Alterações histológicas em brânquias de Rhamdia quelen, expostos ao fármaco Ibuprofeno. Vanilva Pereira de Oliveira1; Sabrina Grassiolli2; Gilmar Baumgartner1; Vanessa Marieli Ceglarek3. 1. Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Campus Toledo - Programa de Pós-Graduação em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca1. – Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Campus Cascavel- Programa de PósGraduação em Biociências e Saúde2. Discente Ciências Biológicas Unioeste3. *[email protected]. Palavras chaves: Brânquias; Rhamdia quelen; Toxicologia. Introdução O aumento populacional, associado ao aumento da produção e consumo de substâncias sintéticas, tem impacto direto no meio ambiente, em especial no ambiente aquático o qual é frequentemente o receptor de despejo de resíduos. Dentre os diferentes tipos de resíduos depositados no ambiente aquático os medicamentos tem recebido especial atenção nos últimos anos, principalmente por conterem diversas substâncias químicas com potenciais efeitos tóxicos sobre os organismos vivos. Adicionalmente, em muitos países não há o descarte adequado, elevando a possibilidade de estarem contaminando o ambiente aquático e causando prejuízos à fauna e flora. O Ibuprofeno, já foi detectado em ambientes aquáticos, no entanto, até momento poucos estudos tem explorado sua potencialidade tóxica, bem como, seu impacto na biota aquática. O objetivo do presente estudo foi avaliar as alterações histológicas em brânquias de Rhamdia quelen (Jundiá) submetidos à ensaios toxicológicos com diferentes concentrações de Ibuprofeno (ácido iso-butilpropano-fenólico). Materiais e Métodos Foram realizados ensaios toxicológicos com juvenis de Jundiá, submetidos a diferentes concentrações de Ibuprofeno (0,00; 0,5; 5,0 e 50mg/L). Para cada concentração foram feitas 4 quatro repetições, com n=4 exemplares, cada. Os peixes foram mantidos em aquários com volume de 8 litros, com aeração artificial e temperatura controlada (25⁰ C). A correção das concentrações e o número de indivíduos mortos, foram realizadas a cada 24h. Após 120h o ensaio foi finalizado, os peixes eutanasiados e as brânquias retiradas, fixadas em formol (4%), e posteriormente submetidas a técnicas histológicas de rotina. Após incluídas em parafina, as peças foram cortadas e coradas em Hematoxilina e Eosina (H&E). As lâminas foram montadas e fotografadas para análises qualitativas das brânquias conforme protocolo previamente estabelecido por Poleksic e Mitrovic-Tutundzic, (1994) em alterações de: estágios I, que não comprometem o funcionamento do órgão; II, severas e III, muito severas. Resultados e discussão Nas brânquias analisadas, para as diferentes concentrações testadas, foram encontradas 83% de levantamento do epitélio da lamela, bem como, desarranjo lamelar. Conforme sugerem estudo realizado por Poleksic e Mitrovic-Tutundzic, (1994) essas alterações, permitem a recuperação da estrutura e da função dos tecidos branquiais se houver condições ambientais favoráveis. Nas brânquias também foram encontradas 72% de incidência de ruptura do epitélio da lamela e espessamento descontrolado do tecido proliferativo. estas alterações de estágio II, são mais severas e comprometem a função e o funcionamento normal das brânquias (POLEKSIC & MITROVIC – TUTUNDZIC, 1994). Aneurisma com 78% de ocorrência nas brânquias analisadas, é caracterizada por um colapso do sistema de células pilares, que prejudica a integridade vascular, empurrando o epitélio lamelar para fora (HINTON & LAURÉN, 1990). Além destas alterações foram detectadas, hiperplasia do epitélio da lamela (67%), fusão incompleta de lamelas (50%), fusão completa de lamelas (38%) e presença de parasito (28%). Conclusão A presença de Ibuprofeno causou danos de natureza reversível e irreversível nas brânquias da espécie Rhamdia quelen, classificadas de moderadas para severas, sugerindo impacto direto deste fármaco para a biota aquática. ____________________________________________ Referências HINTON, D.E. & LAURÉN, D. J. Integrative histopathological effects of environmental stressors on fishes. American Fisheries Society Symposium, Bethesda, v. 8, p. 51-66, 1990. POLEKSIC, V. & MITROVIC-TUTUNDZIC, V. Fish gills as a monitor of sublethal and chronic effects of pollution. Oxford: Fishing news books, 1994. p.339-352.