônicas o diagrama TAS (Na2O+K2O versus SiO2) proposto por Middlemost (1985) com a subdivisão dos campos entre suítes alcalinas e sub-alcalinas (Myashiro 1978). É possível observar que as rochas do SGS posicionam-se no campo dos granitos com exceção de uma amostra do granito com granada que alocou-se no campo do Granodiorito. As amostras dos enclaves máficos microgranulares posicionaram-se nos campos dos sienitos e monzonitos (Fig. 29). Observa-se que as amostras podem ser separadas em três conjuntos distintos, sendo um conjunto representado pelo Muscovita Granito e Granito com Muscovita e Biotita, outro grupo pelo Granito com Granada e um último conjunto representado pelos enclaves e o Biotita Granito. Este último grupo exibe características similares e ressaltase que esses enclaves encontram-se presentes unicamente nessa fácies. Um volume expressivo dessas rochas situam-se no campo das rochas subalcalinas e que todas as rochas apresentam conteúdos elevados de álcalis para um intervalo relativamente restrito de sílica. V.3.2. Diagrama K2O versus SiO2 O diagrama binário K2O versus SiO2 idealizado por Peccerillo & Taylor (1976) define os campos para as séries Shoshonítica; Cálcio-alcalina (cálcio-alcalina com alto potássio, cálcio-alcalina de médio potássio), e Toleítica. Os limites de Corriveau & Gorton (1993), no mesmo diagrama estabelece um campo para as rochas da Série Ultrapotássica. 90 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 29. Diagrama TAS (Na2O+K2O versus SiO2) para a classificação das rochas plutônicas segundo Middlemost (1985), aplicado às rochas do SGS. A curva tracejada divide o domínio das rochas alcalinas e sub-alcalina segundo Myashiro (1978). 91 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) As amostras do SGS (Fig. 30) apresentam-se dispostas em três grupos distintos. As amostras do Granito com Granada posicionam-se no campo da Série Cálcio-Alcalina de médio potássio, as amostras do Muscovita Granito e Granito com Muscovita e Biotita posicionam-se no campo da Série Cálcio-Alcalina de alto potássio. As amostras do Biotita Granito estão dispostas na Série Cálcio-Alcalina de alto potássio, um enclave na Série Shoshonítica e a outra amostra do enclave (FDS-10B) exibe afinidade Ultrapotássica. V.3.3. Diagrama de Saturação em Alumina As rochas segundo Shand (1927) podem ser classificadas quanto à saturação em alumínio nos seguintes grupos: peraluminosas {Al2O3>(CaO+Na2O+K2O)}, metaluminosas {Al2O3<(CaO+Na2O+K2O)} e peralcalinas {Al2O3>(Na2O+K2O)}. Maniar & Piccoli (1989) utilizando o índice proposto por Shand elaboraram um diagrama correlacionando os valores Al2O3/(Na2O+K2O) versus Al2O3/(CaO+Na2O+K2O). De acordo com esses sistemas as rochas do SGS apresentamse variando entre metaluminosas a peraluminosas (Fig. 31). As rochas pertencentes à Fácies Biotita Granito e os enclaves máficos microgranulares apresentam natureza metaluminosa, enquanto que as demais rochas exibem caráter peraluminoso. As amostras pertencentes à Fácies Granito com Granada apresentam-se mais peraluminosa que as demais amostras, o que pode ser observado na norma CIPW (Tab. 2), onde essas amostras exibem quantidade de coríndon normativo variando de 1,56 a 2,37. V.4. Diagramas Harker Os diagramas de variação Harker (1909) são utilizados para apresentar uma variabilidade das rochas visando caracterizar tendências entre grupo de amostras cogenéticas permitindo evidenciar a presença de pulsos magmáticos ou séries magmáticas ou mesmo anomalias. 92 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 30. Diagrama Na2O versus K2O de Peccerillo & Taylor (1976) com as amostras do SGS. As linhas A e B definidas por Corriveau & Gorton (1993) para o campo das rochas ultrapotássicas. 93 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 31. Índices de Shand (1927), expressos em diagrama de Maniar & Piccoli (1989), usados para o grau de saturação em alumina das amostras do SGS. Legenda: A/CNK - Al2O3/(CaO+Na2O+K2O), A/NK - Al2O3/(Na2O+K2O). 94 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A figura 32 apresenta os diagramas de Harker para as rochas do SGS. As amostras dos enclaves são as rochas menos evoluídas, como percentual de SiO2 abaixo de 60% e as amostras da Fácies Muscovita Granito representam as rochas mais evoluídas. Tendência geral negativa são visualizadas para TiO2, MgO, CaO, P2O5, FeOt e MnO, indicando um fracionamento dos minerais máficos (hornblenda, diopsídio, biotita, titanita, epídoto, minerais opacos e apatita), durante a evolução dessas rochas. O MgO, CaO e FeOt comportam-se como um grupo com características semelhantes, uma vez que as rochas que apresentam baixa SiO2 são ricas nestes três componentes (Cox et al. 1979). O Al2O3 apresenta uma tendência pouco definida, podendo ser notado que as amostras dos enclaves máficos microgranulares exibem valores abaixo das demais amostras, sendo isso corroborado pelo percentual modal de plagioclásio presente nestas amostras. Essa tendência do Al2O3 juntamente com o CaO exibindo uma correlação negativa, indica fracionamento de plagioclásio, o que também pode ser corroborado pela presença da textura de zonação presente em cristais de plagioclásio. Os teores de Na2O e K2O mantêm-se constantes ou pouco variam com o aumento de SiO2. As amostras dos enclaves exibem altos valores de K2O, o que foi evidenciado por sua afinidade ultrapotássica. Os Muscovita Granito e Granito com Muscovita e Biotita não descrevem uma tendência nítida, apresentando-se como uma concentração de pontos, diferentemente contrário ao comportamento das demais rochas. Estas rochas exibem um empobrecimento em TiO2, MgO, CaO, P2O5, FeOt, e MnO, enriquecimento em Na2O e leve enriquecimento em Al2O3 e K2O. Os Biotita Granito exibem uma boa correlação, com uma tendência positiva com o Al2O3 e Na2O e uma tendência levemente negativa para TiO2, MgO, CaO, K2O e FeOt. O P2O5 e o MnO exibem valores em equilíbrio. Observa-se que essas rochas apresentam um comportamento semelhante aos enclaves máficos microgranulares, podendo ser traçado uma tendência evolutiva entre esses dois grupos. São observadas tendências negativas com TiO2, MgO, CaO, P2O5, FeOt e MnO sugerindo 95 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) fracionamento de minerais máficos presentes, tais como, biotita, titanita, diopsídio e minerais opacos. V.5. Composição Normativa CIPW Os minerais normativos são minerais de existência real ou teórica em rochas ígneas, calculados a partir da sua composição química (Fujimori 1990). De acordo com Rollinson (1993) o cálculo da norma é uma forma de trabalhar a mineralogia de uma rocha a partir de uma análise química e, no contexto da classificação de rochas, permite uma classificação pseudomineralógica. Os cálculos da composição normativa foram realizados para todas as rochas do SGS e encontram-se na tabela 3. Os valores do quartzo normativo variam entre 6,47% e 34,80%, observando-se que uma amostra de enclave (FDS-58) não apresenta valor de quartzo normativo. Os valores normativos para ortoclásio variam de 9,27% e 41,66%, enquanto os valores da albita variam entre 20,98% e 39,51%. A amostra do enclave FDS-10B exibe o maior percentual de ortoclásio e o menor percentual de albita o que é confirmado pelos valores modais descritos no capítulo da petrografia. O percentual de coríndon normativo varia de 0,22% e 2,37%, indicando de acordo com o índice de Shand que as rochas do SGS são de natureza metaluminosas a levemente peraluminosas, sendo que as rochas do Granito com Granada são as exibem os valores mais elevados de coríndon normativo. A presença de diopsídio normativo somente é observada nas amostras dos enclaves, apresentando valores de 8,23% (FDS-10B) e 11,41% (FDS-58), o que também pode ser confirmado através dos dados modais. Nota-se também que os enclaves apresentam altos valores de hiperstênio normativo. O Granito com Granada apresenta os valores mais elevados de quartzo normativo variando entre 27,74% e 34,80%, o que pode permitir classificar essas rochas como saturadas em sílica. 96 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 32. Diagramas de Harker para as rochas estudadas. 97 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) V.5.1. Diagrama Ternário Qz-Ab-Or É o diagrama clássico experimental que apresenta o sistema quartzo, albita, ortoclásio, normativos, estudado por Tuttle & Bowen (1958), admitindo ser granito magmático aquele gerado nas condições do vale termal. O diagrama foi construído para altas pressões de P=H2O, permitindo indicar as condições de pressão sob as quais determinada rocha granítica se formou. As rochas graníticas apresentam como componentes essenciais dois tipos de feldspatos (plagioclásio sódico e feldspato alcalino) e quartzo. O sistema ternário Qz-Ab-An é um sistema altamente suscetível aos efeitos da pressão úmida P=PH2O (Sial & McReath 1984). Utilizando-se o diagrama ternário Qz-Ab–Or para as amostras do SGS (Fig. 33), observa-se que, as rochas da Fácies Muscovita Granito alocaram-se na interface entre as curvas de 3000 e 5000 bar, as rochas das fácies Biotita Granito e Granito com Muscovita e Biotita situaram-se abaixo da curva de 5000 bar e as rochas da Fácies Granito com Granada alocaram-se na curva de 500 bar. V.5.2. Elementos Traços As rochas do SGS exibem valores bem distintos de elementos traços evidenciando que os enclaves máficos microgranulares apresentam valores mais elevados em comparação aos granitos. Os teores de Ba nos granitos variam entre 319 ppm e 1060 ppm enquanto que os enclaves máficos microgranulares apresentam valores entre 1155 ppm e 1179 ppm. Os granitos exibem valores de Rb entre 55,3 ppm e 241,2 ppm e os enclaves máficos microgranulares exibem valores entre 281,1 ppm e 351 ppm. Os valores de Sr nos granitos variam entre 183,6 ppm e 693,5 ppm e nos enclaves máficos microgranulares variam entre 503,1 ppm e 589,7 ppm. O Zr exibe valores entre 54,2 ppm e 172,9 ppm nos granitos e valores entre 222,3 e 224,2 ppm nos enclaves máficos microgranulares. 98 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 33. Diagrama Albita (Ab) – Quartzo (Qz) – Ortoclásio (Or) com PH2O = 500, 3000 e 5000 bar, segundo Tuttle & Bowen (1958). 99 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Os granitos apresentam valores em ppm de Nb variando entre 3,4 e 20,8 ppm e os enclaves máficos microgranulares variam entre 11,6 ppm e 12,8 ppm. O Y exibe valores entre 1,6 ppm e 15,3 ppm nos granitos e valores entre 15,8 ppm e 16,7 ppm nos enclaves máficos microgranulares. Nos granitos os valores mais baixos correspondem as rochas da Fácies Muscovita Granito, com exceção para o valor correspondente ao Rb (55,3 ppm) que corresponde a amostra 09B representante da Fácies Granito com Granada. As rochas encaixantes apresentam valores de Ba variando entre 438 ppm e 595 ppm, o Rb variando entre 55,6 ppm e 180,3 ppm, o Sr variando entre 162,4 ppm e 287,6 ppm, o Zr variando entre 152,7 ppm e 223,5 ppm, o Nb variando entre 7,3 ppm e 12,6 ppm e o Y variando entre 24,2 ppm e 27,1 ppm. A análise dos elementos traços constitui uma ferramenta importante no modelamento de processos magmáticos. Para uma avaliação sobre a importância destes processos é necessário que se tenha informações precisas sobre a distribuição de elementos traços sobre as fases cristalinas de magmas silicatados. No estudo das rochas do SGS elaborou-se diagramas binários utilizando os parâmetros da SiO2 e elementos traços Ba, Rb, Sr, Zr, Y e Nb. Os dados de elementos traços obtidos para as rochas do SGS, quando projetadas em diagramas do tipo Harker (Fig. 34), definem linhas de tendência semelhantes aos elementos maiores. As rochas das Fácies Biotita Granito são as que se apresentam mais enriquecidas em Ba em relação as demais fácies que exibem um decréscimo nos valores de Ba, com exceção para os enclaves máficos microgranulares que exibem altos valores (1155-1179 ppm). O Rb é um elemento que apresenta altos valores para os enclaves máficos microgranulares (281,1-351 ppm), enquanto que os Granitos com Granada exibem os menores valores deste elemento, as demais rochas exibem valores medianos de Rb (187-241,2 ppm). Os valores de Sr mostram que as amostras do Biotita Granito e os enclaves máficos microgranulares são enriquecidas nesse elemento, mas as amostras apresentam100 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 34. Diagramas de Elementos Traços versus SiO2 para as rochas do SGS. 101 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) se de forma dispersa observando-se que as amostras do Muscovita Granito mostram-se mais empobrecidas. O Zr apresenta um padrão semelhante ao Ba e Rb, com os enclaves máficos microgranulares exibindo um enriquecimento desse elemento. O comportamento do Y e Nb são bem semelhantes. V.6. Diagramas de Elementos Terras Raras Os Elementos Terras Raras (ETR) são utilizados como indicadores de processos petrogenéticos, como a cristalização fracionada em rochas ígneas (Figueiredo 1985). O enriquecimento ou empobrecimento destes elementos está relacionado com as fases minerais cristalizadas durante a evolução do magma e com as características da fonte (Sial et al. 1981). De acordo com Figueiredo (1985), os ETR são fortemente fracionados nas rochas ígneas. Há um aumento gradual no conteúdo de ETR e um enriquecimento relativo dos Elementos Terras Raras Leves (ETRL) das rochas ultrabásicas para as básicas, intermediárias, ácidas e alcalinas. O enriquecimento relativo dos ETRL é característico em rochas crustais e é devido à incorporação preferencial dos ETR de maiores raios iônicos na fração líquida, nos equilíbrios em sistemas silicáticos cristal/líquido (Buma et al. 1971). Nas rochas básicas-ultrabásicas, os ETR estão dominantemente distribuídas nos minerais essenciais, enquanto que nas rochas ácidas e especialmente nas alca1inas esses elementos estão concentrados nos minerais acessórios (Ronov et al. 1967). Os valores dos ETR, obtidos das análises geoquímicas, foram normalizados pelo condrito de Evensen et al. (1978). As análises dos padrões ETR para o SGS exibem valores totais ETR de 38,58 ppm a 299,21 ppm (Tab. 4). Eles são marcados por um enriquecimento em ETRL e um empobrecimento em ETRP, indicando um importante fracionamento confirmado pelas variações nas razões Lan/Ybn (12,57–137,22). Observase a ausência de uma anomalia significativa de Eu que varia de 0,72 a 1,94 (Fig. 35). 102 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) As rochas da Fácies Muscovita Granito apresentam conteúdo total de ETR de 38,58 ppm a 132,35 ppm (Tab. 4). O diagrama de ETR normalizado seguinte (Fig. 35 A) apresenta um padrão bastante fracionado com Lan/Ybn variando de 13,33 a 58,0 com uma discreta anomalia de Eu variando de 0,72 a 0,96. As rochas da Fácies Biotita Granito apresentam um comportamento similar a fácies anterior, mostrando-se mais enriquecido em ETR com um conteúdo total de 139,98 ppm a 177,24 ppm (Tab. 4), pequenas variações nas razões razão Lan/Ybn (30,51 a 44,34) e sem anomalia de Eu variando de 0,89 a 0,94 (Fig. 35 B). As rochas da Fácies Granito com Muscovita e Biotita exibem um padrão de enriquecimento mais pronunciado dos ETRL em comparação aos ETRP (Fig. 35 C), com um conteúdo total de ETR de 70,57 ppm a 101,51 ppm (Tab. 4). Exibem igualmente altas razões Lan/Ybn, variando de 76,19 a 137,22, com fracas anomalias positivas em Eu variando de 1,06 a 1,11. As rochas pertencentes da Fácies Granito com granada exibem um conteúdo total de ETR variando de 75,38 ppm a 129,69 ppm (Tab. 4), mostram baixas razões Lan/Ybn (12,57 a 16,2) e uma anomalia positiva do Eu variando de negativa (0,94) a positiva (1,94 para a amostra FDS-09B; Fig. 35 D). Os enclaves máficos microgranulares têm um comportamento muito similar a rochas da Fácies Biotita Granito (Fig. 35 E). Eles apresentam as maiores concentrações total de ETR (257,82 ppm e 299,21 ppm; Tab. 4), variações nas razões Lan/Ybn de 26,61 e 37,08 e não apresentam anomalia em Eu fracas (0,94 a 0,97). Os xistos apresentam comportamento diferente das rochas graníticas e enclaves, exibindo um fracionamento entre os ETRL e ETRP bastante homogêneo e com um conteúdo total de terras rara variando de 89,41 ppm a 121,82 ppm (Tab. 4). Essas amostras pequenas variações nas razões Lan/Ybn de 3,56 e 5,19 e forte anomalia negativa em Eu (0,63 a 0,78; Fig. 35 F). 103 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 35. Padrão de elementos terras rara normalizados para o condrito (Evensen et al. 1978) para as rochas da área estudada. Legenda: [A] Rochas da Fácies Muscovita Granito, [B] Rochas da Fácies Biotita Granito, [C] Rochas da Fácies Granito com Muscovita e Biotita, [D] Rochas da Fácies Granito com Granada, [E] Rochas da Fácies Enclaves e [F] Xistos do Macururé. 104 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) V.7. Diagrama Multi-Elementar Expandido Inicialmente os diagramas de elementos normalizados em relação a um padrão foram utilizados por Wood et al. (1979) e Sun (1980, 1982). Esses diagramas são amplamente empregados na literatura, pois possibilitam mais facilmente reconhecer a atuação de determinados processos petrogenéticos (Sun 1982, Pearce 1983, Thompson et al. 1984, Anderson & Bender 1989). Estes padrões foram denominados spidergrams por Thompson et al. (1984). Nestes diagramas multi-elementares os diversos elementos têm sua abundância normalizada, convenientemente, em relação a qualquer um dos seguintes parâmetros de referência: manto primitivo (Wood et al. 1979); condrito (Thompson et al. 1984 ou Sun 1980) ou ORG (ocean ridge granites) (Pearce et al. 1984), etc. Para este trabalho, os elementos estão dispostos na ordem estabelecida por Pearce et al. (1984), com abundância normalizada em relação ao ORG. Para as rochas estudadas observamos que as diferentes fácies apresentam um comportamento homogêneo, apresentam-se enriquecidas nos LILE (large-ion lithophile elements) e empobrecidas em relação aos HFS (high-field strength). Para as rochas da Fácies Muscovita Granito os padrões apresentam anomalias negativas Nb, Y e Ba e anomalias positivas em Th, Rb e Ce (Fig. 36 A) em comparação as demais fácies. Esses padrões podem sugerir uma contribuição de placa subductada na geração dos magmas, podendo refletir também o fracionamento de apatita. Nas demais fácies destacam-se teores elevados de Ba, Rb, Ta e Ce em oposição a concentrações baixas de Nb, e Th e em alguns casos em Yb, o Zr define em geral, uma anomalia levemente negativa. Anomalias negativas de Nb, Y, e Yb é uma feição característica de magmas relacionados a zonas de subducção tendo sido atribuída a retenção desses elementos em resíduo rico em granada durante a fusão parcial (Pearce 1982, Pearce et. al. 1984, Wilson 1989). Processos semelhantes poderiam ter ocorrido com o Zr retendo esse elemento na fonte em fases minerais com o rutilo. 105 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 36. Diagramas multi-elementar com valores normalizados para o ORG (ocean ridge granites) de Pearce et al. 1984, para as rochas do SGS. Legenda: [A] Rochas da Fácies Muscovita Granito, [B] Rochas da Fácies Biotita Granito, [C] Rochas da Fácies Granito com Muscovita e Biotita, [D] Rochas da Fácies Granito com Granada, [E] Rochas da Fácies Enclaves e [F] Xistos do Macururé. 106 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) V.8. Diagrama para classificação em granitos Tipo-I e Tipo-S Alguns trabalhos classificam as rochas graníticas com base em sua fonte, levando em consideração a sua origem e o ambiente que se formaram. Chappell & White (1974) e colaboradores a partir do estudo de granitos do Cinturão Lachlan na Austrália introduziram o conceito de séries granitóides tipos I, S, A e M. Chappell & White (1974) definiram o conceito de granitos tipo I e tipo S, relacionando-os com sua origem: tipo I (ígneo) e tipo S (sedimentar) e mostrando as características mineralógicas e químicas de cada um deles. A terminologia de granito tipo A foi introduzida por Loiselle & Wones (1979) para designar granitos de natureza alcalina e anorogênicos. O modelo proposto por White (1979), White & Chappell (1983) e Chappell & Stephens (1987) considera que os dois tipos de granitos resultam da fusão parcial de rochas na crosta inferior (Chappell & White 1974). A diferenciação destes magmas (fusão+cristalização+resíduo) é controlada pela variação dos graus de separação da fração félsica do resíduo mais máfico da rocha original (restito). As rochas do SGS podem ser separadas em dois grupos distintos ao utilizar-se o diagrama de Chappell & White (1974), podendo ser observado que as amostras referentes ao granito com granada e os enclaves alocaram-se no campo dos granitos do Tipo-I e as demais amostras alocaram-se no campo dos granitos do Tipo-S (Fig. 37). V.9. Diagrama Discriminante de Ambiente Geotectônico Os estudos das relações entre composição modal, a geoquímica de elementos maiores, menores, traços e os regimes tectônicos resultou na caracterização de diferentes series e/ou associações granitóides. Os elementos traços do tipo HFS e LILE têm sido amplamente utilizados na discriminação de ambientes tectônicos, devido a sua imobilidade durante os processos de fracionamento. Eles foram inicialmente utilizados apenas para rochas basálticas (Pearce & Cann 1973, Pearce & Norry 1979). 107 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 37. Diagrama K2O versus Na2O segundo Chappell & White (1974), aplicado às rochas do Stock Granítico Glória Sul. 108 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) No princípio estes diagramas não foram utilizados no estudo de rochas graníticas pelo fato deste apresentarem uma evolução petrogenética complexa, abrangendo processos tais como acumulação de cristais, envolvimento da crosta, fracionamento de elementos traços, que embora seja de pouca relevância na gênese de basaltos poderia mascarar as feições geoquímicas em granitos (Hanson 1978). Pearce et al. (1984) demonstraram que esses fatores podiam ser minimizados pelo menor grau de alteração sofrido pelas rochas graníticas, tanto para elementos móveis quanto imóveis e, desta forma, introduziram alguns diagramas que relacionam as características das rochas graníticas ao ambiente tectônico na qual foram geradas. No diagrama discriminante Y+Nb versus Rb (Fig. 38) de Pearce et al. (1984), observa-se que as rochas estudadas posicionam-se no campo dos granitoides sincolisionais com exceção dos granitos com granada. V.10. Considerações Geoquímicas As rochas do SGS foram classificadas no diagrama TAS como granitos, enquanto que os enclaves foram classificados como sienito e monzonito. As rochas do SGS classificaram-se em três grupos distintos, em função de características semelhantes como na petrografia e a química. Os grupos propostos foram: um grupo com Muscovita Granito e Granito com Muscovita e Biotita, outro grupo com Granito com Granada e o último pelo Biotita Granito e os enclaves. Na classificação das séries magmáticas, utilizou-se o diagrama proposto por Peccerillo & Taylor (1976) que mostrou a afinidade com as séries Cálcio-Alcalina de médio e alto potássio. As amostras dos enclaves por exibirem um caráter mais potássico, optou-se a utilização do diagrama com as divisórias propostas por Corriveau & Gorton (1993) onde é estabelecido um caráter ultrapotássico para os enclaves. Analisando-se a saturação da alumina com índices definidos por Shand (1927), as rochas do SGS apresentam caráter metaluninoso a peraluminoso. 109 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) Figura 38. Diagrama discriminante de ambiente tectônico de Pearce et al. (1984) com as amostras do Stock Granítico Glória Sul. Legenda: sin-COLG–sin-colisional, VAG– granitos de arco vulcânico, WPG–granitos intra-placa, ORG–granitos de cadeias oceânicas. 110 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) A evolução dessas rochas pode-se ser compreendida na análise dos diagramas de Harker para elementos maiores e traços. Foram visualizados uma correlação negativa para TiO2, MgO, CaO, P2O5, FeOt e MnO, indicando um fracionamento dos minerais máficos (hornblenda, diopsídio, biotita, titanita, epídoto, minerais opacos e apatita), durante a evolução dessas rochas. As correlações observadas descritas por estas rochas foram interpretadas na literatura como processo de mistura entre magmas no SGS. Há uma dificuldade na observação a cerca das rochas das fácies Muscovita Granito e Granito com muscovita e biotita que por apresentarem-se como um aglomerado de pontos não exibindo um comportamento nítido. As rochas da Fácies Biotita Granito exibem uma boa tendência com os enclaves máficos microgranulares, apresentando uma evolução entre si. Analisando os espectros dos ETR, observam-se que em linhas gerais as rochas apresentam uma homogeneidade nos padrões, sem a evidência de anomalia pronunciada em Eu. As geometrias dos espectros apresentados pelos enclaves, Biotita Granito e Muscovita Granito apresentam um bom paralelismo, sugerindo cogeneticidade. Por outro lado, a hipótese de mistura entre magmas com composições similares as dos enclaves e o Muscovita Granito poderiam explicar os espectros de ETR observado para o Biotita Granito. A ausência de uma anomalia significativa de Eu pode significar que o plagioclásio foi pouco fracionado durante o processo de evolução magmática. Isto também pode ser atribuído a uma fugacidade de oxigênio média a alta, que não permitiu o ingresso de Eu na estrutura dos feldspatos. O empobrecimento do Eu em direção aos termos mais evoluídos sugere o fracionamento de feldspato com a diferenciação magmática. Este fracionamento também pode ser visto através da correlação negativa do CaO e Na2O com SiO2. A predominância do padrão ETRP negativo, com a ausência de granada, indica que possivelmente esta era uma fase residual na origem destes magmas. O forte enriquecimento em ETRL (La até Gd) indica que a fonte era já enriquecida nestes elementos, pois nenhum fracionamento cristal-líquido poderia enriquecer o líquido em ETRL desta forma. Os elementos traços Ba, Rb, Sr, Zr, Y e Nb apresentam correlações negativas com SiO2 para boa parte das associações, indicando 111 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) compatibilidade destes elementos na evolução magmática. No caso dos elementos Zr e Y estas correlações negativas com a SiO2 sugerem o fracionamento de apatita (Y) e zircão (Y, Zr). Utilizando-se da classificação de Chappell & White (1974) em relação à fonte de origem das rochas graníticas, as rochas do SGS foram separadas em dois grupos distintos, onde as amostras referentes ao granito com granada e os enclaves alocaram-se no campo dos granitos do Tipo-I e as demais amostras, no campo dos granitos do TipoS. Para uma classificação do ambiente geotectônico optou-se pelo diagrama proposto por Pearce et al. (1984), que utiliza os parâmetros de Y+Nb versus Rb, e as rochas estudadas posicionam-se no campo dos granitoides sin-colisionais com exceção dos granitos com granada. 112 CAPÍTULO VI CONCLUSÕES Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES As principais conclusões podem ser traçadas a partir deste estudo: • O Stock Granítico Glória Sul compreende uma intrusão de aproximadamente 41 km2, exibindo uma geometria levemente arredondada, constituída por rochas com uma boa homogeneidade composicional e textural, coloração esbranquiçada e acinzentada, textura equigranular e presença de enclaves máficos microgranulares. • O mapeamento das rochas permitiu identificar que predomina no stock granitos, podendo-se delimitar no corpo a ocorrência de quatro fácies petrográficas: Fácies Muscovita Granito, Fácies Biotita Granito, Fácies Granito com Muscovita Biotita e Fácies Granito com Granada. • Na análise petrográfica foram analisadas 14 lâminas delgadas referentes a granitos, duas de enclaves e seis referentes à encaixante. Os granitos e os enclaves máficos microgranulares estudados apresentam como mineralogia essencial constituída por quartzo, feldspato alcalino, plagioclásio, muscovita, biotita, diopsídio, hornblenda e granada. A mineralogia acessória constitui-se de titanita, epídoto magmático, apatita, zircão, carbonato e minerais opacos. • O estudo geoquímico realizado mostrou que as rochas estudadas exibem caráter metaluminoso a peraluminoso. Os teores de SiO2 variam entre 56,38% a 73,19%, sendo os enclaves as rochas menos evoluídas. • Tendência geral negativa são visualizadas para TiO2, MgO, CaO, P2O5, FeOt e MnO, indicando um fracionamento dos minerais máficos (hornblenda, diopsídio, biotita, titanita, epídoto, minerais opacos e apatita), durante a evolução dessas rochas. 114 Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) • Os espectros dos ETR apresentam uma homogeneidade nos padrões, sem a evidência de anomalia pronunciada em Eu. A ausência de uma anomalia significativa de Eu pode significar que o plagioclásio foi pouco fracionado durante o processo de evolução magmática. • Classificando-se as rochas estudadas em relação à fonte de origem das rochas graníticas, as rochas do SGS foram separadas em dois grupos distintos, onde as amostras referentes ao granito com granada e os enclaves alocaram-se no campo dos granitos do Tipo-I e as demais amostras alocaram-se no campo dos granitos do Tipo-S. • Para uma classificação do ambiente geotectônico, utilizando-se os parâmetros de Y+Nb versus Rb, e as rochas estudadas posicionam-se no campo dos granitoides sincolisionais com exceção dos granitos com granada. 115 REFERÊNCIAS Petrologia do Stock Granítico Glória Sul, Faixa Sergipana... Conceição, J.A. (2014) REFERÊNCIAS Almeida F.F.M. 1967. Origem e Evolução da Plataforma Brasileira. Rio de Janeiro, DGM/DNPM, Boletim 241, 36 p. Almeida F.F.M. 1969. Diferenciação tectônica da plataforma brasileira. 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